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Apostila - TEORIA DA CONSTITUIÇÃO

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NOTAS DE AULA 
SUMÁRIO 
 
TEORIA DA CONSTITUIÇÃO 
Prof. Sérgio Jacob Braga 
Curso de DIREITOCurso de DIREITOCurso de DIREITOCurso de DIREITO Noite Noite Noite Noite –––– 3º Período 3º Período 3º Período 3º Período –––– 1º Semestre/20121º Semestre/20121º Semestre/20121º Semestre/2012 
08/06/2012 
Eliana DiasEliana DiasEliana DiasEliana Dias 
Denylson LopesDenylson LopesDenylson LopesDenylson Lopes 
DeLiuPUC@hotmail.com 
direitopucbar@groups.live.com https://groups.live.com/DIREITOPUCBAR/ 
 
TEORIA DA CONSTITUIÇÃO....................................................................... 1 
Apresentações ................................................................................. 1 
10/02/2012 .................... 1 
FUNDAMENTO DA TEORIA DA CONSTITUIÇÃO ..................................... 1 
CONSTITUCIONALISMO ............................................................................. 1 
1 Acepções....................................................................................... 1 
1.2 Sociológica ...............................................................................................1 
1.3 Canotilho ..................................................................................................1 
2 Como limitar o poder do Estado .................................................. 1 
3 Evolução Histórica ........................................................................ 1 
4 Constitucionalismo – Classificação ............................................. 1 
4.1 Constitucionalismo Liberal .......................................................................1 
4.2 Constitucionalismo Social ........................................................................1 
4.3 Constitucionalismo Democrático .............................................................1 
11/02/2012 .................... 2 
CONSTITUIÇÃO ............................................................................................ 2 
Conceito ........................................................................................... 2 
Classificação das constituições ..................................................... 2 
1 Quanto ao Conteúdo ..................................................................... 2 
1.1 Material ....................................................................................................2 
1.2 Formal ......................................................................................................2 
2 Quanto à Forma ............................................................................ 2 
2.1 Escrita (Instrumental) ...............................................................................2 
2.2 Não escrita (Costumeira/Consuetudinária) .............................................2 
3 Quanto ao Modo de Elaboração ................................................... 2 
3.1 Dogmática ................................................................................................2 
3.2 Histórica ...................................................................................................2 
4 Quanto à Origem ........................................................................... 2 
4.1 Promulgada (democrática / popular) .......................................................2 
4.2 Outorgada ................................................................................................2 
5 Quanto à Estabilidade .................................................................. 2 
5.1 Imutável ...................................................................................................2 
5.2 Rígida .......................................................................................................2 
5.3 Flexível .....................................................................................................2 
5.4 Semiflexíveis/semirrígida .........................................................................2 
6 Quanto à Extensão ....................................................................... 2 
6.1 Sintética ...................................................................................................2 
6.2 Analítica ...................................................................................................2 
16/02/2012 .................... 3 
OS PARADIGMAS DO ESTADO DE DIREITO – O ESTADO 
LIBERAL, O ESTADO SOCIAL (SOCIALISTA) E O ESTADO 
DEMOCRÁTICO DE DIREITO ........................................................... 3 
1. Paradigmas e Paradigmas Jurídicos na Pós-Modernidade ....... 3 
2. O Paradigma do Estado Liberal de Direito ................................. 3 
3. O Paradigma do Estado Social de Direito ................................... 5 
3.1. A distinção entre Estado Social e Estado Socialista ..............................6 
4. O Paradigma do Estado Democrático de Direito ........................ 7 
5. Conclusão .................................................................................... 8 
Bibliografia ....................................................................................... 9 
17/02/2012 ................. 10 
Trabalho: Quadro Comparativo do Constitucionalismo .............. 10 
18/02/2012 ................. 10 
Carnaval ......................................................................................... 10 
23/02/2012 ................. 11 
PODER CONSTITUINTE ............................................................................ 11 
1 Pensamento Sieyes .................................................................... 11 
2 Titularidade ................................................................................. 11 
3 Poder Constituinte Originário .................................................... 11 
4 Poder constituinte derivado ....................................................... 11 
4.1 Limites ao Poder Constituinte Derivado ............................................... 11 
4.1.1 Limite Material ........................................................................................ 11 
4.1.2 Limite Circunstancial .............................................................................. 11 
4.1.3 Limite Temporal ..................................................................................... 12 
4.1.4 Limite Formal ......................................................................................... 12 
5 Poder Constituinte (Derivado) Decorrente ................................ 12 
6 Poder Constituinte Supranacional ............................................. 12 
24/02/2012 ................. 12 
EFEITOS DO EXERCÍCIO DO PODER CONSTITUINTE 
ORIGINÁRIO SOBRE A ORDEM JURÍDICA ANTERIOR ........................ 12 
1 Desconstitucionalização ............................................................ 12 
2 Recepção .................................................................................... 12 
3 Repristinação .............................................................................. 12 
3.1 Efeito Repristinatório ............................................................................. 13 
4 Mutação Constitucional ............................................................. 13 
25/02/2012 ................. 13 
REVISÃO DA AULA DO DIA 24/02/2012 .................................................. 13 
1º/03/2012 .................. 13 
NORMAS CONSTITUCIONAIS.................................................................. 13 
1 Norma .......................................................................................... 13 
2 Diferenças: Regras X Princípios ................................................ 13 
3 Classificação das Normas Constitucionais............................... 13 
3.1 Quanto ao Conteúdo ............................................................................. 13 
3.1.1 Normas ConstitucionaisMateriais ......................................................... 13 
3.1.2 Normas Constitucionais Formais ........................................................... 13 
3.2 Quanto à Estrutura ................................................................................ 14 
3.2.1 Princípios Constitucionais ...................................................................... 14 
3.2.2 Regras Constitucionais .......................................................................... 14 
3.3 Quanto à Finalidade .............................................................................. 14 
3.3.1 Normas Constitucionais de Organização .............................................. 14 
3.3.2 Normas Constitucionais Definidoras de Direito ..................................... 14 
3.3.3 Normas Constitucionais Programáticas ................................................. 14 
02/03/2012 ................. 14 
3.4 Quanto à Eficácia (JAS) ........................................................................ 14 
3.4.1 Norma Constitucional de Eficácia Plena (JAS) ...................................... 14 
3.4.2 Norma Constitucional de Eficácia Contida (JAS) .................................. 14 
3.4.3 Norma Constitucional de Eficácia Limitada (JAS) ................................. 15 
3.5 Quanto à Eficácia (PM) ......................................................................... 15 
3.5.1 Norma Constitucional Autoaplicável (PM) ............................................. 15 
3.5.2 Norma Constitucional Não Autoaplicável (PM) ...................................... 15 
 SUMÁRIO – Teoria da Constituição 
 
 
2
3.6 Quanto à Eficácia (MHD) ...................................................................... 15 
3.6.1 Norma Constitucional de Eficácia Absoluta (MHD) ............................... 15 
3.6.2 Norma Constitucional de Eficácia Plena (MHD) .................................... 15 
3.6.3 Norma Constitucional de Eficácia Relativa Restringível (MHD) ............ 15 
3.6.4 Norma Constitucional de Eficácia Relativa Complementável (MHD) .... 15 
3.7 Quanto à Aplicabilidade (MGFF) .......................................................... 15 
3.7.1 Norma Constitucional Imediatamente Exequíveis (MGFF) ................... 15 
3.7.2 Norma Constitucional Não Exequíveis por Si Mesmas (MGFF)............ 15 
3.8 Quanto aos Valores a Serem Protegidos (LRB) .................................. 15 
3.8 1 Normas Constitucionais de Organização (LRB) .................................... 15 
3.8.2 Normas Constitucionais Definidoras de Direito (LRB) ........................... 15 
3.8.3 Normas Constitucionais Programáticas (LRB) ...................................... 15 
03/03/2012 ..................15 
Trabalho em sala ........................................................................... 15 
08/03/2012 ..................16 
HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL...................16 
1 Interpretar.................................................................................... 16 
2 Hermenêutica .............................................................................. 16 
3 Interpretação Constitucional ...................................................... 16 
3.1 Constituição Aberta .............................................................................. 16 
3.2 Constituição Fechada ........................................................................... 16 
4 Mutação Constitucional/Inconstitucional .................................. 16 
MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO ............................................................16 
1 Quanto às Fontes ........................................................................ 16 
1.1 Interpretação Autêntica......................................................................... 16 
1.2 Interpretação Judiciária/Jurisprudencial ............................................... 16 
1.3 Interpretação Doutrinária ...................................................................... 16 
2 Quanto aos Meios ....................................................................... 16 
2.1 Interpretação Gramatical ...................................................................... 16 
2.2 Interpretação Sistemática ..................................................................... 16 
2.3 Interpretação Analógica ........................................................................ 16 
2.4 Interpretação Teleológica ..................................................................... 16 
09/03/2012 ..................16 
3 Quanto ao Resultado .................................................................. 16 
3.1 Interpretação Declaração ..................................................................... 16 
3.2 Interpretação Extensiva ........................................................................ 16 
3.3 Interpretação Restritiva ......................................................................... 16 
10/03/2012 ..................16 
SEM AULA – PARA ESTUDAR .................................................................16 
15/03/2012 ..................17 
PRINCÍPIOS DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL ........................17 
1 Princípio da Supremacia da Constituição ................................. 17 
2 Princípio da Unidade da Constituição ....................................... 17 
3 Princípio da Interpretação Conforme a Constituição ................ 17 
4 Princípio da Presunção da Constitucionalidade ....................... 17 
5 Princípio da Máxima Efetividade ................................................ 17 
6 Princípio da Razoabilidade / Proporcionalidade ....................... 17 
16/03/2012 ..................17 
VÍDEOS – STJ - HOMOAFETIVO ..............................................................17 
17/03/2012 ..................17 
SEM AULA – PARA TIRAR DÚVIDAS ......................................................17 
22/03/2012 ..................17 
PROVA/AVALIAÇÃO – 20 PTS .................................................................17 
23/03/2012 ..................18 
CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE ..............................................18 
1 Objetivos/Funções ...................................................................... 18 
2 Pressupostos ou Requisitos de Constitucionalidade das 
Espécies Normativas..................................................................... 18 
2.1 Requisitos Formais ............................................................................... 18 
2.1.1 Subjetivo ................................................................................................ 18 
2.1.2 Objetivo .................................................................................................. 18 
2.2 Requisitos Materiais .............................................................................. 18 
3 Descumprimento da lei/ato normativo inconstitucional por 
parte do poder executivo. ............................................................. 18 
24/03/2012 ................. 18 
4 Espécies de Controle de Constitucionalidade .......................... 18 
4.1 Quanto ao momento de realização ....................................................... 18 
4.1.1 Controle Preventivo ............................................................................... 18 
4.1.2 Controle Repressivo .............................................................................. 18 
4.2 Quanto ao Órgão Controlador .............................................................. 19 
4.2.1 Controle Político ..................................................................................... 19 
4.2.2 Controle Judiciário ................................................................................. 19 
4.2.3 Controle Misto ........................................................................................ 195 Controle Preventivo .................................................................... 19 
5.1 Comissões de Constituição e Justiça (CCJ) ........................................ 19 
5.1.1 Comissões de Constituição e Justiça e Redação (CCJR)..................... 19 
5.1.2 Comissões de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJC) ................... 19 
5.2 Veto Presidencial .................................................................................. 19 
5.2.1 VP Jurídico ............................................................................................. 19 
5.2.1 VP Político ............................................................................................. 19 
5.3 Veto Judiciário ....................................................................................... 19 
6 Controle Repressivo ................................................................... 19 
6.1 Controle Judiciário ................................................................................ 19 
6.2 Controle Legislativo .............................................................................. 19 
29/03/2012 ................. 20 
7 Controle Difuso........................................................................... 20 
30/03/2012 ................. 21 
31/03/2012 ................. 21 
SEM AULA – PARA TIRAR DÚVIDAS ...................................................... 21 
05-06-07/04/2012....... 21 
RECESSO – SEMANA SANTA ................................................................. 21 
12/04/2012 ................. 21 
Correção da Prova do dia 22/03/2012 ........................................... 21 
13/04/2012 ................. 22 
8 Controle Concentrado ................................................................ 22 
8.1 Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI Genêrica) .......................... 22 
14/04/2012 ................. 25 
19/04/2012 ................. 26 
8.2 Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) ................................ 26 
20/04/2012 ................. 27 
Leitura de ADC/Dirimir Dúvidas sobre a matéria dada ................ 27 
21/04/2012 ................. 27 
Feriado – Tiradentes...................................................................... 27 
26/04/2012 ................. 28 
8.3 Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) .................. 28 
27/04/2012 ................. 30 
Quadro - Controle Difuso x Concentrado ................................................... 30 
28/04/2012 ................. 30 
SEM AULA – PARA TIRAR DÚVIDAS ...................................................... 30 
03/05/2012 ................. 30 
2º PROVA/AVALIAÇÃO – 20 PTS ............................................................ 30 
04/05/2012 ................. 31 
8.4 Ação Direta De Inconstitucionalidade Interventiva (ADII) .................... 31 
05/05/2012 ................. 32 
SUMÁRIO – Disciplina??? 
 
 
3
8.5 Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) ............. 32 
10/05/2012 ..................33 
Exposição sobre ADIN 2.231-8, de 2000 ....................................... 33 
Finalização do quadro Controle Difuso x Concentrado ............... 33 
11/05/2012 ..................34 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS (CR) .........................................................34 
Preâmbulo ...................................................................................... 34 
Art. 1º, CR (Fundamentos) ............................................................. 34 
Art. 2º (Poderes) ............................................................................. 34 
Art. 3º (Objetivos Fundamentais) .................................................. 34 
Art. 4º (Relações Internacionais) ................................................... 35 
12/05/2012 ..................35 
Art. 5º (Direitos e garantias fundamentais) ................................... 35 
Direitos Humanos X Direitos Fundamentais .............................................. 35 
Geração de Direitos Fundamentais ............................................................ 35 
Funções dos Direitos Fundamentais .......................................................... 36 
17/05/2012 ..................36 
Características dos Direitos Fundamentais ................................................ 36 
Destinatário ..................................................................................................... 36 
Apresentação dos Incisos do Art. 5º, CR (alunos) ..................................... 37 
18/05/2012 ..................37 
19/05/2012 ..................37 
24/05/2012 ..................38 
25/05/2012 ..................38 
26/05/2012 ..................39 
Habeas-corpus ............................................................................................ 39 
31/05/2012 ..................39 
Mandado de Segurança ............................................................................. 39 
Mandado de Injunção ................................................................................. 39 
Habeas-Data ............................................................................................... 39 
01/06/2012 ..................40 
QUADRO COMPARATIVO - ADO x Mandado de Injunção ...................... 40 
NotAulas – Teoria da Constituição 
 
 
1
TEORIA DA CONSTITUIÇÃO 
Apresentações 
E-mail: sjbraga@yahoo.com 
22/03 � 1ª Prova (20 pts) � Aberta 
03/05 � 2ª Prova (?? pts) � V ou F, com justificativa 
Trabalhos (20 pts) 
??/05 � Avalição Global (30 pts) � Abertas e fechadas 
 
Indicação de autor: Jorge Miranda 
 
10/02/2012 
FUNDAMENTO DA TEORIA DA CONSTITUIÇÃO 
Institui o Estado 
A partir da Constituição institui o Estado juridicamente. Os 
fundamentos do Estado atual nasceram em 1988. 
A Constituição é a norma estruturante do Estado, à qual todas as 
instituições estatais, todo o ordenamento jurídico e toda a sociedade 
encontram-se submetidos e vinculados. Por isso não há Estado sem 
Constituição, porque ela é o instrumento condicionador da vida 
social 
O poder constituinte é o poder social que elabora e promulga a 
Constituição, sendo que nos Estados atuais dificilmente haverá 
Constituição que não seja precedida pela instauração do Poder 
Constituinte, exceto nos países de Constituição não escrita. 
Nem todas as normas da CF88, tiveram eficácia imediata. Muitas 
normas necessitavam de adequações do próprio Estado, como atos 
normativos infraconstitucionais que a própria Constituição autoriza. 
Compreende a parte geral do Direito Constitucional e aspectos 
atinentes à Constituição, como conceito, conteúdo, 
classificação, elementos, eficácia das normas, princípios, 
interpretação, controle de constitucionalidade, teoria do poder 
constituinte. 
 
CONSTITUCIONALISMO 
1 Acepções 
1.1 Jurídica 
Sistema normativo constitucional. 
 
1.2 Sociológica 
Movimento social que dá sustentação à limitação do poder. 
O Estado por não ter uma finalidade em si mesmo, deve promover o 
bem comum dos indivíduos. Ele tem que ter o poder limitado para 
evitar seu abuso. 
 
1.3 Canotilho 
“É a teoria que ergue o princípio do governo limitado, indispensável 
à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização de 
uma comunidade”. 
 
2 Como limitar o poder do Estado 
- Garantir a diversificação de autoridades. 
- Divisão do poder. 
- É técnica da liberdade. 
 
3 Evolução Histórica 
- Carta Magna na Inglaterra– 1215 (lordes x rei) – começa a se 
formar o Constitucionalismo moderno, mas não existe a ideia de 
Assembléia Nacional Constituinte, fruto de um poder soberano 
baseado na vontade popular. 
- Revolução Francesa (1789) (burguesia x lordes/rei) – superação 
das antigas teorias que tinham na origem divina, o poder. A partir de 
então, a nação, o povo, pormeio da Assembleía Constituinte era o 
titular da soberania e por isso do poder constituinte. 
- Paradigma dos Estados 
 
4 Constitucionalismo – Classificação 
4.1 Constitucionalismo Liberal 
• Não intervenção do Estado nas relações sociais através da 
criação de direitos fundamentais (liberdade, igualdade, 
fraternidade). O homem deixa de ser objeto e passa a ser sujeito 
de direito a partir da Revolução Francesa. 
• Propriedade 
• Direitos civis 
• Direitos políticos 
O marco teórico para o fim do Estado liberal foi a Primeira Guerra. 
 
4.2 Constitucionalismo Social 
• Intervenção do Estado 
• Reestabelecer igualdade 
• Constituições 1917 (México) e 1919 (Weimar) com garantias aos 
trabalhadores 
• Somam-se aos direitos fundamentais já existentes, novos direitos. 
• Estado passa oferecer bens e serviços. 
• Igualdade apenas formal e por isso surgimento do Estado 
Democrático. 
 
4.3 Constitucionalismo Democrático 
• Ampliação do rol de direitos civis, políticos, sociais, direitos 
coletivos (ambiente consumidor). 
• Manteve igualdade, liberdade e criaram-se novos direitos para a 
fraternidade. 
 NotAulas – Teoria da Constituição 
 
 
2
 
 
11/02/2012 
CONSTITUIÇÃO 
Conceito 
Ato de constituir, instituir (lato sensu). 
 
JOSÉ AFONSO DA SILVA: 
“Sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a 
forma do Estado, governo, aquisição e exercício do poder, 
estabelece órgãos, limites de atuação, direitos fundamentais e 
garantias”. 
 
Classificação das constituições 
1 Quanto ao Conteúdo 
1.1 Material 
Conjunto de regras voltadas para questões fundamentais do Estado 
� DEO (Brasil). Ela tem em seu bojo tão somente questões de 
índole materialmente constitucional, expressa ou não em um texto 
escrito. 
DEO: 
• Direitos Fundamentais; 
• Estrutura do Estado; e 
• Organização do Poder. 
 
1.2 Formal 
Conjunto de regras insertas em um texto escrito, solene, 
estabelecido pelo poder constituinte originário. Nem tudo que é 
formalmente constitucional será material, mas no Brasil tudo que é 
material será formal. Ex.: seu conteúdo versa sobre Ciência e 
Tecnologia, que não é DEO. 
 
2 Quanto à Forma 
2.1 Escrita (Instrumental) 
Conjunto de regras codificado e sistematizado em um único 
documento para fixar a organização fundamental. (Brasil). 
 
2.2 Não escrita (Costumeira/Consuetudinária) 
Conjunto de regras não aglutinadas em um único documento, mas 
baseada em leis esparsas, costumes, jurisprudência. Normalmente 
adotada pelos países Anglo-saxões. 
 
3 Quanto ao Modo de Elaboração 
3.1 Dogmática 
Produto escrito e sistematizado por um órgão constituinte a partir de 
ideias fundamentais da teoria política e direito dominante. (Brasil). 
Considera em sua elaboração todas as ideias e todo ambiente 
político, econômico e social existente na sociedade em determinado 
momento. 
Ex.: Em 1988, o texto constitucional expressou que o Brasil é um 
sistema capitalista. 
 
3.2 Histórica 
Fruto de lenta e contínua síntese da história e tradições de um 
determinado povo. Não há reuniões ou utilização de qualquer 
ideologia. 
 
4 Quanto à Origem 
4.1 Promulgada (democrática / popular) 
Deriva do trabalho da Assembleia Nacional constituinte, composta 
de representantes do povo. (Brasil). 
 
4.2 Outorgada 
estabelecida sem participação popular e imposta pelo poder central 
da época. 
Ex.: Constituições no Brasil de 1824, 1937, 1967 
 
5 Quanto à Estabilidade 
5.1 Imutável 
Veda qualquer alteração – quando ocorre a ruptura constitucional 
cria-se uma nova Constituição e um novo Estado. 
 
5.2 Rígida 
Admite a alteração mediante um processo mais solene. (Brasil) 
 
5.3 Flexível 
Admite alteração mediante processo legislativo ordinário, sem 
qualquer processo rigoroso, como se fosse uma lei ordinária. 
Geralmente é a Constituição não escrita 
 
5.4 Semiflexíveis/semirrígida 
Junção da rígida e flexível. Por isso em alguns assuntos podem ser 
utilizadas a rígida e em outros a flexível. Podendo ser alterada pelo 
processo legislativo ordinário e em outras situações pelo processo 
legislativo especial 
 
6 Quanto à Extensão 
6.1 Sintética 
Prevê somente princípios e normas gerais. Organiza e limita o seu 
poder por meio da estipulação de direitos e garantias fundamentais. 
São essencialmente materiais. 
 
6.2 Analítica 
Examina e regula todos os assuntos que entenda relevante para a 
formação e funcionamento do Estado. (Brasil). 
NotAulas – Teoria da Constituição OS PARADIGMAS DO ESTADO DE DIREITO 
 
 
3
 
16/02/2012 
OS PARADIGMAS DO ESTADO DE DIREITO – O 
ESTADO LIBERAL, O ESTADO SOCIAL (SOCIALISTA) 
E O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO 
Ralph Batista de Maulaz - Mestre em Direito Constitucional. Professor de Direito 
Constitucional no Centro de Atualização em Direito (CAD). Professor de Direito 
Constitucional e Teoria Geral do Estado da Universidade de Itaúna 
 
1. Paradigmas e Paradigmas Jurídicos na Pós-
Modernidade 
Para compreender o real sentido de um paradigma e a forma pela 
qual ele foi introduzido na discussão epistemológica 
contemporânea, mister se faz uma análise, mesmo que breve, da 
concepção de paradigma construída por Thomas Kuhn1. 
No seu uso estabelecido, um paradigma, segundo Kuhn, é um 
modelo ou padrão aceito, que, na dimensão científica, raramente é 
suscetível de reprodução, porque, assim como decisões judiciais, o 
paradigma “é um objeto a ser mais bem articulado e precisado em 
condições novas ou mais rigorosas”2. Entende-se, portanto, que a 
cada mudança de paradigma, há uma implicação necessária de que 
o passado seja re-trabalhado de forma a permitir que o novo 
paradigma seja visto como um implemento do anterior. 
A noção de paradigma, segundo Menelick de Carvalho Netto, 
apresenta um duplo aspecto, haja vista que, por um lado, possibilita 
explicar o desenvolvimento científico como um processo de rupturas 
e/ou, que se verifica mediante rupturas, por meio “da tematização e 
explicitação de aspectos centrais dos grandes esquemas gerais de 
pré-compreensões e visões-de-mundo”, consubstanciados no 
backgraund das práticas sociais, “que a um só tempo tornam 
possível a linguagem, a comunicação, e limitam ou condicionam o 
nosso agir e a nossa percepção de nós mesmos e do mundo”. Por 
outro lado, quanto ao outro aspecto, insta salientar que “também 
padece de óbvias simplificações, que só são válidas na medida em 
que permitem que se apresente essas grades seletivas gerais 
pressupostas nas visões de mundo prevalentes e tendencialmente 
hegemônicas em determinadas sociedades por certos períodos de 
tempo e em contextos determinados”3. 
Conceitualmente, um paradigma pode ser entendido como 
“consenso científico enraizado quanto às teorias, modelos e 
métodos de compreensão do mundo”4, ou, como o define Kuhn, 
eles são “realizações cientificas universalmente reconhecidas que, 
durante algum tempo, fornecem problemas e soluções modelares 
para uma comunidade de praticantes de uma ciência”.5 
 
1
 KUHN, Thomas s. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: 
Perspectiva, 2000. p. 43 et seq. 
2
 KUHN, Thomas s. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: 
Perspectiva, 2000. p. 44. 
3
 CARVALHO NETTO, Menelick de. Requisitos paradigmáticos da 
interpretação jurídica sob o paradigma do Estado democrático de direito. 
Revista de Direito Comparado, Belo Horizonte, n. 3, p. 476, mai., 1999. 
4
 CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 
Coimbra: Almedina, 1999. p. 15. et seq. Cf. CATTONI, Marcelo. Direito 
constitucional. Belo Horizonte: Mandamentos, 2002. p. 52. 
5
 KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluçõescientíficas. São Paulo: 
Perspectiva, 2000. p. 43 et seq, 217-232. Cf. CATTONI, Marcelo. Direito 
constitucional. Belo Horizonte: Mandamentos, 2002. p. 52. Cf. CARVALHO 
NETTO, Menelick de. Requisitos paradigmáticos da interpretação jurídica sob 
o paradigma do Estado democrático de direito. Revista de Direito Comparado, 
Belo Horizonte, n. 3, p. 475, mai., 1999. Em observação feita por Marcelo 
Cattoni (2002, p. 53-54), Giovanni Reale expende que “Kuhn escolheu o 
termo paradigma [...] porque ele exprime de maneira eficaz o eixo de 
sustentação da nova epistemologia [...]. Os paradigmas indicam as 
concepções e convicções que constituem os pontos firmes da ciência num 
dado momento, e que, no curso do arco do tempo, fornecem os modelos para 
a formulação dos problemas e das suas soluções para os cientistas que 
trabalham em determinados âmbitos de pesquisa. Escreve Khun: ‘Com a 
escolha desse termo, pretendi chamar a atenção para o fato de que alguns 
exemplos da prática científica efetiva reconhecidos como válidos – exemplos 
que compreendem globalmente leis, teorias, aplicações e instrumentos – 
fornecem modelos originadores de tradições de pesquisa científica 
Transportando a concepção de paradigma para o campo das 
ciências sociais e desse, para o campo do direito, J. Habermas6, 
citado por Marcelo Cattoni, entende que paradigmas de direito são 
“as visões exemplares de uma comunidade jurídica que considera 
como o mesmo sistema de direitos e princípios constitucionais 
podem ser realizados no contexto percebido de uma dada 
sociedade”. Com efeito, “um paradigma de direito delineia um 
modelo de sociedade contemporânea para explicar como direitos e 
princípios constitucionais devem ser concebidos e implementados 
para que cumpram naquele dado contexto as funções 
normativamente a eles atribuídas”.7 
Com efeito, a razão de no presente estudo apresentarmos e 
contrapormos os paradigmas dos Estados Liberal e Social de Direito 
– mostrando a insuficiência de cada um e a releitura proposta a 
cada ruptura –, decorre da necessidade de se tomar por base as 
formações anteriores (modelos paradigmáticos de estados 
constitucionais) para melhor compreender o novo paradigma 
exsurgente, ou seja, o do Estado democrático de direito, que no 
Brasil, foi inaugurado (positivado) e suposto pela Constituição da 
República de 1988. 
 
2. O Paradigma do Estado Liberal de Direito 
O Estado Liberal de Direito, que teve algumas de suas bases 
teóricas lançadas por Locke8 e Monstequieu9 caracterizou-se pela 
difusão da idéia de direitos fundamentais, da separação de poderes, 
bem como, do império das leis, próprias dos movimentos 
constitucionalistas que impulsionaram o mundo ocidental a partir da 
Magna Charta Libertatum de 1215. 
Nesse paradigma – o do Estado Liberal –, há uma divisão bem 
evidente entre o que é público, ligado às coisas do Estado (direitos 
à comunidade estatal: cidadania, segurança jurídica, representação 
política etc.) e o privado, mormente, a vida, a liberdade, a 
individualidade familiar, a propriedade, o mercado (trabalho e 
emprego capital) etc. Essa separação dicotômica (público/privado) 
era garantida por intermédio do Estado, que lançando mão do 
império das leis, garantia a certeza das relações sociais por meio do 
exercício estrito da legalidade. 
Com a definição precisa do espaço privado e do espaço público, o 
indivíduo guiado pelo ideal da liberdade busca no espaço público a 
possibilidade de materializar as conquistas implementadas no 
âmbito do Estado que assumiu a feição de não interventor. 
Nesse diapasão, sob a égide do paradigma liberal, compete ao 
Estado, por meio do direito posto, “garantir a certeza nas relações 
sociais, através da compatibilização dos interesses privados de 
cada um com o interesse de todos, mas deixar a felicidade ou a 
 
particulares que possuem a sua coerência. [...] O paradigma constitui uma 
verdadeira unidade de medida fundamental nas pesquisas científicas, porque, 
como já dissemos, constitui o critério segundo o qual se acolhem os 
problemas, justamente enquanto problemas científicos, e se desenvolvem, 
conseqüentemente, as suas soluções. [...] O paradigma constitui uma 
verdadeira atividade modeladora, anterior e não redutível inteiramente às 
componentes lógicas, ou seja, às várias leis, regras e teorias, que podem ser 
abstraídas e deduzidas delas. Os cientistas não aprendem as leis e as regras 
abstratamente, mas junto com o paradigma, do qual, posteriormente, as 
abstraem [...]. Os paradigmas podem ser anteriores, mas vinculantes e mais 
completos do que qualquer conjunto de regras de pesquisa que se possa 
inequivocamente abstrair deles. Nesse sentido, portanto, os paradigmas têm 
função reguladora nas ciências e são a verdadeira força dinâmica que 
determina o seu desenvolvimento” (Cf. REALE, Giovanni. Para uma nova 
interpretação de Platão. São Paulo: Loyola, 1991. p. 7-10. Apud., CATTONI, 
Marcelo. Direito constitucional. Belo Horizonte: Mandamentos, 2002. p. 53-
54). 
6
 HABERMAS, Jürgen. Direito e Democracia: entre a facticidade e validade. 
Rio de Janeiro: Tempo Universitário, 1997. p. 123 et seq. 
7
 HABERMAS, Jürgen. Between facts and norms: contributions to discourse 
theory of law and democracy. Cambridge: The MIT, 1996. p. 194-195. Apud., 
CATTONI, Marcelo. Direito constitucional. Belo Horizonte: Mandamentos, 
2002. p. 54. 
8
 Cf. LOCKE, John. Dois tratados sobre o governo civil. São Paulo: Martins 
Fontes, 1998. 
9
 Cf. MONTESQUIEU, Charles de Secondat, Baron de. O espírito das leis. 
São Paulo: Martins Fontes, 1996. 
OS PARADIGMAS DO ESTADO DE DIREITO NotAulas – Teoria da Constituição 
 
 
4
busca da felicidade nas mãos de cada indivíduo” 10, rompendo-se, 
via de conseqüência, com a anterior concepção de Estado (pré-
moderno11), no qual, até a felicidade dos indivíduos era uma 
atribuição estatal. 
O direito passa a ser considerado um ordenamento 
constitucional/legal, deixando para trás aquela idéia de que ele era 
uma coisa devida transcendentalmente com base na imutável 
hierarquia social oligarca. 
Exsurgem idéias como o exercício das liberdades individuais, de se 
poder fazer tudo que não for proibido em lei. Em contraposição à 
liberdade dos antigos, encarada como participação nas decisões 
políticas (liberdade de ser), abrolha-se a liberdade dos modernos, 
vista como autonomia da conduta individual (liberdade de ter)12. 
Com efeito, a igualdade de todos diante da lei é consagrada. 
Formalmente, todos são iguais perante a lei, ou “são iguais no 
sentido de todos se apresentarem agora como proprietários, no 
mínimo, de si próprios, e, assim, formalmente, todos devem ser 
iguais perante a lei, porque proprietários, sujeitos de direito, 
devendo-se pôr fim aos odiosos privilégios de nascimento”.13 
A liberdade, que só se concebe em relação a outrem, passa a ser 
exercitada pela primeira vez na história pós-tribal. Ao menos tese os 
indivíduos são proprietários, quando no mínimo, do próprio corpo. 
Os indivíduos que outrora eram coisificados, agora contam com a 
elevação de sua dignidade pessoal à de sujeitos de direitos, 
 
10
 CATTONI, Marcelo. Direito constitucional. Belo Horizonte: Mandamentos, 
2002. p. 55. 
11
 Por um sem número de fatores, o paradigma existente antes do Estado 
Liberal de direito (paradigma medieval) levou cerca de três séculos para ser 
dissolvido, contando-se com o advento do capital (Karl Marx), passando pelo 
desenvolvimento das práticas de investigação policial (U. Eco e Focaut), a 
substituição da cosmologia feudal – fechada e hierarquizada – pela isonômica 
estrutura matemática de átomos, componentes do infinito universo da física 
de Galileu (Koiré), bem como,pelas lutas de libertação religiosa e separação 
entre a religião, moral e direito (Max Weber). “Seja como for, o relevante é 
que todos esses processos de mudança se integram em uma profunda 
alteração de paradigma”, pois, antes dessa ruptura, “o direito e a organização 
política pré-modernos encontravam fundamento, em última análise, em um 
amálgama normativo indiferenciado de religião, direito, moral, tradição e 
costumes transcendentalmente justificados e que essencialmente não se 
discerniam. O Direito é visto como a coisa devida a alguém, em razão de seu 
local de nascimento na hierarquia social tida como absoluta e divinizada nas 
sociedades de castas, e a justiça se realiza, sobretudo, pela sabedoria e 
sensibilidade do aplicador em bem observar o princípio da equidade tomado 
como a harmonia requerida pelo tratamento desigual que deveria reconhecer 
e reproduzir as diferenças, as desigualdades, absolutizadas da tessitura 
social (a phronesis aristotélica, a servir de modelo para a postura do 
hermeneuta). O Direito, portanto, se apresentava como ordenamentos 
sucessivos, consagradores dos privilégios de cada casta e facção de casta, 
reciprocamente excludentes, de normas oriundas da barafunda legislativa 
imemorial, das tradições, dos usos e costumes locais, aplicadas 
casuisticamente como normas concretas e individuais, e não como um único 
ordenamento jurídico integrado por normas gerais e abstratas válidas para 
todos” (CARVALHO NETTO, Menelick de. Requisitos paradigmáticos da 
interpretação jurídica sob o paradigma do Estado democrático de direito. 
Revista de Direito Comparado, Belo Horizonte, n. 3, p. 477, mai., 1999). 
12
 MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional. Coimbra: Coimbra, 
1997. tomo I, p. 53. O renomado constitucionalista português estabelece uma 
distinção feita por Benjamin Constant acerca da liberdade (liberdade dos 
antigos e liberdade dos modernos). Cf. MONTESQUIEU, Charles de 
Secondat, Baron de. O espírito das leis. São Paulo: Martins Fontes, 1996. p. 
166. Manoel Gonçalves Ferreira Filho (Estado de direito e Constituição. São 
Paulo: Saraiva, 1999. p. 1) pondera que “a liberdade dos modernos na 
famosa fórmula de Constant (CONSTANT, Benjamin. De l’esprit de conquête 
et de l’usurpation. Paris, 1814. p. 101 et seq.) e não liberdade encarada como 
participação nas decisões políticas, a liberdade dos antigos” é que teve 
primazia em meados dos anos setecentos. “A idéia de direito que então se 
generaliza, e que inspira as revoluções americana e francesa, é tão marcada 
pela preocupação com a liberdade, que se tornou conhecida como liberal”. Cf. 
LOCKE, John. Dois tratados sobre o governo civil. São Paulo: Martins Fontes, 
1998. p. 457 et seq. Com Locke começa a surgir os pensamentos que vão 
culminar na necessidade de submeter o Estado ao Império do Direito. 
Constitui-se, atua e se organiza em função do Direito. Ser livre é poder 
exercer a liberdade contra alguém e, dessa forma, ser livre a também saber 
reconhecer a liberdade dos outros. Assim, a liberdade só existe onde existir o 
Direito legítimo, que, na idade (pós) moderna só pode ser encontrado numa 
fórmula estatal onde descansam os fatores reais do poder, ou seja, a fórmula 
do Estado Democrático de Direito, consagrada na Constituição da República 
de 1988. 
13
 CARVALHO NETTO, Menelick de. Requisitos paradigmáticos da 
interpretação jurídica sob o paradigma do Estado democrático de direito. 
Revista de Direito Comparado, Belo Horizonte, n. 3, p. 478, mai., 1999. 
mormente, com a realização de contratos de compra e venda de 
sua força de trabalho. 
De um modo geral, são consagrados os direitos de primeira 
geração, ou seja, na esfera privada, o movimento reflete no 
reconhecimento do que à época convencionou chamar direitos 
naturais. Consagra-se a vida, a liberdade e a propriedade como 
valores máximos. Por outro lado, no âmbito da esfera pública, 
“convencionam-se direitos perante o Estado e direitos à comunidade 
estatal: status de membro (nacionalidade), igualdade perante a lei, 
certeza e segurança jurídicas, tutela jurisdicional, segurança 
pública, direitos políticos etc”.14 
O constitucionalismo moderno surge com o tema central da 
fundação e legitimação do poder político, assim como a 
constitucionalização das liberdades. A idéia, na idade moderna, é 
impor limites ao leviatã e garantir os direitos individuais. 
Num primeiro momento, com a inversão da polaridade ocorrida com 
a ascensão da burguesia, constrói-se a idéia de liberdade do 
homem perante o Estado, com base na concepção burguesa de 
ordem política. Eram os ideais da liberdade burguesa contra os 
ideais do absolutismo, o indivíduo contra o Estado (privado versus 
público). 
Uma vez detentora do controle político da sociedade, a burguesia 
não mais se interessa em manter como apanágio de todos os 
homens, a prática universal dos princípios filosóficos de sua revolta 
social. “Só de maneira formal os sustenta, uma vez que no plano de 
aplicação política eles se conservam, de fato, princípios 
constitutivos de uma ideologia de classe”.15 
Em um outro momento, começa a detonação da primeira fase do 
constitucionalismo burguês, oportunidade em que as idéias 
avançam para uma participação total e indiscriminada do homem 
livre perante o Estado, na formação da própria vontade estatal. Essa 
idéia – democrática – se agita com ímpeto invencível, rumo ao 
sufrágio universal.16 
Decaída a autoridade do ancien régime e rompida a ideologia do 
passado, o homem caminha firme rumo à democracia, prosseguindo 
com seus combates e determinando a mudança ocorrida, no sentido 
das Cartas Constitucionais, cada vez mais exigentes de conteúdos 
que se destinassem a fazer valer objetivamente o ideário burguês 
das liberdades concretas, dignificadoras da pessoa humana.17 
O vitorioso Estado burguês de Direito eleva os direitos da liberdade 
ao cume da ordem política. Liberdade essa, indispensável à 
manutenção do poder político e que, só nominalmente, se 
estendiam às demais classes. 
Conforme impende Bonavides, “disso não advinha para a burguesia 
dano algum, senão muita vantagem demagógica, dada a completa 
ausência de condições materiais que permitissem às massas 
transpor as restrições do sufrágio e, assim, concorrer 
ostensivamente, por via democrática, à formação da vontade 
estatal”. Ademais, permitia aos burgueses falar ilusoriamente em 
nome de toda a sociedade, com os direitos da liberdade 
(fundamentais de primeira geração) que ela mesma proclamara, os 
quais se apresentavam, em seu conjunto, do ponto de vista teórico, 
“válidos para toda a comunidade humana, embora, na realidade, 
tivesse bom número deles vigência tão-somente parcial, e em 
proveito da classe que efetivamente os podia fruir”18. 
 
14
 CATTONI, Marcelo. Direito constitucional. Belo Horizonte: Mandamentos, 
2002. p. 55. 
15
 BONAVIDES, Paulo. Do Estado liberal ao Estado social. São Paulo: 
Malheiros, 1996. p. 42. 
16
 BONAVIDES, Paulo. Do Estado liberal ao Estado social. São Paulo: 
Malheiros, 1996. p. 43. 
17
 BONAVIDES, Paulo. Do Estado liberal ao Estado social. São Paulo: 
Malheiros, 1996. p. 44. 
18
 BONAVIDES, Paulo. Do Estado liberal ao Estado social. São Paulo: 
Malheiros, 1996. p. 44. 
NotAulas – Teoria da Constituição OS PARADIGMAS DO ESTADO DE DIREITO 
 
 
5
A separação de poderes ganhou maior projeção como garantia 
contra o abuso do poder estatal, técnica fundamental de proteção 
dos direitos da liberdade, em razão do exercício fracionado e 
simultâneo das funções administrativas, legislativas e judiciais. 
Além dos direitos da liberdade (fundamentais) e da separação de 
poderes, erige-se o ideal do law’s empire. Com observância estrita 
ao direito posto, garantiu-se ao indivíduo, além de outras 
prerrogativas, a segurança jurídica.A Constituição passa ser concebida como uma ordenação 
normativo-sistemática da comunidade política – o fundamento de 
validade do direito posto – organizada em razão do poder público 
(respeitando o comando principiológico da separação de poderes), 
modelada documentalmente e com vistas a garantir os direitos 
fundamentais dos indivíduos. Nessa esteira, J. J. Canotilho a define 
como uma “ordenação sistemática e racional da comunidade política 
através de um documento escrito no qual se declaram as liberdades 
e os direitos e se fixam os limites do poder político”.19 
Aos olhos de um cidadão revolucionário, a Constituição transporta 
necessariamente dois momentos essenciais, quais sejam: o da 
ruptura (com a ordem histórico-natural em que se encontravam as 
coisas no antigo regime) e o Construtivista (por ter sido elaborada 
por um novo poder – o Poder Constituinte – que define os 
esquemas e projetos de uma nova ordem racionalmente 
construída)20. 
Na perspectiva do paradigma do Estado liberal de direito, todo 
aparato de garantias das liberdades individuais conta com o alicerce 
constitucional. 
A Constituição escrita passa a configurar, desde a Independência 
Americana e a Revolução Francesa, um pacto político que 
representa esquemática e fundamentalmente o Estado burguês de 
direito. 
A Constituição é compreendida como instrumento de governo 
(instrument of goverment), “como estatuto jurídico-político 
fundamental da organização da sociedade política, do Estado”, no 
qual o poder político encontra limites e o Estado se juridifica, 
legitimado pelo Direito e pela representação popular. De Estado de 
Direito erige-se à condição de Estado Constitucional.21 
No sistema de check and balances implementado pelo Estado 
liberal de Direito, ao Poder Legislativo compete a supremacia, por 
ser ele o elaborador das leis – fontes por excelência do Direito. 
Ao Poder Judiciário, por sua vez, cabe dirimir conflitos 
interparticulares ou, “conforme o modelo constitucional, entre esses 
e a Administração Pública, quando provocado, através dos 
procedimentos devidos, aplicando o direito material vigente de modo 
estrito” por intermédio de processos lógico-dedutivos de subsunção 
do fato à norma, “sob os ditames da igualdade formal, estando 
sempre vinculados ao sentido literal”22, numa evidenciada posição 
subalterna perante o poder a que competia a produção normativa, 
pois o Poder Judiciário ficava limitado a uma atividade mecânica, ou 
seja, em ser apenas, no dizer de Montesquieu, la bouche de la loi.23 
 
19
 CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e teoria da Constituição. 
Coimbra: Almedina, 1999. p. 48. Conforme salienta o constitucionalista de 
Coimbra, esse conceito de Constituição pode ser desdobrado de forma a 
captar as dimensões fundamentais que o incorpora. Dessa forma, têm-se: (1) 
ordenação jurídico-política plasmada num documento escrito; (2) declaração, 
nessa carta escrita, de um conjunto de direitos fundamentais e do respectivo 
modo de garantia; (3) organização do poder político segundo esquemas 
tendentes a torná-lo um poder limitado e moderado. 
20
 CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e teoria da Constituição. 
Coimbra: Almedina, 1999. p. 48 
21
 CATTONI, Marcelo. Direito constitucional. Belo Horizonte: Mandamentos, 
2002. p. 55. 
22
 CATTONI, Marcelo. Direito constitucional. Belo Horizonte: Mandamentos, 
2002. p. 55 
23
 Cf. MAULAZ, Ralph Batista de. Estado de Direito: discussão a partir da 
formação do Estado moderno e do direito contemporâneo. Franca: Faculdade 
de Direito, 2001. p. 170. Dissertação (Mestrado em Direito) – UNIFRAN, 2001. 
194p. Cf. GUERRA FILHO, Willis Santiago. Teoria da ciência jurídica. São 
Paulo: Saraiva, 2001. p. 162. Com brilhantismo peculiar, Menelick de 
Por fim, ao Poder Executivo incumbe a tarefa de implementar o 
Direito, “garantindo a certeza e a segurança jurídicas e sociais, 
internas e externas, na paz e na guerra”.24 
Com efeito, a relação entre os três poderes pautou-se por um 
sistema de contenção, de freios e contrapesos (check and 
balances), no qual o poder limitava o poder, no exercício das 
faculdades de impedir.25 
Resumindo, o paradigma do Estado liberal de direito importa na 
liberdade de todos, ou seja, todos devem ser livres, proprietários e 
iguais, num sistema alicerçado no império das leis, na separação de 
poderes e no enunciado dos direitos e garantias individuais. O 
direito, nesse paradigma é visto como um sistema normativo no qual 
as regras, gerais e abstratas, são válidas universalmente para todos 
os membros da sociedade, e tão-somente a ele, incumbe a tarefa 
de pautar a atuação do leviatã. 
 
3. O Paradigma do Estado Social de Direito 
A vivência das idéias abstratas que conformavam o paradigma do 
Estado liberal de direito, mormente, o exercício das liberdades e 
igualdades formais, bem como, a propriedade privada, culminou por 
fundamentar idéias e práticas sociais no período que ficou 
caracterizado na história como de maior exploração do homem pelo 
homem. 
Se de um lado o homem alcançou o ideal de liberdade em face do 
Estado, mormente com a implementação de um documento formal 
que lhe garantia formalmente uma gama de direitos (de 1a geração), 
por outro, essa garantia reduzia-se ao campo meramente formal, 
pois, no paradigma constitucional do Estado liberal de direito, a 
condição humana não melhorou muito em relação à noção pré-
moderna, haja vista que a alteração aconteceu apenas no âmbito do 
senhor em quase nada alterando a condição do escravo. 
A ordem liberal é posta em xeque com o surgimento de idéias 
socialistas, comunistas e anarquistas, que a um só tempo, “animam 
os movimentos coletivos de massa cada vez mais significativos e 
neles reforça com a luta pelos direitos coletivos e sociais”.26 
Nesse momento da história do liberalismo, seu movimento e 
sistemas sofreram “diversas transformações à medida que 
conectaram com outros movimentos ou reformaram seu quadro 
institucional para se ajustar a novas exigências sociais”27. 
Com o desenvolvimento do movimento democrático e o surgimento 
de um capitalismo monopolista, o aumento das demandas sociais e 
políticas, além da Primeira Guerra Mundial, abrolha-se a crise da 
sociedade liberal, possibilitando o surgimento de uma nova fase do 
constitucionalismo – agora social – com alicerce na Constituição da 
República de Weimar, e em razão disso, inaugura-se o paradigma 
constitucional do Estado social de direito. 
Esse novo paradigma que exsurge, o do Estado social, implica a 
materialização dos direitos anteriormente formais. Não se trata de 
 
Carvalho Netto pondera que sob o prisma do primeiro paradigma 
constitucional, o do Estado de Direito, “a questão da atividade hermenêutica 
do juiz só poderia ser vista como uma atividade mecânica, resultado de uma 
leitura direta dos textos que deveriam ser claros e distintos, e a interpretação 
algo a ser evitado até mesmo pela consulta ao legislador na hipótese de 
dúvidas do juiz diante de textos obscuros e intrincados. Ao juiz é reservado o 
papel de mera bouche de la loi” (CARVALHO NETTO, Menelick de. 
Requisitos paradigmáticos da interpretação jurídica sob o paradigma do 
Estado democrático de direito. Revista de Direito Comparado, Belo Horizonte, 
n. 3, p. 479, mai., 1999). 
24
 CATTONI, Marcelo. Direito constitucional. Belo Horizonte: Mandamentos, 
2002. p. 57. 
25
 CATTONI, Marcelo. Direito constitucional. Belo Horizonte: Mandamentos, 
2002. p. 57. 
26
 CARVALHO NETTO, Menelick de. Requisitos paradigmáticos da 
interpretação jurídica sob o paradigma do Estado democrático de direito. 
Revista de Direito Comparado, Belo Horizonte, n. 3, p. 478, mai., 1999. 
27LUCAS VERDÚ, Pablo. Curso de derecho politico. Madrid: Tecnos, 1992. 
v.1. p. 226. Apud., BARACHO JÚNIOR, José Alfredo de Oliveira. 
Responsabilidade civil por dano ao meio ambiente. Belo Horizonte: Del Rey, 
2000. p. 55. 
OS PARADIGMAS DO ESTADO DE DIREITO NotAulas – Teoria da Constituição 
 
 
6
acrescer uma gama de direitos de 2a geração (direitos coletivos e 
sociais) aos de 1a geração (direitos individuais)28, que já existiam no 
paradigma do Estado liberal, pois o novo traz em seu bojo a 
necessidade de se realizar uma releitura historizada dos primeiros 
direitos chamados fundamentais, que os adapte à novel demanda 
social. 
Dessa forma, a liberdade do Estado liberal não pode mais ser 
considerada como desdobramento da legalidade estrita, na qual o 
indivíduo podia fazer tudo o que não fosse proibido por lei, “mas 
agora pressupõe precisamente toda uma plêiade de leis sociais e 
coletivas que possibilitem, no mínimo, o reconhecimento das 
diferenças materiais e o tratamento privilegiado do lado social ou 
economicamente mais fraco da relação”29, de modo a satisfazer um 
mínimo material de igualdade. Em outras palavras, a nova pauta 
inaugurada pelo paradigma do Estado social implica a 
“internalização na legislação de uma igualdade não mais apenas 
formal, mas tendencialmente material”. Na verdade, com a ruptura 
do paradigma do Estado liberal, ocorre uma redefinição dos 
clássicos direitos de 1a geração, ou, como diz Habermas, uma 
materialização do direito.30 
Em razão da complexificação da sociedade, resultante no modelo 
paradigmático social ou de bem-estar-social, no qual o direito é 
materializado, o Estado vivencia um momento de ampliação 
extraordinária na sua seara de atuação, mormente pela 
necessidade de abranger tarefas vinculadas aos novos fins 
econômicos e sociais que lhes são atribuídos, e, via de 
conseqüência, reduzir a distância entre a realidade do senhor e do 
escravo à luz de uma igualdade material. 
Nesse novo paradigma, o antigo cidadão-proprietário do Estado 
liberal é encarado como o cliente de uma Administração Pública 
garantidora de bens e serviços. 
A releitura do paradigma anterior não ocorre tão-somente no âmbito 
dos direitos individuais, pois o princípio da separação de poderes 
(outro pilar do modelo liberal) também é reinterpretado. 
Com efeito, ao Poder Executivo são atribuídos novos mecanismos 
jurídicos e legislativos “de intervenção direta e imediata na 
economia e na sociedade civil, em nome do interesse coletivo, 
público, social ou nacional”.31 Ao Poder Legislativo, por sua vez, 
além de sua atividade típica, compete o exercício de funções de 
controle, ou seja, “fiscalização e apreciação da atividade da 
Administração Pública e da atuação econômica do Estado”.32 Por 
outro lado, o “direito passa a ser interpretado como sistema de 
regras e de princípios otimizáveis, consubstanciadores de valores 
fundamentais (ordem material de valores, como entendeu a Corte 
 
28
 CARVALHO NETTO, Menelick de. Requisitos paradigmáticos da 
interpretação jurídica sob o paradigma do Estado democrático de direito. 
Revista de Direito Comparado, Belo Horizonte, n. 3, p. 480, mai., 1999. 
29
 CARVALHO NETTO, Menelick de. Requisitos paradigmáticos da 
interpretação jurídica sob o paradigma do Estado democrático de direito. 
Revista de Direito Comparado, Belo Horizonte, n. 3, p. 480, mai., 1999. 
30
 HABERMAS, Jürgen. Direito e Democracia: entre a facticidade e validade. 
Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997. v. 2. p. 127 et seq. No mesmo 
diapasão, Menelick de Carvalho Netto pondera que os direitos individuais de 
1a geração não são mais vistos como verdades matemáticas. “O direito 
privado, assim como o público, apresentam-se agora como meras 
convenções e a distinção entre eles é meramente didática e não mais 
ontológica. A propriedade privada, quando admitida, o é como um mecanismo 
de incentivo à produtividade e operosidade sociais, não mais em termos 
absolutos, mas condicionada ao seu uso, à sua função social. Assim, todo o 
Direito é público, imposição de um Estado colocado acima da sociedade, uma 
sociedade amorfa, carente de acesso à saúde ou à educação, massa pronta a 
ser moldada pelo Leviatã onisciente sobre o qual recai essa imensa tarefa. O 
Estado subsume toda a dimensão do público e tem que prover os serviços 
interentes aos direitos de 2a geração à sociedade, como saúde, educação, 
previdência, mediante os quais alicia clientelas”. (CARVALHO NETTO, 
Menelick de. Requisitos paradigmáticos da interpretação jurídica sob o 
paradigma do Estado democrático de direito. Revista de Direito Comparado, 
Belo Horizonte, n. 3, p. 480, mai., 1999). 
31
 CATTONI, Marcelo. Direito constitucional. Belo Horizonte: Mandamentos, 
2002. p. 60. 
32
 CATTONI, Marcelo. Direito constitucional. Belo Horizonte: Mandamentos, 
2002. p. 60. 
Constitucional Federal alemã), bem como de programas e fins, 
realizáveis no limite do possível”.33 
Diferente do que ocorria no paradigma anterior, na idade do Estado 
social o Poder Judiciário não se limita a ser a bouche de la loi, 
realizando, tão-somente, uma tarefa mecânica de aplicação da lei 
subsumida automaticamente ao fato. 
Agora, exige-se que o juiz seja la bouche du droit, pois a 
hermenêutica jurídica estabelece métodos mais sofisticados como a 
análise teleológica, a sistêmica e a histórica, “capazes de emancipar 
o sentido da lei da vontade subjetiva do legislador na direção da 
vontade objetiva da própria lei, profundamente inserida nas 
diretrizes de materialização do direito que mesma prefigura, 
mergulhada na dinâmica das necessidades dos programas e tarefas 
sociais”.34 
Do Poder Judiciário exige-se uma aplicação construtiva do direito 
material vigente de modo a alcançar seus fins últimos na 
perspectiva do ordenamento jurídico positivo. No paradigma do 
Estado social, cabe ao juiz, no exercício da função jurisdicional, 
“uma tarefa densificadora e concretizadora do direito, a fim de se 
garantir, sob o princípio da igualdade materializada, a Justiça no 
caso concreto”.35 
 
3.1. A distinção entre Estado Social e Estado Socialista 
O Estado social, na verdade, representa uma transformação efetiva 
da superestrutura do Estado liberal. 
Quando coagido pela pressão das massas confere os direitos do 
trabalho, da previdência, da educação, intervém na economia como 
distribuidor, dita o salário, manipula a moeda, regula os preços etc., 
em suma, estende sua influência a quase todos os domínios que 
dantes pertenciam, em grande parte, à área de iniciativa individual, 
o Estado pode ser chamado de social. 36 
Não obstante, ele conserva a adesão anteriormente existente à 
ordem capitalista, princípio ao qual não abdica, pois, no ocidente, o 
poder político repousa na estrutura econômica do capitalismo. 
Por outro lado, no oriente socialista, a base estatal se transforma, “e 
é essa modificação que justifica o corte dicotômico entre o sistema 
político marxista e o sistema político ocidental”.37 
Primeiro os socialistas utópicos (Owen, Saint-Simon, Fourier etc.), 
depois, Marx e Engels, desenvolveram uma profunda revisão crítica 
da base do Estado liberal, bem como, do social, que repousavam na 
estrutura capitalista. Esses teóricos socialistas denunciavam o 
caráter formal e individualista dos direitos e propunham novas bases 
com uma metódica voltada para o proletariado. 
A própria liberdade política, a liberdade individualista da Declaração 
de Direitos do Homem não encontrou perdão por parte dessa nova 
doutrina. A pura liberdade de direito, proteção metafísica e morta, 
que deixava o fraco à mercê dos fortes, exatamente como a 
igualdade de direito, não servia aos teóricos do Estado socialista. 
Dessa forma, a liberdade e a igualdade formais foram 
completamente repensadas, “nãomais no plano enganador da pura 
política, mas no plano social, para dar-lhes enfim um conteúdo 
real”.38 
 
33
 CATTONI, Marcelo. Direito constitucional. Belo Horizonte: Mandamentos, 
2002. p. 59. 
34
 CARVALHO NETTO, Menelick de. Requisitos paradigmáticos da 
interpretação jurídica sob o paradigma do Estado democrático de direito. 
Revista de Direito Comparado, Belo Horizonte, n. 3, p. 481, mai., 1999. 
35
 CATTONI, Marcelo. Direito constitucional. Belo Horizonte: Mandamentos, 
2002. p. 61. 
36
 BONAVIDES, Paulo. Do Estado liberal ao Estado social. São Paulo: 
Malheiros, 1996. p. 186. 
37
 BONAVIDES, Paulo. Do Estado liberal ao Estado social. São Paulo: 
Malheiros, 1996. p. 184. 
38
 CHEVALLIER, Jean-Jacques. As grandes obras políticas de Maquiavel a 
nossos dias. Rio de Janeiro: Agir, 2001. p. 285. 
NotAulas – Teoria da Constituição OS PARADIGMAS DO ESTADO DE DIREITO 
 
 
7
Com efeito, apresentando um plus ao Estado social e mostrando-se 
no pólo oposto ao modelo liberal/burguês, o arquétipo socialista se 
caracteriza na medida em que o Estado produtor remove o Estado 
de base capitalista, ampliando-lhe a esfera de ação, alargando o 
número das empresas sob seu poder e controle, suprimindo ou 
estorvando a iniciativa privada, colocando em xeque o modelo 
econômico estatal iniciado com o paradigma do Estado liberal de 
direito39. 
O Estado socialista, aproveitando a estrutura do modelo social, vai 
além na sua constituição, e, passando a negar os valores 
capitalistas – aceitos pelo modelo social –, culmina por promover 
ampla ruptura com o modelo de Estado liberal, postando-se, após 
amplo intervalo, lado oposto ao modelo criado a partir dos 
movimentos liberais burgueses. 
 
4. O Paradigma do Estado Democrático de Direito 
Ao final da Segunda Guerra Mundial, o paradigma do Estado social 
começa a ser questionado em razão de suas crises de 
legitimação40. Na década de 70, do século passado, que as crises 
deste modelo estatal se manifestaram em toda sua dimensão. 
O Estado interventor se transforma em empresa e “as sociedades 
hipercomplexas da era da informação ou pós-industrial comportam 
relações extremamente intrincadas e fluidas”. Na esteira dos novos 
movimentos sociais (hippie, estudantil, pacifista, ecologista) que 
eclodem na década de 60, o paradigma do Estado democrático de 
direito exsurge configurando uma alternativa ao modelo de Estado 
do bem-estar-social.41 
Com o novo paradigma, são consagrados os direitos de 3a geração 
(direitos ou interesses difusos), e os de 1a e 2a outrora consagrados 
nos paradigmas anteriores passam por um processo de releitura de 
adequação ao novo modelo. 
É que em decorrência do esgotamento do paradigma do Estado 
social, vieram à tona problemas relevantes, e as tentativas de 
superar a oposição existente entre Estado social e o direito formal 
burguês criaram uma nova compreensão do modelo constitucional 
de estado, na qual, todos os atores envolvidos ou afetados têm que 
imaginar como o conteúdo normativo do novo arquétipo “pode ser 
explorado efetivamente no horizonte de tendências e estruturas 
sociais dadas”.42 
Nessa perspectiva, salienta Menelick de Carvalho Netto, os direitos 
de 1a geração são retomados como direitos de participação no 
debate público, e revestidos de conotação processual, informam a 
soberania do paradigma constitucional do Estado democrático de 
direito, “e seu direito participativo, pluralista e aberto”.43 
Da mesma forma, o Princípio da Separação de Poderes ganha uma 
nova roupagem, na qual, o Poder Judiciário amplia sua participação 
no processo de concretização do Estado democrático de direito, 
haja vista que a ele compete viabilizar a promoção da legitimação 
do Estado democrático pelo procedimento da cidadania. 
Exige-se um incremento quanto à postura do Juiz diante do texto 
normativo, bem como, do caso concreto e “dos elementos fáticos 
que são igualmente interpretados e que, na realidade, integram 
necessariamente o processo de densificação normativa ou de 
aplicação do direito”, como resultado da aplicação das doutrinas de 
 
39
 BONAVIDES, Paulo. Do Estado liberal ao Estado social. São Paulo: 
Malheiros, 1996. p. 186. 
40
 Cf. HABERMAS, Jürgen. A crise de legitimação no capitalismo tardio. Rio 
de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994. 
41
 CARVALHO NETTO, Menelick de. Requisitos paradigmáticos da 
interpretação jurídica sob o paradigma do Estado democrático de direito. 
Revista de Direito Comparado, Belo Horizonte, n. 3, p. 481, mai., 1999. 
42
 HABERMAS, Jürgen. Direito e Democracia: entre a facticidade e validade. 
Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997. v. 2. p. 131. 
43
 CARVALHO NETTO, Menelick de. Requisitos paradigmáticos da 
interpretação jurídica sob o paradigma do Estado democrático de direito. 
Revista de Direito Comparado, Belo Horizonte, n. 3, p. 481, mai., 1999. 
Konrad Hesse, Robert Alexy, Friedrich Müller, Ronald Dworkin, J.J. 
Canotilho e Paulo Bonavides, dentre vários outros.44 
Nessa perspectiva, reconstrói-se a relação entre direito e moral, 
outrora destruída pelo positivismo kelseneano. No nível de 
fundamentação pós-metafísico, pondera Habermas45, tanto as 
regras morais quanto as jurídicas se diferenciam da eticidade 
tradicional, oportunidade em que se postam como normas de ação, 
que surgem lado a lado, antes completando-se do que excluindo-se. 
Na fase pós-positiva inaugurada no paradigma do Estado 
democrático de direito, os princípios46 ganham uma nova 
classificação que visa, sobretudo, permitir encontrar para as 
demandas complexas, uma solução de compromisso do Direito à 
luz das exigências do novo arquétipo estatal. Todo caso posto em 
discussão diante do Poder Judiciário é um caso difícil. Para solvê-lo, 
portanto, dos operadores do direito, principalmente do Juiz, passa-
se a exigir os atributos de Hércules.47 
Considerando o atual contexto social com a elevada complexidade 
e inovações da sociedade, “não se pode ter ilusões quanto ao que 
esperar do texto que é a Constituição, em seu sentido estritamente 
jurídico, que não pode ser visto como portador de soluções prontas 
para problemas dessa ordem. Seu texto é como uma obra aberta; 
ao ser interpretado, atribui-se-lhe a significação requerida no 
presente, levando em conta a Constituição em seu sentido 
empírico”.48 
A esta altura da revolução científica não se mostra mais viável a 
tese formalista/normativista de interpretação do direito construída 
por Hans Kelsen49, que preconiza o esgotamento das possibilidades 
de soluções complexas por meio da produção normativa, pois, por 
melhor que se apresente, a moldura normativa sempre deixará 
margem à atuação do intérprete. No paradigma do Estado 
democrático de direito, antes de boas leis, devem existir bons 
operadores do direito. 
Nesse diapasão, requer-se do Poder Judiciário – no paradigma 
constitucional do Estado democrático de direito – decisões que, “ao 
retrabalharem construtivamente os princípios e regras construtivos 
do Direito vigente, satisfaçam, a um só tempo, a exigência de dar 
curso e reforçar a crença tanto na legalidade, entendida como 
segurança jurídica, como certeza do direito, quanto ao sentimento 
de justiça realizada, que deflui da adequabilidade da decisão às 
particularidades do caso concreto”.50 
Entretanto, é preciso que o julgador tome ciência da transformação 
estrutural ocorrida no ordenamento jurídico. Diferentemente da sua 
formação positivista, consistente num mero conjunto hierarquizado 
de regras aplicáveis à base do tudo ou nada, na idade pós-positiva, 
consagrou-se uma superestrutura normativa, na qual as regras e os 
princípios se mostram como espécies normativas, muito embora 
não apresentem tal estrutura. 
Nessanova estrutura jurídica que considera o princípio como uma 
espécie normativa, ele reúne as funções de condicionar a leitura 
das regras, contextualizá-las, inter-relacioná-las, tornando possível 
 
44
 CARVALHO NETTO, Menelick de. Requisitos paradigmáticos da 
interpretação jurídica sob o paradigma do Estado democrático de direito. 
Revista de Direito Comparado, Belo Horizonte, n. 3, p. 481, mai., 1999. 
45
 HABERMAS, Jürgen. Direito e Democracia: entre a facticidade e validade. 
Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997. v. 2. p. 131. 
46
 No período positivista, os princípios ganharam força normativa ao 
ingressarem nos códigos como fonte normativa subsidiária [MAULAZ, Ralph 
Batista de. Estado de Direito: discussão a partir da formação do Estado 
moderno e do direito contemporâneo. Franca: Faculdade de Direito, 2001. p. 
170. Dissertação (Mestrado em Direito) – UNIFRAN, 2001. 194p]. 
47
 Sobre o tema, cf., DWORKIN, Ronald. O império do Direito. São Paulo: 
Martins Fontes, 1999. 
48
 GUERRA FILHO, Willis Santiago. Teoria da ciência jurídica. São Paulo: 
Saraiva, 2001. p. 144. 
49
 KELSEN, HANS. Teoria pura do direito. São Paulo: Martins Fontes, 1998. 
p. 387-397. 
50
 CARVALHO NETTO, Menelick de. Requisitos paradigmáticos da 
interpretação jurídica sob o paradigma do Estado democrático de direito. 
Revista de Direito Comparado, Belo Horizonte, n. 3, p. 482, mai., 1999. 
OS PARADIGMAS DO ESTADO DE DIREITO NotAulas – Teoria da Constituição 
 
 
8
a integração construtiva da decisão adequada de um hard case, em 
virtude da impossibilidade de serem resolvidos, de forma 
satisfatória, apenas com o emprego das regras jurídicas (rules)51. 
Com efeito, pondera Menelick de Carvalho Netto52 ao 
condicionarem a leitura das regras, suas contextualizações e inter-
relações, e, ao possibilitarem a integração construtiva da decisão 
adequada de um hard case, os princípios operam ativamente no 
ordenamento jurídico positivo. 
Frise-se que é de suma importância, na atualidade, desenvolver 
uma teoria da ciência jurídica adequada e atualizada aos 
parâmetros do paradigma constitucional do Estado democrático de 
direito, por meio da qual se atribuam a determinadas normas 
consagradoras de direitos fundamentais a natureza de um 
princípio,53 de forma que, nos casos difíceis, os tribunais decidam 
em conformidade com a demanda valorativa principiológica. 
Os julgamentos dos juízes que decidem um caso atual devem levar 
em conta o horizonte de um futuro presente, fincados na validade à 
luz de regras e princípios legítimos, uma vez que as decisões 
judiciais, do mesmo modo que as leis, são criaturas da história e da 
moral.54 Pretende-se, de um lado, a obtenção de índices 
satisfatórios de segurança jurídica e, de outro, a pretensão cinge-se 
à legitimidade da ordem jurídica. 
A demanda do paradigma democrático implica na construção do 
direito à luz da compreensão comum e moral do justo sem abrir mão 
do ideal da segurança nas relações jurídicas intrincadas. 
 
51
 Cf. DWORKIN, Ronald. Taking rights seriously. Cambridge: Havard 
Universit Press, 1999. p. 22-31. GUERRA FILHO, Willis Santiago. Processo 
constitucional e direitos fundamentais. São Paulo: Celso Bastos, 1999. p. 51-
54. BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. São Paulo: 
Malheiros, 1999. p. 228-266. CARVALHO NETTO, Menelick de. Requisitos 
pragmáticos da interpretação jurídica sob o paradigma do Estado 
Democrático de Direito. Revista de Direito Comparado. Belo Horizonte, v. 3, p. 
482, mai. 1999. CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e 
teoria da constituição. Coimbra: Almedina, 1999. p. 1086 et. seq. GRAU, Eros 
Roberto. A ordem econômica na Constituição de 1988. São Paulo: Malheiros, 
2000. p. 75-123. LARENZ, Karl. Metodologia da ciência do direito. Lisboa: 
Fundação Calouste Gulbenkian, 1997. p. 182-201, 209-215, 510-517, 574 et 
seq. CHUEIRI, Vera Karam de. Filosofia do direito e modernidade: Dworkin e 
a possibilidade de um discurso instituinte de direitos. Curitiba JM, 1995. p. 67 
et. seq. 
52
 CARVALHO NETTO, Menelick de. Requisitos paradigmáticos da 
interpretação jurídica sob o paradigma do Estado democrático de direito. 
Revista de Direito Comparado, Belo Horizonte, n. 3, p. 482, mai., 1999. 
53
 GUERRA FILHO, op. cit., p. 145, nota 242. Em nota explicativa, o 
jusfilósofo da UFC salienta que na teoria do direito anglo-saxônica, e, de um 
modo geral, “quem deu o maior impulso para o reconhecimento da natureza 
diferenciada dos princípios enquanto norma jurídica foi, a nosso ver, conforme 
salientado anteriormente, Ronald Dworkin, em Taking rigths seriously, com 
sua tentativa de superação do conceito de ordenamento jurídico como um 
conjunto de regras primárias e secundárias, devida a H. L. A. Hart, em The 
concept of law (Postscript). A recepção dessa proposta de superação do 
positivismo na Alemanha deve-se principalmente a Robert Alexy” (cf. 
BONAVIDES, op. cit., p. 247, nota 243). 
Insta acrescer que, na primeira metade do século passado, muito se discutiu 
acerca da normatividade dos princípios. Tanto os positivistas quanto os 
jusnaturalistas reconheceram unanimemente a sua força vinculante. Na 
atualidade, identificamos três teorias explicativas do fenômeno principiológico. 
A primeira delas, defendidas por Del Vecchio e Bobbio, identifica os princípios 
como normas gerais ou generalíssimas de um sistema. A segunda teoria, 
defendida por Alexy, concebe que os princípios não têm aplicação irrestrita, 
ou seja, não se aplicam integral ou plenamente em qualquer situação, pois 
tais se identificam com mandados de otimização. Alexy, da mesma forma que 
Dworkin, entende que os princípios são espécies normativas diferentes das 
regras. Os princípios expressam que algo deve ser realizado na maior medida 
do possível. Os princípios são razões prima facie e as regras razões 
definitivas (cf. ALEXY, Robert. Teoría de los derechos fundamentales. Madrid: 
Centro de Estudios Constitucionales, 1997. p. 81-115). Apesar de guardar 
uma aparente consistência, a teoria dos princípios como mandados de 
otimização, defendida por Alexy, é objeto de críticas por autores ligados à 
ética do discurso e às “análises pragmáticas da comunicação humana, o que 
dará origem à terceira teoria” – defendida por Jürgen Habermas (Direito e 
democracia: entre a facticidade e validade. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 
1997, p. 241-295) com base na obra de Dworkin – “que identifica os princípios 
com normas cujas condições de aplicação não são pré-determinadas” (cf. 
GALUPPO, Marcelo Campos. Os princípios jurídicos no Estado democrático 
de direito: ensaio sobre o modo de sua aplicação. Revista de informação 
legislativa. Brasília, v. 36, n. 143, p. 191-209, jul./set., 1999. 
54
 HABERMAS, Jürgen. Direito e democracia: entre a facticidade e validade. 
Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997. v. 1, p. 246. 
Com efeito, a teoria adequada ao Estado democrático de direito é 
resultante da aproximação da prática interpretativa de textos 
constitucionais exercida na jurisdição constitucional55, com a 
inserção de princípios nos textos das Constituições modernas, 
convertendo-os em pautas valorativas, norteadoras e legitimantes, 
com hegemonia sobre as demais fontes normativas. 
O ordenamento jurídico, na vertente pós-positiva, se mostra como 
um conjunto normativo entrelaçado em diferentes graus, de regras e 
princípios, concretizadores de uma idéia-retora, que, de um “ponto 
de vista filosófico, metapositivo, pode ser entendida como a idéia do 
direito (Rechtsidee), fórmula sintetizadora das idéias de paz jurídica 
e justiça, mas que, para nós, se condensa positivamente na fórmula 
política adotada em nossa Constituição: Estado Democrático de 
Direito”.56 
Na esteira

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