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Instalações Hidráulicas Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Fabiana Maria Salvador Navarro Revisão Técnica: Prof.ª Dr.ª Marjolly Priscilla Bais Shinzato Prof. Dr. Leandro Guimarães Bais Martins Revisão Textual: Profa. Esp. Márcia Ota Instalações prediais de águas pluviais 5 • Introdução • Dimensionamento das calhas • Condutores de AP O principal objetivo desta Unidade é compreender os critérios necessários para o dimensionamento das instalações hidráulicas, visando atender às necessidades mínimas de higiene, segurança, conforto e economia dos usuários, além de garantir o cumprimento das Normas vigentes estabelecidas. Leia, atentamente, o conteúdo desta Unidade, que lhe possibilitará conhecer os critérios para instalações prediais de águas pluviais. Você também encontrará nesta Unidade uma atividade composta por questões de múltipla escolha, relacionada com o conteúdo estudado. Além disso, terá a oportunidade de trocar conhecimentos e debater questões no fórum de discussão. É extremante importante que você consulte os materiais complementares, pois são ricos em informações, possibilitando-lhe o aprofundamento de seus estudos sobre este assunto. Instalações prediais de águas pluviais 6 Unidade: Instalações prediais de águas pluviais Contextualização Para iniciar os estudos desta Unidade, a partir das ilustrações abaixo, reflita sobre a questão de um projeto de instalação predial para águas pluviais. Oriente sua reflexão por meio dos seguintes questionamentos: » Os projetos atuais de uma instalação hidráulica predial de águas pluviais atendem às necessidades e o reaproveitamento das mesmas? » Nos dias de hoje, fala-se muito em minimizar, ao máximo, o consumo de água em geral. Será que existem algumas alternativas a serem incluídas em novos projetos? E o que fazer com os projetos já existentes? Fonte: iStock / Getty Images 7 Introdução Você sabia? Você sabia que água de chuva é um dos elementos mais danosos para a durabilidade e boa aparência das construções? Por esse motivo, cabe ao instalador projetar o escoamento das mesmas, de modo a se realizar no mais curto trajeto e no menor tempo possível. Assim, o sistema de esgotamento de águas pluviais deve ser completamente separado dos esgotos sanitários, evitando-se, com isso, a penetração dos gases dos esgotos primários no interior da habitação. Além disso, segundo Creder (2012), há também algumas condições das municipalidades como a caída direta e livre da água dos telhados e prédios de mais de um pavimento, bem como o caimento em terrenos vizinhos, daí a necessidade de serem conduzidas aos condutores de AP, que as dirigem às caixas de areia, no térreo e desta aos coletores públicos de águas pluviais ou sarjetas dos logradouros públicos. Esse autor nos fornece algumas terminologias acerca desse assunto. Vamos conhecê-las? Área de contribuição: é a área somada das superfícies que recebem a precipitação de chuva num determinado setor da edifi cação. Área molhada: é a área útil de escoamento na seção transversal de uma calha ou de um condutor Caixa de areia: é uma caixa feita em alvenaria, enterrada no solo e destinada a permitir a inspeção das canalizações de águas pluviais Canaleta: é um canal de seção quadrada ou retangular que recebe a contribuição de águas pluviais de pisos Calha: é a tubulação de meia seção circular ou retangular que recebe a contribuição de telhados Coletor: é a tubulação horizontal que recebe as águas dos condutores, das canaletas ou dos ralos e transporta até o tanque de retenção da edifi cação ou até a rede pública de coleta de águas pluviais. Condutor: é a tubulação vertical que conduz as águas captadas por calhas, ralos, canaletas ou drenos. Dreno: é a tubulação perfurada em sua meia seção superior destinada a captar águas no interior de solos. Perímetro molhado: é a linha que delimita a seção molhada junto às paredes e ao fundo da calha ou do coletor. 8 Unidade: Instalações prediais de águas pluviais Vazão de projeto: é a vazão de referência para o dimensionamento de calhas, condutores ou coletores. Ralo: é um dispositivo que recebe a contribuição de águas pluviais de pisos Tanque de retenção: é um reservatório de águas pluviais, destinado a evitar alagamentos, que mantém, por um certo tempo, estas águas para permitir que não haja uma sobrecarga de vazão na rede pública coletora. Que tal, agora, estudarmos sobre os Fatores Meteorológicos? Salientamos que as chuvas ocorrem com diferentes intensidades e com tempos de duração de precipitação também diferentes ao longo dos anos. Assim, as constantes medições, em cada local e ao longo dos anos, nos permitem ter parâmetros das maiores intensidades ocorridas e estes parâmetros são, então, estabelecidos, por meio de norma técnica, como indicadores a serem considerados para os respectivos locais. Tendo por base a Norma NB-611, consideramos também diferentes períodos para a medição do valor médio dessas intensidades: 1 ano: para áreas pavimentadas onde os empossamentos podem ser tolerados. 5 anos: para coberturas e/ou terraços. 25 anos: para as coberturas e para as áreas onde os empossamentos ou os extravasamentos não possam ser tolerados. A duração de precipitação dever ser fi xada em 5 minutos, para construções de até 100 m2 de área de projeção horizontal, pode-se adotar i = 150 mm/h (intensidade pluviométrica). A Norma NB-611 dá uma indicação para o cálculo das áreas de contribuição e rege a maioria dos índices de intensidade pluviométricas das principais cidades brasileiras. A Tabela 1, a seguir, apresenta algumas localidades brasileiras e as respectivas intensidades encontradas. Tabela 1 – Intensidade pluviométrica em algumas cidades brasileiras. (CREDER, 2012) Intensidade Pluviométrica em mm/h Período de Retorno (anos) Local 1 5 25 Bagé 126 204 234 Belém 138 157 185 Belo Horizonte 132 227 230 Fernando de Noronha 110 120 140 9 Florianópolis 114 120 144 Fortaleza 120 156 180 Goiânia 120 178 192 João Pessoa 115 140 163 Maceió 102 122 174 Manaus 138 180 198 Niterói 130 183 250 Porto Alegre 118 146 167 Rio de Janeiro (jardim Botânico) 122 167 227 São Paulo (Santana) 122 172 191 Agora, vamos discutir outros aspectos. Que tal? Então, convido-o para dar prosseguimento aos nossos estudos! Segundo CREDER ( 2012), a vazão de projeto é determinada pela equação: 60 Onde: I A Q × = Q → vazão de projeto em litros por minuto; I → ntensidade pluviométrica do local em milímetros por hora; e A → área de contribuição em metros quadrados. No que se refere a Coberturas Horizontais de Laje, é preciso que: » Sejam evitados empossamentos e se tenha declividade mínima de 0,5% para garantir o escoamento até os pontos de drenagens previstos; » a drenagem seja feita por mais de uma saída, exceto nos casos em que não houver risco de obstrução; e » os ralos hemisféricos sejam usados, nos locais em que o ralo plano possa causar obstrução. Nossos estudos não terminam por aqui. Agora é hora de tratarmos sobre o Dimensionamento das Instalações! 10 Unidade: Instalações prediais de águas pluviais Dimensionamento das calhas As calhas de beiral ou platibanda devem ter inclinação uniforme e no mínimo de 0,5 %. Quando a saída dessas calhas (condutores) estiver a menos de 4 m de uma mudança de direção, a vazão do projeto deve ser multiplicada pelos fatores da Tabela 2, a seguir. Tabela 2 – Fatores Multiplicativos da Vazão de Projeto. (CREDER, 2012) Tipo da Curva Curva a menos de 2 m da saída Curva entre 2 e 4 m da saída Canto reto 1,2 1,1 Canto arredondado 1,1 1,05 Para o dimensionamento das calhas, utilizamos a fórmula de Manning-Strickler: Q K S n R OndeH= ×2 3 1 2/ : Q → vazão da calha em litros por minuto; S → área molhada em metros quadrados RH → Raio hidrárulico = S/P em metros P → perímetro molhado em metros i → declividade da calha em metros por metro n → coefi ciente de rugosidade K → 60.000 (coefi ciente para transformar a vazão em metros cúbicos por segundo para litros por minuto. Na Tabela 3, a seguir, são apresentados os coefi cientes de rugosidade dos materiais que, normalmente, são utilizados para a fabricação de calhas. Tabela 3 – Coefi cientes de Rugosidade (n). (CREDER, 2012) Material n Plástico, fi brocimento, alumínio, aço inoxidável, aço galvanizado, cobre, latão. 0,011 Ferro fundido, concreto alisado, alvenaria revestida. 0,012 Cerâmica e concreto não alisado. 0,013 Alvenaria de tijolos não revestida. 0,015 A capacidade das calhas semicirculares usando coefi ciente de rugosidade n = 0,011 e as declividades indicadas estão representados na Tabela 4 abaixo: 11 Tabela 4 – Capacidade de Calhas Semicirculares (lâmina d’água igual ½ diâmetro interno) n = 0,011 e vazões em litros por minuto. (CREDER, 2012) Período de Retorno (anos) Diâmetro interno (mm) Declividade 0,5 % 1 % 2 % 100 130 183 256 125 236 333 466 150 384 541 757 200 829 1.167 1.634 Dimensionamento de Coletores Segundo Creder (2012), para o dimensionamento dos coletores, utilizamos a fórmula de Manning-Strickler , considerando-se a altura da lâmina d’água igual a 2/3 do diâmetro do condutor. A Tabela 5, a seguir, apresenta os valores obtidos, considerando-se essa fórmula e essa premissa: Tabela 5 - Capacidade dos coletores em litros por minuto Diâmetro Coefi ciente de Rugosidade n=0,011 n=0,012 Declividade Declividade 0,05% 1% 2% 0,05% 1% 2% 50 32 45 65 29 41 59 75 95 133 188 87 122 172 100 204 287 405 187 264 372 125 370 521 735 339 478 674 150 602 847 1190 552 777 1100 200 1300 1820 2570 1190 1670 2360 Dimensionamento das Caixas de Areia As caixas de areia devem ser colocadas entre o coletor (vertical) e o condutor (horizontal), fazendo a transição das águas coletadas e iniciando as suas conduções para a destinação fi nal (tanque de retenção ou rede pública condutora). As caixas de areia devem ser colocadas, também, entre conexões com outras tubulações de águas pluviais, onde houver mudanças de direções ou de declividades e ainda quando houver distâncias retilíneas com mais de 20 metros. As caixas de areia podem também conter uma grelha em sua tampa superior, permitindo o uso como ralo de captação de águas pluviais no solo. As medidas internas mínimas de uma caixa de areia são 0,50 m X 0,50 m em planta e profundidade variável a partir de um mínimo de 0,50 m para permitir as inclinações das tubulações condutoras. Espero que estejam apreciando nossos estudos! Por isso, proponho novamente mais um assunto. 12 Unidade: Instalações prediais de águas pluviais Condutores de AP Sempre que possível, devem ser projetadas em uma só prumada. Nos desvios, devem-se usar curvas de 90˚ de raio longo ou curvas de 45˚; devem ser previstas peças de inspeção (tubos operculados). O diâmetro interno mínimo dos tubos verticais é de 70 mm. O dimensionamento dos condutores verticais deve ser feito a partir dos seguintes dados: Q → Vazão do projeto, em litros / mm H → altura da lâmina d’água da calha, em mm L → Comprimento do condutor vertical em mm Nas Figuras 1 e 2, a seguir, extraídas da Norma NB_611, há dois ábacos para a determinação do diâmetro, D, em mm, para os dois tipos de saída: em aresta viva e em funil. Escolha do diâmetro D Entrar no eixo horizontal, com o valor da vazão Q em litros por mm. Levantar uma vertical até encontrar as curvas de H e L correspondentes; no caso se não haver curvas dos valores de H e L, interpolar entre as curvas existentes. Transportar a interseção mais alta até o eixo D; escolhe o diâmetro interno seja igual ou superior ao valor encontrado. Os ábacos foram construídos para condutores verticais rugosos (coefi ciente de atrito f = 0,04), com dois desvios na base. Figura 1 – Ábaco para a determinação de diâmetros de condutores verticais de calha com saída em aresta viva. (CREDER, 2012) 13 Condutores Horizontais de AP Devem ser projetados, sempre que possível, com declividade uniforme e de no mínimo 0,5% O dimensionamento dos condutores horizontais de seção circular deve ser feito para escoamento com lâmina de altura igual a 2/3 do diâmetro interno do tubo. Nas tubulações aparentes, devem ser previstas inspeções sempre que houver conexões com outra tubulação, mudança de declividade, mudança de direção ou, ainda, a cada trecho de 20 m nos percursos retilíneos. A ligação entre os condutores verticais e horizontais será sempre feita por curva de raio longo, com inspeção (tubo operculado), ou caixa de areia, conforme o tubo esteja aparente ou enterrado. Figura 2 - Ábaco para a determinação de diâmetros de condutores verticais de calha com funil de saída. (CREDER, 2012) Para terminarmos o estudo proposto nesta unidade, vamos tratar sobre Projeto das Instalações¸ destacando que os projetos das instalações prediais de águas pluviais, de uma forma geral, são constituídos por: I. Planta baixa geral do pavimento térreo, em que são representados: » todo o sistema de tubulações da rede existente sob o solo; » locação de todas as caixas de areia; » localização da chegada ao solo de todos os condutores; » localização de todos os ralos, canaletas ou demais elementos no piso destinados a captar águas pluviais. II. Planta baixa geral da cobertura, em que são representadas todas as: » inclinações previstas para o telhado ou a laje de cobertura; » calhas e os pontos dos coletores no caso de telhados ou todos os ralos no caso de lajes horizontais. 14 Unidade: Instalações prediais de águas pluviais III. Detalhamento do projeto, em que são apresentados os detalhes construtivos de calhas, ralos, drenos, canaletas, caixas de areia, etc. IV. Memoriais descritivo e de cálculo O memorial descritivo contém as recomendações gerais de projeto, as especifi cações de materiais e de serviços. O memorial de cálculo apresenta os resultados das áreas encontradas e dos respectivos diâmetros das tubulações que atendem as vazões de projeto. 15 Material Complementar Para complementar os conhecimentos adquiridos nesta Unidade, pesquise as seguintes sugestões: Vídeos: Biblioteca virtual do site: www.tigre.com.br Leituras: http://www.unifra.br/professores/julianepinto/aula/Unidade_4_Aguas%20Pluviais.pdf http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2011/anais/arquivos/0330_0303_01.pdf Ambos enriquecerão sua compreensão a respeito do dimensionamento das instalações hidráulicas estudadas. 16 Unidade: Instalações prediais de águas pluviais Referências AZEVEDO NETTO, J.M. et al. Manual de Hidráulica. 8.ed., São Paulo: Edgard Blucher, 1998. BAPTISTA, M.B.; LARA, M. Fundamentos de Engenharia Hidráulica. Belo Horizonte, Editora UFMG e Escola de Engenharia da UFMG, 2a. Edição - Revisada, 2003. Borges, R.S.; Borges, W.L. Manual de Instalações Hidráulico-Sanitárias e de Gás 4.ed., São Paulo, Pini, 1992. Carvalho JR., R. Instalações Hidráulicas e o Projeto de Arquitetura 3. ed. São Paulo, Blucher, 2010. Creder, H. Instalações Hidráulicas e Sanitárias 6.ed. São Paulo, LTC, 2012. Macintyre, A. J. Instalações Hidráulicas - Prediais e Industriais 4 ed. São Paulo, Ltc, 2012. MELO, V.O. & NETTO, J.M.A. Instalações Prediais Hidráulico-sanitárias. 4.ed. São Paulo: Blucher, 1988. 185p. Santos, S. L. Bombas e Instalações Hidráulicas São Paulo, Lcte, 2007. Site: www.abnt.org.br 17 Anotações
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