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produzidas pelo homem e as doenças não transmissíveis. A transição demográfica também tem seu papel nesta mudança, se no passado o contingente de população jovem era maior, hoje houve um aumento significativo da população idosa, com isso os agravos referentes a essa população passam a figurar outro perfil. Algumas mudanças como a nutricional e a de risco também aparecem à medida que a sociedade obtém novos índices de desenvolvimento. Em relação à transição nutricional, existem pontos relevantes como o aumento do consumo de alimentos industrializados, com maior concentração de conservantes, acidulantes, colorantes, sódio etc. Isso trouxe novos hábitos de dietas e consumo. Como resultado, temos uma desproporção entre obesos e desnutridos com um aumento nos dois grupos. As transições não devem ser analisadas separadamente, pois a sociedade vive também em transição. A sociedade convive com riscos antigos e modernos, riscos identificáveis e não identificáveis riscos conhecidos e riscos desconhecidos. O pesquisador precursor da epidemiologia John Snow experimentou um método de teste para verificar o risco do adoecimento por cólera, com isso nasceu a hipótese epidemiológica para relacionar a água a essa doença. Utilizando o elemento contraste a comunidade foi exposta a água limpa ou contaminada para concluir que o fator de risco estava associado ao efeito saúde. A partir dai estabeleceu-se uma ordem de investigação respaldando metodologicamente a epidemiologia a partir do método cientifico. As etapas da investigação são: 1 - Detectar o efeito em saúde; 2 - Estabelecer o perfil epidemiológico; 3 - Formular a hipótese; 4 - Testar a hipótese; 5 - Concluir. 12 Unidade: Epidemiologia Nesta primeira etapa, temos a detecção do agravo sugerindo a necessidade de investigação para detectar o efeito em saúde. Passamos então para a segunda etapa onde o perfil epidemiológico se estabelece. A partir deste perfil, os grupos de interesse se definem em um espaço e num período determinado. Todos esses elementos são a base para identificar as propriedades em saúde e com essa informação tomar a melhor decisão. A partir deste momento, se pergunta onde e quando acorreu o evento e qual a população mais afetada, essa etapa cabe também identificar a magnitude do evento e o quanto se é afetado. Os indicadores em epidemiologia são divididos em absolutos e relativos, sendo os relativos mais apropriados à comparação. Esses indicadores se dividem em dois tipos: índices de distribuição proporcional e os coeficientes de probabilidade de risco. Esses coeficientes se agrupam em: · Incidência – probabilidade do risco de adoecer; · Prevalência – probabilidade do risco do agravo se instalar; · Mortalidade – probabilidade de risco de morrer na população geral; · Letalidade – probabilidade do risco de morrer entre os doentes. A terceira etapa acontece após o perfil estar estabelecido pela frequência e distribuição oferecendo subsídios para uma hipótese. O grupo mais afetado pode acrescentar elementos comuns podendo ser o fator de risco o que gera uma relação causal. Nesta etapa, os estudos descritivos apresentam maior utilidade, de modo a estabelecer, uma relação causal entre os fatores de risco e os efeitos em saúde, embasando assim uma hipótese. A Quarta etapa concentra-se no teste da hipótese causal a partir dos elementos das investigações anteriores. A última etapa do estudo são as conclusões acerca das relações causais, que não devem ser restritas a um estudo, mas a um conjunto de resultados. É sempre importante manter uma postura crítica com relação a uma conclusão de relação direta entre causa e efeito e adotar uma visão mais ampla, questionando tanto os resultados como os métodos e o processo. A Epidemiologia é uma ciência importante para estudar, quantificar e tabular, no entanto não deve reduzir-se a conceitos e métodos, deve abrir-se em direção às necessidades globais, ao desenvolvimento e à sociedade. No Brasil, a epidemiologia originou-se a partir dos naturalistas e da medicina tropical, que de forma sistemática, descreveram a ocorrência de diversas doenças infecciosas, vetores e agentes. Em meados do século XIX, três médicos estrangeiros criaram a Escola Tropicalista Baiana, embora não sendo uma instituição formal de ensino, a escola se dedicou à prática médica e à pesquisa da etiologia das doenças tropicais que acometiam os homens livres e os escravos. Epidemiologia no Brasil 13 A metodologia utilizada pelos pesquisadores da escola compreendia as mais modernas técnicas da medicina cientifica europeia. Esse grupo de pesquisadores rejeitou o determinismo racial e de clima das doenças, pois acreditavam na universalidade das doenças e que a umidade e o calor apenas conferiam características peculiares a elas. Os tropicalistas associavam as doenças tropicais à pobreza, desnutrição, falta de saneamento e às péssimas condições de vida. Esses pesquisadores desenvolveram importantes trabalhos sobre a ancilostomíase, tuberculose, hanseníase, entre outras. No final do século XIX, houve várias tentativas de análise quantitativas de ocorrência de doenças no Brasil, sem empregar técnicas estatísticas já utilizadas na Europa e nos Estados Unidos. Foi em 1903, que o presidente da República Rodrigues Alves nomeou o médico Oswaldo Cruz para a diretoria da saúde pública. A tarefa inicial era sanear o Rio de Janeiro e combater as epidemias que tomavam a cidade como a febre amarela, peste bubônica e a varíola. Houve uma campanha bem rigorosa para combater a febre amarela com medidas como aplicação de multas, intimação aos proprietários de imóveis insalubres etc. Na sequência, Oswaldo Cruz começou a trabalhar para combater a peste bubônica, com notificação compulsória dos casos, combate aos ratos da cidade, entre outras medidas de saneamento. Em 1904, o Rio de Janeiro é acometido por uma epidemia de varíola, fazendo com que o governo obrigue por meio de um projeto de lei que a população se vacine, com pena de sanções para quem não cumprisse a lei. Isso gerou muita insatisfação popular originando a Revolta das Vacinas, deixando um saldo de 30 mortos em uma semana, tempo que durou a revolta. Outro médico, Carlos Chagas em 1905 conseguiu controlar um surto de malária no interior de São Paulo, tornando uma referência para o combate desta doença no mundo todo. Esse mesmo médico descobriu o protozoário causador da tripanossomíase americana, denominada por ele como tripanossomíase Cruzi, em homenagem a Oswaldo Cruz. Essa é conhecida como doenças de chagas. Após o termino da segunda guerra mundial, surgiu a ideia de que as doenças endêmicas poderiam ser controladas e até erradicadas. Durante a guerra, os sanitaristas norte americanos usavam essa ideia como um trunfo na busca de aliados. Desta forma, com o incentivo do governo norte americano, a organização Pan-Americana de Saúde e a Organização Mundial da Saúde empreenderam muitas ações globais com o objetivo de erradicar diversas doenças. No Brasil, houve duas campanhas de erradicação da malária com um sucesso parcial e da erradicação do Aedes Aegypti, com um sucesso pleno, embora não definitivo. Na organização do ensino, duas instituições de pesquisa e formação na área da saúde coletiva foram criadas na metade do século XX: Fundação Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro e a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Em 1942, após um acordo com o governo americano criou-se o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP). O SESP priorizava ações para o controle da malária e outras doenças endêmicas da região amazônica, posteriormente esse serviço se expandiu para outras regiões. Após 1960, o SESP se transformou em fundação exercendo um importante papel na normatização de muitas atividades de saúde e saneamento até o final da década de 1970. 14 Unidade: Epidemiologia