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Diversidade animal Os Invertebrados – Parte II: Os Artrópodes – Filo Arthropoda Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Priscila Granado Revisão Textual: Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco 5 • Características gerais • Filo Arthropoda: subfilo Chelicerata • Filo Arthropoda: subfilo Uniramia • Filo Arthropoda: subfilo Crustacea • Os insetos e os humanos Não deixe de fazer os exercícios e, quando possível, veja os materiais complementares sugeridos. Em caso de dúvidas, não hesite em registrá-las no espaço criado para este fim no ambiente virtual de aprendizagem. Nesta Unidade é interessante que você estabeleça paralelos com o que foi visto nas unidades anteriores. Que fiquem claras as novidades evolutivas observadas até aqui e de que maneira essas contribuíram para o sucesso desses organismos nos diferentes ambientes. Os Invertebrados – Parte II: Os Artrópodes – Filo Arthropoda 6 Unidade: Os Invertebrados – Parte II: Os Artrópodes – Filo Arthropoda Contextualização Para esta Unidade é necessário que se sejam estabelecidas relações com o conteúdo das unidades anteriores, considerando-se as novas características morfológicas e fisiológicas verificadas nos artrópodes e de que maneira essas permitiram a conquista de uma diversidade de ambientes por esses animais invertebrados. Sobre tal cenário é importante considerar que: Referência BRUSCA, R. C.; BRUSCA, G. J. Invertebrados. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. Os primeiros artrópodes provavelmente surgiram nos mares antigos do Pré-Cambriano, há mais de 600 milhões de anos e, no início do Cambriano, os crustáceos já estavam bem estabelecidos. Os artrópodes passaram por uma enorme irradiação evolutiva desde então e, hoje em dia, ocorrem em virtualmente todos os ambientes da Terra, explorando qualquer tipo imaginável de estilo de vida. A formas modernas variam de tamanho desde ácaros e crustáceos minúsculos, com menos de 1mm de comprimento, até os caranguejos gigantes do Japão, cujo diâmetro com pernas abertas excede 3m. Existe um número estimado de 1.097.289 espécies viventes descritas de artrópodes, embora o número exato não seja conhecido. Os artrópodes constituem 85% de todas as espécies de animais descritas (BRUSCA; BRUSCA, 2007, p. 476). 7 Características gerais Nesta Unidade veremos os artrópodes que, certamente, é o maior filo do reino animal. Suas características gerais consistem em uma ampla distribuição ocorrendo nos ambientes aquáticos e terrestres, de modo que podem ser carnívoros, herbívoros, ou ainda onívoros. São organismos protostômios, ou seja, blastóporo origina boca, celomados verdadeiros com órgãos bem desenvolvidos e, assim como anelídeos, possuem o corpo dividido em metâmeros, sendo que cada um desses segmentos possui um par de apêndices articulados. Artrópodes têm uma tendência a formar tagmas, que são metâmeros fundidos, formando regiões especializadas em uma função, tendo os apêndices diferenciados para uma divisão de trabalho. Se observarmos no ambiente, veremos que artrópodes possuem grande diversidade, inúmeras espécies e ampla distribuição, podendo ser encontrados em diferentes espaços, com diversos hábitos alimentares, além da fácil adaptação às diferentes condições ambientais. Para facilitar nosso estudo, segue abaixo um Quadro contendo algumas das estruturas e características fisiológicas que proporcionaram o sucesso desse filo: Quadro 1 – Estruturas e características fisiológicas do filo Arthropoda. Exoesqueleto Estrutura que confere proteção sem alterar a eficiência na mobilidade. É revestido por cutícula, composta por quitina, substância resistente e insolúvel em água, substâncias alcalinas e ácidos fracos. O exoesqueleto não é expansível, assim, para crescer o artrópode precisa fazer a muda ou ecdise. Segmentação e apêndices Cada metâmero possui um par de apêndices e, em alguns casos, há um arranjo diferenciado em que as estruturas tornam-se especializadas em diferentes funções. Apêndices apresentam cerdas sensoriais. Ar transportado em sentido direto às células As formas terrestres apresentam um sistema de respiração traqueal, que é um conjunto de tubos que leva o oxigênio diretamente para as células e tecidos, permitindo alta eficiência metabólica. Os organismos aquáticos respiram por brânquias. Órgãos sensoriais desenvolvidos Apresentam olhos compostos, órgãos relacionados ao tato, olfato, audição, equilíbrio e recepção química. Através dessas estruturas conseguem perceber muito bem o ambiente. Comportamentos complexos Possuem comportamentos e atividades complexas. Metamorfose limita competição intraespecífica Os artrópodes passam por modificações que incluem uma forma larval diferente da forma adulta. Essas duas formas distintas possuem alimentação e ocupam espaços distintos, diminuindo a competição dentro da espécie. 8 Unidade: Os Invertebrados – Parte II: Os Artrópodes – Filo Arthropoda As características do grupo são a presença de seis pares de apêndices, sendo um par de quelíceras, um par de pedipalpos e quatro pares de apêndices que são para locomoção. Não apresentam mandíbulas e antenas e a alimentação é geralmente realizada sugando os líquidos da presa. São animais pertencentes a esse subfilo as aranhas, carrapatos, ácaros e escorpiões. Dentro de Chelicerata há três classes: • Classe Merostomata – constituída por animais chamados euriptéridos ou escorpiões de água gigantes. Esses organismos já foram extintos, mas eram semelhantes aos límulos e com os escorpiões terrestres. Também faz parte dessa classe os límulos, animais que possuem uma carapaça não segmentada em forma de ferradura, abdômen largo e apresentam um longo télson. • Classe Pycnogonida – são animais conhecidos como aranhas do mar. Têm como características um corpo pequeno e fino com quatro pares de pernas longas e finas. Algumas espécies apresentam quelíceras e palpos e a boca encontra-se no final de uma probóscide, que suga o líquido de animais de corpo mole. Filo Arthropoda: subfilo Chelicerata Fonte: Didier Descouens/wikimedia commons Figura 1 – Limulus. Fonte: Didier Descouens / Wikimedia Commons Figura 2 – Aranha do mar Pycnogonum sp. Esse gênero é comum na região de entremarés dos EUA. Fonte: Hans Hillewaert / Wikimedia Commons 9 • Classe Arachnida – diversa e engloba aranhas, escorpiões, pseudoescorpiões, escorpiões- vinagre, carrapatos, ácaros e opiliões. Os tagmas (regiões especializadas) desses animais são o cefalotórax e o abdômen, sendo que o par de quelíceras, par de pedipalpos e quatro pares de pernas encontram-se no cefalotórax. Outra característica desse grupo é não apresentarem antenas nem mandíbulas. A maioria possui hábitos predadores e estruturas inoculadoras, que são pedipalpos e quelíceras modificados e glândulas de veneno. Como não possuem mandíbulas, o consumo se dá através da sucção dos fluidos e tecidos moles das presas por meio de uma faringe sugadora. Como essa classe possui os animais mais conhecidos desse subfilo, veremos com mais atenção suas ordens. Aranhas – ordem Araneae: As aranhas possuem um cefalotórax e um abdômen não segmentados e unidos por um pedicelo. Apresentam como apêndices um par de quelíceras com garras no final por onde passam os dutos das glândulas de veneno e um par de pedipalpos. Possuem quatro pares de pernas para se locomoverem e que também terminam em garras. Entre as estruturas diferentes encontradas nesses organismos estão os túbulos de Malpighi, que auxiliam no processo de excreção. Também possuem oito olhos simples, utilizados para percepção de objetos em movimento, mas alguns podem formar imagens. Apresentam cerdas sensoriais em forma de pelos, que também auxiliam na percepção do ambiente. Atenção Dentrodo filo Arthropoda há o subfilo Trilobita, aqui apresentado como nota, pois os organismos pertencentes a esse subfilo encontram-se extintos. Acredita-se que os espécimes de trilobitas surgiram antes do período Cambriano, mas foi nesse intervalo de tempo que se desenvolveram. Estão extintos há duzentos milhões de anos e receberam o nome pelo fato de o corpo ser trilobado devido à presença de duas fendas longitudinais. Figura 3 – Fóssil de trilobita. Fonte: Ghedoghedo / Wikimedia Commons 10 Unidade: Os Invertebrados – Parte II: Os Artrópodes – Filo Arthropoda Escorpiões – ordem Scorpionida: Escorpiões são animais que possuem o hábito de se esconder em tocas ou sob outros objetos durante o dia, saindo para se alimentarem durante a noite. Os tagmas dos escorpiões são divididos em cefalotórax curto, portador dos apêndices, de um par de olhos medianos e de dois a cinco pares de olhos laterais. Os outros tagmas são um pré- abdômen de sete segmentos e um pós-abdômen de cinco segmentos que chamamos de cauda e que terminam em um aguilhão. Essa estrutura consiste em uma base bulbosa e uma ponta curvada para a injeção do veneno. Uma característica inovadora nesses animais é a presença do pécten, correspondente a um conjunto de pentes presentes na região ventral do abdômen, com função tátil à exploração do solo e reconhecimento de parceiro sexual. Atenção O veneno produzido pelas aranhas costuma ser inofensivo para seres humanos e as espécies mais venenosas picam somente quando se sentem ameaçadas ou quando os ovos ou os organismos jovens estão em perigo. Entre as espécies com veneno mais potente estão as do gênero Latrodectus (viúva negra), que possui coloração escura e uma mancha vermelha ou laranja em forma de ampulheta na região ventral do abdômen. Seu veneno é neurotóxico e age no sistema nervoso. Também há a Loxosceles (aranha marrom), que possui coloração marrom e tem como característica a presença de uma mancha em formato de violino na região dorsal. Seu veneno é hemolítico, causando a morte dos tecidos e da pele em torno da picada. Figura 5 – Loxosceles sp., conhecida como aranha marrom. Fonte: Marshal Hedin / Wikimedia Commons Figura 4 – Latrodectus sp., conhecida como viúva negra. Fonte: Wikimedia Commons Fonte: Kmo5ap / Wikimedia Commons Figura 6 – Escorpião Androctonus sp. 11 Opiliões – ordem Opiliones: Nesses organismos o cefalotórax e o abdômen são fundidos e o abdômen apresenta segmentação externa. Possuem quatro pares de pernas longas e finas, as quelíceras terminam em uma pinça e têm como hábito alimentar a detritivoria. Ácaros e carrapatos – ordem Acari: São organismos amplamente conhecidos e de importância médica e econômica. Os ácaros ocorrem em ambientes aquáticos e terrestres, desertos, regiões polares, fontes termais e diversos são parasitas. Ácaros são aracnídeos que se diferem de todos os demais, pois apresentam cefalotórax e abdômen totalmente fundidos. Possuem uma estrutura denominada capítulo, em que são encontrados os apêndices utilizados para a alimentação em volta da boca. Esses apêndices constituem-se em uma quelícera de cada lado da boca, que servem para perfurar, dilacerar, ou ainda agarrar o alimento e, logo em seguida, nas quelíceras encontra-se um par de pedipalpos. Significativa parte dos ácaros é de vida livre, mas algumas espécies vivem em poeira domiciliar, sendo responsáveis por alergias e dermatites. Algumas espécies são marinhas, mas a maioria é de água doce. Ácaros apresentam importância econômica, pois algumas espécies são pragas agrícolas, sugando o conteúdo das células vegetais. Outras espécies são conhecidas por parasitar vertebrados, inclusive humanos, causando irritação, dermatite e transmissão do tifo por transportarem a bactéria do gênero Rickettsias. Algumas espécies também causam a sarna em humanos e animais domésticos. Figura 7 – Opilião. Fonte: Dick Belgers / Wikimedia Commons Atenção Os carrapatos são apenas uma das subordens de Acari. 12 Unidade: Os Invertebrados – Parte II: Os Artrópodes – Filo Arthropoda A principal diferença dos crustáceos com os demais animais artrópodes é a presença de dois pares de antenas. Além dessas estruturas, apresentam também um par de mandíbulas, dois pares de maxilas e um par de apêndices em cada segmento do corpo, sendo que essas estruturas são primitivamente birremes (dois ramos). De maneira geral, o corpo de um crustácea é constituído por um rostro não segmentado na região anterior e um télson também não segmentado e os urópodes na região posterior. Figura 8 – Ácaro Demodex foliculorum, que vive nos folículos pilosos de humanos. Fonte: Alan R Walker / Wikimedia Commons Filo Arthropoda: subfilo Crustacea Abdômen Pleópodes apêndices natatórios Télson Urópode Apêndice ambulatório Cefalotórax 13 segmentos 6 segmentos Antena Rostro Carapaça Olho Antênula Mandíbula Maxila Maxilípedes Quelípode 1o apêndice ambulatório Tórax Figura 9 – Partes constituintes de um crustáceo, no caso, um camarão. Fonte: Wikimedia Commons 13 Uma característica importante de artrópodes e que os diferencia da maioria dos organismos invertebrados vistos até aqui é que a cavidade corporal é a hemocele preenchida por sangue e não o celoma. Abaixo são descritas as classes pertencentes a esse filo e suas principais características: • Classe Remipedia – apresentam características primitivas e são encontrados em cavernas ligadas ao mar; • Classe Cephalocarida – é um grupo pequeno, com poucas espécies conhecidas. Não possuem olhos, carapaça ou apêndices abdominais; • Classe Branchiopoda – também apresentam características primitivas, apresentando a primeira antena e a segunda maxila com tamanhos reduzidos. Os apêndices possuem forma achatada e funcionam como órgãos respiratórios; Figura 10 – Crustáceo Remipedia. Fonte: Joris van der Ham / Wikimedia Commons Figura 11 – Crustáceo Cephalocarida. Fonte: Greg Rouse Figura 12 – Crustáceo Branchiopoda, no caso, uma Daphnia. Fonte: Hajime Watanabe / Wikimedia Commons 14 Unidade: Os Invertebrados – Parte II: Os Artrópodes – Filo Arthropoda • Classe Maxillopoda – apresentam como características gerais cinco somitos cefálicos, seis torácicos, quatro abdominais e o télson. É dividida em seis subclasses, as quais: • Subclasse Ostracoda – são organismos pequenos, com carapaça bivalve. Os hábitos de vida são diversos, vivendo no fundo ou sobre plantas, enquanto alguns são plânctônicos ou se enterram no fundo. Podem ser encontrados em ambientes marinhos e de água doce; • Subclasse Mystococarida – crustáceos também diminutos que vivem na água intersticial entre grãos de areia; • Subclasse Copepoda – são pequenos e alongados. Não possuem carapaça e apresentam olho mediano. Importantes ecologicamente, dominam a base da teia alimentar em comunidades aquáticas. Algumas espécies são parasitas de outros invertebrados marinhos e peixes de importância econômica; • Subclasse Tantulocarida – são ectoparasitas de outros crustáceos; • Subclasse Branchiura – não apresentam brânquias e têm como hábito a condição de parasitas de peixes marinhos e de água doce; • Subclasse Cirripedia – neste grupo encontram-se as cracas, organismos que apresentam como característica o envolvimento do corpo por uma concha de placas calcárias e são sésseis quando adultos. Também apresentam como apêndices torácicos os cirros com cerdas que utilizam para alimentação. • Classe Malacostraca – trata-se do maior grupo de crustáceos. Entre as diversas ordens encontradas nesta classe, constam: • Ordem Isopoda – esses crustáceos ocuparam com grande sucesso o ambiente terrestre, além de povoarem os ambientes marinho e de água doce. As formas terrestresconhecidas são os famosos tatuzinhos de jardim, que encontram-se embaixo de pedras e em lugares úmidos. As formas marinhas conhecidas são as baratas da praia, que pertencem ao gênero Ligia; • Ordem Amphipoda – são comprimidos lateralmente e há organismos marinhos e de água doce. Um exemplo comum de amphipoda são os gamarídeos; • Ordem Euphausiacea – os espécimes desta ordem têm como característica diferencial serem bioluminescentes, devido à presença de um órgão chamado fotóforo e de uma substância produtora de luz. São de grande importância, pois constituem a maior parte da alimentação de baleias e peixes. Um dos animais mais conhecidos dessa ordem é o Krill; • Ordem Decapoda – seus representantes são amplamente conhecidos como camarões, caranguejos, siris e lagostas. Apresentam importância ecológica e econômica. Como característica morfológica possuem carapaça fundida, olhos pedunculados e os três primeiros pares de apêndices torácicos modificados em maxilípedes. 15 Entre esses estão os numerosos insetos que, assim como os outros artrópodes, possuem adaptações tanto estruturais quanto fisiológicas, tornando-os organismos extremamente versáteis. O padrão corpóreo de insetos consiste basicamente em três tagmas (regiões especializadas): cabeça, tórax e abdômen; sendo que os apêndices concentram-se na cabeça e tórax. As classes que constituem esse subfilo são: • Classe Chilopoda – os organismos pertencentes a esta classe são as conhecidas centopeias. Cada segmento apresenta apêndices, com exceção do que se encontra logo após à cabeça e os dois últimos do corpo. Encontram-se em locais úmidos, são ágeis e de hábitos alimentares carnívoros. • Classe Diplopoda – são os chamados “piolho de cobra”. Encontram-se em locais úmidos e escuros e a maioria apresenta hábitos herbívoros. O costume de se enrolarem vem do fato de que esses organismos movimentam-se devagar e, quando perturbados, enrolam-se na tentativa de maior proteção. • Classe Pauropoda – são organismos pequenos e com cabeça pequena, antenas ramificadas e não possuem olhos, apenas um par de órgãos sensoriais semelhantes a olhos. Encontram- se em locais úmidos, também embaixo de folhas e vegetação em decomposição. Filo Arthropoda: subfilo Uniramia Figura 13 – Organismo da classe Chilopoda. Fonte: Thomas Quine / Wikimedia Commons Figura 14 – Organismo da classe Diplopoda. Fonte: Thomas Shahan / Wikimedia Commons 16 Unidade: Os Invertebrados – Parte II: Os Artrópodes – Filo Arthropoda • Classe Symphyla – também são animais pequenos, parecidos com centopeias. Encontram-se em húmus e material vegetal em decomposição. São conhecidos por serem pragas de flores e outros vegetais em estufas. Depois de estudar esses grupos, veja agora a classe diversa e abundante dos Insecta, pois dedicaremos maior atenção a essa classe em função de sua grande importância econômica e ecológica. • Classe Insecta – como característica morfológica apresentam três pares de pernas e dois pares de asas na região do tórax, lembrando que alguns possuem apenas um par e outros não as apresentam. Insetos apresentam grande distribuição, sendo encontrados no ambiente terrestre, de água doce e poucos no ambiente marinho. Essa ampla distribuição deve-se ao fato de diversos voarem e por se adaptarem aos diversos ambientes. Veja abaixo quais são as características gerais encontradas nesses animais: Quadro 2 – Características gerais da classe Insecta. Tagmas Possuem as partes especializadas do corpo divididas em cabeça, tórax e abdômen. Adaptações Apresentam diferentes adaptações para locomoção, alimentação (de modo que possuem diferentes aparatos bucais, de acordo com o item alimentar). Circulação Apresentam coração tubular na região pericárdica que movimenta a hemolinfa. Sua circulação é facilitada pelos movimentos do corpo. Trocas gasosas Possuem sistema traqueal, rede de tubos que se liga a todas as partes do corpo, tornando a respiração mais eficiente. Pode incluir sacos aéreos, que são traqueias dilatadas. As formas aquáticas podem respirar por difusão através da parede do corpo, ou através de brânquias traqueais. Figura 15 – Organismo da classe Pauropoda. Fonte: David Maddison / Wikimedia Commons Figura 16 – Organismo da classe Symphyla. Fonte: Soniamartinez / Wikimedia Commons 17 Excreção Assim como aranhas, apresentam túbulos de Malpighi. Há secreção de potássio para dentro dos túbulos, o que absorve água por osmose e produz fluido. Sais e água são absorvidos nas porções dos túbulos e excretados na forma de ácido úrico. Sistema nervoso Há fusão de gânglios com sistema de fibras gigantes. Apresentam células neurossecretoras, que possuem função endócrina. Comumente associamos os insetos a fatos ruins, no entanto, esquecemos da importância ecológica e econômica que inúmeros apresentam. Se não fossem esses pequenos organismos, quem faria a polinização de algumas plantas? Diversos insetos são os responsáveis pela fertilização de espécies vegetais e produção de insumos de uso humano, como mel e cera (produzidos pelas abelhas) e seda (produzida pelo bicho-da-seda). Se considerarmos a questão da polinização, desde cedo veremos que insetos e plantas desenvolveram adaptações mútuas ao longo do processo evolutivo, evolução que trouxe vantagens para ambos. Há espécies de insetos predadores que destroem insetos daninhos, participam da cadeia alimentar de outros animais, servindo de alimento para inúmeras aves, peixes e outros animais. Claro que nem todos são benéficos, alguns são entendidos como pragas, consumindo e destruindo plantações. Outros são responsáveis pela propagação de doenças sérias, como a malária e a febre amarela, transmitidas por mosquitos. Moscas domésticas transmitem febre tifoide e moscas tsé-tsé transmitem a doença do sono. Também há os percevejos sugadores de sangue, que transmitem a doença de chagas. antenas celos fronte clípeo labro coxa trocanter tímpano estígmas tarso pós-tarso garra arólio fêmur tibia tibia tarso mandíbula lábio cabeça tórax Olho composto I II III Abdome Asa posterior ovipositor cerco vértice Figura 17 – Morfologia externa de um inseto (gafanhoto, ordem Orthoptera). Fonte: Giancarlo Dessì / Wikimedia Commons Os insetos e os humanos 18 Unidade: Os Invertebrados – Parte II: Os Artrópodes – Filo Arthropoda Atualmente é comum o uso de inseticidas para o controle desses organismos, especificamente os que atacam plantações comerciais. Contudo, inúmeros produtores consideram apenas os efeitos danosos causados por esses organismos, esquecendo-se da importância ecológica que possuem, onde são parte integrante de teias alimentares e possuem grande importância na já comentada polinização, além de serem responsáveis pela decomposição de matéria orgânica e consequente reposição dessa no solo, tornando-o fértil. Assim, torna-se cada vez mais urgente o uso consciente e desenvolvimento de novos inseticidas que não extingam esses animais tão importantes. Abaixo seguem figuras de alguns insetos popularmente conhecidos: Figura 18 – Abelha (ordem Hymenoptera). Fonte: Wikimedia Commons Figura 19 – Borboleta (ordem Lepidoptera). Fonte: Paulo rsmenezes / Wikimedia Commons Figura 20 – Gafanhoto (ordem Orthoptera). Fonte: Gilles San Martin / Wikimedia Commons Figura 21 – Besouro (ordem Coleoptera). Fonte: Thomas TK Tungnung / Wikimedia Commons Atenção Neste material teórico nos referimos à classe Insecta de maneira geral, sem entrar em maiores especificidades, mas esta classe é constituída por aproximadamente trinta ordens, sendo algumas descritas brevemente a seguir: 19 • Ordem Archaeognatha – lembram traças, mas o corpo tem formato mais cilíndrico; • Ordem Thysanura– são as traças verdadeiras; • Ordem Ephemeroptera – são as efêmeras, insetos que apresentam asas e a forma adulta vive apenas algumas horas; • Ordem Odonata – são as libélulas; • Ordem Blattodea – são as baratas; • Ordem Isoptera – os cupins são organismos que pertencem a esta ordem; • Ordem Mantodea – os animais que pertencem a este grupo são os louva-a-deus; • Ordem Dermaptera – os organismos assim classificados são as tesourinhas; • Ordem Orthoptera – são os gafanhotos; • Ordem Phasmida – são os bichos-pau; • Ordem Mantophasmatodea – é a mais recente ordem descrita, não sendo aceita por diversos cientistas. São parecidos com Phasmida, Grylloblattodea e Dermaptera; • Ordem Phthiraptera – são os piolhos; • Ordem Hemiptera – são as cigarras, pulgões e cochonilhas; • Ordem Coleoptera – são os besouros; • Ordem Diptera – são os mosquitos e as moscas; • Ordem Lepidoptera – são as borboletas e as mariposas; • Ordem Hymenoptera – são os organismos conhecidos como vespas, abelhas e formigas. Estudo mostra que redução de insetos polinizadores ameaça cultivos do mundo Washington, 28 fev. 2013 (AFP) A diminuição da população de insetos polinizadores silvestres, devido à perda de seu hábitat pelo aquecimento global ameaça a produção agrícola mundial, advertiu esta quinta-feira um estudo internacional publicado nos Estados Unidos. Os 50 cientistas que participaram do trabalho analisaram dados provenientes de 600 campos de cultivos de frutas, café ou diferentes tipos de frutas secas em 20 países. Eles comprovaram que as abelhas domésticas não são polinizadoras tão eficazes quanto outros insetos na natureza, 20 Unidade: Os Invertebrados – Parte II: Os Artrópodes – Filo Arthropoda sobretudo como as abelhas silvestres. A queda contínua no número destes insetos desperta o temor de consequências nefastas para as colheitas e torna necessário manter e gerir a diversidade destes polinizadores para aumentar a produção agrícola a longo prazo, insistem os autores em um estudo publicado na edição desta quinta-feira da revista científica Science. “Nosso estudo demonstra que a produção de um grande número de frutas e de grãos que permitem a variedade da alimentação está limitado porque suas flores não são suficientemente polinizadas”, afirmou Lawrence Harder, professor de biologia da Universidade de Calgary, no Canadá, um dos coautores do estudo. “Observamos que o fato de trazer mais abelhas domésticas a estas zonas de cultivo não era suficiente para solucionar o problema, que requer um crescimento no número de insetos polinizadores silvestres”, acrescentou. As flores da maior parte dos cultivos devem receber o pólen antes de produzir grãos e frutos, um processo amplificado pelo trabalho dos insetos. Estes polinizadores silvestres, como as abelhas, as moscas e os besouros, vivem geralmente em hábitats naturais ou seminaturais, como florestas, cercas vivas ou pradarias que são cada vez menos habituais, devido à sua conversão em terrenos agrícolas. “Paradoxalmente a maior parte dos enfoques para aumentar a eficácia da agricultura como o cultivo de todas as terras disponíveis e o uso de pesticidas, reduz a abundância e a variedade de insetos polinizadores que poderiam aumentar a produção destes cultivos”, explica o biólogo. Os autores deste estudo destacam a importância de por em andamento novas tentativas de integrar a gestão das abelhas domésticas e os polinizadores silvestres com uma maior preservação de seu hábitat. Destacam, ainda, que o rendimento agrícola mundial seria aumentado, permitindo aumentar a produção agrícola a longo prazo (ESTUDO MOSTRA..., 2013). 21 Material Complementar Para complementar o estudo dos artrópodes, que é um grupo extremamente extenso e diverso, consulte o seguinte material: Explore • BRUSCA, R. C.; BRUSCA, G. J. Invertebrados. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. cap. 16-19. • DISCOVERY CHANNEL. Discovery na escola – planeta vida: o mundo dos insetos, primeiro segmento. 16 nov. 2012. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=CRkd6ZgcAbw>. Acesso em 18 ago. 2014. • HICKMAN JR., C. P.; ROBERTS, L. S.; LARSON, A. Princípios integrados de Zoologia. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. cap. 18-20. 22 Unidade: Os Invertebrados – Parte II: Os Artrópodes – Filo Arthropoda Referências BRUSCA, R. C.; BRUSCA, G. J. Invertebrados. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. cap. 16-19. ESTUDO mostra que redução de insetos polinizadores ameaça cultivos do mundo. 28 fev. 2013. Disponível em: <http://economia.uol.com.br/noticias/afp/2013/02/28/estudo-mostra-que- reducao-de-insetos-polinizadores-ameaca-cultivos-do-mundo.htm>. Acesso em: 18 ago. 2014. HICKMAN JR., C. P.; ROBERTS, L. S.; LARSON, A. Princípios integrados de Zoologia. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. cap. 18-20. 23 Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000
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