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1 APOSTILA DE ANÁLIDE DE INVESTIMENTOS PROF.: LÚCIO FLÁVIO BICALHO PRÓ-REITORIA ACADÊMICA BURITIS / CARLOS LUZ / SILVA LOBO 2 UN. 1 – ANÁLISE FINANCEIRA A Administração Financeira diz respeito às responsabilidades do administrador financeiro numa empresa. Os administradores financeiros administram ativamente as finanças de todos os tipos de empresas, financeiras ou não financeiras, privadas ou públicas, grandes ou pequenas, com ou sem fins lucrativos. A análise financeira consiste exatamente em gerenciar os recursos disponíveis nas empresas, levando a tomada de decisões favoráveis, auxiliando com medidas de criação de valor e, consequentemente, contribuindo para a maximização da riqueza dos acionistas. 1.1 – DESEMPENHO OPERACIONAL Um dos instrumentos mais importantes na avaliação do desempenho operacional e planejamento é a alavancagem, tanto operacional quanto financeira. A aplicação prática desse modelo no Brasil encontra algumas dificuldades adicionais que envolvem principalmente a própria definição de nosso ambiente econômico e cálculo do lucro operacional nas demonstrações financeiras. A avaliação de desempenho operacional e alavancagem financeira tem por base a determinação do resultado operacional da empresa. Esse lucro é formado antes da dedução dos encargos financeiros (lucros antes dos juros), e reflete o efetivo valor gerado pelos ativos da empresa. Para a administração financeira, o genuíno lucro operacional é o formado pelas operações da empresa, ou seja, é o resultado da empresa oriundo dos esforços desenvolvidos para cumprimento de seu objeto social. (ASSAF NETO, 2003 p. 139). MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO Margem de contribuição é a diferença entre o preço de venda e os custos variáveis, ou seja, o volume de produção ou venda da empresa deve ser suficiente para deixar uma contribuição, após cobrir os custos variáveis, para cobrir os custos fixos e, por conseqüência, gerar lucros. Esta diferença tem na empresa, o importante papel de indicar o valor que sobra a cada venda que realizamos e serve, inicialmente para pagar os custos fixos da empresa e depois gerar resultados. Através da margem de contribuição, podemos identificar produtos mais ou menos lucrativos, sem a utilização de critérios de rateio totalmente discutíveis. Podemos encontrar a Margem de Contribuição através da apuração do resultado gerencial: Receita de Vendas (-) Custos e Despesas Variáveis = Margem de Contribuição (-) Custos e Despesas Fixas = Lucro Operacional O cálculo da Margem de Contribuição, responde, por exemplo, às seguintes perguntas: - qual produto aumentar produção - decidir tirar um produto do mercado 3 - se um produto é viável (rentável) - qual produto deve ser produzido quando há limite na capacidade de produção - qual o ponto de equilíbrio da empresa ALAVANCAGEM OPERACIONAL: risco do negócio Alavancagem é o uso de ativos ou recursos com um custo fixo, a fim de aumentar os retornos dos proprietários da empresa. Na terminologia de negócios, um alto grau de alavancagem implica em que pequena mudança em vendas resultará numa larga mudança no lucro. A Alavancagem Operacional pode ser definida como o uso potencial de custos operacionais fixos para aumentar os efeitos das mudanças nas vendas sobre os lucros da empresa antes dos juros e dos impostos (LAJIR). É a estratégia de aumento do lucro operacional, através do aumento do volume produzido e vendido pela empresa. Grau de Alavancagem Operacional: GAO = % acréscimo no Lucro % acréscimo no volume GAO = Q (P-V) Q(P-V)-F Onde: Q = quantidade V = custo variável unitário P = preço unitário de venda F = custos fixos totais Obs: Quanto maior o custo fixo, maior o GAO. Exemplo: Numa empresa onde a quantidade vendida Q = 10.000 unidades, o preço de venda P = $5, o preço de custo V = $2 e o custo fixo F = $20.000, qual seria o GAO e o significado desta medida? Q = 10.000 un. P = $ 5 GAO = 10.000 (5-2) = 30.000 = 3 V = $ 2 10.000 (5-2) – 20.000 10.000 F = $ 20.000 Ou seja, ao nível de 10.000 unidades produzidas, qualquer mudança nas vendas, resultaria numa mudança 3 vezes maior no Lucro Operacional. No mesmo exemplo, elevando as vendas para 12.500 un. e diminuindo-as para 7.500 un.: 7.500 un. 10.000 un. 12.500 un. Receita Operacional (-) custo variável Margem de contrib. (-) custo fixo 37.500 15.000 22.500 20.000 50.000 20.000 30.000 20.000 62.500 25.000 37.500 20.000 = Lucro Operacional 2.500 10.000 17.500 Rec. Oper. = Δ -25% Lucro Oper. = Δ -75% Rec. Oper. = Δ 25% Lucro Oper. = Δ 75% 4 Podemos deduzir daí, o risco em que se envolvem as empresas face ao ambiente econômico, onde acréscimos ou decréscimos nas vendas significarão até o sucesso ou o fracasso dos empreendimentos. Claro, quanto maior o GAO, tanto maior o risco a que se expõe a empresa e tanto maiores suas pretensões de lucro. Complementarmente, cabe realçar o caráter do GAO como medida do risco do negócio, pois ele mostra a sensibilidade do LAJIR face a variações nas vendas, pelo emprego de recursos com custos fixos. Obs.: Não se calcula a GAO a partir do próprio ponto de equilíbrio, uma vez que o lucro é zero e matematicamente não há como chegar à porcentagem de incremento ou redução; EXERCÍCIOS 1) Determinada empresa fabrica e vende 1.000 unidades mensais de um determinado produto. O preço de venda é $10,00 a unidade. Seus custos variáveis são de $5,00 por unidade fabricada ou vendida. Seus custos fixos são de $2.500,00 ao mês. Qual será seu grau de alavancagem operacional? 2) Uma empresa fabrica e vende 2.000 unidades de seu produto por $20,00 a unidade. Seus custos variáveis são de $10, 00 por unidade fabricada e vendida. Seus custos fixos são de $5.000,00 ao ano. Qual é seu grau de alavancagem operacional? Simule um aumento e uma queda de 50% nas vendas. 3) Sol e Lua Empreendimentos está produzindo 20 mil toneladas de um novo componente especial para ração de pintos. Dado o sucesso do novo produto, suas vendas deverão aumentar para 30 mil toneladas. Sabendo-se que a mesma possui custos fixos de R$1.200.000, custos variáveis de R$100 por tonelada e preço final de R$300 por tonelada, calcule o GAO da empresa. 4) A Industrial Ibirité Ltda iniciará suas operações no próximo ano, a fim de produzir um único produto para a Fiat Automóveis ao preço de $35 por unidade. A empresa está avaliando dois métodos de produção: o método A, com custos variáveis de $20 por unidade e custos operacionais fixos de $950.000; e o método B, com custos variáveis de $26 por unidade e custos operacionais fixos de $720.000. A previsão de vendas para o próximo ano é de 200.000 unidades. a) Sob qual método o lucro operacional seria mais negativamente afetado se as vendas não atingirem os níveis esperados? b) Qual método é mais lucrativo para a Industrial Ibirité? 1.2 – ALAVANCAGEM FINANCEIRA: risco financeiro Existe uma grande semelhança entre a alavancagem operacional e a financeira, pois ambas representam uma oportunidade de ganho, pela natureza de certos custos fixos, em relação ao aumentonas atividades de produção e vendas. Alavancagem financeira é a capacidade da empresa de usar encargos financeiros fixos para maximizar os lucros. Sempre que houver custos financeiros fixos, como juros sobre empréstimos e dividendos sobre ações preferenciais, haverá alavancagem financeira. Para o cálculo da alavancagem financeira é importante conhecer os seguintes conceitos: 5 Ações Ordinárias: em conjunto, são unidades de que se constitui a propriedade ou o patrimônio de uma sociedade anônima. Seus detentores são chamados de acionistas comuns e têm, frequentemente, o direito de voto que lhes permite selecionar os diretores da empresa e votar, no caso de eventos especiais. Entretanto, exatamente por isso, estes acionistas não têm a preferência no recebimento dos dividendos. Seus dividendos são custos financeiros variáveis. Ações Preferenciais: é uma forma especial de propriedade, com direito a dividendos periódicos fixos, pagos antes que se realize qualquer destinação de dividendos aos possuidores de ações ordinárias. Em decorrência de seus direitos fixos sobre os lucros da empresa e da precedência sobre os direitos dos acionistas comuns, os detentores das ações preferenciais não se expõem ao mesmo grau de risco dos acionistas comuns. Por isso, não lhes é dado, normalmente, o direito de voto. Seus dividendos são custos financeiros fixos. Dica importante: Quanto maior os custos financeiros fixos, maior será o GAF e, consequentemente, maior será o lucro disponível aos acionistas, caso ocorra aumento no Lajir. Entretanto, maior também será o risco financeiro da empresa. Alavancagem Financeira corresponde à relação entre o Capital de Terceiros e o Capital Próprio. GAF = _RsPL_ (Retorno sobre Patrimônio Líquido) RsA (Retorno sobre o Ativo) Se o GAF = 1,0 a alavancagem financeira será considerada nula. Nesse caso, não há despesas financeiras, ou seja, não há capital de terceiros (geralmente instituições financeiras) na estrutura de capital. Se o grau de alavancagem financeira é igual a 1, o risco financeiro é baixo . Se o GAF > 1,0 a alavancagem financeira será considerada favorável: o retorno do Ativo Total (conjunto de bens e direitos da empresa, expressos em moeda) será razoavelmente maior que a remuneração paga ao capital de terceiros. Se o GAF < 1,0 a alavancagem financeira será considerada desfavorável. Neste caso, há risco financeiro. Se o RPL é menor do que o RAT, o capital de terceiros está consumindo parte do patrimônio líquido. Mesmo se o Ativo Total gerar um retorno, parte desse retorno está sendo financiada por capital de terceiros - o qual é, neste caso, remunerado a uma taxa superior à taxa de retorno sobre o Ativo Total. Diz-se então que o capital de terceiros está exercendo alavancagem negativa. DRE gerencial completa: Receita de vendas (-) Custo variável total = Margem de Contribuição (-) Custo fixo total Lajir (Lucro antes dos juros e IR) (-) Despesas com juros = Lair (Lucro antes do IR) (-) Imposto Renda = Lucro Líquido (-) Dividendos Preferenciais = Lucro Disponível aos Acionistas (LDA) O Grau de Alavancagem Financeira pode ser calculado assim: 6 GAF = % acréscimo no LDA . % acréscimo no LAJIR GAF = Lucro Operacional ( LAJIR ) . LAJIR – J – (DP * (1 / (1- T))) J = juros sobre empréstimos de capitais de terceiros (empréstimos bancários) DP = dividendos preferenciais pagos sobre as ações preferenciais T = Taxa do Imposto de Renda Exemplo: L.L.Operacional (LAJIR) = 10.000 GAF = 10.000 = 2 Custos financeiros = 5.000 10.000 - 5.000 Ou seja, qualquer mudança % no Lucro Líquido Operacional resultaria uma mudança 2 vezes maior no Lucro disponível (LPA) Queda de 75% Caso 1 (atual) Aumento 75% L. Líq. Operacional (-)Custos financeiros 2.500 5.000 10.000 5.000 17.500 5.000 = Lucro disponível (2.500) 5.000 12.500 L. Oper. = Δ -75% L. disp. = Δ -150% L. Oper. = Δ 75% L. disp. = Δ 150% GAF = 150 % = 2 75 % Um GAF de 2 significa que, para cada 1% de aumento ou diminuição no Lajir, haverá um aumento ou diminuição de 2% (o dobro) no lucro por ação (LPA). É bom um GAF de 2? A resposta é: depende. Um grau de alavancagem financeira alto é bom, dependendo do que possa ocorrer com as vendas ou com o Lajir. Se a empresa espera um aumento nas vendas, um GAF de 2 fará com que o lucro disponível seja o dobro do aumento no Lajir. Mas se as vendas caírem, o lucro cairá pela metade. EXERCÍCIOS 1. Atualmente a empresa Nordeste S/A obtém um lucro operacional (LAJIR) de $10.000 e possui custos financeiros (despesas juros) de $6.000. a) Calcule o Grau de Alavancagem Financeira (GAF) b) Monte a DRE para LAJIR de $10.000, $6.000 e $14.000 2. Qual o GAF para uma empresa com os dados de LAJIR de $2.500, juros de $1.000, dividendos preferenciais de $500 e alíquota do IR de 40%? 3. Uma empresa tem o seguinte perfil: - espera obter um LAJIR de $10.000 no ano corrente - deve ao mercado $20.000 de debêntures - os juros das debêntures são de 10% ao ano 7 - 600 ações preferenciais emitidas com previsão de pagar $4 por ação de dividendos anuais - a alíquota do Imposto de Renda é de 40% Pede-se: Calcular o Grau de Alavancagem Financeira GAF. 4. A Play-More Toys produz bolas de praia infláveis e vende 400.000 unidade por ano. Cada bola produzida tem custo operacional variável de $0,84 e é vendida por $1,00. Os custos operacionais fixos são de $28.000. A empresa tem despesa financeira anual de $6.000, dividendos preferenciais de $2.000 e está sujeita à alíquota do IR de 40%. a) Calcule o Grau de Alavancagem Operacional (GAO). b) Calcule o Grau de Alavancagem Financeira (GAF). 5. O plano de financiamento do Empreendimento Turístico “Fim da Picada”, que está sujeito a uma alíquota de IRPJ de 30%, prevê dívidas de longo prazo de 14 milhões a juros de 10% ao ano. Seu Capital Social terá 26milhões de ações ordinárias no valor de $ 1,00 cada. Seu Lucro Disponível aos Acionistas (LDA) está previsto em 6 milhões. a) Com estes dados, calcule o grau de alavancagem financeira e o lucro por ação. b) Alternativamente o consultor “Chico Espertinho” propõe outro esquema de financiamento que consiste em tomar emprestado do Banco “Nossa Marka” 30 milhões a 12% ao ano e ter só 10 milhões de ações ordinárias a $1,00 cada. Calcule o novo grau de alavancagem financeira para os mesmos níveis de lucros previstos. c) Faça um breve comentário sobre esta situação. 6. Calcular o GAO e GAF simulando aumento de 20% nas vendas da Industrial Delta cuja DRE encontra-se abaixo: Demonstração de Resultado - DRE Receita de vendas 8.000,00 (-) CPV (3.569,00) = Lucro bruto 4.431,00 (-) Despesas de vendas (variáveis) (800,00) (-) Despesas administrativas (fixas) (590,00) = Lajir 3.041,00 (-) Despesas financeiras (956,00) = Lair 2.085,00 (-) Imposto de renda e CSLL (34%) (708,90) = Lucro líquido do exercício 1.376,10 (-) Dividendos preferenciais (150,00) = Lucro disponível aos acionistas 1.226,10 8 UN. 2 – DECISÕES FIN. DE LONGO PRAZO: ESTUDO DE PROJETOS As decisões de investimento envolvem a elaboração, avaliação e seleção de propostas de aplicações de capital efetuadas com o objetivo, normalmente de médio e longo prazos, de produzir determinadoretorno aos proprietários de ativos. São várias decisões empresariais que se incorporam a um processo de investimento de capital, podendo-se citar, entre outras, as decisões de substituição de ativos, de ampliação da capacidade produtiva, de lançamento de novos produtos etc. Conceitos preliminares Custo de Capital É a taxa de juros que as empresas usam para calcular o valor do dinheiro no tempo. É calculado considerando-se os custos dos recursos de todas as fontes, postos à disposição da empresa, e levando-se em conta a participação percentual de cada fonte (capital próprio e de terceiros). Custo de Oportunidade Custo de algo em termos de uma oportunidade renunciada, ou seja, o custo causado pela renúncia do ente econômico, bem como os benefícios que poderiam ser obtidos a partir desta oportunidade renunciada ou, ainda, a mais alta renda gerada em alguma aplicação alternativa. Taxa Mínima de atratividade É a rentabilidade mínima aceitável para qualquer aplicação; estabelece uma base para aceitação ou rejeição de propostas de investimentos. Risco Quando todas as ocorrências possíveis de uma certa variável encontram-se sujeitas a uma distribuição de probabilidades conhecida através de experiências passadas ou que pode ser calculada com algum grau de precisão. Incerteza Quando a distribuição de probabilidades não pode ser avaliada (situações pouco repetitivas, pouco comuns). Análise de sensibilidade Medir os efeitos produzidos quando variamos os dados de entrada. Exemplo: Qual será a variação no lucro e no fluxo de caixa se as vendas aumentarem 5% ? Depreciação É uma parcela de valor imputada ao custo de produção, correspondente ao desgaste sofrido durante a utilização do ativo fixo no processo produtivo. 2.1 – O PROCESSO PRODUTIVO E AS UNIDADES DE PRODUÇÃO Você já sabe muito bem que a economia é composta por diversas empresas que produzem os bens e serviços que consumimos todos os dias, não é mesmo? Sabe também que essas empresas vão desde uma pequena fabricante de iogurte, com apenas dois funcionários, sendo um dos funcionários o próprio dono da empresa, até uma grande multinacional com diversas filiais no mundo inteiro. Porém o que as faz semelhantes entre si? Ora, o que as faz semelhantes é o processo de produção. 9 Processo de produção é uma combinação de fatores de produção que resulta na obtenção de um dado bem final. Um processo produtivo é composto por diversos fatores que vão desde os chamados RECURSOS HUMANOS, que é o homem, o qual se relaciona com a natureza pelo trabalho; a natureza, que são os RECURSOS NATURAIS; até o produto acabado, que são os BENS E SERVIÇOS, os quais são consumidos pelo próprio homem, chamados de CONSUMIDORES. COMO SÃO DIVIDIDOS OS BENS E SERVIÇOS? Os bens e serviços são divididos em bens de consumo, bens de capital e bens intermediários. a) Bens de Consumo: são os destinados à satisfação direta das necessidades humanas. Podem subdividir-se em bens de consumo duráveis (automóvel, geladeira, etc.) e bens de consumo não duráveis (alimentação, roupas, etc.). b) Bens de Capital: não atendem diretamente às necessidades humanas, mas destinam- se a multiplicar a eficiência do trabalho (máquinas, estradas, etc.). c) Bens Intermediários: são os que devem sofrer novas transformações para se tornarem bens de consumo ou de capital (minério de ferro, trigo, etc.) CLASSIFICAÇÃO DOS SETORES ECONÔMICOS DAS UNIDADES PRODUTORAS Conforme a origem dos produtos, eles podem ser classificados em três grandes setores: A) Os bens primários são aqueles produzidos na agricultura. Lavouras - culturas permanentes e temporárias Produção animal e seus derivados Extração vegetal e silvicultura B) Os bens secundários são provenientes do setor industrial. Indústria extrativa mineral Indústria de transformação Indústria da construção civil C) O setor terciário são os serviços ou bens invisíveis. Comércio - atacadistas e varejistas Intermediários financeiros Transportes e comunicações Outros serviços: serviços auxiliares de comércio e armazenagem, alojamentos UNIDADE DE PRODUÇÃO Unidade de produção é o espaço onde se realiza a combinação dos fatores de produção, definindo assim o marco microeconômico. Portanto, se uma fazenda ou empresa agrícola produz laranjas, a fábrica produz roupas, o consultório dentário atende seu paciente, logo, todas elas constituem unidades de produção. 10 Uma Unidade de Produção passa pelas seguintes etapas: 1°) COMPRA de matérias-primas e todos os componentes (insumos); 2°) TRANSFORMAÇÃO E PRODUÇÃO, utilizando os equipamentos e instalações (capital) e o trabalho (mão de obra); 3°) VENDA do produto. Assim, pode-se concluir que uma unidade de produção é o local onde são combinados os diversos insumos que são utilizados no processo de produção e o trabalho, com a finalidade de produzir determinados produtos e então aumentar a oferta de bens e serviços no mercado. 2.2 – PLANEJAMENTO E PROJETOS DE INVESTIMENTO O projeto começa com uma ideia: a de investir certa quantidade de capital na produção de certo bem ou serviço. Primeiro eu penso no que vou produzir para ganhar dinheiro, e, logo em seguida, penso para quem vou vender para ganhar esse dinheiro. Porém, para que a ideia tenha êxito, ela tem que ser desenvolvida por um estudo que inclui várias etapas, até a etapa final, ou seja, um estudo em que serão contempladas todas as operações da execução do projeto. Assim, teremos cinco fases distintas: 1) Identificação da ideia 2) Estudo da previabilidade 3) Estudo da viabilidade 4) O detalhamento da engenharia 5) A execução. Neste momento, interessa-nos apenas as três primeiras fases. Logo, como ponto de partida, temos a identificação da ideia. Então, pergunta-se: O que vamos produzir? Isso constitui o ponto inicial do projeto. Durante a fase da identificação, os projetistas devem caracterizar, em forma preliminar, a concepção da ideia, dando base para indicar se ela justifica ser estudada ou não. Depois, caso haja uma aprovação preliminar sobre o bem ou serviço a ser estudado, os projetistas aprofundam a ideia e iniciam um estudo de previabilidade, em que é feito um projeto preliminar para saber se o produto terá bom resultado. Nessa fase, os dados são mais completos, pois é a partir deles que podemos saber sobre o custo/benefício do bem ou serviço que será produzido. ETAPAS A. Investimentos Nesta etapa é determinada a quantidade de recursos financeiros necessários para produzir o bem ou serviço. Essa quantidade de recursos financeiros deve ser suficiente para, além de executar o projeto no período de tempo de sua implantação, garantir também o seu funcionamento inicial até começar a dar lucro. Esses recursos são divididos em: Investimentos fixos – dependem do nível de produção projetado. São calculados a partir do que se quer produzir, considerando os dados definidos pela engenharia. 11 Investimentos circulantes – dependem do nível efetivo de produção da empresa. É o capital de giro necessário para a empresa funcionar. B. Receitas Receita é o resultado que se vai obter de um bem ou serviço após terem sido descontados os custos. A rentabilidade do projeto é que determina a sua viabilidade. O cálculo das receitas e dos custos constitui o ponto principal do estudo do projeto. C. Custos Os custos de produção são os gastos necessários para a produção de bens e serviços. O cálculo dos custos operacionaisé uma das mais importantes e detalhadas etapas do projeto. Os custos operacionais são divididos em custos fixos e custos variáveis. Custos fixos são aqueles que permanecem constantes dentro de uma determinada capacidade instalada. Independe do volume de produção. Os custos fixos não sofrem variação se o volume produzido for alterado para mais ou para menos. Exemplos: mão de obra indireta (salários dos chefes), salário do pessoal da segurança da empresa, aluguel do prédio, depreciação do prédio. Custos variáveis são aqueles custos que sofrem variação de acordo com o volume de produção num dado período, ou seja, sua variação depende do volume produzido. Exemplos: matéria-prima, mão de obra direta. Além desses dois tipos de custos, temos também o custo unitário e o custo marginal, que é o custo para produzir uma unidade adicional do produto em diferentes níveis de produção. ESTUDO DE MERCADO O estudo de mercado, compreende uma das mais importantes etapas quando se quer produzir, aumentar a quantidade produzida, ou ampliar a oferta de bens produzidos em determinada empresa, pois é um instrumento que permite ao investidor ou empresário ter a garantia de viabilidade econômica de seu empreendimento. No estudo de mercado algumas perguntas serão respondidas, como por exemplo: Quem comprará o que será produzido? Por qual preço? Qual quantidade será vendida? A ENGENHARIA A Engenharia vai determinar como será feito o processo de produção, quais equipamentos e instalações serão utilizados. A partir daí, torna-se possível o cálculo dos custos de investimento fixo e de operação. Nesse cálculo, para que o projeto seja aprovado, precisa que a receita seja maior do que os custos e que esse lucro dividido pelo investimento seja o maior possível, (R – C) / I. Portanto a combinação de equipamentos e instalações faz parte do chamado Ciclo de Decisões de um Projeto. A engenharia proporciona informações para outras etapas, por exemplo, reorientar o estudo de mercado, produzindo outro bem utilizando as mesmas instalações; define o tipo de mão de obra que será utilizado; orienta quanto a problemas legais como patentes, marcas, entre outras funções. 12 TAMANHO E LOCALIZAÇÃO O tamanho de produção refere-se à capacidade produtiva que deve ter a unidade de produção. Vincula-se especialmente ao estudo de mercado, com a engenharia e com os custos de produção. O estudo de mercado indica a capacidade de oferta do produto pelo empreendimento e, a partir daí, é projetada a quantidade que deve ser produzida. A escolha do Tamanho Ótimo é um processo de aproximações sucessivas, envolvendo demanda e oferta do produto. O estudo do projeto deve definir qual a melhor localização para a unidade de produção. Essa melhor localização deve ser a que permite um aumento de produção e ao mesmo tempo reduz custos necessários a essa produção. Alguns fatores são determinantes para a escolha da localização das fábricas: disponibilidade de mão de obra localização dos materiais de produção (insumos); terrenos disponíveis, clima; facilidade de transporte; distância e dimensão do mercado e facilidade de distribuição; disponibilidade de água, energia, telefone, rede de esgoto; condições de vida; estrutura tributária. Assim, a localização está vinculada às demais etapas do projeto, principalmente no que se refere a custos, mercado, tamanho e engenharia. ANÁLISE DA RENTABILIDADE A análise de rentabilidade é onde se encontra o que se está procurando, ou seja, se o projeto é rentável ou não. Logo, está em relação direta com as receitas e custos, que podem ser custos tanto de investimentos quanto operacionais. Nas aulas seguintes serão estudadas as etapas mais importantes para decidir sobre a aceitação ou não do projeto, como também a sensibilidade. Este estudo da sensibilidade é muito importante, pois informa qual o comportamento da rentabilidade, se houver, por exemplo, um aumento de 5% no preço da matéria-prima principal ou uma redução de 10% no preço do produto. Conhecida a sensibilidade do projeto, podem-se conhecer os riscos que correm os investidores. 2.3 – FLUXO DE CAIXA E PLANEJAMENTO FINANCEIRO Segundo Assaf Neto (2003), é importante acrescentar que uma decisão de investimento é tomada segundo um critério racional. Envolve mensurar os fluxos de caixa incrementais associados com as propostas de investimentos e avaliar sua atratividade econômica pela comparação com o custo do dinheiro. Uma proposta de investimento será atraente quando seu retorno for superior às taxas de remuneração exigidas pelos acionistas. Basicamente, um processo de avaliação e seleção de alternativa de investimento de capital envolve os seguintes aspectos básicos de estudo: a) dimensionamento dos fluxos de caixa de cada proposta de investimento gerada; 13 b) avaliação econômica dos fluxos de caixa com base na aplicação de técnicas de análise de investimentos; c) definição da taxa de retorno exigida pelos proprietários de capital (credores e acionistas) e sua aplicação para o critério de aceitação de projetos de investimento; d) introdução do risco no processo de avaliação de investimentos. Gitman (2002) lista os seguintes motivos básicos para que se faça um dispêndio de capital: a) Expansão: o motivo mais comum para se fazer um dispêndio de capital é expandir o nível de operações – usualmente através da aquisição de ativos imobilizados como máquinas, equipamentos e instalações, ou, ainda na aquisição de outra empresa; b) Substituição: à medida que o crescimento da empresa diminui e ela atinge a maturidade, a maior parte de seus dispêndios de capital será para substituir ou renovar ativos obsoletos ou gastos. Em toda substituição é necessário que se faça um estudo do custo/benefício; c) Modernização: é uma alternativa à substituição. A modernização pode incluir a reconstrução, o recondicionamento ou a adaptação de uma máquina ou das instalações existentes. Empresas que desejam melhorar sua eficiência podem encontrar soluções adequadas, tanto na substituição quanto na modernização de máquinas existentes; d) Outras finalidades: alguns dispêndios de capital se referem a ativos intangíveis na expectativa de retorno futuro. Tais dispêndios incluem gastos com propaganda, pesquisa e desenvolvimento, serviços de consultoria à administração e novos produtos. FLUXOS DE CAIXA Assaf Neto (2003) afirma que o aspecto mais importante de uma decisão de investimento centra- se no dimensionamento dos fluxos de caixa a serem produzidos pelas propostas em análise. Na verdade, a confiabilidade sobre os resultados de determinado investimento é, em grande parte, dependente do acerto com que seus fluxos de entradas e saídas de caixa foram projetados. Em todo o processo de decisão de investimento, é fundamental o conhecimento não só de seus benefícios futuros esperados, expressos em termos de fluxos de caixa, mas também de sua distribuição ao longo da vida prevista do projeto. Por exemplo, é insuficiente a informação de que determinado projeto vai gerar um retorno de $10 milhões ao longo de cinco anos. É fundamental que se apure também a forma como esses lucros serão distribuídos ao longo do tempo. O conceito de fluxo de caixa, conforme é conhecido, não coincide normalmente com o resultado contábil da empresa. Enquanto o fluxo de caixa é mensurado de acordo com as efetivas movimentações de todas as entradas e saídas de fundos da empresa, o lucro contábil é mensurado pelo regime de competência, no qual são consideradas despesasnão desembolsáveis, como a depreciação, por exemplo. Dessa maneira, no dimensionamento dos fluxos de caixa, devem ser estimadas todas as movimentações operacionais efetivas de caixa (até mesmo o Imposto de Renda) associadas a cada alternativa de investimento em consideração. Principais componentes do fluxo de caixa O fluxo de caixa de qualquer projeto que possua padrão convencional possui três componentes básicos, quais sejam: Investimento inicial: é a saída de caixa relevante no instante zero; 14 Entradas de caixa operacionais: são as entradas de caixa incrementais após os impostos, propiciadas pelo projeto durante sua vida; Fluxo de caixa residual: é o fluxo de caixa não-operacional após o imposto de renda e ocorre no ano final do projeto, em geral em decorrência da liquidação do projeto. Entr. Caixa E n t r a d a s d e C a i x a + Residual 120 120 120 120 120 120 120 120 + 50 0 1 2 3 4 5 6 7 8 1.000 Investimento inicial Exemplo de elaboração de um fluxo de caixa incremental: Admita que uma empresa esteja avaliando uma proposta de investimento visando à expansão de sua atividade. Os principais dados do projeto são apresentados a seguir: a) Investimento total de $500.000. Desse montante, 80% serão aplicados em ativos fixos e 20%, de forma permanente, em capital de giro; b) A duração prevista do projeto para fins de avaliação econômica é de cinco anos, prevendo- se ser nulo o valor residual dos bens fixos; c) A alíquota do Imposto de Renda a ser aplicada sobre os resultados líquidos incrementais é de 40%; d) Estão previstos os seguintes resultados operacionais para o investimento ao longo dos cinco anos: Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Receita de vendas 1.300 1.500 1.800 2.400 3.200 Custo de Produção (CPV) 700 850 980 1.150 1.500 Despesas oper. de vendas e administr. 280 350 420 490 620 e) Os resultados líquidos incrementais serão integralmente distribuídos aos acionistas; f) Desconsiderar a inflação do período; g) O investimento inicial é financiado integralmente por recursos próprios. Projeção dos resultados operacionais (DRE) ($000) Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Receita de vendas 1.300 1.500 1.800 2.400 3.200 Custo de Produção (CPV) (700) (850) (980) (1.150) (1.500) Lucro Bruto 600 650 820 1.250 1.700 Despesas operacionais (280) (350) (420) (490) (620) Despesas de depreciação (80) (80) (80) (80) (80) Lucro operacional 240 220 320 680 1.000 Imposto de Renda (40%) (96) (88) (128) (272) (400) Lucro líquido 144 132 192 408 600 15 Projeção dos fluxos de caixa ($000) Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Investimento total (500) Lucro líquido (Operacional) 144 132 192 408 600 Depreciação 80 80 80 80 80 Recuperação do capital de giro 100 Fluxo de Caixa operacional (500) 224 212 272 488 780 Obs.: É importante lembrar que o Fluxo de Caixa Operacional, também conhecido como Fluxo de Caixa Livre (FCL), não depende da origem dos recursos para o projeto. O investimento promove os mesmos resultados operacionais, independente de ser financiado por capital próprio ou de terceiros. EXERCÍCIOS 1) A Cia. West está avaliando um projeto de investimento que prevê um dispêndio de capital total de $ 1,2 milhão. Desse total, 30% serão aplicados em capital de giro e o restante na aquisição de um novo equipamento a ser utilizado em sua produção. A vida útil do projeto está estimada em quatro anos. O equipamento será depreciado pelo método da linha reta durante a vida do projeto e apresenta um valor de revenda previsto de $ 180 mil ao final do quarto ano. Os principais resultados incrementais previstos do investimento são apresentados a seguir. Admitindo uma alíquota de IR de 34%, pede-se determinar o fluxo de caixa operacional dessa decisão de investimento. Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Receita de vendas 3.120 3.800 4.000 4.500 Custo de Produção (CPV) 1.680 1.800 1.900 2.050 Despesas operacionais 714 780 820 874 Projeção dos resultados operacionais (DRE) em milhares $ Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Receita de vendas Custo de produção (CPV) Lucro bruto Despesas operacionais Despesas de depreciação Lucro operacional Imposto de renda Lucro líquido Projeção dos fluxos de caixa em milhares $ Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Investimento total Lucro líquido (operacional) Depreciação Recuperação do capital giro Valor residual Fluxo de cx. operacional 2) A Uma empresa está avaliando um investimento na área de tecnologia, para substituição de mão-de-obra por computadores, que irá proporcionar uma redução total de $ 180 mil por ano nos salários de seu pessoal. O investimento total em computadores é de $ 840 mil e será depreciado pelo método linear durante a vida útil prevista de cinco anos. Admite-se valor 16 residual desprezível. A alíquota de Imposto de Renda é de 34%. Elabore os fluxos de caixa operacionais incrementais dessa decisão de investimento. Fluxo de Caixa incremental em milhares $ Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 A. Investimento total (+) Redução de salários (-) Depreciação Lucro operacional bruto (-) Imposto de Renda Lucro operacional líquido (+) Depreciação Fluxo de caixa 3) A diretoria da Glass Co. está avaliando um investimento de $ 1 milhão em seu sistema de logística e distribuição. O investimento será financiado em 45% por um empréstimo bancário negociado à taxa de 16% a.a., sendo o restante coberto por recursos próprios. O dispêndio tem uma duração prevista de quatro anos, e promoverá uma redução de $ 140 mil no capital de giro da empresa. Esse capital de giro será reposto ao final do projeto. O investimento de $ 1 milhão será depreciado pelo critério linear nos quatro anos de duração prevista, sendo avaliado ao final desse período, a preço de mercado, por $ 120 mil. A empresa trabalha com uma alíquota de Imposto de Renda de 34%. A seguir são apresentados outros resultados estimados do projeto de investimento. Pede-se calcular os fluxos operacionais de caixa relevantes para o investimento. Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Receita de vendas 2.000 2.500 2.700 2.900 Custo de Produção (CPV) 1.000 1.200 1.250 1.300 Despesas operacionais 560 580 610 630 Projeção dos resultados operacionais (DRE) em milhares $ Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Receita de vendas Custo de produção (CPV) Lucro bruto Despesas operacionais Depreciação Lucro operacional bruto Imposto de renda Lucro operacional líquido Projeção dos fluxos de caixa em milhares $ Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Investimento total Redução no capital de giro Lucro operacional líquido Depreciação Reposição do capital giro Valor residual líquido Fluxo de cx. operacional17 FLUXO DE CAIXA INCREMENTAL O Fluxo de Caixa é a principal matéria-prima para estimar o valor de uma empresa, medir a rentabilidade de um projeto de investimento, planejar as operações ou estabelecer a capacidade de pagamento de uma dívida. Os Fluxos de Caixa incrementais são os efeitos positivos ou negativos no caixa em decorrência dos movimentos de fundos provocados pela implantação de novos projetos. CUSTO DE OPORTUNIDADE O custo de oportunidade do capital refere-se à quantia que se deixa de ganhar em prol do investimento, se, em vez de aplicados no projeto, os recursos fossem investidos em alternativas de risco similar. Por exemplo, se um engenheiro recém-formado decide constituir sua própria empresa e dedicar-se integralmente à sua administração, o salário que poderia ganhar se procurasse um emprego pode ser visto como um custo de oportunidade. Outro exemplo é o uso de um recurso financeiro da empresa na implantação de um novo projeto. Se esse recurso estava aplicado em CDB no Banco do Brasil, a rentabilidade dessa aplicação financeira pode ser considerada um custo de oportunidade que o novo projeto deverá superar para ser viável. Na verdade, o custo de oportunidade é o valor do recurso a ser aplicado no novo projeto. Caso o recurso seja captado através de empréstimo bancário, é mais comum chama-lo de Custo de Capital. Se for obtido junto aos sócios, é chamado de Taxa Mínima de Atratividade. FLUXO DE CAIXA LIVRE (FCL) A avaliação econômica de um projeto de investimento busca determinar sua rentabilidade intrínseca, ou seja, determinar seu potencial de geração de renda econômica sem levar em conta a forma como será financiado. Assim, essa avaliação deve ser efetuada com base no chamado Fluxo de Caixa Livre (FCL), que, basicamente, reflete as atividades operacionais do projeto. Em sua forma mais simples, FCL pode ser definido pela equação: FCL = Lucro operacional depois de impostos (-) Dispêndios de capital (-) Mudanças no capital de giro + Depreciação FLUXO DE CAIXA DOS ACIONISTAS (FDA) A inclusão dos fluxos financeiros decorrentes da forma como o projeto será financiado e dos impactos fiscais desses fluxos transforma o FCL em um fluxo denominado Fluxo de Caixa dos Acionistas (FDA). O FDA permite estimar a rentabilidade do projeto do ponto de vista do capital próprio (do ponto de vista dos acionistas). FDA = FCL + Novos investimentos (-) Prestações pagas pelos financiamentos + Benefício fiscal decorrente dos juros pagos nos financiamentos Estrutura do fluxo de caixa de um projeto de investimento: 18 Receita operacional líquida (-) Custos e despesas (antes da depreciação e amortização) EBITDA (-) Depreciação Lajir (-) Impostos sobre o Lajir (+) Depreciação (-) Dispêndios de capital (investimentos adicionais) (+/-) Mudanças no capital de giro FCL (+) Novos financiamentos tomados (-) Prestações e juros pagos pelos financiamentos (+) Benefício fiscal decorrente dos pagamentos dos financiamentos FDA Exemplo: Monte o demonstrativo de fluxo de caixa anual do projeto de investimento, para o qual uma empresa projetou os seguintes valores: Receitas operacionais líquidas = $ 3.400/ano Custos e despesas operacionais (sem depreciação) = $ 530/ano Depreciação = $ 120/ano Despesas financeiras (juros) = $ 115/ano Aumento do capital de giro = $ 100/ano Dispêndio de capital (investimento adicional) = $ 130/ano Alíquota do IR = 30% O financiamento é uma perpetuidade (pagam-se unicamente os juros) Receita operacional líquida (-) Custos e despesas (antes da depreciação e amortização) 3.400,00 -530,00 EBITDA (-) Depreciação 2.870,00 -120,00 Lajir (-) Impostos sobre o Lajir (+) Depreciação (-) Dispêndios de capital (investimentos adicionais) (+/-) Mudanças no capital de giro 2.750,00 -825,00 +120,00 -130,00 -100,00 FCL (+) Novos financiamentos tomados (-) Amortizações pagas pelos financiamentos (-) Juros pagos pelos financiamentos (+) Benefício fiscal decorrente dos pgtos. dos financiamentos 1.815,00 0,00 0,00 -115,00 +34,50 FDA 1.734,50 Na análise da viabilidade econômica de uma proposta de investimento, os fluxos financeiros não devem ser incluídos, pois as decisões de investimento e de financiamento são separadas. O sucesso ou insucesso do projeto deve ser determinado considerando unicamente seu próprio potencial de geração de renda econômica (FCL), independente do modo como será financiado. EXERCÍCIOS (Samanez pg. 97) 1) Uma empresa estuda a compra de um determinado equipamento que permita uma redução de custos em seu processo operacional. O preço do equipamento é de $6.000 e sua vida útil é de 3 anos sem valor residual. Se o custo de oportunidade do capital é 10% ao ano, de quanto deve ser, no mínimo a redução anual de custos proporcionada pelo equipamento para justificar a compra? Considere a alíquota de IR de 50%. 19 Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Fluxo de investimento Diminuição dos custos operacionais Aumento da receita operacional EBITDA (-) Depreciação LAJIR (-) IR sobre o Lajir (+) Depreciação (-) Dispêndio de capital (invest. adicionais) (+/-) Mudanças no Capital de Giro FCL 2) Uma empresa pretende investir $220.000 na compra de um equipamento com vida útil de 4 anos sem nenhum valor residual de liquidação. O equipamento deve proporcionar uma diminuição nos custos operacionais da ordem de $52.000/ano e um incremento na receita operacional da ordem de $30.000/ano. Analise a viabilidade econômica do projeto pelo critério da TIR, considerando que a alíquota do IR da empresa é de 30% e seu custo do capital é de 12% ao ano. Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Fluxo de investimento Diminuição dos custos operacionais Aumento da receita operacional EBITDA (-) Depreciação LAJIR (-) IR sobre o Lajir (+) Depreciação FCL 3) A Uma indústria pretende investir $4 milhões na compra de um equipamento com vida útil de 4 anos e que será instalado em um terreno da própria empresa, cujo valor de mercado é de $1 milhão. Ao término da vida útil, o bem estará contabilmente depreciado, mas, na data, poderá ser liquidado por $1,2 milhão no mercado de equipamentos usados. A receita operacional obtida da operação do equipamento será de $2 milhões/ano, com custos operacionais de $0,4 milhão/ano e gastos indiretos de $0,2 milhão/ano. As necessidades de capital de giro inicial serão de $0,3 milhão e a alíquota do IR é 30%. Considerando um custo do capital de 15% ao ano, monte o fluxo de caixa livre do projeto e determine o VPL. Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Compra do equipamento Terreno (compra) Receita operacional (-) Custos operacionais (-) Gastos indiretos EBITDA (-) Depreciação LAJIR (-) IR sobre o Lajir (+) Depreciação (+/-) Mudanças no Capital de Giro Terreno (venda) Venda do equipamento usado (-) IR sobre a venda do equipamento FCL 20 4) Considerando os valores e informações a seguir, determine o fluxo do acionista (FDA) e analise se o projeto é viável do ponto de vista do capital próprio (do acionista): Investimento em máquinas = $18 milhões (depreciável em 2 anos sem valor de liquidação) Investimento em terreno = $6 milhões (liquidação do terreno no ano seguinte ao término do projeto) Vida útil do projeto = 2 anos Financiamento = 100%do investimento em máquinas, a juros efetivos de 10% a.a. amortizável pelo sistema SAC Alíquota do IR = 34% Custo do capital próprio = 40% a.a. Receitas operacionais líquidas = $19 milhões/ano Custos e despesas operacionais (sem depreciação) = $4 milhões/ano Ano 0 Ano 1 Ano 2 Liquidação Compra do equipamento Terreno (compra) Receita operacional (-) Custos operacionais EBITDA (-) Depreciação LAJIR (-) IR sobre o Lajir (+) Depreciação Terreno (venda) FCL Obtenção financiamento máquinas (-) Amortização do financiamento (-) Juros do financiamento (+) Benefício fiscal dos juros FDA 5) Suponha que uma empresa agroindustrial pretenda comprar sementes de pequenos agricultores, processa-las e vende-las ao público. A produção da empresa acompanhará a colheita de sementes, processando-as também três vezes ao ano (em abril, agosto e dezembro). Diferentemente dos pequenos agricultores, a empresa deve oferecer ao mercado ao longo do ano uma quantidade constante de sementes processadas. Por essa razão, deve manter estoques para as épocas em que não houver colheita. Será necessário comprar maquinário no valor de $200.000 depreciável em 4 anos e valor residual zero. A empresa projeta realizar vendas mensais de $180.000 que, segundo estimativas, devem aumentar 50% a partir do terceiro ano. Os gastos em sementes equivalem a 50% das vendas. Adicionalmente, a empresa deve incorrer em gastos operacionais calculados em cerca de 10% das vendas. Dado que a colheita das sementes é quadrimestral, estima-se que as mudanças de capital de giro requeridas no início de cada ano equivalham a aproximadamente 20% das mudanças nas vendas. O capital de giro será recuperado no ano seguinte ao final do final do projeto. A vida útil do projeto é de 4 anos e a alíquota do IR é 34%. Projete o fluxo de caixa livre (FCL) do empreendimento e calcule a TIR, considerando que o custo de oportunidade é de 25% ao ano. 21 Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Liquidação Investimento inicial (maquinário) Receita operacional (-) Gastos com sementes (-) Gastos operacionais EBITDA (-) Depreciação LAJIR (-) IR sobre o Lajir (+) Depreciação (+/-) Mudanças no Capital de Giro FCL 6) Uma empresa pretende investir $5.000.000 em uma planta para produzir 45.000 unidades/ano de bobinas elétricas. O preço atual de venda das bobinas é de $125/unidade, e espera-se um incremento de 9% a.a. nesse preço a partir do Ano 1. O custo total de produção é $70/unidade, sendo esperado um incremento de 2% a.a. a partir do Ano 1. O projeto terá despesas operacionais de $200.000 por ano. A alíquota do IR é de 34%. O investimento necessitará de $300.000 para capital de giro, os quais serão recuperados no ano seguinte ao final do projeto. Ao final do projeto, os equipamentos terão valor residual de $850.000. Considerando um custo de capital de 11% a.a. e uma vida útil de dois anos para o projeto, calcule o fluxo de caixa livre (FCL) e o VPL do projeto. Ano 0 Ano 1 Ano 2 Liquidação Investimento inicial (maquinário) Receita operacional (-) Custos de Produção (CPV) (-) Despesas operacionais EBITDA (-) Depreciação LAJIR (-) IR sobre o Lajir (+) Depreciação Capital de Giro Valor residual (venda equipamento usado) (-) IR sobre a venda do equipamento FCL 7) Uma empresa têxtil pretende ampliar sua linha de produção de tecidos de algodão. Dispõe de duas alternativas: comprar um equipamento convencional (alternativa A) ou um equipamento mais moderno com comando de controle numérico (alternativa B). A produção inicial conseguida com ambos os equipamentos será de 10.000 m 2 /ano de tecidos, mas com o equipamento com comando numérico (alternativa B) espera-se um aumento na produção da ordem de 10% a.a. No caso do equipamento convencional (alternativa A), dadas as suas modestas características operacionais, não se esperam ganhos por produtividade. A vida útil de ambos os equipamentos é de 4 anos. A alternativa A tem um valor de liquidação (valor residual) igual a 20% do custo inicial, e a alternativa B, de 30%. A liquidação será no ano seguinte ao término da vida útil. A alíquota do IR é de 34%. O custo de oportunidade do capital é de 20% ao ano. O quadro a seguir resume as informações relevantes sobre as alternativas. 22 Alternativa A Alternativa B Custo do equipamento 100.000 130.000 Ano do dipêndio de capital 2.013 2.013 Ano de início das operações 2.014 2.014 Vida útil (anos) 4 4 Valor de liquidação (valor residual) 20% 30% Produção inicial em 2014 (m 2 /ano) 10.000 10.000 Taxa de crescimento da produção 0% 10% Preço unitário de venda em 2014 6,00 5,50 Previsão de aumento anual no preço venda 10% 12% Gastos operacionais em 2014 20.000 16.350 Previsão de aumento anual nos gastos oper. 5% 8% Alíquota do IR 34% 34% Custo de oportunidade do capital 20% 20% Com os dados acima, elabore o Fluxo de Caixa Livre (FCL) e analise qual é a melhor alternativa para a expansão da empresa. Obs: Use 4 casas decimais para o preço unitário de venda. ALTERNATIVA A 2013 2014 2015 2016 2017 Liquidação Desembolso com compra equipto. Receita operacional (-) Gastos operacionais EBITDA (-) Depreciação LAJIR (-) IR sobre o Lajir (+) Depreciação Venda do equipamento usado (-) IR sobre a venda do equipamento FCL ALTERNATIVA B 2013 2014 2015 2016 2017 Liquidação Desembolso com compra equipto. Receita operacional (-) Gastos operacionais EBITDA (-) Depreciação LAJIR (-) IR sobre o Lajir (+) Depreciação Venda do equipamento usado (-) IR sobre a venda do equipamento FCL 2.4 – ORÇAMENTO DE CAPITAL O processo de identificação, análise e seleção de oportunidades de investimentos de capital recebe o nome de orçamento de capital. O Orçamento de Capital é uma lista com a descrição de todos os investimentos que uma empresa está disposta a realizar em um determinado período. Esse orçamento exige uma análise detalhada de todos os projetos que o compõe. 23 Para melhor entendimento do orçamento de capital, é preciso que você tenha a ideia de que o dinheiro tem um retorno quando ele é investido, e é justamente esse retorno que interessa para a empresa. Logo, a ideia mais importante do orçamento de capital é o conceito do valor do dinheiro no tempo, pois o dinheiro pode ter um retorno, e esse valor depende do tempo que levou para ser recebido. Por esse motivo é que é analisado o projeto que dará maior retorno à empresa e em menor período de tempo. Assim, o orçamento de capital é uma análise de investimento que diz respeito ao planejamento e gerenciamento de investimentos de longo prazo e tem por objetivo identificar oportunidades de investimentos que apresentam valor de retorno maior do que o custo de aquisição, significando, assim, que os fluxos de caixa gerados pelos ativos excedem tal ativo. A análise de um investimento pode ser dividida em duas partes: os retornos esperados, que são medidos pelos indicadores; e os riscos de se alcançar ou não os retornos esperados. Assim, temos: a) Principais indicadores de projetos de investimento Os principais indicadores utilizados na análise de projetos de investimento para determinar se um projeto é aceitável ou não, ou fazer uma classificação de projetos através de seus retornosesperados, são: a) taxa interna de retorno (TIR); b) valor presente líquido (VPL); c) período do payback descontado. Estes indicadores são examinados pelos administradores não necessariamente nessa ordem. Nas aulas posteriores, abordaremos cada um deles com maior ênfase, com seus conceitos, utilização, além de exercícios para melhor compreensão. b) Principais ferramentas de análise de risco As principais ferramentas de analise de risco de um projeto são a análise de cenário e a análise de simulação. A análise de cenário considera diversos resultados alternativos possíveis, que são chamados de cenários, para obter um senso da variabilidade dos retornos (GITMAN, 2010, p. 208). A partir desses resultados, retira-se o pior resultado, também chamado de pessimista, e o melhor resultado (otimista), para que se obtenha a amplitude desses resultados. Com a amplitude deles, verifica-se qual obteve uma menor variação e então classifica-se como melhor projeto este que sofrerá menor variação. EXERCÍCIOS 1) Conceitue custo de capital e orçamento de capital. 2) Cite os principais indicadores e sua importância nos projetos de investimento. 24 2.5 – MÉTODOS DE AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE INVESTIMENTOS Outra fase das decisões de investimento a longo prazo consiste na utilização de métodos de avaliação econômica com vista em se apurar os resultados das aplicações de capital. O objetivo básico deste capítulo é o de avaliar os principais aspectos dos métodos quantitativos mais utilizados pelas empresas para uma análise econômica de investimentos É importante ressaltar que o investimento se apresenta geralmente como uma parte do processo de tomada de decisões empresariais. Com certa freqüência, objetivos estratégicos apresentam-se como fatores decisoriais relevantes na seleção de projetos de investimentos. As técnicas de análise de orçamentos de capital são utilizadas pelas empresas para a seleção de projetos que irão aumentar a riqueza de seus proprietários. Projetos Mutuamente Excludentes: Dois projetos são ditos excludentes quando a aceitação de um deles leva a rejeição do outro. Por exemplo, se você precisar escolher entre dois modelos na compra de um veículo para a família, ou ainda escolher uma dada tecnologia, dentre duas, para utilizar na organização, a abordagem da decisão é tipo aceitar/rejeitar visto que a aceitação de um modelo de veículo elimina o outro e a escolha de uma tecnologia elimina a outra. Projetos Independentes: Diz-se que dois projetos são independentes quando a aceitação de um deles não impede a aceitação do outro. Deste modo, suas análises são conduzidas de modo independente e se utiliza uma abordagem classificatória para os projetos que passaram pelos testes estabelecidos pela organização. Veja como exemplo: você está analisando um projeto de reforma de sua casa e também analisa um pacote de férias para a família. Esses dois projetos são independentes, pois a execução de um não impede a execução do outro. MÉTODO DO PAYBACK DESCONTADO (OU AJUSTADO) O período de Payback é o número de anos necessários para se recuperar o investimento inicial. Este método só se preocupa em recuperar o capital investido mais rápido, não importando o que virá depois. Exemplo: Investimento inicial = $ 60.000 Ano Entrada de Caixa 1 5.000 2 10.000 3 15.000 4 20.000 5 32.000 O cálculo do Payback ajustado é feito descapitalizando as entradas pela taxa do custo de oportunidade ou custo do capital, até o ano zero (início do investimento). É o método Payback mais correto, pois considera o valor do dinheiro no tempo. Exemplo: utilizar os dados acima descapitalizando as entradas de caixa a uma taxa de 8% ao ano. Valor presente = M x 1/(1 + i) n 25 Ano Entradas de Caixa Vr. Atual Vr. Acumulado 0 (60.000) 1 5.000 4.629,63 4.629,63 2 10.000 8.573,39 13.203,02 3 15.000 11.907,48 25.110,50 4 20.000 14.700,60 39.811,10 5 32.000 21.778,66 61.589,76 82.000 61.589,76 Em 12 meses ____________ 21.778,66 x ____________ 20.188,90 (o que falta para 60.000) x = 11,1 meses PAYBACK AJUSTADO = 4 anos e 11,1 meses Prós e contras do método do Payback: O amplo uso do método do Payback, particularmente pelas empresas pequenas, deve-se a sua facilidade de cálculo e ao apelo intuitivo. Ele é atraente porque considera fluxos de caixa ao invés de lucros contábeis. Por ser visto como uma medida de risco, muitas empresas usam este método como critério básico de decisão ou como complemento a outros métodos de análise. Quanto mais tempo a empresa precisar esperar para recuperar seus fundos investidos, maior a possibilidade de perdas. A principal deficiência do Payback, é que ele não reconhece os fluxos de caixa que ocorrem após a recuperação do capital investido. EXERCÍCIOS 1) Calcular o Payback Ajustado para um projeto cujo investimento inicial = $45.000, considerando o custo de oportunidade de 7% ao ano. Ano Entradas de Caixa 1 15.000 2 5.000 3 5.000 4 25.000 5 10.000 Total entradas = 60.000 2) A Comercial Rio das Velhas Ltda está analisando dois projetos de investimento A e B. O custo do capital para a empresa é de 15% ao ano. Considerando os fluxos de caixa dos dois projetos abaixo, qual a empresa deverá escolher, utilizando o método do Payback Ajustado? Ano Projeto A Projeto B 0 (100.000) (100.000) 1 70.000 30.000 2 50.000 40.000 3 20.000 50.000 4 - 60.000 5 - 70.000 6 - 80.000 7 - 85.000 8 - 90.000 26 MÉTODO DO VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL) Por considerar explicitamente o valor do dinheiro no tempo, o VPL é considerado uma técnica sofisticada de análise de orçamentos de capital. Esse tipo de técnica desconta os fluxos de caixa da empresa a uma taxa especificada. Essa taxa, frequentemente chamada de taxa de desconto, custo de oportunidade ou custo de capital, refere-se ao retorno mínimo que deve ser obtido por um projeto, de forma a manter inalterado o valor de mercado da empresa. O VPL é obtido subtraindo-se o investimento inicial de um projeto do valor presente das entradas de caixa descontadas a uma taxa igual ao custo de capital da empresa. Critério de decisão: A decisão de se aceitar ou rejeitar um projeto é o seguinte: se o VPL >=0, deve-se aceitar o projeto, caso contrário, deve-se rejeitá-lo. Fórmula de Valor Presente = M x 1 . (1+ i) n Exemplo: A empresa Alfa Ltda irá lançar um novo produto no mercado, cujo investimento inicial será de $ 45.000. Tal produto irá gerar entrada de caixa de 28.000 no 1º ano, 12.000 no 2º ano e 10.000 do 3º ao 5º ano. O investimento inicial será captado junto ao Banco do Brasil ao custo de 19% a.a. Tal investimento é viável? Ano Entrada Valor Presente 1 28.000 23.529 2 12.000 8.474 3 10.000 5.934 4 10.000 4.987 5 10.000 4.190 47.114 Valor Presente das Entradas = 47.114 (-) Investimento Inicial (I.I.) = 45.000 = Lucro 2.114 Obs.: O investimento é viável Exercício Proposto: Analisar o mesmo investimento acima, porém alterando o custo do empréstimo de 19para 22%. Ano Entrada 1 28.000 2 12.000 3 10.000 4 10.000 5 10.000 MÉTODO DA TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) É a técnica que estabelece a rentabilidade efetiva de um projeto. A TIR é talvez a técnica mais usada para avaliar alternativas de investimento. Quando calculamos o VPL a taxa era a de custo de capital ou de oportunidade. Pela TIR encontramos a taxa de desconto que iguala os fluxos de caixa futuros ao investimento inicial, que torna o VPL = 0. 27 Critério de decisão: a TIR é a taxa efetiva de rentabilidade do projeto. Assim, se a mesma for maior ou igual a taxa do custo do capital ou do custo de oportunidade, o projeto deve ser aceito. Cálculo da TIR: é preciso calcular a TIR por tentativa e erro, descapitalizando as entradas de caixa por uma taxa imaginada e ver se os valores presentes se igualam ao capital inicial. Porém, através da calculadora financeira este cálculo torna-se bastante simples. Exemplo: Calcular a TIR do projeto abaixo, cujo custo de oportunidade é igual a 10% ao ano. 450 450 450 1.000 Por tentativa e erro, vamos tentar a taxa de 13%: Entrada Vr. Presente Período 1 450 398,23 Período 2 450 352,42 Período 3 450 311,87 1.062,52 Como o valor presente foi maior que o investimento inicial, mostra que a TIR é maior que os 13%. Assim, temos que tentar outra taxa. Pela calculadora financeira: 1.000 CHS g CFo investimento inicial 450 g CFj entrada do 1º ano 450 g CFj entrada do 2º ano 450 g CFj entrada do 3º ano 10 i taxa de oportunidade f NPV obtém-se o VPL ($119,08) f IRR obtém-se a TIR (16,65%) EXERCÍCIOS 1) Calcular a TIR do projeto abaixo, cujo custo de oportunidade é igual a 8% ao ano. 350 400 450 1.000 2) Considerando unicamente o método da TIR e um custo de oportunidade de 20% ao ano, qual dos dois projetos abaixo você recomendaria? Ano Projeto A Projeto B 0 (400.000) (160.000) 1 120.000 40.000 2 140.000 60.000 3 160.000 70.000 4 200.000 90.000 28 3) A Cia Minas Mundo Ltda está pretendendo produzir um novo produto destinado exclusivamente ao mercado externo. Para isso, deverá fazer um investimento em maquinário no valor de $950.000. O custo unitário de produção será de $52,00 e será exportado por $71,00. Serão exportadas 12.000 unidades por ano. A alíquota do I.R. é de 34%. O projeto tem vida útil de 15 anos, e ao final do projeto, as máquinas serão vendidas por $90.000. A empresa exige uma rentabilidade de 20% ao ano. Utilizando o método da TIR, a empresa deverá implementar este projeto? Observações a respeito dos 3 métodos de análise de investimentos: O Payback nos indica somente o tempo de retorno do investimento, desprezando o restante; O VPL nos indica a lucratividade do projeto em valores; A TIR fornece a taxa efetiva do projeto e, por isso mesmo, um dos métodos mais utilizados; Se a empresa buscou recursos no mercado, o Payback é bastante indicado, pois dá condições de liquidar os empréstimos mais rapidamente; Estudos mostram que se a empresa está capitalizada e utilizou recursos próprios: no Brasil utiliza-se mais a TIR nos EUA utiliza-se mais o VPL Um ponto crítico da TIR é que ela parte do princípio que as entradas de caixa serão reinvestidas à própria taxa da TIR, o que nem sempre será possível. Já o VPL reinveste as entradas de caixa pela taxa do Custo de Oportunidade. OBSERVAÇÕES IMPORTANTES 1. Quando o VPL = 0 a TIR será igual ao custo do capital. 2. Uma empresa pretende ampliar a fábrica e está em dúvida entre 2 máquinas, A e B. A máquina A é produzida no Brasil e custa a metade da B, que é produzida na Alemanha. Entretanto a máquina importada produz o dobro da nacional. Desta forma, o fluxo de caixa da máquina B é o dobro da A, tanto as entradas quanto as saídas. Pergunta-se: O VPL e a TIR das duas máquinas é o mesmo? Resposta: O VPL será o dobro e a TIR não altera. QUAL É O MELHOR MÉTODO? De um ponto de vista puramente teórico, o VPL é a melhor técnica para a análise de orçamento de capital. Essa superioridade teórica deve-se a vários fatores. O mais importante é que o uso do VPL supõe, implicitamente, que todas as entradas de caixa intermediárias geradas pelo investimento sejam reinvestidas ao custo de capital da empresa. O uso da TIR supõe um reinvestimento a uma taxa frequentemente elevada, dada pela TIR. No entanto, as evidências sugerem que, a despeito da superioridade teórica do VPL, os administradores financeiros preferem usar a TIR. Eles tendem a achar o VPL mais difícil de usar porque este não mede, na realidade, os benefícios em relação ao montante investido. MÉTODO DA ANUIDADE UNIFORME EQUIVALENTE (AE) Para que dois projetos possam ser objetos de comparação, é necessário que sejam comparáveis dentro de um mesmo período de tempo. Embora seja uma ferramenta útil para avaliar alternativas de investimento, o VPL não responde a todas as perguntas sobre a vantagem econômica de uma alternativa em relação a outra que tenha duração diferente. 29 Podemos ilustrar o problema analisando duas alternativas de prazos diferentes como mostrado no quadro a seguir, em que A e B poderiam ser tipos de equipamentos que executam a mesma tarefa: Alternativa Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 TIR VPL (10%) A -10 13 30,0% $1,82 B -10 5 5 5 23,4% $2,43 Observe que a TIR e o VPL são contraditórios. Pela TIR, deveríamos selecionar o projeto A e pelo VPL o projeto B. Contudo, vale lembrar que a solução só será encontrada se as alternativas forem levadas para um mesmo horizonte de tempo. Para isso, seria necessário admitir que a máquina A possa ser substituída duas vezes por outra idêntica. Os horizontes econômicos são igualados em alguma data futura, correspondente ao mínimo múltiplo comum dos prazos dos projetos. O quadro a seguir apresenta o fluxo de caixa da alternativa “A” já considerando as substituições consecutivas necessárias Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 VPL (10%) Fluxo da alternativa A -10 13 Primeira substituição de A -10 13 Segunda substituição de A -10 13 Fluxo de caixa líquido -10 3 3 13 $4,97 Observe que, igualados os prazos das duas alternativas, o projeto A passa a ser preferível, pois apresenta maior VPL. Como os prazos são igualados em um período igual ao mínimo múltiplo comum, seria uma tarefa muito cansativa aplicar esse raciocínio se, por exemplo, a duração de A fosse 18 anos e de B 42 anos, pois os prazos seriam igualados somente no 126º ano, após sete substituições para A e três para B. Uma solução mais prática é o Método da Anuidade Uniforme Equivalente (AE). Esse indicador mostra qual a renda econômica gerada pelo projeto em cada ano, o que equivale a repartir o VPL ao longo da vida útil do projeto (o mesmo que o PMT). No exemplo acima, as AE’s das alternativas A e B são as seguintes: AEA = $ 2,00/ano AEB = $ 0,98/ano Como AEA é maior, conclui-se que o projeto A é preferível. MÉTODO DO CUSTO ANUAL EQUIVALENTE (CAE) Em determinados projetos ou serviços, os benefícios ou receitas dificilmente podem ser quantificados em termos monetários; entretanto, os custos podem sê-lo. Se existirem alternativas que produzam o mesmo serviço, quantificável ou não, mas a custo diferente, a receita ou o benefício pode serconhecido ou desconhecido, uma vez que, como é um fator comum a todas as alternativas, será irrelevante em uma análise incremental. Assim, nesses casos, bastaria conhecer os custos das alternativas e selecionar aquela com os menores custos anuais. 30 Muitas vezes, sobretudo em problemas de engenharia econômica, é mais fácil determinar os fluxos de custos do que os de receitas. Por exemplo, se o problema for selecionar entre dois geradores de eletricidade que difiram unicamente no tipo de combustível usado, (gás natural ou energia elétrica), será mais fácil levantar os custos do metro cúbico de gás natural e do quilowatt/hora do que estimar as receitas. O Custo Anual Equivalente (CAE) é basicamente um rateio uniforme, por unidade de tempo, dos custos de investimento, de oportunidade e operacionais das alternativas. Exemplo: Imaginemos uma empresa que pretenda adquirir um equipamento e, no mercado, haja disponibilidade de duas marcas diferentes desse equipamento: A e B. O equipamento A custa $13.000 e tem uma vida útil de 12 anos, enquanto o equipamento B custa $11.000 e sua vida útil é de 8 anos. Qualquer que seja o equipamento comprado, A ou B, o benefício será o mesmo: $7.000/ano. O custo do capital da empresa é de 4% ao ano. CAE A = $13.000 = $1.385,18/ano [((1,04) 12 – 1) / (1,04)12 x 0,04] CAE B = $11.000 = $1.633,81/ano [((1,04) 8 – 1) / (1,04)8 x 0,04] Obs.: O resultado do CAE nada mais é do que o PMT de um investimento inicial (PV). Como os benefícios são iguais, então a melhor alternativa é o equipamento A, pois tem um custo anual menor. EXERCÍCIOS 1) Quais as deficiências que estão geralmente relacionadas ao uso do período de Payback para medir o valor de um investimento? 2) O que é Taxa Interna de Retorno (TIR) de um investimento? Como é usada para determinar a aceitabilidade de um projeto? 3) Discuta resumidamente os argumentos que favorecem os métodos de VPL e TIR na avaliação de um projeto. 4) Para um custo de capital de 10% ao ano e com as informações disponíveis no quadro abaixo, qual será o projeto selecionado? Qual indicador deve ser utilizado na seleção? Ano Proj. A Proj. B Proj. C Proj. D 0 (8.000) (8.000) (8.000) (8.000) 1 1.000 7.000 2.000 3.500 2 2.000 (1.000) 1.000 4.500 3 3.000 6.000 2.000 2.000 4 4.000 (1.000) 8.000 1.000 VPL (452) 1.362 1.611 1.086 TIR 7,8% 21,2% 16,8% 17,5% Payback 4,5 anos 2,7 anos 3,9 anos 2,9 anos 31 5) Considerando duas alternativas mutuamente excludentes, X e Y, apresentadas no quadro abaixo e um custo de capital de 10% ao ano, analise qual é preferível pelos métodos VPL, TIR e do Payback. Equipamento Investimento Fluxo de caixa/ano ($) Vida útil X -12 3,0 8 anos Y -13 2,5 8 anos 6) Dos equipamentos X e Y especificados no quadro a seguir, qual é mais adequado para realizar determinada operação? Considere a taxa mínima de atratividade igual a 10% ao ano. Utilize o método CAE, já que as únicas informações são referentes aos custos. Equipamento Custo inicial ($) Custo operacional anual ($) Vida útil X 12 2,5/ano 3 anos Y 32 2,0/ano 8 anos 7) A Riolight pretende instalar um gerador de energia elétrica a um custo de $10 milhões. Os custos operacionais projetados são de $80.000/mês ao longo da vida útil do equipamento, estimada em 120 meses. Ignorando impostos e considerando que a empresa requer uma rentabilidade mínima de 4% ao mês, determine o custo mensal que deve ser repassado aos usuários do equipamento. Utilize o método CAE. 8) Uma empresa estuda a implementação de um sistema de transporte de material dentro de sua planta industrial. Existem três alternativas diferentes: 1. Sistema manual: requer a contratação de uma grande equipe de trabalhadores ao custo fixo de $1.050.000 por ano. 2. Sistema de empilhadeiras: requer a contratação de uma equipe menor de trabalhadores ao custo fixo de $100.000 por ano, mais a compra de 50 máquinas empilhadeiras ao custo de $40.000 cada. As empilhadeiras têm vida útil de 4 anos com valor de recuperação de 10% de seu valor de aquisição. Os custos operacionais anuais deste sistema são de $4.000 por ano para cada empilhadeira. 3. Sistema de faixas transportadoras: o sistema custa $3.000.000 e tem vida útil de 7 anos com um valor de recuperação de $1.000.000. Como esse sistema é bastante automatizado, requer um grupo muito pequeno de trabalhadores ao custo fixo de $50.000 por ano e gastos operacionais anuais de $40.000. Considerando um custo de oportunidade do capital de 25% ao ano, e que os três sistemas gerem benefícios anuais iguais, analise as alternativas e determine o sistema que deverá ser selecionado, utilizando o método CAE. 9) Uma empresa analisa a viabilidade econômica de um projeto de automação de sua linha de produção. O projeto consiste, basicamente, em instalar um equipamento que custa $80.000 e propiciará uma diminuição de custos da ordem de $20.000 por ano (antes de IR). O equipamento tem uma vida útil de 5 anos, sendo depreciado integralmente nesse período sem valor residual. A alíquota de IR é de 34% e o custo do capital, 10% ao ano. Analise a viabilidade econômica do projeto a partir do fluxo de caixa apresentado (VPL e TIR). 32 Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Investimento + Redução custos (-) Depreciação = Lair IR 34% + Depreciação FCL 10) Qual das alternativas mutuamente excludentes, X ou Y, apresentadas no quadro abaixo, deve ser escolhida se o custo do capital for de 10% ao ano? Use o método AE. Alternativa Ano 0 ($) Ano 1 ($) Ano 2 ($) Ano 3 ($) X -10.000 6.000 6.000 Y -9.000 4.000 4.000 4.000 11) Pela análise dos projetos A e B a seguir, determine qual deles é preferível. Use o método AE. Projeto A Projeto B Investimento inicial $210.000 $360.000 Custo operacional/ano $72.000/ano $82.000/ano Vida útil 10 anos 12 anos Custo do capital 15% a.a. 18% a.a. Receitas/ano $160.000 $210.000 Valor residual 0 $50.000 12) A Horrigan Industrias S/A deve optar entre uma empilhadeira movida a gás e outra elétrica para transportar material em sua fábrica. Já que as duas empilhadeiras desempenham a mesma função, a empresa escolherá apenas uma. (Elas são investimentos mutuamente excludentes). A empilhadeira elétrica custa mais, mas sua operação será menos cara; ela custará $22.000, ao passo que a empilhadeira a gás custará $17.500. O custo de capital que se aplica aos dois investimentos é de 12%. A vida útil dos dois tipos de empilhadeiras é estimada em seis anos, durante os quais os fluxos de caixa líquidos da empilhadeira elétrica serão de $6.290 por ano, e os da movida a gás, de $5.000 por ano. Os fluxos de caixa líquidos anuais incluem despesas de depreciação. Calcule o VPL e a TIR de cada tipo de empilhadeira e decida qual recomendar. 13) A Cordell Coffee Company está avaliando o sistema de distribuição interna em sua nova unidade de torrefação, moagem e empacotamento. As duas alternativas são: 1. um sistema de correias de transmissão com alto custo inicial, porém com baixos custos operacionais anuais; 2. várias empilhadeiras, que custam menos, porém têm custos operacionais consideravelmente mais altos. A decisão para construir a fábrica já foi tomada, e a escolha, aqui, não terá efeito sobre as receitas gerais do projeto. O custo de capital da fábrica é de 9% e os custos líquidos dos projetos são
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