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MUSICOTERAPIA Introdução • A Musicoterapia é uma terapêutica que visa, através de seus componentes – ritmo, melodia e harmonia -, colaborar no tratamento de distúrbios de natureza orgânica, psíquica, emocional e cognitiva. • Seus efeitos tendem a agir no âmbito da interação social, das relações interpessoais, da transmissão de informações, do conhecimento, da criatividade, entre outros. • Este curso tem como objetivo de conquistar para estas pessoas uma qualidade de vida melhor. Entre os utentes/clientes que buscam esse tratamento alternativo vêem-se portadores de problemas motores, autistas, deficientes mentais, pessoas com distúrbios psíquicos e emocionais, gestantes e idosos. O Musicoterapeuta • O musicoterapeuta é um profissional que possui conhecimentos relacionados ao som (propriedades, teoria musical, prática de instrumentos, contextos históricos e culturais), ao ser humano (anatomia, fisiologia, psicologia, sociologia), e conhecimentos específicos de sua área (teorias, técnicas e métodos musicoterapêuticos). • Ele trabalha com o conjunto de sons, fenômenos acústicos e movimentos internos que caracterizam e individualizam cada ser humano. • Sendo assim, as sessões são elaboradas por este profissional com base nas necessidades de cada indivíduo/grupo a ser atendido. • Por meio de vivências musicais, o musicoterapeuta entra em contato com as características emocionais, a saúde física, o funcionamento social, as habilidades comunicacionais e cognitivas do utente/cliente. • Desta forma ele pode avaliar, acompanhar e intervir terapeuticamente, buscando a promoção do bem-estar. • O musicoterapeuta pode atuar em domicílio, em centro terapêutico particular, em clínicas multidisciplinares, hospitais, instituições de longa permanência, centros de reabilitação, escolas e instituições sociais. • Há vários métodos utilizados pelos musicoterapeutas. O receptivo se restringe a utentes/clientes com sérios problemas motores ou quando se pretende trabalhar tão somente em um aspecto do tratamento, com determinados objetivos. • Geralmente, porém, ela é ativa, e assim o utente/cliente é quem toca os instrumentos musicais, canta, dança ou realiza algum trabalho musical com o terapeuta. • O profissional pode recorrer a várias modalidades terapêuticas, tudo depende de suas metas, bem como dos desejos e das possibilidades do utente/cliente. • Os encontros podem ser gravados e o musicoterapeuta tem assim a opção de trabalhar os temas oferecidos pelos que se encontram em terapia. • Ou é possível também realizar interpretações musicais sobre as canções elaboradas durante as sessões. Como a elaboração musical é meramente terapêutica, o utente/cliente não precisa ter habilidades musicais. • Já o musicoterapeuta precisa ser treinado em vários instrumentos , entre eles o violão, o piano e a percussão são os mais comuns. • A música atua na mente humana harmonizando os hemisférios cerebrais, e por consequência equilibrando pensamento e sentimento. • Alguns ritmos não são indicados para a musicoterapia, como o rock, pulsante demais para provocar relaxamento. Ademais, cada ritmo tem como efeito um resultado distinto no utente/cliente. • Há músicas que despertam nostalgia, outras provocam alegria, tristeza, melancolia, entre outros sentimentos. Depende intrinsecamente das metas de cada um. • Enquanto Bach auxilia no conhecimento e na memória, Rossini, com sua obra Guilherme Tell, e Wagner, com suas Walkirias, são muito indicadas nos casos de depressão. • Por outro lado, as marchas irradiam uma energia imprescindível para quem se encontra em recuperação. História da Musicoterapia • Para abordarmos esse assunto tão fascinante, é necessário retrocedermos no tempo e falarmos a respeito da utilização da música e seus efeitos biológicos e psicológicos no homem. • Em papiros de Kahun de 1500 a.C., verifica-se a ação benéfica do som na fertilidade da mulher. Cita a Bíblia que o Rei Saul se acalmava com o som da harpa tocada por Davi. Como podemos notar, a Musicoterapia remonta aos mais antigos tempos. • A música é parte integrante da vida do homem e veículo universal de suas emoções. • Dos rituais da cura energética às danças de aldeia, ela foi manipulada pela Igreja, estudada por filósofos, médicos e musicistas, e é o veículo de comunicação entre o concertista e a platéia. • Seja qual for o propósito da música, ela está sempre relacionada à experiência do próprio homem desde que nasceu; fala de suas emoções e age dentro de seus limites sensoriais. • A Musicoterapia como ciência e como conotação terapêutica não tão "mágica", passou a ser aplicada em utentes/clientes dos hospitais de veteranos após o término da 1ª Guerra Mundial. • Em 1950 foi fundada a NAMT - National Association for Music Therapy, com as finalidades de: a) colaborar no desenvolvimento do uso da música na medicina; b) preparar o profissional musicoterapeuta; c) estabelecer um trabalho aliado à profissão médica. • Em, aproximadamente, 50 anos de pesquisas, tem sido testado o efeito que o som exerce sobre os seres vivos e comprovado, por exemplo, que plantas e animais reagem a estímulos sonoros e exposição mais prolongada à música • O próprio feto pode ser atingido por sons intra-uterinos, bem como sons externos. Se o ser biológico procede dessa maneira frente aos sons, mais podem eles agir sobre o ser humano, dotado da razão que lhe permite decodificar, interpretar e expressar-se através da música. Breve História da Musicoterapia no Brasil • Apesar de a música ser conhecida e utilizada com seus fins terapêuticos e de cura energética durante toda história, inclusive no Brasil, o surgimento da Musicoterapia como profissão e área do conhecimento no país aconteceu apenas no século XX, na década de 50, ou seja, há pouco mais de meio século. • Conquanto, a profissão propriamente dita tem o ano de 1969 como data de seu início oficial no Brasil, com a criação do primeiro curso brasileiro de Musicoterapia. • Alguns anos antes de seu aparecimento no país, já haviam sido registradas, durante a década de 40, pesquisas e práticas musicoterápicas na Inglaterra e nos Estados Unidos. • Nesses países, a Musicoterapia surgiu no contexto do pós-guerra, enquanto na América do Sul a mesma surgiu a partir da educação musical especial. • Em 1948, no Rio de Janeiro, a professora de música Liddy Mignon formou um curso de educação musical especial no Conservatório Brasileiro de Música (CBM), semelhante ao curso de educadores especiais de música da Argentina, surgido na mesma época. • Visava promover um programa de treinamento para que professores de música trabalhassem em instituições de educação especial e hospitais psiquiátricos. • Dessa forma, no Rio de Janeiro da década de 50 já há registros de trabalhos com música em escolas regulares e de educação especial e em hospitais e instituições psiquiátricas, primeiramente por educadores musicais. A Musicoterapia nos dias de hoje • Hoje compreendemos a Musicoterapia com uma conceituação bem ampla: uma disciplina que utiliza o som, o silêncio, o ritmo, o movimento, o timbre, os intervalos, a frequência, enfim todos os elementos da música, para alcançar os objetivos terapêuticos propostos. • A Musicoterapia é um canal de comunicação muito especial, alcançando os clientes onde outras terapias não surtem efeito. • Sendo assim, a Musicoterapiapode ser usada, em alguns casos, como um processo terapêutico em si mesmo; em outros, como preparação do cliente para outras terapias; ou, ainda, para utilização concomitante com elas. • A grande evolução do conhecimento do comportamento humano nas áreas física, mental, emocional, psicomotora e outras, aliada ao progresso na área da eletrônica e das diversas linguagens musicais, possibilitou ao musicoterapeuta um leque muito grande de aplicação das técnicas terapêuticas. • Uma característica da música, que auxilia muito no processo terapêutico, é o fato de poder ser usada apenas por um ou mais de seus componentes, como, por exemplo: só o ritmo; apenas a melodia ou a harmonia; um arranjo diferente e, sobretudo, a improvisação, etc... • Neste caso, ela pode atingir qualquer pessoa, independentemente de estarem desenvolvidas suas áreas intelectual, motora, verbal, etc... • Outra qualidade da música é que auxilia clientes que têm dificuldade de manifestar, comunicar, expressar de alguma maneira, suas emoções, prazerosas ou não; por exemplo, os autistas, os portadores de lesões cerebrais, os portadores de distúrbios psicomotores, os doentes mentais, e outros. • Hoje temos maior facilidade de classificar e diagnosticar os diversos distúrbios, mas na hora do tratamento aparecem as dificuldades. • O som e a música ajudam grandemente, possibilitando a comunicação com estes clientes. Até mesmo os surdos, como se vê em diversos trabalhos podem ser beneficiados pela Musicoterapia. • Hoje, em decorrência do desenvolvimento tecnológico, podemos comprovar o efeito maléfico ou benéfico de certos sons ou músicas sobre plantas e animais. • O que se dirá, portanto de seu efeito sobre os homens? A música, sendo composta de vibrações, atua diretamente, não apenas através dos ouvidos, mas também da pele e do ar que se respira. • Por este motivo, a música nos invade, sendo difícil, ou quase impossível, evadir- se de sua ação. • O vínculo entre os sons e o ser humano proporciona a base para o trabalho da musicoterapia. • O som é um fenômeno físico que está presente na história de todo ser humano. • O som e a música são parte integrante da vida do homem. • Não existe nem nunca existiu um povo sem música e desde a origem da humanidade a música exerceu seu poder afetivo e mobilizador, sendo utilizada pelo homem com as mais diversas finalidades. • Ela está presente em festas e comemorações, funerais, missas, e em outros rituais. • A música marca presença como forma de alienar ou preparar emocionalmente o ser humano para um acontecimento. • É muito utilizada na publicidade e atualmente até um simples noticiário obedece a regras de acompanhamento musical. A Musicoterapia e o equilíbrio do organismo • Alguns sons, quando bem indicados, são capazes de ajudar a mente e o corpo a se reerguer em meio a uma doença. • Uma revisão assinada pela Universidade Drexel, nos Estados Unidos, atesta que sessões de musicoterapia melhoram o humor, a ansiedade e o controle sobre a dor em pessoas com câncer. • Já especialistas da Universidade da Dakota do Norte, também em terra americana, notaram seu potencial na reabilitação de utentes/clientes com derrame. • E em Taiwan se observou que a técnica eleva a qualidade de vida de quem passa por tratamento contra a insuficiência renal. "Ela interfere em áreas do cérebro ligadas à depressão, ao prazer e à resposta à dor", justifica Maristela Smith, coordenadora dos cursos de musicoterapia das Faculdades Metropolitanas Unidas, em São Paulo. • Efeito sobre o cérebro A música ativa diversas regiões da massa cinzenta, como o hipotálamo, que regula a temperatura, o apetite e o estado de ânimo, bem como o tálamo, que interpreta os sentidos, e o hipocampo, que guarda a memória. • Ainda atua nos lóbulos parietal, temporal e frontal, estimulando funções cognitivas. • A sensação de bem-estar As melodias, quando bem selecionadas pelo terapeuta, tiram o foco do problema, acionam neurotransmissores relacionados ao prazer e ainda promovem a liberação de endorfina, nosso analgésico natural. • Relaxamento total A musicoterapia propicia uma quebra na tensão muscular que domina o corpo de quem vive ansioso ou deprimido com alguma situação ou doença. • Assim, o indivíduo se sente mais disposto a seguir em frente e aceitar todo o tratamento. • Coração mais plácido O método trabalha o ritmo da respiração, tornando-o mais cadenciado, e equilibra os batimentos cardíacos. Tudo isso auxilia a controlar o estresse que se abate sobre o organismo e incentiva a recuperação. Musicoterapia para bebés e crianças • Tudo que é música, para uma criança, sempre é positivo. Mas devemos ter em conta que este deve ser adaptada aos seus ouvidos, à sua capacidade de ouvir, à sua idade. • A musicoterapia pode ajudar muito a uma criança na sua aprendizagem, coordenação, controle de ansiedade e melhoria do estado de ânimo, entre outros. • Mas, sobretudo ajudar-lhe a organizar a nível interno. A influência da música é muito maior do que acreditamos. • Quanto ante se exponha uma criança à música, mais benefícios existem, seja como terapia ou como uso lúdico. • O uso de canções para ensinar habilidades académicas, sociais e motoras às crianças pequenas, tornou-se numa prática comum para alguns professores e educadores de música e claro, para muitos musicoterapeutas dos Estados Unidos. • Existem muitos estudos que demonstram que a música e os seus componentes produzem padrões de atividade cerebral. • Isto leva a uma maior eficácia a nível de funcionamento do cérebro não só como diretor dos processos cognitivos, mas também como regulador das funções vegetativas do organismo. • Quando se aplica uma destas alternativas a um utente/cliente, como pode ser a musicoterapia, é porque existe algo no seu sistema que não acaba de funcionar, seja em maior ou menor grau, mas é suficientemente importante para evitar desencadear outros problemas do tipo psicológico, social, motriz, fisiológico… • Por vezes, um problema que tem solução na musicoterapia, evita outros futuros problemas no desenvolvimento tanto da criança como do adulto. • A música tem valores universais que afetam todas as pessoas e que se definem pelo ritmo, a harmonia, a melodia e o tom. • Assim, o musicoterapeuta deve descobrir a personalidade musical de cada utente/cliente para selecionar a música adequada, porque segundo a sua personalidade e o seu estado, pode ser mais benéfico um tipo de música ou outro. • Efeitos da musicoterapia nas crianças • Os efeitos que Musicoterapia tem nos distintos âmbitos são muitos, mas se nos baseamos nos que influenciam as crianças, são os seguintes: - Fisiologia: produz mudanças no ritmo cardíaco e respiratório, assim como na tensão muscular. - Comunicação: estimula a expressão dos problemas das inquietudes. - Afetividade: favorece o desenvolvimento emocional e afetivo. - Sensibilidade: aguça a percepção auditiva e tátil. - Movimento: estimula a atividade e melhora a coordenação motriz. - Sociabilidade: fomenta a inter-relação social. - Educativas: ajuda na formação, desenvolvimento pessoal e na superação de dificuldades de aprendizagem. - Psicoterapêuticas: ajuda a resolver problemas psicológicos e a mudar condutas estabelecidas. - Médica: apoio psicológico e físico (pode reduzir a dor) a utentes/clientes, médicos que enfrentam situações difíceis como a cirurgia,doenças terminais, cuidados intensivos… - Psiquiátrica: melhora a autoestima e a capacidade de comunicação dos doentes. • Métodos de aplicação • As sessões preparam-se e desenham-se segundo as características do utente/cliente, combinando múltiplos fatores. • É muito diferente se é uma criança ou um adulto. • O uso da música para ajudar crianças na aprendizagem e na memorização do material, baseia-se no uso de uma pauta estrutural, na que a música está presente simultaneamente com o material que tem de ser aprendido. • A música torna-se desta maneira num meio pedagógico para transmitir informação, e como veículo para memorizar palavras e/ou ações. Musicoterapia para Crianças Especiais • A influência fisiológica e psicológica do som no cérebro traz inúmeros benefícios à pessoa. Através da pesquisa sobre a vida e o ambiente ao qual está inserido o utente/cliente, a musicoterapia busca identificar e equilibrar seu ritmo interno, para possibilitar uma melhora. • Sua aplicação tem ocorrido principalmente em entidades que trabalham com crianças com deficiência mental. • Entre as inúmeras aplicações da musicoterapia, destaca-se o trabalho com utentes/clientes portadores de deficiências físicas, como paralisia e distrofia muscular progressiva. • As deficiências sensoriais (visual e auditiva) e as síndromes genéticas (Down, Turner e Rett) também contam com essa opção como tratamento complementar. • Distúrbios neurológicos (lesões cerebrais, dislexias, disfonias, entre outros) e doenças mentais, como esquizofrenia, depressões e distúrbio obsessivo compulsivo também podem se beneficiar com essa tecnica terapêutica. • A musicoterapia pode ser aplicada desde a vida intra-uterina, pois pesquisas provaram que o feto reage ao som e, por ser estimulado desde cedo, nasce com maior capacidade de desenvolver seu potencial. • As principais pesquisas sobre musicoterapia têm sido feitas em países como Estados Unidos, França, Alemanha, Noruega, Inglaterra, Itália e Argentina, onde o uso terapêutico da música é amplamente difundido. • No Brasil, nos últimos dois anos, os benefícios dessa terapia têm sido mais amplamente aceitos por fisioterapeutas, fonoaudiólogos e psicólogos. • Sua aplicação tem ocorrido principalmente em entidades que trabalham com crianças com deficiência mental. A música relaxa e tranquiliza as crianças. Vamos usar os recursos da musicoterapia para trabalhar os processos de linguagem. • A percepção corporal através da dança também fará parte do processo terapêutico. Com isso, a criança passa a ter contato consigo mesma e com o outro, é uma forma de integrá-la ao meio. • Na educação, a musicoterapia pode auxiliar no desenvolvimento psicopedagógico e em dinâmica de grupo em sala de aula. • Além da utilização da música como processo terapêutico, há correntes de estudiosos no assunto que voltam seus interesses para a ação curativa de determinado som. Musicoterapia e a dificuldade de aprendizagem • A dificuldade de aprendizagem (DA) é caracterizada por um grupo heterogêneo de transtornos que se manifestam por dificuldades significativas na aquisição e uso da escuta, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas, levando consequentemente a um atraso no rendimento escolar. • Podem ser classificadas em: • Dislexia • Disgrafia • Discalculia • Dislalia • Disortografia • TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), • Estando ou não associadas a outras condições desfavoráveis como, por exemplo, alteração sensorial, retardo mental, distúrbio social ou emocional, ou influências ambientais como diferenças culturais, instrução insuficiente/inapropriada e fatores psicogênicos. • A Musicoterapia pode fazer uma grande diferença para os alunos com dificuldades de aprendizagem e tem sido utilizada com pessoas de diferentes faixas etárias (desde a pré-escola até a idade adulta tardia) pois, através do “fazer musical” o terapeuta cativa à atenção do indivíduo, transpassando “barreiras” e indo diretamente ao encontro de suas emoções. • Por este motivo, a música fornece um ambiente seguro e motivador, estimulando e utilizando diferentes partes do cérebro. • Ela promove ainda o raciocínio, as habilidades de leitura, o controle motor e bem-estar físico, a comunicação e desenvolvimento da linguagem, a facilitação do processo de memorização por intermédio de técnicas de improvisação e recriação, a compreensão de sentimentos e respostas. • Outro recurso da musicoterapia, o canto, trabalha o controle da respiração, o que auxilia na comunicação oral-motora e nas habilidades de articulação. • Na manipulação de ritmo a clareza de voz pode ser melhorada, e o tempo do discurso da fala é adaptado para fornecer maior capacidade de comunicar-se. • A expressão espontânea também é estimulada, elevando assim a autoestima e dando uma maior independência, uma vez que os alunos com DA sentem-se rejeitados pelos colegas. • A Musicoterapia ajuda ainda na verbalização de crianças com algum bloqueio psicoemocional, e a improvisação atua de tal forma que o terapeuta pode mudar e adaptar a sua resposta para atender às necessidades do cliente ou reagir a qualquer mudança de comportamento, diminuindo a ansiedade muitas vezes associada aos distúrbios da fala. • Apesar de todos estes benefícios, muitos pais diante das dificuldades escolares apresentadas por seus filhos, acreditam que depois de algum tempo eles conseguirão acompanhar os demais, e nem sempre buscam auxílio terapêutico. • Contudo, uma simples dificuldade muitas vezes pode transformar-se em algo significativo e não depende apenas do esforço da criança, mas do apoio dos pais, dos educadores e do terapeuta. Musicoterapia e Alzheimer • A doença de Alzheimer já atinge cerca de 25 milhões de idosos em todo o mundo. • Musicoterapia no tratamento das doenças neurológicas • A musicoterapia estimula o sistema nervoso através do som, ritmo, harmonia e melodia facilitando o aprendizado, a comunicação e a memória, desenvolve potenciais individuais, a fim de melhorar e/ou restabelecer as funções do indivíduo. • A musicoterapia atua como função compensatória no processo de recuperação de utentes/clientes com distúrbios da fala e visão, deficientes físicos, doenças mentais, lesões cerebrais, dependentes químicos (Nascimento, 2009). • Em utentes/clientes portadores de Doença de Alzheimer, a musicoterapia melhora a perda de memória e retarda o aparecimento de complicações ligadas à doença. • Em utentes/clientes com Doença de Parkinson melhora os sintomas como a rigidez muscular e os tremores de repouso, prevenindo as quedas. • De acordo com uma pesquisa realizada pela Cleveland Clinic Foundation, nos Estados Unidos, e divulgada pelo Journal of Advanced Nursing, comprova que ouvir música pode ter efeitos benéficos no tratamento de dores crônicas, o que acontece nas fases mais avançadas do Alzheimer. • Os cientistas testaram à utilização de música em 60 voluntários. O índice dos que sentiam depressão em consequência da dor crônica diminui 25%. • A região ativada durante o experimento, o córtex pré-frontal (logo atrás da testa), é uma das últimas áreas do cérebro a se atrofiar à medida em que a doença progride. • O que parece acontecer é que uma música conhecida serve de trilha sonora para um filme mental que começa a tocar em nossa cabeça. Ela traz de volta as lembranças deuma pessoa ou um lugar, e você pode de repente ver o rosto daquela pessoa na sua mente. • Os elementos da música como som, ritmo, melodia e harmonia auxiliam os velhinhos a melhorar o seu quadro clínico e prevenir o agravamento de algumas patologias. • Além disso, essa atividade tem o intuito de aumentar a disposição física e mental do idoso, integrá-los com as pessoas que estão no ambiente em que passam a maior parte do dia e, consequentemente, melhorar sua qualidade de vida. A musicoterapia para utentes/clientes com demência é possível porque a percepção, a sensibilidade, a emoção e a memória para a música podem sobreviver até muito tempo depois de todas as outras formas de memória terem desaparecido.” (Sacks, 2007:320) • O fundamento principal da musicoterapia é a afirmativa de que cada ser humano possui uma “identidade sonora” , constituinte da memória não-verbal, ou seja, que as energias sonoras herdadas e vivenciadas constituem-se como engramas mnêmicos sonoro-musicais no sujeito. • Refere que a partir do momento da conceção o ser humano é rodeado por um conjunto infinito de energias sonoras como vibrações, movimentos, sons e músicas que, atrelados às emoções, sensações, experiências de vida e vivências relacionais, delineiam esta identidade. • No processo vincular entre musicoterapeuta, utente/cliente e o grupo que o cerca, onde interagem as “identidades sonoras” e os engramas mnêmicos do sujeito, é que se dá o processo de reabilitação da pessoa com Alzheimer. • Considerando que as energias sonoro-musicais estão inseridas em diferentes instâncias psíquicas - inconsciente, pré-consciente e consciente - e tendem à descarga de tensão, o trabalho musicoterapêutico permite ao sujeito a movimentação destas energias e , consequentemente, a abertura de novos canais de comunicação, intra e extra-psíquicos, através da relação terapêutica. • Na prática musicoterapêutica utiliza-se como recursos o aparelho de som, as fitas, os discos e CDs, instrumentos musicais como pandeiros, agogôs, chocalhos, maracas, atabaques, guizos e outros que forem do agrado dos utentes/clientes. • Usam-se objetos que facilitem a movimentação rítmica, como bastões, arcos, bolas. No atendimento aos idosos dá-se ênfase ao uso da voz e do corpo como objetos intermediários da comunicação. • Ao musicoterapeuta cabe conhecer a história de vida prévia das pessoas com quem irá trabalhar e também os assuntos de interesse, o repertório significativo dos utentes/clientes. • Estes elementos servirão como pontos de partida para a ação, motivando a pessoa a concentrar-se e trabalhar durante a sessão. • As pessoas portadoras da DA necessitam de uma aproximação maior do terapeuta. Falar e cantar olhando nos seus olhos, tocando em suas mãos são atitudes que podem estimular a pessoa para a atividade. As mensagens devem ser curtas e precisas, evitando divagações e confusões. • Pode-se concretizar o que se diz mostrando objetos, gravuras e fazendo gestos, tornando mais fácil a comunicação. • Mesmo em estágios mais avançados da demência, quando a comunicação verbal é mais difícil, o utente/cliente pode participar dos encontros musicoterapêuticos e gratificar-se do envolvimento proporcionado pelo convívio e ação em conjunto. • Perder a memória significa ser privado do patrimônio afetivo-cultural que se construiu durante toda a vida. • Na intervenção musicoterapêutica, utiliza- se do repertório melódico, afetivo e cultural do utente/cliente, objetivando devolver-lhe, naquele momento, o enlevo das melodias e a possibilidade de uma comunicação gratificante. • Utiliza-se o repertório das músicas e sonoridades que lhe são significativas buscando estimular a memória, a produção de reminiscências, a consciência do movimento corporal e a orientação espaço-temporal. Perguntas e respostas sobre a musicoterapia e a doença de Alzheimer Como a musicoterapia se relaciona com a doença de Alzheimer? • A musicoterapia faz parte do tratamento que não restabelece a saúde definitivamente, mas proporciona uma esperança de melhor qualidade de vida e um novo alento, não só aos doentes, mas também aos familiares e amigos que convivem de perto com a doença de Alzheimer. • Estudos recentes revelam que a área do cérebro relacionada com a doença de Alzheimer é a mesma que está associada com a música, deste modo o doente pode procurar memórias até então perdidas ao escutar uma música de momentos da sua infância ou de outros momentos marcantes da sua vida. A musicoterapia é eficaz? • Não é possível medir a eficácia da musicoterapia nos doentes de Alzheimer, pois é um processo contínuo e demorado. • São necessárias várias sessões para ser notória a melhoria nos doentes, no entanto considerasse um balanço positivo sempre que há uma reação aos estímulos musicais, seja ela eufótica ou nostálgica que provocam alegria ou tristeza, pois comprova que o indivíduo não está alheio a realidade envolvente, conseguindo interagir naquele momento com o meio. • Até hoje não foi encontrada uma cura para essa doença neurodegenerativa e a musicoterapia não reverte completamente os seus efeitos destruidores, todavia permite ao doente revisitar vivências até então perdidas e relembrar histórias até então esquecidas, deitando por terra os muros impostos pelo Alzheimer.São memórias que lhes cantam aos ouvidos. As Músicas e a terapia • Baseado nos estudos da musicoterapia clássica, o psiquiatra inglês Robert Schauffer observou os seguintes efeitos dos instrumentos sobre o organismo: • Piano: combate a depressão e a melancolia; • Violino: combate a sensação de insegurança; • Flauta doce: combate o nervosismo e ansiedade; • Violoncelo: incentiva a introspecção, a sobriedade; • Metais de sopro: inspiram coragem e impulsividade. • Segundo sua qualidade, os estímulos sonoros produzem efeitos positivos ou negativos no ser humano. • A musicoterapia se torna cada vez mais necessária, já que é uma das técnicas capazes de restabelecer a paz e a harmonia interior do ser humano, hoje tão prejudicado pelo barulho, pelos sons agressivos, pela música dissonante ouvida em volume excessivamente alto. • Com resultados comprovados, a musicoterapia se utiliza de obras de compositores clássicos. Como fazer uma sessão de Musicoterapia • Escolha um lugar calmo, onde você pode se garantir de que não será perturbado nem interrompido e deixe-o na penumbra. • Deite-se confortavelmente e faça alguns exercícios de relaxamento: estique-se e tensione todos os músculos; depois, solte- os enquanto respira suave e profundamente. • Coloque a música que escolheu e procurando manter a mente livre de tensão, feche os olhos e deixe que a melodia o envolva, imaginando que a música inunda todo o seu corpo, integrando-se a ele, produzindo harmonia e equilíbrio. • Estabeleça um tempo mínimo de 20 minutos para as sessões diárias de musicoterapia. Para combater a ansiedade • Barcarola (dos Contos Musicais), de Offenbach; Dança Polovetsiana, de Borodin , Os 4 lmprovisos, de Chopin; Canção Sem Palavras, Andante cantabile, Primeiro Quarteto Para Cordas em Ré, de Tchaikovsky; • Sonho de uma Noite de Verão, de Mendelssohn; · Ária para a Quarta Corda, de Bach. • Inicialmente, ouça as peças - uma a cada dia - e identifique aquela que produz maior impacto no plano dos sentimentos. Escute-a diariamente, durante meia hora, em ambiente silencioso.É recomendável usar fones de ouvido. Para estimular a energia vital • Marcha Eslava, de Tchaikovsky; Marcha da Festa, do Tannhauser, de Wagner; Marcha Fúnebre para uma Marionete de Gounod; Marcha Rakruzky, de Berlioz; Marcha triunfal, da ópera Aída, de Verdi. • As peças são particularmente recomendadas no tratamento de doenças crônicas, debilitantes, nas quais ocorre profunda redução da vitalidade. • Em casos de fraqueza profunda, anemias e depressões com acometimento físico pronunciado e em casos terminais de câncer, essas músicas devem ser continuamente tocadas no quarto do utente/cliente, sempre em volume suave. Para produzir harmonia, equilíbrio emocional e mental • Consolação N ° 3, de Liszt; Noturno, de Rimsky-Korsakov; Sonata ao Luar, de Beethoven; Canção Noturna, de Schumann; Trio em Dó Menor, segundo movimento, de Chopin. • Recomendadas aqueles que perderam pessoas queridas e nos estados de inconformismo, as peças musicais acima têm sido aplicadas com bons resultados em certos tipos de esquizofrenia e no retardamento mental. • Devem ser ouvidas com frequência, no mínimo durante uma hora todos os dias, em ambiente tranquilo, ou continuadamente na residência, no local de trabalho, no carro. Para combater insônia, tensão e nervosismo • Canção da Primavera, de Mendelssohn; Sonata ao Luar, de Beethoven (primeiros movimentos); Valsa N ° 15, em Lá Bemol, de Brahms; Sonho de Amor, de Liszt; Movimentos Musicais N°3, de Schubert. • Depois de ouvir todas as peças indicadas, escolha a que deu melhores resultados e escute-a diariamente, antes de dormir. • No inicio, os efeitos são leves: é preciso um pouco de paciência e persistência para notar progressos. • Em casos mais acentuados, o efeito terapêutico pode diminuir com o tempo. Se isso acontecer, escolha outra música do grupo. Para combater o estresse e doenças correlatas • Traumergi, de Schumann; Clair de Lune, de Debussy; Melancolia Matinal, da Suite Peer Gynt, de Grieg; Canção da Estrela da Tarde, do Tannhauser, de Wagner; Estudo Opus 10, N° 3, de Chopin; • Todas as manhãs, antes de iniciar o trabalho, faça uma sessão de meia hora; ouça cada uma das peças durante uma semana. • São muito eficazes contra o estresse, o cansaço por excesso de trabalho ou de preocupação, a tensão nervosa a impulsividade, a preocupação exagerada em pequenas coisas, as explosões de irascibilidade nas crianças rebeldes e mimadas. • Também produzem resultados satisfatórios nos casos de doenças orgânicas psicossomáticas decorrentes do estresse, desde que associadas a tratamentos médicos, como nos casos de úlceras gástricas e duodenais, colites e outros distúrbios de origem nervosa. • Eficazes também nas crises histéricas, na falta de apetite sexual, com impotência ou frigidez, e na enurese infantil. Para acalmar ambientes tumultuados • Sonho, de Debussy; Tema de Amor, da Abertura de Romeu e Julieta, de Tchaikovsky; Pavana para uma Infanta defunta, de Ravel; Morte do Amor; de Tristão e Isolda, de Wagner; Dia de Esponsales en Trolhausen, (Notumo), de Grieg; Noturno para Cordas, de Borodin; Variação N ° 18 sobre um tema de Paganini, de Rachmaninov. • Como música de fundo, estas peças podem ser tocadas seguidamente em escritórios, lares tumultuados, hospitais, fábricas, salas de espera, bancos, etc... • Os resultados têm se revelado notáveis. Também já se comprovou que, em casas comerciais de grande porte, além de criarem uma atmosfera harmoniosa entre os funcionários, levam os clientes a realizarem suas compras com maior tranquilidade. Para combater a depressão e o medo excessivo • Sonho de Amor, de Liszt; Serenata, de Schubert; Guilherme Tell (Abertura), de Rossini; Noturn, Opus 98, de Chopin; Chacona, de Bach. • O ideal é uma sessão diária de meia hora pela manhã, ao levantar, se necessário, repita no decorrer do dia. Para favorecer a interiorização e a meditação • Conserto N° 2 para piano, de Rachmaninov (último movimento); Concerto em Lá Menor, para piano, de Grieg (primeiro movimento); Concerto N° 1 para piano, de Grieg (primeiro movimento). • Prepare-se bem para a prática da meditação ouvindo qualquer uma das peças acima durante cerca de 10 minutos. Os elementos musicais na musicoterapia • Muito embora o trabalho do musicoterapeuta seja holístico, atingindo o ser humano como um todo, em sua atuação ele pode dar uma ênfase maior a um ou mais elementos musicais. • Assim a música é decomposta para que seja utilizado apenas um de seus elementos ou uma característica sonora. • Som é vibração e sua origem é sempre um movimento, que produz ondas sonoras que se propagam nos meios sólidos, líquido ou gasoso. • Todos os sons têm as seguintes qualidades: • Intensidade: está ligada à força empregada na emissão do som. Ela depende da amplitude do movimento e da noção de espaço. É a propriedade que determina se o som é fraco ou forte. • Duração: é o tempo de percepção do som; o tempo que permanece audível para o ouvido humano. • Altura: fornece o tom, o elemento melódico. Depende do comprimento e da frequência da onda sonora. É a propriedade que identifica um som como mais grave ou agudo. • Timbre: é a identidade sonora de um som, e que nos permite distinguir se o som emitido é de um violão, de uma flauta, ou de uma voz humana. É a qualidade do som que permite reconhecer sua origem e depende da forma da onda. • Por outro lado temos também à disposição para trabalharmos os elementos da música. • Entre eles temos: • Ritmo: a palavra vem do grego rhythmos e significa o que flui, o que se move. Tudo o que existe e é vivo possui ritmo: a maré, as fases da lua, o ritmo cósmico, o metabolismo corporal, e a respiração, por exemplo. Segundo Platão, o ritmo é a ordem no movimento. É o elemento mais primitivo e dinâmico da música. • Melodia: é o conjunto de relações entre sons de alturas diferentes. A melodia pode aparecer na voz cantada, ou através de instrumentos musicais melódicos, como a flauta, a gaita, o saxofone, etc... • Harmonia: é o encadeamento, a sequência de acordes que podem ser consoantes ou dissonantes e que provocam a sensação de tensão ou relaxamento, de afastamento ou resolução. • Intervalo: consiste na relação entre dois tons de uma série e tem como consequência a melodia ou a harmonia. Segundo Yehudi Menuhin: • “A música cria ordem a partir do caos, pois o ritmo impõe unanimidade ao divergente, a melodia impõe continuidade ao descosido e a harmonia impõe compatibilidade ao incongruente.” Os intervalos musicais • Os intervalos musicais são a essência da música. Eles são o movimento, a passagem de um som a outro. • É bem verdade que os tons individualmente têm sua importância e são usados em musicoterapia, mas a música se manifesta principalmente nos saltos de um tom para o outro. • Cada intervalo tem sua qualidade particular, sua característica objetiva. Esta pode ser percebida através de exercícios e observação de sua essência. • Sua importância criativa é tal que na evolução da humanidade, cada civilização foi impulsionada e modelada por diferentes intervalos. • Resumidamente vamos caracterizar os intervalos: • 1ª Imobilidade – quietude. Está relacionado ao corpo físico e ao elemento Terra. Porém é portador de uma nova força vital. • 2ª É um início de movimento e luz. Relacionamosao corpo etérico e ao elemento Água. • 3ª É um intervalo ligado à personalidade, ao corpo astral, ao elemento Ar. • 4ª É uma forma fechada, ligada ao Eu (personalidade) e ao elemento Fogo. • 5ª É o reinício de uma nova experiência. Dizemos que é aberto ao cosmo e à luz. • 6ª Apresenta uma abertura maior, como uma doação cósmica. • 7ª Intervalo de grande tensão e que busca uma resolução. • 8ª Reunião com o mundo cósmico, espiritual e realização do Eu superior. • As manifestações dos utentes/clientes nos dizem qual o intervalo que deverá ser usado, para conseguir seu equilíbrio.
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