Buscar

fundamentos historicos unid_1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Fundamentos 
Históricos, Teóricos 
e Metodológicos do 
Serviço Social 
Professora conteudista: Luciana Helena Mariano Lopes 
Sumário
Fundamentos Históricos, Teóricos e 
Metodológicos do Serviço Social
Unidade I
1 O ASSISTENCIALISMO .......................................................................................................................................3
1.1 Conceito ......................................................................................................................................................3
1.2 As primeiras formas de assistencialismo no Brasil ....................................................................5
1.3 Formas de assistencialismo .................................................................................................................7
2 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL ...........................................................................................................................8
2.1 As fases da Revolução Industrial ....................................................................................................11
2.2 O processo de modernização pós Revolução Industrial ........................................................11
2.3 O advento do capitalismo ................................................................................................................. 13
2.4 Capitalismo monopolista e o serviço social .............................................................................. 16
2.5 A divisão social do trabalho: introdução ao pensamento de Karl Marx ........................ 17
2.6 As relações sociais e o serviço social dentro do sistema capitalista ............................... 19
Unidade II
3 OS FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO 
SOCIAL: AS PROTOFORMAS DO SERVIÇO SOCIAL – UMA BREVE ANÁLISE HISTÓRICA .......... 24
3.1 O surgimento do serviço social no Brasil ................................................................................... 27
4 A INFLUÊNCIA DA IGREJA NA GÊNESE DO SERVIÇO SOCIAL ........................................................ 32
4.1 A influência norte-americana: o funcionalismo e o serviço social de caso, 
grupo e comunidade .................................................................................................................................. 37
Unidade III
5 O SERVIÇO SOCIAL A PARTIR DA DÉCADA DE 1930 ......................................................................... 42
5.1 O serviço social na década de 1940: os congressos de serviço social e sua 
influência no perfil profissional ............................................................................................................. 45
5.2 O serviço social a partir dos anos 1950: rumo a uma renovação crítica ...................... 52
5.3 A década de 1960 e sua influência no serviço social brasileiro ........................................ 54
6 TRAÇOS DO PROCESSO DE RENOVAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL .................................................... 59
6.1 Araxá: a afirmação da perspectiva modernizadora ................................................................ 62
6.2 Teresópolis: a cristalização da perspectiva modernizadora ................................................ 65
6.3 O método de Belo Horizonte: intenção de ruptura ............................................................... 67
Unidade IV
7 A RENOVAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL ....................................................................................................... 69
7.1 O movimento de reconceituação do serviço social ................................................................ 72
8 O SERVIÇO SOCIAL PÓS ANOS 1980: VIVÊNCIAS DA RENOVAÇÃO CRÍTICA ........................... 78
8.1 O serviço social e os anos 1990: consolidação da renovação crítica .............................. 82
8.2 O serviço social na cena contemporânea ................................................................................... 87
1
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL 
Re
vi
sã
o:
 L
ea
nd
ro
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
17
/0
1/
11
Unidade I
APRESENTAÇÃO
Prezado aluno (a),
O objetivo desta disciplina é oferecer ao aluno do SEPI/SEI material de apoio para o acompanhamento 
da disciplina Fundamentos Históricos, Teóricos e Metodológicos do Serviço Social. Esta matéria será a 
sua primeira aproximação com o curso escolhido e pretende estabelecer parâmetros para a compreensão 
da profissão no seu contexto sócio-histórico.
A disciplina pretende proporcionar a apreensão crítica em relação ao surgimento da profissão 
de serviço social a partir do contexto decorrente da reprodução das relações sociais – perspectiva 
capital e trabalho, em particular a partir da Revolução Industrial. Objetiva-se explicitar, no que 
se refere à herança do serviço social, as práticas assistencialistas advindas da influência europeia 
e norte-americana, num contexto marcado pelas lutas de classes, ditadura na América Latina, 
tendo seu momento de reconceituação e renovação a partir do acirramento do conflito entre as 
classes.
O serviço social, sob a influência das ciências sociais, reconceitua-se e através de uma reflexão 
teórica que revê seus paradigmas e parte para a regulamentação da profissão, definindo seus espaços 
na sociedade contemporânea.
Iniciamos este curso revendo a questão do assistencialismo no Brasil, suas práticas e formas de 
organização, sua influência nas políticas públicas e como estas, através da distribuição de renda desigual, 
contribuem para a manutenção da acumulação capitalista – o capital na mão de poucos.
Resumindo:
Toda profissão é permeada por um contexto histórico, para tal se faz necessário 
identificá-la com esse evoluir.
A partir da Revolução Industrial, novos impactos sociais se evidenciam, pois as mudanças 
que esta proporcionou trouxeram novas expressões de pobreza, o que exigiu ações que 
fossem além do assistencialismo.
Nesse sentido, o contexto histórico influencia o sistema econômico, sistema capitalista, 
pelo movimento da economia, a qual organiza a sociedade e influencia a história do serviço 
social desde sua gênese.
2
Unidade I
Re
vi
sã
o:
 L
ea
nd
ro
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
17
/0
1/
11
Desde seu início, o serviço social sofre influência externa e interna de correntes filosóficas 
e de pensamento. A primeira foi a Igreja Católica que colocava um caráter missionário para 
o assistente social. Soma-se a essa o pensamento norte-americano de Mary Elly Richmond. 
Outras influências como o tomismo, o neotomismo, o funcionalismo americano, como o 
estudo de caso, grupo e comunidade, a fenomenologia, o positivismo, o conservadorismo, 
o marxismo permearam a atuação do assistente social nestas seis décadas de existência da 
profissão.
No Brasil, o contexto sócio-histórico influencia a prática do serviço social, que tem no 
golpe militar de 1964 um divisor de águas para a profissão.
Requisitou-se um rearranjo, uma revisão geral, que teve nos congressos de serviço 
social nacionais e internacionais, nos códigos de ética profissional, nas legislações sociais, 
um rompimento com a visão tradicional e conservadora impressa desde a gênese da 
profissão.
Sua inserção no âmbito da universidade, da pesquisa, o agregamento da teoria marxista, 
a conversa com as ciências sociais, reafirmaram o processo de renovação crítica.
O Movimento de Reconceituação – 1965-1975 – reconceitua o pensamento e a prática 
do assistente social, revisando sua ação e as tendências.
Esta renovação teve três vertentes: perspectiva modernizadora (Documentos de Araxá 
– 1967 e de Teresópolis – 1970), reatualização do conservadorismo (Documentos de Sumaré 
– 1978 e do alto da Boa Vista – 1984) e a intenção de ruptura (Método de BH – 1972/75 e 
INOCOOP).A década de 1980 demonstrou o ápice revisional da profissão rompendo com o 
tradicionalismo. Os anos de 1990 imprimem uma nova visão de homem e de mundo sob a 
ótica da totalidade e da sua historicidade – ser histórico que é e faz historia.
Novas demandas são colocadas para o serviço social, exigindo novas legislações e políticas, 
tendo a profissão na cena contemporânea sua direção voltada à defesa da classe trabalhadora 
e do trabalho, dentro do processo de reprodução da vida material e dos modos de vida; 
comprometido com a afirmação da democracia, a liberdade, a igualdade e a justiça social, 
lutando pelos direitos e a cidadania em direção do desenvolvimento social inclusivo.
Muitas viradas o serviço social vivenciou desde o movimento de reconceituação, dos 
congressos de serviço social que sistematizaram a prática, até a contemporaneidade, 
expressas nas unidades desta apostila e que podem revelar sua escolha por este curso.
Nesta unidade serão introduzidas as primeiras expressões sociais de desigualdade que necessitavam 
de respostas junto à população. Tais ações visavam sanar as mazelas sociais, pois a pobreza, em 
3
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL 
Re
vi
sã
o:
 L
ea
nd
ro
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
17
/0
1/
11
seus primórdios, era vista como uma disfunção social, um caso de polícia que necessitava de ações 
emergenciais mesmo que desprofissionalizadas.
O assistencialismo surgiu desde os primórdios da sociedade, nos primeiros agrupamentos sociais, 
como uma forma de resposta às expressões da pobreza, ao desemprego, à questão da criança e de outros 
segmentos.
A pobreza ocorre no mundo todo e, em especial, em nossa realidade brasileira, pois a própria 
colonização brasileira já expressava a desigualdade social e a necessidade de ações assistencialistas; 
a riqueza era privada e para poucos e se fazia necessário executar ações assistenciais para abarcar os 
empregados dos senhores de terra. Com a evolução de nossa sociedade, essa prática não só mudou como 
era efetuada de modos e maneiras diferentes, por meio de ações assistenciais da Igreja, instituições 
sociais, ações caritativas.
No capítulo dois, abordaremos a Revolução Industrial e seus impactos na sociedade contemporânea. 
A Revolução Industrial teve início na segunda metade do século XVIII, na Inglaterra, aonde veio modificar 
os modos e meios de industrialização.
O trabalho deixava de ser manual e rudimentar passando a ser técnico e mecânico. A Revolução foi 
dividida em três fases distintas.
O capitulo dois ainda contempla o advento do capitalismo como modo de organização societária 
e sua influência no serviço social. Nesse sistema, as relações se dão entre duas classes distintas: os que 
possuem os meios de produção e aqueles que necessitam vender sua força de trabalho. Introduz-se o 
pensamento de Karl Marx, cujas ideias e ideais expressam que as relações entre estas classes distintas 
produzem muito mais que riqueza e mercadorias: produz desigualdades sociais.
1 O ASSISTENCIALISMO
1.1 Conceito
O conceito de assistencialismo estabelece uma linha tênue com o conceito de assistência, podendo 
muitas vezes esses ser confundidos ou mesclados.
O assistencialismo teve seu início em torno de 3000 a.C., quando era praticado no mundo antigo 
pelas confrarias, em especial as “Confrarias do Deserto”.
Em algumas de suas expressões, o assistencialismo é agregado a uma dimensão espiritual.
O assistencialismo é visto como uma técnica voluntária e espontânea de doação, ajuda ou favorece às 
populações menos favorecidas, uma ação filantrópica, na qual se procura proporcionar uma vinculação 
dos assistidos aos que realizaram tal benfeitoria sob o sentimento de gratidão, vínculo e tutela. Ao ser 
desenvolvido pelo Estado, suas ações visam à retribuição por parte dos assistidos, perdendo a intenção 
de ser um direito, devendo ser retribuído eleitoralmente.
4
Unidade I
Re
vi
sã
o:
 L
ea
nd
ro
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
17
/0
1/
11
O assistencialismo parte de uma concepção do senso comum, sem profissionalização, para o qual as 
ações tidas como de “assistência” não são compreendidas ou entendidas como um direito social e um 
dever do Estado, mas sim como uma prática paternalista e burocrática, reduzindo os serviços e ações 
prestadas a repasses e concessões apenas. Essa ação não é percebida muitas vezes pelos indivíduos, 
pois eles se veem como um objeto de determinada ação e não mais como seres sociais, dotados de 
capacidades e valores.
As ações assistenciais expressam, portanto, uma forma de acessar um determinado bem, expressão 
da benesse, através da doação intencional, que estabelece uma relação que apresenta duas pessoas 
ou partes distintas: um doador e um receptor. Essa relação, mesmo que permeada de boas intenções, 
acarreta a dependência, pois a relação de apadrinhamento pressupõe uma dívida, um devedor que 
mesmo em longo prazo deverá pagar sua dívida.
Em síntese nas práticas assistenciais, a necessidade se constitui em um objeto de ajuda, em uma 
dificuldade a ser eliminada, num problema a ser resolvido, sem finalidade.
Esse conceito busca justificar a criação de serviços e instituições, pois se verifica na ajuda a melhor 
forma de realizar certa benfeitoria. Tem-se como instituições criadas durante esse período as casas de 
apoio, asilos, albergues, orfanatos, criados como forma de eliminar algumas demandas sociais por meio 
de ações do Estado ou mesmo dos serviços ou instituições privadas, sem apresentarem o caráter de 
dever ou de inclusão, apenas como forma e meio de apaziguar situações que demonstravam alguma 
disfunção a ordem social vigente.
Desses assistidos esperava-se a submissão e dependência, a sua não articulação ou organização, era 
pretendida apenas sua dominação e subordinação.
Alguns filósofos da antiguidade, tais como Aristóteles, Platão, Sêneca e Cícero, refletiram sobre as 
ações assistencialistas e, através de seus estudos verificaram a necessidade de propor uma racionalização 
a essas ações
São Tomás de Aquino (1224-1274) organizou a doutrina cristã, situando a caridade como um de 
seus pilares.
No século XVII, São Vicente de Paulo, na França, trouxe de volta o modelo de confraria para o 
assistencialismo.
Com a Revolução Francesa, a base da assistência foi deslocada, sendo posicionada como um direito 
do cidadão e um dever de todos de prestá-la.
Os teóricos clássicos (séculos XVII e XVIII) acreditavam que os homens são movidos por paixões 
que provocam desejos materiais que poderiam possibilitar conflitos entre eles. Consideravam 
que o poder não nascia do homem e sim de Deus e, portanto, a vontade divina deveria ser a base 
de todos os direitos. Nessa concepção, surge a necessidade do Estado controlar e atender ao bem 
comum.
5
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL 
Re
vi
sã
o:
 L
ea
nd
ro
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
17
/0
1/
11
Os clássicos consideravam que o homem vive em competição pela honra e pela dignidade, está em 
constante processo de comparação e sempre se julga mais capaz de exercer o poder público do que os 
que estão no poder. Essas concepções geram conflitos que podem ameaçar a paz
Da Idade Média até o século XIX, a assistência era encarada 
como forma de controlar a pobreza e de ratificar a sujeição. 
A assistência aqui é o assistencialismo, pois ainda havia um 
confusão entre estes conceitos.
Essa busca de acesso aos bens de consumo coloca 
o indivíduo em constante conflito entre o espaço que ocupa na sociedade e o que deseja alcançar, 
provocando uma busca por acumulação de bens. Tal comportamento pode ter por consequência imediata 
o aumento da violência, a complacência com a guerra e a morte.
O sistema capitalistaimplica convivência constante com a distribuição de renda desigual e a moral 
judaico-cristã de caridade e distribuição de bens. Essa contradição é abrandada pela representação 
coletiva de que, se o indivíduo se esforçar, terá condições de acumular bens e melhorar sua condição 
social, implicando uma busca constante de bens materiais, que acirra o espírito competitivo, necessário 
à manutenção do sistema.
Nesse contexto, o assistencialismo surge como uma possibilidade de abrandar conflitos, uma vez 
que desperta o sentimento de gratidão. A relação de benemerência vincula o assistido ao benemérito, 
seja ele público ou privado, abrandando assim os conflitos, uma vez que o indivíduo passa a perceber o 
explorador como benfeitor. Tal prática dificulta a percepção das políticas de assistência como um direito 
do cidadão e um dever do Estado.
Resumindo:
O assistencialismo surgiu a partir da 
iniciativa de grupos particulares, desde os 
primórdios da humanidade. Muitas de suas 
ações estão ligadas a uma dimensão espiritual, 
como iniciativa de grupos religiosos a fim de 
abrandar conflitos ou disseminar a fé.
1.2 As primeiras formas de assistencialismo no Brasil
A história do assistencialismo no Brasil se confunde com a própria organização 
do estado brasileiro, ao nos reportamos com a primeira organização geográfica, 
as capitanias hereditárias, verificamos que, conforme um decreto de Dom João III, 
o rei de Portugal estabeleceu que o Brasil fosse dividido em quinze grandes áreas 
geográficas que seriam administradas por doze famílias portuguesas e que estas terras 
continuariam a pertencer a Portugal. Além disso, essas famílias teriam direitos, amplos 
Lembre-se:
Assistência: política pública
Assistencialismo: caridade, doação.
6
Unidade I
Re
vi
sã
o:
 L
ea
nd
ro
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
17
/0
1/
11
poderes e poucos deveres, e, em contrapartida, o rei teria a garantia da colonização 
sem precisar fazer investimentos, já que sua maior preocupação era com o comércio 
nas Índias. Através deste processo, garantir-se-ia a submissão à coroa portuguesa 
(Costa; Melo, 1997).
Por outro lado, a população nativa brasileira jamais teria direito a qualquer terra. Os senhores feudais, 
que eram donos absolutos da terra e de tudo que ela produzisse, ofereciam favores aos trabalhadores 
das terras, o que era considerado como caridade e não como uma forma de trabalho.
O assistencialismo continua durante o período da escravidão, quando os senhores tinham poder 
absoluto sobre os escravos, sendo estes sua propriedade privada. Utilizava-se de meios como a prática 
religiosa obrigatória, por meio da qual os escravos frequentavam as capelas e eram obrigados a servir a 
fé religiosa católica. Tal atitude era apresentada como uma forma de justificar o direito às torturas e aos 
maus-tratos. Os escravos eram obrigados a se adequar à realidade de seus senhores, apropriando-se de 
sua cultura, hábitos, crença e religião. Apesar de não serem remunerados por suas atividades, os escravos 
muitas vezes recebiam presentes, que eram importantes para preservação da imagem de bondade dos 
patrões.
O processo não foi diferente nas relações de produção agrícola, em que imigrantes e nativos eram 
explorados, não recebiam salários dignos e tinham vinculação de consumo na própria fazenda. Para 
manter esta situação, os detentores do poder pagavam o salário, que mal dava para os empregados 
manterem-se, forneciam crédito como uma forma de preocupação e assistência, além de relações de 
apadrinhamento que causavam dependência e falsa sensação de aceitação do empregado no seio da 
família do patrão. Essas situações e esses pequenos presentes serviam para abrandar conflitos e revoltas 
trabalhistas.
As práticas assistencialistas, mesmo com a evolução do contexto histórico brasileiro, continuaram.
Já no início do processo de industrialização, exatamente no governo de Getúlio Vargas, 
manobras assistencialistas permeavam a administração, vista a ampliação da classe trabalhadora 
devido a essa mesma industrialização. Nesse período, foram criadas as legislações trabalhistas, 
pois se verificou que não se poderia atenuar os conflitos sociais apenas pela a força. Criou-se 
desse modo, um pacto, pacto de natureza populista, com uma mentalidade de direito. O direito, 
nesse caso, era expresso através da doação de bens e benefícios, a fim de evitar a revolta dos 
trabalhadores.
Esse pacto consistia na oferta gratuita de direitos trabalhistas em troca da passividade dos 
trabalhadores enquanto classe, impedindo a luta por direitos, abafando suas lutas, além de passar a 
imagem de Getúlio como um presidente comprometido com o povo. Porém, esse pacto, mesmo na 
forma de uma política ou legislação, não rompia com o caráter assistencialista impresso nessas ações, 
pois elas nada mais eram do que uma forma de atenuar os conflitos entre as classes sociais.
Acredita-se que uma das mais expressivas formas de assistencialismo expressas no Brasil se deu 
a partir da criação, em 1942, da Legião Brasileira de Assistência – LBA, no governo Vargas, sob a 
7
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL 
Re
vi
sã
o:
 L
ea
nd
ro
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
17
/0
1/
11
influencia de Darcy Vargas e com uma roupagem do primeiro damismo, sendo o primeiro damismo a 
institucionalização do assistencialismo na figura da mulher do governante.
Tal ação assistencialista perdura até os dias atuais, porem com uma nova feição. Tem-se em todo 
Brasil os “Fundos de Solidariedade” que nada mais são do que uma LBA sob uma nova roupagem. Os 
Fundos proporcionam, até os dias de hoje – mesmo com todo o evoluir das políticas sociais publicas –, 
o assistencialismo nu e cru. Muitas instituições políticas e partidárias se utilizam desse como forma de 
arrebanhar votos, voltando às velhas práticas.
Com esse breve relato histórico, percebemos que o assistencialismo no Brasil sempre foi utilizado 
como forma de abafar os conflitos entre explorados e exploradores, servindo para mascarar situações 
precárias de trabalho e acúmulo de capital nas mãos de poucos.
Questão para reflexão:
Na sua concepção, quanto às ações efetivas nos dias atuais, você acredita que as 
atividades desenvolvidas ainda são de caráter assistencialista ou já têm um cunho mais 
assistencial sob a ótica do direito e da cidadania?
1.3 Formas de assistencialismo
Historicamente, as primeiras formas de assistencialismo observadas eram estabelecidas pelas igrejas, 
como um dever moral, fundamentadas sob a ótica da ajuda e da solidariedade.
A Igreja Católica foi a instituição religiosa que mais se destacou nas ações assistencialistas. Ao 
assumir esse papel, desenvolvia práticas humanistas e voluntárias a fim de abafar possíveis conflitos 
sociais. Tais práticas podem ser notadas em diferentes contextos, como no caso dos asilos, internatos e 
orfanatos para crianças e jovens, hospitais, ou em equipamentos de segregação social, como os hospícios, 
leprosários ou os dispensários de tuberculose.
Marca com forma ou expressão do assistencialismo a filantropia. A filantropia é entendida como 
uma prática humanitária na qual se realiza a doação – material ou em espécie – como forma de 
desenvolvimento de um trabalho social. Ela é encarada como uma forma de desenvolver e promover 
uma mudança social sem a intervenção do Estado.
São expressões ainda do assistencialismo, a solidariedade, a caridade, o apadrinhamento, a 
benemerência, como também, o primeiro damismo, por meio de ações das primeiras-damas em fundos 
sociais de solidariedade.
Expressa-se também como forma de assistencialismo, a assistência dispensada por algumas 
instituições e organizações, desprofissionalizadas e com caráter apenas caritativo.
8
Unidade I
Re
vi
sã
o:
 L
eand
ro
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
17
/0
1/
11
Pode-se exemplificar algumas ações assistencialistas em nosso cotidiano, como a doação de roupas 
e brinquedos através de campanhas; doação de sopa para pessoas em situação de rua; apadrinhamento 
de crianças e idosos em períodos específicos; entre outras.
Observam-se hoje diferentes grupos assistencialistas distribuindo alimentos nas ruas, garantindo a 
subsistência dos indivíduos nas vias públicas, sem se aliarem à cobrança de políticas de inserção desses 
indivíduos nas ações em atividade nos municípios e nos estados; ou, ainda, programas governamentais 
de transferência de renda que não conseguem prever, a médio ou longo prazo, capacitações para o 
trabalho, ou expectativa de inserção em programas de geração de emprego, perpetuando programas de 
distribuição de cestas básicas, roupas etc.
Verifica-se que tais ações, que permearam e ainda permeiam a sociedade brasileira, 
confundem-se, muitas vezes, com as políticas sociais e as políticas públicas, com a assistência 
social, que é um direito e um dever do Estado, visto que muitas das vezes, tais ações ainda são 
enxergadas com um caráter de não direito. Essas práticas 
dificultam, ainda, a implantação e implementação de 
políticas públicas, a inclusão social, o protagonismo dos 
sujeitos sociais e o resgate de cidadania dos segmentos 
vulnerabilizados, pois são enxergadas apenas como uma 
prática em si e não como uma política de acesso aos 
mínimos sociais.
Questão para reflexão:
Qual a sua opinião sobre o assistencialismo?
2 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
A Revolução Industrial teve início na segunda metade do século XVIII, na Inglaterra, com a transição 
da manufatura e cultura artesanal para a mecanização dos sistemas de produção, encerrando a transição 
entre feudalismo e capitalismo, a fase de acumulação primitiva de capitais e de preponderância do 
capital mercantil sobre a produção. Completou ainda o movimento da revolução burguesa iniciada na 
Inglaterra no século XVII.
Esse período passou a ser considerado a Idade Moderna, definida como a busca de alternativas para 
melhorar a produção de mercadorias. O crescimento populacional incentivou a burguesia detentora do 
capital, na época, a buscar maior produção a menores custos.
Salienta-se que este século possuía várias particularidades. Foi um século marcado pelo grande 
avanço tecnológico nos meios de transportes, com a invenção da locomotiva e dos trens a vapor; o 
advento das máquinas. Com as máquinas a vapor, principalmente os gigantes teares, revolucionou-se o 
modo de produzir, substituindo o homem nas suas funcionalidades.
Assistencialismo: prática 
voluntarista, de caridade e solidariedade. 
Já assistência social é um direito e um 
dever do Estado.
9
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL 
Re
vi
sã
o:
 L
ea
nd
ro
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
17
/0
1/
11
Não foram só os avanços tecnológicos que marcaram esse século, mas sim os reflexos que esses 
avanços proporcionavam à sociedade. A baixa nos custos das mercadorias, acelerava o ritmo de produção, 
fazia crescer, na mesma escala, o desemprego e a insatisfação.
O trabalhador passou a ser considerado também como máquina, passível de regulagem e ajustes.
Ao se substituir as ferramentas por máquinas, substituindo o ser humano e sua energia pela energia 
gerada por uma máquina, configurou-se a Revolução Industrial, processo esse que veio a revolucionar a 
história através da evolução que ele imprimiu – revolução e evolução tecnológica.
As primeiras expressões do desenvolvimento da produção industrial tiveram início na Idade Média, 
com o desenvolvimento da manufatura, através de atividades de cunho doméstico e artesanal.
A manufatura, mencionando-a dentro desse contexto, era resultante do processo de ampliação 
da produção e do consumo de determinadas mercadorias, pela qual o pequeno produtor, nesse caso 
o artesão, a fim ampliar e aumentar a produção, introduziu-se nos modos de produção industrial 
realizando, domesticamente, uma parte da produção. Logo após esse fato, vendo que eram insuficientes 
essas relações de partilha, surgiram as primeiras fábricas.
Com o surgimento dessas, uma nova relação se introduzia, a relação de trabalho e de assalariamento. 
A produtividade aumentava em longa escala, sendo fruto dessa divisão chamada de divisão social e 
técnica do trabalho, que delimitava papeis, aumentava a produção e reduzia a participação do trabalhador 
em todas as etapas da confecção da mercadoria.
No período de maquinofatura – trabalho realizado já por máquinas – o trabalhador passou a ser 
regido pelo tempo e funcionamento da máquina, quando a gerência de seu próprio corpo era realizada 
por alguém fora dele. É nessa “coisificação” e “desumanização” do trabalho que a Revolução Industrial 
se consolidava.
A particularidade da Revolução Industrial ocorre exatamente na Inglaterra porque, nesse período, 
ela vivia uma situação privilegiada, pois possuía grandes reservas de carvão mineral em seu subsolo, 
fonte de energia para movimentar máquinas, como também grandes reservas de minério de ferro, 
principal matéria-prima utilizada nesse período. Era privilegiada, também, no contingente de mão 
de obra disponível, motivada pelo processo do êxodo rural para os centros urbanos, o que ampliou o 
mercado consumidor inglês.
A Inglaterra industrializou-se cerca de um século antes das outras nações, pois contava 
com particularidades que a favoreciam. O grande acúmulo de capital, de mão de obra e 
matéria-prima vinham a privilegiar sua ascensão enquanto nação industrializada e evoluída 
tecnologicamente.
Outro fator relevante era o modelo de Estado, pois a Inglaterra convivia, desde 1688, com a Revolução 
Gloriosa, um modelo de estado liberal. Essa particularidade fazia com que a Inglaterra vivenciasse esse 
modelo estatal um século antes da Revolução Francesa.
10
Unidade I
Re
vi
sã
o:
 L
ea
nd
ro
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
17
/0
1/
11
A Revolução Industrial poderia também ser chamada de Revolução fabril, pois uma de suas 
características era a concentração dos trabalhadores em fábricas. Essa característica produzia uma 
separação, que se pode dizer uma separação entre classes sociais, aspecto esse particular ao trabalho 
em si – o trabalho, desde essa época, é caracterizado como elemento de fundação para as relações, 
separando o capital dos meios de produção (instalações, máquinas, matéria-prima) do trabalho.
A Revolução alcançava patamares que iam além do chão da fábrica. A evolução gerada por esta 
proporcionava o desenvolvimento.
Mesmo com o desenvolvimento das cidades, a vida dos que vivenciavam essa realidade não 
acompanhava o ritmo das engrenagens das máquinas. A situação para os camponeses e artesãos era 
difícil, vivenciando uma realidade que não evoluía, só involuia. A partir das ideias advindas da Revolução 
Francesa, as classes dominantes procuraram “apaziguar” os 
ânimos, pois verificavam que outro tipo de revolução poderia 
surgir e acabar com seus sonhos dourados e enriquecedores. 
Para tal, criou-se a Lei Speenhamland, que garantia 
subsistência mínima ao homem incapaz de se sustentar pela 
ausência do trabalho.
Em consequência desse aumento da produção, cresceu a concorrência que ameaçava o capital. Para 
tanto, foi encontrada uma solução: a formação de cartéis e associações, que originou o capitalismo 
monopolista.
Surgiram, nesse contexto, as grandes corporações, que objetivavam o agrupamento do capital e 
garantiam sua expansão com muito mais impacto. A administração passa dos capitalistas individuais 
para setores administrativos que são responsabilizados pela circulação do capital, da força de trabalho 
e sua mercantilização.
A necessidade de aumentaro consumo para fazer girar a produção trouxe a proposta de expandir o 
mercado para dentro da vida familiar, que até então se autogeria em suas necessidades de alimentação 
e vestuário. O capitalismo começou a industrializar alimentos e vestuários, o que levou à dependência 
toda a vida social. Para tanto, desprezou a capacidade de produzir os alimentos e objetos necessários 
para a vida cotidiana (cultura de subsistência) no contexto doméstico, e supervalorizou a capacidade de 
consumir os produtos oferecidos no mercado.
As fábricas do início da Revolução Industrial eram insalubres e priorizavam a produção, sem 
considerar a necessidade de preservação das condições de vida e de trabalho da classe trabalhadora. 
Os salários eram baixos e ocorria a contratação de mão de obra infantil e feminina, com jornadas que 
chegavam a dezoito horas diárias. Funcionavam em ambientes com péssima iluminação, abafados e 
sujos.
Os trabalhadores, incluindo mulheres e crianças, eram sujeitados a castigos físicos, não possuíam 
direitos trabalhistas ou qualquer outro benefício. Por outro lado, a situação de desemprego gerava uma 
condição de extrema precariedade, levando o trabalhador a aceitar as péssimas condições de trabalho.
A Lei Speenhamland ou Lei dos 
Pobres simplesmente, foi implantada na 
Grã Bretanha, na qual eram garantidos, 
através de ações de proteção social, 
mínimos sociais por parte do Estado.
11
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL 
Re
vi
sã
o:
 L
ea
nd
ro
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
17
/0
1/
11
Mesmo com um sistema que gerava a dependência pelo medo da perda do trabalho, ocorreram 
muitas manifestações de denúncia e revolta para que fossem suscitadas mudanças nas condições de 
trabalho. Uma das mais expressivas manifestações ocorridas nesta época foi o Ludismo, uma forma de 
manifestação e expressão por parte dos trabalhadores que consistia na quebra de máquinas. Os ludistas 
invadiam fábricas e destruíam seus equipamentos como forma de protesto e revolta pela situação em 
que viviam.
Também foram consequências do processo de Revolução Industrial a poluição ambiental e sonora, o 
êxodo rural, além do desemprego, que ainda é um problema nos dias atuais. 
Questão para reflexão:
Com o advento da máquina, ocorreu uma desumanização do ser, ou seja, o trabalho que 
se apresenta como categoria fundante do ser social representa agora sua alienação. Nos 
dias atuais, você ainda verifica essa desumanização nas expressões e formas de trabalho?
2.1 As fases da Revolução Industrial
A Revolução Industrial, mesmo sendo um movimento único, tomou em seu evoluir rumos diferenciados 
que podem dividi-la em fases.
A primeira fase da Revolução Industrial aconteceu entre os anos de 1760 a 1850. Nesses anos a 
Inglaterra, primeira a aderir a esse novo modelo produtivo, liderava todo o processo de industrialização. 
As particularidades expressas pelo seu desenvolvimento técnico-científico foram significativas, pois ela 
foi terreno das primeiras máquinas confeccionadas em ferro e que utilizavam o vapor como força 
motriz.
Já a segunda fase se iniciava logo na década de 1850, marcada pela aceleração do processo de 
industrialização, uso de novas tecnologias e matérias primas, descoberta de novas fontes de energia, 
entre outros.
A terceira fase da Revolução industrial ocorreu logo após a Segunda Grande guerra, quando a 
economia internacional começava a passar por profundas transformações. Essa nova fase apresenta 
processos tecnológicos decorrentes de uma integração física entre ciência e produção, também chamada 
de revolução tecnocientífica.
2.2 O processo de modernização pós Revolução Industrial
O processo de modernização ocorrido pós Revolução industrial acelerava o ritmo da produção 
industrial.
Marcaram esse contexto o boom de inovações tecnológicas, a evolução no processo de transformação 
da matéria-prima, uso de máquinas mais evoluídas e automáticas, com menor uso da força humana.
12
Unidade I
Re
vi
sã
o:
 L
ea
nd
ro
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
17
/0
1/
11
A evolução nem sempre gera uma apropriação completa por parte de todos os partícipes desse 
processo. Com a aceleração do processo evolutivo dos modos de produção, pensava-se em modos de se 
obter mais lucro e gastar menos. Para tal, um reordenamento geral foi elaborado e estabelecido, no qual 
os trabalhadores passavam por um processo de especialização de sua mão de obra, pela qual só tinham 
responsabilidade e domínio sob uma única parte do processo industrial, não tendo mais ciência do valor 
da riqueza por eles produzida. Isso gerava lucro.
O trabalhador passava agora a ser assalariado, vendendo sua força de trabalho; porém seu salário 
nem sempre condizia com o que ele produzia. Essa mudança só pôde ser concretizada pelo modelo de 
sociedade – dividida em classes distintas – e pelo controle que essas tinham do processo de produção 
da economia.
Com essa divisão de tarefas e papeis, o controle e acesso à matéria-prima eram monopolizados, o 
que favorecia a burguesia.
Durante o século XX, outros pensamentos permearam o sistema capitalista. As ideias do 
industriário Henry Ford e do engenheiro Frederick Winslow Taylor vieram a somar à “evolução” 
industrial. Com uma metodologia que otimizava o tempo e tinha como premissa a eficiência do 
processo produtivo, agilizava-se as respostas que essas teriam para o mercado e consequentemente, 
o lucro seria maior. 
Diz-se que vivenciamos atualmente uma quarta Revolução industrial. 
Em diferentes países, o processo de modernidade não parou; a cada dia o avanço tecnológico 
substitui a necessidade de mão de obra trabalhadora e exige um nível de especialização dessa mão de 
obra nem sempre disponível para atender as demandas.
Nessa nova relação de trabalho, a mão de obra excedente vê-se obrigada a buscar novas vias para 
subsistir, subalternizando as condições de produção e de trabalho.
A família perde a capacidade de suprir suas necessidades mínimas e básicas de subsistir, sofrendo um 
enfraquecimento, demandando uma atuação do Estado, que tem uma função reguladora das relações 
sociais.
O Estado, a serviço do capitalismo, cria equipamentos sociais e regulatórios que enquadram e 
fragmentam as relações sociais. Seus aparatos servem, também, como modo de alienação e submissão.
Na expansão do capitalismo, novas necessidades e novos serviços surgem para responder às demandas 
da vida capitalista, e a cada necessidade um serviço é oferecido, num processo de mercantilização de 
todas as ações da vida dos indivíduos.
13
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL 
Re
vi
sã
o:
 L
ea
nd
ro
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
17
/0
1/
11
Resumindo
A Revolução Industrial
A Revolução Industrial teve como fases a do artesanato, da 
manufatura e da mecanização.
O processo de industrialização exigiu o desenvolvimento e, por 
consequência, o investimento.
A Revolução Industrial, mesmo com um caráter que marcava mais 
negativamente do que positivamente a sociedade, proporcionou:
• Urbanização devido ao êxodo rural – sociedade rural para a 
sociedade industrial.
• Mecanização.
• Desenvolvimento industrial.
• Desenvolvimento dos meios de transportes e comunicações.
• Expansão do sistema capitalista.
A Revolução Industrial dividiu-se em três fases, com uma suposição 
da existência de uma quarta fase.
2.3 O advento do capitalismo
O sistema capitalista surgiu e concretizou-se como sistema econômico durante o século XVI, com as 
práticas industriais e mercantis no continente europeu.
Como modo de produção, o capitalismo passou a se assentar em relações sociais de produção 
capitalista, marcadas fundamentalmente pela comprae venda da força de trabalho.
Esse sistema relaciona-se com a produção. A produção é uma atividade social na qual se estabelece 
a cooperação entre os homens, porém essa relação depende do nível dos meios de produção. Ela ainda 
reproduz a condição de existência humana através de meios materiais: produção social = relação 
social.
O capital é o determinante de todo processo de vida e suas relações. Ele pode ser expresso por 
mercadorias e dinheiro. O capital, portanto, se expressa sob a forma de mercadorias: meios de produção 
e meios de vida necessários para a reprodução da força de trabalho.
14
Unidade I
Re
vi
sã
o:
 L
ea
nd
ro
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
17
/0
1/
11
Entende-se por mercadoria um objeto útil, que tem uma utilidade dentro do processo reprodutivo, 
com valor de uso, com uma grandeza social. É sabido que nem toda mercadoria é capital.
O capital é propriedade do capitalista, como também o trabalho – força de trabalho vendida 
ao empregador pela classe trabalhadora. O capitalista monopoliza os meios de produção e de 
subsistência.
Toda relação existente no capitalismo supõe uma condição de assalariamento. A condição de 
assalariamento é intimamente ligada à venda da força de trabalho do proletariado. Esta é trocada por 
valores, mesmo estes sendo diferentes do que os trabalhadores realmente deveriam receber – aí que 
está a criação do antagonismo e da desigualdade, pois nessa relação é extraída a mais-valia, que não é 
apropriada por aqueles que estão do outro lado da esteira.
A história do capitalismo é a história das classes sociais, 
o elemento definidor do capitalismo, seu traço distintivo é a 
posse, de maneira privada, dos meios de produção por uma 
só classe e a exploração da força de trabalho daqueles que 
não a detém.
Considerando seu processo de desenvolvimento, pode-se dividir o capitalismo em três fases: 
capitalismo comercial, industrial e financeiro.
A primeira fase do desenvolvimento do capitalismo em muitas literaturas é confundida com a 
Revolução Industrial. Essa fase é caracterizada pelo grande desenvolvimento tecnológico que veio 
a fomentar a evolução da indústria.- mecanização, divisão do trabalho, especialização da mão de 
obra.
A I Guerra Mundial influenciou fortemente o sistema capitalista. O mercado internacional se 
restringiu, a moeda ficava defasada, entre outras alterações.
É no berço da estruturação do capitalismo, após a Segunda Guerra Mundial – 1945, que surge 
o serviço social, vinculado às políticas sociais estatais, como o agente de implementação dessas 
políticas.
Importante ressaltar que as políticas sociais, embora em sua maioria representem conquistas das 
classes trabalhadoras, passaram a serem instrumentos de intervenção estatal a serviço do projeto 
hegemônico do capital, garantindo a manutenção do sistema vigente e abrandando conflitos entre o 
capital e o trabalho.
Nesse contexto, surge a primeira contradição do trabalho técnico do assistente social: a 
necessidade de reprodução do sistema, garantindo os interesses do capital em contraponto à luta 
dos trabalhadores pela conquista e defesa de direitos. Tal contradição coloca ao profissional a 
necessidade de uma opção política, inserida nas contradições entre as classes e na disputa por 
interesses.
A sociedade capitalista é a expressão 
histórica do desenvolvimento social e, 
portanto, necessária à expansão das 
forças produtivas do trabalho.
15
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL 
Re
vi
sã
o:
 L
ea
nd
ro
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
17
/0
1/
11
Resumindo:
O sistema capitalista, em seu desenvolvimento mundial, tem como 
características:
1. Estrutura de propriedade, predominando a propriedade privada.
2. Relação de trabalho com a presença do trabalho assalariado.
3. Objetivo de obtenção de lucro, não importando seus reflexos.
4. Meios de troca, sendo o mais expressivo o dinheiro, que facilitava 
o comércio.
5. Funcionamento da economia: os agentes econômicos realizam 
investimentos guiados pela lei da oferta e da procura. Investem 
com o objetivo de conseguir a maior rentabilidade.
6. As relações sociais são relações de desigualdade social, 
principalmente nos países subdesenvolvidos, ficando a maior 
parte da renda com poucos.
Evolução do Sistema Capitalista
1. capitalismo – crescimento econômico de 1945-73;
2. produção: fordista/taylorista – produção em massa;
3. reprodução: keynesianismo – sistema de regulação social;
4. distribuição: cadeia de lucro;
5. consumo: consumo em massa.
Pós-73 – Crise do capitalismo (crise estrutural)
1. superprodução;
2. hiperinflação;
3. crise do petróleo;
4. queda da taxa de lucro.
16
Unidade I
Re
vi
sã
o:
 L
ea
nd
ro
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
17
/0
1/
11
Fases do Capitalismo:
• Capitalismo mercantilista: colonialismo, constituição de um Estado-nação, que controlava e 
promovia o acesso aos direitos civis. Sua ideologia era liberal.
• Capitalismo liberal ou concorrencial (final do século XVIII): esse foi resultado da Revolução 
Industrial e teve duas subfases: uma que se iniciou em 1848 como o advento da máquina a 
vapor e outra de se iniciou a partir de 1873. As ligações comerciais entre os subsistemas centrais 
e periféricos – puramente econômicas e não monopolistas. Consolidação Estado-nação e dos 
direitos políticos. O liberalismo é tido como visão de mundo e coloca o Estado à margem das 
atividades econômicas.
• Capitalismo organizado: final do século XIX.
• Capitalismo desorganizado: final da década de 1960.
Questão para reflexão:
O que vem a ser o sistema capitalista? No Brasil, você observa a presença desse 
modelo econômico?
2.4 Capitalismo monopolista e o serviço social
O sistema capitalista apresenta-se em sua fase monopolista, expressa-se através de massivos 
investimentos da região central até sua periferia. Denomina-se, também, como neocapitalismo ou 
simplesmente neocolonialismo.
Sua maior característica se mostra através das relações de dominação e dependência.
Seu ápice ocorreu no pós Segunda Guerra Mundial, com o avanço da constituição do Estado-nação 
nos subsistemas periféricos.
A ideologia que imperava era de pós-liberalismo.
O capitalismo se dividiu em duas subfases:
a. Clássica: com o esgotamento da expansão advinda da primeira revolução tecnológica.
b. Capitalismo tardio: terceira revolução tecnológica (1940-45). Teve uma crescente automação e 
regulação eletrônica da produção, como também uma internacionalização e centralização do 
capital. Advém um espírito individualista e a competição sem limites que dá lugar à fé na ciência 
e na técnica.
17
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL 
Re
vi
sã
o:
 L
ea
nd
ro
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
17
/0
1/
11
O serviço social entra nessas nuances do desenvolvimento econômico, como parte acessória do 
sistema capitalista.
2.5 A divisão social do trabalho: introdução ao pensamento de Karl Marx
O marxismo se baseia no materialismo e no socialismo científico, constituindo, ao mesmo tempo, 
uma teoria geral e o programa dos movimentos operários, tendo suas bases de ação nestes movimentos, 
porque eles unem a teoria à prática.
Karl Marx. com sua teoria – muitos chamam de método de Marx – desvenda as leis do desenvolvimento 
do capitalismo, revelando que para cada época ou contexto histórico, um modelo de produção é 
vivenciado e, por consequência, um sistema de poder é estabelecido. Para ele, as relações existentes no 
sistema capitalista de produção estabeleciam relações de poder tais, que pela apropriação dos meios e 
modo de produção eram vivenciadas relações entre classes antagônicas.Marx pauta sua teoria nas relações oriundas do trabalho, estabelecendo este como motor das 
demais relações sociais. Identifica também as relações de produção que iniciam e introduzem as relações 
sociais.
A relação fundamental do capitalismo tinha por base o assalariamento. Através desta relação, um 
contrato era firmado entre o empregador e o trabalhador, contrato esse com objetivos distintos. Era 
estabelecido que o trabalhador vendesse sua força de trabalho ao empregador e em troca desta era-lhe 
pago um salário. Essa era sua mercadoria dentro desta relação de mercado
O capitalista pagaria aos trabalhadores um salário em troca do seu trabalho. O trabalho era 
desenvolvido, porém o valor pago por esse não condizia com as horas que eram disponibilizadas ao 
empregador, ou seja, dentro dessa relação de compra e venda, o capitalista retirava maior proveito e 
ainda lucrava com este trabalho excedente e não pago.
Para Marx, o trabalho humano é único que o diferencia das demais espécies, segundo sua ação com 
a natureza. Todo trabalho operado pelo homem tem uma intencionalidade previamente elaborada, ou 
seja, ele elabora um processo de trabalho, com o uso consciente e racional da natureza e a compreensão 
dessa intencionalidade processual.
O trabalho envolve um ato criativo que vai além da atividade instintiva. Além de transformar o objeto 
que está sendo elaborado, ele também se transforma numa busca por aperfeiçoamento. Cria novas 
possibilidades de ação, possibilitando uma socialização desse conhecimento apreendido para outros 
indivíduos, que poderão reproduzir o trabalho ou propor novas formas de executá-lo, independentemente 
de o terem criado.
Essa força de trabalho, segundo Marx, como base na relação capitalista de produção, é vendida 
para um empregador que possui os meios de produção. Tal relação implica três fatores anteriores: a 
separação da força de trabalho dos meios de produção, o desejo dos trabalhadores de vender sua força 
de trabalho e do empregador de utilizar esse trabalho, acumulando capital.
18
Unidade I
Re
vi
sã
o:
 L
ea
nd
ro
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
17
/0
1/
11
Segundo o marxismo, o capitalismo encerra a contradição fundamental entre o caráter social da 
produção e o caráter privado da apropriação, que forma a base para o antagonismo de classes.
Entende-se por caráter social da produção, a divisão técnica do trabalho, na qual há a organização 
do trabalhador no interior da fábrica e a delimitação de tarefas e funções. A atuação imposta aos 
trabalhadores imprime uma atuação solidária e coordenada. Mesmo se falando de um caráter social da 
produção, o produto do trabalho não se revela com um produto social, pois a propriedade é privada do 
capitalista e nem sempre a mercadoria é uma mercadoria social e com valor de uso ou valor de troca. O 
produto do trabalho social, portanto, se incorpora a essa propriedade privada.
Marx descreve o valor de uso e o valor de troca no modo produtivo como quando um objeto, útil a 
alguém, passa a possuir um valor de uso, uma utilidade dentro desse contexto relacional, pois o que se 
vê é que essa utilidade que o torna valorativa ao uso.
O processo de organização das comunidades implica uma base de divisão do trabalho elaborado por 
diferentes indivíduos. Os processos de trabalho para a criação dos produtos eram responsabilidade de 
cada indivíduo da comunidade, e muitas habilidades eram desenvolvidas por todos para a manutenção 
da vida, ou seja, para a reprodução social do trabalho.
O capitalismo se apropria do trabalho e dá a ele um valor de troca; todavia, essa troca demonstra que 
o capitalista, detentor dos meios de produção, o organiza, enquanto a realização desse trabalho decorre 
do conhecimento do trabalhador. A diferença entre o custo real da mercadoria (matéria-prima e custo 
da força de trabalho) e o custo ofertado no mercado, que permite a acumulação de capital pelo detentor 
dos meios de produção, é denominado por Marx como mais-valia.
Esse valor advém do tempo trabalhado e refere-se ao momento em que o trabalhador 
tem seu valor de uso enquanto força de trabalho utilizada por mais tempo do que o 
necessário para a sua reprodução social (...).
Num primeiro momento, essa mais-valia limitava-se à extensão da jornada de trabalho, 
ao que se chama de mais-valia absoluta. Com o avanço tecnológico e a possibilidade 
de produzir mais em tempo menor, esse valor excedente apropriado pelo capitalista 
refere-se à mais-valia relativa (Marx; Engels, 1952).
A divisão social do trabalho imposta pelo capitalismo inicia-se com os sistemas de cooperativas pelos 
quais os trabalhadores são aglomerados e as vantagens da utilização em massa da força de trabalho são 
visíveis.
As pequenas oficinas são substituídas por grandes salões, onde todos trabalham, revelando que a 
associação entre os homens os torna mais produtivos, propiciando um aumento ainda maior de acúmulo 
de capital.
A centralização do trabalho em um único local possibilitou uma melhor observação de seu processo, 
essencial para o controle do trabalho por parte do capitalista. Surgem novas demandas para esse controle, 
19
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL 
Re
vi
sã
o:
 L
ea
nd
ro
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
17
/0
1/
11
como serviços de supervisão, entre outros, para manutenção da ordem na produção, utilizando coerção, 
violência e castigo no interior das fábricas. Essas medidas ainda teriam de ser ampliadas para dar conta 
do processo de industrialização que estava em curso.
A divisão social do trabalho efetiva-se pela distribuição das tarefas entre os diversos trabalhadores, 
para que esses, especializados em um dado fazer, sejam mais rápidos e, com isso, aumentem a 
produtividade sem ter a compreensão de todo o processo de trabalho, mecanizando as ações e 
impedindo o processo de criatividade. Cabe ao trabalhador saber apenas o necessário para cumprir 
suas tarefas.
O capitalismo substitui o saber em troca de uma automação da mão de obra fragmentada, criada de 
acordo com as necessidades do capital.
Esse processo deu origem à Revolução Industrial, que utilizou as máquinas para tornar mais barato o 
custo de produção dos bens e possibilitou a diminuição da jornada de trabalho e o aumento ainda maior 
da produção, sem o correspondente aumento de salário, propiciando assim um aumento do acúmulo de 
capital pelos detentores dos meios de produção.
Segundo Marx, o sistema capitalista não garante meios de subsistência a todos os membros 
da sociedade. Pelo contrário, é condição do sistema a existência de uma massa de trabalhadores 
desempregados, que ele chamou de exército industrial de reserva, cuja função é controlar, pela própria 
disponibilidade, as reivindicações operárias.
Para refletir:
Segundo sua apreensão quanto ao texto, você acredita ter a divisão do trabalho um 
caráter social?
2.6 As relações sociais e o serviço social dentro do sistema capitalista
O serviço social como profissão inserida na divisão social do trabalho tem algumas singularidades 
no seu “fazer profissional”.
O estudo da profissão de serviço social procura seu significado dentro da sociedade capitalista, ou 
seja, através de sua compreensão. A reprodução das relações sociais é a reprodução da totalidade do 
processo social, a reprodução de determinado modo de vida, ou seja, o modo de como são produzidas e 
reproduzidas as relações sociais na sociedade.
O trabalho apresenta-se como base da vida social, ou seja, é por ele e através dele que o homem se 
relaciona consigo mesmo e com o meio, utilizando de sua racionalidade para apropriar-se dos recursos 
naturais. O homem é impulsionado por necessidades básicas e vitais na manutenção de suas existenciais, 
dessas necessidades surgem outras, formando um conjuntode relações sociais, fazendo-o um ser social 
e histórico dentro desse processo. Assim, o homem realiza sua práxis, atividade na qual ele transforma 
20
Unidade I
Re
vi
sã
o:
 L
ea
nd
ro
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
17
/0
1/
11
a si e o meio, ação na matéria, criando uma nova realidade 
humanizada, cuja forma privilegiada é o trabalho.
Segundo Marx, o primeiro ato histórico pelo qual podemos 
distinguir os homens dos demais animais não é o de pensar, 
mas o de começar a produzir os seus meios de vida.
No processo de trabalho, os homens criam determinadas 
relações entre eles, relações essas chamadas de relações de 
produção, pelas quais desenvolvem suas capacidades produtivas através da força desempenhada por 
seu trabalho, constituindo o modo de produção. Esse nível de produção é que constitui os diferentes 
tipos de classes sociais.
São as relações de produção que determinam a divisão das classes sociais, segundo suas 
condições materiais: os que detêm os meios de produção e aqueles que vendem sua força de 
trabalho.
Para Marx, é por meio do trabalho, atividade intencional e racional, com finalidade, que o homem 
transforma a natureza a fim de obter a realização de suas satisfações. Nessa relação há uma mútua 
transformação, pois ao apropriar-se do recurso natural, o homem transforma a natureza e a si mesmo. 
É essa ação intencional e racional que diferencia os homens dos animais, como também a consciência 
e a religião.
Através do trabalho, também através das relações sociais que se iniciam os modos de vida social, as 
ideias, as concepções de mundo, criam-se novas necessidades, os valores, uma vez que mesmo com a 
produção de objetos inanimados por esses homens, seus instrumentos de trabalho, seus modos de vida, 
proporcionam que eles também produzam novas capacidades e qualidades humanas, humanizando e 
criando novas necessidades.
A teoria social de Marx inaugura uma ontologia social e coloca as bases para a compreensão da 
totalidade histórica da ordem burguesa.
A ontologia do ser social tem um vínculo com a realidade histórica, buscando reproduzir a dinâmica 
feita pela história segundo seu conhecimento, não desprezando a totalidade em nenhuma de suas 
dimensões.
Revelou-se que não é possível um conhecimento teórico neutro, uma ciência neutra. Associou-se a 
perspectiva de classe às teorias a fim de entender a realidade para depois revolucioná-la.
Marx não separa a teoria do método, ou a teoria e a realidade, elaborando uma analise intelectual e 
teórica do conteúdo revolucionário.
O método dialético de Marx é revolucionário, entender e criticar o modo de produção capitalista e os 
antagonismos existentes, visando à sua superação. Sua dialética reconhece a negatividade do processo 
Lembre-se:
A práxis relaciona-se a uma atividade 
prática de transformação. Esse 
conceito surgiu de modo aprimorado 
por Karl Marx. Para Marx, a práxis é 
uma atividade humana, prática e crítica 
que nasce na relação do homem com a 
natureza.
21
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL 
Re
vi
sã
o:
 L
ea
nd
ro
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
17
/0
1/
11
histórico e sua totalidade, fazendo uma analise econômica e política da relação entre capital e trabalho 
dentro do modo de produção capitalista.
A crítica que a teoria social de Marx estabelece é ontológica, pois desvenda o processo de 
desumanização do ser social dentro da ordem burguesa, dentro da categoria fundante que é o trabalho 
e seu processo histórico nesta realidade social.
O método de Marx fundamenta-se na perspectiva de totalidade, suas dimensões constitutivas e 
o processo de reprodução histórica, busca entender as mudanças dentro do processo, os fenômenos 
da sociedade capitalista e suas funções, apreender a legalidade da ordem burguesa e as formulações 
teóricas, expressando o movimento da própria realidade sócio-histórica.
O contexto que se insere esta perspectiva apresentava como mudanças socioculturais 
são:
• economia: Revolução Industrial;
• política: rompimento com o absolutismo e consolidação do estado moderno;
• ideologia e cultura: ideais Iluministas;
• modernidade: Revolução Industrial e Revolução Francesa.
O serviço social na Europa e nos Estados Unidos aparece vinculado à expansão do capitalismo 
monopolista como forma de garantir a reprodução desse sistema e das relações sociais que davam suporte 
ao trabalho alienado. O Estado passou a incorporar o trabalho do assistente social na implementação de 
políticas sociais que objetivavam atenuar os conflitos entre o capital e o trabalho, e combater a ameaça 
das ideias comunistas entre as classes subalternas.
Tal contexto sociopolítico de centralização e intervenção estatal na condução de políticas econômicas 
e sociais evidencia as expressões da questão social como matéria-prima do serviço social, sua base e 
primeira linha de ação, justificando sua relevância na constituição de seu espaço profissional dentro da 
divisão social e técnica do trabalho.
O serviço social, inscrito na divisão social e técnica do trabalho, dentro do processo de 
reprodução das relações sociais, aparece como uma alternativa auxiliar do Estado através de 
serviços sociais. É uma expressão do trabalho coletivo através das relações antagônicas geradas 
pelo capital. Nesta perspectiva, o serviço social apresenta-se como mediador dos serviços sociais 
estabelecidos pelo Estado, partícipe do processo de reprodução das relações sociais, partícipe 
desse processo social.
As maiores áreas de atuação do serviço social nessa gênese se pronunciavam pela prestação dos 
serviços sociais, na garantia mínima de sobrevivência, como complementação salarial, salário indireto aos 
22
Unidade I
Re
vi
sã
o:
 L
ea
nd
ro
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
17
/0
1/
11
trabalhadores, subsidiando sua reprodução física, intelectual 
e espiritual, como também de sua família. É a garantia do 
aumento da produtividade e da subordinação do trabalhador, 
pela manutenção do exército industrial de reserva – EIR, a 
competitividade, institucionalizando a pobreza e mantendo 
a “paz social”.
Com o crescimento das demandas por bens e serviço 
dirigidas ao Estado pela classe trabalhadora, abriu-se um 
novo mercado de trabalho no campo das políticas sociais, 
onde o assistente social atuaria como executor de programas 
sociais.
EXERCÍCIOS
1) A assistência social inicialmente apresentou-se como uma prática de favor e ajuda, porém com a 
evolução histórica, esta se configura como:
A) Segurança social.
B) Proteção social.
C) Direito.
D) Dever de todos.
E) Retribuição social.
Resposta: C
A partir da contemporaneidade, a assistência social alcançou um “novo” patamar, desfiliando-se da 
ideia de ajuda, benemerência, alcançando um patamar de direito adquirido e não trocado, e dever do 
Estado.
2) Onde se expressa a maior área de atuação do serviço social em sua gênese?
Resposta:
Suas maiores áreas de atuação nessa gênese se davam através dos serviços sociais, na garantia 
mínima de sobrevivência, como complementação salarial, salário indireto aos trabalhadores, subsidiando 
sua reprodução física, intelectual e espiritual, como também de sua família.
3) No novo modelo de produção industrial, busca-se um novo tipo de trabalhador enquadrado nos 
objetivos da empresa, que requer sua força de trabalho. Esse trabalhador deve ser capacitado para:
Os serviços sociais são expressão 
dos direitos sociais do cidadão, embora 
sejam ministrados e ofertados por 
intermédio das relações de trabalho 
ou na cessão de seu trabalho. Esses 
são expressão da divisão riqueza 
socialmente produzida – ou parte dela 
– sob a forma de rendimentos.
Em resumo, é um direito do 
trabalhador,reconhecido pelo próprio 
capital, que se torna um meio de 
reforço do paternalismo do Estado e da 
retomada do coronelismo.
23
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL 
Re
vi
sã
o:
 L
ea
nd
ro
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
17
/0
1/
11
A) Desempenhar funções especificas e únicas, de modo manufatureiro.
B) Ser polivalente, multifuncional, e que se torne parte de uma engrenagem no servir à empresa.
C) Funções fragmentadas e com tempo livre.
D) Atividades empreendedoras e que respondam aos interesses patronais.
E) Trabalho flexível, porém criticando a exploração capitalista.
Resposta: B
Com os avanços da produção, hoje se exige um profissional que desempenhe inúmeras funções e que 
responda da melhor maneira aos interesses do empregador, sem se colocar contra a política empresarial, 
sendo, como cita no texto anterior, parte da engrenagem que faz mover uma máquina.
4) O trabalho como categoria fundante para o ser social, apresenta-se como prioridade em relação às 
demais relações sociais, pois é através dele que se pode apreender os fenômenos sócio-históricos 
que as determinam. Tal compreensão permite considerar que o serviço social, como profissão 
particular desenvolvida no processo da divisão social e técnica do trabalho, insere-se:
A) Nos conflitos de classes, adotando postura de neutralidade ética como forma de construir 
autonomia profissional frente aos diversos e antagônicos interesses sociais.
B) No mercado de trabalho como profissão liberal, controlando as condições materiais, 
organizacionais e técnicas para o pleno desempenho de seu trabalho.
C) No interior dos equipamentos socioassistenciais, desenvolvendo ações socioeducativa junto às 
classes subalternizadas, através dos serviços sociais.
D) Nas relações privadas, neutro de pensamento, com caráter doutrinário apenas.
E) Na divisão do trabalho como profissão que leve a paz através dos ideários católicos.
Resposta: C

Outros materiais