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Caderno Sistematizado Crimes de preconceito

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CS – CRIME DE PRECONCEITO 1 
 
CRIMES RESULTANTES DE PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO 
APRESENTAÇÃO .......................................................................................................................... 4 
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 5 
2. TUTELA CONSTITUCIONAL ................................................................................................... 5 
2.1. PREÂMBULO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL ................................................................ 5 
2.2. DISPOSITIVOS DA CF/88 ................................................................................................ 5 
3. TUTELA DA IGUALDADE NA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DOS HOMENS 8 
4. ÂMBITO DE INCIDÊNCIA DA LEI Nº 7.716/89 ...................................................................... 10 
5. DIFERENCIAÇÃO DE DISCRIMINAÇÃO E PRECONCEITO ................................................ 10 
6. CONCEITOS ......................................................................................................................... 11 
6.1. RAÇA ............................................................................................................................. 11 
6.2. COR ............................................................................................................................... 11 
6.3. ETNIA ............................................................................................................................. 11 
6.4. RELIGIÃO ....................................................................................................................... 11 
6.5. PROCEDÊNCIA NACIONAL .......................................................................................... 12 
7. OUTRAS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO ............................................................................ 13 
8. CRIMES DA LEI Nº 7.716/89 ................................................................................................. 15 
8.1. IMPEDIR ACESSO CARGO PÚBLICO .......................................................................... 15 
8.1.1. Previsão legal e considerações ............................................................................... 16 
8.1.2. Conflito aparente de normas .................................................................................... 16 
8.2. IMPEDIR PROMOÇÃO NA CARREIRA.......................................................................... 17 
8.2.1. Consumação ........................................................................................................... 17 
8.2.2. Sujeito ativo ............................................................................................................. 17 
8.3. IMPEDIR ACESSO ÀS FORÇAS ARMADAS ................................................................. 17 
8.3.1. Sujeito ativo ............................................................................................................. 18 
8.3.2. Sujeito passivo ........................................................................................................ 18 
8.3.3. Consumação ........................................................................................................... 18 
8.3.4. Tentativa .................................................................................................................. 18 
8.4. RACISMO NA INICIATIVA PRIVADA (ANTES DA CONTRATAÇÃO) ............................ 18 
8.4.1. Sujeito ativo ............................................................................................................. 19 
8.4.2. Sujeito passivo ........................................................................................................ 19 
8.4.3. Consumação ........................................................................................................... 19 
8.4.4. Conflito aparente de normas (critério da especialidade) .......................................... 19 
8.5. RACISMO NA INICIATIVA PRIVADA (APÓS A CONTRATAÇÃO) ................................. 20 
8.5.1. DEIXAR DE CONCEDER OS EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS AO EMPREGADO 
EM IGUALDADE DE CONDIÇÕES COM OS DEMAIS TRABALHADORES .......................... 20 
8.5.1.1. Sujeito ativo ............................................................................................................. 20 
8.5.1.2. Sujeito passivo ........................................................................................................ 21 
8.5.1.3. Consumação ........................................................................................................... 21 
8.5.1.4. Tentativa .................................................................................................................. 21 
8.5.2. IMPEDIR A ASCENSÃO FUNCIONAL DO EMPREGADO OU OBSTAR OUTRA 
FORMA DE BENEFÍCIO PROFISSIONAL ............................................................................. 21 
8.5.2.1. Sujeito ativo ............................................................................................................. 21 
8.5.2.2. Sujeito passivo ........................................................................................................ 21 
8.5.2.3. Consumação ........................................................................................................... 21 
8.5.2.4. Tentativa .................................................................................................................. 21 
8.5.3. PROPORCIONAR AO EMPREGADO TRATAMENTO DIFERENCIADO NO 
AMBIENTE DE TRABALHO, ESPECIALMENTE QUANTO AO SALÁRIO ............................ 21 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 2 
 
8.6. RACISMO NA COLOCAÇÃO DE ANÚNCIOS DE EMPREGOS ..................................... 22 
8.7. DISCRIMINAÇÃO NOS ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS ..................................... 22 
8.7.1. Artigo 5º da Lei nº 7.716/89 ..................................................................................... 22 
8.7.1.1. Sujeito ativo ............................................................................................................. 23 
8.7.1.2. Sujeito passivo ........................................................................................................ 23 
8.7.1.3. Consumação ........................................................................................................... 23 
8.7.2. Artigo 7º da Lei nº 7.716/89 ..................................................................................... 23 
8.7.2.1. Sujeito ativo ............................................................................................................. 23 
8.7.2.2. Sujeito Passivo ........................................................................................................ 23 
8.7.2.3. Consumação ........................................................................................................... 23 
8.7.2.4. Tentativa .................................................................................................................. 23 
8.7.3. Artigo 8º da Lei nº 7.716/89 ..................................................................................... 24 
8.7.3.1. Sujeito ativo ............................................................................................................. 24 
8.7.3.2. Sujeito Passivo ........................................................................................................ 24 
8.7.3.3. Consumação ........................................................................................................... 24 
8.7.3.4. Tentativa .................................................................................................................. 24 
8.7.4. Artigo 9º da Lei nº 7.716/89 .....................................................................................24 
8.7.4.1. Sujeito ativo ............................................................................................................. 25 
8.7.4.2. Sujeito passivo ........................................................................................................ 25 
8.7.4.3. Consumação ........................................................................................................... 25 
8.7.4.4. Tentativa .................................................................................................................. 25 
8.7.5. Artigo 10º da Lei nº 7.716/89 ................................................................................... 25 
8.7.5.1. Sujeito ativo ............................................................................................................. 25 
8.7.6. Sujeito passivo ........................................................................................................ 26 
8.7.7. Consumação ........................................................................................................... 26 
8.7.8. Tentativa .................................................................................................................. 26 
8.8. DISCRIMINAÇÃO NA EDUCAÇÃO ................................................................................ 26 
8.8.1. Sujeito ativo ............................................................................................................. 26 
8.8.2. Sujeito passivo ........................................................................................................ 26 
8.8.3. Consumação ........................................................................................................... 27 
8.8.4. Tentativa .................................................................................................................. 27 
8.9. ARTIGO 11 DA LEI Nº 7.716/89 ..................................................................................... 27 
8.10. ARTIGO 12 DA LEI Nº 7.716/89 ..................................................................................... 27 
8.10.1. Sujeito ativo ............................................................................................................. 28 
8.10.2. Sujeito passivo ........................................................................................................ 28 
8.10.3. Conflito aparente de normas (princípio da especialidade) ........................................ 28 
8.11. ARTIGO 14 DA LEI Nº 7.716/89: .................................................................................... 28 
8.11.1. Sujeito ativo ............................................................................................................. 28 
8.11.2. Sujeito passivo ........................................................................................................ 28 
8.11.3. Consumação ........................................................................................................... 29 
8.11.4. Tentativa .................................................................................................................. 29 
8.12. ARTIGO 20 DA LEI Nº 7.716/89 ..................................................................................... 29 
8.12.1. Hipóteses em que a jurisprudência entendeu configurado o delito .......................... 29 
8.12.2. Penas, efeitos da condenação e providências cautelares ........................................ 31 
8.12.3. Providências cautelares ........................................................................................... 31 
8.13. ARTIGO 20, §1º, DA LEI Nº 7.716/89 ............................................................................. 31 
8.13.1. Sujeito ativo ............................................................................................................. 32 
8.13.2. Sujeito passivo ........................................................................................................ 32 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 3 
 
8.13.3. Consumação ........................................................................................................... 32 
8.13.4. Tentativa .................................................................................................................. 32 
8.13.5. Elemento subjetivo .................................................................................................. 32 
9. EFEITOS EXTRAPENAIS DA CONDENAÇÃO ..................................................................... 32 
10. BREVES NOTAS SOBRE A COMPETÊNCIA .................................................................... 33 
10.1. RACISMO PELA INTERNET .......................................................................................... 33 
10.2. BASE TERRITORIAL DO CRIME PRATICADO PELA INTERNET ................................. 33 
10.3. DISCRIMINAÇÃO/PRECONCEITO CONTRA A CULTURA INDÍGENA ......................... 34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 4 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Olá! 
Inicialmente, gostaríamos de agradecer a confiança em nosso material. Esperamos que seja 
útil na sua preparação, em todas as fases. Quanto mais contato temos com uma mesma fonte de 
estudo, mais familiarizados ficamos, o que ajuda na memorização e na compreensão da matéria. 
O Caderno Legislação Penal Especial – Crimes de Preconceito possui como base as aulas 
do professor Vinícius Marçal, do Curso G7 Jurídico. 
Dois livros foram utilizados para complementar nosso CS de Legislação Penal Especial: a) 
Legislação Criminal para Concursos (Fábio Roque, Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar), 
ano 2017 e b) Legislação Criminal Comentada (Renato Brasileiro), ano 2018, ambos da Editora 
Juspodivm. 
Na parte jurisprudencial, utilizamos os informativos do site Dizer o Direito 
(www.dizerodireito.com.br), os livros: Principais Julgados STF e STJ Comentados, Vade Mecum de 
Jurisprudência Dizer o Direito, Súmulas do STF e STJ anotadas por assunto (Dizer o Direito). 
Destacamos: é importante você se manter atualizado com os informativos, reserve um dia da 
semana para ler no site do Dizer o Direito. 
Ademais, no Caderno constam os principais artigos de lei, mas, ressaltamos, que é 
necessária leitura conjunta do seu Vade Mecum, muitas questões são retiradas da legislação. 
Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina 
+ informativos + súmulas + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você 
faça uma boa prova. 
Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito 
importante!! As bancas costumam repetir certos temas. 
Vamos juntos!! Bons estudos!! 
Equipe Cadernos Sistematizados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 5 
 
1. INTRODUÇÃO 
O antigo preâmbulo da Lei nº 7.716/89 definia os crimes de preconceito como aqueles 
praticados em detrimento de raça e de cor. Vejamos sua antiga redação: 
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de 
preconceitos de raça ou de cor. 
 
Em 1997, com a edição da Lei nº 9.459/97, esse dispositivo sofreu alteração: 
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de 
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência 
nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) 
 
É fundamental memorizar a sigla: R.C.E.R.PN. 
• Raça 
• Cor 
• Etnia 
• Religião 
• Procedência Nacional 
Obs.: Algumas provas abordam o tema e incluem outros tipos de preconceitos além dos citados no 
art. 1º da Lei nº 7.716/89.Portanto, imprescindível o conhecimento do dispositivo legal. 
2. TUTELA CONSTITUCIONAL 
2.1. PREÂMBULO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
O preâmbulo, apesar de não ser lei, possui relevante caráter político-ideológico. 
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional 
Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o 
exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-
estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de 
uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia 
social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução 
pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. 
 
Esses foram os valores que fomentaram a Carta Magna. 
2.2. DISPOSITIVOS DA CF/88 
 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 6 
 
Inicialmente, destaca-se o art. 1º, III, da CF/88: 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos 
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado 
Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
(...) 
III - a dignidade da pessoa humana; 
 
É de extrema importância a referida previsão, porque o bem jurídico tutelado pela Lei nº 
7.716/89 é a “dignidade da pessoa humana”. 
No mesmo sentido, art. 3º, IV, da CF/88: 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: 
(...) 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, 
idade e quaisquer outras formas de discriminação. 
 
Sexo, idade e outras formas de discriminação (cláusula aberta) não estão contempladas 
pela Lei nº 7.716/89. 
Além disso, preveem os arts. 4º, II e VIII; art. 5º, VI; art. 7º, XXXI, todos da CF/88: 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações 
internacionais pelos seguintes princípios: 
(...) 
II - prevalência dos direitos humanos; 
(...) 
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
(...) 
 
Art. 5º (...) 
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o 
livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção 
aos locais de culto e a suas liturgias; 
 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que 
visem à melhoria de sua condição social: 
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de 
admissão do trabalhador portador de deficiência; 
 
Ressalta-se que o art. 7º, XXXI, é tão importante que se tornou crime na Lei nº 7.716/89, em 
seu art. 4º, §1º, III. 
Art. 4º (...) 
§ 1o Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminação de raça ou 
de cor ou práticas resultantes do preconceito de descendência ou origem 
nacional ou étnica: (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência) 
(...) 
III - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no ambiente de 
trabalho, especialmente quanto ao salário. 
 
Por conseguinte, dispõe o art. 5º, XLI, da CF/88: 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 7 
 
Art. 5º (...) 
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades 
fundamentais; 
 
Há mandando constitucional de criminalização. A lei manda que o legislador ordinário venha 
a punir QUALQUER (de lege ferenda) discriminação, entretanto, não há o tratamento generalizado. 
Ademais, incisos XLII, XLIV, XLIII do art. 5º, da CF/88 afirmam que: 
Art. 5º (...) 
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito 
à pena de reclusão, nos termos da lei; 
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, 
civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou 
anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o 
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os 
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; 
 
Existem três hipóteses de inafiançabilidade e duas hipóteses de imprescritibilidade. 
Doutrinadores de peso (Sergio Salomão Shecaira, Guilherme de Souza Nucci) são 
radicalmente contra a imprescritibilidade, pois entendem que, no caso do racismo, trata-se de algo 
desproporcional, marcado por indícios autoritários. 
Por outro lado, a CF/88 tratou das três hipóteses de inafiançabilidade e duas de 
imprescritibilidade, não pode a doutrina relegá-las. Não existem normas constitucionais originárias 
inconstitucionais, portanto, devem ser aplicadas. 
O STF reconheceu a validade da imprescritibilidade constitucional afirmando que: 
STF HC 82424 - jamais podem se apagar da memória dos povos que se 
pretendam justos os atos repulsivos do passado que permitiram e 
incentivaram o ódio entre os iguais por motivos raciais de torpeza inominável. 
A ausência de prescrição nos crimes de racismo justifica-se como alerta 
grave para as gerações de hoje e de amanhã, para que se impeça a 
restauração de velhos e ultrapassados conceitos que a consciência jurídica e 
histórica não mais admite. 
 
QUESTIONA-SE: A discriminação em razão de cor, etnia, religião e procedência nacional 
também são imprescritíveis, já que a CF/88 engloba, literalmente, o racismo por raça? Existem dois 
entendimentos. 
Gabriel Habib defende a literalidade, em razão da analogia in malam partem. Segundo ele, 
“a CF/88 apenas fez menção expressa ao racismo, como sendo imprescritível e inafiançável, nada 
dispondo em relação às demais formas de discriminação previstas na lei (cor, etnia, religião ou 
procedência nacional). Dessa forma, conclui-se que a imprescritibilidade e a inafiançabilidade se 
referem tão somente à discriminação em razão de raça, não podendo o preceito constitucional ser 
aplicado às demais formas de discriminação, sob pena de incidência em analogia in malam partem.” 
Diversamente, STF e STJ têm entendimento radicalmente oposto. Dizem os tribunais: 
“Não procede a preliminar de prescrição da pretensa punitiva estatal, uma 
vez que o paciente foi denunciado como incurso no artigo 20 da Lei 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 8 
 
7.716/1989 (‘praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de 
raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.’). Tratando-se de crime de 
racismo, incide sobre o tipo penal e a cláusula de imprescritibilidade prevista 
no art. 5º, XLII, da Constituição Federal. S jurisprudência do STF e do STJ é 
firme no sentido de que o crime de racismo não se restringe aos atos 
preconceituosos em função de cor ou etnia, mas abrangem todo ato 
discriminatório praticado em função de raça, cor, etnia, religião ou 
procedência, conforme previsão literal do art. 20 da Lei nº 7.716/1989.” 
 
Esse deve ser o posicionamento por nós adotados em provas, eis porque entendimento 
consolidado nas cortes superiores. 
No mesmo sentido: HC 143.147, 6ª T.STJ, DJe 31.03.2016 e STF, HC 82424, DJ 
19.03.2004. 
A imprescritibilidade do racismo (art. 5º, XLIII) abrange também o crime de injúria racial? 
CP, art. 140, §3º - Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes 
a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora 
de deficiência: 
Pena – reclusão de 1 a 3 anos e multa 
 
O posicionamento amplamente majoritário entende que não alcança. Um crime é racismo, 
outro é a injúria racial. Enquanto, no racismo, a vítima é a humanidade, na injúria, a vítima é a 
pessoa que sofreu a injúria e teve sua honra subjetiva maculada. No racismo, a Ação Penal é 
Incondicionada, o Estado deve agir independentemente da vontade da pessoaque sofreu o 
racismo, já na Injúria é Ação Penal Pública Condicionada à Representação. 
Todavia, com o advento da Lei nº 9.459/79, introduzindo a denominada injúria racial, criou-
se mais um delito no cenário do racismo. Portanto, imprescritível, inafiançável e sujeito à pena de 
reclusão (AgRg no AResp 686.695/DF, 6ª T.STJ, DJe 31/08/2015). Embora seja um julgado isolado, 
não se tem notícia de outro que altere esse entendimento, já defendido em sede doutrinária por 
Guilherme de Souza Nucci. A crítica formulada é eventual analogia in malam partem. 
3. TUTELA DA IGUALDADE NA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DOS 
HOMENS 
Dispõe o art. 2º da Declaração Universal dos Direitos do Homem: 
Artigo 2° Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades 
proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente 
de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, 
de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra 
situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto 
político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da 
pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autônomo ou 
sujeito a alguma limitação de soberania. 
 
As expressões destacadas em amarelo não são tutelas pela Lei nº 7.716/89. 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 9 
 
Ainda, o artigo IV, alínea “a” da Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as 
Formas de Discriminação Racial (Decreto 65.810/1969): 
ARTIGO IV Os Estados Partes condenam toda propaganda e todas as 
organizações que se inspiram em ideias ou teorias cujo fundamento seja a 
superioridade de uma raça ou de um grupo de pessoas de uma certa cor ou 
de uma certa origem étnica, ou que pretendam justificar ou encorajar qualquer 
forma de ódio e de discriminação raciais, comprometendo-se a adotar 
imediatamente medidas positivas destinadas a eliminar qualquer incitação a 
tal discriminação e, para esse fim, tendo em vista os princípios formulados na 
Declaração Universal dos Direitos Humanos e os direitos expressamente 
enunciados no artigo V da presente Convenção, comprometem-se, 
nomeadamente: 
a) a declarar como delitos puníveis por lei qualquer difusão de idéias 
que estejam fundamentadas na superioridade ou ódio raciais, quaisquer 
incitamentos à discriminação racial, bem como atos de violência ou 
provocação destes atos, dirigidos contra qualquer raça ou grupo de pessoas 
de outra cor ou de outra origem étnica, como também a assistência prestada 
a atividades racistas, incluindo seu financiamento; 
 
Observe artigo I, 4, da Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de 
Discriminação Racial (Decreto 65.810/1969): 
Art. I (...) 
4. Não serão consideradas discriminação racial as medidas especiais 
tomadas com o objetivo precípuo de assegurar, de forma conveniente, o 
progresso de certos grupos sociais ou étnicos ou de indivíduos que 
necessitem de proteção para poderem gozar e exercitar os direitos humanos 
e as liberdades fundamentais em igualdade de condições, não serão 
consideradas medidas de discriminação racial, desde que não conduzam à 
manutenção de direitos separados para diferentes grupos raciais e não 
prossigam após terem sido atingidos os seus objetivos 
 
Trata-se de ações afirmativas com prazo, justamente para não gerar discriminação reversa 
ou inversa. Exemplo: cotas raciais para negros em universidades públicas (STF ADPF 186 (Unb) e 
RE 597285 (UFRGS). 
O ordenamento jurídico brasileiro fomenta a espécie de discriminação benigna, visualizada 
nas ações afirmativas. Por outro lado, não sustenta espécie de discriminação negativa, que é objeto 
da Lei nº 7.716/89. 
Destacam-se os arts.1º e 6º, ambos da Lei 12.990/2014: 
Art. 1o Ficam reservadas aos negros 20% (vinte por cento) das vagas 
oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e 
empregos públicos no âmbito da administração pública federal, das 
autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades 
de economia mista controladas pela União, na forma desta Lei. 
 
Art. 6o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação e terá vigência pelo 
prazo de 10 (dez) anos. 
 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 10 
 
4. ÂMBITO DE INCIDÊNCIA DA LEI Nº 7.716/89 
Narra o art. 1º da Lei nº 7.716/89: 
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de 
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência 
nacional 
 
ATENÇÃO: Guilherme de Souza Nucci afirma “para nós, qualquer tipo de discriminação de seres 
humanos é racismo... de modo que segregar pessoas em razão do sexo (homem ou mulher) e do 
estado civil (casado, solteiro, divorciado, separado judicialmente) constitui manifestação racista, 
sujeita aos tipos previstos na Lei nº 7.716/89. (...) homossexuais discriminados podem ser, para os 
fins de aplicação desta Lei, considerados como grupo racial.” 
O disposto no art. 20 da Lei nº 7.716/89 tipifica o crime de discriminação ou preconceito 
considerada a raça, a cor, a etnia, a religião ou a procedência nacional, não alcançando a decorrente 
de opção sexual (Inq 3590, 1ª T. STF, DJe-177 de 12-09-2017). 
 Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, 
cor, etnia, religião ou procedência nacional.) 
Pena: reclusão de um a três anos e multa. 
 
*MP-BA: A L.7.716/89 tipifica e estabelece punição de crimes resultantes de discriminação ou 
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, estando excluída a discriminação 
ou preconceito relativo à orientação sexual. 
 
*PC-RN: A L.7.716/89 não considera crime de racismo o ato preconceituoso contra homossexual 
praticado em razão da opção sexual da vítima. 
 
*PC-SE: A Lei nº 7.716/89 pune criminalmente algumas formas de preconceito e discriminação 
praticados contra a pessoa humana. NÃO serão punidos criminalmente por esta lei o preconceito e 
a discriminação decorrente de orientação sexual. 
5. DIFERENCIAÇÃO DE DISCRIMINAÇÃO E PRECONCEITO 
Discriminação é a materialização do preconceito. É dinâmica, enquanto preconceito é 
estático. Liga-se à ideia de segregação. Está previsto no Estatuto da Igualdade Racial. 
Observe o art. 1º, §único, inciso I, da Lei nº 7.716/89: 
Art.1º (...) 
§ 1o Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminação de raça ou 
de cor ou práticas resultantes do preconceito de descendência ou origem 
nacional ou étnica: 
I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao empregado em 
igualdade de condições com os demais trabalhadores; 
 
Preconceito é sentimento que a pessoa pré-possui em relação à determinada raça, etnia. 
São concepções criadas por alguém de modo a desqualificar pessoas em razão de sua r.c.e.r.pn. 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 11 
 
Exemplo: A julga que B é menos inteligente e indigno de direitos por ser procedente de 
determinada região do país. 
6. CONCEITOS 
6.1. RAÇA 
A raça pode ser explicada tradicionalmente e sob o viés atual. 
Historicamente, raça é conceito atrelado às características físicas e biológicas (conformação 
do crânio, tipo de cabelo, cor da pele etc.) que identificam um povo. É produto da hereditariedade. 
Exemplo: pensamento nacional-socialista: Judeus x Arianos. 
Esse conceito está superado. O STF entendeu que diferenciação de raça em nada diz, por 
existir uma única: a raça humana. 
“Raça Humana. Subdivisão. Inexistência. Com a definição e o mapeamento 
do genoma humano, cientificamente não existem distinções entre os homens, 
seja pela segmentação da pele, formato dos olhos, altura, pêlosou por 
quaisquer outras características físicas, visto que todos se qualificam como 
espécie humana. Não há diferenças biológicas entre os seres humanos. Na 
essência são todos iguais. (...) A divisão dos seres humanos em raças resulta 
de um processo de conteúdo meramente político-social. Desse pressuposto 
origina-se o racismo que, por sua vez, gera a discriminação e o preconceito 
segregacionista.” (STF, HC 82424, DJ 19.03.2004). 
 
Em se tratando de crimes de preconceito e discriminação racial, a jurisprudência pátria 
passou a utilizar a expressão “etnia” como sinônimo de “raça”. Tal revaloração deveu-se, 
precipuamente, ao entendimento firmado pelo STF quando do julgamento do HC 82.424/RS – ACR 
2001.72.02.00467-5, 7ª T. TRF4, DJ 247/09/2006. 
6.2. COR 
A cor evidencia a discriminação/preconceito fundados na cor da pele. 
Exemplo: negros; brancos; amarelos (asiáticos) etc. 
6.3. ETNIA 
Grupo social que apresenta homogeneidade cultural e linguística. 
Exemplo: comunidade indígena. 
6.4. RELIGIÃO 
Culto ritualístico prestado a uma Divindade; crença na existência de um poder ou princípio 
superior, sobrenatural, do qual depende o destino do ser humano e ao qual se deve respeito e 
obediência. 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 12 
 
Exemplo: católica; espírita; protestante etc. 
ATENÇÃO: A discriminação baseada no ateísmo não é abrangida pela Lei nº 7.716/89. Do ponto 
de vista doutrinário, ateísmo não é religião. 
6.5. PROCEDÊNCIA NACIONAL 
Exprime a discriminação e o preconceito: 
• Contra nacionais de Estado-membro diverso, reconhecíveis pelo modo de falar, pela 
aparência física (cariocas; paulistas; goianos; gaúchos; nordestinos); 
• Contra pessoas de região diversa dentro do mesmo estado ou cidade, ainda que de 
mesma naturalidade (dono de badalado restaurante no Neblon x cliente morador da 
cidade de Deus); 
Em razão de nacionalidade (brasileiro; paraguaio; argentino). 
Caso emblemático sobre procedência nacional (STJ: RCH 19.166, 5ª T., DJ 20/11/2006): 
Voo NY para RJ – desentendimento passageiro e 2 comissários em razão do assento. Já no 
Brasil, o passageiro solicitou os nomes dos comissários (que não portavam crachá) – Um dos 
comissários para a vítima: “Amanhã vou acordar jovem, bonito, orgulhoso, rico e sendo um 
poderoso americano, e você vai acordar como safado, depravado, canalha e miserável brasileiro.” 
O outro incitou a ofensa e partiu para a agressão física, mas foi contido por terceiros. 
STJ:”...a intenção dos réus, em princípio, não era precisamente depreciar o 
passageiro (a vítima), mas salientar sua humilhante condição em virtude de 
ser brasileiro, i.e., a ideia foi exalar a superioridade do povo americano em 
contraposição à posição inferior do povo brasileiro, atentando-se, dessa 
maneira, contra a coletividade brasileira. Assim, suas condutas, em tese, 
subsumam-se ao tipo legal do artigo 20, da Lei 7.716/89. 
 
Obs.: a questão foi cobrada na prova de Delegado de Polícia – ES. 
Vide art. o 140, §3º do CP e Lei nº 7.716/89: 
Injúria Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, 
etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de 
deficiência: 
Pena - reclusão de um a três anos e multa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 13 
 
PARA FRISAR: 
 INJÚRIA RACIAL LEI 7.716/89 
VÍTIMA Individualizada Humanidade 
BEM JURÍDICO Honra subjetiva Dignidade da Pessoa 
Humana e Igualdade 
INAFIANÇABILIDADE E 
IMPRESCRITIBILIDADE 
Tradicionalmente: 
afiançável e prescritível; 
Em sentido contrário: 
AgRg no AREsp 689.965, 
6ª T.STJ, de 2015) 
Constitui crime 
inafiançável, imprescritível 
e sujeito à pena de 
reclusão (Art. 5º, XLII, da 
CF/88) 
CONTEXTO FÁTICO Ofensa a 1 ou + pessoas 
determinadas (ex: “judeu 
safado”) 
D./P. por r.c.e.r.pn. a 
revelar a “superioridade” de 
um povo sobre outro (RHC 
19166), ainda que dirigida 
a uma só pessoa 
INSTRUMENTO Preconceito: instrumento 
da injúria 
Injúria é instrumento do 
preconceito 
AÇÃO PENAL Representação (art. 145, 
§único do CP) 
Pública Incondicionada 
MODALIDADES Sete: r.c.e.r.pn. + idoso e 
deficiência 
Cinco: Raça, Cor, Etnia, 
Religião e Procedência 
Nacional 
 
TJSP: Apelação 990.10.154240-4, 5ª C. Crim., 02.12.2010: “No caso, a 
denúncia descreve claramente que a ré ofendeu não apenas a honra 
subjetiva do ofendido, mas toda a raça negra, ao dizer que ‘nego fede 
naturalmente e fumando fede mais ainda’, de modo que os fatos não 
caracterizam o crime previsto no art. 140, §3º, do CP, conforme alega a 
zelosa Defesa, pois para a tipificação da chamada injúria qualificada é 
imprescindível que a ofensa à honra, consistente na utilização de elementos 
racistas e discriminatórios, seja direcionada a pessoa determinada, o que, 
evidentemente, não é a hipótese dos autos.” 
 
*MP-SC: Responde pela prática do crime de injúria racial, disposto no §3º do art. 140 do CP, e não 
pelo art. 20 da Lei 7.716/89, pessoa que ofende uma só pessoa, chamando-a de “macaco” e “negro 
sujo”. 
7. OUTRAS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO 
Dispõe o art. 96, §1º do Estatuto do Idoso: 
 
 Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a 
operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por 
qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por 
motivo de idade: 
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. 
§ 1o Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, menosprezar ou 
discriminar pessoa idosa, por qualquer motivo. 
 
Ao contrário da Lei nº 7.716/89, aqui a cláusula é aberta. No mesmo sentido, artigo 2º da 
Lei nº 9.029/95: 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 14 
 
Art. 2º Constituem crime as seguintes práticas discriminatórias: 
I - a exigência de teste, exame, perícia, laudo, atestado, declaração ou 
qualquer outro procedimento relativo à esterilização ou a estado de gravidez; 
II - a adoção de quaisquer medidas, de iniciativa do empregador, que 
configurem; 
a) indução ou instigamento à esterilização genética; 
b) promoção do controle de natalidade, assim não considerado o 
oferecimento de serviços e de aconselhamento ou planejamento familiar, 
realizados através de instituições públicas ou privadas, submetidas às 
normas do Sistema Único de Saúde (SUS). 
Pena: detenção de um a dois anos e multa. 
 
Trata-se de lei específica. Ademais, art. 88 da Lei nº 13.146/15 (E.P.D.): 
Art. 88. Praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão de sua 
deficiência: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
 
Aqui, há lei própria também. 
Vide artigo 8º, inciso III da Lei nº 7.853/89: 
Art. 8o Constitui crime punível com reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e 
multa 
III - negar ou obstar emprego, trabalho ou promoção à pessoa em razão de 
sua deficiência 
 
Artigo 1º, inciso I, alínea “c” da Lei nº 9.455/97: 
Art. 1º Constitui crime de tortura 
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, 
causando-lhe sofrimento físico ou mental: 
(...) 
c) em razão de discriminação racial ou religiosa 
(...) 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 
Cuidado: o crime é de tortura motivado pela discriminação racial ou religiosa. 
Artigos 1º, 3º e 5º todos da Lei nº 7.437/85*: 
Art. 1º. Constitui contravenção, punida nos termos desta lei, a prática de atos 
resultantes de preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil. 
 
Art. 3º. Recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem ou 
estabelecimento de mesma finalidade,por preconceito de raça, de cor, de 
sexo ou de estado civil. 
Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa de 3 (três) a 
10 (dez) vezes o maior valor de referência (MVR). 
 
Art. 5º. Recusar a entrada de alguém em estabelecimento público, de 
diversões ou de esporte, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de 
estado civil. 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 15 
 
Pena - Prisão simples, de 15 (quinze dias a 3 (três) meses, e multa de 1 (uma) 
a 3 (três) vezes o maior valor de referência (MVR). 
 
A Lei nº 7.437/85 intitula todas as condutas presentes na Lei nº 7.716/89, até então, crimes, 
como contravenções. Ante essa divergência, existem dois entendimentos. 
O primeiro entendimento advoga que, com relação a raça e cor, essa Lei nº 7.437/85 está 
derrogada porque é de 1985, enquanto a Lei nº 7.716 é de 1989. Portanto, está derrogada pelo 
critério cronológico. Entretanto, continua em vigor no que concerne a “sexo” e “estado civil” (Gabriel 
Habib) – aparentemente, esse não é o melhor entendimento. 
Doutra ponta, Guilherme de Souza Nucci, Vinícius Marçal, fundados na ideia de que a Lei nº 
7.437/85 está ab-rogada, conforme a previsão do artigo 5º, inciso XLII, da CF/88 “a prática do 
racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da 
lei.”, fomentam que qualquer lei que diga respeito a racismo, deve necessariamente prever 
crimes, sem a possibilidade de concessão de liberdade provisória com fiança, imprescritíveis e, 
muito importante, sujeitos à pena de reclusão. Não há, pois, qualquer possibilidade, por força de 
mandamento constitucional, de se tolerar leis penais voltadas à punição de atos de discriminação 
racial com figuras típicas de contravenção penal ou com delitos apenas, tão somente, com 
detenção. Essa é a razão pela qual sustentamos a inaplicabilidade da Lei nº 7.437/85 (não 
recepcionada). Ofensivos ao artigo 5º, XLII são todos os tipos previstos na referida lei. Não há 
salvação. 
Obs. Os tipos penais previstos na Lei nº 7.716/89 devem ser lidos na perspectiva do artigo 1º, 
inclusive o artigo 4º, 2º (que somente menciona “raça e etnia”), pois todos ofendem o mesmo bem 
jurídico imediato (dignidade da pessoa humana e igualdade). 
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de 
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência 
nacional 
 
Quanto à necessidade da finalidade de agir, surgem duas correntes. 
1ª corrente (Fábio Medina Osório) entende que não é preciso especial fim de agir. “A 
consciência e a vontade de produzir atos discriminatórios e preconceituosos não são incompatíveis 
com o formato das ‘brincadeiras’. Inadmissível, assim, a publicidade de manifestações jocosas, em 
qualquer de suas formas, versando discriminações e preconceitos vedados na lei penal. (...) essas 
manifestações jocosas, aliás, penetram mais sutilmente no inconsciente coletivo, perfectibilizando 
o suporte fático da norma proibitiva.” Esse entendimento é minoritário. 
2ª corrente (Guilherme de Souza Nucci, Gabriel Habib) há necessidade do fim de agir 
(ofensa em razão de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional), consistente na vontade de 
segregar, mostrar-se superior a outro ser humano. O animus jocandi afasta o delito. Essa é a 
posição majoritária. 
8. CRIMES DA LEI Nº 7.716/89 
8.1. IMPEDIR ACESSO CARGO PÚBLICO 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 16 
 
8.1.1. Previsão legal e considerações 
Previsto no art. 3º Lei nº 7.716/89: 
Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habilitado, a 
qualquer cargo da Administração Direta ou Indireta, bem como das 
concessionárias de serviços públicos. 
Pena: reclusão de dois a cinco anos. 
 
A lei fala em pessoa “devidamente habilitada”, ou seja, esse é um elemento normativo. 
Questiona-se se seria possível a criminalização da conduta se a pessoa não atende aos 
requisitos previstos para acesso ao cargo. Ora, não há que se falar em crime se não preenchidas 
as condições. Outrossim, se a conduta tiver por objeto emprego público, perfazem dois 
entendimentos. 
• 1ª C: Gabriel Habib, Victor Eduardo Rios Gonçalves e José Paulo Baltazar Júnior 
advogam que há analogia in malam partem considerar a conduta também criminosa, 
portanto, se a lei só fala em cargo, se dá por excluído “emprego público”. 
• 2ª C: Guilherme de Souza Nucci, Vinícius Marçal, defendem que emprego público está 
abrangido pelo artigo 3º da referida lei, através de uma interpretação extensiva – essa 
é a melhor posição. 
8.1.2. Conflito aparente de normas 
Artigos 8º e 9º da Lei nº 7.437/85: 
Art. 8º. Obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público civil ou militar, 
por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil. 
Pena - perda do cargo, depois de apurada a responsabilidade em inquérito 
regular, para o funcionário dirigente da repartição de que dependa a inscrição 
no concurso de habilitação dos candidatos. 
 
Art. 9º. Negar emprego ou trabalho a alguém em autarquia, sociedade de 
economia mista, empresa concessionária de serviço público ou empresa 
privada, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil. 
Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa de 1 (uma) a 
3 (três) vezes o maior valor de referência (MVR), no caso de empresa privada; 
perda do cargo para o responsável pela recusa, no caso de autarquia, 
sociedade de economia mista e empresa concessionária de serviço público. 
 
Conforme Gabriel Habib, a Lei nº 7.716/89 prevalece perante a Lei nº 7.437/85 pelo critério 
da sucessividade. Utiliza-se a Lei nº 7.437/85 especificamente no tocante a preconceito resultante 
de sexo ou estado civil. 
Em sentido contrário, Guilherme de Souza Nucci abrange o racismo como crime e apenado 
com reclusão, em todo caso. 
Mais adiante, dispõe o art. 100, I, do Estatuto do Idoso: 
Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano 
e multa: 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 17 
 
I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público por motivo de idade; 
 
Se a discriminação se der por motivo de idade, pelo critério da especialidade, prevalecerá o 
Estatuto do Idoso. 
A mesma logística é aplicada no tocante à deficiência, oportunidade em que será utilizado o 
Estatuto da Pessoa com Deficiência. Observe o art. 8º da Lei 7.853/89: 
Art. 8o Constitui crime punível com reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e 
multa 
II - obstar inscrição em concurso público ou acesso de alguém a qualquer 
cargo ou emprego público, em razão de sua deficiência; 
 
ATENÇÃO: verificar o princípio da especialidade diante dos confrontos das leis gerais e leis 
especiais. 
8.2. IMPEDIR PROMOÇÃO NA CARREIRA 
Prevê o art. 3º, §único, da Lei nº 7.716/89: 
Art. 3º (...) 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminação 
de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, obstar a promoção 
funcional 
 
Aqui, obsta-se a promoção de carreira. 
Apesar de a lei não escrever, obviamente, a vítima deve estar habilitada para a promoção. 
8.2.1. Consumação 
O crime é formal, ou seja, independe de elemento material. 
8.2.2. Sujeito ativo 
Trata-se de crime próprio, porque somente quem pode figurar como sujeito ativo é o superior 
hierárquico da vítima. 
8.3. IMPEDIR ACESSO ÀS FORÇAS ARMADAS 
Artigo 13 da Lei nº 7.716/89: 
Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em qualquer ramo 
das Forças Armadas. 
Pena: reclusão de dois a quatro anos 
 
A dúvida que circunde o referido dispositivo é se as carreiras militares (polícia militar e 
bombeiros) estaduais estariam abarcados pela legislação.• A 1ª corrente entende que sim, calcada no art. 144, §6º da CF/88 (“as polícias militares 
e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército...”). 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 18 
 
• A 2ª corrente, contrariamente, baseia-se na previsão do art. 142 da CF/88 que entende 
que “as forças armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica...” 
– portanto, policiais militares e bombeiros, se obstados do acesso ao serviço, seriam 
protegidos pelos dispositivos 3º ou 20º da Lei nº 7.716/89. Essa é a corrente 
majoritária. 
O serviço mencionado no tipo penal não se trata especificamente do serviço militar 
obrigatória. O tipo alcança tanto esse serviço, como também o acesso à carreira das forças armadas 
(Marinha, Exército e Aeronáutica). 
8.3.1. Sujeito ativo 
Sujeito ativo é aquele que possui a incumbência de admitir o ingresso de alguém ao serviço 
militar. 
Pode ser tanto um funcionário subalterno, encarregado da seleção, como um alto dirigente 
das Forças Armadas. 
Trata-se de crime próprio. 
8.3.2. Sujeito passivo 
Sujeito passivo é a humanidade e a pessoa discriminada. 
8.3.3. Consumação 
É crime formal. Mesmo que o pretendente consiga seu lugar nas Forças Armadas por força 
de Mandado de Segurança, por exemplo, o delito estará consumado. 
8.3.4. Tentativa 
Tentativa será possível, pois o iter criminis é cindível. 
*PC-RJ: Constitui discriminação punível impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em 
qualquer ramo das Forças Armadas em decorrência da orientação sexual do candidato – a assertiva 
está equivocada – pois a discriminação está direcionada a raça, cor, etnia, religião e procedência 
nacional. 
8.4. RACISMO NA INICIATIVA PRIVADA (ANTES DA CONTRATAÇÃO) 
Artigo 4º da Lei nº 7.716/89: 
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada. 
Pena: reclusão de dois a cinco anos. 
 
Ao contrário do art. 3º (cargo geral) e 13 (restrito às Forças Armadas), aqui se trata de cargo 
em empresa privada. 
Destaca-se que em relação à abrangência do elemento normativo emprego, há duas 
correntes: 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 19 
 
• 1ªC – Apenas as relações de emprego previstas na CLT. Portanto, prestações de 
serviço e empregos eventuais não estariam abarcados. Se obstados, enquadrar-se-
iam na previsão do art. 20º da Lei nº 7.716/89. 
• 2ªC - (amplamente majoritária) considera o posto de trabalho com finalidade 
remuneratória, inclusive nos casos de estágio. 
ATENÇÃO: o termo “empresa privada” não deve ser entendido de maneira ampla, amparando 
ONG’s, condomínios residenciais e empregador doméstico. Eventual discriminação nesse sentido 
deverá ser incluída na previsão do art. 20º da Lei nº 7.716/89. 
 
*PC-GO: Múcio, gerente de RH de uma empresa privada, durante seleção para preenchimento de 
vaga para secretária executiva, diz na presença de várias pessoas que candidatas de origem 
nordestina (procedência nacional) não seriam aceitas por não se encaixarem no perfil da empresa. 
Valéria, uma candidata nordestina, sentindo-se humilhada, retira-se da seleção. Múcio praticou 
contra Valéria o crime de preconceito, por negar ou obstar emprego em empresa privada. 
8.4.1. Sujeito ativo 
É crime próprio. Portanto, somente o proprietário ou encarregado pela área de contratação 
de pessoal será o sujeito ativo. 
ATENÇÃO: O sujeito ativo não retira a responsabilização penal do dono da empresa. 
8.4.2. Sujeito passivo 
Sujeito passivo serão a humanidade e a pessoa discriminada. 
8.4.3. Consumação 
Elemento subjetivo: dolo fundado na raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. 
8.4.4. Conflito aparente de normas (critério da especialidade) 
Artigo 100, inciso II, do Estatuto do Idoso: 
Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano 
e multa: 
II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou trabalho 
 
Artigo 8º, inciso III, da Lei nº 7.853/89: 
Art. 8o Constitui crime punível com reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e 
multa 
III - negar ou obstar emprego, trabalho ou promoção à pessoa em razão de 
sua deficiência 
 
Artigo 9º da Lei nº 7.437/85: 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 20 
 
Art. 9º. Negar emprego ou trabalho a alguém em autarquia, sociedade de 
economia mista, empresa concessionária de serviço público ou empresa 
privada, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil. 
Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa de 1 (uma) a 
3 (três) vezes o maior valor de referência (MVR), no caso de empresa privada; 
perda do cargo para o responsável pela recusa, no caso de autarquia, 
sociedade de economia mista e empresa concessionária de serviço público. 
 
Novamente, para Gabriel Habib, há derrogação da Lei nº 7.716/89 em relação à Lei nº 
7.437/85, persistindo na última a previsão quanto a “sexo” e “estado civil”. 
A posição majoritária, no entanto, entende que a Lei nº 7.716/89 não mais vige. 
8.5. RACISMO NA INICIATIVA PRIVADA (APÓS A CONTRATAÇÃO) 
Artigo 4º, §1º da Lei nº 7.716/89: 
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada. 
Pena: reclusão de dois a cinco anos. 
§ 1o Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminação de raça ou 
de cor ou práticas resultantes do preconceito de descendência ou origem 
nacional ou étnica 
I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao empregado em 
igualdade de condições com os demais trabalhadores 
II - impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar outra forma de 
benefício profissional 
III - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no ambiente de 
trabalho, especialmente quanto ao salário 
 
São previstas três hipóteses específicas de discriminação após a contratação. 
O núcleo do tipo do §1º, artigo 4º da referida Lei, engloba: raça, cor, descendência ou origem 
nacional ou étnica. Quanto à “religião”, é amplamente majoritário que esse crime também tem que 
ser lido como todos os demais da Lei, em consonância com o artigo 1º da Lei nº 7.716/89. 
8.5.1. DEIXAR DE CONCEDER OS EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS AO EMPREGADO EM 
IGUALDADE DE CONDIÇÕES COM OS DEMAIS TRABALHADORES 
ATENÇÃO: não se configura o crime da Lei nº 7.716/89 se o empregador deixar de fornecer 
equipamento necessário a todos os seus empregados. A predita lei não trata propriamente da 
proteção do trabalhador em si. Criminaliza-se a conduta omissiva atinente à discriminação em 
igualdade de condições 
8.5.1.1. Sujeito ativo 
Trata-se de crime próprio. Somente a pessoa encarregada do fornecimento dos 
equipamentos indispensáveis que os dispensará por critérios racistas. 
Também cometerá o delito negro que eventualmente deixe de fornecer equipamentos ao 
empregado branco, em razão de critérios de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 21 
 
8.5.1.2. Sujeito passivo 
Humanidade e pessoa discriminada. 
8.5.1.3. Consumação 
Crime formal (independe de prejuízo material). 
8.5.1.4. Tentativa 
Não é punível, porque é crime omisso próprio. Em crimes omissivos não são compatíveis 
com o conatus (tentativa). 
*PC-BA (CESPE): Pratica crime o empregador que, por motivo de discriminação de raça ou cor, 
deixar de conceder equipamentos necessários ao empregado, em igualdade de condições com os 
demais trabalhadores – VERDADEIRO. 
8.5.2. IMPEDIR A ASCENSÃO FUNCIONAL DO EMPREGADO OU OBSTAR OUTRA 
FORMA DE BENEFÍCIO PROFISSIONAL 
8.5.2.1. Sujeito ativo 
Crime próprio. 
8.5.2.2. Sujeito passivo 
Humanidade e pessoa discriminada, 
8.5.2.3. Consumação 
Crime formal, independe de prejuízo material. 
8.5.2.4. Tentativa 
O iter criminis é cindível. 
*AGU (CESPE): Ofato de um empresário, por preconceito em relação à cor de determinado 
empregado, impedir a sua ascensão funcional na empresa, configurará delito contra a organização 
do trabalho, e não crime resultante de preconceito – FALSO! 
8.5.3. PROPORCIONAR AO EMPREGADO TRATAMENTO DIFERENCIADO NO AMBIENTE 
DE TRABALHO, ESPECIALMENTE QUANTO AO SALÁRIO 
Não alcança apenas o aspecto salarial. 
Para haver crime é necessária a discriminação fundada em critérios “racistas”. 
Não há crime na distinção salarial fundada na ausência de equivalência entre os postos de 
trabalho. 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 22 
 
8.6. RACISMO NA COLOCAÇÃO DE ANÚNCIOS DE EMPREGOS 
Artigo 4º, §2º da Lei nº 7.716/89*: 
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada. 
Pena: reclusão de dois a cinco anos. 
§ 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços à 
comunidade, incluindo atividades de promoção da igualdade racial, quem, em 
anúncios ou qualquer outra forma de recrutamento de trabalhadores, exigir 
aspectos de aparência próprios de raça ou etnia para emprego cujas 
atividades não justifiquem essas exigências 
 
Note que a exigência de determinada característica somente é permitida em circunstâncias 
coerentes. Exemplo: realização de peça sobre a cultura nipônica, por óbvio, o elenco deverá ser 
composto de pessoas da referida cultura. 
Agora, exigir determinadas condições ou mesmo vedar características para recrutamento de 
cozinheiros caracterizar-se-ia o delito previsto no §2º do artigo 4º da Lei nº 7.716/89. 
A pena restritiva de direito verificada é diferente da sistemática da pena restritiva de direito 
prevista no Código Penal. A primeira não substitui a pena privativa de liberdade, portanto, não 
admite conversão, tal qual acontece na Lei de Drogas no art. 28. 
Ambos são marcados pela (i) não substitutividade e (ii) não conversibilidade em Pena 
Privativa de Liberdade. 
Em consequência, não cabe prisão cautelar. 
É crime de ínfimo potencial ofensivo. 
8.7. DISCRIMINAÇÃO NOS ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS 
8.7.1. Artigo 5º da Lei nº 7.716/89 
Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se 
a servir, atender ou receber cliente ou comprador. 
Pena: reclusão de um a três anos. 
 
Existem três formas de impedir o acesso: 
- negando-se a servir (prestar o serviço oferecido pela casa); 
- atender (colocar-se à disposição para as demandas do cliente) ou 
- receber (aceitar no estabelecimento) cliente ou comprador. 
É tipo alternativo misto; subsidiário em relação aos artigos 7º a 10º da referida lei em razão 
do elemento normativo genérico: estabelecimento comercial. 
Há conflito aparente com a lei de contravenções: artigos 4º e 6º da Lei nº 7.4347/85 (“sexo” 
ou “estado civil”). 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 23 
 
8.7.1.1. Sujeito ativo 
Crime próprio. Somente pratica o crime quem detém poder suficiente para recusar ou impedir 
o acesso. Exemplo: proprietário, gerente etc. 
8.7.1.2. Sujeito passivo 
Humanidade e a pessoa discriminada (cliente ou comprador em potencial). 
8.7.1.3. Consumação 
Crime formal. A mera recusa ou impedimento de acesso de alguém ao estabelecimento 
comercial – por uma dessas formas: negativa de servir, atender ou receber – já configura o tipo 
(r.c.e.r.pn.). 
8.7.2. Artigo 7º da Lei nº 7.716/89 
Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensão, 
estalagem, ou qualquer estabelecimento similar. 
Pena: reclusão de três a cinco anos. 
 
ATENÇÃO: desses crimes, somente o artigo 7º tem pena de 3 a 5 anos! 
ATENÇÃO: o tipo abarca casas de famílias que alugam quartos para que terceiros passem 
temporadas e motéis. O termo “qualquer estabelecimento similar” dá margem para o predito 
entendimento. 
O tipo reclama que o local seja aberto ao público. 
Há conflito aparente de normas com o artigo 3º da Lei nº 7.437/85. 
8.7.2.1. Sujeito ativo 
Crime próprio (quem detém poder suficiente para impedir o acesso ou recusar a 
hospedagem. Exemplo: proprietário, gerente etc). 
8.7.2.2. Sujeito Passivo 
Humanidade e pessoa discriminada. 
8.7.2.3. Consumação 
Crime formal. 
8.7.2.4. Tentativa 
O iter criminis é cindível. 
 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 24 
 
8.7.3. Artigo 8º da Lei nº 7.716/89 
Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em restaurantes, bares, 
confeitarias, ou locais semelhantes abertos ao público. 
Pena: reclusão de um a três anos. 
 
Se a recusa acontecer em sorveteria, cafeteria, o tipo incidirá. 
Há conflito aparente de normas: artigo 4º da Lei nº 7.437/85. 
8.7.3.1. Sujeito ativo 
Crime próprio (quem detém poder suficiente para impedir o acesso ou recurso o 
atendimento. Exemplo: proprietário, gerente etc.). 
8.7.3.2. Sujeito Passivo 
Humanidade e pessoa discriminada. 
8.7.3.3. Consumação 
Crime formal. O mero impedimento de acesso ou a recusa de atendimento em bar já 
configura o tipo (r.c.e.r.pn.). 
8.7.3.4. Tentativa 
O iter criminis é cindível. 
*TJ-SP: Nos termos da Lei 7.716/89, pratica crime aquele que, em virtude de preconceito de raça, 
impede ou obsta o acesso de alguém a restaurantes, bares, confeitarias ou locais semelhantes, 
ainda que não abertos ao público – FALSO! 
8.7.4. Artigo 9º da Lei nº 7.716/89 
Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em estabelecimentos 
esportivos, casas de diversões, ou clubes sociais abertos ao público. 
Pena: reclusão de um a três anos. 
 
Clube social aberto ao público são os estabelecimentos abertos a qualquer pessoa, 
conforme regras pré-estabelecidas. 
Impedir o acesso não significa apenas proibir a entrada, como também impedir que seja 
comprada cota/ação social. Esse entendimento é consagrado na doutrina (Cristiano Jorge Santos) 
e pelo STJ: 
Vide caso em que R.S.T foi “condenado, em segunda instância, a prestação 
de serviços à comunidade e prestação pecuniária, por ter impedido o acesso 
de pessoa negra à agremiação da qual é presidente e cofundador, negando-
lhe a possibilidade de aquisição de uma cota do clube (artigo 9º da Lei 
7.716/89) – HC 137.248/MG, 6ª T.STJ, DJe 18/10/2010”. 
 
Há conflito aparente de normas: artigo 5º da Lei nº 7.437/85. 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 25 
 
8.7.4.1. Sujeito ativo 
Crime próprio (quem detém poder suficiente para impedir o acesso ou recurso o 
atendimento. Exemplo: sócio-diretor do estabelecimento etc.). 
8.7.4.2. Sujeito passivo 
Humanidade e pessoa discriminada. 
8.7.4.3. Consumação 
Crime formal. Independe de resultado naturalístico. 
8.7.4.4. Tentativa 
O iter criminis é cindível. 
Caso emblemático (RHC 12.809/MG, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, DJ 11/04/2005) 
Caso: Presidente do Uirapuru Iate Clube da cidade de Uberaba foi denunciado pelo crime 
do artigo 9º, pois o casal Luiza M.N. e Marcos G.M. teria sido impedido de adquirir cotas do clube 
e, consequentemente, de compor o seu quadro social, por ser ela negra. 
Defesa: Alegou a atipicidade da conduta, porquanto “o Uirapuru não é um clube oscial aberto 
ao público (...), é uma entidade fechada, que somente pode ser frequentada por seus associados”, 
e “segundo os estatutos do clube, o ingresso no quadro social é feito mediante a apresentação de 
proposta pelos interessados. A Diretoria pode aceitar ou recusar as propostas sem declinar 
motivos.” Ademais, não há “na lei que alicerça a denúncia ou em outra qualquer, norma que obrigue 
a um clube fechado admitir como sócio uma pessoa mediante a simples manifestação de interesse 
por parte desta.” 
6ª T.STJ: “A recusa de admissão no quadro associativo do clube social, em 
razão de preconceito de raça ou de cor, caracteriza o inserto no artigo 9º da 
Lei 7.716/89, enquantomodo da conduta impedir, que lhe integra o núcleo. A 
faculdade, estatutariamente atribuída à diretoria, de recusar propostas de 
admissão em clubes sociais, sem declinação dos motivos, não lhe atribui a 
natureza especial de fechado, de maneira a subtraí-lo da incidência da lei.” 
 
*CESPE: Constitui crime o fato de determinado clube social recusar a admissão de um cidadão em 
razão de preconceito de raça, salvo se o respectivo estatuto atribuir à diretoria a faculdade de 
recusar propostas de admissão, sem declinação de motivos – FALSO! 
8.7.5. Artigo 10º da Lei nº 7.716/89 
Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em salões de cabeleireiros, 
barbearias, termas ou casas de massagem ou estabelecimento com as 
mesmas finalidades. 
Pena: reclusão de um a três anos. 
8.7.5.1. Sujeito ativo 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 26 
 
Crime próprio (quem detém poder suficiente para impedir o acesso ou recurso o 
atendimento. Exemplo: proprietário, administrador do estabelecimento etc.). 
8.7.6. Sujeito passivo 
Humanidade e pessoa discriminada. 
8.7.7. Consumação 
Crime formal. O mero impedimento de acesso ou a recusa de atendimento já configura o 
tipo (r.c.e.r.pn.). 
8.7.8. Tentativa 
O iter criminis é cindível. 
8.8. DISCRIMINAÇÃO NA EDUCAÇÃO 
Artigo 6º, §único da Lei nº 7.716/89: 
 
Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de aluno em 
estabelecimento de ensino público ou privado de qualquer grau. 
Pena: reclusão de três a cinco anos. 
Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor de dezoito anos a 
pena é agravada de 1/3 (um terço). 
 
No §único, o legislador diz que a pena é agravada. Entretanto, não se trata de agravante e 
sim de causa de aumento de pena, que incide na terceira etapa de fixação da pena. 
O termo “grau” está desatualizado, pois o artigo 21 da Lei nº 9.394/96 não agasalha mais 
essa terminologia: 
Art. 21. A educação escolar compõe-se de: 
I - educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e 
ensino médio; 
II - educação superior. 
 
Assim, a expressão de qualquer grau abrange somente estabelecimento de ensino regular 
e não cursos livres (preparatórios para concursos e cursinhos para vestibular – se ocorrer nesse 
âmbito redundará no artigo 20 da Lei nº 7.716/89). 
Encontra previsão como contravenção no artigo 7º da Lei nº 7.437/85. 
8.8.1. Sujeito ativo 
Crime próprio (quem detém poder suficiente para recusar, negar ou impedir a inscrição ou 
ingresso de aluno). 
8.8.2. Sujeito passivo 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 27 
 
Humanidade e pessoa discriminada. 
8.8.3. Consumação 
Crime formal (dispensa o resultado naturalístico). 
8.8.4. Tentativa 
O iter criminis é cindível. 
8.9. ARTIGO 11 DA LEI Nº 7.716/89 
Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou 
residenciais e elevadores ou escada de acesso aos mesmos: 
Pena: reclusão de um a três anos. 
 
Ocorrerá se o impedimento e acesso operar por raça, cor, etnia, religião ou procedência 
nacional. 
Note que o crime não ocorrerá se houver uma placa num determinado edifício contendo 
“empregadas domésticas, apenas no elevador de serviço”. Isso porque inexiste na Lei nº 7.716/89 
amparo a discriminação de classe social ou discriminação profissional. Diferente seria se a placa 
contivesse “negros, apenas no elevador de serviço”, caso em que incidiria no artigo 11 da predita 
lei. 
São permitidas restrições de acesso com base em critérios como mudanças, carrinhos de 
compras, animais, trajes de banho. 
Em relação a edifícios comercias, ainda que a discriminação ocorra com base em critérios 
racistas, não será o caso abarcado pelo artigo 11 da Lei nº 7.716/89 – deverá ser aplicado o artigo 
20 da mesma lei. 
8.10. ARTIGO 12 DA LEI Nº 7.716/89 
Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, como aviões, navios 
barcas, barcos, ônibus, trens, metrô ou qualquer outro meio de transporte 
concedido. 
Pena: reclusão de um a três anos. 
 
Se for impedido o uso de taxi, será enquadro nesse artigo, porque a previsão diz “qualquer 
outro meio de transporte concedido”. 
Em relação ao Uber, como ainda não há autorização do Poder Público no que lhe concerne, 
não é cediço que será aplicado o presente artigo. 
Obs.:Os transportes privados e vans clandestinas não estão amparados pelo artigo 12 da Lei nº 
7.715/89. 
 Não haverá crime se a pessoa impede o acesso do serviço de transporte público baseada 
em critérios como lotação, ausência de dinheiro para pagar a passagem. 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 28 
 
8.10.1. Sujeito ativo 
Crime próprio (quem detém poder suficiente para controlar o acesso ao transporte público. 
Exemplo: funcionário do balcão do check in). 
8.10.2. Sujeito passivo 
Humanidade e pessoa discriminada. 
8.10.3. Conflito aparente de normas (princípio da especialidade) 
Prevê o artigo 96 do Estatuto do Idoso: 
Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a 
operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por 
qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por 
motivo de idade: 
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. 
 
Se a discriminação ocorrer em razão do critério da idade, incidirá o Estatuto do Idoso. 
*TJSP: Nos termos da Lei 7.716, a qual versa sobre delitos de preconceito ou discriminação racial, 
pratica crime aquele que, em virtude de preconceito de raça, impede ou obsta o acesso de alguém 
aos veículos de transporte públicos e privados, como aviões, navios, barcos, ônibus, trens, metrô 
ou qualquer outro meio de transporte – FALSO! Art. 12º abarca apenas transporte público! 
8.11. ARTIGO 14 DA LEI Nº 7.716/89: 
Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casamento ou 
convivência familiar e social. 
Pena: reclusão de dois a quatro anos. 
 
Exemplos: impedimento de frequência a casa; impor condições que impeçam o casamento 
(não consentimento em razão de o sujeito ser negro) ou convívio. 
O crime abrange: 
- Casamento; 
- Convivência familiar (relações de parentesco em geral, namoro, união estável e 
homoafetiva – mas a motivação continuará sendo raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional); 
- Convivência social (qualquer forma de contato mais próximo, fora do âmbito familiar – 
amizade). 
8.11.1. Sujeito ativo 
Crime comum. 
8.11.2. Sujeito passivo 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 29 
 
Humanidade e pessoa discriminada. 
8.11.3. Consumação 
Crime formal. O mero impedimento ou óbice já configura o tipo (r.c.e.r.pn.). 
8.11.4. Tentativa 
O iter criminis é cindível. 
*PC-RJ: A Lei 7.716/89 dispõe que constitui discriminação ou preconceito punível: b) impedir ou 
obstar, por qualquer meio ou forma, o casamento ou convivência familiar e social em decorrência 
da classe social do indivíduo – FALSA! 
 
*TJ-SP: Nos termos da Lei 7.716/89, pratica crime aquele que, em virtude de preconceito de raça, 
impede ou obsta: d) o casamento de alguém, por qualquer outro meio ou forma, excluindo-se outros 
modos de convivência familiar e social. - FALSA! 
8.12. ARTIGO 20 DA LEI Nº 7.716/89 
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, 
etnia, religião ou procedência nacional.) 
Pena: reclusão de um a três anos e multa. 
 
Contempla a maioria das situações. 
Sofre uma crítica da doutrina em virtude da violação ao princípio da taxatividade. Segundo 
a doutrina, “a tipificação não quer dizer absolutamente nada e pode dizer respeito a absolutamente 
tudo”. 
Na prática, o artigo 20 da referida lei tem caráter subsidiário.Exemplo: impedimento de um dos funcionários da empresa de entrar na casa para 
comemoração em decorrência de ser ele negro. 
Por força do §2º, é possível dizer que a conduta do caput se restringe às situações em que 
a ação ocorre em conversas informais, aulas, palestras etc. 
ATENÇÃO: Induzir e incitar (instigar) ensejarão a ocorrência de crime autônomo. Trata-se de 
exceção pluralista à teoria monista. Exemplo: “A” induz “B” a impedir o acesso de “C” a ônibus 
público, em virtude da cor de sua pele (art. 12). “A” será autor do delito do art. 20, em vez de partícipe 
no crime de “B” 
8.12.1. Hipóteses em que a jurisprudência entendeu configurado o delito 
a) Em manifestação, “em programa de televisão”, de “ideias preconceituosas 
discriminatórias em relação à raça indígena” (TRF4, AP 2001040010717527, 
16.10.2002); 
 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 30 
 
b) Na conduta de “escrever, editar, divulgar e comerciar livros ‘fazendo apologia de ideias 
preconceituosas e discriminatórias’ contra a comunidade judaica” (STF, HC 82.424, 
17.09.2003) – como aconteceu através de publicação, incide a forma qualificada do §2º 
do artigo 20 e interessante efeito da condenação. 
c) Na conduta do “agente que externa pensamentos pessoais desairosos e notoriamente 
etnocêntricos, imbuídos de aversão e menosprezo indistinto a determinado grupo social 
que apresenta homogeneidade cultural e linguística (comunidade indígena)” (TRF4, AC 
200371010018948; 05.04.2006); 
d) Veiculação de preconceito contra negros, nordestinos e judeus, além da defesa do 
nazismo, em página na internet (TRF3, AC 00084398120084036181, 20.10.2011); 
e) Criação de uma comunidade racista no Orkut (TRF5, AC 200881000016774, 
16.02.2012). 
f) Entendeu-se NÃO configurado o crime: “Racismo Religioso” – Padre – Publicação de livro 
– proselitismo católico – núcleo de liberdade de expressão religiosa: 
3. A liberdade religiosa e a e de expressão constituem elementos fundantes 
da ordem constitucional e devem ser exercidas com observância dos demais 
direitos e garantias fundamentais, não alcançando, nessa ótica, condutas 
reveladoras de discriminação. 
4. No que toca especificamente à liberdade de expressão religiosa, cumpre 
reconhecer, nas hipóteses de religiões que se alçam a universais, que o 
discurso proselitista é da essência de seu integral exercício. De tal modo, a 
finalidade de alcançar o outro, mediante persuasão, configura 
comportamento intrínseco a religiões de tal natureza. Para a consecução de 
tal objetivo, não se revela ilícito, por si só, a comparação entre diversas 
religiões, inclusive com explicitação de certa hierarquização ou animosidade 
entre elas. 
5.O discurso discriminatório criminoso/somente se materializa após 
ultrapassadas três etapas indispensáveis. Uma de caráter cognitivo, em que 
atestada a desigualdade entre grupos e/ou indivíduos; outra de viés 
valorativo, em que se assenta suposta relação de superioridade entre eles e, 
por fim; uma terceira, em que o agente, a partir das fases anteriores, supõe 
legítima a dominação, exploração, escravização, eliminação, supressão ou 
redução de direitos fundamentais do diferente que compreende inferior. 
6. A discriminação não libera consequências jurídicas negativas, 
especialmente no âmbito penal, na hipótese em que as etapas iniciais de 
desigualação desembocam na suposta prestação de auxílio ao grupo ou 
indivíduo que, na percepção do agente, encontrar-se-ia em situação 
desfavorável. 
7. Hipótese concreta em que o paciente, por meio de publicação em livro, 
incita a comunidade católica a empreender resgate religioso direcionado à 
salvação de adeptos do espiritismo, em atitude que, a despeito de considerar 
inferiores os praticantes de fé distinta, o faz sem sinalização de violência, 
dominação, exploração, escravização, eliminação, supressão ou redução de 
direitos fundamentais. 
8. Conduta que, embora intolerante, pedante e prepotente, se insere no 
cenário do embate entre religiões e decorrente da liberdade de proselitismo, 
essencial ao exercício, em sua inteireza, da liberdade de expressão religiosa. 
Impossibilidade, sob o ângulo da tipicidade conglobante, que conduza 
autorizada pelo ordenamento jurídico legitime a intervenção do Direito Penal. 
9. Ante a atipicidade da conduta, dá-se provimento ao recurso para o fim de 
determinar o trancamento da ação penal pendente.” 
(RHC 134682, 1ª T.STF, DJe-191 de 29-08-2017). 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 31 
 
8.12.2. Penas, efeitos da condenação e providências cautelares 
Artigo 20, caput: pena é de reclusão de 1 a 3 anos e multa. 
Na modalidade qualificada, verificada no §2º do artigo 20 da Lei nº 7.716/89: 
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos 
meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza: 
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa. 
 
Há efeito automático e extrapenal da condenação. Vide artigo 20, §4º da Lei nº 7.716/89: 
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, após o trânsito em 
julgado da decisão, a destruição do material apreendido 
 
8.12.3. Providências cautelares 
Poderão ser concedidas antes mesmo da instauração do procedimento investigatório, 
conforme diz a própria lei. 
Vide artigo 20, §3º da Lei nº 7.716/89: 
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvido o 
Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob 
pena de desobediência: 
I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do 
material respectivo; 
II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas, televisivas, 
eletrônicas ou da publicação por qualquer meio; 
III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de informação na 
rede mundial de computadores. 
 
 
*MP-RO: Nos crimes de injúria preconceituosa, a finalidade do agente, ao fazer uso de elementos 
ligados a raça, cor, etnia, origem e outros, é atingir a honra subjetiva da vítima, enquanto que no 
crime de racismo há manifestação de sentimento em relação a toda uma r.c.e.r.pn., não havendo 
vítima determinada – VERDADEIRO! 
 
*PC-PR: A incitação pública ao racismo constitui delito de incitação ao crime definido no artigo 286 
do CP, não havendo na Lei 7.716/89 disposição sobre tal conduta – FALSO! 
8.13. ARTIGO 20, §1º, DA LEI Nº 7.716/89 
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, 
ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou 
gamada, para fins de divulgação do nazismo. 
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa. 
 
Esse crime foi legitimamente construído porque não pune a pessoa por ser nazista – seria 
direito penal do autor. 
 
 
CS – CRIME DE PRECONCEITO 32 
 
Aqui, trata-se de direito penal do fato. 
8.13.1. Sujeito ativo 
Crime comum. 
8.13.2. Sujeito passivo 
Humanidade. 
8.13.3. Consumação 
Crime formal. 
8.13.4. Tentativa 
Inter criminis cindível. 
8.13.5. Elemento subjetivo 
Dolo + “especialíssimo fim de agir” (ou “dois especiais fins de agir”): para fins de divulgação 
(disseminação) do nazismo (que possui acentuado caráter racista). 
Elementos gráficos para fins de narrativa histórica ou artístico NÃO compõem o espectro do 
tipo penal. 
*TJ-SC: O ato de comercializar emblemas que utilizem a cruz suástica ou gamada, ainda que sem 
finalidade de divulgação do nazismo, constitui o crime previsto no art. 20, 1º, da Lei nº 7.716/89 – 
FALSO! 
9. EFEITOS EXTRAPENAIS DA CONDENAÇÃO 
Artigo 16 da Lei nº 7.716/89: 
Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou função pública, 
para o servidor público, e a suspensão do funcionamento do estabelecimento 
particular por prazo não superior a três

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