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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE DA MULHER NO BRASIL Daiane Govoni Orviedo Piccini AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE DA MULHER Como surgiram? O que são? HISTÓRIA DE DISCRIMINAÇÃO À MULHER HISTÓRIA DE DISCRIMINAÇÃO À MULHER Até 1830 Os homens podiam matar as mulheres adúlteras. Dispositivo legal que permitia ao marido “emendar a mulher das más manhãs pelo uso de chibatas”; Código Civil - 1916: Para proteger a família, a mulher deveria ter autorização do marido para poder trabalhar (Em vigor até 2002); “Crime em legítima defesa da honra”: homens que matavam as mulheres adúlteras eram absolvidos. PRINCIPAIS CONQUISTAS DAS MULHERES 1827: Surge a primeira lei sobre educação das mulheres, permitindo que frequentassem as escolas elementares. As instituições de ensino superior eram proibidas às mulheres. A educação feminina restringia-se ao aprendizado das boas maneiras e das prendas domésticas. PRINCIPAIS CONQUISTAS DAS MULHERES Em 1832 tem início o ensino oficial de Obstetrícia para mulheres. Na faculdade de medicina do Rio de Janeiro, diplomou-se em 1834 a mais célebre das parteiras, francesa de nascimento, Maria Josefina Matilde Durocher, que vestia-se como homem, porque exercia uma “profissão masculina”. PRINCIPAIS CONQUISTAS DAS MULHERES Em 1849, a Faculdade de Medicina da Bahia passou a aceitar mulheres e em 1887 formou a gaúcha Rita Lobato Freitas, que teve coragem de enfrentar a resistência e o machismo. PRINCIPAIS CONQUISTAS DAS MULHERES No código eleitoral Provisório, de 24 de fevereiro de 1932, durante o governo de Getúlio Vargas, o voto feminino no Brasil foi assegurado, após intensa campanha nacional pelo direito das mulheres ao voto. PRINCIPAIS CONQUISTAS DAS MULHERES Chegada e difusão da pílula anticoncepcional no Brasil, 1962 - 1972: Saúde das mulheres - Linha do tempo das conquistas AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE DA MULHER Surgiram pela necessidade de garantia de igualdade de direitos das mulheres. Políticas pública são um conjunto de ações do governo que irão produzir efeitos específicos. São criadas para que se resolvam os problemas da sociedade, e por repercutirem na economia e na sociedade são de interesse do governo e dos pesquisadores que trabalham junto para encontrar explicações e planos de ações para resolução desses problemas. AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE DA MULHER Em 1986, realizou-se no Brasil a VIII Conferência Nacional de Saúde, um dos eventos sociais sobre a saúde da população brasileira mais significativos, que contou com a participação de todos os setores da sociedade. AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE DA MULHER Nesse evento, estiveram presentes os movimentos de mulheres que foram imprescindíveis para determinar um novo conceito sobre saúde-doença, muito mais abrangente do que aquele que havia até aquele momento. CONCEITO SOBRE SAÚDE E DOENÇA DA MULHER ANTES DA DÉCADA DE 80 O conceito mais aceito e exposto sobre o que é a saúde da mulher abordava aspectos da biologia e da anatomia do corpo feminino. A saúde da mulher restringia-se apenas à saúde materna ou à ausência de doenças associadas à reprodução humana, o que justifica ações restritas à manutenção da saúde durante o processo gestacional, à prevenção de câncer cérvico-uterino e mamário, além da prevenção de gravidez indesejável e doenças sexualmente transmissíveis. Movimentos internacionais pelos direitos das mulheres NOVO CONCEITO SOBRE SAÚDE E DOENÇA DA MULHER Em seu sentido mais abrangente, a saúde da mulher é resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde. PAISM 1984 Em 1984, o MS elaborou o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher – PAISM. Que marcou um novo tempo e uma forma de eleição de prioridades assistenciais à população feminina no Brasil e foi integrado aos princípios e às diretrizes propostos pelos SUS, como universalidade, integralidade, descentralização, hierarquização, regionalização. PAISM 1984 Incorporaram-se ainda ações educativas, preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação, que englobavam o todo do ciclo de vida da mulher: ginecologia, pré-natal, parto, puerpério, climatério, planejamento familiar, Infeções Sexualmente Transmissíveis, câncer de colo de útero e de mama e violência sexual. PAISM 1984 Apesar do progresso e ampliação da assistência à mulher, a área técnica de saúde da mulher percebeu que algumas questões importantes das mulheres não estavam sendo abrangidas pelo programa: Como infertilidade e reprodução assistida, saúde da mulher na adolescência, doenças crônico- degenerativas, saúde ocupacional, saúde mental, doenças infecto-contagiosas, atenção às mulheres rurais, deficientes, negras, indígenas, presidiárias e lésbicas e a discussão sobre a mulher e o meio ambiente. PAISM 2004 O Ministério da Saúde, considerando que a saúde da mulher é prioridade, elaborou o documento “Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher – Princípios e Diretrizes”, em parceria com diversos setores da sociedade, em especial com o movimento de mulheres, o movimento negro e o de trabalhadoras rurais, sociedades científicas, pesquisadores e estudiosos da área, organizações não-governamentais, gestores do SUS e agências de cooperação internacional. PAISM 2004 Nesse sentido, reflete o compromisso com a implementação de ações de saúde que contribuam para a garantia dos direitos humanos das mulheres e reduzam a morbimortalidade por causas preveníveis e evitáveis. PAISM 2004 Incorpora, num enfoque de gênero, a integralidade e a promoção da saúde como princípios norteadores e busca consolidar os avanços no campo dos direitos sexuais e reprodutivos, com ênfase na melhoria da atenção obstétrica, no planejamento familiar, na atenção ao abortamento inseguro e no combate à violência doméstica e sexual. PAISM 2004 Agrega, também, a prevenção e o tratamento de mulheres vivendo com HIV/aids e as portadoras de doenças crônicas não transmissíveis e de câncer ginecológico. Além disso, amplia as ações para grupos historicamente alijados das políticas públicas (atenção às mulheres rurais, com deficiência, negras, indígenas, presidiárias e lésbicas) nas suas especificidades e necessidades. Participação nas discussões e atividades sobre saúde da mulher e meio ambiente. MORTALIDADE DE MULHERES EM IDADE FÉRTIL No Brasil, as principais causas de morte da população feminina são: Doenças cardiovasculares, destacando-se o infarto agudo do miocárdio e o acidente vascular cerebral; Neoplasias, principalmente o câncer de mama, de pulmão e o de colo do útero; Doenças do aparelho respiratório, marcadamente as pneumonias (que podem estar encobrindo casos de aids não diagnosticados); Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas, com destaque para o diabetes. MORTALIDADE DE MULHERES EM IDADE FÉRTIL Internacionalmente, corresponde aos óbitos de mulheres na faixa de 15 a 49 anos de idade. No Brasil a faixa etária analisada é de 10 a 49 anos de idade. ◼ Início cada vez mais precoce da puberdade, assim como da atividade sexual. MORTALIDADE DE MULHERES EM IDADE FÉRTIL Em pesquisa realizada nascapitais brasileiras e no Distrito Federal, em 2016, analisando óbitos em mulheres de 10 a 49 anos (ou seja, mulheres em idade fértil), as 10 primeiras causas de morte encontradas foram as seguintes: MORTALIDADE DE MULHERES EM IDADE FÉRTIL 1. Câncer de colo do útero 2. Diabetes 3. Doença isquêmica do coração 4. Doença hipertensiva 5. Neoplasia de órgãos digestivos 6. Acidente de trânsito 7. Câncer de mama 8. Homicídios 9. HIV+ 10. Acidente vascular cerebral SITUAÇÃO DA SAÚDE DA MULHER A mortalidade associada ao ciclo gravídico- puerperal e ao aborto não aparece entre as 10 primeiras causas de óbito nessa faixa etária. No entanto, a gravidade do problema é evidenciada quando se chama atenção para o fato de que a gravidez é um evento relacionado à vivência da sexualidade, portanto não é doença, e que, em 92% dos casos, as mortes maternas são evitáveis. MORTALIDADE MATERNA MORTALIDADE MATERNA É um bom indicador para avaliar as condições de saúde de uma população. A partir de análises das condições em que e como morrem as mulheres, pode-se avaliar o grau de desenvolvimento de uma determinada sociedade. Razões de Mortalidade Materna elevadas são indicativas de precárias condições socioeconômicas, baixo grau de informação e escolaridade, dinâmicas familiares em que a violência está presente e, sobretudo, dificuldades de acesso a serviços de saúde de boa qualidade. MORTALIDADE MATERNA Morte materna é a morte de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o término da gestação, independentemente da duração ou da localização da gravidez. É causada por qualquer fator relacionado ou agravado pela gravidez ou por medidas tomadas em relação a ela. Divididas em Causas Obstétricas Diretas ou Indiretas. São descritas no capitulo XV (CID-10). MORTALIDADE MATERNA Mortes por Causas Maternas que não são mortes maternas recebem o código: ◼ 096 (de 42 dias a 1 ano após o término da gestação) e o ◼ 097 (1 ano ou mais após o término da gestação) Não é considerada morte materna a que é provocada por fatores acidentais ou incidentais. CAPÍTULO XV CID-10 MORTALIDADE MATERNA POR CAUSAS OBSTÉTRICAS As mortes maternas por Causas Obstétricas podem ser de 2 tipos: Obstétricas Diretas Obstétricas Indiretas MORTE MATERNA OBSTÉTRICA DIRETA É aquela que ocorre por complicações obstétricas durante a gravidez, parto ou puerpério devido a intervenções, omissões, tratamento incorreto ou a uma cadeia de eventos resultantes de qualquer dessas causas. São responsáveis por 2/3 dos óbitos maternos, denotando a baixa qualidade da atenção obstétrica e do planejamento familiar prestados às mulheres brasileiras. Corresponde aos óbitos codificados na CID 10 como: MORTE MATERNA OBSTÉTRICA DIRETA Gravidez ectópica, mola hidatiforme, aborto e as complicações destes agravos (infecções, hemorragias, etc). Hipertensão gestacional, pré-eclampsia, eclampsia, tromboses, infecções. Diabetes mellitus gestacional. Ruptura prematura de membranas, descolamento prematuro de placenta, hemorragias, obstrução do trabalho de parto, ruptura de útero, complicações pulmonares ou cardíacas devido ao trabalho de parto, complicações da anestesia, infecção puerperal, etc. MORTE MATERNA OBSTÉTRICA DIRETA Neoplasia de placenta. Transtornos mentais associados ao puerpério. Osteomalácia puerperal. MORTE MATERNA OBSTÉTRICA INDIRETA É aquela resultante de doenças que existiam antes da gestação ou que se desenvolveram durante esse período, não provocadas por causas obstétricas diretas, mas agravadas pelos efeitos fisiológicos da gravidez. Corresponde aos óbitos codificados na CID 10 como: MORTE MATERNA OBSTÉTRICA INDIRETA Hipertensão pré-existente, doenças cardíacas e renais pré-existentes ou adquiridas. Diabetes mellitus pré-existente. Desnutrição na gravidez. Doenças infecciosas e parasitárias complicando a gravidez, anemia, doenças endócrinas. Tétano. HIV. MORTE MATERNA NÃO OBSTÉTRICA Morte materna não obstétrica é a resultante de causas incidentais ou acidentais não relacionadas à gravidez e seu manejo. Estes óbitos não são incluídos no cálculo da razão de mortalidade materna. Ex. acidentes de trânsito. CONCEITOS BÁSICOS Nativivo ou Nascido Vivo: Expulsão ou extração completa do corpo da mãe, independentemente da duração da gravidez, de um produto de concepção que, depois da separação, respire ou apresente quaisquer outros sinais de vida, tais como batimentos do coração, pulsações do cordão umbilical ou movimentos efetivos dos músculos de contração voluntária, estando ou não cortado o cordão umbilical e desprendida a placenta. CONCEITOS BÁSICOS Óbito Fetal: Morte do produto da gestação antes da expulsão ou de sua extração completa do corpo materno, independentemente da duração da gravidez. Indica o óbito o fato de depois da separação, o feto não respirar nem dar outro sinal de vida, como batimentos do coração, pulsações do cordão umbilical ou movimentos efetivos dos músculos de contração voluntária. CONCEITOS BÁSICOS Abortamento: Expulsão ou extração de um produto da concepção, sem sinais de vida, com <500 gramas e/ou estatura ≤25cm ou <22 semanas de gestação. CONCEITOS BÁSICOS Razão de Mortalidade Materna Relaciona as mortes maternas obstétricas diretas e indiretas com o número de nascidos vivos, e é expresso por 100.000 nascidos vivos. Freqüentemente, a razão de mortalidade materna é chamada de “taxa” ou “coeficiente”. Contudo, ela só poderia ser designada assim se o seu denominador fosse o número total de gestações. Na impossibilidade de obtenção desse dado, utiliza-se por aproximação o número de nascidos vivos, o que torna mais adequado o uso da expressão “razão”. CONCEITOS BÁSICOS O cálculo da razão deve ser feito sempre para a mesma área e a mesma unidade de tempo, e o seu resultado deve ser multiplicado por “K” (seguindo padrão internacional adotado, k = 1 00.000). NOTIFICAÇÃO DO ÓBITO MATERNO A notificação do óbito se faz pelo preenchimento e encaminhamento da Declaração de Óbito gerada na fonte notificadora para a Secretaria Municipal de Saúde. 15/12/1999 – Portaria n.º 1.399 - estabelece que a vigilância epidemiológica da mortalidade infantil e materna é uma das atribuições do município, cabendo a ele garantir estrutura e equipes compatíveis com o exercício dessas atividades. NOTIFICAÇÃO DO ÓBITO MATERNO 28/05/2003 - Portaria n.º 653 - estabelece que o óbito materno passa a ser considerado evento de notificação compulsória, tornando obrigatória a investigação, por parte de todos os municípios, dos óbitos de mulheres em idade fértil cujas causas possam ocultar o óbito materno. NOTIFICAÇÃO DO ÓBITO MATERNO 05/06/2008 - Portaria GM No 1119 - Regulamenta que a Vigilância de Óbitos Maternos deve ser realizada por profissionais de saúde designados pelas autoridades de vigilância em saúde da esfera municipal, estadual, do Distrito Federal e federal para todos os eventos confirmados ou não, independentes do local de ocorrência. NOTIFICAÇÃO DO ÓBITO MATERNO 05/06/2008 - Portaria GM No 1119 - Estabelece prazo de 120 dias a partir da ocorrência do óbito para que a equipe de vigilância de óbito materno responsável por concluir o levantamento dos dados que compõem a investigação,envie o material ao comitê de morte materna de referência para estudo e remeta a ficha-síntese da investigação epidemiológica ao gestor do Sistema de Informação sobre Mortalidade. NOTIFICAÇÃO DO ÓBITO MATERNO No Brasil, 2 fatores dificultam o real monitoramento do nível e da tendência da mortalidade materna: Subinformação Sub-registro NOTIFICAÇÃO DO ÓBITO MATERNO Subinformação é o preenchimento incorreto das declarações de óbito, quando se omite que a morte teve causa relacionada à gestação, ao parto ou ao puerpério. Isso ocorre pelo desconhecimento dos médicos quanto ao correto preenchimento da declaração de óbito e quanto à relevância desse documento como fonte de dados de saúde. NOTIFICAÇÃO DO ÓBITO MATERNO Sub-registro é a omissão do registro do óbito em cartório, frequente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, seja pela dificuldade de acesso aos cartórios, pela existência de cemitérios irregulares ou à falta de informação da população quanto à importância da declaração de óbito como instrumento de cidadania. COMITÊS DE MORTALIDADE MATERNA Os comitês de morte materna são organismos de natureza interinstitucional, multiprofissional e confidencial que visam analisar todos os óbitos maternos e apontar medidas de intervenção para a sua redução na região de abrangência. Representam, também, um importante instrumento de acompanhamento e avaliação permanente das políticas de atenção à saúde da mulher. COMITÊS DE MORTALIDADE MATERNA Têm uma atuação técnico-científica, sigilosa, não coercitiva ou punitiva , com função eminentemente educativa e de acompanhamento da execução de políticas públicas. COMITÊS DE MORTALIDADE MATERNA - OBJETIVOS Participação na correção das estatísticas oficiais facilitando o fortalecimento dos sistemas de informações; Divulgação de relatórios para todas instituições e órgãos competentes que possam intervir na redução das mortes maternas. Promoção da discussão de casos clínicos nos comitês hospitalares; COMITÊS DE MORTALIDADE MATERNA - OBJETIVOS Promoção do debate sobre a persistência dos índices altos de Morte Materna a partir de evidências epidemiológicas; Promoção do debate sobre a problemática da mortalidade materna através da realização de eventos de prevenção, de programas de reciclagem e de educação continuada e da produção de material educativo. hemorragia grave (especialmente durante e depois do parto) hipertensão na gestação Infecções puerperais parto obstruído e outras causas diretas complicações de abortos coágulos sanguíneos (embolias) PRINCIPAIS CAUSAS DE MORTALIDADE MATERNA As altas taxas de mortalidade materna representam ainda um desafio à saúde pública em nosso país. Não conseguimos alcançar a Meta dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio para 2015. MORTALIDADE MATERNA Objetivos de Desenvolvimento do Milênio Objetivos de Desenvolvimento do Milênio Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio surgiram da Declaração do Milênio das Nações Unidas, adotada pelos 191 estados membros no dia 8 de setembro de 2000. Criada em um esforço para sintetizar acordos internacionais alcançados em várias cúpulas mundiais ao longo dos anos 90 (sobre meio ambiente e desenvolvimento, direitos das mulheres, desenvolvimento social, racismo, etc.), a Declaração trouxe uma série de compromissos concretos que, se cumpridos nos prazos fixados, segundo os indicadores quantitativos que os acompanham, deveriam melhorar o destino da humanidade neste século. Meta dos Objetivos do Milênio 5: reduzir a mortalidade materna, que precisaria baixar de 64 para 35 óbitos para cada 100 mil nascidos vivos até 2015. Em 2015, Brasil teve 57,6 óbitos por 100 mil nascidos vivos. 3.1 Até 2030, reduzir a taxa de mortalidade materna global para menos de 70 mortes por 100 mil nascidos vivos PRINCIPAIS DETERMINANTES Os fatores determinantes operam em vários níveis, englobando o menor status social e as condições socioeconômicas das mulheres, que definem o acesso à educação, bens e serviços, incluindo serviços de saúde. ▪ Baixa qualidade da assistência prestada. ▪ Oferta insuficiente de profissionais capacitados para atuar na atenção obstétrica e neonatal. ▪ Reconhecimento restrito da magnitude da questão enquanto problema de Saúde Pública. ▪ Precárias condições sócio-econômicas. ▪ Baixa escolaridade PRINCIPAIS DETERMINANTES Como desafios para a redução da mortalidade materna no Brasil, destacam-se as complicações por aborto, a violência contra a mulher e a feminização da epidemia de HIV, que sinalizam para a necessidade de fortalecer a rede de atenção à mulher. 67 MORTALIDADE MATERNA Santa Catarina Tem indicadores abaixo da média brasileira em relação à mortalidade materna. Enquanto o Brasil, em 2015, teve 57,6 óbitos por 100 mil nascidos vivos de mulheres por causas ligadas à gestação, SC teve 30,9 óbitos por 100 mil nascidos vivos. PRINCIPAIS DETERMINANTES Políticas e programas públicos de saúde da Mulher Acessibilidade a assistência no pré natal, parto e puerpério Referenciamento para centros de especialidades Tratamento das emergências obstétricas Capacitação técnica do profissional de saúde COMPLICAÇÕES POR ABORTO COMPLICAÇÕES POR ABORTO A situação de ilegalidade na qual o aborto é realizado no Brasil afeta a existência de estatísticas confiáveis que subsidiem a implementação de políticas públicas mais precisas para as diferentes realidades regionais e faixas etárias, nas quais a gravidez indesejada é mais prevalente. COMPLICAÇÕES POR ABORTO O aborto realizado em condições de risco freqüentemente é acompanhado de complicações severas, agravadas pelo desconhecimento desses sinais pela maioria das mulheres e da demora em procurar os serviços de saúde, que na sua maioria não está capacitado para esse tipo de atendimento. COMPLICAÇÕES POR ABORTO As complicações imediatas mais freqüentes são a perfuração do útero, a hemorragia e a infecção, que podem levar a graus distintos de morbidade e mortalidade. Pesquisa realizada no Brasil, em 2016, estimou que 20% dos abortos são clandestinos e realizados por profissional médico em clínicas, e 50% dos abortos são domiciliares, realizados pela própria mulher ou por curiosas e apresentam complicações. COMPLICAÇÕES POR ABORTO O aborto realizado em condições inseguras está entre as principais causas de morte materna e é causa de discriminação e violência institucional contra as mulheres nos serviços de saúde. Violência que pode traduzir-se no retardo do atendimento, na falta de interesse das equipes em escutar e orientar as mulheres ou mesmo na discriminação explícita com palavras e atitudes condenatórias e preconceituosas. COMPLICAÇÕES POR ABORTO Pela representação simbólica da maternidade, como essência da condição idealizada do ser mulher e da realização feminina, o aborto pode sugerir uma recusa da maternidade e por isso pode ser recebido com muitas restrições por parte dos profissionais de saúde. COMPLICAÇÕES POR ABORTO No entanto, pouco se faz para evitar que o aborto se repita, haja vista que as mulheres que tiveram complicações de aborto estão entre as pacientes mais negligenciadas quanto aos cuidados de promoção da saúde reprodutiva e, via de regra,nem são encaminhadas a serviços e profissionais capacitados. PESQUISA NACIONAL DE ABORTO DE 2016 A pesquisa se baseou em um levantamento domiciliar que combina técnica de urna e entrevistas face-a-face com mulheres de 18 a 39 anos, com amostra representativa do Brasil urbano. Os resultados indicam que o aborto é um fenômeno frequente e persistente entre as mulheres de todas as classes sociais, grupos raciais, níveis educacionais e religiões. PESQUISA NACIONAL DE ABORTO DE 2016 Em 2016, quase 1 em cada 5 mulheres, aos 40 anos já realizou, pelo menos, um aborto. Em 2015, foram, aproximadamente, 416 mil mulheres. Há, no entanto, heterogeneidade dentro dos grupos sociais, com maior frequência do aborto entre mulheres de menor escolaridade, pretas, pardas e indígenas, vivendo nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. CASOS PREVISTOS EM LEI VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER Qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública quanto privada. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER Violência Física: Quando faz uso da força para ferir (queimaduras, cortes, empurrões, socos, tapas, beliscões, etc). Violência Sexual: Quando se obriga a pessoa a presenciar ou participar de atos de natureza sexual sem o seu consentimento, através de ameaça ou violência. Violência Psicológica: Quando existe rejeição, desrespeito, humilhação ou intimidação. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER Violência Moral: Quando são feitas ameaças, acusações e xingamentos. Violência Patrimonial: Quando há destruição ou dano aos pertences/à casa da mulher. Violência contra a mulher - O Promotor Responde! IBGE Explica • Informações Estatísticas de Gênero VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER Sob diversas formas e intensidades, a violência contra as mulheres é recorrente e presente em muitos países, motivando graves violações de direitos humanos e crimes hediondos. Assédio, exploração sexual, estupro, tortura, violência psicológica, agressões por parceiros ou familiares, perseguição, feminicídio. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER DADOS EPIDEMIOLÓGICOS Mesmo com legislação específica, a violência contra a mulher ainda é um problema em todo país. A omissão da denúncia por parte das mulheres é um dos fatores que dificulta a atuação dos órgãos competentes na punição do crime. LEGISLAÇÃO – LEI MARIA DA PENHA Em agosto de 2006, foi sancionada a Lei 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha, visando incrementar e destacar o rigor das punições para esse tipo de crime. A lei Maria da Penha, é considerada um marco na história do combate à violência contra as mulheres, além de ser reconhecida pela ONU como uma das 3 melhores legislações do mundo no enfrentamento a esse tipo de crime. LEGISLAÇÃO – LEI MARIA DA PENHA Alterou o código penal brasileiro, tornando mais rígidas as penas para casos de violência doméstica. Prevê que o agressor pode ser preso em flagrante ou ter a prisão preventiva decretada. Penas alternativas deixaram de ser punição para os crimes praticados com violência doméstica contra à mulher e a pena máxima para a lesão corporal praticada nessas condições passou a ser de 3 anos. LEGISLAÇÃO – LEI DO FEMINICÍDIO Em março de 2015 foi sancionada a Lei do Feminicídio 13.104/2015, que altera o código penal para prever o homicídio de mulheres por questão de gênero (feminicídio) como um tipo de homicídio qualificado e considerado crime hediondo. LEGISLAÇÃO – LEI DO FEMINICÍDIO Isso quer dizer que quando o crime de homícidio é praticado contra a mulher, por questão de genêro, envolvendo violência doméstica e familiar e/ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher, é considerado qualificado. Os homicídios qualificados têm pena que vai de 12 a 30 anos, enquanto os homicídios simples prevêem reclusão de 6 a 20 anos. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER DADOS EPIDEMIOLÓGICOS O Brasil registrou 1 estupro a cada 11 minutos em 2015. Calcula-se que estes sejam apenas 10% do total dos casos que realmente acontecem. Ou seja, o Brasil pode ter a medieval taxa de quase meio milhão de estupros a cada ano. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER DADOS EPIDEMIOLÓGICOS Cerca de 70% das vítimas de estupro são crianças e adolescentes. Quem mais comete o crime são homens próximos às vítimas. Há, em média 10 estupros coletivos notificados todos os dias no sistema de saúde do país. 30% dos municípios não fornecem estes dados ao Ministério. Ou seja, esse número ainda não representa a totalidade. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER DADOS EPIDEMIOLÓGICOS A cada 7,2 segundos 1 mulher é vítima de violência física. O assassinato de mulheres negras aumentou (54%) enquanto o de brancas diminuiu (9,8%). Somente em 2015, a Central de Atendimento a Mulher – Ligue 180, realizou 749.024 atendimentos, ou 1 atendimento a cada 42 segundos. Desde 2005, são quase 5 milhões de atendimentos. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER DADOS EPIDEMIOLÓGICOS 2 em cada 3 universitárias brasileiras disseram já ter sofrido algum tipo de violência (sexual, psicológica, moral ou física) no ambiente universitário. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E SUAS CAUSAS VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E SUAS CAUSAS É comum os homens serem valorizados pela força e agressividade Muitos maridos, namorados, pais, irmãos, chefes e outros homens acham que têm o direito de impor suas opiniões e vontades às mulheres e, se contrariados, recorrem à agressão verbal e física. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E SUAS CAUSAS Com base em construções culturais desse tipo, que vigoram há séculos, muitos ainda acham que os homens são ‘naturalmente superiores’ às mulheres, ou que eles podem mandar na vida e nos desejos delas, e que a única maneira de resolver um conflito é apelar para a violência. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E SUAS CAUSAS AÇÕES PARA MUDAR O QUADRO DE VIOLÊNCIA Envolver os homens na superação dessa cultura violenta; Reconhecer e dar atenção para as formas institucionais de violência perpetradas pelo Estado; Assegurar o protagonismo das mulheres por meio de políticas públicas de educação, autonomia econômica e financeira, equidade no trabalho doméstico e no trabalho remunerado; Cobrar respostas do Poder Público e da iniciativa privada nesse sentido; Garantir o investimento na expansão com qualidade da rede de atenção e enfrentamento à violência O Desafio da Igualdade
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