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Estado, Globalização e Gestão Pública

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ESTADO, GLOBALIZAÇÃO E GESTÃO PÚBLICA: DESAFIOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA GOVERNABILIDADE DEMOCRÁTICA 
	Agripino Alexandre dos Santos Filho
Advogado, Procurador do Estado de Sergipe, Especialista em Gestão Pública pela FGV, mestrando em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela UFS/PRODEMA
SUMÁRIO
1. Introdução. 2. O Estado e suas transformações. 3. O Estado na contemporaneidade. 4. Construindo um modelo de governabilidade democrática. 5. Considerações finais. 6. Referências bibliográficas.
RESUMO
O presente artigo aborda os desafios que a ordem globalizada contemporânea propõe aos gestores públicos, discutindo acerca da construção de um modelo de gestão pública que contribua para a domesticação tanto do poder político quanto do mercado, direcionando a atividade estatal para a promoção da dignidade material, cultural e espiritual da pessoa humana. Inicialmente, será apresentado um esboço do desenvolvimento histórico do Estado-Nação, a fim de pontuar suas principais características, que serão analisadas no capítulo seguinte em relação ao contexto político contemporâneo de crise do Estado. Por derradeiro, será tratada a questão da refundação do Estado, sob o prisma da governabilidade democrática, seguindo-se as considerações finais, onde serão apresentadas algumas conclusões, que podem servir de ponto de partida para estudos mais aprofundados.
1 INTRODUÇÃO
O Estado-Nação foi um arranjo político institucional surgido no século XVI, em substituição à ordem política feudal da Idade Média. Suas características primordiais eram a separação entre o poder político e a Igreja, a soberania territorial centralizada, o monopólio tanto do uso legítimo da violência como da produção normativa e a existência de um aparato burocrático, cujo marco histórico de consolidação foi o Tratado de Westfália. A função primordial do Estado era proteger a Nação contra ameaças de dissolução internas ou externas, afirmando-se como instância última do exercício do poder político em nome da Nação, poder esse entendido como incontrastável no âmbito interno e que só reconhecia iguais no âmbito externo. Consolidada a soberania territorial, cabia ao Estado-Nação assegurar o funcionamento da economia, garantindo o cumprimento das obrigações, facilitando o intercâmbio interno e protegendo o mercado nacional das investidas dos concorrentes estrangeiros, mediante a definição de políticas econômicas que se valiam para esse fim do monopólio da emissão da moeda nacional e da definição da carga tributária. Outra função do Estado-Nação era o monopólio do direito, ou seja, o Estado era a fonte normativa final do direito no âmbito do seu território, não se aplicando nele leis estrangeiras salvo nos limites postos no próprio ordenamento nacional. Por derradeiro, era função do Estado-Nação promover a integração cultural no âmbito do seu território, fortalecendo os laços nacionais e criando uma relação entre o cidadão e o Estado. 
O modelo político westfaliano entrou em crise na década de 70, desencadeada pela “crise do petróleo” e que se aprofundou com o avanço do fenômeno da globalização , atingindo o Estado-Nação em suas dimensões filosófica, cultural, política, jurídica e econômica, ao ponto de algumas vozes se erguerem apregoando a morte do Estado-Nação, que deveria ser substituído pela livre atuação do mercado financeiro internacional, auto-regulamentado através de seus atores supranacionais.
O presente estudo aborda os desafios que essa nova ordem globalizada propõe aos gestores públicos, discutindo acerca da construção de um modelo de gestão pública que contribua para a domesticação tanto do poder político quanto do mercado, direcionando a atividade estatal para a promoção da dignidade material, cultural e espiritual da pessoa humana.
Inicialmente, sem nenhuma pretensão a vôos mais altos, será apresentada uma apertada síntese acerca do surgimento e evolução do Estado Moderno, apenas para enfatizar alguns aspectos que ajudam a entender a crise do Estado na contemporaneidade, para, em seguida, abordar a crise do Estado na contemporaneidade. No capítulo seguinte é analisada a questão da urgência em se construir um modelo de governabilidade democrática para enfrentar os desafios do século XXI. Por fim, serão apresentadas algumas conclusões preliminares sobre o tema em estudo, a fim de servir como ponto de partida para estudos mais aprofundados.
2 O ESTADO E SUAS TRANSFORMAÇÕES
2.1 O Estado absolutista
A expressão “Estado” não é um conceito unívoco, sendo objeto de constantes embates doutrinários, mas para os fins deste estudo o termo será utilizado para expressar uma forma de ordenação do poder político surgida na Europa, entre o crepúsculo da Idade Média e o alvorecer da Idade Moderna, em um momento de auto-consciência histórica da humanidade, no qual uma nova ordem econômica mercantilista substituiu o modo de produção da sociedade feudal em ruínas, mediante a afirmação de um poder político secular, centralizado e soberano, exercido em um território delimitado, razão pela qual Kritsch define o Estado moderno como “um poder secular que afirma sua jurisdição sobre um território, em oposição tanto aos poderes locais quanto às pretensões da igreja” (KRITSCH, 2004, p. 103).
De fato, o signo distintivo que marcou a transição entre a Idade Média e a Idade Moderna foi a secularização do pensamento humano, liberto do jugo teológico institucionalizado na autoridade do Papa, que deteve durante o medievo poder incontrastável sobre todas as áreas, inclusive e principalmente sobre o poder político. Todas as condições sociais, econômicas, políticas e religiosas intensificadas nos séculos finais da Idade Média produziram um novo arranjo institucional caracterizado pela centralização do poder na pessoa de um indíviduo, que o exercia de forma soberana sobre todos em um território determinado, dando azo ao surgimento das monarquias nacionais, que passaram a deter o monopólio do uso legítimo da força, aplicando leis, cobrando tributos, unificando a língua e a moeda, atuando através de um aparato administrativo.
Nicolau Maquiavel foi o primeiro pensador a estudar esse novo arranjo institucional que se convencionou chamar Estado moderno, a partir da noção da natureza decaída do homem e de sua inclinação natural à prática da maldade . Entretanto, o cerne do pensamento de Maquiavel é precisamente a proposta de separação entre a política e moral cristã, de modo que a moral do homem de estado deve se orientar pela obtenção de um resultado útil, substituindo a moral cristã por uma moral laica, na qual tudo é permitido desde que seja para alcançar o bem comum, ou seja, Maquiavel não defende o tirano (aquele que pratica o mal para satisfazer seus próprios interesses), mas argumenta que o príncipe virtuoso não deve colocar sua moral individual acima do bem comum, priorizando o resultado útil à nação.
As idéias de Maquiavel foram aprofundadas no século seguinte por Thomas Hobbes, que firmou as bases filosóficas no Estado moderno em sua versão absolutista, especialmente através de suas obras De Cive e Leviatã, cujo escopo era construir uma teoria para legitimar o poder do monarca absoluto independente da unção divina do Papa. Hobbes também partiu da premissa de que o ser humano naturalmente inclinado ao mal, defendendo que antes da institucionalização do estado civil os homens viviam no “estado de natureza”, onde todos eram iguais, livres para agir de acordo com seus próprios interesses e com direito a tudo, razão pela qual havia um clima constante de insegurança, pois cada homem tentava fazer prevalecer seus interesses sobre os demais. Era a “guerra de todos contra todos”, na qual o “homem era o lobo do próprio homem”. Enfim, Hobbes afirmava que a reunião de homens livres, iguais e egoístas só poderia resultar em medo, violência e desordem. Para superar esse estado de natureza, os seres humanos celebraram um “contrato social” pelo qual instituiram a sociedade civil, abdicando de sua liberdade em favor deste recém criado Estadoabsoluto, que deverá utilizar seu poder ilimitado e indivisível para manter a ordem e assegurar a paz.
No plano administrativo, o Estado absoluto funcionava sob um primado bastante simples, sintetizado na célebre frase atribuída à Luiz XIV: LÉtat cest moi (“O Estado sou eu”). A esse paradigma de gestão pública convencionou-se chamar “patrimonialismo”, pois a sua característica essencial era a ausência de separação entre o patrimônio público e o patrimônio do governante. O monarca absoluto era de fato e de direito o dono da máquina estatal, razão pela qual era da essência desse paradigma de gestão pública que o monarca absoluto não tivesse limites na sua atuação.
No plano econômico, o Estado absoluto caracterizou-se pelo mercantilismo, conjunto de práticas através das quais o Estado intervinha na economia para se fortalecer e reafirmar seu poder, tais como a cobrança de impostos, a criação de uma moeda nacional, o monopólio do comércio com as colônias, a expansão das exportações e a diminuição das importações, a proteção do mercado nacional e a eliminação das aduanas internas típicas do sistema feudal, em atenção aos interesses comerciais da burguesia emergente.
Embora o Estado absolutista tenha atendido aos interesses iniciais da burguesia emergente, a expansão do comércio encontrou óbices na política mercantilista e o Estado começou a ser encarado como um obstáculo ao processo de acúmulo de riquezas da burguesia, razão pela qual se iniciou a formação de um novo arranjo político para reorganizar o Estado em atenção aos interesses da classe burguesa. 
2.2 O Estado liberal
A revolução francesa simbolizou a derrocada do Estado absolutista e o surgimento do Estado liberal, cujo primado era a garantia da igualdade formal de todos perante a lei, fazendo com que os indivíduos deixassem de ser meros súditos e passassem a titularizar direitos subjetivos oponíveis contra o próprio Estado, de modo que a soberania foi transferida da pessoa do rei para a Nação e o poder político se viu regulado e passou a ser exercido dentro de limites jurídicos previamente demarcados, através de órgãos distintos que se controlam reciprocamente. 
Ademais disso, o Estado liberal, orientado pela ideologia do laisser-faire, potencializou ao máximo a liberdade do indivíduo face ao Estado e o direito à propriedade , isto é, a atuação estatal deveria se restringir ao mínimo necessário para garantir a liberdade individual e propriedade. Cada indivíduo deveria ser o senhor absoluto do seu próprio universo e nada deveria limitar suas potencialidades, discurso esse que agradava a classe emergente da burguesia, que percebia no Estado absolutista um óbice às suas atividades comerciais. 
De fato, o liberalismo representou o triunfo da classe burguesa, então revolucionária, que derrubou o antigo regime e se apropriou do Estado, reorganizando-o para atender aos seus interesses comerciais, de modo que o Estado moderno deixa sua feição monárquica e absolutista e assume uma nova roupagem de Estado nacional, liberal, não intervencionista na economia e defensor da livre concorrência.
A doutrina liberal avançou em três frentes: 
(i) no plano ético, assegurava a liberdade individual de pensamento e religião, reconhecendo alguns direitos inalienáveis do ser humano; 
(ii) no plano político, limitava o poder do governante, adotando a teoria da separação de poderes , legitimando-o mediante o consenso a ser obtido através do voto dos cidadãos, em um modelo de democracia representativa; 
(iii) no plano econômico, propunha a intervenção mínima do Estado na economia de mercado, cujo funcionamento se daria apenas pela lei da oferta e da procura, consoante os escritos de Adam Smith e David Ricardo. 
Enfim, o liberalismo demarca definitivamente as esferas do público e do privado, impondo inclusive que o público não interfira no privado, limitando-se à manutenção da ordem e da segurança.
Dentre os teóricos do liberalismo clássico, importa destacar o pensamento de Jean-Jacques Rousseau, que seguiu a trilha de Hobbes e Locke ao fundar a legitimidade do poder estatal em um contrato, mas afastou-se de seus antecessores por negar a natureza decaída do ser humano, partindo da premissa de que o surgimento do direito de propriedade conduz à desigualdade entre os ricos e os pobres, que termina por corromper a natureza do homem, havendo necessidade da celebração de um contrato social, pelo qual os homens abdiquem de sua liberdade em prol do Estado, que atuará mediante a expressão da “vontade geral” posta na lei, editada pelos representantes eleitos pelos cidadãos. Portanto, ao se submeter apenas à “vontade geral”, que se forma inclusive com a sua participação, o homem permanece livre, pois ninguém pode ser escravo de si mesmo. A participação na formação da “vontade geral” é a explicação de Rousseau para a aparente incongruência em abdicar totalmente de sua liberdade e permanecer igualmente livre . 
Em suma, o Estado liberal foi uma reação ao Estado absoluto, razão por que a ideologia liberal foi uma crítica constante ao absolutismo. O Estado liberal surgiu elitista e não democrático, enfatizando a liberdade individual e a propriedade privada, propondo uma igualdade meramente formal para proteger os interesses da burguesia. Já era possível intuir que a lei formal apenas não era suficiente para realizar o direito, havendo necessidade de preencher seu conteúdo com valores superiores, mas a questão era de onde e como extrair tais valores. Com Rousseau se iniciou a construção de um liberalismo democrático, aprofundado por Stuart Mill, cujo cerne consistia na igualdade dos cidadãos, cuja liberdade só poderia ser restringida pela lei, expressão da vontade geral formada através do voto. 
Contudo, as máquinas do sistema fabril pós-revolução industrial produziram drásticas mudanças sociais, políticas e econômicas, que desnudaram as contradições do liberalismo, cujo lema da igualdade, da liberdade e da fraternidade mascara um sistema de permanente injustiça social. A revolução industrial aprofundou a secularização da sociedade e o triunfo absoluto da ciência e da técnica, que racionalizaram todas as esferas de saber. Surge uma nova classe social que não se via representada pelo Estado, nascida no chão das fábricas e despossuída de tudo exceto sua força de trabalho, que passou a contestar o Estado liberal burguês. E um espectro começou a rondar a Europa...
2.3 O Estado socialista
Em suas análises sobre o Estado, Marx e Engels propuseram uma doutrina política realista, de viés histórico, cujo norte consiste na idéia de que o progresso da humanidade se encaminha no sentido do fim do Estado.
Marx e Engels rejeitaram a premissa da inclinação natural do homem ao mal e partiram da dialética idealista hegeliana, com sua filosofia do devir, que põe destaque na razão como “tecido do real”, abandonando por completo a concepção jusnaturalista de que o Estado é uma criação artificial dos homens, mediante um contrato social, a fim de garantir a paz e harmonia impossível de se obter no estado de natureza, afirmando que o ser humano é um indivíduo social, portanto, jamais houve um estado de natureza, pois o homem é enquanto membro de uma sociedade, resgatando a definição aristotélica do zoon politikon. 
No entanto, a doutrina marxista se afasta de Hegel por considerar que o Estado perpetua o conflito entre as classes sociais, servindo apenas como instrumento de dominação de uma classe por outra, ao invés de servir como síntese que superaria os conflitos existentes na sociedade civil. O marxismo-leninismo traz uma concepção negativa do Estado, visto apenas como um instrumento de força utilizado pela classe dominante para perpetuar a exploração sobre a classe dominada, motivo pelo qual o Estado é um mal não necessário, que durará enquanto houver luta entre classes.
Com efeito, o materialismo histórico se centra na noção de que o homem se define pela forma com que reproduz as condições materiais de sua existência, estruturando a sociedadeem dois níveis: a infra-estrutura econômica (relação de produção) e a superestrutura político-ideológica (estado, direito, religião, educação, ciências, literatura, artes em geral etc.). Toda a sociedade se resume ao modo como as forças produtivas se organizam durante as relações de produção e tudo o mais é uma decorrência disso. Marx revelou que o Estado liberal funciona com base na exploração da força de trabalho do proletário, que cria um valor além daquele pago pelas horas trabalhadas (mais valia), que é apropriado pelo patrão, produzindo o fenômeno da “coisificação” do ser humano, reduzido a uma mercadoria. O Estado integra a superestrutura da sociedade, como um instrumento para perpetuar a exploração da classe proletária, mascarando as contradições do sistema e impedindo que a classe dominada se revolte, por isso o Estado é um mal necessário, decorrente da exploração de uma classe por outra. Cessada esta premissa (luta entre classes), a necessidade do Estado desaparece .
Nesse ponto, merece destaque a idéia marxista de que todo Estado é uma ditadura de uma classe, de modo que o Estado liberal é a ditadura da burguesia, que se extinguirá definitivamente com o advento do comunismo que porá termo à luta de classes, mas antes desse estágio final ocorrerá a ditadura revolucionária do proletariado, fase intermediária entre o socialismo e o comunismo. 
Deveras, a doutrina marxista-leninista entende que o ser humano é naturalmente capaz de viver em harmonia, mas as instituições da superestrutura da sociedade burguesa o corromperam e deformaram sua natureza para perpetuar a exploração da classe dominante. Logo, para retomar sua liberdade, a classe operaria deve promover uma revolução para derrubar a burguesia, tomar o poder, tornando ela mesma a classe dominante e implantando o comunismo. Todavia, a implantação do comunismo demanda a apropriação do aparelho do Estado para evitar a contra-revolução e começar a “purificar” o ser humano corrompido pela ideologia burguesa. Gradativamente, à medida que fosse surgindo um “novo ser humano”, o Estado se tornaria cada vez menos necessário até seu completo fim, com a chegada do estágio final da revolução operária: o comunismo, onde a luta de classes já não mais existiria.
Lênin resume a proposta marxista, com bastante clareza:
“Solo en la sociedad comunista, cuando la resistencia de los capitalistas ya haya sido destruida, cuando no haya clases (es decir, cuando no haya diferencia entre los miembros de la sociedad por su relación con los medios sociales de producción), solo entonces ‘desaparecerá el Estado y podrá hablarse de libertad’. Solo entonces será posible y realizable una democracia verdaderamente plena, sin restricción alguna. Y solo entonces la democracia comenzará a extinguirse en virtud del simple hecho de que los hombres, liberados de la esclavitud capitalista, de los innumerables horrores, crueldades, absurdos, calamidades de la explotación capitalista, se acostumbrarán paulatinamente a observar las reglas de convivencia elementares, conocidas a lo largo de los siglos y repetidas desde hace miles de años en todos los preceptos, a observarlas sin violencia, sin coacción, sin subordinación, sin el aparato especial de coacción llamado Estado.” (LENIN, 2007, pp. 165-166).
Esse aspecto expõe o elo mais fraco da teoria política de Marx, destacado desde os escritos de Monstesquieu e exposto criticamente por Proudhon e Bakunin: todo aquele de exerce o poder tende a dele abusar. Com efeito, todas as experiências de socialismo real terminaram por resultar em massacres da liberdade individual e perpetuação de pessoas ou grupos políticos no poder, não havendo notícia de um regime socialista que tenha conseguido reunir justiça social, liberdade e democracia sob a égide do mesmo governo, promovendo a esperada transição para o comunismo. Ademais disso, os conflitos sociais são se resumem apenas à dimensão econômica, deitando raízes mais profundas no mundo da vida. 
2.4 O estado de bem-estar social
O Estado liberal durou enquanto serviu como instrumento adequado de dominação da classe burguesa, que utilizava o poder estatal para administrar os conflitos decorrentes das contradições internas do liberalismo econômico, entretanto, esse arranjo institucional entrou em coma e veio a óbito no ano de 1929. A quebra da Bolsa de Valores de Nova York simbolizou a morte do Estado liberal clássico, representando o ápice da crise do mundo capitalista. 
A noção liberal feérica de que o embate entre as liberdades individuais, sem a intromissão do Estado, produz o melhor dos mundos possíveis estraçalhou-se na muralha da realidade do período pós-guerra, no qual os Estados nacionais se viram compelidos a atuar ativamente no cenário econômico. Percebeu-se que o Estado deveria fazer mais que assegurar o bom funcionamento do mercado. Ante o caos da economia mundial, o Estado foi novamente chamado ao cenário político e social, mas sem o viés centralizador e absolutista, sepultado sob os escombros da Bastilha. O Estado que ressurgiu como importante ator social possuía uma nova versão: o estado de bem estar social.
Com efeito, após a segunda guerra mundial, a maioria dos Estados Nacionais desenvolvidos abraçou a doutrina econômica de Keynes, passando a atuar como agentes promotores do desenvolvimento econômico e social. A esse modo de organização política e econômica do Estado se convencionou chamar “welfare state” (Estado de Bem-Estar Social) , que iniciou ciclo virtuoso nomeado pelo historiador Eric Hobsbawm de “a era de ouro do capitalismo”. 
O diferencial entre o welfare state e os modelos precedentes reside em sua abertura a um número maior de atores sociais, que passam a interagir com o Estado na definição das políticas públicas, diversamente do que ocorria no estado absolutista e no estado liberal clássico, em que o número de atores sociais era bem reduzido. O Estado de Bem-Estar Social foi uma reação ao individualismo abstencionista do Estado liberal. Ambos os modelos (liberal clássico e welfare state) eram “Estados de Direito”, mas a função do Estado foi redirecionada: o Estado de Direito Liberal apenas assegurava a liberdade e a igualdade formal perante a lei, deixando que o funcionamento espontâneo do mercado distribuísse a riqueza, numa visão darwiniana de que “os mais aptos sobrevivem”; enquanto o Estado de Bem-Estar Social atuava como agente econômico, a fim de promover justiça social .
É muito importante demarcar a distinção entre o welfare state e a proposta marxista, na medida em que aquele nunca foi uma alternativa ao capitalismo, mas uma tentativa para superar sua crise sistêmica e assim perpetuá-lo, mediante a intervenção pontual do Estado na geração de emprego, sem alterar em nada a lógica do sistema capitalista, fundamentado na livre concorrência, na igualdade formal de competição e na obtenção do máximo lucro possível. Logo, a proposta do welfare state deve ser encarada como um aperfeiçoamento do modelo pensado por Adam Smith, aumentando um pouco os canais de comunicação entre o Estado, o mercado e setores mais amplos da sociedade, mediante a intervenção na economia capitalista apenas para assegurar seu bom funcionamento, sem alterar o dogma da propriedade privada dos meios de produção.
No plano administrativo, o Estado de Bem-Estar Social manteve o paradigma burocrático weberiano, mas orientou a máquina estatal para a promoção de atividades sociais e de distribuição de riqueza, mediante a intervenção na economia, a fim de reduzir as desigualdades sociais. A ideia era que a atuação do Estado na economia deveria cessar com o fim da crise, retornando o Estado às suas funções mínimas até que eventualmente outra crise o chamasse a novamente atuar. 
Entretanto, as classes sociais beneficiadas pela atuação do estado passaram a defender o que foram consideradas conquistas sociais, pressionando cada vez mais o aparato estatal com novas demandas, exigindo um estado cada vez mais paternalista e assistencialista, até que a crise dopetróleo na década de 70 deflagrou um processo de recessão econômica mundial, encerrando o impressionante período de desenvolvimento e prosperidade iniciado no pós-guerra. Os Estados Nacionais foram lançados em uma séria crise fiscal. Como decorrência deste novo cenário econômico de forte recessão, os Estados Nacionais se tornaram incapazes de atender às demandas sociais geradas no período anterior, provocando também uma crise de governabilidade. Agregando-se aos fatores anteriores, o processo de globalização, caracterizado pela internacionalização de mercados, desregulamentação do fluxo internacional de capitais e pelos impressionantes avanços tecnológicos e científicos, enfraqueceu o poder dos Estados Nacionais de influir decisivamente na condução da política macroeconômica e de formular e implementar políticas públicas, pela falta de recursos e pela incapacidade de enfrentar a atuação dos grandes conglomerados econômicos multinacionais . O Estado de Bem-Estar Social se esgotou .
2.5 O estado neo-liberal
A reação inicial dos países capitalistas desenvolvidos à crise do Estado de Bem-Estar Social foi neoliberal e conservadora, com enfoque na eficiência (corte de gastos e de pessoal) e no equilíbrio fiscal, substituindo o paradigma de gestão burocrático weberiano por um novo paradigma de administração pública, tendo por fim a introdução da lógica do setor privado no setor público, o que implicava no desmonte da estrutura hierarquizada e rígida da administração burocrática e na sua substituição por um modelo flexível de gestão pública, a fim de obter uma máquina estatal ágil, eficiente e produtiva . Esse paradigma de gestão pública foi denominado de “gerencialismo”.
O neoliberalismo retoma o individualismo extremado do liberalismo clássico, redefinindo o papel do Estado na economia, sob os ensinamentos de Hayek . Dessarte, o Estado neoliberal, adotado especialmente na Inglaterra de Margareth Thatcher e nos Estados Unidos de Ronald Reagan, reduziu a quase nada os investimentos sociais em saúde, educação, seguridade social etc., deixando de exercer um importante papel na redução das desigualdades sociais . A estratégia do Estado neoliberal consistia especialmente na redução drástica do gasto público, inclusive com a privatização dos serviços públicos considerados deficitários (sob o prisma econômico), na desregulamentação do mercado e na diminuição da máquina pública, considerada ineficiente e cara.
No plano administrativo, o Estado Neoliberal implementou a transição do paradigma burocrático weberiano para o paradigma gerencial de Administração Pública, cuja essência era o aumento da autonomia dos gerentes e o controle com enfoque na produção de resultados. Saliente-se que, nos países desenvolvidos, de um modo geral, o modelo burocrático weberiano havia logrado êxito em enfrentar as mazelas do patrimonialismo (modelo de administração característico das monarquias absolutistas), mas havia se tornado incapaz de atender às demandas da sociedade pela prestação eficiente e eficaz de mais e melhores serviços, razão pela qual era necessária a busca por um novo paradigma de gestão pública com enfoque na produção de resultados. 
A ênfase posta pelo Estado neoliberal nos aspectos econômicos e fiscais trouxe como conseqüência a exclusão social e o paradigma gerencial refletiu esta conseqüência. Fernando Luiz Abrucio afirma que os reformadores gerencialistas:
“(...) não consideraram que a especificidade do setor público dificulta a mensuração da eficiência e a avaliação de desempenho tal qual ocorre na iniciativa privada. Na gestão pública estão em jogo valores como equidade e justiça que não podem ser medidos ou avaliados por intermédio dos conceitos do managerialism puro (MAYORDOMO, 1990, 278-280)” (ABRUCIO, 1997, p. 19). 
De fato, a avaliação da ação administrativa deve se fundar em outros aspectos diversos do mero equilíbrio entre receita e despesa da Administração Pública, porque não basta gastar menos, é preciso gastar bem e atender ao interesse público qualificado pelo ordenamento jurídico-constitucional. Contudo, apesar de suas deficiências, o ideário neoliberal se impôs como verdade hegemônica, especialmente após o fracasso do socialismo real da antiga União Soviética.
2.6 O fenômeno da globalização: começo do fim?
A crise de governabilidade dos Estados Nacionais, que eclodiu na década de 70, foi potencializada pelo complexo fenômeno da globalização da economia, com o surgimento de um fluxo de capital financeiro internacional como nunca antes na história, inaugurando uma nova etapa do capitalismo, cuja característica primordial é desconsiderar por completo fronteiras territoriais. 
Nesse cenário globalizado, o mercado financeiro exige autonomia em relação ao poder político e dita os rumos da economia global através de novos atores sociais (investidores, fundos de pensão, empresas transnacionais etc.), cuja ação é orientada apenas pela maximização do lucro, mediante a integração dos mercados financeiros em um imenso mercado global, no qual o capital circula livremente na velocidade dos bits dos computadores, sem qualquer preocupação com os efeitos deletérios da exploração econômica desmedida, proporcionada pelo fenômeno da globalização. 
Os Estados Nacionais em constante crise fiscal, sem capacidade própria de investimento, pressionados pelas demandas sociais sempre crescentes, tornam-se reféns desse capital internacional volátil, guiado apenas pela obtenção do máximo lucro possível, sem compromisso algum com o desenvolvimento local, e que pune qualquer tentativa estatal em regular o fluxo de capitais com a retirada dos recursos e sua migração imediata para “mercados mais flexíveis”, o que limita a capacidade dos Estados Nacionais em disciplinar sua política econômica. 
Os atores desse novo cenário de desnacionalização das economias mundiais encaram Estado-Nação como uma instituição atrasada, inútil e desnecessária, um verdadeiro obstáculo a ser vencido no processo de desregulamentação do mercado financeiro internacional, avesso a qualquer tentativa de controle, razão pela qual o discurso ideológico neoliberal propõe o fim dos Estados Nacionais, cujo poder decisório deveria ser substituído pela ação autônoma dos atores da nova economia global , pondo fim à ordem mundial estadocêntrica criada com a “Paz de Westfália”.
A partir da análise das relações econômicas do modelo internacional atual, os ideólogos neoliberais vociferam que o conceito clássico de soberania, como poder político incontrastável no âmbito de seu território e que só reconhece iguais no plano internacional, perdeu completamente o sentido no cenário da economia globalizada. Deveras, ainda que se possa invocar teoricamente sua existência, no plano fático, é indiscutível que a atuação dos Estados Nacionais se acha limitada por obrigações econômicas, políticas e jurídicas definidas supranacionalmente, com a interveniência de outros atores além dos demais Estados Nacionais. A globalização conduz necessariamente a uma revisão do conceito de soberania, em face da interação crescente entre os atores do cenário internacional que limita o poder de decisão dos Estados Nacionais, impondo estratégias de negociação cada vez mais complexas. A tecnologia das comunicações e o avanço nos meios de transporte transformaram o mundo em uma pequena aldeia, uma rede conectada pela tecnologia da informação, reduzindo significativamente a importância geopolítica das fronteiras nacionais.
Assim, como conseqüência da perda de importância política e econômica das fronteiras nacionais, o monopólio da força para a defesa do território já não é uma prioridade para muitos Estados, que preferem transferir o jus belli para organizações regionais, que atuam em casos específicos congregando os exércitos nacionais em um comando único. De igual modo, os Estados Nacionais também perderam o monopólio da definição de suas políticas econômica, monetária e financeira, inserindo-se em uma ordem econômica mundial que atua sem reconhecer fronteiras,cuja disciplina está além do poder de decisão de cada Estado e depende inclusive de novos atores econômicos supranacionais. As sanções comerciais impostas pela comunidade internacional limitam a atuação dos Estados, que de igual sorte têm que se preocupar com a criação de um ambiente atrativo para os investidores internacionais, cujos recursos são importantes para a economia nacional. A pouca ou nenhuma capacidade de definição de políticas públicas pelo Estado gera o descrédito e a apatia política na sociedade, enfraquecendo a legitimação democrática. 
Os Estados também perderam o monopólio da produção do direito, uma vez que o sistema internacional de direitos humanos em expansão impõe a adoção de princípios gerais e condiciona a aplicação e a própria produção do direito nacional, que também é influenciada pela realidade econômica globalizada, que exige um arcabouço normativo que dê segurança ao capital internacional. Além disso, a produção cultural também sofre os efeitos deletérios da globalização , tendendo a se uniformizar através da massificação midiática que dilui as culturas em um caldo globalizado indefinido, minando a capacidade do Estado em criar uma identidade nacional. Esse processo de fragmentação cultural permite o ressurgimento de nacionalismos raciais, étnicos ou religiosos que fragilizam a democracia. 
Por tudo isso, muitas vozes apregoam que a internacionalização dos mercados, a expansão tecnológica e a crítica da pós-modernidade fragilizaram de tal modo as bases do Estado-Nação, que praticamente o destituíram de suas funções clássicas, pouco ou nada remanescendo, razão pela qual o mesmo estaria morto , o que paradoxalmente representaria o cumprimento do vaticino de Karl Marx sobre o fim do Estado, precisamente no momento histórico em que a teoria marxista sucumbe .
Nesse ponto, releva consignar a interessante distinção proposta por Ulrich Beck entre globalismo (ideologia do domínio global do mercado financeiro sobre os demais atores sociais, impondo uma visão “mercadocêntrica”), globalidade (reconhecimento da realidade irreversível da mundialização da sociedade, marcada pela diversidade sem unidade) e globalização (conceito genérico que engloba os processos pelos quais os novos atores transnacionais interferem no Estado-Nação). A globalização representaria uma nova fase do capitalismo sem poder hegemônico que o controle, criando uma “sociedade mundial sem Estado mundial e sem governo mundial”. Logo, a globalização não deve ser entendida apenas como um fenômeno econômico, mas como uma mudança na sociedade, criando uma nova ordem política, social e cultural, que atinge as bases fundamentais do Estado na contemporaneidade (BECK, 1999).
3 O ESTADO NA CONTEMPORANEIDADE
O conceito clássico de Estado-Nação é um conceito em ruínas ante o cenário econômico e político do século XXI, onde os contornos básicos que o definiram estão desaparecendo a partir do colapso da noção clássica de soberania territorial, que já não se sustenta como summa potestas, razão pela qual falar em monopólio na produção do direito, na definição de políticas públicas e até mesmo no uso da força soa anacrônico e algo nostálgico, em face da nova ordem mundial globalizada. Nesse contexto, Kenich Ohmae afirma que o Estado-Nação deixou de ser um ator relevante no cenário econômico globalizado, tendo sido substituído pelo quádruplo “C” do poder: Capital, Corporações, Consumidores e Comunicações (OHMAE, 1996). Todavia, a breve evolução histórica do Estado, anteriormente apresentada, permite inferir que a crise atual se restringe ao modelo de Estado contemporâneo, incapaz de responder com eficiência aos desafios postos pela complexa sociedade da informação, surgida com a terceira onda , não implicando necessariamente na morte do Estado. A propósito, Norberto Bobbio, com a argúcia usual, há muito advertiu que não se deve confundir a questão do fim do Estado com a crise de um determinado tipo de Estado .
Nesse sentido, o professor Mário Federici analisa a história da civilização, resgatando o célebre debate entre Parmênides e Heráclito, para se posicionar no sentido de que a evolução da civilização se dá através de um processo duplamente contraditório, no qual um núcleo básico permanece, atribuindo coerência e significado permitindo a evolução e o desenvolvimento humano, adequando a civilização ao mundo pela atuação dessas forças contraditórias, ou seja, algo permanece para que tudo possa fluir. O Estado integra esse núcleo básico que permanece “como la constante insustituible para satisfazer las necesidades políticas del ser humano”, ou seja, “la constante que se adapta históricamente a través de las transformaciones contigentes em sus formas” (FEDERICI, 2000), portanto, o Estado está se adaptando para enfrentar os desafios do ambiente histórico, de modo que o verdadeiro interrogante não é saber se o Estado morreu, mas saber em que o Estado está se transformando. Georges Burdeau também participa dessa concepção do Estado como “regulador da dialética entre a ordem e o movimento”, afirmando que a vida política se caracteriza pela oposição de forças conservadoras e de movimento, cujo entrechoque não conduz à eliminação de uma delas, mas o surgimento de uma nova situação que as supera . Portanto, é preciso denunciar o equívoco do discurso ideológico neoliberal que prega a desnecessidade do Estado, ante a inevitável impossibilidade de regulação e controle do mercado financeiro globalizado, exceto aquele “controle” proveniente das “leis de mercado”. 
É indiscutível que o modelo de Estado-Nação surgido com a modernidade já não permanece com todas as suas características clássicas, resultado dos efeitos deletérios da globalização, mas isso não significa em absoluto o fim do Estado, representa apenas o esgotamento de um modelo que deve ser superado, transformando-se através de um novo arranjo institucional. De fato, os Estados Nacionais já não são os únicos atores da ordem internacional, mas ainda conservam importância no cenário político, como espaços de interação social e promoção do interesse público, capaz de direcionar as atividades políticas e econômicas para a promoção do desenvolvimento humano, mediante o controle democrático das forças sociais em constante conflito. A inexistência do Estado conduziria ao surgimento de uma sociedade sem um espaço público de tomada de decisões possíveis de serem controladas democraticamente, o que evidentemente caracteriza “una hipótesis artificial de funcionamento social sin articulación política cuya factibilidad parece difícil como consecuencia de la inexistencia de espacios de intereses públicos y la inevitable anarquia hacia la que conduce la ausencia de uma autoridad.” (FEDERICI, 2000).
Eis o cerne da questão. A insistência na morte do Estado oculta um ataque ao controle democrático do poder econômico. A eliminação do Estado da equação política em verdade pretende acabar com qualquer possibilidade de controle e direcionamento do mercado financeiro para a promoção do bem comum, deixando-o livre para perseguir seu único objetivo, o lucro. O desafio consiste em construir um novo contrato social, um novo modelo de Estado que capaz de interagir em um ambiente complexo, em permanente mutação, com o predomínio do saber tecnológico e da diversidade, sem deixar de orientar as forças sociais para a promoção do bem comum e do desenvolvimento humano sustentado, mediante um novo arranjo institucional que coordene a atuação dos novos atores do cenário político e econômico atual. Estado e mercado são espaços vitais para distribuição de justiça social e para a promoção do bem comum, mas quando se pretende a supremacia do mercado financeiro sobre o Estado, estabelece-se em verdade um ambiente hobbesiano onde só os economicamente fortes sobreviverão às custas de milhares de excluídos .
O único caminho é avançar sobre os escombros dos modelos de Estado antecessores e construir um novo Estado, partindo da noção do Estado de Direito Liberal de que todos são iguais perante a leie de que os governantes devem respeito aos direitos individuais, mas agregando e reafirmando o valor democracia, não apenas no plano formal da escolha dos governantes, mas uma democracia real e participativa, mediante a criação de espaços públicos não-estatais, no quais a sociedade civil possa influir de fato na formulação e execução das políticas públicas, sem o caráter paternalista do Estado de Bem-Estar Social. Deveras, o modelo de Estado de Bem-Estar Social, estruturado no pós-guerra, mostrou-se incapaz de criar condições sociais, políticas e econômicas capazes de sustentar as demandas sociais crescentes e ruiu, vítima de suas próprias contradições, sendo substituído por um modelo de Estado neoliberal, conservador e reducionista, completamente focado nos aspectos fiscal e econômico, cujo resultado foi a ampliação das desigualdades sociais, a multiplicação da miséria e a exclusão de milhares. 
Em suma, não é politicamente possível nem economicamente viável o retorno ao Welfare State paternalista, não é politicamente sustentável nem eticamente aceitável a manutenção do neoliberalismo socialmente excludente, portanto, é preciso promover uma refundação do Estado, dotando-o de governabilidade democrática, de modo que a sociedade civil possa assegurar as conquistas do liberalismo, notadamente a noção de Estado de Direito (submissão de todos perante a lei), indispensável para a contenção dos excessos do exercício do poder, incorporando a noção de democracia real como um valor em si mesma, redefinindo o espaço público, tanto para controlar e orientar as políticas públicas como para “domesticar” o mercado financeiro.
4 CONSTRUINDO UM MODELO DE GOVERNABILIDADE DEMOCRÁTICA
Governabilidade pode ser compreendida como o procedimento de interação dos atores políticos para equalização dos problemas sócio-políticos , que em sua versão democrática deve considerar das demandas oriundas da sociedade civil mediante uma cidadania ativa.
Com efeito, a noção de democracia surgiu na Grécia antiga, como uma das formas de governo (governo da maioria), ao lado da monarquia (governo de um só) e da aristocracia (governo de alguns) . Calha ressaltar que o conceito de “maioria” para os antigos gregos era restritivo, uma vez que apenas os homens livres eram considerados cidadãos, o que excluia a maioria da população da época, mas o aspecto que releva considerar para os fins deste estudo é que os cidadãos possuíam um espaço (praça pública ou ágora) onde se reuniam para discutir e deliberar através do voto sobre as questões políticas. Logo, o processo de identificação da sociedade consigo mesma ocorria na ágora, que se constituía em um “espaço público vivido e atualizado pelo olhar, pela palavra e pela ação de cada um” (ROSENFIELD, 1984, p. 11). 
Contudo, no curso da história, surgiu um novo personagem, o qual se convencionou chamar Estado , que se apropriou do espaço público e do processo de tomada de decisões políticas, expulsando o Povo da ágora, a pretexto de agir em seu nome. 
O núcleo da noção moderna de democracia , comprendida sob a ótica procedimental, reside na legitimação e controle do exercício do poder pelos cidadãos. Com efeito, o espaço de tomada de decisões políticas não deve mais ser ocupado exclusivamente pelo Estado, embora a Sociedade Civil não possa prescindir do Estado para regular e coordenar as relações sociais, políticas e econômicas cada vez mais complexas. É preciso alcançar a compreensão que ambos são protagonistas na construção de um novo modelo de Estado . 
De fato, o processo democrático de tomada de decisões é bem mais complexo que o processo decisório no âmbito de uma empresa privada, por envolver interesses de toda a sociedade, muitos deles antagônicos, motivo pelo qual não se pode administrar a coisa pública apenas pela ótica da eficiência, tratando os cidadãos da mesma forma que os empresários tratam os seus clientes, porque os cidadãos são mais que simples consumidores de bens e serviços públicos, são titulares de direitos e deveres em face do Estado e o seu governo. 
Por isso, a tese da substituição do Estado pela afirmação da supremacia do mercado financeiro como espaço de regulação da sociedade promove a exclusão social porque o empresário administra coisa particular e almeja exclusivamente o maior lucro possível para si mesmo, enquanto o Estado é o espaço da realização do bem comum, da satisfação do interesse da sociedade, orientado por valores muito maiores que a mera obtenção do lucro . 
A visão “mercadocêntrica” se revela insuficiente para permitir o desenvolvimento de todas as potencialidades do ser humano, sendo um fator de reprodução da miséria e da exploração dos mais fracos, sem permitir o surgimento de mecanismos de interação entre o Estado e a Sociedade Civil capazes de criar uma efetiva poliarquia , onde todos sejam realmente iguais em dignidade e tenham acesso isonômico aos serviços públicos, bem como a condições para participar na gestão da coisa pública, desde a tomada de decisões sobre a formulação de políticas públicas até sua correspondente execução e avaliação, restringindo o exercício da democracia apenas à forma de escolha dos que exercerão, em nome do Povo, o poder. 
A construção do novo modelo de Estado tem que ser inserida no contexto maior da consolidação da democracia efetiva, na qual o exercício do poder político é oxigenado permanentemente pela interação com o cidadão, enfrentando-se os seguintes aspectos: social (a atividade estatal de formulação e implementação de políticas públicas deve ser fortalecida e permeada pela efetiva participação do cidadão), político (é preciso firmar um novo contrato social, capaz de assegurar a governabilidade, inclusive com o fortalecimento das instituições, dos partidos políticos e da sociedade civil), econômico (a atividade estatal deve se concentrar na regulação e cooperação com Terceiro Setor, em vez da intervenção direta na economia) e cultural (a cultura burocrática enraizada na administração pública deve ser enfrentada, inclusive mediante a criação de espaços institucionais de participação popular dentro da máquina pública). A democratização do Estado exige a criação de alternativas reais de poder, o que só ocorrerá em um ambiente onde as liberdades civis estejam asseguradas.
Às escâncaras, o êxito da reconstrução do Estado para enfrentar os desafios do século XXI exige a criação de espaços de participação cidadã dentro do aparelho estatal, estabelecendo uma relação permanente de diálogo entre o Estado e a sociedade civil, mantendo-se um fluxo contínuo de informações capaz de orientar a atuação dos administradores públicos no sentido de obter o bem-estar do maior número possível de cidadãos . Nesse diapasão, cumpre salientar que o título de eleitor não pode ser considerado signo distintivo suficiente da cidadania. O conceito formal de cidadão pode ter alguma utilidade para fins meramente jurídico-processuais, mas no plano político já não basta ao indivíduo portar o título de eleitor para ser considerado um verdadeiro cidadão, é preciso mais, exige-se o efetivo interesse pelos negócios do Estado, a começar de sua aldeia, abandonando a condição de mero espectador das políticas governamentais . 
Com efeito, a legitimidade de todo o processo decisório na seara pública deve estar fundamentada no valor da democracia , de modo que as ações administrativas serão mais ou menos legítimas, na medida em que forem mais ou menos democráticas. O primado do regime democrático deve incidir sobre o desempenho da função administrativa em todos os Poderes , sujeitando a ação do administrador público à consecução dos objetivos e fins determinados pelo ordenamento jurídico, mediante atos cuja motivação e fundamentação sejam públicos e submetidos ao controle social. 
Entretanto, desde o fatídico 11 de setembro de 2001, o cenário internacional nos mostra que as grandes potências militares e econômicas, notadamente os Estados Unidos e a Inglaterra, estão no caminho diametralmente oposto, adotando uma políticade centralização de poder no Executivo, enfraquecendo os Poderes Legislativo e Judiciário e fragilizando os direitos civis. Vê-se a adoção da prática de tortura e de sequestros, a invasão de privacidade, as prisões sem mandado judicial ou qualquer acusação formal, os tribunais de exceção para julgar os “inimigos do Estado”, tudo pretensamente legitimado por uma legislação antiterrorista sustentada pelo medo. O argumento da “guerra contra o terror” tem sido suficiente para cercear as liberdades individuais e fragilizar instrumentos de proteção dos direitos individuais que representam conquistas seculares, tais como o Habeas Corpus . O controle do Estado pelo cidadão está sendo substituído pelo controle do cidadão pelo Estado, a pretexto de defendê-lo de um inimigo sem rosto, sem pátria, que está em todo lugar e em lugar nenhum. O lema do partido único que a todos vigia e controla, descrito por Orwell em 1984, parece ter ganhado vida: “Guerra é paz, liberdade é escravidão, ignorância é força.”. De fato, a deturpação da verdade, a utilização da guerra com objetivos políticos-partidários de controlar a opinião pública e a fragilização das liberdades civis pelo Estado são elementos presentes no livro 1984, que estão visíveis nos dias atuais. 
Nesse contexto, a afirmação da democracia efetiva como valor em si mesma é o desafio que se impõe à humanidade neste começo de século XXI, onde se constata um retrocesso autoritário que utiliza o medo e o preconceito étnico-religioso para convencer que o sacrifício da liberdade é o único meio de preservar a liberdade. Logo, a criação de mecanismos de accountability se torna o ponto fundamental na implementação de um modelo de governabilidade democrática, no qual o exercício da soberania do Estado se dê mediante o consenso, onde a sociedade civil terá uma participação ativa na formulação e implementação das políticas públicas, bem como na fiscalização dos resultados obtidos.
Dessa forma, infere-se que a dicotomia entre o espaço público e o espaço privado se consolidou no sentido de que o espaço público pertence ao Estado, confundindo-se as noções de público e estatal, expulsando a sociedade civil da ágora, e o fenômeno da globalização culminou por fragilizar a soberania do Estado, tornando o espaço público um ambiente hobbesiano à serviço dos interesses do mercado financeiro global. A adoção de um modelo de governabilidade democrática pressupõe o retorno da sociedade civil ao espaço público, mediante a prática da cidadania participativa, recolocando o Estado e o mercado financeiro como instrumento da consecução do bem comum . Entretanto, esse processo depende da obtenção de um consenso social sobre valores fundamentais que deverão nortear a ação coletiva e servir de parâmetro para controlar o Estado e o Mercado, mediante a obtenção de um consenso social sobre valores em um ambiente pós-moderno, que concretize a solidariedade social.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os argumentos apresentados permitem algumas conclusões, que podem servir de ponto de partida para estudos mais aprofundados:
1. Os Estados Nacionais, cujas origens remontam aos séculos finais do medievo, foram construídos em torno da noção de soberania territorial e da separação entre o poder político secular e a Igreja, tendo como marco histórico o Tratado de Westfália, que lançou as bases da ordem jurídica internacional;
2. A globalização é um fenômeno complexo que ultrapassa o âmbito econômico e repercute sobre as esferas política, social e econômica, cujos efeitos atingem os fundamentos do Estado Moderno, a partir da relativização do conceito de soberania territorial, redefinindo a ordem jurídica internacional, que deixa de ser “estadocêntrica” para reconhecer novos atores, criando um cenário político pós-westfaliano;
3. Apesar do impacto da globalização em seus fundamentos, o Estado ainda é um ator importante e indispensável na ordem internacional, sob pena do estabelecimento de uma ordem “mercadocêntrica”, que remete ao estado de natureza hobbesiano, orientada apenas pela obtenção do lucro, sem qualquer preocupação com a promoção do bem comum ou o desenvolvimento do ser humano;
4. A chamada crise do Estado não conduz ao seu fim, mas à sua transformação em um novo arranjo institucional capaz de redefinir um espaço público onde as instituições políticas e econômicas possam interagir e serem controladas pela sociedade civil, através do primado da democracia participativa;
5. A redefinição do espaço público demanda um consenso sobre os valores primordiais a serem observados, tanto pelo Estado quanto pelo mercado, na consecução do bem comum e na garantia do desenvolvimento humano material, cultural e espiritual. 
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Sobre o texto:
Texto inserido no EVOCATI Revista nº 62 (07/02/2011) 
Informações bibliográficas:
Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:
Disponível em: < http://www.evocati.com.br/evocati/artigos.wsp?tmp_codartigo=466 >. Acesso em: 08/05/2015

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