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APOSTILA 1 - SISTEMAS PROCESSUAIS ATÉ AÇÃO PENAL

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SISTEMAS PROCESSUAIS
Sistema inquisitório (ou inquisitivo ou inquisitorial): 
As funções de acusar, defender e julgar estão concentradas em uma só pessoa. 
Crítica: o sistema inquisitorial, ao permitir, por exemplo, que o juiz produza provas antes da ação penal, prejudica a parcialidade do magistrado. 
Sigilo do processo. 
Não há contraditório, ficando o acusado como mero objeto de investigação. 
OBS: Nesse sistema, um dos meios de prova mais comuns era a tortura, de modo a buscar a confissão (a “rainha das provas”).
Sistema acusatório:
Separação entre as funções de acusação, defesa e julgamento, criando um processo de partes;
Liberdade de defesa e igualdade de posição das partes (o acusado é sujeito de direitos);
Vigência do contraditório.
Sistema misto:
Há uma primeira fase inquisitiva presidida por um juiz e uma segunda fase acusatória, respeitando-se o devido processo legal.
OBS: No Brasil, com base no art. 129, I, CF, o sistema adotado é o acusatório (com sede constitucional).
	Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
Porém, há no direito processual penal brasileiro, resquícios do sistema inquisitivo:
	Art. 3º da Lei 9.034/95. Nas hipóteses do inciso III do art. 2º desta lei, ocorrendo possibilidade de violação de sigilo preservado pela Constituição ou por lei, a diligência será realizada pessoalmente pelo juiz, adotado o mais rigoroso segredo de justiça. (Vide Adin nº 1.570-2 de 11.11.2004, que declara a inconstitucionalidade do Art. 3º no que se refere aos dados "Fiscais" e "Eleitorais").
§ 1º Para realizar a diligência, o juiz poderá requisitar o auxílio de pessoas que, pela natureza da função ou profissão, tenham ou possam ter acesso aos objetos do sigilo.
§ 2º O juiz, pessoalmente, fará lavrar auto circunstanciado da diligência, relatando as informações colhidas oralmente e anexando cópias autênticas dos documentos que tiverem relevância probatória, podendo para esse efeito, designar uma das pessoas referidas no parágrafo anterior como escrivão ad hoc.
§ 3º O auto de diligência será conservado fora dos autos do processo, em lugar seguro, sem intervenção de cartório ou servidor, somente podendo a ele ter acesso, na presença do juiz, as partes legítimas na causa, que não poderão dele servir-se para fins estranhos à mesma, e estão sujeitas às sanções previstas pelo Código Penal em caso de divulgação.
§ 4º Os argumentos de acusação e defesa que versarem sobre a diligência serão apresentados em separado para serem anexados ao auto da diligência, que poderá servir como elemento na formação da convicção final do juiz.
§ 5º Em caso de recurso, o auto da diligência será fechado, lacrado e endereçado em separado ao juízo competente para revisão, que dele tomará conhecimento sem intervenção das secretarias e gabinetes, devendo o relator dar vistas ao Ministério Público e ao Defensor em recinto isolado, para o efeito de que a discussão e o julgamento sejam mantidos em absoluto segredo de justiça.
Temos, aqui, um juiz inquisidor, que, mesmo antes da Ação Penal, produz prova de ofício. O referido dispositivo, claramente, representa uma afronta ao sistema acusatório. Por isso, contra esse art. 3º foi proposta a ADI 1570 ( Em relação à quebra do sigilo de dados bancários e financeiros, o STF entendeu que o art. 3º teria sido revogado pela LC 105/01 (que passou a tratar dessa matéria, e não prevê mais que o juiz realize esta diligência). No que toca ao sigilo de dados eleitorais e fiscais, o STF declarou a inconstitucionalidade do art. 3º, porque viola o sistema acusatório.
	Art. 156 do CPP. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:  
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida (resquício de sistema inquisitorial – afronta ao sistema acusatório – afetação da imparcialidade do magistrado); 
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante (nova redação, dada pela Lei 11.690/08).
OBS: Essa redação é nova e polêmica. Tem grandes chances de ser cobrada em concursos públicos!
INQUÉRITO POLICIAL
Conceito: Procedimento administrativo, inquisitório e preparatório, consistente em um conjunto de diligências realizadas pela polícia investigativa para apuração da infração penal e de sua autoria, presidido pela autoridade policial, a fim de fornecer elementos de informação para que o titular da Ação Penal possa ingressar em juízo.
Natureza jurídica: Trata-se de procedimento administrativo, e não ato de jurisdição. Logo, eventuais vícios constantes do inquérito policial não afetam a Ação Penal a que deu origem.
Finalidade do Inquérito: Colher elementos de informação relativos à autoria e materialidade da infração penal, a fim possibilitar que o titular da infração penal possa ingressar em juízo.
Presidência do Inquérito Policial: Fica a cargo da autoridade policial (delegado de polícia). Polícia investigativa.
OBS: Diferença entre polícia judiciária e polícia investigativa (não são muitos autores que fazem essa distinção): A polícia judiciária é a polícia quando atua no cumprimento de determinação do Poder Judiciário (auxilia o PJ). Já a polícia investigativa ocorre quando a polícia atua na investigação de determinada infração penal.
	Art. 144 da CF. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
(...)
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei (Lei 10.446/02);
(...)
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.
Polícia investigativa:
Crime de competência da Justiça Militar Estadual ( A própria polícia militar realiza o inquérito policial.
Crime de competência da Justiça Militar da União ( IP realizado pelas forças armadas.
Crime de competência da Justiça Federal ( IP realizado pela polícia federal.
Crime de competência da Justiça Estadual ( IP realizado, em regra, pela polícia civil. Mas cuidado: a polícia federal também pode realizar a investigação de alguns crimes (art. 144, p. 1º, I, CF).
Características do Inquérito Policial:
Peça escrita (art.9º CPP);
Peça instrumental: instrumento utilizado, em regra, pelo Estado para colher elementos de informação quanto à autoria e à materialidade;
Peça dispensável: o titular da Ação Penal pode dispensar o inquérito se contar com elementos autônomos (art. 27 e art. 39 p. 5º CPP);
 Peça sigilosa (art. 20 CPP);
OBS: Juiz, promotor e advogado (art. 5º LXIII CF) podem ter acesso aos autos do inquérito. Posição do STF (HC 82354 e HC 90232): o advogado tem acesso, mesmo sem procuração, às informações já introduzidas nos autos do inquérito, e não em relação às diligências em andamento (art. 7º, XIV do EOAB). Porém, se nos autos do inquérito houve quebra de sigilo de dados, quanto a tais informações só terá acesso o advogado com procuração nos autos.
OBS: Para o STF, sempre que houver constrangimento à liberdade de locomoção, AINDA QUE POTENCIAL, será cabível o uso do HC. Exemplos: 1) Quebra ilegal de sigilo bancário; 2) Negativa de acesso do advogado aos autos do inquérito.
Peça inquisitiva: não há contraditório e nem ampla defesa (art.107 CPP – não se poderá opor suspeição às autoridades policiais);
OBS: Art. 306 p. 1º CPP (em relação à prisão em flagrante).
	Art. 306.  A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou a pessoa por ele indicada.
§ 1o  Dentro em 24h (vinte e quatro horas) depois da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante acompanhado de todas as oitivas colhidas e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública. 
Peça informativa: visa à colheita de elementos de informação para que o titular da Ação Penal possa ingressar em juízo;
OBS: Qual é a diferença entre elementos de informação e prova?
Elementos de informação são aqueles colhidos na fase investigatória, sem a participação das partes, ou seja, não há contraditório e nem ampla defesa. Prestam-se à fundamentação das medidas cautelares (como prisão cautelar) e também para a estruturação de uma acusação.
Ora, poderia uma sentença condenatória fundar-se em elementos colhidos na fase investigatória, sem contraditório e ampla defesa?
Em regra, não. Mas esses elementos de informação servem para a fundamentação de prisões cautelares e, também, se prestam a fornecer subsídio para a propositura da Ação Penal.
Exceções: Provas antecipadas (quando evidenciado o perigo real e concreto de perecimento do objeto probatório – ex: exame necroscópico), cautelares e não repetíveis (é o que vai ocorrer em alguns exames periciais – ex: furto praticado com rompimento de obstáculo à subtração da coisa). Em relação a essas provas o contraditório é diferido!
	Art. 155.  O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil (nova redação dada pela Lei11.690/08). 
OBS: Expressão “Exclusivamente”: No Senado Federal, houve emenda tentando retirar essa expressão. Essa emenda, no entanto, não foi acolhida pela Câmara. Há duas posições: 1. Os elementos colhidos na investigação, isoladamente considerados, não são aptos a fundamentar uma condenação. No entanto, não devem ser totalmente ignorados, podendo se agregar à prova produzida em juízo, servindo como mais um elemento na formação da convicção do julgador (Rogério Sanches Cunha); 2. Ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas, os demais elementos informativos colhidos na investigação não poderão servir como elemento para uma condenação, sob pena de ofensa ao contraditório e à ampla defesa (Aury Lopes Jr.).
OBS: As provas têm seu regime jurídico ligado ao contraditório judicial. São aquelas produzidas com a participação do acusador e do acusado e mediante a direta e constante supervisão do julgador.
OBS: Com a Lei 11.719/08, adota-se o princípio da identidade física do juiz (art. 399 p. 2º CPP)!
	“Art. 399.  Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente. 
§ 1o  O acusado preso será requisitado para comparecer ao interrogatório, devendo o poder público providenciar sua apresentação. 
§ “2º  O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença.” (NR) 
Peça indisponível: Delegado não pode arquivar IP – o titular da Ação Penal é o MP (art. 17 CPP);
Temporário;
Formas de instauração do Inquérito Policial:
De ofício: quando a autoridade policial toma conhecimento direto e pessoal da infração penal (notitia criminis de cognição imediata).
Mediante requisição do juiz (questionável imparcialidade do magistrado) ou do MP (notitia criminis de cognição mediata).
Requerimento do ofendido ou de seu representante legal: Cuidado! Se não houver um mínimo de elementos informativos, o delegado pode indeferir o pedido de instauração do IP (art. 5º p. 2º CPP) (notitia criminis de cognição mediata).
Auto de prisão em flagrante (não precisa de portaria, pois o APF já é a peça inaugural) (notitia criminis de cognição coercitiva).
Notícia oferecida por qualquer do povo – delatio criminis (art. 5º p. 3º CPP) (notitia criminis de cognição mediata).
OBS: É possível instaurar IP exclusivamente com base em delatio criminis anônima?
O STF entendeu que não é possível instauração de procedimento criminal baseado única e exclusivamente em denúncia anônima. Antes de instaurar o IP deve a autoridade policial verificar a procedência das informações.
OBS: As cinco formas de instauração do IP arroladas acima somente são possíveis (todas) na Ação Penal Pública Incondicionada. Se a Ação Penal for pública condicionada à representação, somente é possível a instauração do IP mediante representação do ofendido ou de requisição do Juiz ou do MP. Em relação à Ação Penal Privada, a autoridade policial fica condicionada ao requerimento do ofendido ou de seu representante legal.
Notitia criminis e delatio criminis:
Notitia criminis é o conhecimento espontâneo ou provocado de um fato delituoso pela autoridade policial. Pode ser:
De cognição imediata: quando a autoridade policial toma conhecimento do fato por meio de suas atividades rotineiras.
De cognição mediata: quando a autoridade policial toma conhecimento do fato por meio de um expediente escrito.
De cognição coercitiva: quando a autoridade policial toma conhecimento do fato pela apresentação do acusado preso em flagrante.
Delatio criminis É UMA ESPÉCIE DE NOTITIA CRIMINIS caracterizada pela comunicação de um fato delituoso à autoridade policial FEITA POR TERCEIROS.
Identificação criminal:
	Art. 5º LVIII CF - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei (ECA – art. 109; Lei 9.034/95, que é a lei do crime organizado – art. 5º; Lei 10.054/00, que dispõe sobre a identificação criminal – art. 3º);
Identificação fotográfica
Identificação datiloscópica 
OBS: Para o STJ, o art. 5º da Lei 9.034/95 teria sido revogado pela Lei 10.054/00 (pois uma lei é revogada quando outra posterior regula por inteiro a matéria), que não dispôs sobre a identificação criminal de pessoas envolvidas do crime organizado...
Indiciamento:
Conceito: Indiciar é atribuir a uma pessoa a autoria de uma infração penal.
Pressupostos: Prova da existência do crime e indícios de autoria (por isso, normalmente, o indiciamento se dá no final do inquérito).
Espécies de indiciamento:
Direto: é quando o indiciado está presente.
Indireto: é quando o indiciado está ausente.
De quem é a atribuição para realizar o indiciamento? Trata-se de ato privativo da autoridade policial.
Quem não pode ser indiciado? Em regra, qualquer pessoa pode ser indiciada. Mas há exceções a essa regra: Magistrados e Membros do MP (art. 41 da Lei 8.625/93 – Lei Orgânica do MP – dispositivo muito semelhante ao da Lei Orgânica da Magistratura) não podem ser indiciados.
	Art. 41. Constituem prerrogativas dos membros do Ministério Público, no exercício de sua função, além de outras previstas na Lei Orgânica:
II - não ser indiciado em inquérito policial, observado o disposto no parágrafo único deste artigo;
OBS: Deputado Federal pode ser indiciado por autoridade policial? A CF é silente a respeito. Quanto ao indiciamento de pessoas com foro por prerrogativa de função (o que inclui o Deputado Federal) o STF manifestou-se no Inquérito 2411. 1ª conclusão: Nos casos de competência por prerrogativa de função, a atividade de “supervisão judicial” deve ser desempenhada durante toda a tramitação das investigações. 2ª conclusão: a autoridade policial depende, portanto, de autorização prévia do ministro relator para instaurar inquérito e tambémpara fazer o indiciamento.
Incomunicabilidade do indiciado preso: O CPP, em seu art. 21, diz que é possível essa incomunicabilidade.
	Art. 21.  A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir.
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada por despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil. 
O art. 21 do CPP não foi recepcionado pela CF/88. PORTANTO, NÃO É POSSÍVEL, HOJE, FALAR-SE EM INCOMUNICABILIDADE DO INDICIADO PRESO. A justificativa da doutrina majoritária (a minoria é representada por Damásio e por Vicente Greco Filho) é que se no Estado de Defesa não é possível a incomunicabilidade, o que dizer então de um período de normalidade?
Prazo para a conclusão do inquérito policial:
Réu preso: 10 DIAS (se restar caracterizado um excesso abusivo, não justificado pelas circunstâncias do delito e/ou pluralidade de réus, é caso de relaxamento da prisão por excesso de prazo, sem prejuízo da continuidade do processo. OBS: Atualmente, a jurisprudência vem mitigando essa questão do prazo ( “prazo relativo” ( princípio da razoabilidade/proporcionalidade).
Réu solto: 30 DIAS (esse prazo é impróprio – sua inobservância não produz qualquer conseqüência).
Esse prazo é processual ou penal? Esse prazo é processual (de acordo com a doutrina majoritária) – o primeiro dia não é computado na contagem do prazo. OBS: na prisão, por exemplo, o prazo é penal.
Prazos especiais:
CPPM: 20 dias – réu preso; 40 dias – réu solto.
Justiça Federal (Lei 5.010) Réu preso – 15 dias; réu solto – 30 dias (pode haver prorrogação).
Nova Lei de Drogas (Lei 11.343): 30 dias – réu preso; 90 dias – réu solto (esse prazo pode ser duplicado).
Lei de Economia Popular: 10 dias (réu preso ou solto).
Conclusão do Inquérito Policial:
	Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao JUIZ competente.
§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas.
§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao JUIZ a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.
Em tese, o relatório não é uma peça indispensável (o membro do MP pode ler os autos e chegar a uma conclusão). OBS: Se nem o IP é indispensável para a propositura da Ação Penal, o que dirá o relatório (que é uma parte do IP).
Concluído o IP, para onde ele é remetido? Pelo CPP (art. 10 p. 1º CPP), o IP é encaminhado ao Poder Judiciário (teoria). Na prática, isso não acontece em todos os estados (há estados em que o IP é remetido diretamente ao MP – celeridade).
Encaminhados os autos ao magistrado, há duas possibilidades:
Se o crime for de Ação Penal Pública, os autos são remetidos ao MP.
Se o crime for de Ação Penal Privada, os autos ficam em cartório aguardando a iniciativa do ofendido.
	Art. 19 CPP.  Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.
Que possibilidades o promotor tem ao receber os autos de IP?
Oferecer denúncia;
Requerer arquivamento;
Requisitar diligências, DESDE QUE ABSOLUTAMENTE IMPRESCINDÍVEIS;
OBS: E se o juiz indefere o pedido do promotor? 1ª possibilidade: diligências deverão ser requisitadas diretamente à autoridade policial. 2ª possibilidade: se o juiz indeferir o encaminhamento dos autos à autoridade policial, cabe correição parcial.
Suscitar conflito de competência (declinatoria fori);
Suscitar conflito de atribuição.
MP Estadual vs. MP Estadual ( competência para resolver o conflito de atribuição do Procurador Geral de Justiça (PGJ).
MP Estadual vs. MP Federal ( competência do STF (essa é a posição que prevalece na doutrina e no STF – CF art. 102 II f).
	Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta;
MP de um Estado vs. MP de outro Estado ( competência do STF (posição majoritária).
Arquivamento do IP:
Quais são os fundamentos para o arquivamento do IP? O CPP não diz de maneira expressa, mas a doutrina chega à conclusão de que são os seguintes:
Ausência de tipicidade (OBS: cola eletrônica não é crime, pois a conduta é atípica; OBS: É cabível a aplicação do princípio da insignificância – atipicidade material – no caso dos crimes contra a Administração Pública? Não ( princípio da indisponibilidade do interesse público);
Excludentes de ilicitude (na dúvida, o promotor deve realizar a denúncia – in dubio pro societatis);
Excludente de culpabilidade (ex: coação moral irresistível – gerente de um banco cuja família foi seqüestrada em troca de dinheiro. OBS: no caso do inimputável do art. 26, caput, do CP deve ser oferecida denúncia, com pedido de absolvição imprópria – sujeição do inimputável ao cumprimento de medida de segurança, após observância do Devido Processo Legal);
	Art. 26, caput, CP - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento (critério biopsicológico da culpabilidade).
Causa extintiva da punibilidade (ex: morte do agente. OBS: decisão extintiva de punibilidade com base em certidão de óbito falsa é, de acordo com o STF, juridicamente inexistente);
Ausência de ELEMENTOS INFORMATIVOS para a propositura de uma Ação Penal (elementos mínimos quanto a indícios de autoria e à prova da materialidade).
OBS: Arquivamento faz coisa julgada (material / formal)? Em caso afirmativo, em quais hipóteses? Diferença entre coisa julgada formal e material: o efeito da coisa julgada formal é a imutabilidade da decisão no processo em que foi proferida; na coisa julgada material, a imutabilidade estende-se para fora do processo. A depender do fundamento do arquivamento, podemos ter coisa julgada formal ou material: arquivamento com base em atipicidade, excludentes da ilicitude, excludentes da culpabilidade ou causa extintiva da punibilidade faz coisa julgada formal e material. Por outro lado, arquivamento com base na ausência de provas faz coisa julgada formal (apenas). É esse o posicionamento do STF.
	SÚMULA 524 do STF: ARQUIVADO O INQUÉRITO POLICIAL, POR DESPACHO DO JUIZ, A REQUERIMENTO DO PROMOTOR DE JUSTIÇA, NÃO PODE A AÇÃO PENAL SER INICIADA, SEM NOVAS PROVAS.
OBS: Quando o arquivamento do IP apenas fizer coisa julgada formal (arquivamento com base na ausência de provas) é possível o seu desarquivamento (quando se tem NOTÍCIA de provas novas – prova nova é aquela substancialmente inovadora, ou seja, aquela capaz de produzir uma alteração no contexto probatório dentro do qual foi arquivado o IP).
Quem faz o desarquivamento do IP? De acordo com o art. 18 CPP é a autoridade policial, desde que se tenha notícia de provas novas.
	Art. 18.  Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária,por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
Arquivamento por falta de provas é, portanto, uma decisão tomada com base na cláusula rebus sic stantibus, ou seja, se alterado o contexto fático dentro do qual foi proferida, nada impede que a decisão seja modificada (teoria da imprevisão).
Arquivamento na justiça estadual: deve ser pedido pelo promotor e será objeto de decisão pelo juiz. E se o juiz determinar realização de diligências? Não pode! Cabe correição parcial! CUIDADO: A nova Lei de Provas (Lei 11.690/08), em seu art. 156, é polêmica:
	“Art. 156.  A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:  
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; 
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.” (NR)
 
Dica: em uma prova objetiva, marcar de acordo com o texto da lei. Em uma prova discursiva, discutir sobre a polêmica gerada pela redação desse dispositivo.
Se o juiz discorda do pedido do promotor ( autos encaminhados ao Procurador Geral de Justiça ( 1ª possibilidade: o PGJ designa novo promotor para oferecer denúncia (a maioria da doutrina entende que esse outro promotor é uma longa manus do PGJ, ou seja, é como se esse novo promotor agisse por delegação do PGJ = ele deve oferecer a denúncia); 2ª possibilidade: o PGJ requisita diligências; 3ª possibilidade: oferecer denúncia (raríssimo); 4ª possibilidade: insistir no arquivamento (se o PGJ insiste no arquivamento, o juiz agora está obrigado a acatar). 
	Art. 28 do CPP.  Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.
Princípio da devolução: ocorre no caso do art. 28, quando o juiz devolve a apreciação do caso ao chefe do MP, ao qual compete a decisão final sobre o oferecimento ou não da denúncia. Nesse caso, o juiz está exercendo uma função anômala de fiscal do princípio da obrigatoriedade (o que recebe críticas da doutrina – essa fiscalização deveria ser feita no âmbito do próprio MP).
Arquivamento na Justiça Federal: o procedimento, aqui, terá uma peculiaridade: discordando o juiz (federal, do DF, ou da justiça militar), remete os autos à câmara de coordenação e revisão (que pode ser do MPF, do MPDFT ou do MPM). Não é a câmara quem decide. Prevalece na doutrina que a manifestação da câmara tem caráter opinativo, pois a decisão final continua sendo do Procurador-Geral (art. 62 da LC/75).
	Art. 62. Compete às Câmaras de Coordenação e Revisão:
IV - manifestar-se sobre o arquivamento de inquérito policial, inquérito parlamentar ou peças de informação, exceto nos casos de competência originária do Procurador-Geral;
Arquivamento na Justiça Eleitoral: discordando o juiz, deve fazer a remessa dos autos ao Procurador Regional Eleitoral, que é um Procurador Regional da República atuante perante o TRE (Lei 4.737/65, art. 357 p. 1º).
	Art. 357. Verificada a infração penal, o Ministério Público oferecerá a denúncia dentro do prazo de 10 (dez) dias.
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento da comunicação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa da comunicação ao Procurador Regional, e este oferecerá a denúncia, designará outro Promotor para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.
 
Arquivamento no âmbito da Justiça Militar da União: concordando o juiz com o pedido do MPM, o juiz ainda é obrigado a fazer a remessa dos autos ao juiz auditor corregedor (comentário: na justiça militar eles não querem que os autos sejam arquivados mesmo...). Discordando o juiz auditor corregedor, pode interpor correição parcial ao STM (vejam só: juiz interpondo recurso...). Chegando ao STM, caso o recurso seja provido, há remessa dos autos à câmara de coordenação e revisão do MPM (opinativa) ( decisão do Procurador-Geral da Justiça Militar. Para muitos doutrinadores, esse dispositivo seria inconstitucional, pois atenta contra o sistema acusatório.
Arquivamento nos casos de competência originária do Procurador Geral (ex: crime cometido por Deputado Federal): Em regra, o arquivamento é uma decisão judicial. Todavia, será uma decisão administrativa do PGJ ou do PGR quando se tratar de hipóteses de atribuição originária do Procurador Geral ou quando se tratar de insistência de arquivamento (art. 28 do CPP) – posicionamento do STF. Logo, nesses casos, não é necessário que o Procurador Geral submeta sua decisão de arquivamento administrativo ao Poder Judiciário.
OBS: Se a decisão de arquivamento é do Procurador Geral, cabe pedido de revisão ao colégio de Procuradores, mediante requerimento do interessado – essa é a única alternativa que resta (Lei 8.625/93, art. 12, XI – Lei Orgânica Nacional do MP).
Arquivamento implícito: ocorre quando o MP deixa de incluir na denúncia algum co-réu ou um outro fato delituoso, não pedindo o arquivamento. Não se admite o arquivamento implícito, devendo o juiz devolver os autos ao MP para que se manifeste de maneira fundamentada, sob pena de aplicação do art. 28 do CPP.
Arquivamento indireto: o promotor pede a declinação de competência, com a qual não concorda o juiz. Nesse caso, por analogia, aplica-se o art. 28, cabendo a decisão ao Procurador-Geral.
Recursos: em regra, a decisão de arquivamento é irrecorrível, não sendo cabível Ação Penal Privada subsidiária da Pública (que só seria cabível se houvesse inércia do MP). Exceções: nos casos de crimes contra economia popular ( recurso de ofício; nos casos de contravenções de Jogo do Bicho e Corrida de Cavalos ( cabe recurso em sentido estrito (RESE).
INVESTIGAÇÃO PELO MP
Argumentos contra:
Atenta contra o sistema acusatório;
A atividade de investigação é exclusiva da polícia judiciária;
Falta de previsão legal (não há arcabouço jurídico) e instrumento apto para as investigações;
Argumentos a favor:
Teoria / doutrina dos poderes implícitos: Precedente da Suprema Corte dos EUA – ao conceder uma atividade-fim a determinado órgão ou instituição, a CF teria implícita e simultaneamente concedido todos os meios necessários para que tal objetivo fosse atingido (de que adianta ser o MP o titular da Ação Penal se ele não dispõe de poderes de investigação?).
Procedimento investigatório criminal: é um instrumento de natureza administrativa e inquisitorial, instaurado e presidido por um membro do MP, e terá como finalidade apurar a ocorrência de infrações penais de natureza pública, fornecendo elementos para o oferecimento ou não de denúncia (Resolução nº 13 do CNMP).
No STJ a questão é bem pacífica no sentido pró investigação pelo MP (Súmula 234 do STJ).
	SÚMULA 234 do STF: A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.
Posição do STF: Ministro Marco Aurélio é contra. Joaquim Barbosa, Eros Grau e Carlos Brito são a favor. Hoje, a questão é objeto de discussão no HC 84548 (que está pendente de julgamento). Mas, no RE 464893: o STF entendeu como válido o recebimento de denúncia amparado em elementos colhidos em inquérito civil, presidido pelo MP.
AÇÃO PENAL
Conceito: é o direito de pedir a tutela jurisdicional relacionada a um caso concreto.
Características: São basicamentecinco características apontadas pela doutrina:
Direito Público: a atividade jurisdicional que se pretende provocar é de natureza pública (OBS: ao invés de falar “ação penal privada”, melhor seria dizer “ação penal de iniciativa privada”).
Direito subjetivo: o titular tem o direito de exigir do Estado a prestação jurisdicional.
Direito autônomo: não se confunde com o direito material que se pretende tutelar.
Direito abstrato: independe da procedência ou improcedência do pedido. 
Direito específico: relacionado a um caso concreto.
Condições da Ação Penal: São extremamente importantes para o exercício regular do direito de ação.
CONDIÇÕES GENÉRICAS: devem estar presentes em qualquer ação penal.
Possibilidade jurídica do pedido: o pedido formulado deve encontrar amparo no ordenamento jurídico (ex: não pode ser realizada denúncia pelo MP de menor de 18 anos de idade). Se durante o curso do processo o juiz percebe a ausência de uma das condições da ação, deve extinguir o processo sem julgamento do mérito, aplicando por analogia o art. 267, VI do CPC (o art. 3º do CPP autoriza a utilização subsidiária do CPC no processo penal).
Legitimidade para agir: é a pertinência subjetiva da ação. No pólo ativo, figura o MP na Ação Penal Pública e o ofendido ou seu representante legal na Ação Penal Privada. No pólo passivo figura o PROVÁVEL autor do fato delituoso. Exemplo: crime contra a honra praticado durante a propaganda eleitoral é crime eleitoral, logo de ação penal pública incondicionada. Se por ventura for oferecida uma queixa pelo ofendido, deve ser reconhecida a ausência de legitimatio ad causam.
OBS: CUIDADO com a seguinte distinção: Legitimidade Ordinária vs. Legitimação Extraordinária. Vejamos o art. 6º do CPC:
	Art. 6o Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei.
Legitimação ordinária: alguém age em nome próprio na defesa de interesse próprio. Legitimação extraordinária: alguém age em nome próprio na defesa de interesse alheio (o que é excepcional – somente quando autorizado por lei).
Quando há legitimação extraordinária no Processo Penal? Há duas hipóteses:
Ação Penal Privada: o direito de punir pertence ao Estado, que, todavia, transfere ao ofendido o direito de ação.
Art. 68 do CPP (trata da questão da reparação do dano).
	Art. 68.  Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (art. 32, §§ 1o e 2o), a execução da sentença condenatória (art. 63) ou a ação civil (art. 64) será promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público.
Será que este dispositivo foi recepcionado pela CF/88? Esse artigo um dia será inconstitucional (INCONSTITUCIONALIDADE PROGRESSIVA): no dia que em todas as comarcas do Brasil houver Defensoria Pública. Nas comarcas em que houver Defensoria Pública o MP não tem legitimidade para agir. OBS: Com a Lei 11.719/08, a sentença condenatória tem como efeito a fixação de valor mínimo para a reparação dos danos causados pela infração (art. 387 do CPP – nova redação), sem prejuízo da liquidação.
Legitimidade ativa concorrente: mais de uma parte está autorizada a agir. Quem ajuizar primeiro afasta a legitimidade do outro. Exemplo: crime contra a honra de servidor público em razão de suas funções (porque de acordo com a Súmula 714 do STF é concorrente a legitimidade do ofendido mediante queixa e do MP, condicionado a representação); outro exemplo: ação penal privada subsidiária da pública depois do decurso do prazo do MP para oferecer denúncia (a partir do 16º dia, tanto o MP quanto o ofendido podem ajuizar a ação penal); terceiro exemplo: nos casos de sucessão processual, o direito de ação é transmitido ao cônjuge (companheiro também), ascendente, descendente ou irmão (CADI).
Interesse de agir: o interesse de agir é trabalhado com o trinômio: necessidade / adequação / utilidade.
Necessidade: no processo penal a necessidade é presumida, pois não há pena sem processo (exceção: juizados especiais – você pode cumprir uma pena restritiva de direitos sem que tenha havido processo).
Adequação: não é relevante no Processo Penal, pois não há muitos tipos de ação, como no Processo Civil (aqui é ação penal e pronto).
Utilidade: consiste na eficácia da atividade jurisdicional para satisfazer o interesse do autor.
Exemplo: Prescrição Hipotética / prescrição em perspectiva / prescrição virtual (defendida por parte da doutrina). Alguns doutrinadores, porém, a exemplo de César Roberto Bittencourt, entendem que viola o princípio da presunção de inocência (porque parte-se do pressuposto de que o réu é culpado). 
Se antecipadamente já for possível visualizar a ocorrência de prescrição, surge a chamada prescrição em perspectiva. Essa prescrição não é admitida pelos tribunais (jurisprudência – inclusive do STF), em virtude da ausência de previsão legal. No entanto, como membro do MP, deve-se pleitear o arquivamento dos autos ou a extinção do processo em virtude da ausência de interesse de agir (ausência de utilidade da ação penal), afinal de contas, qual a utilidade de se levar adiante processo penal fadado à prescrição?
Exemplo: Perdão judicial no homicídio culposo (art. 121 p. 5º CP). Em tese, o membro do MP, a depender do caso (em que é evidente a presença da aplicação do referido dispositivo), poderia pleitear ausência de interesse de agir (pode-se utilizar esse argumento em uma 2ª fase de concurso público). Esse é um caso muito hipotético.
Justa causa: é um lastro probatório mínimo indispensável para a instauração de um processo penal.
Será que a palavra da vítima em crimes sexuais tem valor absoluto? Não exatamente. É claro que tem um valor maior do que em outros crimes, mas, segundo o próprio STF, é preciso um lastro probatório maior para a instauração do processo (mais indícios; análise das circunstâncias do caso concreto).
Decisão final do procedimento administrativo de lançamento nos crimes materiais contra a ordem tributária: Lei 9.430/96 (art. 83) ( Na ADI 1571, entendeu o STF que a decisão final do procedimento administrativo não é condição de procedibilidade. Para o STF, o art. 83 tem como destinatários os agentes fiscais, prevendo o momento em que deverão encaminhar ao MP notitia criminis quanto à prática de crime contra a ordem tributária. Qual é, então, a sua natureza jurídica? Prevalece o entendimento de que essa decisão final é uma condição objetiva de punibilidade (STJ e STF).
Condição de procedibilidade vs. Condição objetiva de punibilidade: a condição de procedibilidade está relacionada ao Direito Processual Penal. São condições exigidas para o regular exercício do direito de ação, podendo ser genéricas ou específicas. Sua ausência provoca a anulação do processo, e não a absolvição do agente. Uma vez sanado o vício processual, nada impede a renovação do feito (não há coisa julgada material). Já a condição objetiva de punibilidade pertence ao fato punível, ou seja, está relacionada ao direito material. Situa-se entre o preceito primário e secundário da norma penal incriminadora, condicionando a existência da pretensão punitiva do Estado. Sua ausência produz a absolvição do agente, dotada a sentença de mérito dos atributos da coisa julgada formal e material. Enquanto não houver decisão definitiva do processo administrativo de lançamento nos crimes materiais contra a ordem tributária, não haverá JUSTA CAUSA para a ação penal (STF HC 81611). 
CONDIÇÕES ESPECÍFICAS: devem estar presentes somente em alguns delitos (exemplos: representação do ofendido; requisição do MJ; trânsito em julgado da sentença que anula o casamento no crime do art. 236 do CP – ocultação de impedimento para o casamento; sentença declaratória da falência nos crimes falimentares – art. 180 da Lei 11.101/05 – CUIDADO! ERA UMA CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADE. COM A LEI 11.101/05 É AGORA UMA CONDIÇÃO OBJETIVA DE PUNIBILIDADE; condição de militar no crime de deserção – que é quando o militar se ausenta por mais de 180 dias sem licença).
Qual é a diferença de uma condiçãode procedibilidade para uma condição de prosseguibilidade? Na condição de procedibilidade o processo ainda não teve início e para que a ação penal possa ser oferecida é necessário o implemento de uma condição (ex: lesão corporal leve ( o MP fica esperando a representação). Quando se fala em condição de prosseguibilidade o processo já está em andamento e, para que possa prosseguir é indispensável o implemento de uma condição (suponhamos que, no decorrer de uma ação penal em crime de furto, surja uma lei dizendo que é necessário representação no crime de furto). Esse fenômeno ocorreu em 1995, no âmbito dos Juizados Especiais, quanto ao crime de lesão corporal leve.
Classificação das Ações Penais:
Ação Penal Pública: seu titular é o MP, com base no art. 129, I da CF.
Ação Penal Pública Incondicionada: o MP não está sujeito ao implemento de qualquer condição.
Ação Penal Pública Condicionada: o MP fica sujeita ao implemento de alguma (s) condição (ou condições).
Ação Penal Pública subsidiária da Pública: de acordo com Luiz Flávio Gomes, um primeiro exemplo estaria no art. 2º p. 2º do Dec. Lei 201/67 (trata dos crimes políticos praticados por prefeitos).
	§ 2º Se as previdências para a abertura do inquérito policial ou instauração da ação penal não forem atendidas pela autoridade policial ou pelo Ministério Público estadual, poderão ser requeridas ao Procurador-Geral da República.
Para a maioria da doutrina, este dispositivo não teria sido recepcionado pela CF por dois motivos. Primeiro: atenta contra a autonomia do MP estadual (não se fala em hierarquia entre MPF e MP estadual). Segundo: transfere à Justiça Federal matéria que não lesa interesse da União.
Segundo exemplo: art. 357, p. 3º e 4º do Código Eleitoral.
	Art. 357. Verificada a infração penal, o Ministério Público oferecerá a denúncia dentro do prazo de 10 (dez) dias.
§ 3º Se o órgão do Ministério Público não oferecer a denúncia no prazo legal representará contra ele a autoridade judiciária, sem prejuízo da apuração da responsabilidade penal.
§ 4º Ocorrendo a hipótese prevista no parágrafo anterior o juiz solicitará ao Procurador Regional a designação de outro promotor, que, no mesmo prazo, oferecerá a denúncia.
Se um promotor estadual, agindo por delegação em crimes eleitorais, não oferece denúncia, permanecendo inerte, pode o MPF oferecer denúncia subsidiária (HIPÓTESE DE AÇÃO PENAL PÚBLICA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA).
Ação Penal de iniciativa privada: é quando o Estado transfere ao ofendido a possibilidade de ingressar em juízo.
Ação Penal privada exclusivamente privada: ocorrendo a morte do ofendido, haverá sucessão processual.
	Art. 31.  No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (isso é sucessão processual).
Ação Penal personalíssima: ocorrendo a morte do ofendido não haverá sucessão processual.
Ex: art. 236 do CP:
	Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.
 
OBS: No caso de ação penal privada personalíssima, a morte do titular é causa extintiva da punibilidade!
Ação Penal privada subsidiária da pública: só é cabível em virtude da inércia do MP (prazo decadencial, em regra, de 6 meses – esse prazo é PENAL – esse prazo começa a ser contado depois de decorrido o prazo de 15 dias para que o MP ajuíze a ação).
De acordo com o art. 100 do CP, a regra é a Ação Penal Pública incondicionada.
	Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido.
Ação Penal nos crimes contra os costumes: a regra, nos crimes contra a liberdade sexual, é a ação penal privada (art. 225 do CP).
	Art. 225 - Nos crimes definidos nos capítulos anteriores, somente se procede mediante queixa.
 
Exceções:
Se a vítima for pobre (comprovado mediante atestado de pobreza – geralmente firmado perante a autoridade policial – esse atestado de pobreza faz prova de valor relativo) ( crime de ação penal pública condicionada a representação.
E se na comarca em que essa vítima pobre foi estuprada (por exemplo) existir Defensoria Pública? Essa ação penal continua sendo pública condicionada a representação nos municípios em que houver Defensoria Pública (de acordo com o STF).
Se o crime for cometido com abuso do poder familiar ou mediante emprego de violência real ( a ação penal será pública incondicionada.
Violência real é o emprego de força física contra a pessoa (detalhe: o estupro pode ser cometido mediante violência ou grave ameaça). Vejamos a Súmula 608 do STF:
	SÚMULA 608 do STF: No crime de estupro, praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada.
OBS: Havendo violência real, pouco importa que a lesão seja de natureza leve ou grave (STF HC 82206).
Ação Penal nos crimes contra a honra:
Regra: ação penal privada.
	Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único - Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do n.º I do art. 141, e mediante representação do ofendido, no caso do n.º II do mesmo artigo.
Exceções:
Crime contra a honra de servidor público no exercício de suas funções (Súmula 714/STF – ação penal privada ou ação penal pública condicionada à representação).
Crime contra a honra do Presidente da República: ação penal pública condicionada à Requisição do Ministro da Justiça. Exemplo – Ronaldinho – Presidente.
Injúria real: se resulta lesão corporal ( a ação penal será pública (leve – pública condicionada; grave ou gravíssima – pública incondicionada); se praticada mediante vias de fato ( será ação penal privada;
Racismo - RHC 19.166.
Ação Penal no crime de embriaguez ao volante: 
Lei 11.705/08 – alterações no CTB. Trata-se agora de crime de perigo abstrato...
Embriaguez ao volante – crime de ação penal pública INCONDICIONADA. Vide art. 291, § 1º, do CTB com a redação dada pela Lei 11.705/08:
	Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.
§ 1o  Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 11.705, de 2008)
I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)
II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente; (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)
III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinqüenta quilômetros por hora). (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)
§ 2o  Nas hipóteses previstas no § 1o deste artigo, deverá ser instaurado inquérito policial para a investigação da infração penal. (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)
Crime de lesão corporal leve, envolvendo violência doméstica e familiar contra a mulher:
Crime de lesão corporal leve, de regra, é de ação penal pública condicionada à representação, por força do art. 88 da Lei 9.099/95.
O art. 41 da Lei Maria da Penha, por sua vez, indica que a ela não se aplica a Lei 9.099/95. 
Entretanto,o art. 16 da Lei Maria da Penha induz o intérprete a crer que existe a possibilidade de ação penal pública condicionada à representação no caso de lesão corporal.
Prevalece, porém o entendimento, segundo o STF, de que a ação penal será pública incondicionada, prevalecendo o art. 41. O art. 16 será aplicado a outros crimes, que dependam de representação, ou seja, que não sejam de lesão corporal leve.
Crimes ambientais:
Pode oferecer denúncia contra pessoa jurídica? Teoria da dupla imputação – admite-se a responsabilidade penal da pessoa jurídica em crimes ambientais (idéia de “responsabilidade penal social”), desde que haja a imputação simultânea da pessoa jurídica e da pessoa física que atua em seu nome ou em seu benefício. Se a pessoa física não for denunciada, a peça acusatória será inepta!
Ação Penal Popular:
Para alguns doutrinadores – Ada Pellegrini, por exemplo – há dois exemplos: habeas corpus e a faculdade de qualquer cidadão oferecer denúncia contra determinados agentes políticos por crime de responsabilidade.
Críticas: o HC não é propriamente uma ação penal e a denúncia nos crimes de responsabilidade não é propriamente uma denúncia, mas notitia criminis.
Princípios da Ação Penal Pública Incondicionada:
Ne procedat iudex ex officio – o juiz não pode agir de ofício (sistema acusatório); o processo judicialiforme não foi recepcionado pela CF/88 (quando o juiz e delegado davam inicio ao processo).
Ne bis in idem – significa que ninguém pode ser processado duas vezes pela mesma imputação. Não existe revisão criminal pro societat, assim aquele que for absolvido por juiz incompetente não pode ser julgado novamente. Ex: julgado por crime militar na justiça estadual, fazendo transação penal. Extinta a punibilidade ou absolvido o agente, mesmo que tal decisão seja proferida com vício de incompetência, é capaz de transitar em julgado e produzir seus efeitos, logo não pode o agente ser processado pelo mesmo fato na justiça militar. STF: HC 86.606.
Princípio da obrigatoriedade – desde que haja justa causa, o MP é obrigado a denunciar – exceções: transação penal (art. 76 da Lei 9.099/95 – todas as contravenções e crimes cuja pena máxima não seja superior a dois anos, cumulada ou não com multa e sujeita ou não a procedimento especial); acordo de leniência (delação premiada), previsto no art. 35-B e 35-C da Lei nº 8.884/94, também conhecido como “acordo de doçura ou brandura”. Tal acordo impede o oferecimento da denúncia; termo de ajustamento de conduta em crimes ambientais – TAC – igualmente impede o oferecimento da denúncia; pagamento e parcelamento do crédito tributário, conforme art. 9º da Lei nº 10.684/03 – o parcelamento suspende a pretensão punitiva e o pagamento extingue a punibilidade.
Princípio da indisponibilidade: o MP não pode desistir da ação penal pública, nem do recurso já interposto. (Art. 42.  O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.)/(Art. 576.  O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto.) Não é obrigado a recorrer, mas tendo recorrido não poderá desistir do recurso. Também se aplica à ação penal privada subsidiária da pública. Exceção: suspensão condicional do processo na Lei nº 9.099/95 (cabível para crimes cuja pena mínima seja igual ou inferior a um ano).
Posição do STF: mesmo que a pena mínima cominada seja superior a um ano, será cabível suspensão condicional do processo quando a pena de multa for cominada de forma alternativa. Exemplo: No art. 5º da Lei 8.137/90, embora a pena seja de detenção, de 2 a 5 anos, ou multa, a alternatividade da multa permite a suspensão condicional do processo, pois a multa é um minus em relação à pena de detenção. 
Princípio da (in) divisibilidade. STF ( vige o princípio da divisibilidade, porque o MP pode denunciar alguns co-réus, sem prejuízo de prosseguir nas investigações em relação aos demais (STF). Desde que haja justa causa, o MP é obrigado a denunciar todos os co-autores, vigendo o princípio da indivisibilidade (LFG, Capez e doutrina majoritária).
Princípios da Ação Penal Privada:
Ne procedat iudex ex officio
Ne bis in idem
Princípio da oportunidade ou conveniência – o ofendido ou seu representante legal, mediante critérios de oportunidade ou conveniência, podem optar pela propositura ou não da ação penal privada. Para “abrir mão” do seu direito de queixa, pode o ofendido deixar escoar o prazo (decadência), renunciando ao direito de queixa ou pedindo o arquivamento do inquérito policial.
Princípio da disponibilidade: o querelante pode desistir da ação penal privada mediante: 1) perdão do ofendido; 2) desistência da ação; 3) perempção; 
Princípio da indivisibilidade: “o processo de um obriga ao processo de todos”. Significa dizer que, havendo pluralidade de agentes, o ofendido tem a opção de processá-los ou não. Caso decida, tem de oferecer queixa contra todos. A renúncia e o perdão (este depende de aceitação) em favor de um se estende aos demais. Segundo o art. 48 do CPP “Art. 48.  A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.” OBS: a ação penal privada: o MP, fiscalizando o princípio da indivisibilidade, não pode aditar a queixa para incluir co-réu, pois não tem legitimidade. Deve o MP pedir a intimação do querelante para aditar a queixa, sob pena de a renúncia concedida a um dos co-réus se estender aos demais. “Art. 49.  A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá.”
Representação do Ofendido:
Conceito: É a manifestação do ofendido ou de seu representante legal, no sentido de que possui interesse na persecução penal do agente da infração penal. Representa uma sinalização para o Estado, que tem interesse em ver o agente punido.
Natureza jurídica: condição específica objetiva de procedibilidade.
Nos termos do art. 39 do CPP, a representação é dirigida:
	Art. 39.  O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial.
§ 1o  A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida.
§ 2o  A representação conterá todas as informações que possam servir à apuração do fato e da autoria.
§ 3o  Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade policial procederá a inquérito, ou, não sendo competente, remetê-lo-á à autoridade que o for.
§ 4o  A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo, será remetida à autoridade policial para que esta proceda a inquérito.
§ 5o  O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias.
Não há necessidade de formalismo, consoante posição pacífica do STF.
Documentos já aceitos pela jurisprudência como representação: exame de corpo de delito em crimes sexuais e boletim de ocorrência.
Legitimidade para oferecer representação: 
Vítima com 18 anos.
Vítima com menos de 18 anos: representante legal – não há formalismos – pode ser qualquer que seja responsável por esse menor (avó, tia...). Decadência do prazo para o representante legal: duas correntes – Pacelli e LFG: se houve decadência para o representante legal estará extinta a punibilidade, mesmo que o menor não tenha completado 18 anos. Em sentido contrário (Nucci, Capez), cuidando-se de incapaz, o prazo não flui para ele enquanto não cessar a incapacidade, pois não se pode falar em decadência de um direito que não se pode exercer. Segundo STF, no sentido da segunda posição, HC 75.697, julgado em 2003. 
Ofendido menor de 18 anos, mentalmenteenfermo ou retardado mental, que não tenha representante legal ou havendo colisão de interesses:
	Art. 33.  Se o ofendido for menor de 18 (dezoito) anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente para o processo penal. 
Esse curador é obrigado a oferecer a queixa ou representação? Não, observará os interesses do menor.
Vítima com 17 anos e casada – duas possibilidades: nomeia-se curador especial ou aguarda-se que ela complete 18 anos para oferecer representação ou queixa. Obs: não se trabalha com a hipótese de emancipação, tampouco o marido é seu representante legal.
Morte da vítima: não sendo caso de ação personalíssima, vai ocorrer sucessão processual: CADI – cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Alguns entendem que o companheiro também é legitimado a suceder. Art. 31.  No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
Essa ordem é preferencial. Prevalece a vontade de quem deseja dar início a ação penal. O sucessor tem prazo decadencial de seis meses, contados a partir do momento em que toma conhecimento do autor do crime. Se tomou conhecimento quando o ofendido ainda era vivo, terá o restante do prazo.
Prazo: seis meses.
Exemplo: crime contra a honra em 10.02.08.
Fato: 10.02.2008.
Decadência: 09.08.2008.
Trata-se de PRAZO DE DIREITO MATERIAL, assim, conta-se o dia de início.
Qual é o último dia para o oferecimento da queixa? Dia 08.08.2008, pois no dia 09 o ofendido decai do direito, lembrando que se houver final de semana, a representação tem que ser oferecida antes, pois prazos decadenciais não se suspendem nem interrompem.
OBS: Lei de Imprensa – 5.250/67 - Art. 41, §§ 1º e 2º - não suspenso pela ADPF nº 30 – o direito de queixa ou representação prescreverá (na verdade é decadência) se não for exercido dentro de três meses da data da publicação ou transmissão. Este prazo, na lei de imprensa, está sujeito a causas interruptivas: letras a e b do parágrafo 2º. 
RETRATAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO:
A representação é retratável até o oferecimento (e não recebimento!!!!!) da denúncia – art. 25 do CPP.
CUIDADO! Art. 16 da Lei 11.340/06 – fala em renúncia, em vez de retratação. Novo marco temporal: “antes do recebimento”. Quando a lei diz “renúncia”, leia-se retratação, pois não é possível se falar em renúncia a um direito que já foi exercido. Na lei Maria da Penha a retratação da representação é possível até o recebimento da denúncia!
RETRATAÇÃO DA RETRATAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO: De acordo com a maioria da doutrina (e jurisprudência), é possível, desde que feita dentro do prazo decadencial (de 6 meses).
EFICÁCIA OBJETIVA DA REPRESENTAÇÃO: Feita a representação contra apenas um dos co-autores, esta se estende aos demais. Por outro lado, feita a representação em relação a um fato delituoso, não se estende a outros delitos (STJ HC 57200).
Requisição do Ministro da Justiça:
Também é uma condição específica objetiva de procedibilidade (assim como a representação do ofendido). É um pouco mais rara – ex: crime contra a honra do Presidente da República.
PONTOS IMPORTANTES:
A requisição do MJ não está sujeita a prazo decadencial (mas é claro que corre a prescrição).
Retratação da requisição:
1ª corrente (Capez/Paulo Rangel): não admite.
2ª corrente (Luiz Flávio Gomes/Nucci): admite.
A requisição do MJ não vincula o MP (trata-se de mera condição de procedibilidade – o MP pode ou não oferecer a peça acusatória). 
Ação penal privada subsidiária da pública:
Só é cabível em face da inércia do MP (única possibilidade).
Crime de embriaguez ao volante: cabe ação penal privada subsidiária da pública? Claro que não, pois não há ofendido. Portanto, para se falar em ação privada subsidiária da pública, é preciso que haja ofendido.
CUIDADO! Há dois detalhes importantes:
CDC (art. 82);
Lei 11.101/05 (regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária).
Ação penal privada subsidiária ( está sujeita a um prazo decadencial de 6 meses. Mas CUIDADO: jamais essa decadência gerará a extinção da punibilidade (o MP ainda pode oferecer denúncia enquanto não ocorrer a prescrição). Trata-se, então, de “decadência imprópria”.
Contagem do prazo: EXEMPLO: 06/04 (vista ao MP do inquérito) ( 21/04 (feriado) ( 22/04 (último dia do prazo do MP) ( 23/04 (surge o direito de propor a ação penal privada subsidiária da pública). O OFENDIDO TEM O PRAZO DE 6 MESES PARA PROPOR A AÇÃO ( 22/10 (ocorre a decadência – que não gera a extinção da punibilidade, na medida em que a ação penal, em sua essência, é pública; o MP ainda pode oferece denúncia enquanto não ocorrer a prescrição da infração penal) ( 21/10 é o último dia para a propositura da ação penal privada subsidiária da pública!
Quais são as possibilidades/poderes do MP?
Repudiar a queixa, oferecendo denúncia substitutiva (pouco importa se a queixa esteja boa ou ruim);
Aditar a queixa, tanto em seus aspectos formais como materiais (por exemplo, para incluir co-réus);
Se o querelante for negligente, o MP retoma a titularidade da ação (isso se chama “ação penal indireta”) – não há, então, perempção (a ação penal é pública, em sua essência).
Peça acusatória (denúncia/queixa):
Quais são os requisitos da peça acusatória no processo penal?
Exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias;
OBS: “imputar” é atribuir a alguém a prática de uma infração penal. Qual é a conseqüência de uma imputação mal feita? Se a denúncia não narra o fato delituoso com todas as suas circunstâncias é INEPTA e viola a ampla defesa. O que é “criptoimputação”? É a imputação contaminada por grave deficiência na narrativa do fato imputado (violando a ampla defesa). Predomina na jurisprudência que essa inépcia deve ser argüida até a sentença, sob pena de preclusão (se você não reclamou até a sentença é porque conseguiu se defender – não houve prejuízo)!
OBS: “Denúncia genérica”: Posição antiga do STF ( o STF entendia ser apta a denúncia que não individualizava a conduta de cada indiciado, bastando a indicação de que os acusados fossem de algum modo responsáveis pela condução da sociedade comercial. Posição atual do STF ( hoje, quando se trata de crime societário, a denúncia não pode ser genérica, devendo estabelecer o vínculo do administrador ao ato ilícito que lhe está sendo imputado (STF HC 80549 e HC 85327).
Elementos necessários (ou essenciais) vs. Elementos acidentais (ou secundários): elementos essenciais são aqueles necessários para identificar a conduta como fato típico; a ausência desse elemento causa prejuízo evidente à defesa e, portanto, nulidade absoluta. Elementos acidentais são elementos ligados a circunstâncias de tempo ou lugar, cuja ausência nem sempre prejudica a ampla defesa. Logo, eventual ausência de elemento acidental representa NULIDADE RELATIVA.
Identificação do acusado;
Cabe denúncia contra pessoa incerta? É possível. Essa pessoa incerta é a pessoa fisicamente certa sobre a qual não temos dados pessoais.
	Art. 41 do CPP.  A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
Classificação do crime;
Não é requisito obrigatório (no processo penal o que é importante é a imputação; no processo penal o acusado defende-se dos FATOS que lhe são imputados).
“Emendatio Libelli”: não há alteração em relação ao fato delituoso. Limita-se o juiz a modificar a classificação formulada na denúncia ou queixa (ex: CP – Art. 155 p. 4º, II vs. Art. 171) – “narra-me o fato que eu lhe douo direito”.
	Art. 383 do CPP.  O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em conseqüência, tenha de aplicar pena mais grave. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1o  Se, em conseqüência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2o  Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão encaminhados os autos. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
“Mutatio Libelli”: ocorre quando o fato que se comprovou durante a instrução processual é diverso daquele narrado na peça acusatória. Ex: MP denuncia alguém pelo crime de furto. Todavia, durante a instrução processual surge a prova de uma elementar não contida na denúncia (violência). Não pode o juiz condenar o acusado pelo crime de roubo imediatamente, sob pena de violação à ampla defesa, ao sistema acusatório e ao princípio da correlação entre acusação e sentença. Deve, portanto, dar vista ao MP para que possa aditar a peça acusatória, abrindo-se em seguida prazo para a defesa se manifestar.
	Art. 384 do CPP.  Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em conseqüência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1o  Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. 28 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2o  Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo interrogatório do acusado, realização de debates e julgamento. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 3o  Aplicam-se as disposições dos §§ 1o e 2o do art. 383 ao caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 4o  Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 5o  Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Rol de testemunhas (se necessário);
OBS: Certos tipos de crimes dispensam oitiva de testemunhas (ex: crimes tributários).
OBS: Se você não oferece o rol de testemunhas nesse momento ( ocorre a preclusão (mas, no processo penal, pode-se sempre invocar o “princípio da verdade real” ( pede-se ao juiz que ouça aquelas testemunhas que você esqueceu de arrolar no momento correto – como testemunhas do juízo).
Procedimento comum ordinário (crimes cuja pena máxima seja igual ou superior a 4 anos) ( máximo de testemunhas = 8 (para a defesa – por fato delituoso; para a acusação – por acusado).
Procedimento comum sumário (crimes cuja pena máxima seja inferior a 4 e superior a 2 anos) ( máximo de testemunhas = 5.
Procedimento comum sumaríssimo: será aquele observado para as infrações penais de menor potencial ofensivo (crimes e contravenções cuja pena máxima não seja superior a 2 anos, cumulada ou não com multa, sujeita ou não a procedimento especial) ( máximo de testemunhas = prevalece que são 3. 
Denúncia em vernáculo (língua portuguesa);
Subscrição por promotor.
PRAZO PARA A DENÚNCIA:
Réu preso: 5 dias.
Réu solto: 15 dias.
OBS: No CPP os prazos são os mesmos.
Cuidado com alguns prazos previstos para leis especiais:
Lei de drogas: 10 dias (estando o acusado preso ou solto).
Código eleitoral: 10 dias.
Abuso de autoridade (Lei 4.898/65): 48 horas.
CONSEQUÊNCIAS DA DENÚNCIA INTEMPESTIVA (oferecida fora do prazo):
Surge o direito de ação penal privada subsidiária da pública;
Possibilidade de perda do subsídio pelo promotor (art. 801 do CPP);
	Art. 801.  Findos os respectivos prazos, os juízes e os órgãos do Ministério Público, responsáveis pelo retardamento, perderão tantos dias de vencimentos quantos forem os excedidos. Na contagem do tempo de serviço, para o efeito de promoção e aposentadoria, a perda será do dobro dos dias excedidos.
Se o acusado estiver preso e o excesso for abusivo, a prisão deve ser relaxada, sem prejuízo da continuidade do processo.
CONEXÃO ENTRE CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA E DE AÇÃO PENAL PRIVADA: Litisconsórcio ativo entre o MP e o querelante.
DENÚNCIA ALTERNATIVA: imputam-se fatos de forma alternativa ao agente.
IMPUTAÇÃO ORIGINÁRIA: ocorre quando a alternatividade está contida na própria peça acusatória.
Não é admitida pela doutrina e pela jurisprudência, pois viola a ampla defesa!
IMPUTAÇÃO SUPERVENIENTE: ocorre nas hipóteses de “Mutatio Libelli” quando o MP adita a peça acusatória.
O acusado, nesse caso, pode ser condenado pela imputação originária ou pela imputação superveniente (segundo a doutrina e jurisprudência majoritárias).
Atenção para o art. 384 p. 4º (inserido pela Lei 11.719/08) ( é possível a interpretação de que quando ocorrer o aditamento na “Mutatio Libelli” o juiz ficará adstrito aos termos do aditamento. Coloca-se um fim à IMPUTAÇÃO ALTERNATIVA SUPERVENIENTE! Vejamos o citado dispositivo:
	§ 4o  Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento.
PROCURAÇÃO NA QUEIXA (requisito específico da QUEIXA): Art. 44 do CPP.
	Art. 44.  A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante (leia-se querelado, também) e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal.
RECEBIMENTO DA PEÇA ACUSATÓRIA:
	ANTES DA LEI 11.719/08
	DEPOIS DA LEI 11.719/08
	Oferecimento
Recebimento
Citação
Interrogatório
Defesa prévia
Testemunhas de acusação
Testemunhas de defesa
Diligências
Alegações finais
Sentença
	Oferecimento
Recebimento (de acordo com a maioria – art. 396 do CPP – nova redação)
Citação
Resposta inicial
Absolvição sumária
OBS: para alguns, o recebimento ocorre aqui!
Audiência una de instrução e julgamento.
O recebimento da peça acusatória precisa ser fundamentado pelo juiz? O recebimento da peça acusatória é uma decisão sucinta, em que o juiz deve dizer “presentes as condições da ação penal e os pressupostos processuais, havendo justa causa, recebo a peça acusatória”. O recebimento da peça acusatória não precisa ser fundamentado! O juiz não deve formar convencimento prévio.
Cabe recurso contra o recebimento? Em regra, não! Mas cuidado (exceções) ( na lei de imprensa cabe RESE; na competência originária dos tribunais cabe agravo. E em casos de manifesta atipicidade e ausência de justa causa é possível a impetração de habeas corpus pleiteando o trancamento da ação penal.
REJEIÇÃO DA PEÇA ACUSATÓRIA: Hipóteses (art. 395 do CPP):
Quando a denúncia ou queixa for inepta;
Quando faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal;
	PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA 
	PRESSUPOSTOS DE VALIDADE 
	Demanda (veiculada pela peça acusatória);
Exercício da jurisdição (competência e imparcialidade do juízo);
Partes com capacidade para estar no processo.
	Inexistência de litispendência;
Inexistência de coisa julgada.
Estão basicamente ligados à idéia de originalidade da demanda.
Quando faltar justa causa para o exercício da ação penal (parece, então, que a justa causa, segundo o CPP, não é considerada condição da ação penal – então a doutrina diz que seriauma condição sui generis da ação penal).
A rejeição da peça acusatória apenas faz coisa julgada formal! Então, se amanhã eu removo o impedimento, posso propor novamente a ação penal!
Absolvição sumária:
É possível no procedimento comum!
Hipóteses:
Existência manifesta de causa excludente da ilicitude;
Existência manifesta de causa excludente da culpabilidade (salvo inimputabilidade – pois precisa ser submetido ao cumprimento de medida de segurança, que pressupõe o cumprimento do devido processo legal – opera-se a chamada “absolvição imprópria”);
Fato narrado não constitui crime;
Estiver extinta a punibilidade.
O juiz, aqui, está adentrando a análise do mérito. Então haverá, nesse caso, coisa julgada formal e material!
Recursos cabíveis contra a rejeição: em regra, RESE. Cuidado! Na lei de imprensa e nos juizados o recurso é o de apelação. No caso de competência originária dos tribunais o recurso cabível é o agravo.
RENÚNCIA:
Decorre do princípio da indisponibilidade/oportunidade da Ação Penal Privada!
Conceito: é um ato unilateral do ofendido ou de seu representante legal, abrindo mão do direito de promover a ação penal privada com a conseqüente extinção da punibilidade.
Dispensa aceitação (independe da concordância da parte contrária).
A renúncia se dá antes do início da ação penal privada.
Cabe renúncia em ação penal pública? Em regra, não cabe renúncia em ação penal pública. Vejamos o art. 74 da Lei 9.099/95:
	Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente.
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação.
A composição civil dos danos acarreta renúncia ao direito de representação (impede a ação penal pública condicionada à representação).
A renúncia pode ser:
Expressa ( é aquela feita por declaração inequívoca;
Tácita ( ocorre quando a vítima pratica ato incompatível com a vontade de processar (ex: convidar o autor da infração penal para ser seu padrinho de casamento; outro exemplo: estupro mediante grave ameaça e casamento da vítima do estupro com o agente – CUIDADO: essa hipótese de extinção da punibilidade foi revogada pela Lei 11.106/05, o que não significa que não seja uma hipótese de renúncia tácita ao direito de promover a ação privada).
Recebimento de indenização significa renúncia ao direito de queixa? Não! Art. 104 do CP. Mas cuidado com a composição civil dos danos (que é uma exceção – que acarreta renúncia ao direito de promover a ação penal privada). 
OBS: Pelo princípio da indivisibilidade, renúncia concedida a um dos co-autores estende-se aos demais!
PERDÃO:
Conceito: é o ato pelo qual o ofendido ou seu representante legal desiste de prosseguir com o andamento do processo, perdoando seu ofensor, com a conseqüente extinção da punibilidade caso o perdão seja aceito.
Características:
O perdão, assim como acontece com a renúncia, só cabe na ação exclusivamente privada (ou personalíssima).
O perdão ocorre após o inicio da ação penal, até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
O perdão não admite retratação e, ao contrário da renúncia, o perdão depende de aceitação!
Pelo princípio da indivisibilidade, o perdão estende-se aos demais co-autores, que, no entanto, não estão obrigados a aceitá-lo (podendo recusá-lo).
A aceitação pode ser expressa ou tácita (da mesma forma que o perdão, que também pode ser expresso ou tácito) – o silêncio do querelado por 3 dias significa aceitação tácita.
PEREMPÇÃO:
Conceito: perempção é a perda do direito de prosseguir no exercício da ação penal exclusivamente privada ou personalíssima, em virtude da negligência do querelante.
Características:
Também é uma causa extintiva da punibilidade.
Não cabe perempção na ação penal privada subsidiária da pública.
Qual é a diferença de perempção para decadência? A perempção é a perda do direito de prosseguir no exercício da ação penal exclusivamente privada ou personalíssima, em virtude da negligencia do querelante; decadência, por sua vez, é a perda do direito de dar início à ação penal privada, em virtude do seu não exercício no prazo legal.
Hipóteses de perempção (art. 60 do CPP):
	Art. 60.  Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos;
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;
OBS: Aqui, o juiz penal precisa intimar os seus sucessores? Não! Essa sanção é automática, ou seja, não é necessária a intimação dos seus sucessores.
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais;
OBS: O não comparecimento do querelante à audiência de conciliação importa em perempção? O melhor posicionamento é que não, pois o querelante está simplesmente dizendo que não tem interesse na realização do acordo!
OBS: O pedido de condenação não precisa ser expresso!
OBS: Ausência do advogado do querelante em plenário (no Júri): qual é a conseqüência? Na hipótese se ação penal privada subsidiária da pública, o MP reassume a titularidade no pólo ativo; na hipótese de litisconsórcio ativo entre crimes de ação penal pública e privada, a ausência do querelante importa em PEREMPÇÃO para o crime de ação penal privada. 
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.

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