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RESUMO PSICANALISE

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O movimento psicanalítico tem início com Sigmund Freud (1856-1939), nascido em Viena. Freud reconhece como fundamental nas descobertas de Breuer “o fato de que os sintomas de pacientes histéricos baseiam-se em cenas de seu passado que lhes causaram grande impressão mas foram esquecidas (traumas)”. 
 A obra de Freud, em “Freud para Principiantes”, pode ser vista sob quatro aspectos: 1. Estudos sobre a histeria, sob a influência de Breuer; 2. A auto-análise e a formulação dos princípios básicos de sua teoria; 3. Desenvolvimento da Psicologia do Id – primeiro sistema de Psicanálise; e 4. Desenvolvimento da Psicologia do Ego, a ampliação e modificação de idéias anteriores.
 Uma visão rápida sobre o século XIX e que favoreceram ou dificultaram o surgimento destas novas idéias, quando surge a Psicanálise, mostra que nesse contexto destacam-se a influência de Charles Darwin com sua Teoria da Evolução; o desenvolvimento do Positivismo de Augusto Comte, que procurava elaborar leis gerais que pudessem descrever as relações entre os fenômenos; a presença da Psicologia associacionista de Berkeley, Hume e outros e de igual modo a idéia crescente do determinismo; e estudos psiquiátricos que buscavam uma nova visão da mente, que se preocupava em encontrar uma definição científica para as doenças mentais.
Principais Teorias Freudianas que Marcaram o Movimento Psicanalítico
 A Experiência de Freud com a Histeria – Em 1885 ao permanecer em Paris por algum tempo, Freud trabalhou com o famoso neurologista Charcot, que na época fazia experiências com a hipnose em função da cura de mulheres com histeria. Convém lembrar que as pessoas histéricas no passado costumavam ser queimadas como se fossem bruxas; muitas eram aprisionadas e perseguidas. A histeria era considerada uma doença apenas própria de mulheres.
 Freud começou a trabalhar com Breuer, um famoso médico também interessado no tratamento de pessoas histéricas. Ana O. era uma jovem de 21 anos de idade, histérica, que teve os seus sintomas diminuídos quando, hipnotizada, conseguiu jogar para fora as razões de sua enfermidade que, entre elas, tinha relação com os seus desejos recalcados em relação ao pai, que já morrera.
 Freud e Breuer descobriram que a histeria também podia ter uma origem psicológica e que os pacientes não se lembravam desse fato, como a totalidade dos sonhos, por exemplo. Constatou-se, mais uma vez que depois de se trabalhar uma memória, ou dela se tornar consciente através da hipnose, ela desaparecia. A única maneira de explicação para isso, seria reconhecer o fato de que as memórias são reprimidas e distorcidas. Daí surgiu a noção de “recalque”.
Freud descobriu, ao observar seus pacientes, que a resistência deriva de desejos sexuais reprimidos, que eles não queriam admitir. O próprio Breuer não concordou com essa posição de Freud e, com ele, a maioria dos especialistas da época; Freud e Breuer viviam em uma sociedade em que a sexualidade era recalcada, e não era assunto popular. A partir daí Freud abandona a hipnose.
 Algumas idéias passaram a incomodar cada vez mais o pensamento de Freud: a maioria das neuroses agudas nas mulheres tem origem no leito conjugal; todo o indivíduo é masculino e feminino ao mesmo tempo; a vida é controlada por fenômenos periódicos ligados à nossa estrutura bissexual. Freud chega ainda à conclusão de que todas as neuroses são conseqüências de algum abuso sexual sofrido na infância, cometido na maioria das vezes pelo pai. Ele desistiu dessa teoria em 1897.
 Freud e a interpretação dos sonhos. Depois da morte do pai e de várias sessões de auto-análise, Freud voltou-se para o trabalho de análise dos sonhos. Começou a perceber que o desejo inconsciente que se manifestava nos sonhos vinham de memórias da infância. Chegou à conclusão de que o inconsciente do adulto era formado pela criança que se esconde dentro de cada um. O caso de Anna O. exerceu grande influência no delineamento do pensamento de Freud. Ele percebe que o tratamento com a hipnose parecia curar os sintomas, mas que muitas vezes o problema voltava, ainda que de outra forma. Assim, ele chegava à conclusão de que os distúrbios neuróticos tinham raízes mais profundas do que se acreditava. Desta forma, a associação livre (dizer o que sente e o que pensa naquele momento, sem quaisquer reservas, é algo difícil, muito difícil, reconheçamos, mas há que tentar... Trata-se de uma proposta para alguém se entregar completa e inteiramente a outrem, freqüentemente um desconhecido, sem defesas conscientes, sem mistérios, sem enganos.) permitia um exame cada vez mais penetrante da mente de seus pacientes. 
 Conforme Freud, a interpretação dos sonhos tem dois objetivos: o de demonstrar como a análise dos sonhos confirma as suas teorias sobre a mente inconsciente.; e o de mostrar como essa técnica funciona. Para Freud todos os sonhos têm um significado; cada sonho tem uma causa; só conseguimos nos lembrar de seu conteúdo manifesto; o que está latente (oculto – a parte recalcada, ou inconsciente) é a sua causa; há uma relação complexa entre o sonho e sua causa, que só pode ser descoberta através da associação livre.
 A associação livre tornou-se algo fundamental para Freud, na medida em que vê o caminho de volta para as memórias mais antigas como algo constantemente bloqueado pela resistência e pela transferência. 
 A origem dos sonhos, segundo Freud, tem a ver com as principais informações contidas nos mesmos e que derivam de: 1) Acontecimentos recentes e fatos emocionais óbvios, como algo que causa algum tipo de irritação. A vingança, por exemplo, pode ser obtida através do sonho – trata-se da simples realização de um desejo; 2) Várias idéias são misturadas pelo sonho; trata-se do fenômeno também conhecido como “condensação”; 3) O “deslocamento” é um outro fenômeno que envolve um acontecimento marcante que pode ser representado por uma memória recente, mas sem importância. A associação livre, neste caso, revela a ligação oculta; 4) Memórias esquecidas há muito tempo são representadas por idéias triviais recentes. Trata-se de deslocamento profundo que só pode ser revelado através da Psicanálise.
 Como os sonhos funcionam: Os mecanismos dos trabalhos do sonho são: 1. Como já vimos, a condensação, que ocorre quando uma única imagem pode representar várias associações. “Pode-se calcular a complexidade do conteúdo latente de um sonho ao se analisar como idéias antigas, recalcadas ou não- reconhecidas, além de associações imprevistas, estão ligadas à imagem condensada que forma a fachada do sonho. É o que Freud chama de “sobredeterminação”; 2. O deslocamento, um outro fenômeno do sonho, ocorre quando os sentimentos ligados a um determinado objeto passam a ser associados a outro. Assim, o ódio a alguém pode ser deslocado para um cachorrinho branco, por exemplo; 3. A dramatização é um outro fenômeno; a maior parte dos sonhos tem um caráter visual, como ocorre com um filme. Como em alguns filmes ruins, às vezes não parece haver uma ligação clara entre os acontecimentos, ou às imagens de um sonho. No entanto, todo filme conta uma história. Nos sonhos, a história está escondida e as imagens fornecem as pistas para descobri-la; 4. A simbolização: as imagens substituem, ou simbolizam, outras coisas. Símbolos fálicos – como revólveres, prédios altos, etc – são bastante conhecidos (o que não deixa de ser interessante...). Os sonhos utilizam muito os símbolos. Neles os símbolos são empregados praticamente apenas para representar objetos e relações sexuais (Freud); 5. Elaboração Secundária – Quando acordamos, lembramos do sonho e começamos a imaginar o que ele significa. Em síntese, pode-se dizer que os sonhos são versões distorcidas, disfarçadas, de desejos ocultos e recalcados. Eles são uma espécie de relatório sobre aquilo que acontece no inconsciente, mas que a mente consciente só recebe depois que passaram por um certo tipo de trituração na mente.O Inconsciente. De maneira descritiva o inconsciente refere-se a todos os conteúdos que não se encontram na consciência. Ele é dinâmico; não é uma qualidade em particular de um estado mental, mas a sua função. Nele estão forças recalcadas que lutam para passar para a consciência, mas são barradas por um agente repressor. 
 Em 1914, Freud apresenta em detalhes o que passou a ser conhecido como a “primeira topografia” ou primeira estrutura do aparelho psíquico, segundo a qual a mente é formada pro três sistemas: 1. O Inconsciente, propriamente dito (Ics – engloba os conteúdos recalcados pelos processos de recalque primário ou de recalque secundário); 2. O Pré-Consciente (Pcs – abrange os conteúdos que, apesar de não serem conscientes, podem passar para a consciência, isto é, não são recalcados); 3. O Sistema Percepção Consciência (Cs – reúne todos os conteúdos que são conscientes num sentido descritivo). O recalque ocorre na fronteira entre os sistemas Ics (Inconsciente) e Pcs (Pré-Consciente).
 Em “Psicopatologia da Vida Cotidiana" Freud pretendia provar que o inconsciente está presente naquilo que costumamos descrever como eventos do dia-a-dia: enganos, erros, omissões, falhas de memória, etc. Para ele, nada disso ocorre por acaso; estes fatos revelam os estratagemas da mente inconsciente.
Os “atos falhos”, por exemplo, ao lado de outros erros, muitas vezes expressam a realização de desejos que deveriam ser negados. Neste caso, a intenção assume o disfarce de um acidente fortuito.
 As piadas, por exemplo, são vistas por Freud na mesma perspectiva das neuroses, os sonhos e os atos falhos. Sua função, principalmente as mais tendenciosas, seria dar vazão a uma inibição. Elas tornam possível a satisfação de um instinto (libidinoso ou hostil) diante de um obstáculo colocado em seu caminho. No fundo, todas piadas são simplesmente uma técnica para se obter algum tipo de gratificação sexual.
Em sua obra “Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade” (1905), Freud rompe com as noções tradicionais a respeito do que seria a sexualidade. Ele entendia que a sexualidade humana consiste em tentar por os próprios órgãos genitais em contato com os de alguém do sexo oposto. A este ato estão associados, como fenômenos acessórios ou introdutórios, os atos de beijar o corpo estranho, contemplá-lo, tocá-lo. Esse empenho surge na puberdade, na época do amadurecimento sexual – e serviria apenas para a reprodução. No entanto, sempre tornaram-se conhecidos certos fatos que não se encaixam neste quadro limitado: 1. É marcante o fato de que algumas pessoas só se sentem atraídas por indivíduos do mesmo sexo e seus órgãos genitais. 2. Outro fato extraordinário é a existência de algumas pessoas cujos desejos parecem funcionar da mesma maneira que os sexuais, mas que ao mesmo tempo desprezam os órgãos sexuais ou o seu emprego normal. São os que foram chamados de “pervertidos”. 3. Por fim, é surpreendente que algumas crianças (consideradas degeneradas) apresentem um interesse precoce por seus órgãos genitais, com sinais de excitação.
 Fases do desenvolvimento emocional da criança: 1 – Fase Oral: que corresponde à boca como zona erógena que dá prazer. Quando o bebê suga o seio materno tem um duplo prazer: o da amamentação em si; e o prazer sexual localizado na boca. Sugar o seio da mãe é o ponto de partida de toda a vida sexual; é o primeiro objeto de amor. 2 – Fase Anal: o ânus é a segunda zona erógena; quando o prazer anal mais simples é esvaziar o intestino. A criança pode obter satisfação ao se exibir diante dos pais, ao lhes dar um presente ou prender as fezes para desafiá-los. 3 – Fase Fálica: a criança toma consciência de sua zona erógena baseada nos órgãos genitais, deixando para trás a fase oral e a fase anal. Freud afirma que a criança só conhece um órgão genital, o falo, e que a oposição entre meninos e meninas se dá em termos de fálico e castrado. A primazia do falo é o fator mais significativo desta fase. É também a fase em que as meninas passam a ter inveja do pênis. 4 – Fase de Latência: O período de latência tem sua origem na dissolução do Complexo de Édipo, a qual ocorreu na fase fálica. Ainda que este período constitua uma pausa na evolução da sexualidade, este fato não significa necessariamente que a criança não tenha nenhum interesse sexual até chegar à puberdade, mas principalmente que não se desenvolverá nesse período uma nova organização da sexualidade. O surgimento de sentimentos de pudor e repugnância, a identificação com os pais, a intensificação das repressões e o desenvolvimento de sublimações são características do período de latência. 5 – Fase Genital: Precedida pelo período de latência, a organização genital propriamente dita se instala na puberdade, quando as pulsões parciais estão definitivamente integradas sob a primazia genital específica de cada sexo. É o estágio final do desenvolvimento libidinal instintual. Fixações e regressões podem estancar o desenvolvimento libidinal e interferir na primazia genital e no funcionamento genital adequado na vida adulta.
 A segunda tópica – uma revisão da estrutura do aparelho psíquico. A partir de 1920, Freud trabalhou com o que se chamou de segunda tópica, isto é, ele propõe uma revisão da estrutura do aparelho psíquico ou a também chamada segunda topografia da mente. Tal revisão inclui a estipulação de nova divisão do aparelho psíquico, que ficou assim estruturado: 1 – O Id (o novo nome do Inconsciente), regido pelo princípio do prazer; deseja e age, enquanto o Ego procura manter a coerência do todo. 2 – O Ego (Consciente), regido pelo princípio de realidade; este princípio bloqueia o poder do Id e procura mediar as necessidades complexas derivadas do padrão de desenvolvimento psicossexual do indivíduo. 3 – O Superego – Suas origens estão na internalização da culpa de ter matado o pai (complexo de Édipo); é uma versão internalizada dos limites externos. Tem a função, o poder e os métodos do agenciamento parental. Seu desenvolvimento acompanha a resolução do complexo de Édipo. Se este não é bem resolvido, o crescimento do Superego é interrompido. A criança recalca seu desejo e ódio pelos pais e monta o Superego como uma defesa. Ele é uma forma de medir o Ego, está sempre exigindo a sua perfeição. Exerce a função de auto-observação, da consciência e da manutenção de um ideal a ser atingido. Ele pune o indefeso, que “se culpa” pela perda do objeto perdido (pai, mãe, amante, etc). O indivíduo se sente ameaçado de ser punido por causa de uma transgressão moral.
 O complexo de Édipo. Segundo Freud, todo o desenvolvimento da sexualidade infantil, a sua busca de um objeto, está relacionada aos pais. O desejo secreto de relações sexuais com o progenitor do sexo oposto está na base de tudo. Há também um ódio equivalente ao progenitor que barra o caminho. É esta relação com os pais que torna o complexo de Édipo universal. Este nome (Édipo) está relacionado ao mito grego no qual Édipo mata o pai, casa-se com a mãe e soluciona enigmas. É na fase edipiana que as meninas se tornam futuras mulheres e os meninos, futuros homens. Freud encara o complexo de Édipo pela ótica do menino ativo, que deseja a mãe e tem medo de ser castrado pelo pai. A solução normal para esse complexo é o seu recalque por parte da criança, que entra no período de latência. A maneira como ele é resolvido e recalcado volta à tona na puberdade.
 Os mecanismos de defesa do Ego: Os acontecimentos do mundo externo ou interno quando são percebidos, podem ser algo muito constrangedor, doloroso, desorganizador. Com a finalidade de evitar esses desprazer, os indivíduos “deformam” ou suprimem a realidade. Para isto, deixam de registrar percepções externas, afastam determinados conteúdos psíquicos, interferem no pensamento. Desta forma, vários mecanismos são utilizados para realizar esta deformação da realidade. São os chamados mecanismos de defesa: Recalque – quando o indivíduo “não vê”, “não ouve” o que ocorre consigo. Nessacondição, existe a supressão de uma parte da realidade; O que não é percebido pelo indivíduo faz parte de um todo; ao ficar invisível, altera, deforma o sentido do todo. Um exemplo disso é quando entendemos uma proibição como permissão, porque não “ouvimos” o “não”. O recalque é o mais radical dos mecanismos de defesa. Formação reativa – é outro mecanismo de defesa que ocorre quando o ego procura afastar o desejo que vai em determinada direção e ocorre o desvio através de uma atitude do indivíduo, oposta a este desejo. É o caso, por exemplo, de uma atitude de superproteção de uma mãe em relação a um filho; essa atitude pode esconder um desejo agressivo intenso, para preservar o indivíduo de uma descoberta acerca de si mesmo, em relação a algo que lhe seria muito doloroso, isto é, uma agressividade intensa contra o filho. Regressão – quando o indivíduo retorna a etapas anteriores de seu desenvolvimento. Veja-se como exemplo quando a pessoa enfrenta situações difíceis com ponderação e, ao ver uma barata, grita, sobe na mesa. Na verdade, não é só a barata que ela vê na barata. Projeção – Quando um jovem, por exemplo, critica os colegas por serem extremamente competitivos e não se dá conta de que também o é, inclusive, até mais do que os colegas. Isto resulta de uma confluência de distorções do mundo externo e interno. É quando o indivíduo projeta algo de si no mundo externo e não percebe que aquilo é algo de si mesmo que ele considera indesejável. Racionalização – quando o indivíduo constrói uma argumentação intelectualmente convincente, capaz de justificar os estados “deformados” da consciência; nesse caso, o ego coloca a razão a serviço do irracional e, para tanto, utiliza o material fornecido pela cultura. Como exemplo, temos as justificativas ideológicas para os impulsos destrutivos que resultam na eclosão de uma guerra. Além destes mecanismos de defesa do ego, outros podem ser citados como: a identificação, o isolamento, a anulação retroativa. De alguma forma nós utilizamos esses mecanismos em nosso dia-a-dia, o que significa dizer que nós deformamos a realidade para nos defender de perigos internos e externos, reais ou imaginários. O uso desses mecanismos não é, em si, patológico, mas distorce a realidade.
 As pulsões. Mais do que instinto ou tendência, as pulsões, cuja etimologia é de origem germânica (trieb), estão relacionadas a movimento, movimento-mudança inerente aos vivos. A pulsão nos é apresentada como um conceito-limite entre anímico e somático, como representante psíquico dos estímulos provenientes do interior do corpo. O termo “Trieb”, de uso muito antigo, conserva sempre a nuança de impulsão (treiben=impelir). Mais de quarenta e cinco expressões foram forjadas por Freud, a partir de “trieb” para tornar claro o conceito de pulsão. Mais do que isso, ele qualifica as pulsões como: sexuais, do Eu, de autoconservação, de agressão, de dominação, de superioridade, de destruição, de vida, de morte, de saber, gregárias, sociais, sem contar a determinação das pulsões parciais, nem a teoria das pulsões, “Trieblehre”.
 Freud, sobre a formação do caráter. De acordo com Sophie de Mijolla-Mellor (Imago, 2005) em seu verbete inserido no Dicionário Internacional de Psicanálise, a noção de caráter “...designa o conjunto de maneiras habituais de sentir ou de reagir que distinguem um indivíduo de um outro.” A partir deste conceito e neste estudo, o objetivo aqui é ampliar o conhecimento a respeito da fundamentação teórica da formação do caráter na psicanálise em Freud, o criador e principal articulador da psicanálise. 
 Embora não encontremos na literatura freudiana uma “teoria de caráter” propriamente dita, é possível encontrar em várias de suas obras, principalmente nas reconhecidamente mais importantes, algumas aparições do termo “caráter” de maneira mais significativa. De maneira resumida a posição de Freud sobre a formação do caráter, destaca a libido como fundamental, pois nela é que este se sustenta. 
 A conclusão de Freud é, portanto, que as estruturas de caráter são o resultado da formação de reações e da sublimação e que o caráter se forma inconscientemente, derivado de esforços do Superego por dominar os impulsos do Id. Desta forma, o caráter se mostra como um mecanismo defensivo, como uma transformação da libido. Percebe-se aqui, que Freud seguiu claramente uma nítida orientação biológica.
A Psicanálise Moderna.
 São várias as linhas de pensamento e práticas psicanalíticas em nosso tempo. Existe todo tipo de terapia. A mudança mais marcante, seja a que está ligada ao surgimento da psicoterapia feminista, que questiona as velhas idéias de Freud sobre a inferioridade das mulheres. A Psicanálise, porém, tem exercido uma influência gigantesca sobre as ciências sociais, a teoria cultural, a política sexual e as nossas atitudes em relação ao comportamento e o desenvolvimento do indivíduo, embora persistam algumas divergências sobre questões como a existência do Inconsciente, a importância da infância, entre outras. Enquanto os ortodoxos dizem que o complexo de Édipo é universal, os culturalistas, como Erich Fromm, dizem que cada cultura produz uma estrutura psicológica específica.
 Quais seriam as causas para as divisões na Psicanálise? – Vale a pena dedicar pelo menos um parágrafo para responder a esta questão. Primeiramente porque a Psicanálise em si, pela sua complexidade e dificuldades de ser compreendida em termos individuais, apresenta uma certa tendência para criar controvérsias; também cada alteração na natureza e nos resultados da terapia parece lançar novas luzes sobre as explicações teóricas já conhecidas. quando alguém levanta uma discordância, a discussão racional dá lugar a agressões teóricas e formam-se novas escolas, como se fossem seitas religiosas. Desde o início, a dinâmica da liderança no movimento, sempre provocou desafetos e rebeldia. É importante reconhecer que sempre houve problemas causados pelos conflitos entre causas biológicas e sociais nunca resolvidos. O próprio Freud, com seu autoritarismo por manter o controle do movimento e a permanência de sua linha teórica, embora ele mesmo sempre mudasse de opinião, também contribuiu para que houvesse dissidências, rebeldias, algumas até de maneira drástica!

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