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APOSTILA 2 - DAS MODALIDADES DE OBRIGAÇÕES

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DAS MODALIDADES DE OBRIGAÇÕES 
 
As modalidades de obrigações são tratadas nos artigos 233 a 285 do 
Código Civil de 2002, no Título I, do Livro I, da Parte Especial. Abrange as 
obrigações de dar (Capítulo I); obrigações de fazer (Capítulo II); obrigações de 
não fazer (Capítulo III); Obrigações alternativas (Capítulo IV); Obrigações 
Divisíveis e Indivisíveis (Capítulo V) e as Obrigações Solidárias (Capítulo VI). 
Para fins didáticos, considera-se a classificação das obrigações da 
seguinte forma: 
 Quanto à natureza de seu objeto: dar, fazer e não fazer; 
 Quanto ao modo de execução ou de seus elementos: simples e composta 
(a composta divide-se em: cumulativa, alternativa e facultativa); 
 Quanto ao conteúdo: obrigação de meio e obrigação de resultado. Para 
ROSENVALD & FARIAS, 2010: 152, diz-se: quanto ao fim: obrigação de 
meio, de resultado e de garantia; 
 Quanto à exigibilidade: obrigações civis e obrigações naturais; 
 Quanto aos elementos adicionais ou acidentais: puras e simples, 
condicionais (art. 121, CC), a termo (art. 131, CC) e modais (onerosas ou 
com encargo) (art. 136, CC); 
 Quanto ao tempo do adimplemento ou momento em que devem ser 
cumpridas: obrigações de execução instantânea, de execução diferida e 
de execução continuada ou de trato sucessivo; 
 Quanto à liquidez do objeto: líquida e ilíquida; 
 Obrigações reciprocamente consideradas: principais e acessórias; 
 Obrigações com cláusula penal. 
 
A classificação das obrigações no Direito Civil brasileiro dispõe-se do 
seguinte modo: 
 
1 - Quanto ao objeto: 
Positivas: 
a) obrigações de dar (consiste em restituir e entregar). Podem ser de: dar coisa 
certa e dar coisa incerta. 
b) obrigação de fazer (prestação de serviços). 
 
Negativas: 
c) obrigação de não fazer. Ex. contrato com um vizinho de não fazer um muro 
alto. 
 
2 - Espécies de obrigações quanto aos seus elementos: 
 
a) Simples: composta de um credor (sujeito ativo), um devedor (sujeito passivo) 
e um único objeto. 
 
b) Compostas ou complexas, com multiplicidade de: 
Objetos: 
 Cumulativas ou conjuntivas (objetos ligados pela conjunção “e”): todos os 
objetos. 
Ex. a obrigação de entregar uma cela e um animal. 
 
 Alternativas (objetos ligados pela disjuntiva “ou”): apenas um dos objetos. 
Ex. A obrigação de entregar um veículo ou um animal; A pagará a dívida 
perante B, mediante a entrega de R$200.000,00 ou de um apartamento 
nesse valor. 
 
 Facultativas: com faculdade de substituição do objeto, conferida ao 
devedor, ou seja, consiste a obrigação facultativa na possibilidade 
conferida ao devedor de substituir o objeto inicialmente prestado por 
outro, de caráter subsidiário, mas já especificado na relação obrigacional. 
Ex. A convenciona o pagamento a B da quantia de R$ 3.500,00 em 
setembro, com a obrigação facultativa de transferir uma moto. 
Consequentemente, facilita-se o pagamento pelo devedor, passando ele 
a contar com uma opção a mais para exonerar-se da obrigação, sem para 
tanto depender da aquiescência do credor. 
 
Sujeitos: 
 Divisíveis. Nas obrigações divisíveis cada credor só tem direito à sua 
parte, podendo reclamá-la independentemente do outro. E cada devedor 
responde exclusivamente pela sua cota. Ex. José e Geraldo obrigaram-
se a entregar a João duas sacas de café, sendo que cada um deles 
deverá entregar uma das sacas de café para João. Assim, o referido 
credor somente pode exigir de um dos devedores a entrega de uma delas. 
Se quiser as duas, deve exigi-las dos dois devedores (CC, art. 257). 
 
 Indivisíveis. Nas obrigações indivisíveis, cada devedor só deve, também, 
a sua quota-parte. Mas, em razão da indivisibilidade física do objeto (um 
veículo ou um animal, por exemplo), a prestação deve ser cumprida por 
inteiro. Se dois são os credores, um só pode exigir a entrega do animal, 
mas somente por ser indivisível, devendo prestar contas ao outro credor 
(CC, art. 259 a 261). 
 
 Solidárias (mesmo que o objeto seja divisível cada um é responsável pelo 
todo. Só existe se expressa no contrato). Esta modalidade de obrigação 
independe da divisibilidade ou indivisibilidade do objeto da prestação, 
porque resulta da vontade das partes ou da lei. Pode ser também, ativa 
ou passiva. Se existirem vários devedores solidários passivos, cada um 
deles responde pela dívida inteira. Havendo cláusula contratual dispondo 
que a obrigação assumida por dois devedores, de entregar duas sacas de 
arroz, é solidária, o credor pode exigi-las de apenas um deles. O devedor 
que cumprir sozinho a prestação pode cobrar, regressivamente, a quota-
parte de cada um dos codevedores (CC, art. 283). 
 
3 - Quanto ao conteúdo: 
 
a) Obrigação de meio: 
O devedor promete empregar todos os meios ao seu alcance para a 
obtenção de determinado resultado, sem, no entanto, responsabilizar-se por ele. 
Em outros termos, é aquela que não objetiva diretamente um fim e, em 
havendo negligencia na realização, cabe indenização. 
Exemplos: serviços prestados por advogados, médicos etc. 
 
b) Obrigação de resultado: 
 O devedor dela se exonera somente quando o fim prometido é alcançado. 
É a obrigação que se propõe a um determinado fim e, não o alcançando, tem 
que indenizar. 
 Exemplos: obrigação do transportador (contrato de transporte); empresa 
de prestação de serviços de mudança que extravia ou danifica um bem; 
obrigação do médico cirurgião plástico, que realiza trabalho de natureza estética 
etc. 
 
4 - Quanto à exigibilidade ou quanto ao seu vínculo: 
 
a) Obrigações civis: 
 Obrigações civis são as que encontram respaldo no direito positivo (lei), 
podendo seu cumprimento ser exigido pelo credor, por meio de ação. 
 A obrigação onde há vínculo jurídico imediato (obrigação) e remoto 
(responsabilidade). Há exigibilidade jurídica (cumprimento forçado da 
obrigação). 
 Exemplos: Pensão alimentícia etc. 
 
b) Obrigações naturais: 
 São aquelas não exigíveis judicialmente. O credor não tem o direito de 
exigir a prestação, e o devedor não está obrigado a pagar. 
 É a obrigação desprovida de exigibilidade jurídica, ou seja, é uma 
obrigação sem responsabilidade não obstante exista um débito. 
 Exemplos: dívidas prescritas (art. 882, CC); dívidas de jogo (art. 814, CC) 
etc. 
5 - Quanto aos elementos adicionais ou acidentais: 
a) puras e simples: não sujeitas à condição, termo ou encargo. 
b) condicionais (art. 121, CC). São aquelas cujo efeito está subordinado a um 
evento futuro e incerto (CC, art. 121 a 130). 
c) a termo (art. 131, CC). Nas obrigações a termo, a eficácia está subordinada a 
um evento futuro e certo, a determinada data. O termo pode ser inicial (dies a 
quo) ou final (dies ad quem). 
d) modais, onerosas ou com encargo (art. 136, CC). Obrigações modais ou com 
encargo são as oneradas com algum gravame. O encargo ou modo, ao contrário 
da condição, 
não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo 
quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo 
disponente, como condição suspensiva (CC, art. 136). 
Exemplo: Em regra, é imposto nas doações ou em testamentos. Mas pode 
ocorrer também nas declarações unilaterais da vontade, tais como na promessa 
de recompensa, ou nos contratos onerosos, por ex., na compra e venda de um 
imóvel, com o ônus de franquear a passagem ou a utilização por terceiros. 
 
6 - Quanto ao momento em que devem ser cumpridas: 
a) Obrigações de execução instantânea: que se consumam imediatamente, num 
só ato. Ex.: compra e venda, com pagamento à vista. 
b) Obrigações de execução diferida: que se consumam num só ato, mas em 
momento futuro. Ex.: estabelecer uma data posterior para entrega do objeto 
alienado. 
c) Obrigações de execução continuada ou de trato sucessivo: que se cumprepor 
meio de atos reiterados. Ex.: prestação de serviços; na compra e venda a prazo 
ou em prestações periódicas etc. 
 
7 - Obrigações quanto à liquidez: 
a) Líquida: certa quanto à sua existência, e determinada quanto ao seu objeto. 
c) Ilíquida: a que depende de apuração de seu valor para ser exigida. 
 
8 - Obrigações reciprocamente consideradas: 
a) Principais: subsistem por si. 
b) Acessórias: dependem da existência da obrigação principal e lhe seguem o 
destino. 
9 - Obrigações com cláusula penal: são aquelas em que há a cominação de uma 
multa ou pena para o caso de inadimplemento ou de retardamento do 
cumprimento da avença. 
ESTUDO DAS MODALIDADES 
 
1. Obrigação de dar coisa certa (determinada) (obligatio dandi) 
 
 É a obrigação de entregar a coisa ou de restituir (em caso de empréstimo). 
 Base legal: arts. 233 a 242, do Código Civil de 2002. 
 
Conceito: 
É aquela em que o seu objeto é determinado, individualizado no ato do 
negócio jurídico, isto é, no momento em que a obrigação é contraída. 
É a obrigação em que o devedor se obriga a dar coisa individualizada, que 
se distingue por características próprias, seja bem móvel ou imóvel. Confere ao 
credor simples direito pessoal. 
Em outros termos, a obrigação de dar coisa certa é aquela em virtude da 
qual o devedor fica constrangido a promover, em benefício do credor, a tradição 
da coisa (móvel ou imóvel), com o fim de outorgar um novo direito (compra e 
venda), ou com o de restituir devidamente a coisa ao seu dono (empréstimo). 
Tal obrigação abrange os acessórios da coisa, salvo convenção em 
contrário (art. 233, CC/2002). 
A prestação consiste na entrega ou restituição de uma coisa determinada 
que, até a tradição, pertence ao devedor (art. 237, CC). 
 
Subdivisões: 
 entregar = a coisa será entregue pela primeira vez ao credor; 
 restituir = o devedor devolve ao credor a coisa que dele recebera. 
 
Princípio da Identidade: 
 
 O credor não é obrigado a aceitar coisa diversa da que lhe é devida, ainda 
que mais valiosa, nem é o devedor obrigado a dar coisa diferente da ajustada. 
Como depreende da leitura do art. 313, do Código Civil, e da sua interpretação 
a contrario sensu: “O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que 
lhe é devida, ainda que mais valiosa”. 
 
1.1. Transferência do domínio 
 
É a denominada tradição ou entrega da coisa, sendo que, antes da 
entrega a coisa pertence ao devedor, conforme determina o art. 237, do Código 
Civil, in verbis: 
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com 
os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá 
exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o 
devedor resolver a obrigação. 
 
Desta forma, cumpre-se a obrigação de dar coisa certa mediante entrega 
(por ex. no contrato de compra e venda) ou restituição (por ex. no comodato). 
Esses dois atos podem ser representados com o termo tradição. 
Conforme já assinalamos, enquanto esta não ocorrer, a coisa continuará 
pertencendo ao devedor, “com os seus melhoramentos e acrescidos” (art. 237, 
CC). 
 
a) Bens móveis: 
 A simples entrega encerra a obrigação. Conforme determina o art. 1.267, 
do Código Civil: 
 
Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos 
negócios jurídicos antes da tradição. 
Parágrafo único: Subentende-se a tradição quando o 
transmitente continua a possuir pelo constituto 
possessório; quando cede ao adquirente o direito à 
restituição da coisa, que se encontra em poder de terceiro; 
ou quando o adquirente já está na posse da coisa, por 
ocasião do negócio jurídico. 
 
b) Bens imóveis: 
 
 A tradição é solene. Tem que haver registro formal. Vide art. 108 e art. 
1.245, do Código Civil: 
 
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade 
mediante o registro do título translativo no Registro de 
Imóveis. 
§ 1º Enquanto não se registrar o título translativo, o 
alienante continua a ser havido como dono do Imóvel. 
§ 2º Enquanto não se promover, por meio de ação própria, 
a decretação de invalidade do registro, e o respectivo 
cancelamento, o adquirente continua a ser havido como 
dono do imóvel. 
 
1.2. Perecimento e deterioração do objeto 
Consequências da perda ou deterioração da coisa. Previsão legal nos 
arts. 234 a 236, do Código Civil. 
 Tradição. 
 Sem culpa: para o devido, mas não perdas e danos. 
 Com culpa: paga o equivalente à obrigação mais perdas e danos. 
 Antes da tradição: os riscos são de quem vende. 
 Após a tradição: os riscos são do comprador. 
 O ônus da prova incumbe a quem alega o fato. 
 Inversão do ônus da prova. 
 
a) Perecimento da coisa antes da tradição (perda total): 
 Sem culpa do devedor  resolve-se a obrigação, com restituição do preço 
e correção monetária. Quando não há culpa, perde o dono (res perit 
domino). Ver art. 234, 1ª parte na obrigação de dar; e art. 238, na 
obrigação de restituir, ambos do Código Civil. 
 Com culpa do devedor  perdas e danos. Ver: art. 234, 2ª parte na 
obrigação de dar; e art. 239, na obrigação de restituir, ambos do Código 
Civil. 
 
b) Deterioração da coisa antes da tradição (perda parcial): 
 Sem culpa do devedor  resolve-se a obrigação, com restituição do preço 
e correção monetária ou abatimento proporcional do preço. 
 Com culpa do devedor  perdas e danos; recebimento da coisa no estado 
em que se encontra; abatimento proporcional no preço. 
 
1.3. Acessórios do objeto 
 Trata-se dos melhoramentos e acréscimos. Com relação aos acessórios: 
a) Na obrigação de dar, ou seja, de entregar: 
 Pertencem ao devedor  benfeitorias e os frutos percebidos. 
 Pertencem ao credor  os frutos pendentes. Ver art. 237, CC/2002. 
b) Na obrigação de restituir. Neste caso, se o devedor tiver gastos, será 
restituído. Se não, o credor fica com a vantagem. Ver arts. 241 e 242, do 
CC/2002. 
 Pertencem ao credor os que não tiverem sobrevindo a coisa por despesa 
ou trabalho do devedor. 
 Situação do devedor de boa fé: 
 Benfeitorias necessárias e úteis  direito à indenização e direito de 
retenção. 
 Benfeitorias voluptuárias  se autorizadas, geram direito à indenização. 
Se não, podem ser retiradas. 
 Faz jus aos frutos percebidos, devendo os colhidos por antecipação e os 
pendentes ser entregues ao credor. 
 Situação do devedor de má fé: 
 Benfeitorias necessárias direito à indenização. 
 Benfeitorias úteis e voluptuárias  nenhum direito. 
 Frutos  deve ressarcir os percebidos e os que, por culpa sua, deixou de 
perceber. 
 
2. Obrigação de dar coisa incerta (determinável) 
A coisa tem que ser determinável e deverá ser indicado pelo menos o 
gênero e a quantidade. A previsão legal encontra-se nos arts. 243 a 246, do 
CC/2002. 
A prestação consiste em entregar um bem determinado pelo gênero, 
qualidade e quantidade, mas que não foi individuado. 
O direito de escolha cabe ao devedor, mas pode constar no contrato outra 
modalidade. O devedor não pode alegar perda antes da escolha. 
 
Escolha: 
 Utiliza-se também o termo concentração como sinônimo de escolha. 
 Individualização da coisa. Transforma a obrigação de dar coisa incerta em 
obrigação de dar coisa certa. No ato da escolha a coisa tem que se tornar 
certa, isto é, determinada. 
 Na falta de ajuste, caberá ao devedor, que não poderá entregar coisa pior, 
mas não será obrigado a dar coisa melhor. 
 
Execução judicial: 
 De obrigação de dar constante em título executivo extrajudicial: 
A) coisa certa (arts. 621 a 628, do CPC); Procedimentos: 
1) citação para entregar ou depositar em 10 dias; 
2) possibilidade de fixação de multa, pelo juiz, por dia de atraso; 
3) embargos à execução, no prazo de 10 dias, a contar do depósito; 
Observação: parte da doutrinae da jurisprudência, com base na leitura do art. 
738 do CPC, entende que o prazo é de 15 dias. 
4) se não entregar, nem depositar  imissão ou busca e apreensão; 
5) o credor tem direito ao recebimento do valor da coisa, além de perdas e danos, 
se a coisa não lhe for entregue. 
B) coisa certa (arts. 629 a 631, do CPC): Procede-se à escolha, que poderá ser 
impugnada no prazo de 48 horas. Após, a execução passa a ser para entrega 
de coisa certa. 
 
 Da obrigação de dar constante em título executivo judicial: 
A) não haverá execução, mas efetivação no próprio processo de conhecimento 
(arts. 461-A c/c 461, do CPC); 
 
B) concessão de tutela especifica e fixação de prazo para cumprimento da 
obrigação. 
3. Obrigações de fazer (obligatio faciendi) 
 
3.1. Conceito, objeto e base legal: 
 
As obrigações de fazer estão previstas nos arts. 247 a 249, do CC/2002. 
 Donizette & Quintella, afirmam que as obrigações de fazer “são aquelas 
obrigações cuja prestação se consubstancia em um fazer a ser realizado pelo 
devedor” (2012: 295). 
 Em outros termos, é o compromisso do devedor junto ao credor de prestar 
ato ou fato seu ou de terceiro (contratos de prestação de serviço). 
 A conduta objeto da obrigação de fazer pode ser a prestação de serviços 
ou a prática de ato ou negócio jurídico. 
 Prestação de serviço: o sujeito passivo obriga-se a disponibilizar uma 
utilidade ou comodidade ao ativo. 
Exemplos: 
a) as obrigações assumidas pelos profissionais liberais, tais como, 
advogado, médico, dentista, arquiteto, engenheiro etc. 
b) pelas empresas prestadoras de serviço, por exemplo, hospital, 
seguradoras, bancos, hotel, empresários do entretenimento etc. 
c) por alguns trabalhadores autônomos: empreiteiro, pintor, eletricista, 
encanador, técnico em eletrodomésticos etc. 
 
 Nas obrigações de fazer mediante a prática de ato ou negócio 
jurídico, a conduta a que se obriga o sujeito é, em geral, concentrada, 
exaure-se numa ação somente e produz resultado imediato. 
Exemplos: 
a) o ato de declarar uma vontade, como no caso do acionista que se 
compromete a votar numa determinada pessoa para presidente da 
companhia; 
b) o comparecer a um local e agir duma certa maneira, no caso do cantor 
que se obriga a realizar um espetáculo; 
c) e o executar de uma obra única, tais como, o pintor que se obriga a retratar 
o contratante. 
 
3.2. Diferenças entre as obrigações de dar e de fazer 
 
 As obrigações de fazer diferem das obrigações de dar, porquanto a 
prestação é um fato comissivo qualquer diverso de entrega ou atividade, e o 
objeto desse fato é a própria atividade. 
Nas obrigações de fazer interessa ao credor a própria atividade do 
devedor. Neste caso, o objeto da prestação caracteriza-se por um 
comportamento do sujeito passivo, e não por uma coisa. 
 Observe-se que as obrigações de fazer também se diferenciam das 
obrigações não negociais. São obrigações não negociais, por exemplo, a 
responsabilidade civil, prestação de alimentos, obrigações tributárias etc. 
 Quanto à caracterização da obrigação de fazer, a ênfase repousa sobre a 
conduta do sujeito passivo, enquanto a obrigação de dar recai sobre a própria 
coisa. 
 Há obrigações cuja caracterização é sempre difícil de ser definida, se são 
obrigações de fazer ou de dar, por exemplo: 
a) as atividades do estacionamento; 
b) do transportador de carga; 
c) do vendedor. Define a lei que ele é obrigado a transferir o domínio da 
coisa vendida ao comprador (CC, art. 481). Esta obrigação pode ser 
descrita tanto pelo ângulo das obrigações de dar como pelo das de fazer. 
Veja-se o que diz Fábio Ulhoa Coelho: 
Quando a coisa objeto de compra e venda é um imóvel, a 
transferência do domínio se faz, em regra, mediante a 
outorga de escritura pública, que é o título hábil ao registro 
da alteração da propriedade no Cartório de Imóveis. Esta 
outorga é uma declaração de vontade do vendedor 
expressa perante o Tabelião. Ir ao cartório e assinar a 
escritura são ações do sujeito passivo e podem, por isso, 
ser referidas como obrigação da fazer. Por outro lado, é por 
essas ações que o vendedor dá ao comprador a coisa 
objeto do contrato. Mesmo se o objeto da compra e venda 
é bem móvel, a ação do vendedor de entregá-la ao 
comprador pode ser descrita tanto como uma obrigação de 
fazer como de dar (2012, p. 75). 
 Ressalta Coelho (2012, p. 77), que algumas obrigações de fazer são 
interdependentes com algumas de dar, por exemplo, na cirurgia de implantação 
de marca-passo, não há como dissociar uma obrigação da outra. 
 
 
3.3. Espécies de obrigações de fazer 
 
As obrigações de fazer se subdividem em dois tipos de prestações, quais 
sejam: 
 
a) Obrigações de fazer personalíssimas, infungíveis ou “intuitu personae” 
 
Ocorre nos contratos intuitu personae. Não pode ser realizada senão pelo 
devedor. São as obrigações de fazer que apenas o devedor está em condições 
de prestar. Pode-se dizer que é o fazer espiritual, que leva em conta as aptidões 
do devedor e retrata, portanto, imaterialidade. Neste caso, o sujeito passivo é 
insubstituível. 
 
b) Obrigações de fazer material, fungível ou impessoal 
 
É realizada nos contratos em que é possível a execução por pessoa 
diversa da do devedor. 
 Significa o fazer físico, que pode ser materializado. É o fazer alguma coisa 
que pode ser feito por outra pessoa diversa da do próprio devedor. 
 Em outros termos, é aquela em que a prestação pode ser cumprida por 
terceiro, uma vez que a sua execução não depende de qualidades pessoais do 
devedor. 
Tais obrigações divergem, portanto, das personalíssimas, que exigem 
para o seu cumprimento que sejam realizadas pelo próprio devedor, pois a sua 
execução depende de qualidades próprias do devedor. 
 
c) Consistente em emitir declaração de vontade (pacto de contrahendo), como, 
p. ex., endossar certificado de propriedade do veículo alienado (CPC, art. 466-
B). 
 
 
3.4. Inadimplemento das obrigações da fazer 
 
 A não realização de uma obrigação de fazer pelo devedor, que se torna, 
portanto inadimplente, importará nas seguintes hipóteses: 
 
a) Devido à impossibilidade da prestação, isto é, por impossibilidade 
superveniente: 
 
 Sem culpa do devedor – resolve-se a obrigação e restitui-se o preço (art. 
248, 1ª parte, CC/2002). 
 Com culpa do devedor – restituição do preço e responde este por perdas 
e danos (art. 248, 2ª parte, CC/2002). 
 
b) Devido à recusa do devedor, isto é, recusa de cumprimento da obrigação: 
 
 Na obrigação de fazer personalíssima, ou infungível: 
Não sendo possível a execução judicial do débito, a obrigação se resolve 
em perdas e danos. 
 A previsão legal para estes casos está definida nos arts. 247 e 248, do 
CC/2002. 
 
 Na obrigação de fazer material, ou fungível: 
 Será livre ao credor mandar executar o fato (prestação) por terceiro, à 
custa do devedor, sendo, ainda, cabível a indenização pelos prejuízos (art. 249, 
CC/2002). 
 
Observação: 
 
Sobre a execução da obrigação de fazer, ver arts. 632 e segs., do CPC. 
 
 
 
 
4. Obrigação de não fazer (obligatio non faciendi) (arts. 250 e 251, CC/2002) 
 
4.1. Conceito 
 
Donizetti & Quintella, prelecionam que as obrigações de não fazer “são 
aquelas obrigações cuja prestação se consubstancia em um fato omissivo do 
devedor, ou seja, uma abstenção. São sempre contínuas” (2012, p. 296). 
Sendo negativa, não passa de uma abstenção. Trata-se de obrigação 
que impõe ao devedor um dever de abstenção, isto é, o de não praticar o ato 
que poderia livremente fazer, se não se houvesse obrigado. 
 Aquele que se obriga, por ato de vontade, a não fazer, deve omitir-se 
nesse sentido, sob pena de inadimplemento obrigacional.4.2. Inadimplemento da obrigação de não fazer: 
 
a) Com culpa do devedor: Art. 251, parágrafo único, CC. Desfazimento do ato às 
custas do devedor e pagamento de perdas e danos. 
 
b) Ante a impossibilidade de abstenção. Sem culpa do devedor, ou seja, por 
impossibilidade superveniente, volta ao status quo anterior. Resolução da 
obrigação (art. 250, CC). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5. Obrigações alternativas (arts. 252 a 256, CC/2002) 
 
 As obrigações alternativas são também denominadas obrigações 
compostas, complexas ou com multiplicidade de objetos. 
Trata-se de obrigações compostas devido à multiplicidade de objetos. Isto 
significa que nestas obrigações o conteúdo é formado por duas ou mais 
prestações, das quais uma somente será escolhida para pagamento ao credor e 
liberação do devedor. 
 
5.1. Conceito 
 
 Pablo Estolze Gagliano define que “as obrigações alternativas ou 
disjuntivas são aquelas que têm por objeto duas ou mais prestações, sendo que 
o devedor se exonera cumprindo apenas uma delas” (2012: 120). 
 As obrigações alternativas se caracterizam pela multiplicidade de objetos. 
Há, neste caso, o direito de escolha, que é indivisível e irrevogável. 
 O “ou”, referente à escolha de uma prestação ou outra para a execução, 
é que caracteriza as obrigações alternativas. 
 Dizem Farias & Rosenvald, que “enfim, o devedor exonera-se do débito, 
quando oferece umas das prestações” (2012: 237). 
As obrigações alternativas podem ser negociais ou não negociais: 
a) Negociais: são originadas da vontade das partes, comumente ocorre nos 
contratos. Exemplo: A pagará a dívida perante B, mediante a entrega de 
R$ 180.000,00 ou de um terreno nesse valor. 
b) Não negociais: quando decorrem exclusivamente da lei. Exemplos: art. 
402, do CC (o comprador de coisa viciada pode exigir a rescisão do 
contrato comutativo ou o abatimento proporcional do preço); art. 1.273, do 
CC (o dono de coisa fraudulentamente misturada à de outros tem o direito 
de adquirir a propriedade do todo, pagando pelo que não era seu com 
desconto da indenização, ou renunciar ao que lhe pertence mediante 
completa indenização); art. 1.701, do CC (a pessoa obrigada a prestar 
alimentos pode optar entre pagar a pensão mensal ou hospedar e 
sustentar o alimentando) etc. 
 
5.2. Direito de escolha 
 
 O direito de escolha, ou também denominado concentração, segundo 
Coelho, “é o processo de determinação da prestação a ser entregue ao sujeito 
ativo na execução da obrigação” (2012: 88). 
 É irrevogável e indivisível e, conforme previsão do Código Civil cabe: 
a) ao devedor: como regra geral, “se outra coisa não se estipulou”, ou seja, 
se de outra forma não estiver estipulado no contrato (art. 252, CC); 
b) ao credor, ao terceiro (art. 252, in fini, CC), isto é, de comum acordo; 
c) ao juiz: se não houver acordo entre as partes (art. 252, § 4º, CC). 
 
5.3. Decadência do direito de escolha 
 Se ocorrer a decadência perde o devedor o direito de escolha, ou seja, se 
por alguma razão, o titular não o exercer a opção passará ao credor, conforme 
previsão do art. 571, do CPC. 
5.4. Impossibilidade de cumprimento das obrigações alternativas 
 
 A obrigação alternativa é complexa por se referir a duas ou mais 
prestações não cumulativas. 
 Para a sua execução, é necessário afastar a complexidade, transformá-la 
numa obrigação objetivamente simples. 
Isto decorrerá da escolha feita por um sujeito de direito (concentração) ou 
da impossibilidade ou inexequibilidade de todas menos uma das prestações 
alternativas (imprevisibilidade). 
A impossibilidade ou imprestabilidade pode ser material ou jurídica. 
 
5.4.1. Impossibilidade Parcial (de uma das prestações alternativas): 
 
a) sem culpa do devedor – concentração do débito na prestação subsistente 
(art. 253 do CC); 
b) com culpa do devedor – se a escolha cabe ao próprio devedor: 
concentração do débito na prestação subsistente (art. 253 do CC); 
 – se a escolha cabe ao próprio credor: poderá 
exigir a prestação remanescente ou valor da que se impossibilitou, mais as 
perdas e danos (art. 255, primeira parte, do CC). 
 
5.4.2. Impossibilidade Total (de todas as prestações alternativas): 
 
a) sem culpa do devedor – extingue-se a obrigação (art. 256 do CC); 
b) com culpa do devedor – se a escolha cabe ao próprio devedor: deverá 
pagar o valor da prestação que se impossibilitou por último, mais as 
perdas e danos (art. 254, CC); 
 – se a escolha cabe ao credor: poderá exigir o 
valor de qualquer das prestações, mais perdas e danos (art. 255, segunda parte, 
CC). 
 
 Observam Rosenvald & Farias, “que se desde o tempo da concentração 
houver impossibilidade material ou jurídica de uma das prestações, a 
alternatividade das obrigações é meramente aparente, não se aplicando as 
normas em comento. Trata-se certamente de caso de nulidade do negócio 
jurídico a teor do art. 166, II, do Código Civil” (2012: 241). 
 
 
6. Obrigações divisíveis e indivisíveis (arts. 257 a 263, CC/2002) 
 
6.1. Conceito 
 
Obrigações divisíveis são aquelas cujo objeto pode ser dividido entre os 
sujeitos, ou seja, as que admitem o cumprimento fracionado ou parcial da 
prestação. 
 As indivisíveis são as obrigações que só podem ser cumpridas por inteiro 
(art. 258, CC). 
 Exemplo: A e B devem a C 20 sacos de café. Cada um pode pagar dez. 
Porém, se A e B devem a C um caminhão, então é coisa indivisível. 
 As causas de indivisibilidade de acordo com o art. 258, do Código Civil, 
são: 
i) natureza da prestação; 
ii) motivo de ordem econômica; 
iii) razão determinante do negócio. 
 
 Vale lembrar que o art. 88 do Código Civil estabelece que a 
indivisibilidade, quanto aos bens, decorre: 
i) da natureza das coisas (material) – quando decorre da própria natureza da 
prestação. Exemplo: a entrega de um animal reprodutor; 
ii) de determinação legal (jurídica) – quando decorre de norma legal. Exemplo: 
a pequena propriedade agrícola (Módulo rural); as servidões prediais, nos 
termos dos art. 1.386, do CC; 
iii) por vontade das partes (convencional) – quando estipulado em contrato. 
 
6.2. Divisibilidade e indivisibilidade nas obrigações de dar, fazer e não 
fazer: 
 
 A obrigação de dar e fazer, dependendo da possibilidade de 
fracionamento do objeto de sua prestação, tanto pode ser divisível quanto 
indivisível. 
 A obrigação de não fazer, em princípio, é indivisível, pois não tem como 
dividir uma abstenção. Mesmo que tal abstenção seja parcial, implicará 
em descumprimento obrigacional. 
 
6.3. Efeitos da divisibilidade e da indivisibilidade 
 
 Divisibilidade: 
 
a) Um credor e um devedor: Mesmo o objeto sendo divisível, quando há 
apenas um credor e um devedor a obrigação é indivisível (art. 314, CC). 
 
b) Pluralidade de devedores ou credores: Divide-se a obrigação por 
partes. “Concursu partes fiunt” (As partes se satisfazem pelo rateio) (art. 
257, CC). 
 
Há presunção, no caso da obrigação divisível, de que está repartida em 
tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores. 
 
 
 Indivisibilidade: 
 
a) Pluralidade de devedores (concurso passivo): Cada um é obrigado 
pela dívida toda e aquele que paga fica com o direito de cobrar dos demais 
(art. 259, CC). 
 
b) Pluralidade de credores (concurso ativo): Cada credor pode exigir a 
dívida por inteiro, mas o devedor se desobrigará do total, ou pagando a 
todos ou a um dos credores, que dará caução de ratificação (quitação de 
um com o reconhecimento dos direitos dos demais, registrada no Cartório 
de Notas). Art. 260, do Código Civilde 2002: 
 
Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um 
destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores 
se desobrigarão, pagando: 
I – a todos conjuntamente; 
II – a um, dando este caução de ratificação dos outros 
credores. 
 
6.4. Remissão da dívida por um dos credores 
 
 Se um dos credores perdoar sua parte na dívida, continua valendo para 
os demais credores, descontando o valor daquele que perdoou. Se o bem não 
for divisível, os demais credores pagarão a diferença da cota daquele que 
perdoou. Se não tiver como, vende o bem e resolve a obrigação (art. 262, CC). 
 
6.5. Perecimento da obrigação por culpa do devedor 
 
 Em caso de culpa do devedor, resolve-se a obrigação mais perdas e 
danos. Pagam-se as perdas e danos apenas o culpado, ou divide-se entre os 
culpados. 
 Por isso, perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em 
perdas e danos, em caso de perecimento com culpa do devedor (art. 263, CC). 
 
 
 
 7. Obrigações solidárias (arts. 264 a 285, do CC/2002) 
 
7.1 . Conceito 
 O conceito de obrigação solidária está explicitado no art. 264 do Código 
Civil e afirma que existe solidariedade quando na mesma relação jurídica 
obrigacional, concorre mais de um credor (solidariedade ativa), ou mais de 
devedor (solidariedade passiva), sendo cada um, com direito, ou obrigado, à 
dívida toda. 
 Desta forma, a obrigação é solidária quando há vários devedores e cada 
um responde pela dívida inteira, como se fosse o único devedor. 
 Se a pluralidade for de credores, pela exegese do art. 264, CC, pode 
qualquer deles exigir a prestação integral, como se fosse o único credor. 
Lembre-se: 
 A solidariedade não se presume. Pode a obrigação solidária resultar da 
lei ou da vontade das partes (contrato) (art. 265, CC/2002). 
 Na solidariedade de relação jurídica obrigacional, seja ela prevista no 
contrato ou em lei, excepciona-se o princípio da divisibilidade das obrigações 
estipulado pelo art. 257, do Código Civil de 2002. 
Exemplos de obrigações solidárias previstas em lei: 
1. Solidariedade entre representante e representado (art. 149, CC/2002); 
2. Cedente e cessionário (art. 1.146, CC/2002); 
3. Entre mandantes (art. 680, CC/2002); 
4. Fiadores (art. 829, CC/2002); 
5. Gestores (art. 867, parágrafo único, CC/2002); 
6. Autores da ofensa (art. 942, CC/2002); 
7. Sócios (arts. 990, 993, 1.039, 1.045 seg., CC/2002); 
8. Administradores de sociedade (arts. 1.009, 1.012, 1.016 seg., CC/2002); 
9. Cônjuges (art. 1.644, CC/2002); 
10. Testamenteiros (art. 1.986, CC/2002) etc. 
 
7.2. Características das obrigações solidárias 
a) Pluralidade de credores, de devedores ou de uns e de outros; 
b) Integralidade da prestação; 
c) Corresponsabilidade dos interessados. 
 
7.3. Espécies de obrigações solidárias 
a) Obrigação solidária ativa: se existe mais de um credor; 
b) Obrigação solidária passiva, quando há pluralidade de devedores. 
 
7.4. Diferenças entre solidariedade e indivisibilidade 
a) Na obrigação solidária, a indivisibilidade do objeto é condição se sua 
própria existência, seja ou não, naturalmente divisível esse objeto. 
Na obrigação indivisível (indivisibilidade) a coisa não pode ser dividida, ou 
porque apresenta natureza insusceptível de divisão, ou porque a vontade 
das partes a torna indivisível, ou porque a lei cria a indivisibilidade em face 
do objeto. 
b) Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e 
danos (art. 263, CC). 
Na solidariedade, isto não ocorre, pois cada devedor continuará 
responsável pelo pagamento integral do equivalente em dinheiro do objeto 
perecido. Vale dizer, na obrigação solidária, convertendo-se a obrigação 
em perdas e danos, subsiste a solidariedade continuando indivisível o 
objeto (arts. 271 e 279, CC/2002). 
c) A solidariedade origina-se de uma relação jurídica subjetiva, com base na 
nas pessoas, nos sujeitos dessa mesma relação – credores e devedores. 
 
A indivisibilidade surge de uma relação objetiva, relacionando-se com a 
unidade do objeto, que integra a prestação. 
 
7.5. Solidariedade ativa 
Conceito: Solidariedade ativa é a relação jurídica por meio da qual 
concorrem dois ou mais credores, podendo qualquer deles receber 
integralmente a prestação devida (art. 267, CC/2002). 
 Preleciona Fábio Ulhoa Coelho, que nesta espécie de solidariedade “o 
polo credor da relação obrigacional é ocupado por vários sujeitos, sendo que 
cada um deles ‘tem o direito de exigir do devedor o cumprimento da obrigação 
por inteiro’” (CC, art. 267) (2012: 105). 
 
Efeitos: 
a) O devedor libera-se pagando a qualquer dos credores, que, por sua vez, 
pagará aos demais a quota de cada um. 
b) Enquanto algum dos credores solidários não demandar o devedor comum, a 
qualquer deles poderá este pagar (art. 268, CC). Cessa esse direito, porém, se 
um deles já ingressou em juízo com ação de cobrança, pois só a ele o pagamento 
pode ser efetuado. 
c) O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o 
montante do que foi pago (art. 269, CC). 
d) Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os 
efeitos, a solidariedade (art. 271, CC). 
e) O credor que tiver remitido a dívida, ou recebido o pagamento, responderá 
aos outros pela parte que lhes caiba (art. 272, CC), podendo ser convencido em 
ação regressiva por estes movida. 
 
7.6. Solidariedade passiva 
Conceito: A solidariedade passiva ocorre quando há dois ou mais 
devedores, na mesma relação jurídica, cada um com dever de prestar a dívida 
toda, ou seja, todo o objeto da prestação. 
Os devedores são solidários. Dois ou mais devedores são obrigados pela 
inteira prestação, isto é, por toda a dívida, ainda que seja ela divisível. 
 O art. 275, do Código Civil, estabelece que, na solidariedade passiva, o 
credor tem o direito de exigir e receber de um, de alguns ou de todos os 
devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum. 
 A solidariedade passiva não se presume, ela tem que estar expressa, ou 
pela vontade das partes ou pela lei (art. 275, CC). 
Efeitos: 
a) Alteração posterior de contrato – Qualquer alteração posterior do contrato, 
estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, que venha a agravar a 
situação dos demais, só terá validade se for efetivada com a concordância 
destes (art. 278, CC). 
b) Impossibilidade da prestação – no caso de a prestação se tornar impossível 
por culpa de um dos devedores solidários, o credor terá direito ao equivalente 
mais perdas e danos, como em qualquer obrigação. Pelo equivalente, 
responderão todos os devedores solidários, mas pelas perdas e danos, apenas 
o devedor culpado pela perda da prestação (art. 279, CC). Se for sem culpa 
resolve-se a obrigação. 
Exemplo: Sebastião e Maria Helena venderam a Geraldo o último frasco de 
sêmen disponível de um famoso touro reprodutor já falecido e obrigaram-se 
solidariamente pela entrega. O preço foi totalmente pago de forma antecipada. 
Porém, a coisa se perdeu antes da execução da obrigação por culpa exclusiva 
de Sebastião. Neste caso, Geraldo poderá cobrar o valor da prestação perdida 
(valor pago pelo sêmen) de qualquer um dos devedores solidários, mas só 
poderá cobrar a indenização de Sebastião. Ainda, vale lembrar, que se 
Sebastião pagar a Geraldo, poderá, em regresso, cobrar a metade do valor da 
prestação de Maria Helena, mas nada do que tiver pago a título de perdas e 
danos. 
Observação: se a prestação não restou impossível, mas houve mora na entrega 
ao credor, todos são responsáveis pela prestação, mas somente o responsável 
pelo atraso responde pelos juros de mora (art. 280, CC). 
c) Falecimento de um dos devedores solidários – o espólio é responsável 
pela parte do devedor falecido, sendo que a obrigação passa a ser divisívelpelos 
herdeiros (credores do espólio) (art. 276, CC). 
d) Defesas do devedor solidário – em caso de demanda (ação judicial), o 
devedor só pode utilizar para se defender matéria relativa a ele ou a todos, não 
podendo utilizar-se de defesa de outro (art. 281, CC). 
e) Extinção da solidariedade pela renúncia – É permitido ao credor, sem abrir 
mão de seu crédito, “renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de 
todos os devedores” (art. 282, CC). 
f) Quota do insolvente – O devedor que satisfaz a dívida por inteiro tem direito 
a exigir de cada um dos codevedores a sua quota, dividindo-se igualmente por 
todos a do insolvente, se houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de 
todos os codevedores (art. 283, CC). Vide art. 284, CC. 
Em outros termos, o devedor que cumpre (voluntária ou forçadamente) a 
obrigação tem direito de cobrar, em regresso, dos demais devedores solidários. 
Exemplo: Se A, B e C são devedores solidários de R$ 300,00 a D, aquele que 
pagar o credor pode regressivamente cobrar R$ 100,00 de cada um dos outros 
(codevedores). 
Desta forma, perante o credor os devedores respondem sempre pela totalidade 
da dívida, em razão da solidariedade, mas, entre eles, dá-se o rateio (relação 
interna da solidariedade). 
g) Dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores – Se a 
dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, ou seja, ao 
emitente de nota promissória, por ex., responderá este por toda ela para com 
aquele que pagar (art. 285, CC). Em outros termos, quando a dívida solidária 
interessa exclusivamente a um dos devedores, não se procede ao rateio 
proporcional na relação interna da solidariedade. Sobre isto, preleciona Coelho, 
no exemplo a seguir, in verbis: 
Neste caso, o devedor solidário a quem interessa, com 
exclusividade, a dívida responde pela integralidade de seu 
valor (CC, art. 285). É o caso, entre outros, da fiança nos 
contratos de locação de imóvel. Na maioria das vezes, 
prevê o instrumento contratual que o fiador é devedor 
solidário com o afiançado (locatário) pelo pagamento dos 
aluguéis. Neste caso, porém, a dívida é do interesse 
exclusivo de quem alugou o imóvel. O fiador, uma vez 
pagando o locador, tem direito de regresso contra o 
afiançado pelo valor total dos aluguéis que tiver pago, e 
não apenas pela quota-parte proporcional. Por sua vez, o 
afiançado não pode reclamar do fiador, em regresso, a 
metade do que tiver pago ao locador, devendo suportar a 
obrigação inteira (2012: 105). 
A fiança é diferente da solidariedade, pois é contrato acessório (vide arts. 818 a 
839, CC).

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