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AULA – 02 - PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO Princípios são proposições básicas, fundamentais e típicas que condicionam todas as estruturações subsequentes. São fundamentos básicos de um sistema de conhecimento. Para o Direito, princípios são fundamentos básicos que informam e orientam as normas jurídicas e seus agentes. Podem estar escritos em normas (positivados) ou podem decorrer de estudos doutrinários ou jurisprudenciais. A importância do estudo dos princípios de uma matéria se dá para real compreensão da lógica de uma disciplina. Quem não entende os princípios do direito do trabalho, passa o tempo pensando que o direito do trabalho é apenas uma grande injustiça ao empregador, pois não entendeu sua lógica protetiva. Os princípios têm várias funções: informadora, normativa e interpretativa. A função informadora serve de inspiração ao legislador e de fundamentação para criação de normas jurídicas trabalhistas. Informam aos legisladores nos momentos de criação ou alteração da norma. A função normativa atua como fonte supletiva ou subsidiária, nas lacunas ou omissões da lei. No artigo 8ª da CLT dispõe que na falta de disposições legais ou contratuais o intérprete pode se socorrer aos princípios de Direito do Trabalho, mostrando que esses princípios são fontes supletivas da matéria. A função interpretativa é um critério orientador no sentido de explicação e interpretação da lei. No Direito do Trabalho existem princípios estranhos ao direito civil. Estudaremos a seguir cada um desses. Enumera-se como sendo 05 os principais Princípios do Direito do Trabalho: 1) Princípio da Proteção; 2) Princípio da Irrenunciabilidade de Direitos; 3) Princípio da Continuação da Relação de Emprego; 4) Princípio da Primazia da Realidade; 5) Princípio da Proteção do Salário. Princípio da Proteção ao Trabalhador Tem por objetivo atenuar a desigualdade entre as partes em juízo, favorecendo a parte hipossuficiente da relação jurídica. A regra seria proporcionar uma forma de compensar a superioridade econômica do empregador em relação ao empregado, tentando colocar as duas partes em igualdade de forças. Tem a finalidade de proporcionar igualdade jurídica ao empregado como forma de compensar sua natural inferioridade econômica frente ao empregador. Este princípio é dividido em 3 partes: a) o “in dúbio pro operário”; Em dúvida aplicar a regra mais favorável ao empregado. Esse princípio não se aplica integralmente, não valendo para matérias de prova. Deve-se analisar antes o ônus da prova. (Art. 818 CLT) b) o da aplicação da norma mais favorável ao trabalhador. Diante de um conflito de normas em um caso concreto, aplica-se aquela mais favorável ao trabalhador. As novas leis devem dispor de maneira mais favorável ao trabalhador. Ex.: Se a lei diz 40% de adicional insalubridade, não poderá haver acordo ou convenção coletiva por menos de 40% para essa parcela. No entanto, mais de 40%, poderá. Dispensa a hierarquia das leis. Ex.: A Constituição Federal nos traz horas extras com aumento de 50%, mas se a Convenção Coletiva dispor mais de 50%, valerá a Convenção. c) o da condição mais benéfica ao trabalhador. (Direito Adquirido) As condições já conquistadas, não podem ser modificadas para pior. As vantagens contratuais incorporam-se no patrimônio jurídico do trabalhador, de maneira que são proibidas alterações que o prejudique. CF 5°, XXXVI. Outro exemplo cabe às leis, caso elas forem mudar, diminuindo certo direito para o empregado, ela só valerá aos novos contratos de trabalho. Súmula 51 TST. Princípio da Irrenunciabilidade de Direitos Trabalhistas (Indisponibilidade) O trabalhador não poderá renunciar nenhum de seus direitos. Tenta proteger ao máximo o trabalhador, até mesmo proibindo-o de “abrir mão” de seus próprios direitos como empregado. Por exemplo, o empregado não poderá renunciar, mesmo que por escrito, ao recebimento de um salário mínimo; de adicional noturno; ao décimo terceiro salário; das férias ou seu 1/3; ao FGTS (nem recebê-lo em dinheiro ao invés do recolhimento); ou de qualquer verba. É uma forma também de evitar fraudes. (“Tu só trabalhará na minha empresa se, por escrito, afirmar que não necessita e aceita não receber férias”). Não pode nem trocar direitos. É a indisponibilidade dos direitos trabalhistas. Ler artigo 9º CLT. Exceção = acordo judicial. Apenas pode acontecer na presença do Juiz, em acordo de um processo judicial, assim ele pode renunciar seus direitos. Princípio da Continuidade da Relação de Emprego Há sempre a presunção de que o trabalhador não deseje deixar do emprego. Presume-se que o contrato de trabalho terá validade por tempo indeterminado, ou seja, que haverá continuidade da relação de emprego. Os contratos por tempo determinado (artigo 443 CLT, par 2°) são tidos como exceção. Presume-se que o empregado, por necessitar do emprego, não quer que ele seja rescindido. Súmula 212 TST. Inclusive para se demitir um funcionário sem justa causa é necessário recolher multa de FGTS, pagar aviso prévio e outras formas de desestimular a quebra da continuidade da relação de emprego. Princípio da Primazia da Realidade O que acontece no “mundo real” vale mais do que o “mundo formal”, pois este ultimo é de fácil manipulação. Tal princípio tem por ordem transmitir a ideia de “verdade real”, ou seja, quando se tem dúvidas entre a realidade fática e a realidade que nos transmitem, por exemplo, por documentos, devemos privilegiar a verdade real. Podem ser usados inclusive os costumes ou as formas geralmente usadas em empresas comparáveis. Fato provado prevalece sobre documento em sentido contrário. A realidade pode valer mais do que os documentos. Primazia no sentido de primeiro. Ex.: Existe um trabalhador com contrato de autônomo ou com uma Pessoa Jurídica que emite nota apenas para aquela outra empresa. Ainda há testemunhas que dizem que o trabalhador laborava apenas para a empresa e ainda 8 horas por dia. O que parece mais real, que ele era empregado de fato, mas tentaram fazer parecer ser autônomo? Outro exemplo: Um funcionário alega ter entrado na empresa em 2010. A empresa apresenta admissão em 2011. O empregado comprova através de testemunhas que ele trabalhava na empresa em 2010. O Juiz anulará a admissão e aceitará o pedido. Inclusive porque é comum as empresas deixar um empregado trabalhar os primeiros meses sem carteira assinada. Outro: salário por fora diferente do salário na carteira de trabalho. Princípio da Proteção ao Salário Irredutibilidade Salarial Sobre a Irredutibilidade, o significado está ligado à proibição de diminuição do salário do trabalhador. Art. 7º, VI, CF. Isonomia No que tange a Isonomia Salarial, a Constituição da República, em seu artigo 7º, inciso XXX, consagra este princípio, determinando a proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critérios de admissão do trabalhador, por motivo de sexo, cor, idade ou estado civil. Assim, a CLT, seguindo a Constituição Federal, também elencou este princípio em seu bojo, no artigo 461. Leia também a Súmula 06 do TST. Crédito Privilegiado – Art. 83 da Lei das Falências (11.101/05) ou 186 CTN Art. 83 da lei 11.101/05. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: I – os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinqüenta) salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho; II - créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado; III – créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de constituição, excetuadas as multas tributárias; IV – créditos com privilégio especial, a saber: Art. 186 CTN - O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho. Intangibilidade Salarial – 462 CLT Impenhorabilidade – Art. 649, VI, CPC
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