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CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 1 INDICE 1-Modelos de Ensino 02 2- Teoria de Piaget 10 3-Vygotsky e o Desenvolvimento humano 12 4- Teoria de Henry Wallon 17 5-Prática Educativa de Zabala 18 6-Relações de Interação em sala de aula 22 7- Libaneo – Didática 26 8- Emília Ferreiro e Ana Teberosky 34 9-Tendências Pedagógicas 37 10- Perrenoud – 10 Competências para ensinar 43 11-Sknner – A máquina de Aprender 56 12-Jussara Huffman – Avaliação Mediadora 59 13-Brincar (Kishimoto, Macedo, Bruner, Chateau) 70 14-Diretrizes Curriculares Nacionais para Ensino Infantil 75 15-Brougere a Cultura e o Brincar 83 16-Pilares da Educação 87 17-Construtivismo em sala de Aula 90 18-Construção de conhecimento – Celso Vasconcelos 95 19- (88 ) Exercícios com respostas 105 CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 2 Conhecimentos Pedagógicos 1-Modelos de Ensino: Empirismo, Inatismo e Construtivismo Muito se vem questionando sobre os problemas educacionais da atualidade, como a falta de interesse dos alunos e as dificuldades de aprendizado. Juntamente a esses questionamentos, alguns modelos de ensino surgem, cada qual com sua característica própria, buscando compreender o processo de ensino-aprendizagem. Entre eles temos: o Inatismo, o Empirismo e o Construtivismo. Modelo Clássico de Educação Por mais que possa haver problemas nesses modelos de ensino, todos, aparentemente, surgiram como uma possível solução ao sistema arcaico ao qual se baseava o modelo clássico de educação, também conhecido de “modelo cafézinho”, no qual partia-se do pressuposto de que a informação era transmitida de professor para aluno (da mesma maneira que um garçom serve um café para um cliente). Nesse sistema, infelizmente ainda enraizado em alguns professores, esquece- se, de acordo com Carraher (1986) a “importância de estimular o raciocínio, o pensamento ativo, a reflexão e a descoberta pelo aluno” (p. 15), lembrando-se, tão somente da “transmissão” do conteúdo. Dessa forma, se um aluno não aprendeu, foi por algum problema dele, e não do professor, ou do método de ensino, fazendo com que fossem diagnosticadas muitas “deficiências” cognitivas em crianças as quais a psicologia e a neurologia diagnosticariam, mais adiante, como saudáveis. Empirismo- Sinteticamente, podemos dividir os novos modelos de ensino em três. O primeiro deles, o Empirismo, parte do princípio de que o homem é uma tabula rasa, um ser absolutamente passivo, uma folha em branco, e o professor, no caso, representa a transmissão do conhecimento e do saber. Ou seja, o aluno, nada sabendo, só consegue “adquirir” conhecimento através de aulas ministradas pelos mestres.Representantes do Empirismo: Locke, Hume, Pavlov, Skinner e Mager. Inatismo - De acordo com as teorias do Inatismo, o segundo dos modelos, os seres já nascem sabendo tudo, entretanto, esse conhecimento está em estado CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 3 latente, cabendo ao professor, tão somente, retirá-lo dos alunos, estimulando uma liberdade sem limites para que estes se desenvolvam. Construtivismo -Já no modelo Construtivista de ensino, baseado nos fundamentos teórico-metodológicos de Piaget e Vigotsky, procura-se entender o ensino como uma relação dialética entre sujeito e objeto, ou seja, já não se pode separar o processo de ensino do processo de aprendizado, ambos se dão em conjunto. Assim, só é possível ensinar quando há alguém aprendendo. Nessa perspectiva, considera-se o ser humano como sendo um sujeito que já tem alguma coisa consigo, todas as crianças sabem coisas, e esse conhecimento prévio deve ser aproveitado no processo de ensino- aprendizagem (termo que reflete essa posição construtivista). Nesse contexto, a função do educador é de “criar as condições para que o aluno possa exercer a sua ação de aprender” (WEISZ, 2002, p. 23). O professor é um mediador entre o conhecimento (objeto) e o aluno (sujeito), favorecendo a relação dialética entre ambos. Contribuindo significativamente para as bases teórico-metodológicas do Construtivismo, Jean Piaget, biólogo, filósofo, psicólogo e epistemólogo (mas não pedagogo, propriamente), ficou bastante conhecido entre os educadores por seus estudos na área da inteligência humana e do processo de construção do conhecimento. Parte-se do princípio de que o processo de aprendizagem é uma construção pessoal, resultante de experiências vividas sob a forma de um processo complexo e multifacetado. Assim, o que se ensina, na maioria das vezes, é diferente daquilo que se aprende, já que, como dissemos anteriormente, a criança já traz algo consigo, fazendo com que apreenda o mundo com “as estruturas de pensamento que (…) já possui” (VASCONCELOS, 2010. p. 72). Contribuindo com as idéias de Piaget, sem ao menos conhecê-lo, o psicólogo bielo-russo, Vigotsky, muito contribuiu para o processo de ensino- aprendizagem da visão construtivista, introduzindo o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal, cuja definição seria a distância entre o Nível De Desenvolvimento Potencial (o que pode ser realizado com a ajuda de alguém mais experiente) e o Nível De Desenvolvimento Real (aquilo que pode ser executado sem o auxílio de outra pessoa). Com isso, caberia ao professor o papel de provocar os “avanços que não ocorreriam espontaneamente” (OLIVEIRA, 1995. p 62), estimulando o desenvolvimento de seu “tutelado”. Com essas visões construtivistas do processo de ensino-aprendizagem, a sala de aula toma outra forma, fazendo com que os alunos tenham melhores CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 4 relações com o conhecimento, uma vez que desenvolvem capacidade de “estabelecer relações inteligentes entre os dados, as informações e os conhecimentos já construídos” (WEISZ, 2002. p.36). O professor deve despertar no aluno, pois, a vontade de descobrir coisas novas, trabalhando como importante mediador entre o conhecimento e o sujeito, de modo a tentar apagar os obsoletos métodos do sistema clássico de ensino. Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire É a ultima obra de Paulo Freire, publicada em vida. Apresenta propostas de práticas pedagógicas necessárias à educação como forma de construir a autonomia dos educandos, valorizando e respeitando sua cultura e seu acervo de conhecimentos empíricos junto à sua individualidade. Freire introduz Pedagogia da Autonomia explicando suas razões para analisar a prática pedagógica do professor em relação à autonomia de ser de saber do educando. Enfatiza a necessidade de respeito ao conhecimento que o aluno traz para a escola, visto ser ele um sujeito social e histórico e da compreensão de que “formar é muito mais do que puramente treinar o educando no desempenho de destrezas”. Define essa postura como ética e defende a ideia de que o educador deve buscar essa ética, a qual chama de “ética universal do ser humano”, essencial para o trabalho docente. “ Não podemos nos assumir como sujeitos da procura, da decisão, da ruptura, da opção, como sujeitos históricos, transformadores, a não ser assumindo-nos como sujeitos éticos (...) E por essa ética inseparável da prática educativa, não importa se trabalhamos com crianças, jovens ou com adultos, que devemos lutar”. Como eixo norteador de sua prática pedagógica Freire defendeque “formar” é muito mais que formar o ser humano em suas destrezas, atentando para a necessidade de formação ética dos educadores, conscientizando-os sobre a importância de estimular os educando a uma reflexão critica da realidade em que está inserida. Enfatiza alguns aspectos primordiais, porém nem sempre adotados pela sociedade atual,como:simplicidade, humanismo, bom senso (ética em geral)e esperança,já que na sua visão o capitalismo leva a sociedade a um consumismo exarcebado e a uma alienação coletiva, através, principalmente dos veículos de comunicação em massa. CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 5 O fracasso educacional deve-se em particular a técnicas de ensino ultrapassadas e sem conexão com o 6 contexto social e econômico do aluno, pois a escola ainda é um dos mais importantes aparelhos ideológicos do Estado. Apresenta um proposta de humanização do professor como norteador do processo sócio-educativo, construindo uma consciência critica com relação a manipulação política que fazem com todas as camadas sociais, mas sobretudo com as de baixa renda. Paulo Freire enfatiza a necessidade de uma reflexão critica sobre a prática educativa, sem a qual a teoria pode se tornar apenas discurso e a prática uma reprodução alienada sem questionamentos. Defende ainda que a teoria deve ser adequada à prática cotidiana do professor que passa a ser um modelo influenciador de seus educandos, ressaltando que na verdadeira formação docente devem estar presentes a prática da criticidade ao lado da valorização das emoções. O autor afirma que o professor deverá também conduzir a maneira de pensar, sendo a prática em si um testemunho rigoroso de decência e pureza. Defende a “disponibilidade ao risco, a aceitação do novo e a utilização de um critério para a recusa do velho”, estando presente a rejeição a qualquer tipo de discriminação. Ainda destaca a importância de propiciar condições aos educandos em suas socializações com os outros e com o professor, de testar a experiência de assumir-se como um ser histórico e social, que pensa, que critica, que opina, que tem sonhos, se comunica e que dá sugestões. A educação é uma forma de transformação da realidade que não é neutra e nem indiferente ,mas que tanto pode destruir a ideologia dominante como mantê-la. Freire ressalta o quanto um determinado gesto do educador pode repercutir na vida de um aluno ( afetividade e postura ) e da necessidade de reflexão sobre o assunto, pois segundo ele ensinar exige respeito aos saberes do educando. Construção de um conhecimento em parceria com o educando depende da relevância que o educador dá ao contexto social. Paulo Freire reafirma a necessidade dos educadores criarem as condições para a construção do conhecimento pelos educandos, como parte de um processo em que professor e aluno não se reduzam à condição de objeto um do outro, porque ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Segundo o autor, essa linha de raciocínio existe por sermos seres humanos e, dessa maneira, temos consciência de que somos inacabados, o que nos instiga a pesquisar, perceber criticamente e modificar o que está condicionado, mas não determinado, passando então a sermos sujeitos e não apenas objetos da nossa história. CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 6 O papel do educador na visão de Paulo Freire A importância da prática pedagógica segundo Paulo Freire se faz necessário também em pedagogos conservadores, fazendo uma alusão entre a formação docente e o ato de cozinhar, pois este que parece ser tão simples exige do cozinheiro com o uso do fogo e seu equilíbrio da temperatura evitar tanto que a comida não queime e que não haja risco de incêndio. Ressaltando ainda que a reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação teoria/prática sem a qual pode tornar-se uma prática ativista. Há portanto de se compreender que é preciso que o educador sintetize seu aprendizado no que diz respeito ao ensinar, ele precisa saber que ensinar é transferir conhecimento, criando possibilidades para sua produção ou sua construção no aprendizado do aluno. Portanto, afirma Paulo Freire “ que forma se forma e re-forma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado.”( pg. 23). Ao descobrir a arte de ensinar podemos deflagrar no aprendiz uma curiosidade crescente fazendo com que ele se torne cada vez mais criador de sua própria história e de seu aprendizado. O educador ao buscar formas de ensinar melhor e de repassar seu conteúdo, pode utilizar de métodos que possibilite ao discente uma melhor compreensão no que diz respeito ao aprendizado. Ensinar vai além de conteúdos ou de métodos rigorosos onde o educando pode utilizar-se do seu cotidiano não se prendendo somente ao livro didático. É exatamente neste sentido que ensinar não se esgota no tratamento de objeto ou de conteúdo, superficialmente criticamente é possível. Pensar é fundamental no cotidiano de um educador, cabe a ele saber fazer o seu pensamento transparecer, e que ao transmitir o aluno não só possa entendê-lo, captá-lo. É bom lembrar que o professor orientador, deixe fluir ideias; ideias essas que ajudam muito ao educador repassar melhor seus conteúdos. Ao falar da necessidade da pesquisa no ensino, cita-se até mesmo indagações como “ Ensino porque busco, por que indago e me indago” (pg. 29), a importância da pesquisa visa não só conhecer o já conhecido, mas procurar desvendar o desconhecido. A importância de pesquisar vai além do conhecimento do educador afinal há de se perceber a necessidade de aguçar a curiosidade do aluno para discutir a realidade, 8 aproveitando para estabelecer uma intimidade entre o saber do professor e a necessidade de conhecimento do discente. Quem se propõe a ensinar deve-se buscar sempre no ponto de vista ético, ter atenção e ver com olhar crítico o ato de ensinar, isso é claro só acontece quando se tem aguçado a curiosidade de saber se o trabalho está sendo feito ou não. CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 7 Ao se tratar do respeito ao homem, o ensino deve buscar adquirir o objetivo da aprendizagem meios eficazes, que com a ajuda da ética darão maior resultado. Quando você toma consciência do seu próprio pensamento, automaticamente conseguirá fazer certo, mas para tal deve haver prática testemunhal. Ensinar exige risco, aceitação do novo, rejeição a qualquer forma de discriminação. Para se ensinar deve-se ter certeza de uma coisa: você estará assumindo desafios, e estará diante do fato de convencer os discentes a aceitar o desconhecido, deve estar preparado para uma possível rejeição, seja ela das mais diferentes formas. A reflexão crítica é um ponto primordial que o educador tem que sempre inserir na sua ação pedagógica, pois mediante essa relação se fará uma formação permanente dos professores. A curiosidade sobre o pensar seria a mola propulsora entre a reflexão crítica sobre a prática de hoje ou de ontem que pode melhorar a próxima prática (Paulo Freire, Pedagogia da Autonomia, pg 39). É incoerente dizer que se pode mudar se você não está aberto a essa mudança cotidiana na ação docente, o reavaliar é uma ponte de comunicação, entre essa criticidade. Segundo o professor Paulo Freire, envolve o pensamento, dinâmico, dialético entre a prática e a ação. Além da reflexão crítica faz-se necessário o reconhecimento e valorização da identidade cultural do educando, pois todo indivíduo chega ao seio escolar já trazendo consigo uma bagagem cultural, não se pode restringir apenas ao conhecimento dos envolvidos no processo ensino-aprendizagem, cada um deve ser consciente do seu papel. Ao nos assumirmos não estamos excluindoos outros, significa assumir-se como ser histórico, social, pensante, transformador e criador. A construção de um saber junto ao educando depende da importância que o educador dá a parte social, a comunidade à qual ele trabalha para conseguir aproximar os contextos à realidade vivida. O docente capacitado deve sempre disponível aos seus alunos. É bom lembrar que ele precisa sempre estar atento à curiosidades e perguntas dos alunos, o professor deve sempre ensinar a aprender e não só transferir conhecimento, tornar-se um ser crítico é fundamental na sua profissão. O profissional da área da educação deve ser discreto não fazendo comparações discriminatórias mais sim fazer uso do bom senso que orienta o educador a ser parcial e evitar determinados pontos críticos no seu cotidiano. Partindo do fato de que o homem não é perfeito, ele está constantemente em busca de completar o inacabado existente em sua personalidade. Portanto o professor deve ter cuidado ao observar sua disciplina, lembrando que cada aluno é um ser em processo de construção e que perdura por toda CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 8 sua vida. Existe uma profunda diferença entre o ser condicionado e o ser determinado. O ser inacabado abre possibilidades de heranças sociais e culturais que os construirão na sua formação docente e discente, não se inventando da influência de forças sociais. Somos seres condicionados, inacabados e por isso, sabemos que podemos ir além, esta é a diferença entre o ser condicionado e o ser determinado. Assim como as barreiras são difíceis para o cumprimento de nossa tarefa histórica de mudar o mundo, sabemos também que os obstáculos modificam- se. O educador deve sempre buscar na sua ética como respeitar a curiosidade do educando, como professor é um exemplo diante do seu alunado, uma fonte de conhecimento, o mesmo não pode negar nenhuma informação para o educando, afinal é preciso deixar claro que a transgressão da ética jamais pode ser vista ou entendida como virtude ou como reflexão de uma docência. O que Freire quer dizer é que se alguém se torna machista, racista, classista dentre outros, mas que se assuma como transgressor da natureza humana (pg.60). A prática está a todo momento na vigilância do docente, pois ele deve buscar revê- la com bom senso. Ele é quem vai direcionar de forma negativa ou positiva o comportamento do educador diante da turma e dos possíveis problemas que venham a surgir em sala. Deve haver bom senso nas situações cotidianas, ao saber que o aluno faltou por motivo de saúde, que o outro não entregou o trabalho, porque um parente faleceu; o mesmo deve ser compreensivo e maleável em relação a realidade do aluno. Para ensinar é necessário que o educador observe a realidade a que ele está inserido incluindo seus conteúdos programáticos a fim de está adaptado ao seu dia a dia. O professor deve ter consciência que poderá dar sua aula que programou se conseguir adequá-la a vida de seus alunos. A alegria e a esperança são necessárias a atividade educativa. É na esperança que acreditamos no potencial dos alunos, ficando esperançosos quanto a sua capacidade de aprender e a capacidade dos professores de ensinar. Ter esperança que o ensino os mudarão 10 e os transformarão em seres autônomos e participantes do meio em que vivem. Ser desesperançosos não pode ser parte integrante do ser humano, pois ela traz a anulação do mesmo, imobilizando-o. Temos que tornar menos complexo o futuro para assim deslumbrarmos um horizonte melhor para todos, fazendo uso da alegria do aprender e ensinar. É CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 9 preciso não aceitar o determinismo como um modo de explicação das desigualdades no mundo, mas como sujeitos interventores. Não se usa a adaptação sem a intervenção da realidade. Como educadores deve-se conhecer seus alunos, não podendo desconsiderar os saberes dos grupos populares e a realidade histórico-político social vivida por eles, pois todos estão inseridos num ciclo de aprendizagem. A essa atitude, corresponde a expulsão do opressor de dentro do oprimido. Mudar é difícil mas, é possível e é a partir disto que o professor deve programar sua ação político-pedagógica. O exercício da curiosidade convoca a imaginação, a instituição, as emoções, a capacidade de conjeturar, de comparar. O fundamental é que professores e alunos saibam que a postura é dialógica, ou seja, aberta, curiosa, indagadora e não apassivada enquanto fala ou enquanto ouve. O que importa é que professores e alunos se assumam etiológicamente curiosos. Mas, não podemos esquecer que a curiosidade, assim como a liberdade deve está sujeita a limites eticamente assumidos por todos. Ensinar é uma especificidade humana, claro que diferente dos homens os animais tentam perpetuar suas espécies, sua descendência, mas isso se dá de forma instintiva. Para o homem ensinar é um ato especifico e inerente do ser humano. É um dom que deve ser exercido com respeito, liberdade, e segurança em si mesmo. O educador legítimo é dono de um grande coração que pertence ao homem. Ao se estar diante de uma turma de alunos, independentemente da série, como educador deverá demonstrar muita segurança naquilo que está apresentando aos mesmos. Com esta confiança ficará perceptível sua competência profissional e com certeza estarão propensos ao aprendizado. Quando se esta diante de uma classe deve-se ter compromisso. Estar comprometido com sua profissão, com seus alunos e com sua prática. Paulo Freire diz que no ponto de vista dos interesses dominantes, não há dúvida de que a educação deve ser uma prática embelezadora e ocultadora da verdade.( Pedagogia da Autonomia, Paulo Freire, pg. 99). Todo educador deve ter por certo o peso da responsabilidade que carrega sobre os ombros. Por meio da educação os tão desvalorizados professores têm o poder de mudar o mundo sem usar uma arma, sem ferir a nenhuma vida. O educador deve buscar junto a sua turma algo muito importante: a liberdade, não qualquer liberdade e sim uma feita de confiança e de respeito entre professores e alunos. Lembrando que a autoridade do mestre jamais deve ser esquecida nem desvalorizada e tão pouco exagerada. Devendo existir cumplicidade, paciência e amizade. CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 10 O professor só atinge seu objetivo em sala se tomar consciência de que deve escutar, estar aberto a ouvir. Ter consciência de que não é dono da verdade, detentor de toda resposta. Só se terá bons resultados se estiver disposto a ouvir. Assim aprenderá a falar e conseguirá entender. O discurso ideológico anestesia a mente, confunde a curiosidade, distorce a percepção dos fatos, das coisas, dos acontecimentos. Para Freire não se pode aceitar, nem ouvir passivamente frases como: o negro é geneticamente inferior ao branco; em defesa de sua honra o marido matou sua mulher; e outros ( Pedagogia da Autonomia- Paulo Freire pg- 132, 133). O educador deve apresentar sua aula certa de uma ideologia libertadora, que ajude os seus alunos a serem verdadeiramente cidadãos no futuro. Havendo diálogo o ensino talvez aconteça. Se há dialogo, possivelmente se encontre respostas, se levante questionamentos e encontre soluções possíveis para a realidade que se tem nas escolas públicas do país. Com a abertura que o dialogo permite é fácil a juventude perceber as dificuldades encontradas nas escolas da atualidade. Ensinar vai lhe exigir um ato de grande humildade querer bem aos demais educadores, respeitando acima de tudo a personalidade, a práxis e a maneira do outro se postar diante dos colegas e alunado. Teorias de Piaget, desenvolvimento da linguagem e da escrita JEAN PIAGET (1896-1980) foi um dos investigadoresmais influentes do séc. 20 na área da psicologia do desenvolvimento. Piaget acreditava que o que distingue o ser humano dos outros animais é a sua capacidade de ter um pensamento simbólico e abstrato.· Piaget acreditava que a maturação biológica estabelece as pré-condições para o desenvolvimento cognitivo. As mudanças mais significativas são mudanças qualitativas (em gênero) e não qualitativas (em quantidade).· Existem 2 aspectos principais nesta teoria: 1. O processo de conhecer biologico 2. Os estádios/ etapas pelos quais nós passamos à medida que adquirimos essa habilidade. O comportamento é controlado através de organizações mentais denominadas “esquemas”, que o indivíduo utiliza para representar o mundo e para designar as ações.· CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 11 Essa adaptação é guiada por uma orientação biológica para obter o balanço entre esses esquemas e o ambiente em que está. (equilibração). Assim, estabelecer um desequilíbrio é a motivação primária para alterar as estruturas mentais do indivíduo.· Piaget descreveu 2 processos utilizados pelo sujeito na sua tentativa de adaptação:• assimilação e acomodação. A perspectiva de Piaget é frequentemente comparada com a de Lev Vygotsky (1896-1934), que olhou mais para a interacção social como fonte primária da cognição e do comportamentoTeoria de Piaget sobre o Desenvolvimento Cognitivo Conceitos-chave • Organização e adaptação – Organização: à medida que aumenta a maturação da criança, elas organizam padrões físicos ou esquemas mentais em sistemas mais complexos. – Adaptação: capacidade de adaptar as suas estruturas mentais ou comportamento para se adaptar às exigências do meio. • Assimilação e acomodação – Assimilação: moldar novas informações para encaixar nos esquemas existentes. – Acomodação: mudança nos esquemas existentes pela alteração de antigas formas de pensar ou agir. • Processo desenvolvimental – Equilibração: tendência para manter as estruturas cognitivas em equilíbrio.Estádios de Desenvolvimento • Estádio sensório-motor ( do nascimento aos 2/3 anos) - a criança desenvolve um conjunto de "esquemas de acção" sobre o objecto, que lhe permitem construir um conhecimento físico da realidade. Nesta etapa desenvolve o conceito de permanência do objecto, constrói esquemas sensório-motores e é capaz de fazer imitações, construindo representações mentais cada vez mais complexas• Estádio pré-operatório (ou intuitivo) (dos 2/3 aos 6/7 anos) - a criança inicia a construção da relação causa e efeito, bem como das simbolizações. É a chamada idade dos porquês e do faz-de-conta CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 12 .• Estádio operatório-concreto (dos 6/7 aos 10/11 anos) - a criança começa a construir conceitos, através de estruturas lógicas, consolida a conservação de quantidade e constrói o conceito de número. Seu pensamento apesar de lógico, ainda está preso aos conceitos concretos, não fazendo ainda abstracções. • Estádio operatório-formal (dos 10/11 aos 15/16 anos) - fase em que o adolescente constrói o pensamento abstracto, conceptual, conseguindo ter em conta as hipóteses possíveis, os diferentes pontos de vista e sendo capaz de pensar cientificamente. VYGOTSKY E O DESENVOLVIMENTO HUMANO O que é Desenvolvimento Humano? A noção de desenvolvimento está atrelada a um contínuo de evolução, em que nós caminharíamos ao longo de todo o ciclo vital. Essa evolução, nem sempre linear, se dá em diversos campos da existência, tais como afetivo, cognitivo, social e motor. Este caminhar contínuo não é determinado apenas por processos de maturação biológicos ou genéticos. O meio (e por meio entenda-se algo muito amplo, que envolve cultura, sociedade, práticas e interações) é fator de máxima importância no desenvolvimento humano. Os seres humanos nascem “mergulhados em cultura”, e é claro que esta será uma das principais influências no desenvolvimento. Embora ainda haja discordâncias teóricas entre as abordagens que serão apresentadas adiante sobre o grau de influência da maturação biológica e da aprendizagem com o meio no desenvolvimento, o contexto cultural é o palco das principais transformações e evoluções do bebê humano ao idoso. Pela interação social, aprendemos e nos desenvolvemos, criamos novas formas de agir no mundo, ampliando nossas ferramentas de atuação neste contexto cultural complexo que nos recebeu, durante todo o ciclo vital. Perspectivas de Estudo do Desenvolvimento humano (Ribeiro, 2005): Na Psicologia do Desenvolvimento, temos algumas perspectivas diversas. Para os teóricos Ambientalistas, entre eles Skinner e Watson (do movimento behaviorista), as crianças nascem como tábulas rasas, que vão aprendendo tudo do ambiente por processos de imitação ou reforço. Para os teóricos Inatistas, como Chomsky, as crianças já nascem com tudo que precisam na sua estrutura biológica para se desenvolver. Nada é aprendido no ambiente, e sim apenas disparado por este. Para os teóricos Construcionistas, tendo como ícone Piaget, o desenvolvimento é construído a partir de uma interação entre o CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 13 desenvolvimento biológico e as aquisições da criança com o meio. Temos ainda uma abordagem Sociointeracionista, de Vygotsky, segundo a qual o desenvolvimento humano se dá em relação nas trocas entre parceiros sociais, através de processos de interação e mediação. Temos a perspectiva Evolucionista, influenciada pela teoria de Fodor, segundo a qual o desenvolvimento humano se dá no desenvolvimento das características humanas e variações individuais como produto de uma interação de mecanismos genéticos e ecológicos, envolvendo experiências únicas de cada indivíduo desde antes do nascimento. Ainda existe a visão de desenvolvimento Psicanalítica, em que temos como expoentes Freud, Klein, Winnicott e Erikson. Tal perspectiva procura entender o desenvolvimento humano a partir de motivações conscientes e inconscientes da criança, focando seus conflitos internos durante a infância e pelo resto do ciclo vital A sua teoria tem raízes na teoria marxista do materialismo dialéctico, ou seja, que as mudanças históricas na sociedade e a vida material produzem mudanças na natureza humana.· Vygotsky abordou o desenvolvimento cognitivo por um processo de orientação. Em vez de olhar para o final do processo de desenvolvimento, ele debruçou-se sobre o processo em si e analisou a participação do sujeito nas atividades sociais.· Ele propôs que o desenvolvimento não precede a socialização. Ao invés, as estruturas sociais e as relações sociais levam ao desenvolvimento das funções mentais.· Ele acreditava que a aprendizagem na criança podia ocorrer através do jogo, da brincadeira, da instrução formal ou do trabalho entre um aprendiz e um aprendiz mais experiente.· O processo básico pelo qual isto ocorre é a mediação (a ligação entre duas estruturas, uma social e uma pessoalmente construída, através de instrumentos ou sinais). Quando os signos culturais vão sendo internalizados pelo sujeito é quando os humanos adquirem a capacidade de uma ordem de pensamento mais elevada. Ao contrário da imagem de Piaget em que o indivíduo constrói a compreensão do mundo, o conhecimento sózinho, Vygostky via o desenvolviemnto cognitivo como dependendo mais das interacções com as pessoas e com os instrumentos do mundo da criança .• Esses instrumentos são reais: canetas, papel, computadores; ou símbolos: linguagem, sistemas matemáticos, signos. Um pressuposto básico de Vygotsky é a de que durante o curso do desenvolvimento, tudo aparece duas vezes CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 14:• 1º a criança entra em contacto com o ambiente social, o que ocorre ao nível interpessoal. • Depois a criança entra em contacto com ela própria, num nível intrapessoal. A teoria do Vygotsky tem como princípio a análise nos seguintes fatores do desenvolvimento, que são: o filogenético (a espécie humana tem sua própria história), ontogenético (o indivíduo tem sua história), sociogenético (o sujeito deve ser considerado em sua relação sócio-cultural) microgenético (o desenvolvimento do indivíduo é singular, cada um tem seu tempo de assimilação). Para Vygotsky o desenvolvimento humano se dá de fora para dentro. É porque eu aprendo que eu me desenvolvo. O fato de aprender é que vai nortear o rumo do desenvolvimento humano e o caminho deste desenvolvimento está intimamente ligado ao fator cultural. O desenvolvimento deve ser olhado de maneira prospectiva, para aquilo que deve ser aprendido, reconhecendo-se que todo mundo é modificável através da mediação. Não se deve olhar o sujeito de maneira retrospectiva, como se ele fosse um sujeito estático, aliás, se o trabalho educacional realizado com a pessoa humana não respeitar sua potencialidade e vê-lo retrospectivamente, a pessoa assumirá a postura estática. “Cole e Werstch (1996), consideram a mediação como o fato central da psicologia de Vygotsky” (Revista Portuguesa de Educação).É imprescindível aos educadores, professores, pedagogos, supervisores, psicopedagogos e diretores de unidade escolar cognitivistas adeptos da teoria do Vygotsky, compreender que todo mundo é modificável através da mediação, é claro que esta compreensão exige gostar de gente, e acreditar no potencial humano, compreensão esta, que é fruto das relações deste profissional mediador ao longo de seu próprio desenvolvimento humano AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM A linguagem é, antes de tudo, social. Portanto, sua função inicial é a comunicação, expressão e compreensão. Essa função comunicativa está estreitamente combinada com o pensamento. A comunicação é uma espécie de função básica porque permite a interação social e, ao mesmo tempo, organiza o pensamento. CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 15 A linguagem egocêntrica A progressão da fala social para a fala interna, ou seja, o processamento de perguntas e respostas dentro de nós mesmos – o que estaria bem próximo ao pensamento, representa a transição da função comunicativa para a função intelectual. Nesta transição, surge a chamada fala egocêntrica. Trata-se da fala que a criança emite para si mesmo, em voz baixa, enquanto está concentrado em alguma atividade. Esta fala, além de acompanhar a atividade infantil, é um instrumento para pensar em sentido estrito, isto é, planejar uma resolução para a tarefa durante a atividade na qual a criança está entretida (Ribeiro, 2005). A fala egocêntrica constitui uma linguagem para a pessoa mesma, e não uma linguagem social, com funções de comunicação e interação. Esse “falar sozinho” é essencial porque ajuda a organizar melhor as idéias e planejar melhor as ações. É como se a criança precisasse falar para resolver um problema que, nós adultos, resolveríamos apenas no plano do pensamento / raciocínio. O declínio da vocalização egocêntrica é sinal de que a criança progressivamente abstrai o som, adquirindo capacidade de “pensar as palavras”, sem precisar dizê-las. Aí estamos entrando na fase do discurso interior. Se, durante a fase da fala egocêntrica houver alguma deficiência de elementos e processos de interação social, qualquer fator que aumente o isolamento da criança, iremos perceber que seu discurso egocêntrico aumentará subitamente. Isso é importante para o cotidiano dos educadores, em que eles podem detectar possíveis deficiências no processo de socialização da criança. (Ribeiro, 2005) O papel do brinquedo no desenvolvimento Para Vygotsky, o brinquedo exerce enorme influência na promoção do desenvolvimento infantil, apesar de não ser o aspecto predominante da infância. Para ele, o termo brinquedo refere-se essencialmente ao ato de brincar, à atividade. Embora mencione modalidades diferentes de brinquedos, como jogos esportivos, seu foco é o estudo dos jogos de papéis ou brincadeiras de faz-de-conta (mamãe e filhinha, por exemplo), típicas de crianças que aprendem a falar e, portanto, já são capazes de representar simbolicamente e envolver-se em situações imaginárias. A característica definidora do brinquedo, por excelência, é a situação imaginária. A imaginação é uma função da consciência que surge da ação. É atividade consciente, um modo de funcionamento psicológico especificamente humano, não presente na consciência da criança muito pequena (com menos de três anos) e inexistente nos animais. A criança muito pequena quer a satisfação imediata de seus desejos. Ela não consegue agir de forma independente daquilo que vê, há uma fusão entre o que é visto e seu significado, um exemplo é a seguinte situação: “Tânia está CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 16 sentada. Pede-se à criança que repita a frase: Tânia está de pé. Ela mudará a frase para: Tânia está sentada”. É na idade pré-escolar que ocorre a diferenciação entre o campo de significado e o campo de visão. O pensamento passa, de regido pelos objetos externos, a regido pelas idéias. A criança começa a utilizar materiais para representar a realidade ausente. Por exemplo, um cabo de vassoura representa um cavalo. Diz o autor: “A criança vê um objeto, mas age de maneira diferente daquilo que vê. A brincadeira é uma forma de resolver um impasse: a necessidade de ação da criança, com gratificação imediata versus a impossibilidade de executar essas ações na vida real e lidar com desejos que só podem ser satisfeitos no futuro. Essa contradição é explorada e resolvida temporariamente através do brinquedo. Para Vygotsky, o brinquedo é o mais alto nível de desenvolvimento pré-escolar. “A criança desenvolve-se, essencialmente, através da atividade de brinquedo” (p. 117), diz ele. E mais adiante: “Na idade escolar, o brinquedo não desaparece mas permeia a atitude em relação à realidade” (p. 118). A instrução e o aprendizado na escola também estão avançados em relação ao desenvolvimento cognitivo. Tanto o brinquedo quanto a instrução escolar criam uma zona de desenvolvimento proximal. TEORIA DO DESENVOLVIMENTO DE HENRY WALLON A criança, para Wallon, é essencialmente emocional e gradualmente vai constituindo-se em um ser sócio-cognitivo. O autor estudou a criança contextualizada, como uma realidade viva e total no conjunto de seus comportamentos, suas condições de existência. Segundo GALVÃO (2000), Wallon argumenta que as trocas relacionais da criança com os outros são fundamentais para o desenvolvimento da pessoa. As crianças nascem imersas em um mundo cultural e simbólico, no qual ficarão envolvidas em um "sincretismo subjetivo", por pelo menos três anos Durante esse período, de completa indiferenciação entre a criança e o ambiente humano, sua compreensão das coisas dependerá dos outros, que darão às suas ações e movimentos formato e expressão. Antes do surgimento da linguagem falada, as crianças comunicam-se e constituem-se como sujeitos com significado, através da ação e interpretação do meio entre humanos, construindo suas próprias emoções, que é seu primeiro sistema de comunicação expressiva. Estes processos comunicativos-expressivos acontecem em trocas sociais como a imitação. Imitando, a criança desdobra, lentamente, a nova capacidade CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 17 que está a construir (pela participação do outro ela se diferenciará dos outros) formando sua subjetividade. Pela imitação, a criança expressa seus desejos de participar ese diferenciar dos outros constituindo-se em sujeito próprio. allon propõe estágios de desenvolvimento, assim como Piaget, porém, ele não é adepto da idéia de que a criança cresce de maneira linear. O desenvolvimento humano tem momentos de crise, isto é, uma criança ou um adulto não são capazes de se desenvolver sem conflitos. A criança se desenvolve com seus conflitos internos e, para ele, cada estágio estabelece uma forma específica de interação com o outro, é um desenvolvimento conflituoso. No início do desenvolvimento existe uma preponderância do biológico e após o social adquire maior força. Assim como Vygotsky, Wallon acredita que o social é imprescindível. A cultura e a linguagem fornecem ao pensamento os elementos para evoluir, sofisticar. A parte cognitiva social é muito flexível, não existindo linearidade no desenvolvimento, sendo este descontínuo e, por isso, sofre crises, rupturas, conflitos, retrocessos, como um movimento que tende ao crescimento. De acordo com GALVÃO (op.cit.), no primeiro ano de vida, a criança interage com o meio regida pela afetividade, isto é, o estágio impulsivo-emocional, definido pela simbiose afetiva da criança em seu meio social. A criança começa a negociar, com seu mundo sócio-afetivo, os significados próprios, via expressões tônicas. As emoções intermediam sua relação com o mundo. Do estágio sensório-motor ao projetivo (1 a 3 anos), predominam as atividades de investigação, exploração e conhecimento do mundo social e físico. No estágio sensório-motor, permanece a subordinação a um sincretismo subjetivo (a lógica da criança ainda não está presente). Neste estágio predominam as relações cognitivas da criança com o meio. Wallon identifica o sincretismo como sendo a principal característica do pensamento infantil. Os fenômenos típicos do pensamento sincrético são: fabulação, contradição, tautologia e elisão. Na gênese da representação, que emerge da imitação motora-gestual ou motricidade emocional, as ações da criança não mais precisarão ter origem na ação do outro, ela vai “desprender-se” do outro, podendo voltar-se para a imitação de cenas e acontecimentos, tornando-se habilitada à representação da realidade. Este salto qualitativo da passagem do ato imitativo concreto e a representação é chamado de simulacro. No simulacro, que é a imitação em ato, forma-se uma ponte entre formas concretas de significar e representar e níveis semióticos de representação. Essa é a forma pela qual a criança se desloca da inteligência prática ou das situações para a inteligência verbal ou representativa. CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 18 Dos 3 aos 6 anos, no estágio personalístico, aparece a imitação inteligente, a qual constrói os significados diferenciados que a criança dá para a própria ação. Nessa fase, a criança está voltada novamente para si própria. Para isso, a criança coloca-se em oposição ao outro num mecanismo de diferenciar-se. A criança, mediada pela fala e pelo domínio do “meu/minha”, faz com que as idéias atinjam o sentimento de propriedade das coisas. A tarefa central é o processo de formação da personalidade. Aos 6 anos a criança passa ao estágio categorial trazendo avanços na inteligência. No estágio da adolescência, a criança volta-se a questões pessoais, morais, predominando a afetividade. Ainda conforme GALVÃO, é nesse estágio que se intensifica a realização das diferenciações necessárias à redução do sincretismo do pensamento. Esta redução do sincretismo e o estabelecimento da função categorial dependem do meio cultural no qual está inserida a criança. A Prática Educativa - Como ensinar. ZABALA Seu argumento consiste em uma atuação profissional baseada no pensamento prático, mas com capacidade reflexiva e que necessitamos de meios teóricos para que a análise da prática seja verdadeiramente reflexiva. Parâmetros institucionais e organizados; Tradições metodológicas, possibilidades reais dos professores; Meios e condições físicas existentes. Num modelo em que a aula se configura como um microssistema definido por determinados espaços, uma organização social, certas relações interativas, forma de distribuir o tempo e um determinado uso de recursos didáticos, numa interação entre todos os elementos. Ao momento em que se produzem os processos educacionais, ela tem um antes e um depois: o planejamento e a avaliação dos processos educacionais. Dentro de um modelo de percepção da realidade da aula, onde estão estreitamente vinculados o planejamento, a aplicação e a avaliação, teremos que delimitar a unidade de análise que representa este processo, ou seja, a atividade ou tarefa. Por exemplo: uma exposição, um debate, uma leitura, uma pesquisa bibliográfica. Atividades ou tarefas → unidade básica do processo de ensino/aprendizagem, cujas diversas variáveis apresentam estabilidade e diferenciação: relações interativas professor-aluno, e alunos, alunos; uma organização grupal, determinados conteúdos de aprendizagem, certos recursos didáticos, distribuição de tempo e de espaço, um critério avaliador. - Atividades ou tarefas são insuficientes para proporcionar uma análise dos diferentes estilos pedagógicos, é preciso ampliar esta unidade elementar e CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 19 identificar como nova unidade de análise, as seqüências de atividades ou sequências didáticas, que permitem a avaliação sob uma perspectiva processual, incluindo as fases de planejamento, aplicação e avaliação. - Desde o modelo aula magistral ( com a sequência: apontamentos ou manual, prova, qualificação) até o método de projetos (escolha do tema, planejamento, pesquisa...) têm como elementos indicador as atividades, que só adquirem personalidade diferencial conforme sua organização em seqüências ordenadas. - As variações Metodológicas da Intervenção na aula 1 – Sequências de atividades – maneiras de encadear e articular as diferentes atividades ao longo de uma unidade didática. - Indicam a função que tem cada uma das atividades. 2 – O papel dos professores e alunos ou alunos/alunos → clima de convivência de acordo com as necessidades de aprendizagem. 3 – Organização social da aula – grandes grupos, grupos fixos e variáveis contribuem para o trabalho coletivo e pessoal. 4 – Utilização dos espaços e do tempo – concretizam as diferentes formas de ensinar. 5 – Organização dos conteúdos – provém da própria estrutura formal das disciplinas e formas organizativas globais e integradoras. 6 – Uso dos materiais curriculares – importância que adquirem nas diferentes formas de intervenção (nas exposições, experimentação). 7 – Sentido e papel da avaliação – entendida no seu sentido restrito de controle de resultados, como na concepção global do processo de ensino/aprendizagem. - A Função Social – finalidade (por que ensinar) · São colocadas as intenções educacionais, o que pretendemos que nossos alunos consigam; · C. Coll estabelece um agrupamento de capacidade: cognitivas, motoras, autonomia pessoal (afetiva), de relação interpessoal e de inserção e atuação social. - Os conteúdos – explicam as intenções educativas ( o que ensinar) CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 20 Tudo que se tem que aprender para alcançar determinados objetivos: Devemos falar de conteúdos de natureza variada: dados, habilidades técnicas, atitudes, conceitos, etc. Coll propõe a classificação dos conteúdos em: a) conceituais – englobam: fatos, conceitos, princípios (“O que se deve saber”); b) procedimentos: dizem respeito a técnicas e métodos (“O que se deve saber fazer”); c) Atitudinais: abrangem valores, atitudes, normas (“Como se deve ser”). - Nãoé possível ensinar nada sem partir de uma idéia de como as aprendizagem se produzem (conhecer as teorias). - As formas de intervenção devem levar em conta a diversidade dos alunos, identificando o desafio de que necessitam, a fim de que se sintam estimulados em seu trabalho. - O Construtivismo Estruturas cognitivas – esquemas de conhecimento. Esquemas de conhecimentos depende: - nível de desenvolvimento e – conhecimentos prévios. Papel ativo do aluno e do professor → atividade mental → sucessivos equilíbrio, desequilíbrio e reequilíbrio. Zonas de desenvolvimento proximal. Na perspectiva construtivistas, as atividades de ensino têm que integrar ao máximo os conteúdos e por mais específico que seja, sempre está associado a conteúdos de outra natureza. Aprendizagem dos conteúdos atuais:- fatos, conhecimentos, situações, dados e fenômenos concretos e singulares, conhecimento estes indispensáveis para compreender informações e problemas. Ensino baseado em exercícios de repetição mediante organizações significativas ou associações. Aprendizagem de princípios e conceitos – Termos abstratos ○ Ex de princípios:- leis, regras ○ Ex de conceitos – densidade, impressionismo ○ Implica em compreensão que vai além dos enunciados. ○ Característica dos conteúdos conceituais – não estar acabado ○ Processo de elaboração pessoal requerem compreensão do significado. Aprendizagem dos conteúdos procedimentais:- destreza ou habilidades CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 21 ○ É um conjunto de leis ordenadas e com um fim. ○ Ex:- ler, desenhar, calcular, traduzir. ○ São ações ou conjuntos de ações, que são o ponto de partida. ○ Só se aprende fazer, fazendo e pela exposição do professor ○ È exercitação múltipla, refletindo sobre a atividade (atuação). ○ É preciso aplicá-los em contextos diferenciados. Aprendizagem de conteúdos atitudinais:- valores, atitudes, normas ○ Valores – Ideias éticas (solidariedade, liberdade, respeito) ○ Atitudes – Tendências ou predisposições (cooperar, participar, ajudar) ○ Normas – padrões ou regras de comportamento (conforme grupo social), análise dos fatores positivos e negativos, envolvimento afetivo e avaliação. É necessário saber se a sequência didática programada para desenvolver determinado conteúdo serve para alcançar os objetivos previstos. Para reconhecer a validade das sequências didáticas tendo em vista a concepção construtivista e a atenção à diversidade é interessante verificar se as atividades propostas: ○ Permitem verificar os conhecimentos prévios; ○ Os conteúdos são significativos e funcionais; ○ Estão adequados ao nível de desenvolvimento; ○ Representam desafios que permitam criar zonas de desenvolvimento proximal; ○ Provoquem conflito cognitivo; ○ Promovam uma atitude favorável à aprendizagem; ○ Estimulam a autoestima; ○ Ajudam a adquirir habilidades para aprender a aprender AS SEQUÊNCIAS DE CONTEÚDO – OUTRA UNIDADE DE ANÁLISE CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 22 Definida como um conjunto ordenado de atividades estruturadas e articuladas para a consecução de um objetivo em relação a um conteúdo concreto. ○ Ex:- conteúdo conceitual “componentes da paisagem” – será realizada uma série de atividades de ensino com objetivo de que no final da unidade a aprendizagem desse conteúdo, seja dominada por todos os alunos. AS RELAÇÕES INTERATIVAS EM SALA DE AULA:- o papel dos professores e alunos A influência da concepção construtivista na estruturação das interações educativas na aula para facilitar a aprendizagem:- ○ Planejar a atuação docente de forma flexível para permitir a adaptação às necessidades dos alunos; ○ Contar com as contribuições e conhecimentos dos alunos; ○ Ajudá-los a encontrar sentido no que estão fazendo; ○ Estabelecer metas ao alcance dos alunos; ○ Oferecer ajudas adequadas; ○ Promover a atividade mental autoestruturante; ○ Estabelecer ambientes que promovam a autoestima e o autoconceito; ○ Promover canais de comunicação; ○ Potencializar a autonomia; ○ Avaliar os alunos conforme suas necessidades e seus esforços; ○ Incentivar a autoavaliação; É imprescindível prever situações que favoreçam diferentes formas de se relacionar e interagir (grupos, equipes fixas e móveis, assembleias, trabalhos de campos, etc.) PAPEL DOS AGRUPAMENTOS Cada tipo de agrupamento comporta vantagens e inconvenientes, certas possibilidades e certas potencialidades educativas diferentes. CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 23 A Escola como grande grupo As características da organização grupal estão determinadas pela organização e pela estrutura de gestão: relações interpessoais, papéis, responsabilidades, participações, etc. Distribuição da escola em grupos/ classificações ○ Classes homogêneas e heterogêneas; ○ Conveniência dos grupos heterogêneos:- modelos diferentes de pensar e atuar, surgimentos de conflitos cognitivos, a possibilidade de receber ajuda de colegas; Distribuição da escola em grupos/Classes móveis ou flexíveis:- ○ Atender ao diferentes interesses (escolas que trabalham com créditos ou matérias opcionais); ○ Atender as diferentes competências; Organização da Classe em grande grupo Apropriado – ensino de conteúdos factuais Limitado – ensino de conteúdos conceituais, porque não permitem inter- relações, poucas oportunidades de conhecer o processo de elaboração mental que cada aluno segue. – Dificuldade de prestar a ajuda que o aluno precisa. Útil aos conteúdos procedimentos para dar a conhecer a utilidade do procedimento, técnica ou estratégia, mais difícil poder propor atividades de aplicação e exercitação necessárias para cada aluno; Conteúdos atitudinais podem ser feitos em grandes grupos porque o componente cognitivo destes conteúdos exigem trabalho de compreensão, mas os componentes afetivos e comportamentais dos conteúdos atitudinais exigem atividades que coloquem os alunos em situações problemáticas ou de conflitos. Situações que dificilmente podem se realizar em grande grupo, com exceção da assembleia de alunos. A assembleia é adequada, mas é insuficiente. Organização da classe em equipes fixas · Oferecem oportunidades para trabalhar conteúdos atitudinais; · Oferecem oportunidades de debates, de receber, e dar ajuda (solidariedade e cooperação); · Aceitação da diversidade; Organização da Classe em equipes móveis e flexíveis Atender as características diferencias dos alunos; Oportunidade de atenção personalidade do professor ao grupo; CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 24 Período de tempo dos agrupamentos é limitado; Eles poderão ser algumas vezes homogêneos e outras heterogêneos; São adequados aos conteúdos procedimentais (matemática, artes) Trabalho individual É oportuno porque a aprendizagem em última instância é sempre uma apropriação pessoal; Ele será efetivo, uma vez entendido o conceito, realize atividades e exercícios que permitirão ampliar, detalhar, recordar, e reforça ou que foi aprendido; É útil para memorização de fatos, para aprofundamentos de conceitos e para maioria dos conteúdos procedimentos em que se deve adaptar o ritmo e a proposição de atividades às características dos alunos. Os Contratos de Trabalho (Freinet) – consiste em facilitar a tarefa do professor. O aluno faz um acordo com o professor. É imprescindível contar com materiais preparados e que as atividades sejam sequenciadas e progressivas. (Número de atividades que deveram fazer). Distribuição do tempo e do espaço Distribuição tradicional Os cantos e as pequenas oficinas,bibliotecas, sala ambiente; Prédios grandes, são radicalmente contrários as propostas educativas pois é impossível promover determinadas atitudes, ou um bom clima afetivo onde não podem se sentir seguros, no anonimato. A distribuição do tempo não é o menos importante. Devem variar de acordo com as atividades previstas e necessidades educacionais. A ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS Diz respeito a relação e a forma de veicular os diferentes conteúdos conteúdos de aprendizagem que formam as unidades didáticas Podemos encontrar propostas que rompem com a organização centrada por disciplinas (propostas metodológicas globalizadoras). Nos métodos globalizados as disciplinas nunca são a finalidade do ensino, elas têm a função de proporcionar os meios ou instrumentos para realização dos objetivos educacionais; Nos métodos globalizados a organização se realiza a partir da perspectivas de como os alunos aprendem; ○ Nascem quando o aluno se transforma em protagonista do ensino. ○ Ex;- centros de interesse, projetos, investigações do meio, projetos de trabalho (todos partem de uma situação real). CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 25 As disciplinas com organizadoras dos conteúdos. A fragmentação do saber e a diversificação do saber em múltiplas disciplinas; Podemos estabelecer três graus de relações disciplinares:- 1-) a multidiciplinaridade – conteúdos apresentados por matérias independentes uma das outra; 2-) a interdisciplinaridade – interação entre dias ou mais disciplinas, integrando os conceitos idéias, metodologia; 3-) a transdiciplinaridade – integração global, dentro de um sistema totalizador. OS MATERIAIS CURRICULARES E OUTROS RECURSOS DIDÁTICOS São aqueles que proporcionam ao educador referências e critérios para tomar decisões, no planejamento e na intervenção no ensino e na avaliação; Podem ser tipificados conforme;- 1-) o âmbito de intervenção (planejamento da aula, grupo, classe, individual); 2-) a intencionalidade da função (orientar, exemplificar, ilustrar); 3-) os conteúdos e as maneiras de organizá-los (integradoras, globalizadoras, conteúdos procedimentos, conceituais); 4-) suporte (quadro negro, papel, cadernos, fichas, livro didático) Observação:- Quanto aos conteúdos atitudinais, não existem suportes a serem usados com profusão, a não ser o vídeo e os textos. Criticas ao livro didático e materiais curriculares:- Esteriótipos culturais; Proposições vinculadas a determinadas correntes ideológicas; Não podem oferecer toda informação necessária para garantir a comparação; Fomentam atitudes passivas do aluno; Impedem o desenvolvimento de propostas mais próximas da realidade; Não favorecem a comparação entre realidade e ensino escolar; Não respeitam a forma nem o ritmo de aprendizagem do aluno (uniformização do ensino) Fomentam as estratégias de memorização Observação:- Proceder a busca de referências e critérios para análise e confecção dos materiais curriculares. CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 26 Projeção estática (retroprojetor, slides) suporte e elementos esclarecedores de muitas idéias e facilitam o diálogo, ajudam a centrar a atenção, mas é preciso não pecar pelo excesso de uso. Imagem de movimento – (filmes, gravações de vídeo). Atuam como suporte nas exposições e como fonte de informação. É importante ir gerando e cortando, para estabelecer com a classe Suporte de Informática:- Possibilidade de estabelecer um diálogo mais ou menos aberto entre o programa e o aluno: Permite fazer simulações de técnicas e procedimentos; Contribui para formação de conceitos. Suporte Multimídia:- Uso do disc laser, CDI ou CD-ROM (interessante ver a disposição) banco de dados de fácil acesso. Conclusão:- A existência de materiais curriculares diversificados facilitará a elaboração de propostas singulares. A pertinência dos materiais estará determinada pelo uso que se faça deles, nos diferentes contextos educativos. A AVALIAÇÃO Não deve se limitar somente a avaliação do aluno, mas também o grupo / classe, inclusive o professor ou a equipe docente, o processo de ensino é a própria forma de avaliação. A avaliação inicial (diagnóstica); A avaliação reguladora (como cada aluno aprende) modificação e melhora contínua do aluno; A avaliação integradora (todo percurso do aluno) informe global do processo; A avaliamos para o aperfeiçoamento da prática educativa; Compartilhar objetivos – condições para avaliação formativa; A informação dos resultados de aprendizagem. CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 27 JOSÉ CARLOS LIBANEO PROCESSO DIDÁTICO EDUCATIVO:UMA ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE O PROCESSO DE ENSINO E A APRENDIZAGEM A didática é considerada arte e ciência do ensino, ela não objetiva apenas conhecer por conhecer, mas procura aplicar seus princípios com a finalidade de desenvolver no individuo as habilidades cognitivas para torná-los críticos e reflexivos. È dever do professor garantir uma relação didática entre ensino e aprendizagem, tendo em mente a formação individual da personalidade do aluno . Por meio da aula o docente organiza esse processo de ensino e transmite aos alunos o conhecimento adquirido durante seu processo de formação. O trabalho docente é parte integral do processo educativo aos quais os indivíduos são preparados para viver em sociedade, o educador deve formar alunos que sejam cidadãos ativos, reflexivos, críticos e participativos na sociedade em que vivem. A didática tem grande relevância no processo educativo de ensino e aprendizagem, pois ela auxilia o docente a desenvolver métodos que favoreça o desenvolvimento de habilidades cognoscitivas tornando mais fácil o processo de aprendizagem dos indivíduos. Didática - Libâneo Didática é considerada como arte e ciência do ensino, o objetivo deste artigo é analisar o processo didático educativo e suas contribuições positivas para um melhor desempenho no processo de ensino-aprendizagem. Como arte a didática não objetiva apenas o conhecimento por conhecimento, mas procura aplicar os seus próprios princípios com a finalidade de desenvolver no individuo as habilidades cognoscitivas, tornando-os críticos e reflexivos, desenvolvendo assim um pensamento independente. Nesse Artigo abordamos esse assunto acerca das visões de Libâneo (1994), destacando as relações e os processos didáticos de ensino e aprendizagem, o CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 28 caráter educativo e crítico desse processo de ensino, levando em consideração o trabalho docente além da organização da aula e seus componentes didáticos do processo educacional tais como objetivos, conteúdos, métodos, meios de ensino e avaliação. Concluímos o nosso trabalho ressaltando a importância da didática no processo educativo de ensino e aprendizagem. PROCESSOS DIDÁTICOS BÁSICOS, ENSINO E APRENDIZAGEM. A Didática é o principal ramo de estudo da pedagogia, pois ela situa-se num conjunto de conhecimentos pedagógicos, investiga os fundamentos, as condições e os modos de realização da instrução e do ensino, portanto é considerada a ciência de ensinar. Nesse contexto, o professor tem como papel principal garantir uma relação didática entre ensino e aprendizagem através da arte de ensinar, pois ambos fazem parte de um mesmo processo. Segundo Libâneo (1994), o professor tem o dever de planejar, dirigir e controlar esse processo de ensino, bem como estimular as atividades e competências próprias do aluno para a sua aprendizagem. A condição do processo de ensino requer uma clara e segura compreensão do processode aprendizagem, ou seja, deseja entender como as pessoas aprendem e quais as condições que influenciam para esse aprendizado. Sendo assim Libâneo (1994) ressalta que podemos distinguir a aprendizagem em dois tipos: aprendizagem casual e a aprendizagem organizada. a. Aprendizagem casual: É quase sempre espontânea, surge naturalmente da interação entre as pessoas com o ambiente em que vivem, ou seja, através da convivência social, observação de objetos e acontecimentos. b. Aprendizagem organizada: É aquela que tem por finalidade específica aprender determinados conhecimentos, habilidades e normas de convivência social. Este tipo de aprendizagem é transmitido pela escola, que é uma organização intencional, planejada e sistemática, as finalidades e condições da aprendizagem escolar é tarefa específica do ensino (LIBÂNEO, 1994. Pág. 82). Esses tipos de aprendizagem tem grande relevância na assimilação ativa dos indivíduos, favorecendo um conhecimento a partir das circunstâncias vivenciadas pelo mesmo. O processo de assimilação de determinados conhecimentos, habilidades, percepção e reflexão é desenvolvido por meios atitudinais, motivacionais e intelectuais do aluno, sendo o professor o principal orientador desse processo de assimilação ativa, é através disso que se pode adquirir um melhor entendimento, favorecendo um desenvolvimento cognitivo. Através do ensino podemos compreender o ato de aprender que é o ato no qual assimilamos mentalmente os fatos e as relações da natureza e da sociedade. Esse processo de assimilação de conhecimentos é resultado da reflexão proporcionada pela percepção prático-sensorial e pelas ações mentais CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 29 que caracterizam o pensamento (Libâneo, 1994). Entendida como fundamental no processo de ensino a assimilação ativa desenvolve no individuo a capacidade de lógica e raciocínio, facilitando o processo de aprendizagem do aluno. Sempre estamos aprendendo, seja de maneira sistemática ou de forma espontânea, teoricamente podemos dizer que há dois níveis de aprendizagem humana: o reflexo e o cognitivo. O nível reflexo refere-se às nossas sensações pelas quais desenvolvemos processos de observação e percepção das coisas e nossas ações físicas no ambiente. Este tipo de aprendizagem é responsável pela formação de hábitos sensório motor (Libâneo, 1994). O nível cognitivo refere-se à aprendizagem de determinados conhecimentos e operações mentais, caracterizada pela apreensão consciente, compreensão e generalização das propriedades e relações essenciais da realidade, bem como pela aquisição de modos de ação e aplicação referentes a essas propriedades e relações (Libâneo, 1994). De acordo com esse contexto podemos despertar uma aprendizagem autônoma, seja no meio escolar ou no ambiente em que estamos. Pelo meio cognitivo, os indivíduos aprendem tanto pelo contato com as coisas no ambiente, como pelas palavras que designam das coisas e dos fenômenos do ambiente. Portanto as palavras são importantes condições de aprendizagem, pois através delas são formados conceitos pelos quais podemos pensar. O ensino é o principal meio de progresso intelectual dos alunos, através dele é possível adquirir conhecimentos e habilidades individuais e coletivas. Por meio do ensino, o professor transmite os conteúdos de forma que os alunos assimilem esse conhecimento, auxiliando no desenvolvimento intelectual, reflexivo e crítico. Por meio do processo de ensino o professor pode alcançar seu objetivo de aprendizagem, essa atividade de ensino está ligada à vida social mais ampla, chamada de prática social, portanto o papel fundamental do ensino é mediar à relação entre indivíduos, escola e sociedade. O CARÁTER EDUCATIVO DO PROCESSO DE ENSINO E O ENSINO CRÍTICO. De acordo com Libâneo (1994), o processo de ensino, ao mesmo tempo em que realiza as tarefas da instrução de crianças e jovens, também é um processo educacional. No desempenho de sua profissão, o professor deve ter em mente a formação da personalidade dos alunos, não apenas no aspecto intelectual, como também nos aspectos morais, afetivos e físicos. Como resultado do trabalho escolar, os alunos vão formando o senso de observação, a capacidade de exame objetivo e crítico de fatos e fenômenos da natureza e das relações sociais, habilidades CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 30 de expressão verbal e escrita. A unidade instrução-educação se reflete, assim, na formação de atitudes e convicções frente à realidade, no transcorrer do processo de ensino. O processo de ensino deve estimular o desejo e o gosto pelo estudo, mostrando assim a importância do conhecimento para a vida e o trabalho, (LIBÂNEO, 1994). Nesse processo o professor deve criar situações que estimule o indivíduo a pensar, analisar e relacionar os aspectos estudados com a realidade que vive. Essa realização consciente das tarefas de ensino e aprendizagem é uma fonte de convicções, princípios e ações que irão relacionar as práticas educativas dos alunos, propondo situações reais que faça com que os individuo reflita e analise de acordo com sua realidade (TAVARES, 2011). È através desse ensino crítico que os processos mentais são desenvolvidos, formando assim uma atitude intelectual. Nesse contexto os conteúdos deixam de serem apenas matérias, e passam então a ser transmitidos pelo professor aos seus alunos formando assim um pensamento independente, para que esses indivíduos busquem resolver os problemas postos pela sociedade de uma maneira criativa e reflexiva. A DIDÁTICA E O TRABALHO DOCENTE Como vimos anteriormente à didática estuda o processo de ensino no seu conjunto, no qual os objetivos, conteúdos fazem parte, de modo a criar condições que garantam uma aprendizagem significativa dos alunos. Ela ajuda o professor na direção, orientação das tarefas do ensino e da aprendizagem, dando a ele uma segurança profissional. Segundo Libâneo (1994), o trabalho docente também chamado de atividade pedagógica tem como objetivos primordiais: Assegurar aos alunos o domínio mais seguro e duradouro possível dos conhecimentos científicos; Criar as condições e os meios para que os alunos desenvolvam capacidades e habilidades intelectuais de modo que dominem métodos de estudo e de trabalho intelectual visando a sua autonomia no processo de aprendizagem e independência de pensamento; Orientar as tarefas de ensino para objetivo educativo de formação da personalidade, isto é, ajudar os alunos a escolherem um caminho na vida, a terem atitudes e convicções que norteiem suas opções diante dos problemas e situações da vida real (LIBÂNEO, 1994, Pág. 71). Para Libâneo (1994), a didática trata dos objetivos, condições e meios de realização do processo de ensino, ligando meios pedagógico-didáticos a objetivos sócio - políticos. Não há técnica pedagógica sem uma concepção de homem e de sociedade, sem uma competência técnica para realiza-la CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 31 educacionalmente, portanto o ensino deve ser planejado e ter propósitos claros sobre suas finalidades, preparando os alunos para viverem em sociedade. É papel de o professor planejar a aula, selecionar, organizar os conteúdos de ensino, programar atividades, criar condições favoráveis de estudo dentro da sala de aula, estimular a curiosidade e criatividade dos alunos, ou seja, o professor dirige as atividades de aprendizagem dos alunos a fim de que estes se tornem sujeitos ativos da própria aprendizagem. Um professor que aspira ter uma boa didática necessita aprender a cada dia como lidar com a subjetividade do aluno, sua linguagem, suas percepções e sua prática de ensino. Sem essas condições o professor será incapazde elaborar problemas, desafios, perguntas relacionadas com os conteúdos, pois essas são as condições para que haja uma aprendizagem significativa. No entanto para que o professor atinja efetivamente seus objetivos, é preciso que ele saiba realizar vários processos didáticos coordenados entre si, tais como o planejamento, a direção do ensino da aprendizagem e da avaliação (LIBÂNEO, 1994). Para que o processo de ensino-aprendizagem aconteça de modo mais organizado faz-se necessário, classificar os objetivos de acordo com os seus propósitos e abrangência, se são mais amplos, denominados objetivos gerais e se são destinados a determinados fins com relação aos alunos, chamados de objetivos específicos. a. Objetivos Gerais: exprimem propósitos mais amplos acerca do papel da escola e do ensino diante das exigências postas pela realidade social e diante do desenvolvimento da personalidade dos alunos (LIBANÊO, 1994- pág. 121). Por isso ele também afirma que os objetivos educacionais transcendem o espaço da sala de aula atuando na capacitação do indivíduo para as lutas sociais de transformação da sociedade, e isso fica claro, uma vez que os objetivos têm por fim formar cidadãos que venham a atender os anseios da coletividade. b. Objetivos Específicos: compreendem as intencionalidades específicas para a disciplina, os caminhos traçados para que se possa alcançar o maior entendimento, desenvolvimento de habilidades por parte dos alunos que só se concretizam no decorrer do processo de transmissão e assimilação dos estudos propostos pelas disciplinas de ensino e aprendizagem. Expressam as expectativas do professor sobre o que deseja obter dos alunos no decorrer do processo de ensino. Têm sempre um caráter pedagógico, porque explicitam a direção a ser estabelecida ao trabalho escolar, em torno de um programa de formação. (TAVARES, 2001- Pág. 66). CONTEÚDOS Os conteúdos de ensino são constituídos por um conjunto de conhecimentos. É a forma pela qual, o professor expõem os saberes de uma disciplina para ser trabalhado por ele e pelos seus alunos. Esses saberes são advindos do CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 32 conjunto social formado pela cultura, a ciência, a técnica e a arte. Constituem ainda o elemento de mediação no processo de ensino, pois permitem ao discente através da assimilação o conhecimento histórico, cientifico, cultural acerca do mundo e possibilitam ainda a construção de convicções e conceitos. O professor, na sala de aula, utiliza-se dos conteúdos da matéria para ajudar os alunos a desenvolverem competências e habilidades de observar a realidade, perceber as propriedades e características do objeto de estudo, estabelecer relações entre um conhecimento e outro, adquirir métodos de raciocínio, capacidade de pensar por si próprios, fazer comparações entre fatos e acontecimentos, formar conceitos para lidar com eles no dia-a-dia de modo que sejam instrumentos mentais para aplicá-los em situações da vida prática (LIBÂNEO 2001, pág. 09). MÉTODOS DE ENSINO Métodos de ensino são as formas que o professor organiza as suas atividades de ensino e de seus alunos com a finalidade de atingir objetivos do trabalho docente em relação aos conteúdos específicos que serão aplicados. Os métodos de ensino regulam as formas de interação entre ensino e aprendizagem, professor e os alunos, na qual os resultados obtidos é assimilação consciente de conhecimentos e desenvolvimento das capacidades cognoscitivas e operativas dos alunos. Segundo Libâneo (1994) a escolha e organização os métodos de ensino devem corresponder à necessária unidade objetivos conteúdos métodos e formas de organização do ensino e as condições concretas das situações didáticas. Os métodos de ensino dependem das ações imediatas em sala de aula, dos conteúdos específicos, de métodos peculiares de cada disciplina e assimilação, além disso, esses métodos implica o conhecimento das características dos alunos quanto à capacidade de assimilação de conteúdos conforme a idade e o nível de desenvolvimento mental e físico e suas características socioculturais e individuais. AVALIAÇÃO ESCOLAR A avaliação escolar é uma tarefa didática necessária para o trabalho docente, que deve ser acompanhado passo a passo no processo de ensino e aprendizagem. Através da mesma, os resultados vão sendo obtidos no decorrer do trabalho em conjunto entre professores e alunos, a fim de constatar progressos, dificuldades e orientá-los em seus trabalhos para as correções necessárias. Libâneo (1994). A avaliação escolar é uma tarefa complexa que não se resume à realização de provas e atribuição de notas, ela cumpre funções pedagógico-didáticas, de diagnóstico e de controle em relação ao rendimento escolar. A função pedagógico-didática refere-se ao papel da avaliação no cumprimento dos objetivos gerais e específicos da educação escolar. Ao comprovar os CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 33 resultados do processo de ensino, evidencia ou não o atendimento das finalidades sociais do ensino, de preparação dos alunos para enfrentar as exigências da sociedade e inseri-los ao meio social. Ao mesmo tempo, favorece uma atitude mais responsável do aluno em relação ao estudo, assumindo-o como um dever social. Já a função de diagnóstico permite identificar progressos e dificuldades dos alunos e a atuação do professor que, por sua vez, determinam modificações do processo de ensino para melhor cumprir as exigências dos objetivos. A função do controle se refere aos meios e a frequência das verificações e de qualificação dos resultados escolares, possibilitando o diagnóstico das situações didáticas (LIBÂNEO, 1994). No entanto a avaliação na pratica escolar nas escolas tem sido bastante A PROFISSÃO DOCENTE E SUA REPERCUSSÃO SOCIAL Segundo Libâneo (1994) o trabalho docente é a parte integrante do processo educativo mais global pelo qual os membros da sociedade são preparados para a participação da vida social. Com essas palavras Libâneo deixa bem claro o importante e essencial papel do professor na inserção e construção social de cada individuo em formação. O educador deve ter como principal e fundamental compromisso com a sociedade formar alunos que se tornem cidadãos ativos, críticos, reflexivos e participativos na vida social. O docente no processo de ensino e aprendizagem é a ponte de mediação entre o aluno em formação e o meio social no qual está inserido; uma vez que ele vai através de instruções, conteúdos e métodos orientar aos seus alunos a viver socialmente. Sendo a educação um fenômeno social necessário à existência e funcionamento de toda a sociedade, exige-se a todo instante do professor as competências técnicas e teóricas para a transmissão desses conhecimentos que são essenciais para a manutenção e progresso social. O processo educacional, notadamente os objetivos, conteúdos do ensino e o trabalho do professor são regidos por uma série de exigências da sociedade, ao passo que a sociedade reclama da educação a adequação de todos os componentes do ensino aos seus anseios e necessidades. Porém a prática educativa não se restringe as exigências da vida em sociedade, mas também ao processo de promover aos indivíduos os saberes e experiências culturais que o tornem aptos a atuar no meio social e transformá-lo em função das necessidades econômicas, sociais e políticas da coletividade (LIBÂNEO, 1994 pág.17). O professor deve formar para a emancipação, reflexão, criticidade e atuação social do indivíduo e não para a submissão ou o comodismo. CR CURSOS PREPARATÓRIOS WWW.crcursosprepatorios.com Página 34 EMÍLIA FERREIRO, ANA TEBEROSKY E A PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA Antes da entrada
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