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Origem, formação e evolução do Estado

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Material de Apoio – Teoria do Estado 2015/1 
 
 
TEORIA GERAL DO ESTADO 
 
ORIGEM, FORMAÇÃO E EVOLUÇÃO DO ESTADO 
 
 O termo Estado foi usado pioneiramente por Maquiavel em “O Príncipe”, 
escrito em 1513, do latim status = estar firme, significando situação permanente de 
convivência e ligada à sociedade política, passando a ser usado pelos italianos sempre 
ligado ao nome de uma cidade independente. 
Definição abrangente de Estado  “uma instituição organizada política, social e 
juridicamente, ocupa um território definido e, na maioria das vezes, sua lei maior é 
uma Constituição escrita. É dirigido por um governo soberano reconhecido interna e 
externamente, sendo responsável pela organização e pelo controle social, pois detém 
o monopólio legítimo do uso da força e da coerção.”1 
 De forma geral e preliminar, pode-se definir Estado como uma instituição 
política e jurídica, organizada, que ocupa território definido e possui uma lei maior, 
normalmente, uma Constituição. 
Porém, para que se torne possível, definir efetivamente o que é o Estado, 
necessário se faz abordar sua origem, história (filosofia grega, os contratualistas, etc 
...) para então analisar os elementos constitutivos do Estado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 DE CICCO, Cláudio; GONZAGA, Álvaro de Azevedo. Teoria geral do Estado e ciência 
política. 4.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p. 47. 
Porém, para que se torne possível, definir efetivamente o que é o 
Estado, necessário se faz abordar sua origem, história (filosofia 
grega, os contratualistas, etc ...) para então analisar os elementos 
constitutivos do Estado. 
 
Material de Apoio – Teoria do Estado 2015/1 
 
 
Origem histórica e causas da formação do Estado2 
 
Sob o ponto de vista da época do aparecimento do Estado, as inúmeras teorias 
existentes podem se resumir da seguinte forma 
 
1) O Estado sempre existiu: desde que o homem vive sobre a Terra 
acha-se integrado numa organização social, dotada de poder e com 
autoridade para determinar o comportamento de todo o grupo. 
 
2) A sociedade humana existiu sem o Estado durante um certo 
período. Depois, por motivos diversos, este foi constituído para 
atender às necessidades ou às conveniências dos grupos sociais, não 
havendo concomitância na formação do Estado em diferentes 
lugares, uma vez que este foi aparecendo de acordo com as 
condições concretas de cada lugar. Esta posição é defendida pela 
maioria dos autores. 
 
3) Só é admitido como Estado a sociedade política dotada de certas 
características muito bem definidas. Justificando esse ponto de 
vista, um dos adeptos dessa tese, Karl Schmidt, diz que o conceito de 
Estado não é um conceito geral válido para todos os tempos, mas é 
um conceito histórico concreto, que surge quando nascem a idéia e a 
prática da soberania, o que só ocorreu no século XVII. 
 
Sob o ponto de vista da formação originária do Estado: 
 
1) Teorias que afirmam a formação natural ou espontânea do Estado, não 
havendo entre elas uma coincidência quanto à causa, mas tendo todas em 
comum a afirmação de que o Estado se formou naturalmente, não por um 
ato puramente voluntário. 
 
2 Baseado em DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. 
Material de Apoio – Teoria do Estado 2015/1 
 
 
2) Teorias que sustentam a formação contratual dos Estados: crendo que foi 
a vontade de alguns homens, ou então de todos os homens, que levou à 
criação do Estado. 
 
* De maneira geral, os adeptos da formação contratual da sociedade é que 
defendem a tese da criação contratualista do Estado. 
 
Sob o ponto de vista das causas determinantes do aparecimento do Estado: 
1) Teoria da origem familiar ou patriarcal: para esta teoria, a primeira 
organização social humana é a família. A origem do Estado seria, então, 
uma ampliação da família patriarcal. 
 
2) Teoria da força: “[...] a superioridade de força de um grupo social permitiu 
que este submetesse um grupo mais fraco, nascendo o Estado dessa 
conjunção de dominantes e dominados.3” 
 
3) Teoria da origem patrimonial: Os homens vivem em sociedade porque 
precisam uns dos outros para sobreviver. O Estado nasce para proteger os 
homens e suas propriedades. Além disso, o Estado teria sido formado para 
se aproveitarem os benefícios da divisão do trabalho, integrando-se as 
diferentes atividades profissionais, caracterizando-se, assim, o motivo 
econômico. 
 
4) Teoria do desenvolvimento interno da sociedade: aquelas sociedades que 
atingem maior grau de desenvolvimento e alcançam uma forma complexa 
têm absoluta necessidade do Estado, e então ele se constitui. É o próprio 
desenvolvimento espontâneo da sociedade que dá origem ao Estado. 
 
 
 
3 DALLARI, p. 54. 
Material de Apoio – Teoria do Estado 2015/1 
 
Além das teorias abordadas sobre a formação originária do Estado, a criação deste 
pode se dar por formação derivada, mediante: 
 
(i) Fracionamento  quando uma parte do território se desmembra e passa a 
constituir um novo Estado, seja por meios pacíficos ou violentos; 
(ii) ou União  quando há uma união de Estados, constituindo-se apenas um. 
 
* São várias teorias fundamentam a origem das primeiras sociedades 
politizadas e, por consequência, do Estado. 
* Ocorre que o surgimento do Estado pode não ter origem em apenas uma 
teoria. 
* É da essência do ser humano viver em sociedade, que se mantém a partir de 
uma organização, de forma que as teorias e justificativas não raro dialogam. 
 
Evolução histórica do Estado 
 
Com pequenas variações, a maior parte dos autores aborda esta questão a 
partir da seqüências cronológica: Estado Antigo, Estado Grego, Estado Romano, Estado 
Medieval e Estado Moderno. 
 
ESTADO ANTIGO 
 
* Também denominado de Estado Oriental ou Teocrático, os autores definem 
aquelas formas de Estado “mais recuadas no tempo, que apenas começavam a definir-
se entre as antigas civilizações do Oriente propriamente dito ou do Mediterrâneo”4. 
* caracterizado pela religiosidade e natureza unitária, podendo-se apontar, 
ainda, como características: 
 Organização econômica confusa, sem diferenciação aparente; 
 Sem diferenciação entre o pensamento político, religião, moral, filosofia, 
doutrinas econômicas 
 
4 DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. p; 62. 
Material de Apoio – Teoria do Estado 2015/1 
 
 Natureza unitária  sem divisões interiores (permanente, durando todo o 
período da antiguidade), nem territorial, nem de funções. 
 Formação monárquica – combinada com a teocracia (religiosidade)  o 
monarca é adorado como um deus. 
 Religiosidade marcante – a força da religião nesse período levou alguns 
autores a chamarem o Estado Antigo como “Estado Teocrático”. 
 A influência religiosa é vista sobre os governantes e normas, que refletem a 
vontade do poder divino. 
 Em razão dessa religiosidade: 
o Em certos casos, o governo é unipessoal governador é considerado, 
também, representante do poder divino. 
o Em outros casos, o poder do governo é limitado pelo poder divino, 
pela classe sacerdotal, existindo dois poderes, um humano e um 
divino, variando sua influência de acordo com as circunstâncias. 
 
ESTADO GREGO 
 
 Caracterizado pela existência da polis, poder absoluto e unitário, cujo ideal 
visava a auto-suficiência. 
 “Embora seja comum a referência ao Estado Grego,na verdade não se tem 
notícia da existência de um Estado único, englobando toda a civilização 
helênica”5. 
 Os costumes adotados em Atenas e Esparta, dois Estados gregos, eram 
profundamente diferentes, mas sua concepção como sociedade política era 
muito semelhante, o que permite a generalização, ao se falar em um Estado 
Grego. 
 A característica fundamental era a cidade-Estado (polis), como a sociedade 
política de maior expressão. 
 
5 DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. p. 63. 
Material de Apoio – Teoria do Estado 2015/1 
 
 A polis grega de acordo com Aristóteles  era uma sociedade constituída 
por diversas aldeias (ou burgos), formando uma cidade completa, com todos 
os meios de abastecer-se a si mesma. 
 Há, com relação a polis grega, uma noção de autossuficiência, de forma que, 
ainda que houvesse a busca pela conquista e dominação de outros povos, 
não havia a integração entre vencedores e vencidos, já que não havia uma 
efetivação da expansão territorial. 
 O Estado Grego tem como principal característica a difusão da democracia, 
mas não nos termos que se tem hoje, já que apenas uma elite poderia 
compor a classe política e participar das decisões do Estado. 
 Havia uma democracia restritiva no Estado Grego, mas participativa, já que 
os cidadãos (grupo restrito – elite) podiam participar das assembleias, que 
decidiriam importantes questões políticas da cidade-Estado. 
 Democracia era direta  exercida em praça pública. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A contribuição dos Sofistas 
 
* O termo “sofista” significa “sábio” ou “mestre da sabedoria”, mas acabou 
adquirindo uma conotação pejorativa, acabando por desqualificar o pensamento 
daqueles filósofos, em razão da metodologia utilizada nos seus ensinamentos – a 
retórica, enquanto arte de persuadir. 
Por isso, o principal legado deixado pelo Estado Grego 
foi a noção de participação política, a cidadania e a 
democracia. 
 
Material de Apoio – Teoria do Estado 2015/1 
 
* Para os Sofistas existem dois juízos sobre cada coisa, cada um com 
possibilidade de ser verdadeiros, dependendo do ponto de vista. Contudo, só com a 
argumentação e a persuasão é que o mais forte prevalecerá. 
* Os sofistas eram poetas, matemáticos, astrólogos, historiadores. Não possuíam 
uma escola, mas possuíam em comum o pensamento crítico. 
* Os sofistas se compunham de grupos de mestres gregos que viajavam de 
cidade em cidade realizando aparições públicas para atrair estudantes, de quem 
cobravam taxas para oferecer-lhes educação. 
* O foco central de seus ensinamentos concentrava-se no discurso, com foco em 
estratégias de argumentação. 
* Os sofistas ensinavam que a partir do uso da palavra, dos argumentos, do 
discurso e da retórica, não existiam verdades absolutas, mas relativas, já que poderiam 
ser refutadas por outros argumentos. 
* Os mestres sofistas alegavam que podiam “melhorar” seus discípulos, ou, em 
outras palavras, que a “virtude” seria passível de ser ensinada. 
 
 
 
 
* Trata-se de Escola que traz uma visão de direito natural posto a serviço da 
mudança, um direito centrado na natureza humana e fruto das relações entre os 
homens, não uma obra dos deuses. 
* Seus argumentos eram em torno da realidade natural, proclamando a natureza 
comum de todos os homens, e direitos comuns a todos os homens. Para eles a lei 
humana era produto do arbítrio, uma convenção a fim de satisfazer os interesses 
 
Principais sofistas conhecidos: Protágoras (481 a.C.-420 a.C.), Górgias (483 
a.C.-376 a.C.), e Isócrates (436 a.C.-338 a.C.). 
 
Material de Apoio – Teoria do Estado 2015/1 
 
particulares daquele que as elaborou. Assim, a natureza estava em posição superior a 
lei. 
* Na natureza a regra é a desigualdade e só por convenção é que os homens 
reivindicam uma distribuição igualitária. 
* Para eles o justo legal não corresponde ao justo natural, com isso a moral, a 
ética e o Direito perdem suas características divinas para se instalarem no homem. 
* O direito não é obra dos deuses é fruto das relações entre os homens, 
respaldando-se no poder e nas convenções aceitas. 
* Sofistas: “Enquanto uma escola filosófica grega denominada de sofistas vê a 
autoridade governamental como um meio para assegurar a autossatisfação dos 
governantes, Platão ensina que por meio da justiça (enquanto qualidade espiritual em 
virtude do qual os homens se afastam do desejo de provar todos os prazeres e de 
extrair uma satisfação egoísta de todas as coisas), os homens se acomodam ao 
exercício de uma função determinada para o benefício geral, postulando ainda que a 
cidade não é objeto de autossatisfação do Estadista, mas um organismo do qual 
participa e no qual exerce uma atividade definida”6. 
Sofistas: se Deus é bom, porque a diferença social, porque é só para uma 
minoria que existe?Os sofistas dizem que a lei é uma ficção, é porque um homem de 
carne e osso quis. 
 * Os sofistas vêem a autoridade governamental com meio que assegura a 
autossatisfação dos governantes. A lei para os sofistas é uma invenção da inteligência 
do rei. 
* Assim, o Estado surge da impossibilidade de cada indivíduo bastar para si próprio, ou 
seja, como o indivíduo tem necessidade de uma série de coisas e como cada indivíduo 
nasce com um dom (da caça, da força, do trabalho, da intelectualidade,...), há a 
necessidade de se reunirem, a fim de que uns supram a necessidade dos outros. 
* E essa organização de pessoas para suprir as necessidades uma das outras é que 
constitui a Cidade. E, para regular todas as situações que passa a ocorrer na cidade há 
a criação das leis pelo Estado. 
 
6 LEAL, Rogério Gesta. Teoria do Estado: cidadania e poder político na modernidade. Porto 
Alegre: Livraria do Advogado, 1997, p. 19. 
Material de Apoio – Teoria do Estado 2015/1 
 
 Entendiam os sofistas que todos os homens nascem iguais, mas as leis 
introduzem a desigualdade e a escravidão, contra a qual lutavam tentando 
aboli-la. 
 Para os sofistas a autoridade governamental é um meio para assegurar a 
autossatisfação dos governantes, ao passo que Platão estabelece que por meio 
da justiça os homens assumem funções governamentais com o objetivo de 
contribuir para o benefício geral. 
 
 Pelo fato de que suas ideias possuíam um teor revolucionário, crítico, foram 
extremamente combatidos por Sócrates, Platão e Aristóteles. 
 
ESTADO ROMANO 
 
* Semelhante ao Estado Grego. 
* Roma constituiu-se pelo grupamento de famílias (as gens)7. 
* Expandiu seu domínio por uma grande parte do mundo, aspirando até mesmo 
um império mundial. 
* Por mais que se possa falar na existência de um Império Romano, o Estado 
Romano teve sua origem em um pequeno agrupamento humano. 
* Assim como no Estado Grego, o povo participava do governo de forma direta, 
porém a noção de povo era muito restritiva. 
* Aos poucos, de forma lenta, outras camadas sociais foram adquirindo direitos, 
até o desaparecimento da base familiar e ascendência de uma nobreza tradicional8. 
* “ [...] verifica-se que só nos últimos tempos, quando já despontava a idéia de 
Império, que seria uma das marcas do Estado Medieval, foi que Roma pretendeu 
realizar a integração jurídica dos povos conquistados, mas, mesmo assim, procurando 
manter um sólido núcleo de poder político, que assegurasse a unidade e a ascendência 
da Cidade de Roma.” 9 
 
7 DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. p. 65. 
8 Ibidem, p. 65.9 Ibidem, p. 65. 
Material de Apoio – Teoria do Estado 2015/1 
 
* Mais ou menos nos anos de 212 a.C., com o edito de Caracala é que se fez a 
referida integração, de forma que seriam naturalizados todos os indivíduos 
pertencentes aos estados dominados pelo Império Romano. 
* Com o Edito de Milão, Constantino, por volta do ano 313 a.C., assegurou a 
liberdade religiosa em Roma, o que foi determinante para o início da queda do 
Império. 
* A cidadania romana era restrita  estrangeiros e escravos estavam excluídos 
e, dentre os cidadãos romanos, somente uma parte podia participar das decisões 
políticas – classes restritas. 
* Poder político era exercido pelos governantes supremos, os magistrados e, 
“durante muito tempo as principais magistraturas foram reservadas às famílias 
patrícias”10. 
 
 Nesse período surgiu o Cristianismo, abalando as concepções sociais romanas, 
reconhecendo a pessoa uma posição nova na comunidade política e contestando o 
caráter sagrado do Imperador. 
 
 
 
* A decadência do Império Romano ocorreu com as invasões bárbaras, que selou 
o fim do Estado na Europa ocidental. 
* Como consequência da invasão dos bárbaros, houve a descentralização 
política, administrativa e econômica do Estado. 
 
10 DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. p. 65. 
A pessoa passa a ser um valor em si mesma, criada a imagem e semelhança de Deus. 
Material de Apoio – Teoria do Estado 2015/1 
 
* Devido à instabilidade política e econômica interna e às migrações dos povos 
bárbaros, a parte ocidental do império dividiu-se em reinos independentes no século 
V. Esta desintegração é o marco que se usa para dividir a Antiguidade da Idade Média. 
 
ESTADO MEDIEVAL 
 
* A Idade Média ou Medievo é o período compreendido entre a queda do 
Império Romano (séc. V, 476, a. C.) e a queda de Constantinopla (1453) ou a 
descoberta das Américas (1492). Não há homogeneidade – séculos V a XV. 
 
* Quanto ao Estado, trata-se de um período dos mais difíceis, instáveis e 
heterogêneos, de modo a não ser fácil caracterizar o Estado Medieval. 
 
 Segundo Dallari, é possível apontar “os principais elementos que se fizeram 
presentes na sociedade política medieval, conjugando-se para a caracterização do 
Estado Medieval, que foram o cristianismo, as invasões dos bárbaros e o 
feudalismo”11. 
 
 O Cristianismo – é a base da aspiração à universalidade. Visa a igualdade entre 
os homens. Buscava a unidade política, pois a Igreja concluiu que todos os 
cristãos deveriam ser integrados em uma só sociedade. 
Contudo, a existência de multiplicidade de centros de poder (reinos, senhorios, 
comunas, etc) fizeram com que existisse uma autoridade política (Imperador) e 
uma autoridade eclesiástica (Papa), que permaneceram até o final da Idade 
Média em disputas pelo poder. 
Somente com o nascimento do Estado Moderno, com a supremacia dos 
monarcas é que terminará esta disputa. 
 As invasões bárbaras – foram incursões de hordas armadas pelo território do 
Império Romano, que acabaram por transformar a ordem estabelecida. Os 
bárbaros incluíam povos de toda a Europa (especialmente do norte – 
 
11 DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. p. 66. 
Material de Apoio – Teoria do Estado 2015/1 
 
germanos, eslavos, godos, etc) e acabaram por modificar as regiões invadidas, 
introduzindo novos costumes e influenciando-as a constituírem-se de unidades 
políticas independentes. A partir das invasões bárbaras começaram a surgir 
inúmeros Estados. 
 O Feudalismo – a influência do feudalismo caracterizou o Estado Medieval. 
Com as invasões e as guerras internas, o desenvolvimento do comércio tornou-
se mais difícil. 
Houve uma valorização maior da terra, de onde todos (ricos, pobres, poderosos 
ou não) deveriam tirar seu sustento. 
A situação patrimonial passou a ser mais considerada, pois quem tinha 
propriedade (terra) passava a se utilizar da mão de obra de quem não a 
detinha, para cultivo. 
Assim, havia um senhor feudal – proprietário de terras; vassalos – proprietários 
menos poderosos que estavam a serviço do senhor feudal, dando-lhe apoio nas 
guerras e pagando uma contribuição pecuniária, em troca de proteção; servos 
– o chefe de família que não possuía terra recebia uma faixa do senhor feudal 
para cultivar, extraindo da terra o sustento de sua família, devendo entregar ao 
senhor uma parcela da produção (contrato que se denominava benefício). O 
senhor feudal tinha o direito de vida e de morte sobre o servo e sua família; 
imunidade – era um instituto pelo qual era concedida isenção de tributo às 
terras sujeitas ao benefício. 
 
* dissolução da idéia de Estado  pois há uma hierarquia de titularidade e 
exercício do poder político numa cadeia de soberanos e vassalos, ligados por 
vínculos contratuais. Trata-se, pois, de uma espécie de descentralização do 
Estado e o poder é privatizado. 
 
* Cada “feudo” era considerado um centro de poder (sistema de poderes 
superpostos) e por vezes havia colisão de interesses entre o poder real e o 
poder do senhor feudal, que ditava as regras e ditava a vida dos vassalos dentro 
de seus limites territoriais. 
Material de Apoio – Teoria do Estado 2015/1 
 
* A jurisdição, a aplicação do direito pertencia ao senhor feudal e era exercida 
sobre todas as pessoas que viviam sob sua autoridade. 
 
* Igreja católica  ao tempo que impõe limites ao poder do senhor feudal, 
caracteriza-se como a principal rival do feudalismo. 
 
No período do Estado Medieval, direito e justiça continuam a ser tratados como 
sinônimos, como dados postos pela natureza, onde se agrega o fator teológico, 
notadamente a partir da obra de Santo Tomas de Aquino: “O direito natural (natureza 
física e social) é justo por ser a natureza obra da criação de Deus, que possibilita ao 
homem pela sua própria natureza racional, facilmente conhecê-lo, embora não alterá-
lo”12. 
 
* Por volta dos séculos XI e XII, a Europa feudal entra na fase decisiva de seu 
desenvolvimento, por diversos motivos: 
 aumento da produtividade econômica dos feudos; 
 expansão das vilas e cidades; 
 dinamização das atividades e da vida social, resultando num 
crescimento do comércio e a organização dos ofícios em Corporações. 
Surge uma nova categoria social, caracterizada pela atividade do comércio e 
circulação de mercadorias: A BURGUESIA. 
 
 Aspectos sociais 
 Desenvolvimento e fomento do intercâmbio com o oriente; 
 O clero vai firmando sua hegemonia política; 
 Um período de esclarecimento vai tomando conta do cotidiano das 
cidades; 
 Surgem os primeiros centros de reprodução do conhecimento: 
Universidade de Oxford, Cambridge, Bologna, Salerno, Paris e Coimbra. 
 
 
12 CORRÊA, Darcísio. A construção da cidadania: reflexões histórico-políticas. 4.ed. Ijuí: Unijuí, 
2006, p. 43. 
Material de Apoio – Teoria do Estado 2015/1 
 
 Aspectos políticos 
Com esse desenvolvimento há um fortalecimento do Estado Monárquico na 
França, surgimento do Parlamento na Inglaterra e fragmentação do Sacro Império 
Romano-Germânico. 
 
 Direito Canônico 
Durante esse período, na Europa vige o Direito Canônico, com a primazia da 
autoridade espiritual. 
 Vige na Europa o Direito Canônico: regulando a conduta da Igreja, fixando suas 
relações hierárquicas, seus tribunais. 
 Exerce uma censura rigorosa sobre os costumes, aparentemente fundada nas 
divindades, incutindo elementos da moral religiosa no Direitoe nas leis que até 
hoje existem. 
 Por fim, o Grande Cisma (1378 a 1417) - divide a cristandade, mina as bases do 
poder clerical, oportunizando o surgimento de um pensamento mais mundano 
e próximo da realidade terrena. 
 A expressão Grande Cisma pode referir-se a dois momentos de grande 
cisão dentro do Cristianismo: 
 o Grande Cisma do Ocidente (1378-1417), período durante o qual a 
Igreja Católica se cindiu em duas facções, uma fiel ao Papa de Roma, 
outra ao de Avinhão. 
 o Grande Cisma do Oriente (1054), que ditou a excomunhão mútua 
entre o Papa e o Patriarca de Constantinopla, donde resultou a 
separação definitiva das Igreja Católica e Ortodoxa; 
 A Igreja firma acordo com os Estados, reconhecendo sua soberania (dos 
Estados) – a sociedade começa a movimentar-se com suas próprias pernas, 
independente do auxílio de Deus. 
 
 
 
 
 
Material de Apoio – Teoria do Estado 2015/1 
 
 
 Afirmação da Monarquia 
 
Surge na Inglaterra a preocupação de limitar o poder absoluto do Rei e da Igreja, 
através de instrumentos de mediação à organização política e do governo. 
Com o tempo a Igreja reconhece a soberania dos Estados. 
 A Inglaterra firma seu poder através da Monarquia, regulada pela tradição 
legislativa, essencialmente costumeira e superior a vontade particular do Rei; 
 A França tem seu governo caracterizado pela exteriorização do livre arbítrio do 
Rei, em forma de lei. 
 Nesse período se consolida a formação de um Estado-nação, necessariamente 
MONÁRQUICO. 
 É a época do RENASCIMENTO, rompendo o dogmatismo em favor da critica 
lúcida e científica substitui-se a fé pela razão. 
 A figura do Estado confunde-se com a pessoa do rei. 
 
 
A Europa do século XVI 
 
* A partir do século XV a economia europeia sofre grandes transformações em 
decorrência do grande desenvolvimento comercial da segunda parte da Idade Média. 
 A economia européia transforma-se drasticamente: decorrência do 
desenvolvimento comercial, das descobertas do novo mundo (Américas por 
Colombo, e a rota das índias por Vasco da Gama). 
 Encontra-se um movimento de natureza política e econômica chamado de 
Revolução Comercial. A revolução é promovida pelos grandes impérios 
(Espanha e Portugal, por exemplo), que procuram construir expansão de suas 
fronteiras e de suas economias. 
 É aí que se começa a divisão da Idade Média para a Idade Moderna. 
 
Material de Apoio – Teoria do Estado 2015/1 
 
* Com isso uma série de medidas econômicas e políticas são instauradas, quando 
os reis procuram aumentar o absolutismo monárquico. O governo monárquico 
controla todos os ramos da atividade econômica e neles interfere e recebe os lucros. 
 
* Mas um grande setor da economia não se agrada dessa postura do governo e 
pretende ter a garantia das liberdades comerciais, sem ter de pagar boa parte dos 
lucros para o governo. 
 
* No fim da Idade Média, o comércio desenvolveu-se especialmente na região da 
Itália, beneficiada por sua situação geográfica, às margens do Mediterrâneo. 
 
* Surge a burguesia, que, com dinheiro, patrocina as artes. O interesse é pela 
produção da antigüidade clássica, pelas tradições grega e romana. É esse o contexto 
do período conhecido como RENASCIMENTO. 
Como diz a origem da palavra, o movimento renascentista fez ressurgir o 
interesse da Europa pela cultura e pelos valores da Antigüidade clássica. 
 
* Essa corrente de pensamento colocava o homem como centro do universo 
(antropocentrismo), em oposição à cultura medieval, teocêntrica. 
 
 O Renascimento  movimento cultural surgido entre os séculos XIV e XVI. 
 A classe Burguesa emerge. 
 Surgem também conhecimentos técnicos, isto é, aqueles que sabem construir 
navios, armas, estratégias militares, navais, que sabem se localizar em termos 
de navegação espacial. 
 Surge um pensamento crítico; percebe-se um progresso da ciência que motiva 
o surgimento de pesquisas, contestação e experimentação. 
 Surge a mecânica de Kepler (1571-1630), Heliocentrismo de Copérnico (1473-
1543) e sua comprovação por Galileu Galilei (1564-1642). 
 
 Começa a haver uma decomposição dos alicerces da Idade Média. 
Material de Apoio – Teoria do Estado 2015/1 
 
 O poder medieval, fundado sobre a dupla autoridade do Papa espiritual e do 
Imperador no temporal, desaba definitivamente, dando lugar à profanização 
da filosofia, rompendo dessa forma com a escolástica, doutrina oficial da Igreja 
católica. 
 Pensamento crítico  o homem não é mais visto como criatura, mas como 
criador. 
 
 
* Esse movimento refletiu diretamente na arte, na arquitetura, na cultura 
* Humanismo: dele advêm características como racionalidade, dignidade do ser 
humano, rigor científico e reutilização da estética greco-romana. 
 
 Ocorre a Reforma Protestante. O homem deixa de ser visto como criatura. Ele é 
visto como criador, ante a natureza, na qual se encontra; dela se distingue, 
enquanto racionalidade; sobre ela deve atuar, celebrando assim sua liberdade. 
 Novos valores surgem: individualidade, liberdade, criatividade, participação e 
enriquecimento. 
 A natureza não vai mais ser considerada como objeto de medo e de 
contemplação, mas como campo de estudo e de atuação do homem, 
convidado a aperfeiçoá-la; 
 
 
Assim, enquanto na Idade Média as concepções eram sacrais e 
teológicas, na Idade Moderna as teorias passam a ser baseadas no instinto e 
na racionalidade, na lei natural, na liberdade do homem.

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