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AULA 06 - Direito do Consumidor (Introduçao)

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Aula 06 – Direito do Consumidor
- INTRODUÇÃO AO DIREITO DO CONSUMIDOR 
- DA PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR 
A preocupação em proteger o consumidor em uma relação de consumo é relativamente recente, surgindo da necessidade de cada vez mais proteger o consumidor frente aos desmandos impostos pelos fornecedores, que estipulavam cláusulas contratuais das mais diversas formas, e que quase sempre prejudicavam o consumidor por ser o elo mais fraco na relação. 
A partir da revolução industrial, com a grande explosão da produção humana e, por conseguinte, do crescimento do mercado de consumo, em vista de uma mão-de-obra assalariada e com maior poder de consumo, fez-se necessário uma intervenção estatal, em defesa do consumidor frente ao desequilíbrio na relação consumidor-fornecedor, ensejando a necessidade de um instrumento que viesse proteger o consumidor diante fornecedor. 
Para Sergio Cavalieri Filho (2007), o século XIX, é considerado o século das grandes codificações pelo fato da edição de dois extraordinários Códigos Civis, que sejam: o Napoleônico e o Alemão, verdadeiras obras primas admiradas até hoje, sendo este o século dos novos direitos, que vieram a servir de referência a várias nações. 
É inegável a influência dos referidos códigos ainda hoje em vários princípios da Nossa Constituição Federal de 1988, e em tantas outras cartas constituintes, bem como, consagradas em costumes de algumas nações. 
Segundo o mesmo autor, o direito do consumidor foi criado para tentar acabar com as desigualdades surgidas nas relações de consumo pela revolução industrial, revolução essa que aumentou substancialmente a capacidade produtiva do ser humano, bem como, mecanismos de produção e distribuição dos bens criados. (CAVALIERI FILHO, 2007) 
Destarte, é de se perceber que surgem instrumentos jurídicos decorrentes dessa massificação de produtos e serviços como: os contratos coletivos, contratos de massa, contratos de adesão e outros que eram e são preestabelecidos pelo fornecedor a seu bel prazer, surgindo daí a necessidade da proteção do consumidor frente aos abusos cometidos pelos fornecedores. 
Cavalieri Filho citando João Calvão da Silva, ilustre autor português que afirma que o “ideário liberal individualista era hostil ao consumidor; erguia-se como verdadeiro dique à proteção dos seus interesses”. A culpa, nos dizeres de Vicent Pizzaro, atuava como uma espécie de couraça intransponível, que protegia o fornecedor, tornando-o praticamente irresponsável pelos danos causados ao consumidor. (CAVALIERI FILHO, 2007, p. 449) 
Por ser tema de extrema relevância, a proteção do consumidor é uma necessidade em qualquer país, pela relevância do tema, a ONU se pronunciou em defesa do consumidor. 
O autor João Batista de Almeida (2008), ao tratar da construção da proteção do consumidor leciona que em 1969 com a aprovação da Resolução nº 2.542 de 11 de dezembro, ocasião em que foi dado os primeiros passos rumo a defesa do consumidor, com a proclamação da declaração das Nações Unidas referentes ao progresso e desenvolvimento social. Posteriormente em 1973 surge a Comissão de Direitos da ONU, que reconheceu nessa oportunidade os direitos fundamentais e universais do consumidor. 
O objetivo inicial, para as Nações Unidas eram: oferecer a países o auxílio para uma efetiva proteção do consumidor, auxiliar na busca de evitar a praticas de atividades comerciais abusivas, proteger os consumidores quanto a sua segurança e outros. 
Em 1987, a ONU realizou na cidade de Montevidéu o Seminário Regional Latino-Americano e do Caribe sobre a Proteção do Consumidor, onde traçaram objetivos a serem alcançados para assim buscar um melhor amparo ao consumidor. (ALMEIDA, 2008) 
No que se refere ao lineamento histórico da relação de consumo, o momento inaugural encontra-se na referência ao Presidente John Fitzgerald Kennedy, em ocasião do envio dos direitos dos consumidores ao Congresso em 12 de março de 1962, com os seguintes fundamentos: os bens e serviços colocados no mercado devem ser salutares e de forma seguras ao uso do consumidor; que os mesmos sejam apresentados de tal maneira que possibilitem ao consumidor a sua livre escolha; que o consumidor tenha a oportunidade de participar das decisões governamentais ao que se refere a tipo, qualidade e o preço dos bens e serviços postos no mercado; tendo ainda, o consumidor o direito de ser informado sobre todas as condições de bens e serviços e direito de preços justos. (ALMEIDA, 2008) 
Nesse período os países em desenvolvimento começaram a criar legislações específicas a respeito dos direitos e proteções dos consumidores. O consumidor assim passou a ter leis das quais começaram a recorrer diante os abusos comerciais praticados pelos fornecedores. 
Nos Estados Unidos, em 1914, impulsionado pelo crescimento econômico e a necessidade de cada vez mais proteção aos interesses dos consumidores criou-se a Federal Trade Commission, que se tratava de uma comissão que discutia os interesses dos consumidores, época em que foi criada a Lei Antitruste, que declarou ilegal a monopolização e promoveu uma competição aberta de mercado. (ALMEIDA, 2008) 
No Brasil, quando do período colonial não encontrávamos leis específicas para o direito do consumidor, aplicando-se leis do Direito Civil que zelava pela boa-fé dos contratos, emprestando aqui, parâmetros que possibilitavam argumentos contra vícios no produto. 
Ocorre que esses contratos corriqueiramente eram redigidos pelos fornecedores que elaboravam cláusulas e condições beneficiando quase que exclusivamente seus interesses em detrimento da outra parte, demonstrando ai o desequilíbrio do consumidor frente ao fornecedor. 
Nas décadas de 40 e 60, é que podemos falar com mais propriedade sobre a proteção consumerista, quando foram sancionadas Leis e Decretos Federais que legislavam sobre a proteção do consumidor. Vale citar aqui a Constituição de 1967, através da emenda nº 1/69, consagrando a defesa do consumidor. (ALMEIDA, 2008) 
Nas lições de Cavalieri Filho (2007, p. 449), o Código de Defesa do Consumidor veio a surgir, por expressa determinação constitucional, quando na Nossa Carta Magna de 1988, pela primeira vez na história constitucional inseri a defesa do consumidor no título II dos direitos e garantias fundamentais. Quando, em seu art. 5º, inciso XXXII, determina que “o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”. 
O Art. 170 da CF/88, ressalva a defesa do consumidor como princípio da ordem econômica, bem como, o artigo 48 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), que no prazo de cento e vinte dias da promulgação da Constituição. Elaborará o código de defesa do consumidor. 
Em 11 de setembro de 1990, foi sancionada no Brasil a Lei nº 8.078, o Código de Defesa do Consumidor, onde o consumidor brasileiro pôde comemorar uma vitória resultante do avanço experimentado com a proteção efetiva, agora garantida pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), e antes disso, o consumidor como sujeito de direitos fundamentais. 
- CONSTRUÇÃO DO CONCEITO E O OBJETO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
O Código de Defesa do Consumidor, como já descrito, é ramo do direito recente que surgiu da necessidade de cada vez mais se proteger o consumidor que é o elo mais fraco da relação de consumo. 
O Direito do Consumidor pode ser definido como o ramo do direito que versa sobre a defesa/proteção do consumidor. Sendo o CDC conjunto de normas que buscam a proteção dos consumidores na solução de lides decorrentes da relação de consumo, disciplinando as relações e as responsabilidades dos sujeitos da relação consumerista. 
O Código de Defesa do Consumidor cuida da Política de Relação de Consumo, dispondo acerca dos princípios e objetivos norteadores do tema. Sendo um código de equidade, onde o mesmo, e a CF/88 tratam os desiguais de forma desiguais, na medida de suas desigualdades, para com isso atingir a igualdade. 
O que se deve buscaré um melhor atendimento as necessidades dos consumidores, garantindo assim a melhoria da qualidade de vida dos consumidores, requerendo uma harmonia e transparência diante das relações de consumo. 
Para Cavalieri Filho (2007, p. 449), o objetivo buscado na criação do Código de Defesa do Consumidor pelo constituinte era: “que fosse implantado uma Política Nacional de Relações de Consumo, uma disciplina jurídica única e uniforme destinada a tutelar os interesses patrimoniais e morais de todos os consumidores”. 
Vale ainda, traçar como objetivo, dentro da relação de consumo o respeito à dignidade, quando assegurando ao consumidor produtos e serviços não nocivos à vida, à saúde e a segurança dos destinatários finais de consumo, evitando abusos decorrentes da relação e garantindo ressarcimentos, e ou, com perdas e danos como punições pelas práticas que agridam o consumo dentro da relação consumerista. 
A Política Nacional das Relações de Consumo, como nos revela o artigo 4º, caput do CDC (PELLEGRINI, 2005), tem como objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores e “o respeito à sua dignidade, saúde, e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios” 
O artigo 4º do CDC define objetivamente os fins a serem buscados pela Política Nacional das Relações de Consumo, definindo princípios que nortearão a busca pelo equilíbrio entre as partes da relação consumerista. 
Desta dita, o Código do Consumidor consagrou ainda no seu art. 4º, inc. I, o princípio da vulnerabilidade ao reconhecer o consumidor como o elo mais fraco da relação de consumo. Todos os consumidores são, a priori, vulneráveis justificando dessa forma proteção pela norma em comento. (MARTINS, 2002) 
Os princípios da harmonia e da transparência no tratado consumerista são princípios que têm como base a equidade e a boa-fé que são princípios basilares instituídos pelo nosso Código de Defesa do Consumidor. (MARTINS, 2002) 
Por fim, a relação de consumo existe desde os tempos mais remotos no cotidiano do ser humano, independente de classe social e mesmo de faixa de renda, sendo uma necessidade no convívio entre semelhantes, seja para a sobrevivência, seja pelo simples fato de desejo de consumo, estabelecendo assim vinculação entre as partes. 
- SUJEITOS DA RELAÇÃO DE CONSUMO 
Os sujeitos que integram uma relação de consumo são: o Consumidor de produtos ou de serviços, e o Fornecedor pessoa física ou jurídica, seja pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. 
Vale ainda descrever, o que seria relação jurídica de consumo, que seria definida como vinculo estabelecido entre quem adquire (consumidor) como destinatário final, e um fornecedor de produtos ou serviços, nascendo assim um ato de consumo, podendo ainda surgir uma relação jurídica de consumo em detrimento de acidente de consumo, incidindo então uma norma jurídica típica/específica para compor e harmonizar a lide caso seja estabelecida, em defesa do elo mais fraco da relação, que seja o consumidor. 
Uma simples compra e venda entre um consumidor e um fornecedor exemplifica bem uma relação estabelecida de consumo, mas podemos ainda citar vários outros exemplos de contratos que caracterizam uma relação de consumo, como: contrato de cartões de crédito, de seguro, contratos bancários, arrendamento mercantil, fornecedor de serviços em geral, o contrato de transporte, locação de automóveis e outros. 
Destarte, a seguir os sujeitos da relação de consumo serão de forma melhor conceituados e identificados. 
- CONSUMIDOR 
No que se refere à conceituação jurídica do consumidor, o CDC atribuiu caráter exclusivamente econômico no referente a conceito de consumidor. 
O Código de Defesa do Consumidor em seu artigo 2º (VADE MECUM) conceitua o consumidor como: 
Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. 
Parágrafo único. Equiparasse a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. 
Como observado, o CDC no referido artigo, atribui uma concepção econômica ao conceito de consumidor, considerando consumidor aquele que adquire bens ou contrata prestação de serviços, como destinatário final. 
Roberto Sinise Lisboa ao conceituar consumidor descreve que, “consumidor é, portanto, o sujeito de direito que encerra a cadeia econômica de consumo, retirando de circulação um produto ou um serviço obtido junto a um fornecedor”. (2002, pag. 158) 
João Batista de Almeida (2006, p. 41) descreve que, o consumidor seria destinatário final quando adquirisse para: 
Uso próprio, privado, industrial, familiar ou domestico, e até para terceiros, desde que o repasse não se dê por revenda. Não se inclui na definição legal, portanto, o intermediário, e aquele que compra com o objetivo de revender após montagem, beneficiamento ou industrialização. A operação de consumo deve encerrar-se no consumidor, que utiliza ou permite que seja utilizado o bem ou serviço adquirido, sem revenda 
O consumidor como descrito, deve ser o destinatário final, que é o destinatário fático econômico do bem ou do serviço, retirando o bem ou serviço do ciclo produtivo. 
Encontramos grandes divergências na doutrina, no que se refere à possibilidade da pessoa jurídica ser considerada como consumidor, incluindo aqui os casos em que esses agem como profissionais na relação de consumo. 
O problema de se divergir sobre esse tema, estaria em determinadas situações onde se estaria ferindo o princípio da igualdade previsto no art. 5º, caput da Constituição Federal, onde poderíamos deparar com uma empresa que com iguais condições em relação a uma outra, poderia ajuizar ação contra outra, sendo assim beneficiada pelas regras consumerista. 
Nesse sentido, considera-se consumidor tanto aquele que adquire, como também aquele que tão somente se utiliza como destinatário final, de um produto ou serviço posto para o consumo pelo fornecedor. (LISBOA, 2002) 
O nosso CDC, descreve o conceito de consumidor em seu artigo 2º, como já descrito, mas esse mesmo código, no transcorrer de seus artigos buscou ampliar essa conceituação, é o que observamos nos arts. 17 e 29 (VADE MECUM), que dispõem: 
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento. 
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. 
Da mesma forma com que podemos considerar o consumidor por si só, o art. 2º do CDC, em seu parágrafo único, equipara a coletividade de pessoas também como possível destinatário final do produto ou do serviço prestado. Mesmo que essa coletividade de pessoas seja indeterminável, o Código de Defesa do Consumidor ofereceu proteção dentro da relação de consumo. 
Estamos falando da tutela dos interesses difusos e coletivos da universalidade. Como bem leciona João Batista de Almeida que “não há necessidade de intervenção concreta do consumidor, basta esteja ele exposto às práticas comerciais abusivas e já será alvo de tutela” (2008, p. 44). 
A esse respeito, Cláudia Lima Marques (2006, p. 226 e 227), descreve que: 
“o CDC utiliza-se de uma técnica multiplicadora do seu campo de aplicação, qual seja a de dividir os indivíduos entre consumidores (art. 2º, caput) e pessoas equiparadas a consumidor (parágrafo único do art.2º). no campo extracontratual, o CDC considera suas normas aplicáveis a todas as vítimas do evento danoso causado por um produto ou serviço, segundo dispõe o seu art. 17. As vítimas não são, ou não necessitam serconsumidores stricto sensu. Mas a elas é aplicável a tutela especial do CDC por determinação legal do art. 17, que as equipara aos consumidores” 
A vulnerabilidade do consumidor é presumida na relação de consumo, em face do fornecedor que possui tanto o domínio da tecnologia, quanto das informações do produto ou serviço por ele fornecido. 
- FORNECEDOR O fornecedor é o outro pólo integrante da relação de consumo, é quem oferece produtos ou serviços dentro de um mercado que cada vez mais se mostra exigente e complexo. 
O Código de Defesa do Consumidor em seu art. 3º (VADE MECUM), descreve o conceito de fornecedor: 
Art.3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. 
§ 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. 
§ 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de naturezas bancária, financeira, de crédito e secundária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista 
O nosso CDC buscou, como observado, ser o mais abrangente possível no que se refere a quem é fornecedor, estabelecendo todos que figuram como fornecedor de bens e serviços em caráter habitual ao nosso mercado. O código consumerista abarcou inclusive os entes despersonalizados. 
Para Batista de Almeida, o conceito de fornecedor abrange todo e qualquer sujeito de direito, pouco importando sua natureza e a sua nacionalidade. Pouco importando se pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira. (2008) 
Sendo o fornecedor parte fundamental, junto com o consumidor, como pólos integrantes da relação de consumo. 
Outros autores podem nos emprestar um conceito para fornecedor, para que, possamos tentar diluir qualquer dúvida existente sobre o conceito de fornecedor em uma relação de consumo. Para José 
Geraldo Brito Filomeno o conceito de fornecedor é: 
Qualquer pessoa física, ou seja, qualquer um que, a título singular, mediante desempenho de atividade mercantil ou civil e de forma habitual, ofereça no mercado produtos ou serviços, e a jurídica, da mesma forma, mas em associação mercantil ou civil e de forma habitual. (2002, p. 43). 
Ainda tratando sobre o conceito de fornecedor, João Batista de Almeida (2008, p. 45) descreve que: 
Fornecedor não é apenas quem produz ou fabrica, industrial ou artesanalmente, em estabelecimentos industriais centralizados ou não, como também quem vende, ou seja, comercializa produtos nos milhares e milhões de pontos-de-venda espalhados por todo o território. 
Alguns autores preferem definir fornecedor através da exclusão, descrevendo quem não pode ser considerado como fornecedor, onde excluiríamos do conceito de fornecedor que praticam atividades típicas de direito privado, sem o caráter de profissão, ou habitual. Como exemplo, podemos descrever que, uma simples compra e venda entre particulares sem caráter de habitualidade do vendedor, sem qualquer influência de publicidade. 
Agora, voltando ao caput do art.3º do CDC, no que se refere a natureza do fornecedor, observamos que esse pode ser pública ou privada. Aqui observamos que não só pode ser fornecedor o privado, com também o Poder Público, por meio de suas empresas de forma direta, ou por concessionárias de serviços públicos que atuam no mercado através de concessão do próprio Poder Público. 
Destarte, para Lisboa, as pessoas jurídicas de direito privado como: as sociedades civis, as sociedades empresariais ou mercantis, as associações e as fundações, podem ser fornecedoras, pouco importando se o seu fim é econômico ou de lucro. Mesmo que sejam as pessoas jurídicas sem fins lucrativos podem eventualmente, ser consideradas fornecedores. (2002) 
As entidades da Administração Pública sejam: direta (União, Estados, Municípios, Distrito Federal), ou indireta (empresas públicas, autarquias, concessionárias, permissionárias, sociedades de economia mista e associações e fundações públicas), integram o conceito de fornecedoras de serviços públicos. 
O caput do art. 3º, ainda descreve que, os fornecedores podem ser nacionais ou estrangeiros, restando esses submetidos a todas as exigências por eventuais danos ou reparos por seus produ
O mesmo caput, ainda se refere aos entes despersonalizados, o código aqui veio a proteger o consumidor também dos entes despersonalizados, que mesmo sem personalidade jurídica pratiquem atividades típicas de fornecedores de bens e serviços, temos o exemplo da hidrelétrica de Itaipu, que é uma binacional para a produção de energia elétrica para o Brasil e Paraguai. 
Ainda sobre o comentado, Roberto Sinise Lisboa (2002) leciona que, o art. 3º, caput, inclui na definição legal de fornecedor o ente desprovido de personalidade jurídica, bastando que o mesmo se apresente no mercado de consumo como sujeito que realize profissionalmente atividades tidas como de fornecedor. 
O § 1º do art. 3º do CDC, revela-nos o conceito de produto, que é a coisa objeto da relação consumerista entre fornecedor-consumidor. 
Produto deve ser entendido como bem, que é uma coisa útil ao homem, objeto de interesse entre os dois pólos, sendo colocado no comércio para satisfazer necessidades humanas. 
Já o parágrafo segundo do art. 3º do CDC, conceitua o serviço, excluindo aqui os tributos, as taxas e contribuições de melhorias que são de natureza tributária. Os serviços de caráter trabalhista não se identificam com as relações de consumo. 
As prestações a que se referem o § 2º, art. 3º do CDC, sempre serão remuneradas, sendo atividades lucrativas. O parágrafo enumera atividades típicas de fornecedores, que mediante remuneração, podem se incluir nas de natureza de consumo como as atividades de natureza bancárias, financeira, de crédito e securitárias. 
- DIREITOS E DEVERES DOS AGENTES DA RELAÇÃO DE CONSUMO 
Como já descrito anteriormente o consumidor é o elo mais fraco na relação de consumo, e por conseguinte, o legislador buscou protegê-lo nessa relação, editando assim direitos básicos, mínimos que o consumidor deve possuir na relação de consumo. 
É o que dispõe o art. 6º do CDC, que elenca os direitos básicos do consumidor, amparando direitos mínimos para os consumidores. 
O código consumerista procurou não só proteger o consumidor de defeitos em produtos ou serviços, mas também buscou proteger a sua vida, saúde e segurança. É o que descreve o inciso I do art. 6º do CDC (VADE MECUM), que prescreve como direitos básicos do consumidor: “I – a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos”. 
Decorre do referido inciso que, os consumidores têm o direito de não serem expostos a qualquer tipo de perigo que atinjam sua incolumidade física. Buscando assim, evitar que fornecedores cometam práticas condenáveis seja no produto de consumo, ou na prestação de serviços. 
Desse direito que o consumidor tem, surge um dever para o fornecedor, que seja o de informar ao consumidor os riscos que cada produto ou serviços possam apresentar de forma transparente, para que não restem dúvidas sobre possíveis riscos, ou mesmo o de não lançá-los no
O inciso II do artigo em comento, descreve que, “a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, assegurada a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;”. 
O consumidor aqui se ver protegido no que se refere à correta informação sobre o produto, sua validade e prazos, bem como o modo de uso do mesmo, deve ainda se dado a liberdade do consumidor da escolha de qual produto ou serviço escolher, dentro do universo colocado a sua disposição. (VADE MECUM, 2009) 
Nesse inciso o consumidor se ver protegido sobre a liberdade de contratação, incluindo aqui a proteçãoperante cláusulas abusivas. 
O inciso III do art. 6º do CDC, descreve que é direito básico do consumidor ter informações adequadas e claras sobre os diferentes produtos e serviços contratados, devendo haver especificações corretas sobre a quantidade, características, composição, qualidade e preço, devendo ainda informar sobre os riscos que o mesmo apresenta. 
O autor Lacerda Martins (2002, p. 104), nos leciona que, “o princípio da transparência consagra que o consumidor tem o direito de ser informado sobre todos os aspectos do serviço ou produto exposto ao consumo, traduzindo assim no princípio da informação” 
O fornecedor estar obrigado a prestar todas as informações necessárias para que o consumidor conheça com precisão e clareza o que estar adquirindo, devendo realizar essa informação por impressos ou propagandas publicitárias como alude o art. 8º e parágrafo único do CDC. 
O inciso IV do art. 6º do código consumerista, protege o consumidor contra publicidades enganosas e abusivas, protegendo ainda contra práticas comerciais coercitivas ou desleais. Estando ainda, amparado contra cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços. 
Ao consumidor, como já dito, é livre a escolha do que adquirir, devendo o fornecedor especificar com as devidas clarezas tudo sobre o produto ou serviço prestado, informando de forma transparente e não enganosa. Protegido o consumidor ainda estar perante cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento do produto ou serviço, estando assim o adquirente consumerista amparado contra essas práticas desleais. 
O inciso VIII do art.6º do Código de Defesa do Consumidor, vem a oferecer a facilitação da defesa dos direitos básicos do consumidor, possibilitando a inversão do ônus da prova, quando, a critério do juiz, for verossímil as alegações ou quando o consumidor for hipossuficiente. Em momentos observamos a possibilidade da inversão do ônus mesmo sem averiguar a verossimilhança dos fatos. 
Além disto, vale ressaltar que além dos princípios mencionados existem ainda outros princípios mais elencados em outros artigos do código consumerista, tais como o princípio da vinculação objetiva da publicidade (art.s 30 e 35); o princípio da identificação (art. 36); o princípio da retificação (art. 56, XII, cumulado com o art. 60) e o princípio da veracidade e não-abusividade (art. 37, § 2º) todos do codex citado. (MARTINS, 2002) 
No que se refere as cláusulas abusivas, ao consumidor é dado o direito de postular suas modificações, para que com isso se atinja o real valor do produto ou do serviço, o que ainda pode ensejar reparação pelos danos sofridos pelo consumidor, seja os danos patrimoniais e ou danos morais. 
O autor Gustavo Tepedino (2004, p. 232), descreve que: 
Será possível tranquilamente a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, mesmo em situações em que não haja propriamente uma relação de consumo, desde que identifiquemos os pressupostos essenciais de hipossuficiência que justificam e dão legitimidade normalmente à tutela do consumidor. Este, antes de ser consumidor é pessoa humana, para cuja proteção se volta inteiramente o constituinte. Cuida-se de localizar, portanto, os pressupostos essenciais que, segundo o Código de Proteção do Consumidor, são necessários e suficientes para atrair uma série de princípios em defesa do sujeito de direito em situação de inferioridade. 
O Código de Defesa do Consumidor ampara o consumidor da cobrança de percentuais superiores aos fixados em lei, assegurando-os o direito de revisão contratual, e ainda os danos cabíveis a cada caso concreto.

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