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AULA 07 - Direito do Consumidor

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Aula 07 – Direito do Consumidor - DIREITO DO CONSUMIDOR 
A preocupação em proteger o consumidor em uma relação de consumo é relativamente recente, surgindo da necessidade de cada vez mais proteger o consumidor frente aos desmandos impostos pelos fornecedores, que estipulavam cláusulas contratuais das mais diversas formas, e que quase sempre prejudicavam o consumidor por ser o elo mais fraco na relação. 
A partir da revolução industrial, com a grande explosão da produção humana e, por conseguinte, do crescimento do mercado de consumo, em vista de uma mão-de-obra assalariada e com maior poder de consumo, fez-se necessário uma intervenção estatal, em defesa do consumidor frente ao desequilíbrio na relação consumidor-fornecedor, ensejando a necessidade de um instrumento que viesse proteger o consumidor diante fornecedor. 
Em 1973 surge a Comissão de Direitos da ONU, que reconheceu nessa oportunidade os direitos fundamentais e universais do consumidor. 
O objetivo inicial, para as Nações Unidas eram: oferecer a países o auxílio para uma efetiva proteção do consumidor, auxiliar na busca de evitar a praticas de atividades comerciais abusivas, proteger os consumidores quanto a sua segurança e outros. 
Em 1987, a ONU realizou na cidade de Montevidéu o Seminário Regional Latino-Americano e do Caribe sobre a Proteção do Consumidor, onde traçaram objetivos a serem alcançados para assim buscar um melhor amparo ao consumidor. (ALMEIDA, 2008) 
No Brasil, quando do período colonial não encontrávamos leis específicas para o direito do consumidor, aplicando-se leis do Direito Civil que zelava pela boa-fé dos contratos, emprestando aqui, parâmetros que possibilitavam argumentos contra vícios no produto. 
Ocorre que esses contratos corriqueiramente eram redigidos pelos fornecedores que elaboravam cláusulas e condições beneficiando quase que exclusivamente seus interesses em detrimento da outra parte, demonstrando ai o desequilíbrio do consumidor frente ao fornecedor. 
Nas décadas de 40 e 60, é que podemos falar com mais propriedade sobre a proteção consumerista, quando foram sancionadas Leis e Decretos Federais que legislavam sobre a proteção do consumidor. Vale citar aqui a Constituição de 1967, através da emenda nº 1/69, consagrando a defesa do consumidor. (ALMEIDA, 2008) 
O Código de Defesa do Consumidor veio a surgir, por expressa determinação constitucional, quando na Nossa Carta Magna de 1988, pela primeira vez na história constitucional inseri a defesa do consumidor no título II dos direitos e garantias fundamentais. Quando, em seu art. 5º, inciso XXXII, determina que “o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”. 
O Art. 170 da CF/88, ressalva a defesa do consumidor como princípio da ordem econômica, bem como, o artigo 48 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), que no prazo de cento e vinte dias da promulgação da Constituição. Elaborará o código de defesa do consumidor. 
Em 11 de setembro de 1990, foi sancionada no Brasil a Lei nº 8.078, o Código de Defesa do Consumidor, onde o consumidor brasileiro pôde comemorar uma vitória resultante do avanço experimentado com a proteção efetiva, agora garantida pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), e antes disso, o consumidor como sujeito de direitos fundamentais. 
- SUJEITOS DA RELAÇÃO DE CONSUMO 
Os sujeitos que integram uma relação de consumo são: o Consumidor de produtos ou de serviços, e o Fornecedor pessoa física ou jurídica, seja pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. 
- CONSUMIDOR No que se refere à conceituação jurídica do consumidor, o CDC atribuiu caráter exclusivamente econômico no referente a conceito de consumidor. 
O Código de Defesa do Consumidor em seu artigo 2º conceitua o consumidor como: 
Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. 
Parágrafo único. Equiparasse a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. 
Como observado, o CDC no referido artigo, atribui uma concepção econômica ao conceito de consumidor, considerando consumidor aquele que adquire bens ou contrata prestação de serviços, como destinatário final. 
O consumidor como descrito, deve ser o destinatário final, que é o destinatário fático econômico do bem ou do serviço, retirando o bem ou serviço do ciclo produtivo. 
Nesse sentido, considera-se consumidor tanto aquele que adquire, como também aquele que tão somente se utiliza como destinatário final, de um produto ou serviço posto para o consumo pelo fornecedor. (LISBOA, 2002) 
O art. 2º do CDC, em seu parágrafo único, equipara a coletividade de pessoas também como possível destinatário final do produto ou do serviço prestado. Mesmo que essa coletividade de pessoas seja indeterminável, o Código de Defesa do Consumidor ofereceu proteção dentro da relação de consumo. 
A vulnerabilidade do consumidor é presumida na relação de consumo, em face do fornecedor que possui tanto o domínio da tecnologia, quanto das informações do produto ou serviço por ele fornecido. 
- FORNECEDOR O fornecedor é o outro pólo integrante da relação de consumo, é quem oferece produtos ou serviços dentro de um mercado que cada vez mais se mostra exigente e complexo. 
O Código de Defesa do Consumidor em seu art. 3º descreve o conceito de fornecedor: 
Art.3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. 
§ 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. 
§ 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de naturezas bancária, financeira, de crédito e secundária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista 
O nosso CDC buscou, como observado, ser o mais abrangente possível no que se refere a quem é fornecedor, estabelecendo todos que figuram como fornecedor de bens e serviços em caráter habitual ao nosso mercado. O código consumerista abarcou inclusive os entes despersonalizados. 
De acordo com o caput do art.3º do CDC, no que se refere a natureza do fornecedor, observamos que esse pode ser pública ou privada. Aqui observamos que não só pode ser fornecedor o privado, com também o Poder Público, por meio de suas empresas de forma direta, ou por concessionárias de serviços públicos que atuam no mercado através de concessão do próprio Poder Público. 
As entidades da Administração Pública sejam: direta (União, Estados, Municípios, Distrito Federal), ou indireta (empresas públicas, autarquias, concessionárias, permissionárias, sociedades de economia mista e associações e fundações públicas), integram o conceito de fornecedoras de serviços públicos. 
O caput do art. 3º, ainda descreve que, os fornecedores podem ser nacionais ou estrangeiros, restando esses submetidos a todas as exigências por eventuais danos ou reparos por seus produtos ou serviços. 
O § 1º do art. 3º do CDC, revela-nos o conceito de produto, que é a coisa objeto da relação consumerista entre fornecedor-consumidor. 
Produto deve ser entendido como bem, que é uma coisa útil ao homem, objeto de interesse entre os dois pólos, sendo colocado no comércio para satisfazer necessidades humanas. 
Já o parágrafo segundo do art. 3º do CDC, conceitua o serviço, excluindo aqui os tributos, as taxas e contribuições de melhorias que são de natureza tributária. Os serviços de caráter trabalhista não se identificam com as relações de consumo.As prestações a que se referem o § 2º, art. 3º do CDC, sempre serão remuneradas, sendo atividades lucrativas. O parágrafo enumera atividades típicas de fornecedores, que mediante remuneração, podem se incluir nas de natureza de consumo como as atividades de natureza bancárias, financeira, de crédito e securitárias. 
- DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR
De acordo com o Código do Consumidor, e de maneira simples e direta, em seu art. 6º, os direitos básicos do consumidor são em número de 9 (nove): 
- Proteção da vida, saúde e segurança; 
- Educação para o consumo; 
-Informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços;
-Proteção contra publicidade enganosa e abusiva; 
- Proteção contratual; 
- Indenização; 
- Acesso a Justiça; 
- Facilitação de defesa de seus direitos; 
- Qualidade dos serviços públicos (SOARES, 2000).
Isso não significa dizer, no entanto, que outras situações que venham a causar prejuízos não tenham defesa. 
“Os direitos relacionados na Lei n.º 8.078/90 não excluem os previstos em tratados ou convenções internacionais de que o nosso País seja signatário, da legislação interna ordinária, regulamentos expedidos pelas autoridade administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e eqüidade.” 
- PRINCÍPIOS DO DIREITO DO CONSUMIDOR
“Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico. É o conhecimento dos princípios que preside a intelecção das diferentes partes componentes do todo unitário que há por nome sistema jurídico positivo. Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque representa insurgência contra o sistema, subversão de seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra.”
Prevê o CDC:
“Art. 4.° A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito a sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade;
III- harmonização dos interesses dos particulares dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;
IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo;
V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo;
VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores; 
VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;
VIII- estudo constante das modificações do mercado de consumo.”
A) PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE A vulnerabilidade decorre de o consumidor ser o elemento mais fraco da relação consumerista, por não dispor do controle sobre a produção dos produtos, conseqüentemente acaba se submetendo ao poder dos detentores deste controle, no que surge à necessidade da criação de uma política jurídica que busque a minimização dessa disparidade na dinâmica das relações de consumo.
Não devemos, porém, confundir vulnerabilidade com a hipossuficiência do consumidor, nas palavras de Antônio Herman de Vasconcelos e Benjamin (1991, p. 224-225):
“A vulnerabilidade é um traço universal de todos os consumidores, ricos ou pobres, educadores ou ignorantes, crédulos ou espertos. Já a hipossuficiência é marca pessoal, limitada a alguns - até mesmo a uma coletividade - mas nunca a todos os consumidores.”
Para Nelson Nery Júnior (1991, p. 320) a vulnerabilidade decorre da isonomia constitucional, que seja tratar os desiguais na medida de suas desigualdades.
No entanto, entendemos que na seara consumerista a vulnerabilidade implica um olhar mais aprofundado no reconhecimento destas desigualdades, haja vista que o fornecedor não é só aquele que produz os bens e os disponibiliza, há todo um marketing social feito pelo capital, com todas as armas que este dispõe (meios de comunicação em geral, além da educação), que impulsiona, que compele o cidadão a consumir para que este se sinta incluído na sociedade.
Assim a lei, especificamente o CDC, deve ser utilizada para armar o consumidor das ferramentas necessárias para estar no mesmo patamar de igualdade jurídica frente aos fornecedores.
B) PRINCÍPIO DO DEVER GOVERNAMENTAL O princípio do dever governamental, elencado nos incisos II, VI e VII do art. 4° do Código de Defesa do Consumidor, deve ser compreendido sob dois principais aspectos. 
O primeiro é o da responsabilidade atribuída ao Estado, enquanto sujeito máximo organizador da sociedade, ao prover o consumidor, seja ele pessoa jurídica ou pessoa física, dos mecanismos suficientes que proporcionam a sua efetiva proteção, seja através da iniciativa direta do Estado (art. 4°, II, "b") ou até mesmo de fornecedores, dos mais diversos setores e interesses nas relações consumeristas.
O segundo aspecto é o enfoque sob o "princípio do dever governamental", em que é dever do próprio Estado de promover continuadamente a "racionalização e melhoria dos serviços públicos" (art. 4°, VIII), ao surgir aqui a figura do Estado fornecedor, além de suas eventuais responsabilidades.
C) PRINCÍPIO DA GARANTIA E ADEQUAÇÃO O princípio da garantia e adequação, que emana da necessidade da adequação dos produtos e serviços ao binômio, qualidade/segurança, atendendo completamente aos objetivos da Política Nacional das Relações de Consumo, elencado no caput do art. 4°, consistente no atendimento dos eventuais problemas dos consumidores, no que diz respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos e a melhoria da sua qualidade de vida.
 O princípio da garantia de adequação contido no art. 4°, II, "d" e V do Código do Consumidor encontra-se amparado pela inteligência dos art. 8° parágrafo único e art.10° §1°, §2° e § 3° do mesmo diploma, in verbis, respectivamente:
“Art. 8° Os produtos e serviços no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar informações necessárias e adequadas a seu respeito.
Parágrafo único. Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam acompanhar o produto.Art. 10° O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança.
§ 1° O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores mediante anúncios publicitários.
§ 2° Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados na imprensa, rádio e televisão, a expensas do fornecedor do produto ou serviço.
§ 3° Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a respeito.”
D) PRINCÍPIO DA BOA-FÉ O Princípio da Boa-Fé, nas relações de consumo, está expressamente referido no inciso III, do art. 4°do CDC, e, de certa maneira, encontra-se difundido em grande parte dos dispositivos do Código do Consumidor, desde a instituição de seus direitos básicos (art. 6°), percorrendo pelo capitulo referente à reparação por danos pelo fato do produto, e, orientando basicamente os capítulos referentes às práticas comerciais, a publicidade, e a proteção contratual, merecedora de especial destaque de acordo com o inciso IV do art. 51 do Código do Consumidor, que considera nulas de pleno direito cláusulas contratuais que sejam incompatíveis com a boa-fé e eqüidade.
Será a boa-fé, nos dizeres de Silvio Rodrigues (2002, p. 60): 
“[...] um conceito ético, moldado nas idéias de proceder com correção, com dignidade, pautando sua atitude pelos princípios da honestidade, da boa intenção e no propósito de a ninguém prejudicar."
O primado básico da boa-fé será "o princípio máximo orientador do CDC" (MARQUES, 2002, p. 671), e é através deste princípio nuclear que não apenas os pólos atuantes da relação de consumo, devem se localizar no momento do ato de consumo, mas até a própria legislação consumerista sofre reflexos dele, como por exemplo, "o princípio da transparência (art. 4°, caput) que não deixa de ser um reflexo da boa-fé exigida aos agentes contratuais." (MARQUES, 2002, p.671)
E) PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO A informação é um direito na seara consumerista que já vem desde a antiguidade, como nas Leis das XII Tábuas, que exigia do vendedor uma obrigação de transparência, determinando que este definisse as qualidades essenciais de seus produtos e proibindo-o de fazer publicidade mentirosa.
De uma forma mais evoluída o princípio da informação exige que o consumidor seja informado em todos os aspectos que envolvem o ato de comprar, de adquirir bens ou serviços, para que este não venha a ser lesado quando desejar adquirir o bem da vida.
Mas, para que este princípio venha a ser efetivo a população também precisa compreender as novas tecnologias, entender as necessidades que cada produto tem para o seu dia-a-dia.
Reiterando a questão da educação como fator transformador do Direito Hélio Jaguaribe (apud Alvim, Alvim e Souza, 199, p. 48-49):
”O Brasil tem demonstrado capacidade para mobilizar forças e enfrentar problemas sociais. Em tempos recentes, as comunicações, o programa do álcool, as hidrelétricas, a industrialização diversificada, a produção de grãos e a ampliação do comércio exterior, em diferentes setores, constituíram provas eloqüentes dessa afirmação. A educação do povo, entretanto, sendo questão da mais transcendente magnitude - pois dela também o equacionamento de todos os problemas, incluindo os políticos, sociais e econômicos - não tem acompanhado sequer as exigências mínimas do país, apesar de ser dever imperioso da nação para com seus filhos e garantia de seu próprio bem-estar.”
F) PRINCÍPIO DO ACESSO À JUSTIÇA Por último, temos o Princípio do acesso à justiça, que é de natureza constitucional, sendo previsto na Carta Magna em seu art. 5º, inciso XXXV, in verbis:
Art. 5º - XXXV. A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito
A esse respeito, é importante destacar a opinião de Nelson Nery Jr. (2002, p. 98): 
“Embora o destinatário principal desta norma seja o legislador, o comando constitucional atinge a todos indistintamente, vale dizer, não pode o legislador e ninguém mais impedir que o jurisdicionado vá a juízo deduzir pretensão.”
O princípio do acesso à justiça não se encontra expresso na redação do art. 4° do Código do Consumidor, mas sim exposto por outras normas do mesmo diploma, é o que acontece com o art. 6° em seus incisos VII e VIII, in verbis:
“Art. 6° [...]
VII o acesso aos órgãos judiciários e administrativo com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção jurídica, administrativa e técnica aos necessitados
VIII a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias da experiência.”
 O referido princípio está presente ainda no Título III do CDC que cuida da defesa do consumidor em juízo, ao oferecer a oportunidade de fazer valer seus interesses, inclusive, como já se observou no inc. VII supracitado, de natureza coletiva, e mediante a ação de órgãos e entidades com legitimidade processual para tanto, sem prejuízo dos pleitos de cunho nitidamente individuais (FILOMENO, 2001, p. 127).
Conclusão: Frente ao exposto, é perceptível a importância dos princípios para a aplicação da lei ao caso concreto, para que se tenham decisões legítimas e justas sempre voltadas para a dignidade da pessoa humana.
Na seara consumerista não pode ser diferente, haja vista as diferenças econômicas existentes entre os consumidores e fornecedores. Dessa maneira, os princípios relativos ao direito do consumidor alcançam uma grande visibilidade na defesa dos direitos destes sujeitos.
O operador do direito, que se propõe a adentrar na seara consumerista, não pode olvidar dos princípios aqui elencados, recapitulando: Princípio da Vulnerabilidade; Princípio do Dever governamental; Princípio da Garantia de Adequação; Princípio da Boa-fé nas relações de consumo; Princípio da Informação; Princípio do Acesso à Justiça.
Dentre os princípios aqui elencados nos inclinamos a reconhecer dois princípios como basilares do direito do consumidor, haja vista sua importância. O primeiro é o da vulnerabilidade, que implica em um tratamento diferenciado no meio jurídico para o consumidor, sendo decorrente deste a maioria dos direitos destinados a estes sujeitos; o segundo princípio, que merece destaque é do acesso à justiça, que é válido para qualquer área do direito e sem o qual não há o que se falar em justiça.

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