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REALIZAÇÃO Centro de Ciências Exatas Departamento de Geociências Especialização em Ensino de Geografia Curso de Geografia APOIO Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência – PIBID Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR Programa de Consolidação das Licenciaturas – PRODOCÊNCIA Pós Graduação em Geografia Dinâmica Espaço Ambiental – PGDEA Programa Novos Talentos da Ciência - PNT Programa de Estudo Tutorial – PET - Geografia Associação Geógrafos Brasileiros – AGB-Seção Londrina COMISSÃO ORGANIZADORA Adriana de Freitas Castreghini Pereira – UEL Eloíza Cristiane Torres – UEL Jeani Delgado Moura – UEL Luzia Saito Mitiko Tomita – UEL Mafalda Francischeti – UEL Rosana Figueiredo Salvi – UEL Márcio Miguel Aguiar – UEL Margarida Cássia Campos – UEL Marquiana de Freitas Vilas Boas Gomes – UNICENTRO Patrícia Fernandes Paula Shinobu – UEL Ricardo Lopes Fonseca – UEL COMISSÃO DE APOIO Naibi Souza Jayme Heitor Matos da Silveira COMISSÃO CIENTÍFICA Eloíza Cristiane Torres Luzia Saito Mitiko Tomita Márcio Miguel Aguiar Margarida Cássia Campos Patrícia Fernandes Paula Shinobu Ricardo Lopes Fonseca COMISSÃO DE APOIO DISCENTE Elda Thainara de Faria Fernando Mazetti Giovanni dos Reis Trentine Driely Lima dos Santos Polyana de Morais Artilha Rafaela Costa Macedo Seixas Priscila de Lima Bruscagin Danielli da Silva Almeida Ludierre Moreira Mateus Ovidio Viol Canezin Leonardo Miranda Feriani Lucas Pieroli Batelana Rafaela Tamanini Correa Nathan de Souza Fonseca Kalebe Brene Laura Dias Correa Bruno Godoi de Almeida Carolini Berger de Paula Andressa de Jesus Oliveira Caio Cesar Pereira Ana Carolina dos Santos Marques Eduardo Augusto Bitencurt Gabriel Strazzi da Silva Gabrielle M. Marques Gilberto Felipe Capeloto Gustavo Martins Cupini Hiago Bruno da Cruz Fachini Isabela de Oliveira Karoline Oliveira Santos Lais Kellen Brito Guassú Lino Antonio B. Lemes Lucas Cavalheiro de Prado Lucas Cavalheiro de Prado Lucas Marques Luiz Marina Castilho Pradal Maysa da Silva Marengo Murilo Neves Stefani Tainara Sussai Gallinari Coordenadoras Eloiza Cristiane Torres Jeani Delgado Moura Margarida de Cássia Campos Patrícia Fernandes Paula Shinobu PROGRAMAÇÃO PERÍODO 14 – 11 - 2014 15 – 11 - 2014 Manhã (08:00 – 12:00) CREDENCIAMENTO LOCAL DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS/CCE APRESENTAÇÕES DE TRABALHOS LOCAL DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS/CCE Tarde (14:00 – 18:00) OFICINAS LOCAL DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS/CCE APRESENTAÇÕES DE TRABALHOS LOCAL DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS/CCE Noite (19:00 – 22:30) Mesa de Abertura “A Pesquisa em ensino: Potencialidades e aplicações” Sonia Maria Vanzella Castellar Lana de Souza Cavalcanti LOCAL: ANFITEATRO PDE Fórum Paranaense de ensino: A formação docente, o Pibid e o estágio em foco MESA DE ABERTURA “A Pesquisa em ensino: Potencialidades e aplicações” Sonia Maria Vanzella Castellar/ Lana de Souza Cavalcanti OFICINAS Noções básicas de localização e orientação na leitura de mapas Drª. Mafalda Nesi Francischett UNIOESTE/Francisco Beltrão Tecnologias assistivas para alunos com deficiência visual Moacir Luciano (Centro de Apoio Pedagógico para atendimento às pessoas com deficiência visual-CAP/Londrina) Leitura e Interpretação da Carta Topográfica Drª. Marquiana de Freitas Vilas Boas Gomes (professora doutora da Unicentro Guarapuava) Segregação socioespacial, racial e migrações na cidade, possibilidades de leitura espacial na educação geográfica Mariana Panta (doutoranda da UNESP/Marília no Programa de Ciências Sociais) FÓRUM PARANAENSE DE ENSINO Adriana de Freitas Castreghini Pereira – UEL Eloíza Cristiane Torres – UEL Jeani Delgado Moura – UEL Luzia Saito Mitiko Tomita – UEL Mafalda Francischeti – UEL Rosana Figueiredo Salvi – UEL Márcio Miguel Aguiar – UEL Margarida Cássia Campos – UEL Marquiana de Freitas Vilas Boas Gomes – UNICENTRO Patrícia Fernandes Paula Shinobu – UEL Ricardo Lopes Fonseca – UEL APRESENTAÇÃO O XII Encontro de Ensino de Geografia, Mostra de Estágio e de Pesquisa e I Fórum Paranaense sobre Formação de Professores de Geografia, é promovido peloscursos de Licenciatura, Especialização em Ensino (lato sensu) e Programa de Pós Graduação em Geografia Dinâmica Espaço ambiental (stricto sensu), da Universidade Estadual de Londrina/UEL em parceria com Unicentro, Campus Guarapuava/PR. O tema escolhido foi: Ensino, Interdiscipliaridade e Formação Docente, cujo intuito é promover o exercício do pensare do compoartilhar experiências entre os alunos da graduação e pós graduação (latu senso e strictu senso) e, entre eles, e os profissionais de diferentes instituições e níveis de ensino (da educação básica ao ensino superior. Com estas motivações, damos continuidade a um projeto que, desdea sua origem, em 2002, se mostrou satisfatória ao promover o exercício do pensar e troca e diferentes instituições e níveis de ensino da Região Norte do Paraná. Este importante, evento, em sua 12ª edição, ocorrerá em Londrina, novembro de 2014 e contará com mesas redondas, oficinas, mostra de práticas e pesquisas em ensino. Por meio destas atividades, esperamos gerar a expansão de ideias remetendo-nos aodiálogo, à reflexão, à produção e à difusão de novos conhecimento. Atenciosamente Comissão Organizadora LONDRINA 2014 SUMÁRIO O DEBATE ACERCA DA QUESTÃO AGRÁRIA NOS LIVROS DIDÁTICOS DE GEOGRAFIA DE ENSINO MÉDIO Ariel Pereira da Silva Oliveira ........................................................................................... 13 CONHECIMENTOS CARTOGRÁFICOS DOS EDUCANDOS: ESTUDO DE CASO DO TERCEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO DO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO ESTADUAL DE LONDRINA, 2014 Beatriz Camilo Penha ........................................................................................................ 28 OS PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS PROVOCADOS PELO USO INDISCRIMINADO DE AGROQUÍMICOS E SEU DEBATE NA EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA Denilson Manfrin Goes ..................................................................................................... 39 O TRABALHO DE CAMPO COMO METODOLOGIA PARA O ESTUDO DO CONTEÚDO BACIA HIDROGRÁFICA Denis Anderson Vieira Moura ........................................................................................... 52 RELIGAR OS SABERES, GEOGRAFIA E ARTE: POR UMA EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA HOLÍSTICA Drielly Caroline Souza ....................................................................................................... 67 TRABALHO DE CAMPO NA EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA: METODOLOGIA NECESSÁRIA? Ester Paula Leite Vacario .................................................................................................. 78 O USO DE CELULARES, TABLETS, COMPUTADORES E OUTRAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO: UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA PARA A EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA Luís Henrique Dorta Tinoco ..............................................................................................92 EROSÃO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS NOS CURRÍCULOS DO ENSINO FUNDAMENTAL II DO BRASIL E DE PORTUGAL Renata de Mello. Tambani............................................................................................... 108 POR UMA VISIBILIDADE DAS CIDADES PEQUENAS NOS LIVROS DIDÁTICOS DE GEOGRAFIA DO SÉTIMO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL Thaís Laurindo de Castro .............................................................................................. 126 O USO DO MAPA MENTAL NA EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA: A PERCEPÇÃO DA CATEGORIA LUGAR DOS ALUNOS DO SÉTIMO ANO DO COLÉGIO ESTADUAL SOUZA NAVES EM ROLÂNDIA- PR Thais Gaffo Vaccari ........................................................................................................ 142 O USO DA METODOLOGIA TRABALHO DE CAMPO PARA A DISCUSSÃO DA TEMÁTICAREGIÃO METROPOLITANA DE LONDRINA NA EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA Thais Mayara da Silva de Paula ..................................................................................... 156 A FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR DE GEOGRAFIA FRENTE À INCLUSÃO DE ALUNOS COM NEE NO ENSINO REGULAR: UM ESTUDO DE CASO COM BOLSISTAS DO PIBID EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA Thiago Cesar Sandi ........................................................................................................ 170 O USO DE FILMES NO ENSINO DE GEOGRAFIA: COMO E PORQUÊ FAZÊ-LO Vinicius Reis ................................................................................................................... 185 A INCLUSÃO DE ALUNOS ESPECIAIS EM ESCOLAS DO ENSINO REGULAR Alessandro Ribeiro ........................................................................................................ 199 QUADRINHOS E CHARGES COMO AUXÍLIO DE UM ENSINO CRÍTICO DA GEOGRAFIA Bruno H. Messagi Guimarães Carneiro ........................................................................ 213 TRABALHO DE CAMPO AO CENTRO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS (CTR) Gabriel Luciano Nogueira da Matta ............................................................................... 225 OS DESAFIOS DA INCLUSÃO NA ESCOLA REGULAR Isabella de Oliveira ......................................................................................................... 237 A UTILIZAÇÃO DO LIVRO DIDÁTICO DE GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO Josiane Viana Bueno ..................................................................................................... 250 O ENSINO DE GEOGRAFIA E A COLABORAÇÃO A CERCA DA PRESENÇA DAS DROGAS EM NOSSA SOCIEDADE Ludierre Moreira ............................................................................................................. 262 O USO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO COMO RECURSO PEDAGÓGICO Moacir de Souza Palma Neto ......................................................................................... 274 A EDUCAÇÃO COMO FATOR DE INFLUÊNCIA NA FORMAÇÃO DE UM CIDADÃO CRÍTICO E PARTICIPATIVO Polyana de Morais Artilha .............................................................................................. 287 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DE AULA PARA O PROFESSOR DE GEOGRAFIA Rafaela Tamanini Correa ............................................................................................... 299 A COERÊNCIA E A QUALIDADE DO LIVRO DIDÁTICO: ANÁLISE DA OBRA “NOVA HISTÓRIA CRÍTICA” E SUA POLÊMICA EXCLUSÃO DO PROGRAMA NACIONAL DO LIVRO DIDÁTICO Raffael Garcia da Silva ................................................................................................... 310 O USO DE NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO DE GEOGRAFIA: O VÍDEO COMO RECURSO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO Rodrigo Andrade Marques............................................................................................. 322 A CARTOGRAFIA EM SALA DE AULA: DIFERENTES TIPOS DE MAPAS PARA A ABORDAGEM DA GUERRA Sara Lins de Souza ........................................................................................................ 333 UTILIZAÇÃO DO TELEFONE CELULAR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NO ENSINO DE GEOGRAFIA Wander Silvio Melo Junior ............................................................................................. 345 REFLEXÕES SOBRE Á PRÁTICADO ENSINO DA GEOGRAFIA ESCOLAR: Á PARTIR DO ESTÁGIO DE MONITORIA DO CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA Wilson Aparecido Paschoal ........................................................................................... 362 O ESTÁGIO E A SUA IMPORTANCIA PARA A FORMAÇÃO DO ESTUDANTE DE GEOGRAFIA Yara Aparecida Freires da Silva .................................................................................... 373 DA GEOGRAFIA ACADÊMICA À CONSTRUÇÃO CULTURAL DE UMA GEOGRAFIA PRÉVIA: RELATOSE PERSPECTIVAS ACERCA DO ENSINO FUNDAMENTAL Aline Graciela Cabianca; Wagner Eikiti Suzuki da Cunha ........................................... 386 EU QUERO SER PROFESSOR(A) SIM!: REFLEXÕES SOBRE O ESTÁGIO DE REGÊNCIA NO COLÉGIO ESTADUAL BARÃO DO RIO BRANCO Barbara Hayashida Arôxa, Tais Guedes ....................................................................... 403 PRÁTICAS EDUCACIONAIS NO ENSINO DE GEOGRAFIA: A CHINA COMO UM CAMPO DE CONHECIMENTOS GEOGRÁFICOS Diego Ienke de Macedo; Letícia de Castro ................................................................... 419 EXPERIÊNCIAS ADQUIRIDAS DURANTE A REALIZAÇÃO DE ESTÁGIO EM DOCÊNCIA DO CURSO DE GEOGRAFIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA Felipe Di Flora Garcia..................................................................................................... 436 O RECORTE REGIONAL, O LIVRO DIDÁTICO E A PRÁTICA DOCENTE Fernando Henrique Medeiros de Moura; Heitor Matos da Silveira ............................. 445 AVALIAÇÃO DOS RECURSOS DIDÁTICOS E LINGUAGENS UTILIZADAS DURANTE AS AULAS DE GEOGRAFIA DO ESTÁGIO DE REGÊNCIA Flávio Henrique Navarro Hashimoto; Dalila Peres de Oliveira .................................... 461 OS RECURSOS VISUAIS NO ENSINO DE GEOGRAFIA: A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DE IMAGENSPARA O ENSINO-APRENDIZAGEM Jéssica Costa Pizaia; Rheider Abe Marçal ................................................................... 472 ESTÁGIO SUPERVISIONADO: A UTILIZAÇÃO DOS CONHECIMENTOS PRÉVIOS NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO GEOGRÁFICO Marina Castilho Pradal; Thaís Yumi Suzumura ............................................................ 485 GEOGRAFIA DO PARANÁ: A IMPORTÂNCIA DA ESCALA GEOGRÁFICA NO ENSINO Priscila de Lima Bruscagin ............................................................................................ 497 DA TEORIA A PRÁTICA DOCENTE: A REALIDADE VISTA ATRAVÉS DA REGÊNCIA ESCOLAR Thiago Kiyoschi Igarashi Kikuchi; Edson Vicente Rodrigues Junior ......................... 511 ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO COLÉGIO ESTADUAL MARCELINO CHAMPANGNAT: 7°A E 7°C E SEUS RESULTADOS Victória Sampaio Rodrigues; Rosana Kostecki ........................................................... 524 O JOGO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE GEOGRAFIA Agostinho Prado Alves; Andressa de Jesus Oliveira .................................................. 538 O USO DE TECNOLOGIAS NAS AULAS DE GEOGRAFIA: O USO DO IPAD Bruna Favaro; Renan Matheus Messias; Eloiza Cristiane Torres ............................... 558 PREPARO DE TINTAS NATURAIS UMA FORMA DE ESTIMULO A RECICLAGEM E ABORDAGEM DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM SALA DE AULA Danieli Barbosa Araújo .................................................................................................. 550 IMPORTÂNCIADO ENSINO DA CARTOGRAFIA NAS SERIES INICIAIS: O USO DE ATIVIDADES DIDÁTICAS PARA O ENSINO DE ESCALA Débora Fernanda Ferreira; Marcelo Lopes Moreira ..................................................... 574 ATIVIDADE CARTOGRÁFICA: CONFECCIONANDO UM MINI-ATLAS Driely Lima dos Santos .................................................................................................. 584 LINGUAGENS ALTERNATIVAS: CHARGES E GÊNEROS TEXTUAIS NO ENSINO DE GEOGRAFIA Gilberto Felipe Capeloto; Larissa Alves de Oliveira .................................................... 596 A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO DE CAMPO NA DISCIPLINA DE GEOGRAFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL Mateus Ovidio Viol Canezin; Bruno Godoi de Almeida ............................................... 608 A RELAÇÃO ENTRE PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA E TAMANHO DAS PROPRIEDADES RURAIS PRESENTES NOS LIVROS DIDÁTICOS Airton Leitzke ................................................................................................................. 620 A APRENDIZGEM SIGNIFICATIVA E AS ABORDAGENS CARTOGRÁFICAS NO ENSINO DE GEOGRAFIA Alaíde Mateus de Souza; Adriana Castreghini de Freitas Pereira .............................. 633 A RELAÇÃO ENTRE PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA E TAMANHO DAS PROPRIEDADES RURAIS PRESENTE NOS LIVROS DIDÁTICOS Bruna Fidelis de Souza; Patrícia Fernandes Paula Shonobu ...................................... 645 VIDAS SECAS: UMA VISÃO FENOMENOLÓGICA DA SECA Caroline Felizardo Carrazedo de Souza; Patrícia Fernandes Paula Shonobu ........... 656 O ENSINO DE GEOGRAFIA E OS RECURSOS DIDÁTICOS Denise Mansur Silveira; Eloiza Cristiane Torres .......................................................... 666 FORMAÇÃO DOCENTE: UMA BREVE ANÁLISE DO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS E INICIAÇÃO A DOCÊNCIA NO BRASIL E NO PARANÁ Djauara Goulart Araujo dos Santos .............................................................................. 676 POESIA DE YOSHINOBU SEKO: UM ESTUDO DA DINÂMICA DA PAISAGEM APLICADO AO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL II DE LONDRINA-PR Gustavo Henrique Biscola Pereira; Luiza Mitiko Saito Tomita ................................... 691 OS DESAFIOS ACERCA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR: UM RESGATE HISTÓRICO Haroldo José da Silva Junior; Margarida de Cássia Campos ..................................... 707 FORMAÇÃO DE PROFESSORES: CONTRIBUIÇÕES DO PROJETO PIBID Jéssica Bianca dos Santos; Nilson Cesar Fraga ......................................................... 720 DIFICULDADE DOS PROFESSORES EM ENSINAR GEOGRAFIA COM LINGUAGENS DIFERENCIADAS Juliana Carmona Faria; Márcio Miguel Aguiar ............................................................. 732 ENSINO MÉDIO, GEOGRAFIA E PLANEJAMENTO DOCENTE Ronaldo Justo; Márcio Miguel Aguiar .......................................................................... 742 O USO DE MAPAS CONCEITUAIS NO ENSINO DE GEOGRAFIA Talita Neto Fiori; Luiza Mitiko Saito Tomita .................................................................. 756 AS CONTRIBUIÇÕES DA CARTOGRAFIA TÁTIL PARA O TURISMO INCLUSIVO: ESTUDO DE CASO EM BARRA BONITA E IGARAÇU DO TIETÊ – SP Mariane Ravagio Catelli; Carla C. R. G. de Sena .......................................................... 769 A GEOGRAFIANAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL E O DESAFIO DE LER O MUNDO Robson de Oliveira Lemes; Claudivan Sanches Lopes ............................................... 783 TRABALHO DE CAMPO: UMA ABORDAGEM METODOLÓGICA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL II NO MUNICÍPIO DE CORNÉLIO PROCÓPIO VIA PROJETO PIBID – GEOGRAFIA Angélica Lika Miyoshi; Mariana Pereira, Ricardo Aparecido Campos ....................... 801 TRABALHO DE CAMPO: UMA ABORDAGEM METODOLÓGICA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL II NO MUNICÍPIO DE CORNÉLIO PROCÓPIO VIA PROJETO PIBID – GEOGRAFIA Jhenyffer Pedrosa de Oliveira; Olga Isabel Rosa; Ricardo Aparecido Campos ........ 813 UMA PROPOSTA DE AULA DE CAMPO PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: BOSQUE MUNICIPAL “MANOEL JÚLIO DE ALMEIDA” E PARQUE ESTADUAL MATA SÃO FRANCISCO, CORNÉLIO PROCÓPIO – PR José Luiz Pereira Machado; Fábio José Pires ............................................................. 824 O ENSINO DE GEOGRAFIA - UMA ABORDAGEM ACERCA DOS MEIOS UTILIZADOS PARA SE ENSINAR GEOGRAFIA Jucilene Cristina Honório; Patrícia Aparecida Albini Prado; Ricardo Aparecido Campos ........................................................................................................................... 840 13 O DEBATE ACERCA DA QUESTÃO AGRÁRIA NOS LIVROS DIDÁTICOS DE GEOGRAFIA DE ENSINO MÉDIO¹ Ariel Pereira da Silva Oliveira - UEL aripso@hotmail.com RESUMO O presente artigo tem como objetivo analisar os conteúdos pertinentes à geografia agrária nos livros didáticos do ensino médio, e assim entender como a questão agrária vem sendo abordada neste material. Como os conteúdos da geografia agrária são muito amplos, o artigo terá como foco a grande e pequena propriedade, e temas ligados a elas, como concentração fundiária e reforma agrária. No tocante à metodologia realizamos levantamentos e leituras de bibliografias relevantes e condizentes à temática, e leitura e análise de livros didáticos do ensino médio, que abordem temáticas relacionadas à geografia agrária, além disso, fizemos uma sistematização dos dados coletados, redação preliminar, conversa com a orientadora e por fim, a redação final. Com relação às análises, o resultado foi que apesar de certos conteúdos serem abordados, eles não são mostrados em sua totalidade nem exige análise critica por parte dos alunos. Palavras-chave: Geografia agrária. Livros didáticos. Ensino médio. INTRODUÇÃO O presente artigo faz parte da disciplina Ensino da Geografia e Estágio de Vivência Docente (6EST308), do 3º ano de Geografia, da Universidade Estadual de Londrina (UEL). A questão agrária se mostra muito importante e complexa, uma prova disso é a repercussão que assuntos relacionados a esta temática têm na academia e na mídia sendo sempre alvo de debates e discussões entre os diferentes pontos de vista existentes, que buscam explicar a complexidade do espaço agrário brasileiro. A geografia agrária desempenha grande relevância no entendimento da produção do espaço geográfico no campo, seu estudo engloba desde relações de trabalho, permeando por questões políticas, culturais e econômicas. , __________________________ 1 Este artigo foi realizado, como parte da Disciplina de Ensino da Geografia e Estágio de Vivência Docente, do 3º ano do curso de licenciatura em Geografia na Universidade Estadual de Londrina (UEL). 14 Refletir sobre o campo é refletir sobre o espaço geográfico e sua produção; seu estudo é relevante principalmente nas escolas, pois os alunos podem ter contato com problemáticas referentes ao espaço agrário onde ocorre tanto a produção agrícola (alimentos e/ou commodities), quanto as relações sociais, por meio das atividades agrícolas, neste sentido é possível analisar as interações socioambientais, e as modificações nos espaços geográficos que o tempo impõe. Por isso é necessário preocupar com o ensino desse conteúdo e como ele vem sendo abordado, pela mídia, professores, e nos livros didático, que é o objeto do presente artigo, sendo assim espera-se entender um tema da questão agrária em especifico, ou seja, como a estruturafundiária vem sendo trabalhada nos livros didáticos. Para isso seguimos os seguintes caminhos metodológicos: levantamentos e leituras de bibliografias relevantes e condizentes à temática, e leitura e análise de livros didáticos do ensino médio, que abordem temáticas relacionadas à geografia agrária, além disso, fizemos uma sistematização de dados, redação preliminar, conversa com a orientadora e por fim, o relatório final. Neste sentido o presente artigo tem como objetivo responder a seguinte questão: A questão agrária, em especifico o tema estrutura fundiária no campo brasileiro e assuntos diretamente ligados a ele como reforma agrária e o movimento sem terra, foram ou não negligenciada em algum momento, pelos livros didáticos analisados? A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA NA FORMAÇÃO DO SUJEITO CRÍTICO Segundo Tomita (2012) ensinar é diferente de doutrinar, pregar, anunciar ou meramente repassar conteúdos, ensinar significa desenvolver a capacidade de visão e leitura crítica, neste sentido a Geografia objetiva o estudo e análise da organização do espaço geográfico. O ensino da geografia permite o individuo viver e conviver em sociedade, para a autora, hoje é imprescindível abordar conteúdos de cunho natural, social, político, e cultural nas aulas de geografia, a aula deve ser instigadora, o aluno deve pensar, argumentar por si só, não somente memorizar e reproduzir. Nesse sentido aparece a importância do livro didático o qual pode e deve abordar os conteúdos que a autora considera relevantes, o livro didático é um instrumento que deve auxiliar na construção de sujeitos críticos. Sousa Neto (2005) nos lembra de que a escola é a “oficina” do professor, o lugar pelo qual passaram todos os profissionais, foi graças à escola e aos 15 professores que se formaram inúmeros profissionais que desempenham importante função social hoje como médicos, advogados, historiadores, etc.; ou seja, os professores tiveram e têm grande responsabilidade sobre os destinos da sociedade. Em suma, a escola pode formar um aluno crítico, ou um simplesmente dar continuidade ao processo que já vem se estendendo há tempos no meio escolar: formar indivíduos desprovidos das percepções necessárias para interpretar o mundo em sua totalidade. Ainda segundo ele, quem opta por ser e/ou continuar professor, estará diariamente contribuindo e educando a sociedade dentro e fora da escola. O ensino não depende exclusivamente do professor, assim como a aprendizagem não depende exclusivamente do aluno, o professor não é mais inteligente, por conseguinte, sua experiência deve e trajetória não deve se descartada. Cabem aos alunos e professores se tornarem protagonistas críticos da realidade, a tarefa do professor seria simplificar os saberes, contribuindo para a passagem do senso comum para o científico, uma das dificuldades que a geografia enfrenta é a falta de articulação entre os diferentes campos do conhecimento, sendo uma das causas para perda de encanto pelo ensino, por parte dos alunos, e infelizmente mesmo com toda a importância que essa ciência tem na formação do aluno, existem casos onde ela é vista como algo secundário, acarretando na priorização do ensino de matemática e português (TOMITA, 2012) Cavalcanti (2011) contribui nesse debate quando nos lembra que é necessário mostrar aos alunos a importância daquilo que eles estudam, segundo ela o pouco conhecimento de lugares diferentes por parte dos alunos gera um restrito horizonte geográfico o mundo fora da pratica imediata é geralmente mostrado somente pela televisão, os conteúdos de geografia ficam muito distantes do campo de visão e preocupação dos alunos, a geografia na escola deve ser direcionada para o estudo do conhecimento cotidiano trazido pelo aluno para posteriormente confrontá-lo com o conhecimento sistematizado que estrutura o raciocínio geográfico. Nesse sentido Tomita (2012, p.42) destaca “O ensino deve partir das realidades vividas pelos alunos, transformando-as em conhecimentos cientifico, para que assim elas sejam reconstruídas dentro do contexto de conhecimento, propiciando uma aprendizagem significativa”. Ainda segundo a autora, a geografia faz parte do dia-a-dia, e a aproximação do conhecimento científico com o cotidiano do aluno, torna o aprendizado mais prazeroso e dinâmico. 16 Neste debate é importante destacarmos que a função atual do estudo da geografia na escola, é formar uma consciência espacial, um raciocínio geográfico, conhecer, localizar, analisar, sentir e compreender a espacialidade. A consciência espacial, o raciocínio geográfico, as informações e conceitos dão autonomia às pessoas. Portanto, a escola guarda a possibilidade de transformação, nela se encontra valores, a possibilidade de tornar o aluno um cidadão, ela é uma das agencias destinadas a propiciar a formação humana, autorreflexão, desenvolvimento de operações mentais etc., a escola deve confrontar o cotidiano com o conhecimento científico. Ainda, para superar o formalismo didático é preciso ter professores e alunos envolvidos no processo de ensino/aprendizagem, é necessário buscar clareza quanto à utilidade dos conhecimentos geográficos, e mostrar aos alunos que a geografia é uma pratica social que ocorre na história cotidiana dos homens, dentro de sala é possível fazer mudanças, aguçar mais os sentidos para conhecer melhor os alunos e suas praticas socioespaciais (CAVALCANTI, 2011). Ainda nesse debate a respeito da relevância da escola e do professor na construção de um sujeito crítico Kaercher (2007) também tem importantes colocações a respeito, para ele o educador deve entender que os alunos são capazes de melhoria, capazes de superarem o estado atual, ele devem apostar no crescimento, a atuação do educador pode fazer diferença, mas o educador não é dono da verdade. Todo aquele que ensina, é um “crente”, precisa acreditar no que ensina, e a falta de vontade de educar constitui um importante obstáculo epistemológico, a educação assume seu sentido, quando o educador constrói seu “suicídio pedagógico”. Para ele o essencial na relação de ensino e aprendizagem está no aluno, no seu desejo de aprender, esse é um não poder importante dos educadores, desenvolver o desejo do aluno em aprender é preciso que o professor tenha o mesmo desejo, busca-se a educação não para manipular, e sim desenvolver neles o desejo de aprender, pensarem a complexidade da nossa existência, uma ‘boa’ educação é aquela que ajuda o educando a criar autonomia e independência, desenvolvendo nele a capacidade de agir livremente. Outro autor que contribui de forma relevante no sentido de mostrar a importância da educação na construção de um sujeito crítico é Bauman (2011), segundo ele a educação deve ser continua e vitalícia, junto a isso ele entra na questão de “dominação” destacando que a educação deve lutar contra isso, ele diz que nessa sociedade a incerteza é instrumento da dominação, a educação deve 17 empoderar o cidadão, fazer dele um sujeito ativo, crítico e consciente capaz de tomar as decisões que possam influenciar sua vida. A importância da educação geográfica na formação do sujeito crítico fica mais claro quando Damiani (2006) diz que um espaço realiza-se como social quando é apropriado, nesse sentido conhecer o espaço significa conhecer as relações que se está sujeito, sendo assim o cidadão só se define como tal, ao reconhecer-se sua produção, já infracidadão é aquele que não se reconhece em suas obras, nesse sentido a alienação do espaço e a cidadania configuram um antagonismo. O infracidadão tem seu espaço reduzido ao espaço geométrico, essa restrição nãoatinge somente aos mais pobres, mas esses são os mais atingidos. Nesse sentido Damiani (2006) discute o papel do ensino de geografia na formação do cidadão, segundo ela por meio do ensino deve-se abrir caminho para representar as aspirações da sociedade civil, as instituições de ensino devem se misturar intrinsecamente com a sociedade civil, para ela é possível um trabalho educativo, visando esclarecer os indivíduos sobre sua condição de cidadão, fazendo reconhecer a si mesmos como sujeitos sociais. Neste sentido o ensino é um processo de conhecimento do aluno mediado pelo professor, em especifico no ensino de geografia, ele contribui para a formação de cidadania, para Cavalcanti o indivíduo só se torna cidadão com a contribuição de varias instancias entre elas a escola, já que nela acontece à construção e reconstrução do conhecimento, a escola é o espaço de encontro e confronto de saberes produzidos ao longo da história, nela ocorre a ampliação da capacidade de crianças e jovens compreenderem o mundo em que estão inseridos (CAVALCANTI 2002). Segundo Barros, Teixeira e Santos (2013) a escola contribui para a construção do conhecimento, conhecimento esse que deve ser crítico, os conteúdos veiculados no livro didático precisam conscientizar o educando sobre as incoerências de sua realidade, o livro didático como um meio de veiculação do conhecimento é em vários casos único recurso presente em sala, ele precisa transmitir uma informação clara, sem estereótipos e ideologias. 18 O USO E A IMPORTÂNCIA DOS LIVROS DIDÁTICOS NA EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA Segundo Spósito (2002) a partir da década de 1970 verifica-se preocupação com a formulação de currículos oficiais, o crescimento rápido do sistema educacional brasileiro sem proporcional qualificação e rebaixamento de salários tornou “imperioso” a necessidade de um currículo. Já na década de 1980 foi marcada pela democratização, oferecendo conjunturas para a revisão dos currículos oficiais, de um lado pela mudança política e de outro pelos debates no interior das universidades que estavam questionando as bases desses currículos, no caso da geografia nesse período, esta ciência passa por uma redefinição de seus paradigmas a partir de 1978. Na década de 1980 houve certo estimulo a municipalização do ensino que levou a formulação das propostas curriculares por secretarias municipais de educação. Na segunda metade dos anos 1990 verificou-se retomada do papel federal a definição de políticas curriculares com a proposição dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Ainda para a autora é crescente o papel do livro didático no processo ensino-aprendizagem, sobretudo após o aumento de alunos nas escolas públicas, que teve como consequências a piora das condições de trabalho e maior interesse econômico por parte do mercado editorial, esses parâmetros citados interferiram nos conteúdos dos livros didáticos, os parâmetros curriculares revelam preocupação do governo em assumir o papel de propor o que ensinar e aprender, os currículos se tornaram forte indutor do trabalho pedagógico, os professores acabam assumindo o que lhes são propostos, em vez de avaliar e formular uma proposta onde ele é o autor. Segundo Castrogiovanni e Goulart (1988), o livro didático torna-se cada vez mais um instrumento necessário como complemento às atividades didáticas pedagógicas. A seleção do material didático deve sempre ser alvo de uma reflexão profunda, é preciso que o professor tenha claro o papel da Geografia no contexto histórico-social atual, o professor necessita ter conhecimento de sua disciplina tanto no conteúdo quanto, e fundamentalmente na metodologia, um professor bem preparado terá condições de fazer uma análise criteriosa do material. Os autores ainda destacam que um bom livro didático deve levar em consideração: (a) fidedignidade das afirmações, conceitos e informações; (b) deve estimular a criatividade, ou seja, não deve conter ideias prontas, fechadas ou limitadas e sim 19 estimular o aluno a uma interpretação, reflexão e análise crítica; (c) uma correta representação cartográfica; (d) uma abordagem que valoriza a realidade, interpretando cada colocação, a partir do seu cotidiano, permitindo que professor e aluno utilizem suas vivências e experiências; (e) que enfoque o espaço como uma totalidade, sendo que o espaço geográfico deve ser tratado em toda sua complexidade. Cabe salientar que talvez um bom livro didático onde todos os aspectos mencionados estejam de acordo com as exigências, não existe, portanto, é fundamental ao professor buscar outros recursos para suprir tais deficiências. Oliveira (2005) traz considerações relevantes no debate acerca do uso de livros didáticos, para o autor o professor não tem tido uma visão critica com relação ao livro didático, na verdade o professor passou a se tornar vítima dessa ferramenta didática, acreditando que todo o conteúdo do livro didático esta correto, e não necessita ser analisado criticamente, na verdade para ele o professor não teve/tem a oportunidade de ser um produtor de conhecimento, se tornando um mero reprodutor dos conteúdos dos livros didáticos, as editoras chegam até publicar o “livro do professor”, para lhe facilitar o trabalho. Sendo assim o professor não deve usar o livro didático como o instrumento responsável por direcionar seu trabalho, na verdade o livro didático deve ser um instrumento que será usado a serviço do professor, de seus objetivos e propostas, o professor deve ter responsabilidade, e com senso ao usá-lo, fazer do livro didático uma forma critica, confrontando-o com outros materiais, (jornais, livros, artigos científicos, etc.), é interessante quando o autor fala que o professor não deve se submeter à ditadura do livro didático, este material para o bom professor, é um apoio. O professor tem que saber usar o livro para auxiliar o aluno no diálogo com a realidade, assim, orientar o aluno para a formação de um futuro sujeito crítico, criativo e capaz de fazer coisas novas (VESENTINI, 1989). A GEOGRAFIA AGRÁRIA: UM DEBATE ACERCA DE SUA IMPORTÂNCIA NA EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA Segundo PCNs (BRASIL, 1998) de geografia do ensino fundamental II, a questão agrária é muito importante, no documento varias vezes é possível observar passagens que mostram que o professor necessita abordar a questão agrária, segundo o documento, é preciso tratar a reforma agrária como solução para o problema dos sem-terra, e nas questões da renovação urbana, moradia, transporte, 20 saneamento, ou seja, salientar a importância da reforma agrária como solução para os grandes problemas sociais do campo e da cidade no Brasil. Fazer o aluno entender, a consolidação das oligarquias agrárias como representantes do poder, no Brasil colonial, mostrar ao aluno que o processo de democratização pelo qual o Brasil passou nos anos 1980 não garantiu ainda a realização de uma verdadeira reforma agrária. Ainda segundo o documento é preciso mostrar o latifúndio e o trabalho tradicional como sobrevivências do passado nos tempos atuais, também a pequena propriedade de subsistência, as relações de parceria no campo e sua coexistência com a monocultura empresarial, enfim é visto que a questão agrária pode e deve ser trabalhada no ensino fundamental e como o ensino médio, é continuação do processo de aprendizagem iniciado no Ensino Fundamental presume-se que os conteúdos continuem sendo trabalhados de forma mais aprofundada, bem como os livros didáticos são pautados nos PCNs, neles também. No que se refere a Geografia Agrária, os PCN’s organizam essa temática abordando sua relação com indústria,com o urbano, com a questão ambiental, apresenta as características resultantes da ação capitalista no Brasil entretanto não apresenta vinculação entre os temas (SANTOS; CONCEIÇÃO, 2009, p.4) Camacho (2010) diz que é preciso, desconstruir os discursos da mídia para a construção de uma consciência libertadora por meio da educação, e ainda: Entretanto, uma metodologia progressista, construtivista, emancipatória que permita ao aluno construir o seu conhecimento com autonomia, tendo, do outro lado, uma abordagem de conteúdo tradicional, ideologicamente neoliberal, não consegue explicar a realidade de maneira plena para instrumentalizar o aluno a agir na sua realidade socioespacial de forma emancipatória. Não permite que o oprimido compreenda quem são os opressores e suas estratégias de opressão para a construção de uma ruptura estrutural, de maneira coletiva, por intermédio da educação (CAMACHO, 2010, p. 110). E ainda: Concebemos que hoje no Brasil não podemos discutir a questão agrária sem refletirmos a respeito dos movimentos sociais do campo. Por isso, entendemos ser fundamental para construirmos uma educação transformadora que os professores conheçam a essência dos movimentos sociais do campo que, na verdade, é a antítese do que apresenta o discurso ideológico neoliberal dos meios de comunicação de massa (CAMACHO, 2010, p.111). Para Camacho (2008), a questão agrária é muito presente, em alunos oriundos das áreas rurais, bem como daqueles que mesmo distante da área rural, é importante entender que tanto filhos de agricultores familiares como filhos de trabalhadores das cidades, têm algo em comum: a marginalização provocada pelo capitalismo, mesmo com a relevância do entendimento da questão agrária, no Brasil, 21 prevalece é o discurso fatalista da elite agrária, que busca através desta ideologia manter-se no poder, tentando, por meio da mídia desconstruir imagem dos movimentos sociais do campo. Nabarro e Tsukamoto (2010), dizem que a questão agrária é por si só um tema polemico e complexo, ele esta envolto de interesse das mais diferentes classes sociais, portanto nele está envolvido forte viés ideológico pela mídia, a questão agrária é marcada pela luta de classes, é possível nele perceber uma das maiores contradições do modo capitalista de produção. Os mesmos autores ainda nos mostram que um ponto de partida para despertar nos alunos a curiosidade para entender a questão agrária pode ser levantando através de um estudo da história da terra no país (ocupação e posse), e também através do estudo sobre a importância da agricultura, essa curiosidade que os autores dizem que devem ser levantada nos alunos prioriza, sobretudo os alunos que residem na área urbana, já que estes nunca vivenciaram os desdobramentos sociais da questão agrária. Para eles: O fato de a maioria da população viver no espaço urbano dificulta, mas não impossibilita, a compreensão dos problemas do campo. É necessária a realização, por parte do professor de geografia, de uma superação do desconhecimento do rural para que seja desenvolvida a criticidade dos alunos ao serem analisados os problemas do campo (NABARRO; TSUKAMOTO, 2010, p. 47). Nessa discussão acerca do despertar a curiosidade a cerca da questão agrária principalmente nos alunos de área urbana, Silva (1951) diz que é necessário orientar a educação para que ela transforme a mentalidade das novas gerações, afim de que desapareça o preconceito a cerca do “rural”. Segundo ela: É preciso que o problema agrário, considerado como base da economia do país, encontre apoio entre os brasileiros, em geral, tanto habitantes do campo como da cidade, e que as novas gerações, pela atitude de simpatia à terra, pelo sentido real do valor da agricultura na vida humana e nacional, sejam levadas a justa apreciação desses valores, em qualquer setor profissional em que atuem, e à colaboração efetiva na solução dos problemas a eles relativos. (SILVA, 1951, p. 19). Ainda para Nabarro e Tsukamoto (2010) a geografia brasileira passou por muitas mudanças, uma das mais importantes foi após o Encontro Nacional de Geógrafos de 1978, quando a geografia critica ganhou espaço nas discussões da ciência geográfica, ainda dentre os acontecimentos que impactaram a ciência e consequentemente seu ensino na década de 1970 é interessante lembrar que a lei 5.692 de 1970 extinguiu as disciplinas de geografia e história da grade curricular, e colocou em seu lugar os “estudos sociais”, Nesse sentido a volta da geografia já na 22 década de 1990 pode ser presenciada também nos livros didáticos passaram a abordar a questão agrária após 1992, quando ocorre a reformulação do currículo e a geografia e história voltaram a fazer parte do currículo base, a questão agrária aparece nos livros didáticos desde o fim da década de 1980, entretanto é dando mais ênfase após 1999 com os Parâmetros Curriculares Nacionais. Ainda segundo eles a ciência geográfica é um instrumento imprescindível para o conhecimento do mundo e para a formação crítico reflexiva dos alunos, nesse contexto, a questão agrária auxilia na análise e entendimento dos discursos presentes na sociedade, que reflete em sua maioria discurso das classes dominantes. ANÁLISE DOS LIVROS DIDÁTICOS Com base nas considerações até este ponto, onde foi discutida a importância do ensino de geografia na formação de um sujeito crítico, da relevância do ensino da geografia agrária bem como o papel do livro didático no processo ensino aprendizagem se faz necessário nesse item efetuar a análise de livros didáticos aprovados pelo Programa Nacional do Livro Didático, e aqui denominados de livros “A”, “B” e “C”. Na presente análise realizamos um diagnóstico, não cabe aqui dizer se o livro é bom ou ruim até porque ele não foi analisado em sua totalidade, apenas pontuar se a questão agrária foi ou não negligenciada em algum momento. Como a questão agrária é muito ampla o foco foi na estrutura fundiária, e assuntos diretamente ligados a ela como reforma agrária e o Movimento Sem Terra. As questões referentes ao que o presente artigo se propôs a discutir aparecem no livro “A” no subitem “O Estatuto Da Terra e a reforma agrária” nesta parte o livro fala do Estatuto Da Terra, depois define e explica o que é uma propriedade familiar e módulo rural, só depois faz discussões à guisa da reforma agrária. O livro traz o artigo 184 da constituição de 1988, ressaltando o fato de que apesar da constituição ter fornecido instrumentos legais para a realização da reforma agrária, ela não ocorreu, também apresenta para os alunos a lei do Rito Sumario de desapropriação. O livro apresenta gráficos e tabelas interessantes para melhor compreensão dos alunos, como uma que mostra o número de famílias assentadas por região entre 1995 e 2008, e outra que mostra a estrutura fundiária do país em 2006. Há uma lacuna nesta parte do livro, se ele mostrasse os problemas que a concentração fundiária traz como o fato de muitas pessoas terem 23 vocação e vontade de trabalhar na terra e não ter acesso a ela pelo fato de ter poucos com posse de áreas enormes, e improdutivas, seria importante mostrar que no Brasil terra ainda e sinônimo de poder, e que boa parte dela só serve para especulação, enquanto pessoas que poderiam produzir tanto para a subsistência quanto para o mercado não tem acesso, seria importante o livro induzir o aluno perceber que mesmo não tendo tradição ligada a terra essa é uma questão que interfere sim na sua vida, é preciso fazer o aluno entender que essa estrutura concentrada não é justa, e que essa realidade deve mudar. O livro “A” deixa muito a desejar no que tangea discussões ligadas aos movimentos sociais de luta pela terra, em especial o MST, o livro não faz noção sequer a um subitem para discutir questões ligadas a essa temática que é tão relevante no estudo do campo brasileiro. O livro poderia mostrar ao aluno que a luta do Movimento Sem Terra é antes de tudo justa, é preciso mostrar que o movimento busca o acesso a terra, para fazê-la cumprir sua função social que é produzir alimento, também seria preciso o livro mostrar que se as reivindicações do movimento fossem atendidas, isso seria uma forma de tirar das mãos de poucos a terra, diminuindo a concentração histórica de terras do país que se encontra em mãos de uma minoria, o livro poderia trazer exemplos de assentamentos rurais que deram certo e que estão cumprindo seu propósito, contribuindo para a segurança alimentar de toda a sociedade brasileira. No livro “B” na discussão da estrutura fundiária, concentração de terras e reforma agrária, apresenta algumas discussões, e usa o Brasil como referência, os autores levantam a questão de que o país tem uma das piores distribuições de terras, traz algumas explicações para isso como quando fala da grilagem, apresenta tabelas com dados que mostra a atual situação do país, discute a Lei de Terras de 1850, no entanto a discussão acerca da reforma agrária não foi satisfatória. Com relação aos movimentos sociais no campo o item “A luta pela terra no Brasil”, o texto apresenta um pouco das ligas camponesas, e fala sobre a luta do MST de forma sucinta, a discussão poderia ter sido mais rica, nesse sentido, o livro poderia contribuir para contextualizar o tratamento que a mídia disponibiliza ao movimento, mostrando ao aluno como a mídia trabalha para desconstruir e banalizar os integrantes, o livro também poderia mostrar a história do movimento suas conquistas, e como foi tratado de forma brutal, por latifundiários, enquanto na 24 verdade o movimento estava simplesmente reivindicando seus direitos historicamente alienados. O livro “B” dedica até um item ao tema, que nele recebe o nome “Questão agrícola e agrária no Brasil”, o texto tenta mostrar a diferença entre agronegócio e a agricultura familiar, porém isto acontece de forma equivocada, o livro trata o agricultor familiar como alguém miserável, dando a impressão que este modelo seria sinônimo de atraso. O livro deveria mostrar para o aluno a importância que a agricultura familiar tem, já que ela é responsável por alimentar a sociedade brasileira, enquanto, os latifundiários simplesmente estão preocupados em produzir commodities para exportar, seria interessante o livro indagar o aluno a pensar, o que seria da cidade, sem os alimentos produzidos pelo agricultor, o livro tinha que apresentar que o trabalho do agricultor em varias instâncias da sociedade não é valorizado. O livro “C” destaca a problemática da terra e da distribuição, concentração, e etc. quando explica a diferença entre questão agrária e agrícola, quando o livro foca na discussão acerca da questão agrária brasileira, relaciona a temática com problemas relacionados a “terra” e “sua posse”. Também apresenta todo um histórico da posse da terra no país, e segundo ele “A concentração de terras e a violência no campo foram não só constates, mas crescentes.” (p. 120). Explica o termo questão agrária, traça uma linha do tempo que permite o aluno compreender a problemática, tenta trazer a discussão para algumas realidades dos alunos quando cita áreas que foram incluídas no processo produtivo brasileiro no passado como ocorreu com o norte do Paraná, - mas sendo o livro nacional isso não quer dizer que contempla todas as realidades - só depois entra de fato na discussão da reforma agrária, o texto fala sobre o problema de concentração de terras, cita modernização conservadora e suas implicações para a agricultura; são suficientes estas discussões, mas tudo depende também de um bom professor. Já na pagina 128, o livro traz um subcapitulo intitulado Reforma agrária X Posse da terra onde traz a estrutura fundiária brasileira altamente concentrada como um dos maiores problemas agrários do Brasil. O livro também apresenta a Lei de Terras de 1859 e suas implicações na estrutura fundiária do país, uma passagem interessante do livro pode ser contemplada, segundo ele “Nem mesmo a independência (1822), a promulgação da Lei Áurea (1888) ou a Proclamação da República (1889) foram capazes de alterar a distribuição da propriedade fundiária” 25 (p.129). Essa passagem mostra que esse modelo é antigo, e sempre esteve presente na nossa sociedade, e já passou da hora de mudar, mudança essa que só seria alcançada por meio de uma reforma agrária. Seria melhor que o livro mostrasse que a reforma agrária só não aconteceu no Brasil porque o estado sempre trabalhou em prol dos interesses da burguesia, e grande parte dos homens que fazem e executam a lei são ao mesmo tempo donos de terras e, portanto aceitar a reforma agrária seria ser diretamente atingidos com perda de boa parte de suas terras improdutivas. O livro “C” também traz a discussão acerca dos movimentos sociais no campo, como a criação das Ligas Camponesas (1950) e o MST. Com relação ao MST, são dedicadas cinco páginas para discutir movimentos sociais em especial o MST, o livro apresenta um texto rico que mostra a diferença de assentamento e acampamento, discute o histórico do MST, mostra como e porque o movimento se formou, sua importância no cenário atual, o livro ainda traz mapas que mostram localização dos assentamentos no território brasileiro. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante das considerações tecidas no texto, buscou-se entender como é abordado nos livros didático um tema referente à geografia agrária, a estrutura fundiária, como pode ser visto no referencial, o uso do livro didático cresceu nas ultimas décadas, ele hoje é um instrumento necessário, sendo muitas vezes o único recurso que o professor tem. Pautado nisso, e depois de analisar três livros do ensino médio de coleções diferente foi possível concluir que não existe livro didático perfeito, o assunto que era abordado de forma rica em um livro deixa a desejar no outro e vice-versa, os livros trazem o assuntos de forma muito generalizada numa escala muito ampla, não valoriza a escala local, deixando parecer que os problemas do campo são muito distantes dos alunos, e não tem influencia direta no seu cotidiano, os livros não exigem uma visão critica por parte dos alunos, isso tudo é mais uma prova da responsabilidade do professor, onde mais importante que ter o livro é preciso que o professor tenha prudência desde a sua escolha até o uso, o profissional deve ter capacidade de utilizar o livro de forma crítica, mais que isso, o livro deve ser usado a serviço do professor e não direcionar seu trabalho, o professor deve utilizar os conteúdos dos livros, direcionando em mostrando a importância daquilo para a vida 26 do aluno, para conseguir por meio de suas aulas e com o auxílio do livro didático, tornar o aluno um cidadão crítico. REFERÊNCIAS BARROS, G. C.; TEIXEIRA, J. P.; SANTOS, N. C. Uma análise da Geografia agrária no livro didático Geografia. In: I simpósio Baiano de Geografia agrária e XI semana de Geografia da UESB, 2013, Vitória da Conquista. Anais... Vitória da Conquista. 2013 BAUMAN, Z. A ética é possível num mundo de consumidores?. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2011. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental (Geografia). Brasília MEC/SEF 1998 CAVALCANTI, L. S. Geografia e Práticas de Ensino. Goiânia: Alternativa, 2002. CAVALCANTI, L.S. Geografia escolar e a construção de conceitos no ensino. In: ______. Geografia, escola e construção de conhecimentos. 18º ed. Capinas: Papirus, 2011. p. 87-136. CAMACHO, R. S. O ensino da geografia agrária e a formação de professores: entrevista com professores das séries iniciais do ensino fundamental. Revista Eletrônica da Associação dos Geógrafos Brasileiros. Três Lagoas/MS, n. 11, p. 99 – 125, Maio 2010. 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Tendo tal pergunta como base de investigação, foi-se feita uma busca para esta no Instituto de Educação Estadual de Londrina no ano de 2014, por intermédio de questionários, onde levantamos os conhecimentos prévios dos educandos, referentes à: escala, legenda, localização, fuso horário e quais as importâncias de tais conteúdos os mesmos julgavam importantes no próprio cotidiano, foram contempladas no método investigativo. Com objetivos específicos de analisar: o grau de aprendizagem dos alunos na linguagem cartográfica, e de investigar o quão os educandos atribuem importância para a linguagem cartográfica. Com um total de 32 questionários aplicados, a obtenção das respostas foi de cunho bem diversificado, porém, traçaram um painel geral de que o ensino e a sistematização de tais informações, em um contexto abrangente, não estão sendo bem aprendidas pelos alunos. A metodologia utilizada foi a investigação e levantamento bibliográfico e, posteriormente, aplicação e análise dos questionários. Palavras – chave: ensino de geografia, cartografia, ensino médio. INTRODUÇÃO A julgar alguns conteúdos cartográficos como, escala, fuso horário, localização, legenda e pertinência de tais conteúdos no cotidiano dos educandos, foi realizada uma investigação, a partir de questionários, no Instituto de Educação Estadual de Londrina, no ano letivo de 2014. Tais conteúdos citados acima são de cunho básico para um bom entendimento e leitura cartográfica de mapas e outros recursos visuais pertinentes a esse conteúdo. Assim, com a pergunta central: conhecimentos cartográficos dos educandos, o intuito da investigação era chegar no grau de retenção e aprendizado da temática pertinentes a cartografia básica dos alunos do terceiro ano do ensino médio da instituição já citada, detinham na sua bagagem de conhecimento. 1 Pesquisa realizada na disciplina de Geografia Estágio e Vivencia a Docência, do terceiro ano do curso de licenciatura em Geografia, da Universidade Estadual de Londrina. 29 Sob a justificativa da má formação dos educandos no que se tange a linguagem cartográfica no ensino de Geografia, esta pesquisa, por intermédio da sua metodologia de aplicação de questionários, baseada em argumentos científicos, argumenta essa má formação, sendo esta respaldada nos resultados obtidos, dos educandos e motivos que levaram a ocorrência de tal defasagem no ensino de Geografia. Essa pesquisa vai contemplar um breve histórico da cartografia no âmbito geográfico, com sua utilização, avanços e retrocessos ao longo dos anos, e a importância do ensino cartográfico na disciplina de Geografia, em um primeiro momento. Consequentemente será abordado os motivos para tal defasagem na cartografia, fazendo uma discussão sobre a transição da Geografia tradicional para a Geografia crítica. E para encerrar tal pesquisa, serão apresentados os resultados dos questionários aplicados, a título de reafirmar a concepção inicial de que o conteúdo cartográfico ensinado no ensino de Geografia, encontra-se deficiente, não contemplando e auxiliando no ensino de tal disciplina na formação de um cidadão crítico não alienado. POR UMA EDUCAÇÃO CARTOGRÁFICA NO ENSINO DA GEOGRAFIA De acordo com Francischett (2002, p. 17) “tanto a Geografia quanto a Cartografia tem sua origem na Grécia antiga, embora seja provável a utilização das mesmas por homens das primeiras civilizações”. A autora afirma ainda que “a sistematização das informações cartográficas causando o seu nascimento foi no ano de 1839 sob o termo cartografia utilizado pela primeira vez por Visconde de Santarém”. No período da Idade Média os estudos cartográficos e geográficos foram abandonados, uma vez que estavam na contra mão dos dizeres da igreja católica, detentora do poder e mentora da ciência da época, tidos então, os conhecimentos desta não ciência porem modalidade de estudo, como não verdadeiros (LUNKERS, 2007, p.5). Segundo explicita Kozel “As lógicas do capitalismo acarretam outras dimensões do mundo até o momento desconhecidas, tornando-se necessário apurar e aperfeiçoar os métodos de representação cartográfica”. Logo, podemos deduzir 30 que a cartografia era de grande interesse para o modo capitalistade produção, uma vez que sua retomada e até seus avanços científicos, se deram em período de conquistas coloniais (grandes navegações) do século XII, sob a necessidade de encontrar novas rotas comerciais (KOZEL, 2006, p. 132). O papel da Cartografia é fundamental no registro das novas terras descobertas, bem como seu aspecto, suas potencialidades econômicas, etc. (LUNKES, 2007, p.5) A acurácia cartográfica, ou seja, sua precisão é fruto do racionalismo científico do final do século XVIII (LUNKES, 2007, p. 5) devido as aspirações da burguesia emergente da época. Para reforçar tal argumento, complemento-o com os dizeres, em dois trechos de Kozel (2006, p.132): O aporte cartográfico é identificado como instrumento de dominação e manipulação [...] Embora os mapas tenham sido concebidos como uma representação plena e matematicamente precisa da superfície terrestre, eles contem uma forma ideológica de apresentar o espaço geográfico, o que reflete, sobretudo, uma abordagem sociocultural, proveniente de um discurso, que muitas vezes é reproduzido e serve de manipulação ideológica. A sistematização da Geografia enquanto ciência, e aderido a esta os estudos da cartografia, foram possíveis devido a avanços históricos necessários, sendo: [...] estes pressupostos estão ligados ao avanço e domínios das relações capitalistas de produção: efetivo conhecimento da extensão da Terra; existência de um repertório de informações organizado por institutos; aprimoramento das técnicas cartográficas; a evolução do pensamento fazendo a correspondência no plano filosófico e científico, das transformações operadas ao nível econômico e político. (MORAES 1986, p. 35-43) Com a sistematização da Geografia enquanto ciência, o ensino da cartografia está presente na grade curricular da disciplina de Geografia, onde primeiramente, segundo Almeida (2006, p. 13) “objetivava-se ensinar a superfície terrestre”. Após formulações da ciência geográfica, onde será mais bem comentada no próximo item intitulado: O Abandono da Educação Cartografia no ensino da Geografia, o ensino de Geografia segundo as Diretrizes Curriculares do Paraná (PARANÁ, 2008) “o geográfico, é entendido como aquele produzido e apropriado pela sociedade, composto por objetos – naturais, culturais e técnicos – e ações pertinentes a relações socioculturais e político-econômicas”. Inserido neste contexto, a cartografia é de grande valor, uma vez que seu estudo compreende a representação do espaço geográfico, auxiliando no processo de leitura de tal, abordando a utilização, organização e os fenômenos contidos neste. 31 A Cartografia como linguagem, é de grande valor ao Ensino de Geografia, pois se trata de um importante meio de comunicação e informação geográfica. O mapa, um dos seus produtos, sempre esteve associado ao seu ensino. Assim a Cartografia, no Ensino de Geografia, ajuda a localizar o objeto de estudo, a entender por que aqui e não em outro lugar; a saber, como é este lugar; o porquê deste lugar ser assim; por que as coisas estão dispostas desta maneira; qual a significação deste ordenamento espacial; quais as conseqüências deste ordenamento espacial. (LUNKES, 2007, p. 7- 8) A cartografia enquanto utilizações dos recursos de mapas possam e devem ser utilizados para melhor ministrar aulas de Geografia, sendo estes uma linguagem geográfica em assuntos referentes à distribuição espacial da população, distribuição espacial de recursos naturais, vegetação, topografia, climas, e diversos outros conteúdos pertinentes a disciplina de Geografia. Os recursos visuais, são de melhor compreensão e assimilação do conteúdo por parte do educando, acarretando um questionamento e problematização do assunto ministrado em aula, gerando uma assimilação do conteúdo. O que fica retido como conhecimento para o educando, ou seja, o que eles entendem e compreendem do assunto, é difundido a partir do diálogo do conteúdo. Logo a ponte do mesmo com o recurso visual (mapa, fotografias, globo) e utilização de conhecimentos prévios cotidianos trazidos pelo aluno para a sala de aula, são recursos importantíssimos para se fazer o ensino de Geografia. O entendimento dos mapas, suas leituras e compreensões de seus significados, são de um todo libertador e ou manipulador, uma vez que este material é de cunho “ideológico para se fazer uma leitura da realidade, sendo passível de manipulação e dominação” (KOZEL, 2006, p.132). Logo seu ensinamento é de vital importância para a formação de um cidadão crítico. O ABANDONO DA EDUCAÇÃO CARTOGRAFIA NO ENSINO DA GEOGRAFIA Por que se diz que a cartografia foi abandonada no ensino da Geografia? Pelo simples fato de ela ter sido renegada na transição da Geografia tradicional para a Geografia Crítica, que nos dizeres de Kaercher (2007): A Geografia Crítica é/era uma utopia que queríamos alcançar: um ensino renovado, que fizesse o aluno pensar (= diferente do status quo), que politizasse as temáticas, enfim, que fizesse da Geografia uma disciplina atraente e de maior caráter reflexivo. Um sonho a perseguir ou a busca do paraíso aqui na Terra!? No plano da Geografia positivista, a cartografia “primeiramente, objetivava- se ensinar a representação da superfície da Terra, conservando com esta as 32 reações matemáticas intrínsecas aos conhecimentos de: localização, projeção e escala” (ALMEIDA, 2006, p.13). Com esta visão inicial acima relatada por Almeida, a Geografia tradicional na sua transição para a Geografia Crítica sofreu cortes na utilização metodológica. “A Geografia Crítica tem por base construir o conhecimento do espaço geográfico do aluno, a partir de uma fiel análise e interpretação do mesmo difundindo uma linguagem crítica”. (GOMES, 2009) Assim, a visão do professor carregando um mapa para a sala de aula era motivo de horror e escárnio, pois o mesmo era símbolo de uma ciência, outrora, descritiva e de conhecimentos críticos vazios. Vale ressaltar que a defasagem no ensino de Geografia, no que se tange a cartografia, é uma defasagem ao longo de todo o ensino fundamental, uma vez que no ensino de base, fundamental I, tal disciplina é ministrada por professores com formação em pedagogia e não em Geografia. Assim, a formação de tais professoras não lhes dá suporte para trabalhar com a cartografia nos anos iniciais. (CARVALHO; ARAÚJO, 2008, p.4) No que compreende ao ensino fundamental II, “é conteúdo da disciplina de Geografia a abordagem do conteúdo de cartografia no que compreende a grade do 6° ano” (PARANÀ, 2008). A abordagem de tal assunto deve ser como “Entendemos que esse recurso didático é uma das representações possíveis de serem utilizadas em classe e que o mapa deve ser lido tal qual um texto, que evoca em nós inúmeros significados sobre o mundo que nos cerca” (KATUTA, 2000, p. 5) Assim tal leitura não é realizada por parte de professores e alunos, deixando uma lacuna no conteúdo de cartografia, e não trazendo a discussão deste, automaticamente a construção de uma mentalidade crítica no educando está sendo renegada, deixando que este aluno fique a mercê de um conhecimento de cunho ideológico construtivo para o entendimento do mundo. O problema de tal negligencia fica evidente ao longo de todo este trabalho, onde a representação dos conhecimentos cartográficos dos educandos se representa insuficiente, o aluno não entende a sua realidade, não a interpreta, pois não tem os meios necessários a isso. Tal descaso com a cartografia pode ser percebido segundo o PPP (Projeto Político Pedagógico) do Instituto de Educação Estadual de Londrina (2013, p.146), onde os conteúdos ministrados no primeiro ano do ensino médio são: 331. A formação e a transformação das paisagens; 2. A dinâmica da natureza e sua alteração pelo emprego de tecnologias de exploração e produção; 3. A distribuição espacial das atividades produtivas, a transformação da paisagem, a (re) organização do espaço geográfico; 4. A formação, localização e exploração dos recursos naturais; 5. O espaço em rede: produção, transporte e comunicação na atual configuração territorial; 6. A circulação de mão-de-obra, do capital, das mercadorias e das informações. Segundo as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná (PARANÁ, 2008), o conhecimento cartográfico deve ser ministrado no primeiro ano do ensino médio, porém como foi apresentado acima, tal conhecimento foi negligenciado no PPP do colégio. Como tal descaso com o conteúdo foi percebido anteriormente a aplicação do questionário, foi realizado a pergunta frente ao assunto com os educandos e estes esclareceram que tal ensinamento cartográfico lhes foi passado no ano condizente às diretrizes. Assim como expostos o caso específico da instituição onde o questionário foi aplicado, em muitos outros a cartografia pode ter sido esquecida no PPP dos colégios, logo, tal conhecimento pode ser negligenciado em diferentes escalas, sendo elas: metodologia do professor, projeto político pedagógico, Diretrizes curriculares do estado e no plano nacional da educação. CONHECIMENTO CARTOGRÁFICOS DOS ALUNOS DO 3° ANO DO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO ESTADUAL DE LONDRINA Com a realização de aplicação de questionários aos educandos do terceiro ano do ensino médio, matriculados no Instituto de Educação Estadual de Londrina, foram cobrados dos mesmos conteúdos cartográficos prévios referentes à escala, localização, legenda, fuso horário e, qual a importância dos conteúdos contidos no questionário para o cotidiano dos mesmos. Ao total, foram contemplados na pesquisa 32 estudantes do terceiro ano do ensino médio, do período noturno, tal número representado o total de 100%. As informações tabuladas dos questionários aplicados serão dissertadas neste escrito em formato de porcentagem, assim a partir de esclarecimento do que foi cobrado 34 dos educandos a cada exercício, posteriormente, serão reveladas as respostas obtidas em formato de porcentagem. O primeiro exercício trazia um mapa político do Brasil, logo o mesmo exigia dos educandos conhecimentos do nome e localização dos estados que compõem tal país. Com um total de 6% de alunos que não realizaram tal exercício, 50% cometeram erros ao nomear os estados, e mesmo assim não nomearam todos. E 43% dos educandos acertaram a nomeação, porém, também nomearam todos os estados. Com um total de 12% dos alunos acertaram todo o exercício. Os erros mais frequentes diagnosticados neste exercício, são o esquecimento e/ou a confusão entre os estados da região nordeste, muitos utilizaram a nomeação de Mato Grosso do Norte, e troca dos respectivos nomes dos estados da região norte. O segundo exercício exigia dos educandos informações para melhor se fazer uma leitura cartográfica, assim os mesmos deveriam, a partir de espaços deixados para a realização deste, colocar título, escala e orientação do mapa representado para o primeiro exercício. Somente 3% realizaram tal exercício, porém colocou somente o título do mapa, se esquecendo ou não sabendo dos outros dados necessários. 97% não realizaram tal atividade. O terceiro exercício cobrava dos educandos as regiões políticas administrativas do Brasil. Com auxilio do mesmo mapa dos exercícios anteriores, os alunos deveriam produzir uma legenda, onde coloririam as regiões e as referenciariam na legenda. 60% dos alunos não realizaram tal exercício e, 40% fizeram porem cometeram erros, sendo que os mais frequentes foram: região sudeste e centro-oeste representadas como uma única região e anexação do estado do Tocantins na região centro-oeste ou nordeste. O quarto exercício exigia dos alunos os estados brasileiros e suas respectivas capitais. 38% não realizaram tal exercício, 34% realizaram com supremacia, respondendo uma média de sete estados e suas respectivas capitais. 28% responderam porem cometeram algum equivoco, responderam uma média de dez estados e suas capitais e tiveram uma média de um erro. Neste os erros mais frequentes foram com relação às capitais dos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Bahia, Amapá, Rondônia, Roraima e Espírito Santo. O ultimo exercício apresentava um mapa mundi político contemplado com os meridianos e paralelos. Este foi dividido em quatro perguntas, uma vez que aborda conteúdos diferentes, porém fundamentados no mesmo mapa. A pergunta de 35 número um abordava os continentes, 31% dos educandos não realizaram tal exercício, 44% responderam meia questão e, 25% responderam todos os continentes. Os erros mais frequentes foram, esquecimento do continente da Oceania e divisão do continente da América em: América do norte, central e do sul, sendo que 28% dos educandos cometeram o ultimo erro citado. Este “esquecimento” por parte dos alunos é fruto de uma deficiência metodológica e de um ensinamentos sobre tal, de modo rápido, se tornando insuficientes e de um não aprendimento real da matéria, somente decoração para a realização da prova ao final do bimestre. A segunda pergunta abordava os conhecimentos dos oceanos, nomeando- os. 25% não realizaram tal exercício, 56% responderam meia questão (nomearam apenas dois ou três oceanos) e, 19% nomearam os cinco oceanos. Os oceanos mais esquecidos foram os: Glacial Ártico e Glacial Antártico. Assim como citado logo acima, para o ligeiro esquecimento dos educandos sobre tal, contribuo esta ao fato do tempo acirrado do professor ao se trabalhar estes conteúdos. A terceira e a quarta pergunta é alvo de muita atenção. Na terceira esperava-se dos educandos a nomeação das “linhas” contidas no mapa em meridianos e paralelos, e suas utilizações para fuso horário e localização. 56% não responderam tal indagação, 16% responderam porem, de maneira errada, 16% responderam meia questão aram (só nomearam ou só expressaram sua importância ou utilização) 12% acertaram. A quarta pergunta era de cunho individual onde a pergunta elaborada pela autora era a seguinte: Para você, qual a importância das informações contidas neste questionário? Em que elas interferem no seu cotidiano? 78% não responderam, 9% responderam e o restante, ou seja, 13% deram respostas vazias, exemplo: “Todo conhecimento é válido”, “relembrar” e “muito importante”. Com tamanha evasão e respostas vagas, fica evidente a não percepção, por parte dos alunos, o sentido de se estudar cartografia e a sua utilização no cotidiano. Vale ressaltar que este questionário foi aplicado aos alunos do terceiro ano do ensino médio e que para a realização deste os mesmos não puderam fazer nenhum tipo de consulta a nenhum meio, seja livro didático, internet, indagações e consultas com colegas. Tal conteúdo, cartografia, no ensino médio faz parte do currículo do primeiro ano (PARANÁ, 2008), assim os educandos contemplados pela pesquisa passaram 36 por tal aprendizagem há dois anos (2012), porém sua linguagem, deva ser utilizado em todos os anos acadêmicos. É de causar estranheza e indagações de como tais resultados foram obtidos? Como foi explicitado anteriormente neste artigo, sabe se que com o abandono da utilização de recursos cartográficos como globo e diversos mapas pela Geografia Crítica, ou como bem disse Kaercher (2007) “foi jogada a criança com a água do banho” onde tais materiais de recursos didáticos visuais foram abandonados pela nova concepção teórica metodológica de se
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