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MODERNIDADE PÓS-MODERNIDADE MAX WEBER NESSE - Tese

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MODERNIDADE / PÓS-MODERNIDADE: MAX WEBER NESSE 
CONTEXTO E AS CONSEQUÊNCIAS PARA A EDUCAÇÃO
 
Daniele Rorato Sagrillo1
Izabel Cristina Uaska Hepp2
Sueli Menezes Pereira3
Resumo:
Este trabalho traz a reflexão sobre alguns conceitos que consideramos central na teoria de 
Max Weber, com o objetivo de utilizar essa temática como pressuposto interpretativo para a 
análise da ascensão do “movimento” pós-moderno em detrimento do moderno, o qual atinge 
frontalmente a educação e as teorias educacionais. Esse estudo foi realizado de forma teórica, 
com intuito de relacionar aspectos gerais da modernidade e pós-modernidade ao que Weber 
denomina de “desencantamento do mundo”. Podemos constatar que a tendência à 
racionalização em todas as esferas da vida humana, contribuiu para que o projeto da 
modernidade não se realizasse, pelo menos não como se imaginou no seu início. Sendo assim, 
apesar da constatação do desvio de rota do projeto da modernidade, não é pertinente afirmar 
que o mesmo acabou, como se a história tivesse começado agora ou não fosse relevante para o 
presente. Portanto, consideramos que a caudalosa crítica já existente e acumulada ao longo da 
Modernidade é fundamental para a interpretação de uma sociedade pós-industrial, pós-
moderna, pós-tudo e mais do que nunca capitalista. 
Palavras-chave: Modernidade. Pós-modernidade. Educação.
Introdução
Este trabalho foi desenvolvido para a disciplina de Constituição do campo 
educacional: entre teorias e práticas, do programa de pós-graduação a nível de mestrado do 
CE/UFSM. O trabalho foi proposto com o objetivo de “revisitar” pensadores críticos da 
modernidade, sendo que o escolhido para este foi Max Weber. 
Pretendemos com este texto, salientar importantes questões sobre Max Weber, em 
especial o “desencantamento do mundo”, no entanto, nos baseamos apenas no trato de alguns 
conceitos fundamentais, devido à complexidade de sua sociologia não nos permitiu 
“apreender” a “totalidade” em estudo, deixando várias questões em aberto, pois é tarefa 
1 Mestranda, CE/UFSM – danielesagrillo@yahoo.com.br
2 Mestranda, CE/UFSM – heppari@terra.com.br
3 Orientadora e Professora do CE/ PPGE/UFSM - sueli@ce.ufsm.br
difícil e atraente a riqueza teórica nela contida, possibilitando “novos pontos de partida” para 
o aprofundamento do assunto, já que este consiste de grande relevância.
Para chegarmos ao objetivo proposto, inicialmente, apresentamos e contextualizamos 
historicamente as correntes de pensamento da época de Max Weber. A seguir apresentamos as 
idéias de Max Weber quanto à sua teoria da sociologia da religião. Seguindo o pensamento do 
autor, abordamos a racionalização e burocratização que levam ao desencantamento do mundo. 
Nesse contexto de discussão que utilizamos essa temática como pressuposto interpretativo 
para a análise da ascensão do “movimento” pós-moderno em detrimento do moderno, o qual 
atinge frontalmente a educação.
Considerações iniciais
No paradigma da modernidade, a corrente de pensamento que acreditava no progresso 
linear da sociedade e principalmente no poder exclusivo e absoluto da razão humana em 
conhecer a realidade e traduzi-la sob a forma de leis naturais é o positivismo. Sua origem foi 
na tradição empirista inglesa que remonta a Francis Bacon (1561-1626) e encontrou expressão 
em David Hume (1711-1776), nos utilitaristas do século XIX e outros. Nessa linha 
metodológica de abordagem dos fatos humanos se colocam Augusto Comte (1798-1857) e 
Émile Durkheim (1858-1917), sendo o primeiro considerado por muitos como o fundador da 
sociologia como disciplina científica. 
Seguindo essa linha de pensamento, o positivismo durkheimiano acreditava que a 
sociedade poderia ser analisada da mesma forma que os fenômenos da natureza e a partir 
dessa suposição, utilizava em seus estudos os mesmos procedimentos das ciências naturais. 
Este autor, evolucionista, queria fundar uma ciência experimental baseada na observação, 
experimentação e explicação dos fatos sociais para poder chegar as grandes leis e fazer da 
Sociologia uma ciência autônoma, distinguindo-a da filosofia, biologia, história e da 
psicologia. 
 Os antipositivistas, adeptos da distinção entre ciências humanas e ciências naturais, 
foram sobretudo alemães vinculados ao idealismo dos filósofos da época do Romantismo, 
principalmente Hegel (1770-1831) e Schleiermacher (1768-1834). Os grandes representantes 
dessa orientação antipositivista foram os neokantianos Wilhelm Dilthey (1833-1911), 
Wilhelm Windelband (1848-1915) e Heinrich Rickert (1863-1936). 
Wilhelm Dilthey contrapôs à razão científica dos positivistas a razão histórica, isto é, a 
idéia de que a compreensão do fenômeno social pressupõe a recuperação do sentido, sempre 
2
arraigado temporalmente e adscrito a uma cosmovisão ou visão de mundo (relativismo) e a 
um ponto de vista (perspectivismo). Obra humana, a experiência histórica é também uma 
realidade múltipla e inesgotável (Quintaneiro; Barbosa, 2003).
Podemos dizer que na Sociologia quem deu os primeiros passos em direção a este 
novo caminho foi Max Weber (1864-1920). Para este autor que nos é contemporâneo, o 
verdadeiro ponto de partida da Sociologia é a compreensão da ação dos indivíduos e não a 
análise das instituições sociais ou dos grupos sociais. Com essa posição, Weber não tinha a 
intenção de negar a existência ou a importância dos fenômenos sociais como: o Estado, a 
empresa capitalista, a sociedade anônima, mas tão somente a de ressaltar a necessidade de 
compreender as intenções e motivações dos indivíduos que vivenciam certas situações sociais. 
Segundo Löwy (1994), Weber parte da temática rickertiana da Wertbziehung (a 
relação com os valores) como fundamento das ciências sociais e históricas; mas 
contrariamente a Rickert, ele não acreditava em valores objetivos, universais, absolutos. Ele 
se aproxima do relativismo histórico de Dilthey, apesar de mencionar muito raramente este 
autor em seus trabalhos.
Mas foram Marx e Nietzsche, reconhecidos pelo próprio Weber como os pensadores 
decisivos de seu tempo, aqueles que, segundo alguns biógrafos, tiveram maior impacto sobre 
a obra do sociólogo alemão. A influência de Marx evidencia-se no fato de ambos terem 
compartilhado o grande tema – o capitalismo ocidental – e dedicado a ele boa parte de suas 
energias intelectuais. Weber também é herdeiro da percepção de Nietzsche, segundo o qual a 
vontade de poder, expressa na luta entre valores antagônicos, é que torna a realidade social, 
política e econômica compreensível (Quintaneiro; Barbosa, 2003).
Portanto, com Weber se estabelece, de vez, na Sociologia a abordagem de 
subjetividade do sujeito com o reconhecimento das ações singulares e individuais que, de 
certa maneira, já estavam sendo idealizadas desde o século XVII com Giovanni Batista Vico 
(1668-1744), que era um filósofo e historiador italiano que defendia a tese de que o 
verdadeiro objeto do conhecimento são os feitos humanos.
As soluções encontradas por Weber para os intrincados problemas metodológicos que 
ocuparam a atenção dos cientistas sociais do começo do século XX permitiram-lhe lançar 
novas luzes sobre vários problemas sociais e históricos, e fazer contribuições extremamente 
importantes para as ciências sociais. Particularmente relevantes nesse sentido foram seus 
estudos sobre a sociologia da religião, mais exatamente suas interpretações sobre as relações 
entre as idéias e atitudes religiosas, por um lado, e as atividades e organização econômica 
correspondentes, por outro. 
3
A sociologiada religião
A primeira idéia que ocorreu a Weber na elaboração dessa teoria foi a de que, para 
conhecer corretamente a causa ou causas do surgimento do capitalismo, era necessário fazer 
um estudo comparativo entre as várias sociedades do mundo ocidental (único lugar em que o 
capitalismo, como um tipo ideal, tinha surgido) e as outras civilizações, principalmente as do 
Oriente, onde nada de semelhante ao capitalismo ocidental tinha aparecido. Essa análise 
weberiana postula uma relação causal entre a ética protestante, ou uma ética profissional e o 
progresso material.
Foi a presença muito significativa de protestantes de várias seitas entre os empresários 
e os trabalhadores qualificados nos países capitalistas mais industrializados que sugerira a 
Weber a possibilidade da existência de algum tipo de afinidade particular entre certos valores 
presentes na época do surgimento do capitalismo moderno e aqueles disseminados pelo 
calvinismo. Baseado numa análise de obras de puritanos e de autores que representavam a 
ética calvinista, Weber procurou encontrar uma possível relação entre valores e condições 
para o estabelecimento do capitalismo. (Quintaneiro; Barbosa, 2003).
Weber coloca uma série de hipóteses referentes a fatores que poderiam explicar o fato 
e elimina-os, um a um, chegando à conclusão final de que os protestantes, tanto como classe 
dirigente, quanto como classe dirigida, seja como maioria, seja como minoria, sempre teriam 
demonstrado tendência específica para o racionalismo econômico. A razão desse fato deveria, 
portanto, ser buscada no caráter intrínseco e permanente de suas crenças religiosas e não 
apenas em suas temporárias situações externas na história e na política. 
Uma vez indicado o papel que as crenças religiosas teriam exercido na gênese do 
espírito capitalista, Weber propõe-se a investigar quais os elementos dessas crenças que 
atuaram no sentido indicado e procura definir o que entende por "espírito do capitalismo". 
Este é entendido por Weber como constituído fundamentalmente por uma ética peculiar, na 
qual o trabalho torna-se um valor em si mesmo, e o operário ou o capitalista puritano passam 
a viver em função de sua atividade ou negócio e só assim têm a sensação da tarefa cumprida. 
O puritanismo condenava o ócio, o luxo, a perda de tempo e a preguiça.
Segundo Weber (apud Quintaneiro; Barbosa, 2003, p.143) “para os calvinistas, o Deus 
inescrutável tem seus bons motivos para repartir desigualmente os bens de fortuna, e o 
homem se prova exclusivamente no trabalho profissional”. Para esse sociólogo, a adoção 
dessa nova perspectiva trazida pelo protestantismo permite aos primeiros empresários reverter 
4
sua condição de baixo prestígio social (pois a igreja católica condenava a ambição do lucro) e 
se transformarem em heróis da nova sociedade que se instalava. 
Esses princípios morais, internalizados pelos indivíduos, deram a origem a ética do 
trabalho e forneceram o substrato motivacional para o desenvolvimento capitalista. O 
capitalismo libertou-se do abrigo de um espírito religioso e a busca de riquezas passou a 
associar-se a paixões puramente mundanas. O capitalismo moderno não precisa mais do 
suporte da força religiosa, pelo contrário sua influência é prejudicial.
É necessário, contudo, salientar que Weber, em nenhum momento considera o espírito 
do capitalismo como pura conseqüência da Reforma protestante. Advertindo ter analisado 
apenas uma das possíveis relações entre o protestantismo ascético e a cultura contemporânea.
O processo de racionalização que ocorre na organização da comunidade religiosa 
reflete-se em suas concepções de mundo e nas razões que são apresentadas para explicar aos 
fiéis por que alguns são mais afortunados do que outros. De modo geral, as religiões mais 
antigas proporcionavam a teodicéia dos mais bem aquinhoados, que viam assim, legitimada 
sua boa sorte. Mas é necessário dar respostas aos mais carentes, os oprimidos, que precisavam 
de conforto e de esperança na redenção, fornecendo-lhes uma teodicéia do seu sofrimento, 
nesta tentativa de explicação tinha que dar respostas também à injustiça e à imperfeição da 
ordem social (Quintaneiro; Barbosa, 2003).
Segundo essas autoras, para atender às necessidades dos menos afortunados, os 
mágicos e sacerdotes passam a exercer funções mais mundanas de aconselhamento sobre a 
vida, reforçadas com a criação de uma religiosidade em torno de um salvador daqueles 
expostos a privação, produzindo uma visão do mundo na qual o infortúnio individual possui 
valor positivo. 
De acordo com suas características, cada ética religiosa penetra diferentemente na 
ordem social, na punição do infrator, na ordem jurídica e na econômica, no mundo da ação 
política, na esfera sexual e na da arte. Ao produzirem um desencantamento do mundo e 
bloquearem a possibilidade de salvação por meio da fuga contemplativa, as seitas protestantes 
ocidentais fomentaram uma racionalização metódica da conduta.
Tendência à racionalização, burocracia e o desencantamento do mundo
Para Quintaneiro e Barbosa (2003), a marca distintiva que Weber identificava nas 
sociedades ocidentais contemporâneas seria de que o mundo tende inexoravelmente à 
racionalização em todas as esferas da vida social.
5
De acordo com essas autoras, Weber acreditava que um dos meios através do qual essa 
tendência à racionalização se atualiza nas sociedades ocidentais é a organização burocrática. 
Da administração pública à gestão dos negócios privados, da máfia à polícia, dos cuidados 
com saúde às práticas de lazer, escolas, clubes, partidos políticos, igrejas. Enfim, todas as 
instituições, tenham elas fins ideais ou materiais, estruturam-se e atuam através do 
instrumento cada vez mais universal e eficaz de se exercer a dominação que é a burocracia.
A burocracia enquanto tipo ideal pode organizar a dominação racional-legal por meio 
de uma incomparável superioridade técnica que garanta precisão, velocidade, clareza, 
unidade, especialização de funções, redução de atrito, dos custos de material e pessoal, etc. 
Ela também deve eliminar dos negócios o amor, o ódio e todos os elementos sensíveis 
puramente pessoais, todos os elementos irracionais que fogem ao cálculo. 
Como participante ativo da produção cultural de sua época, Weber partilhava a visão 
de que o avanço da racionalidade tinha também como resultado uma decadência geral da 
cultura clássica. O sentido em que o processo de evolução vem ocorrendo é tal que “limita 
cada vez mais o alcance das escolhas efetivas abertas aos homens”. Estes não só têm poucas 
alternativas como vão se tornando cada vez mais medíocres. Tudo isso é conseqüência do que 
se chama de desencantamento do mundo. 
A elaboração teórica de Max Weber sobre a modernidade ocidental e as conseqüências 
da crescente racionalização, que passam a determinar as esferas da ação humana, faz com que 
o homem desencante-se diante do mundo e perca a sua ingenuidade original que o unia a este. 
A humanidade partiu de um universo habitado pelo sagrado, pelo mágico, excepcional e 
chegou a um mundo racionalizado, material, manipulado pela ciência e pela técnica. O mundo 
de deuses e mitos foi despovoado, sua magia substituída pelo conhecimento científico e pelo 
desenvolvimento de formas de organização racionais e burocratizadas, e “os valores últimos e 
mais sublimes retiram-se da vida pública, seja para o reino transcendental da vida mística, 
seja para a fraternidade das relações humanas diretas e pessoais” (Quintaneiro; Barbosa, 2003 
p.132)
Sendo assim, para Weber, a sociedademoderna e industrial, regida pela razão 
instrumental, caminhava para um processo de crescente racionalização da ação. O complexo 
modo de vida das sociedades ocidentais exigiria um Estado burocratizado e organizado, no 
qual os especialistas tomariam o controle da sociedade. O homem liberto do poder da religião 
(através do processo de desencantamento do mundo, que o distanciou do sagrado) estaria 
submetido ao mundo da razão. 
6
Assim, a racionalização crescente se torna um instrumento de poder: o homem 
acredita dominar a sociedade e aos outros homens pela progressiva intelectualização de seus 
conhecimentos e pela apuração das técnicas. O mundo assim concebido passa a ser um 
mecanismo causal, controlável racionalmente, e a expressão ideal da forma de dominação 
racional nessa sociedade é a burocracia. Ela despersonifica o indivíduo, coisifica o homem, 
que parece estar encurralado no beco da razão, tendo a sua frente a calculabilidade própria do 
capitalismo, a ordem econômica determinada pela técnica e a produção em série através das 
máquinas, e atrás de si, a paixão irrefreável pela busca dos bens materiais. 
Acreditamos que o “desencantamento do mundo”, decorrente da racionalização e da 
burocratização é um “conceito chave” da obra de Max Weber. Ele gera certo pessimismo 
sobre as possibilidades humanas do agir em liberdade, permitindo-nos, através dessa 
fundamental crítica, pensarmos e avançarmos nessa discussão, principalmente no que se 
refere a educação .
Pós-modernidade / modernidade
Max Weber foi um importante crítico e pensador da modernidade. Para Weber a 
modernidade é o produto do processo de racionalização que ocorreu no ocidente, desde o final 
do século XVIII, e que implicou a modernização da sociedade e a modernização da cultura.
Com o projeto moderno, o apego à razão como instrumento do progresso e da auto-
realização do homem surge para que a humanidade consiga se desvincular da expectativa 
salvacionista externa, característica do período medieval. Assim, “a redenção do homem 
passa a depender não mais do gesto generoso da divindade, mas da capacidade racional do 
homem, de desvendar os segredos da natureza, descobrir suas regularidades, colocar esses 
conhecimentos a serviço do homem e da tecnologia” (Goergen, 2001, p.16).
Porém, com o processo de secularização, tivemos o estreitamento nos conceitos de 
emancipação e razão, ficando a primeira restrita apenas ao material, ao histórico-físico do 
homem, e a segunda “é restrita a sua dimensão científica, matemática” Goergen (2001, p.17).
É a partir disso que a ciência moderna começa a se desenvolver cada vez mais 
relacionada à produção, perdendo sua relativa independência e passando, na maior parte das 
vezes “a atender aos interesses da produção e da classe detentora dos meios de produção” 
Andery, et al (2003, p.293).
7
Assim, o quadro conseqüente do acima exposto é o de, por um lado houve grandes 
avanços, principalmente no que se refere à tecnologia, mas por outro lado houve grandes 
desgraças como as desigualdades sociais, guerras e extermínios.
É a partir do quadro atual, no qual estão colocadas várias conseqüências do modelo 
racional moderno, que surge o “movimento” Pós-Moderno, cujo pensamento se desenvolve 
em muitas frentes, com diferenças, o que requer muitas leituras e reflexões para a realização 
de uma análise mais profunda e detalhada desta corrente de pensamento.
Porém, nosso objetivo neste trabalho não é o de fazer uma análise profunda sobre a 
Pós-Modernidade, mas sim destacar alguns aspectos que são comuns dentro desta corrente, 
para então refletirmos acerca dos mesmos.
Em geral, para os autores pós-modernos não existe mais a possibilidade de 
desenvolvimento do homem e da sociedade, pois os mesmos apontam à tese do fim das 
metanarrativas, símbolos da modernidade que não deu certo. Segundo eles, a busca da auto-
realização do homem através da razão instrumental falhou, devendo-se assim buscar outras 
formas. Isso pode ser percebido quando Lyotard (1986, p. 111) afirma que:
O recurso às grandes narrativas está excluído; não se pode, portanto 
recorrer nem à dialética do espírito, nem mesmo à emancipação da 
humanidade para a validação do discurso científico moderno. Mas, 
(...), a “pequena narrativa” continua a ser a forma por excelência 
assumida pela invenção imaginativa e, antes de mais nada, na ciência. 
O que podemos perceber então é que enquanto a Modernidade tem 
predominantemente suas bases na razão instrumental, a Pós-Modernidade, ao contrário, por 
ter o entendimento de que as promessas da Modernidade não conseguiram ser cumpridas, 
negam essa razão, elencando aspectos que foram marginalizados durante o período da 
Modernidade.
Segundo a definição de Max Weber, o projeto moderno é constituído por três 
racionalidades: racionalidade estético-expressiva, das artes e da literatura, a racionalidade 
cognitivo-instrumental, da ciência e da tecnologia e a racionalidade moral-prática, da ética 
do direito. Mediante a tal projeto, Souza Santos (2005) afirma que seria impossível evitar que 
o cumprimento das promessas fosse em alguns casos excessivos e noutros insuficientes. E é 
sobre essa ‘lógica’ que alguns autores que representam a Pós-Modernidade vão pautar-se, 
levando em conta o que a Modernidade deixou até agora mais inacabada e aberta, que é: a 
racionalidade estético-expressiva.
8
Segundo Chauí (1992), a Modernidade, nascida com a ilustração, teria privilegiado o 
universal e a racionalidade; teria sido positivista e tecnocêntrica, acreditando no progresso 
linear da civilização, na continuidade temporal da história, em verdades absolutas, no 
planejamento racional e duradouro da ordem social e política; e teria apostado na 
padronização dos conhecimentos e da produção econômica como sinais de universalidade.
Por sua vez, a Pós-Modernidade privilegiaria a heterogeneidade e a diferença como 
forças libertadoras da cultura; teria afirmado o pluralismo contra o fetichismo da totalidade e 
enfatizando a fragmentação, a indeterminação, a descontinuidade e a alteridade, recusando 
tanto as metanarrativas, isto é, filosofias e ciências com pretensão de oferecer uma 
interpretação totalizante do real, quanto os mitos totalizantes, como o mito futurista da 
máquina, o mito comunista do proletariado e o mito iluminista da ética racional e universal.
Portanto, se por um lado a Modernidade deu ênfase à razão instrumental, 
marginalizando outros aspectos da humanidade, por outro, a Pós-Modernidade nega essa 
razão, buscando abordar hegemonicamente os aspectos da racionalidade estético-expressiva. 
Assim, será que com essa busca da exaltação do extremo oposto, a Pós-Modernidade não 
incorrerá em graves erros como o fez a perspectiva Moderna? 
Diante da emergência por novas formas de autonomia e realização humanas, Goergen 
(2005) apresenta três perspectivas colocadas em debate: Primeiro, o reconhecimento 
generalizado de que o sonho moderno de uma sociedade melhor, resumido na forma de 
grandes narrativas históricas, parece não se ter realizado, pelo menos não como se imaginou 
no início da Modernidade; Segundo, a convicção dos pós-modernos de que o projeto moderno 
de progresso permanente e ilimitado em direção a uma vida melhor foi uma grande ilusão e de 
que a Modernidade está superada; Terceiro, a confiança dos ainda modernos de que a 
Modernidade se desviou, sim, da rota inicialmente traçada, enveredando-se por caminhos 
perigosos e trágicos, mas que os erros podeme devem ser corrigidos.
É nesta terceira perspectiva que nos fundamentamos, pois como poderemos decretar 
que o moderno acabou, a exemplo disso, toda a crítica realizada por Max Weber, um dos 
autores modernos revisitados para “auxiliar” o “movimento” Pós-Moderno. Nesse sentido 
como não ser mais ‘economicista’ numa “sociedade pós-industrial, pós-moderna, pós-tudo e 
mais do que nunca capitalista” (Bracht, 2002, p.199)?
Contrariando a corrente Pós-Moderna, concordamos com Freitas (2005) que muitas 
vezes jovens pesquisadores decretam que o moderno acabou não levando em conta a 
caudalosa crítica do moderno, já acumulada ao longo da própria Modernidade, como se a 
história tivesse começado agora e/ou não fosse relevante. 
9
Considerações finais 
Enquanto educadores temos uma enorme preocupação em torno da Pós-Modernidade, 
principalmente porque não falam de um lugar ideológico neutro, mas se incluem no contexto 
do espírito neoliberal, com todas as conseqüências que isso implica. No entanto, entendemos 
que isto não impede que suas críticas mereçam nossa atenção. Goergen (2005) lembra que:
mesmo aceitando que a experiência da pós-modernidade não esteja 
exclusivamente relacionada ao capitalismo tardio, é inegável que 
diversas dimensões da crise da racionalidade do ordenamento 
capitalista avançado estão carregadas das angústias que acompanham 
as idéias da “morte da razão” ou da “morte do político” (p. 65).
Freitas (2005) afirma, que para o cidadão comum, a luta pela sobrevivência diária 
retira-o do envolvimento e das preocupações com o outro, fragmentando e mergulhando o 
indivíduo em um profundo narcisismo, num “salve-se quem puder”, gerando nas pessoas um 
sentimento de conformismo social e de impotência em relação ao futuro. Isso significa ao 
mesmo tempo, a plena capacidade do capital pensar seu futuro com total ausência de limites.
Assim sendo, por acreditarmos que o sujeito é histórico e social, fruto de suas 
circunstancias, produtor de sua história e produzido por ela, ou seja, o Homem é a história, a 
Educação não pode ficar como mera expectadora nesse processo, esperando orientação as 
respostas de como e para que devemos educar, é que nos posicionamos dentre os ainda 
modernos, que apesar de terem o entendimento de que a modernidade se desviou da rota 
inicialmente traçada, acreditamos que podemos e devemos superar esses entraves dentro da 
proposta moderna, a partir das críticas já realizadas dentro desta e não a partir de perspectivas 
que busquem abordar expectativas opostas, deixando de lado o que já foi conquistado pela 
humanidade.
Referências Bibliográficas
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11

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