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TRANSPLANTE HEPÁTICO Hospital Universitário de Brasília- HUB Universidade de Brasília – UnB Brasília, 05 de DEZEMBRo de 2017 INTRODUÇÃO O transplante hepático é o tratamento de escolha para pacientes com cirrose e descompensação da doença, para aqueles com insuficiência hepática fulminante e com carcinoma hepatocelular dentro dos critérios de Milão. Revolucionou o tratamento dos pacientes com doença hepática terminal. HISTÓRICO 1955: Welch realizou a primeira descrição científica da utilização do transplante de fígado para o tratamento de pacientes 1956: Jack Cannon realizou os primeiros experimentos em transplante ortotópico de fígado (ablação do órgão doente e na implantação no seu lugar do enxerto doado)em cães (Los Angeles) Março/1963: Starzl et al. realizaram o primeiro transplante de fígado do mundo, em Denver, Colorado. Paciente: criança com diagnóstico de atresia de vias biliares. Óbito durante a cirurgia. Setembro/1963 e em janeiro/1964: outras tentativas de transplantes em humanos foram realizadas, em Boston e em Paris, respectivamente, também sem sucesso HISTÓRICO Julho de 1967 ocorreu o primeiro transplante ortotópico de fígado bem-sucedido em humanos. Apesar do sucesso ocasional e da melhora da sobrevida inicial, 70% da mortalidade era a rotina na maioria dos serviços de transplante de fígado. 1968: definição legal de morte encefálica -> grande marco!! Permitiu que órgãos retirados sob condições intoleráveis de isquemia quente pudessem se transformar em enxertos de melhor qualidade Com um esquema de imunossupressão não seletivo, associado a complexidade cirúrgica do transplante de fígado, concluiu-se que o pacientes ficavam extremamente vulneráveis a infecções HISTÓRICO Até 1977, aproximadamente 200 transplantes de fígado foram realizados no mundo. 1979, Calne, utilizou pela primeira vez a ciclosporina em dois pacientes submetidos ao transplante de fígado, iniciando um novo capítulo na história do transplante de fígado. 1989: Início da utilização da solução de preservação de órgãos (Universidade de Wisconsin -EUA), que permitia uma isquemia fria de até 20/24 horas, tornando uma cirurgia de urgência em um procedimento semi-eletivo, observando- se melhores resultados. 1990: conversão de ciclosporina por tacrolimo -> como principal imunossupressor no transplante de fígado. HISTÓRICO Atualmente realizam-se mais de 10 mil transplantes de fígado ao ano no mundo sendo de 80 a 90%. a sobrevida no primeiro ano. O número de pacientes em lista para o transplante de fígado aumenta progressivamente em relação ao número de doadores falecidos sendo a doação intervivos uma das soluções encontradas para a resolução do problema, quando possível. 2001: 10% dos transplantes realizados nos EUA foram com doadores vivos (principalmente nos casos de hepatite fulminante) HISTÓRIA DO TRANSPLANTE HEPÁTICO NO BRASIL 1968: Machado e sua equipe realizaram o primeiro transplante de fígado no HC-FMUSP. O paciente sobreviveu 7 dias, mas desenvolveu infecção e rejeição aguda do enxerto 1969 e 1971, outros dois pacientes foram submetidos ao transplante de fígado e sobreviveram, respectivamente, 18 e 30 dias. 1985: Reiniciados, no HC-FMUSP, os transplantes de fígado no Brasil com Silvano Raia. 1988: Raia et al. realizaram o primeiro transplante intervivos do mundo. INDICAÇÕES PARA O TRANSPLANTE HEPÁTICO De maneira geral: Está indicado na doença hepática crônica avançada e irreversível, quando a perspectiva de sobrevivência, resultante da doença hepática, é menor que um ano, sem alternativas clínicas ou cirúrgicas de tratamento que não o transplante, quando há grande interferência na capacidade de trabalho ou na qualidade de vida, que se torna intolerável, e a progressão da doença resulta em expectativa de vida menor que a do resultado do transplante. Doença hepática crônica avançada, falência hepática fulminante e doença hepática metabólica congênita INDICAÇÕES PARA O TRANSPLANTE HEPÁTICO MANIFESTAÇÕES DE DOENÇA HEPÁTICA TERMINALVALORIZÁVEISPARA A INDICAÇÃO DO TRANSPLANTE: Icterícia progressiva Encefalopatia porto-sistêmica, Ascite intratável, Prurido intratável Peritonite bacteriana espontânea, Desnutrição progressiva Sangramento de varizes de esôfago recorrente Síndromehepatopulmonar Diátese hemorrágica Fadiga crônica Síndromehepatorrenal Carcinomahepatocelular CRITÉRIOS DE MILÃO: Paciente cirrótico com Nódulo único < 5 cm, ou Até 3 nódulos < 3 e ausência de trombose tumoral de VP 10 INDICAÇÕES PARA O TRANSPLANTE HEPÁTICO Considera-se que candidatos à espera do transplante hepático atendam a 4 requisitos fundamentais: Estabelecimento de diagnóstico específico da doença Demonstração inequívoca da gravidade da doença mediante provas documentadas Identificação de possível complicação que poderá prejudicar a sobrevida do paciente Estimativa da sobrevida do paciente submetido ou não ao transplante. Com o aumento da experiência clínica, as contra-indicações de ordem absoluta vem diminuindo, enquanto que as contra-indicações de ordem relativa vem aumentando. Neste aspecto convém salientar que com o aumento da experiência clínica, as contra-indicações de ordem absoluta vem diminuindo, enquanto que as contra-indicações de ordem relativa vem aumentando19. Assim, por exemplo, a idade acima de 60 anos, o alcoolismo crônico, e a doença renal crônica podem não contra-indicar o transplante se cuidados especiais forem adotados 13 TIPOS DE TRANPLANTE HEPÁTICO Doador cadáver: diagnóstico de morte encefálica Avaliação visual e manual do fígado pelo cirurgião O doador é avaliado em diferentes etapas: exame físico, exames laboratoriais (análise bioquímica, compatibilidade hematológica, testes de função hepática e renal, sorologias para hepatite, sífilis, Chagas e HIV). Intervivos x Doador cadáver o que ajuda na tomada de decisão de se utilizar o órgão doado, ou não. 14 Contraindicações ABSOLUTAS Para ser um doador de fígado: • tumores malignos, com exceção dos carcinomas basocelulares da pele, carcinoma in situ do colo uterino e tumores primitivos do sistema nervoso central; • sorologia positiva para HIV ou para HTLV I e II; • sepse ativa e não controlada; • tuberculose em atividade. 15 CLASSIFICAÇÃO DE GRAVIDADE E PROGNÓSTICO O critério de GRAVIDADE baseia-se nas características clínicas dos candidatos ao transplante, privilegiando os em estado clínico mais crítico e com menores chances de sobreviver em curto e médio prazo. Classificação BCLC (Barcelona Clinic Liver Cancer): fundamentalmente para orientação terapêutica; classifica o paciente em 5 estádios e integra as classificações de Child-Pugh, Okuda, TNM e performance status O índice de Child-Pugh leva em consideração os níveis de bilirrubina, tempo de protrombina (TP), albumina, o grau de ascite e encefalopatia, e divide os pacientes em três grupos distintos (A, B e C) de acordo com a gravidade da insuficiência hepática. O sistema MELD de avaliação prognóstica desenvolvido entre 1990 a 1999. Por meio desse sistema, os pacientes são posicionados na lista conforme a gravidade de sua enfermidade CLASSIFICAÇÃO DE GRAVIDADE E PROGNÓSTICO Os exames para cálculo do MELD/PELD terão validade definida e devem ser renovados, no mínimo, na freqüência abaixo: a) MELD até 10 - validade de doze meses, exame colhido nos últimos 30 dias; b) MELD de 11 a 18 - validade de três meses, exame colhido nos últimos 14 dias; c) MELD de 19 a 24 - validade de um mês, exame colhido nos últimos sete dias; d) MELD maior que 25 - validade de sete dias, exame colhido nas últimas 48 horas; PRÉ-OPERATÓRIO . 18 PRÉ-OPERATÓRIO . 19 CIRURGIA IMUNOSSUPRESSÃO O fígado : órgão que apresenta situação imunológica privilegiada em relação aos outros órgãos sólidos, -> não apresenta situações de rejeição hiperaguda e a rejeição aguda incontrolável é poucofrequente. As reações de rejeição são controladas adequadamente com as drogas comuns, mas as rejeições agudas poderão determinar uma perda fulminante do enxerto se a imunossupressão não for instituída e adequada. Tromboses vasculares e infarto hepático podem resultar de injúria endotelial por inadequada imunossupressão. IMUNOSSUPRESSÃO Consequência: o aumento das possibilidades de infecções, no pós-operatório imediato e até um ano, contribuindo como a maior causa de mortalidade, nesse período. Os protocolos de imunossupressão, atualmente, utilizam uma combinação de duas ou três drogas, sendo que as mais freqüentemente utilizadas são: glicocorticóides, azatioprina, ciclosporina, tacrolímus ou micofenolato mofetil. TRANSPLANTE HEPÁTICO: RESULTADOS Os resultados obtidos dependem da: superação das dificuldades técnicas, melhoria do atendimento clínico, melhor seleção dos pacientes, da descoberta novas drogas imunossupressoras experiência acumulada pelo grupo transplantador. TRANSPLANTE HEPÁTICO: RESULTADOS EVOLUÇÃO DOS TRANSPLANTADOS A continuidade do bem-estar requer um Os problemas mais comuns a serem observados nessa fase seqüencial são dependentes de três situações: do enxerto ou da cirurgia da imunossupressão da recorrência da doença a adesão permanente aos cuidados e medicamentos, CAPTAÇÃO E ALOCAÇÃO DE ÓRGÃOS Princípios de preservação 1) Fornecer Hipotermia para o órgãos; 2) Prevenção do edema celular; 3) Evitar injuria bioquímica. Por que preservar ?? Combater/prevenir os efeitos da ausência de fluxo sanguíneo = isquemia; Necessidade de avaliações clinicas e laboratoriais FUNÇÃO DAS SOLUÇÕES DE PRESERVAÇÃO 27 CAPTAÇÃO E ALOCAÇÃO DE ÓRGÃOS - Na época do Child: Doador ideal / receptor com disfunção. DOAdor ideal / receptor sem disfunção. doador limítrofe / receptor com disfunção. -Na época do MELD: Doador limítrofe/ receptor com muita disfunção Doador muito limítrofe/ receptor sem muita disfunção 28 Materiais: Preservação de órgãos Caixa térmica Gelo em saco Soluções de preservação Solutos congelados Equipos de perfusão . 29 Perfusão Técnica de Perfusão dos órgãos PORTA AORTA 30 Armazenamento do Enxerto Técnica 1ª embalagem 2ª embalagem 3ª embalagem 31 MATERIAIS: ARMAZENAMENTO DO ENXERTO Caixa térmica Gelo em saco Enxerto 32 TRANSPORTE DO ENXERTO 33 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Transplante de fígado: história, resultados e perspectivas 151 einstein. 2015;13(1):149-52
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