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TERAPIA OCUPACIONAL Jorge Augusto Ortiz Finger sarvier TERAPIA OCUPACIONAL Jorge Augusto Ortiz Finger Sarvier Editora da Livros Médicos Ltda Rua Dr. Amando de Carvalho n. 459 Caixa Postal 12.927 Fone 571 3439 04092 São Paulo Brasil SÃO PAULO — 1986 — BRASIL í Dedico este livro a minha querida esposa e ao meu filho, os quais compreenderam as dificuldades que enfrentei para a elaboração deste trabalho e sempre me estimularam a concluí-lo. " . . . Se uma estrela te atrai segue-a. Mesmo que ela te leve a um pântano, tenhas a certeza de que dele sairás, pois se assim não o fizeres, levarás por toda a tua vida a impressão de que aquela era a tua estrela. . . ” e eu a segui! Apresentação Este livro só pôde ser elaborado a partir do ieiic■— ento em que houve a constatação das neces- ■áades derivadas da não existência de uma me- pmlologia orientadora do trabalho de avaliação e ms mesmo de tratamento em Terapia Ocupacio- m,i. Seu objetivo é, portanto, suprir as deficiên- |ébs zecorrentes de informações não sistematiza rias Penso não ser mais possível ao Terapeuta Ocupacional continuar tentando demonstrar os ■andamentos e a aplicação terapêutica de sua pro- ÜHsãc. apenas por relatório destituídos de uma de pensamento sistemático que determine p rs metros mínimos de avaliação e de tratamento. Base tipo de relato, por mais descritivo que seja, poce deixar margens a diferentes interpretações. Apesar da proposição desta obra ser a de lisiiematização, não creio que este trabalho possa itrar.sformar nossa profissão em uma ciência exata, Numa vez que ela nunca foi e nunca o será, pois nu :-abalhar estaremos fatalmente manipulando «pnentos corporais de um ser humano, no entan- ■ isto não nos impede, em momento algum, de pi zarmos padrões pré-definidos, com a finali- liacê de traçar uma linha diretora de tratamento tttareando por base um sistema eminentemente ■■temático. Se formos realizar um estudo evolutivo de uniras profissões da área de saúde, observaremos I Be grande parte de sua evolução deu-se a partir a: momento em que houve a incorporação, em «na meio, de elementos básicos da matemática. Como exemplo, desta afirmativa, podemos oitar dentre as profissões que atuam diariamente m osco a Enfermagem que através de seus gráfi cos pode demonstrar ao clínico a evolução do . _adro geral do paciente. Outro exemplo é a Nutrição com seus cálculos e fórmulas traçando Setas alimentares de acordo com as necessidades calóricas, protéicas, e vitamínicas de cada orga nismo. Ao continuarmos nesta linha de pensamen to encontraremos a Fonoaudiologia e suas testa- gens audiométricas e, trabalhando de forma mais interligada a nós, a Fisioterapia que também se utiliza de padrões matemáticos em suas ativida des diárias de trabalho. Um pouco mais afastado de nosso cotidiano encontraremos a medicina cura tiva, lançando mão deste recurso sistemático com a finalidade de elevar seu padrão técnico. Foi so mente após a inclusão em seus estudos de méto dos matemáticos e de sistemas eletrônicos que observamos uma evolução bastante acentuada na verificação e na constatação dos mais diferentes diagnósticos e patologias. No caso da Terapia Ocupacional, nada havia até então que determinasse quocientes relativos de capacidade funcional, nem tão pouco parâme tros inteiramente definidos que pudessem trans mitir aos colegas ou aos clínicos os resultados obti dos em nossas avaliações, sem deixar margens a uma possível interpretação dúbia. Com isto in corríamos na possibilidade do não entendimento ou até mesmo da não-aceitação de vários pontos de nosso trabalho, muito embora eles pudessem estar inteiramente corretos. Tomei consciência desta problemática ainda no período acadêmico. Procurei orientação junto aos professores e encontrei um sustentáculo eficaz junto a Terapia Ocupacional — Iracema, então coordenadora de nosso curso, estimulou-me a con tinuar pesquisando sobre o assunto. Após ter-me graduado em Terapia Ocupacional pela Univer sidade Metodista de Piracicaba, SP, turma ingres sa em 1977, continuei os estudos relativos a este tema, chegando um momento onde a gama de in formações era tão grande e diversificada que fui obrigado a solicitar colaboração de um colega da área de computação. Processamos exaustivamente cerca de 2500 formulários de avaliação. Repetimos este proces so inúmeras vezes até chegarmos ao denominador comum que são as diversas fichas de avaliação em Terapia Ocupacional que proponho neste li vro. As dificuldades foram enormes e custou cer ca de sete anos de árduo trabalho diário. Cada item teve que ser cuidadosamente interpretado, ora adequando-se o vocabulário para a sua inclu são em campos específicos, pois o sentido grama tical era o mesmo, a única diferença estava a ní vel de vocábulos, ora traduzindo-se do espanhol, inglês ou francês e em alguns casos até mesmo do alemão para o português. Creio que este livro é a maior colaboração que eu posso oferecer à profissão que abracei, e espero, sinceramente, que este trabalho sirva de base aos colegas que estão desenvolvendo estu dos e pesquisas, apesar de todas as dificuldades que enfrentamos a nível de Brasil, onde não pos suímos o reconhecimento e o apoio de que so mos merecedores. IORGE AUGUSTO ORTIZ F1NGER TERAPEUTA OCUPACIONAL DO HOSPITAL DA CRUZ VERMELHA BRASILEIRA FILIAL DO PARANÁ índice 1. ASPECTOS GERAIS Conceituação .......................................... I Histórico ................................................ 2 Regulamentação Profissional ............... 4 Terapia Ocupacional no Segundo Grau 4 Terapia Ocupacional a Nível Superior 5 Objetivo Objeto e Método da Terapia Ocupacional ....................................... 7 Terapia Ocupacional como Ciência . . 11 Bibliografia . . ....................................... 12 I SISTEMA DE AVALIAÇÃO Ficha de Identificação e Formulário de Anamnese .......................................... 18 Anexo 2.1 — Formulário de Avaliação em Terapia Ocupacional ................. 19 Bibliografia ............................................ 19 5 AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO DA MÃO Plexo Braquial ....................................... 21 Aspectos Neuropsicomotores ............... 23 Semiologia da Atividade Manual ........ 27 Avaliação da Função da M ã o ............... 41 Anexo 3.1 — Função da M ã o ............ 42 Bibliografia ............................................ 42 4 EVOLUÇÃO NEUROLÓGICA Aspectos Geras ..................................... 45 Funções Corticais ................................. 46 Noções Anatomofisiológicas do Sistema Nervoso .............................................. 46 Origem do Sistema Nervoso .............. 47 Princípios da Função Cerebral .......... 48 Lei de Shunting ................................... 48 Sistema Gama ....................................... 49 Leis da Ação Reflexa ........................... 51 Inibição Recíproca ............................... 54 Inervação Recíproca ............................. 55 Inibição e Facilitação ........................... 55 Padrão de Inibição dos Reflexos — PIR 56 Interferência dos Reflexos ................... 58 integração dos Reflexos ....................... 58 Os Membros Superiores e o Desenvol vimento da Criança ......................... 59 Reações Posturais ................................. 60 Tratamento Neuroevolutivo ........ 61 Estimulação Precoce ............................. 62 Neurofisiologia da Lesão Cerebral . . . 67 Padrões Posturais da Criança ............. 70 Níveis de Integração ............................. 71 Classificação dos Reflexos ................... 72 Divisão da Atividade Reflexa e Reacio- nal ...................................................... 73 Reflexos Miotáticos Clônicos ou Pro fundos ................................................ 85 Avaliação da Função Neurológica . . . . 86 Anexo 4.1 — Avaliação Neuroevolutiva 88 Bibliografia ............................................ 90 5. ATIVIDADES DA VIDA DIÁRIA E ATIVIDADES DA VIDA PRÁTICA Aspectos Gerais ................................... 91 Comunicação .......................................... 93 Alimentação .......................................... 104 Elementos Comuns à Fala e à Alimen tação .................................................... 105 Vestuário ................................................ 108 Eliminação Corporal ............................. 108 Atividades da Vida Prática ................. 117 Avaliação de AVD e A V P ................... 127 Anexo 5.1 — Avaliação de AVD e AVP 132 Bibliografia ............................................ 135 6. FUNÇÕES ESPECIFICAS Esquema Corporal ................................. 137 Atenção .................................................. 138 Percepção .............................................. 140 Lateralidade .......................................... 141 Orientação Espacial ............................. 142 Orientação Temporal ........................... 143 Formação de Conceito .................. 144 O Comportamento Humano .............. 148 Aspectos Psicomotores .................. 148 Nível Integracional da Maturação Neu rológica .............................................. 149 Noção de Grandezas e M edidas.......... 149 Noção Tátil — Gustativa — Olfativa 150 Noção de Cores ................................... 152 Avaliação das Funções Específicas . . 156 Anexo 6.1 — Funções Específicas . . . 160 Bibliografia ............................................ 162 DESENVOLVIMENTO FÍSICO E AFETIVO-EMOCIONAL Aspectos Gerais ................................... 163 O Recém-nascido ................................... 164 Primeira Infância ................................. 170 Segunda Infância ................................. 186 Puberdade .............................................. 191 Adolescência ......................................... 198 A Juventude ....................................... 216 Idade Adulta ....................................... 216 Velhice .................................................. 225 Bibliografia ........................................... 228 8. APÊNDICE .Avaliação Psicomotora ......................... 231 Anexo 8.1 — Avaliação Psicomotora 232 Avaliação Senso-perceptiva ................. 233 Análise de Atividades ......................... 233 Anexo 8.2 — Análise de Atividades 234 Avaliação Goniométrica ....................... 236 Função M uscular................................... 241 Anexo 8.3 — Goniometria .................. 242 Relatório de Consulta ....................... 249 Anexo 8.4 — Relatório de Consulta . . 249 Descrição de Padrão ............................. 250 Anexo 8.5 — Descrição de Padrão . . . 250 Regulamento Interno ........................... 251 Planejamento e Programa de Atividades 253 Horário de Atividades da Terapia Ocupacional ..................................... 255 Relação de Material Permanente ........ 256 Relação de Material Descartável ........ 257 1 . Aspectos Gerais CONCEITUAÇÃO “Terapia Ocupacional é a arte e a ciência de orientar a participação de indivíduos em ati vidades selecionadas para restaurar; fortalecer e desenvolver a capacidade; facilitar a aprendiza gem daquelas habilidades e funções essenciais pera a adaptação e produtividade; diminuir ou ...rrigir patologias e promover e manter a saúde. É fundamental o desenvolvimento e conservação de capacidade, durante toda a vida, para que os indivíduos possam executar com satisfação, para v e para os outros, aquelas tarefas e papéis essen- : eis a uma vida produtiva e ao domínio de si e dc meio ambiente”. Segundo Bowie (1960), Terapia Ocupacional pode ser definida como um tipo objetivo de tra tamento, prescrito pelo médico, num esforço de seguir a recuperação do paciente acometido por uma doença ou contribuir para o seu ajusta mento ou hospitalização. Terapia Ocupacional in clui toda a prescrição de atividade mental ou físi ca que pode ajudar na recuperação de uma doen te e tornar a convalescença mais agradável. Terapia Ocupacional tem sido definida pela \OTA (“American Ocupational Therapy Asso- eiation”) como “todo o tipo de trabalho ou de re:reação tanto física como mental, prescrita e guiada com o objetivo de contribuir e apressar a recuperação de indivíduos acometidos por uma doença. Ela consiste em ocupação selecionada e prescrita para cada paciente em particular, de acordo com suas necessidades. Ela é uma forma especial de tratamento e como qualquer outra, também deve contribuir para apressar a recupe ração dos pacientes com comprometimento físico ou mental. Russell (1957) é mais específico na sua de finição de Ocupação Terapêutica ao dizer que ela é essencialmente uma medida psicológica e não pode ser confundida com a aplicação de exercí cios para a correção de deformidades. Para ele em ortopedia, as ocupações são especialmente prescritas para movimentos particulares e postu- rais requeridos pela atividade ocupacional, esses movimentos são por si só exercícios terapêuticos; mas eles são muito mais: são movimentos com objetivo e interesse extrínsecos e é esse interesse, o fator psicológico, que torna esses movimentos superiores àqueles exercícios que não têm outro objetivo se não o de melhorar a movimentação articular ou o desenvolvimento de um músculo. Para Arruda (1963) Terapia Ocupacional en globa os conceitos parciais de Ergoterapia ou Laborterapia, tratamento pelos exercícios físicos, a musicoterapia, a ludoterapia, a gimnoterapia etc., que têm sentido mais estrito. Observando que o autor faz uso do termo Ergoterapia ou Laborterapia e sendo os mesmos na prática muito utilizados como sinônimos de Terapia Ocupacional faz-se necessário verificar em dicionários especializados as suas definições: Ergoterapia ou Terapia Ocupacional — téc nica que utiliza a ocupação dos doentes mentais sob forma de atividade física e, particularmente, manual como meio de readaptação a uma estrutu ra de tipo social, colocando em jogo fatores psi cológicos e dinâmicos próprios da criação de um grupo de pacientes. Ergoterapia ou tratamento pelo trabalho — faz parte dos procedimentos de reabilitação que os autores anglo-saxões têm desenvolvido com eficiência no decurso da última guerra e é uma das modalidades da terapêutica ocupacional. Nos estados crônicos em que subsistem uma lucidez e uma saúde física suficientes, a ergoterapia si- tua-se na mesma base do tratamento moral, quan do não constitui seu único recurso como colônias agrícolas ou oficinas anexas a lugares para débeis mentais, epilépticos, alcoólatras etc. É igualmente indispensável nos estados agudos suscetíveis de 2 cura; a ergoterapia impede a perseveração men tal e garante em grande parte a readaptação social. Assim como Arruda (1963) distingue Tera pia Ocupacional da Laborterapia também Janz, citado por Jentschura (1966), faz distinção, em se falando de psiquiatria, entre esses termos. Para ele, sem uma definição do conceito de ambas as formas de terapia não se pode obter um emprego apropriado e útil delas. Além disso, são formas de tratamento com estrutura e função próprias e as diferenças existentes entre elas não se limitam somente ao método. Lindemann, em 1954, elaborou as definições de Terapia Ocupacional e Laborterapia, que cor respondem as anglo-saxônicas: “Terapia Ocupa cional é um método terapêutico ou forma de te rapia que utiliza a ocupação pelo trabalho como meio de tratamento dos doentes. Seu objetivo é a cura enquanto que o produto obtido pela ocupa ção tem importância secundária. A execução e a direção do tratamento cabe ao Terapeuta Ocupa cional o qual, com base na própria experiência, conhecendo as condições do paciente e o objetivo a atingir, estabelecerá de modo racional, o trata mento apropriado para cada paciente em parti cular. “A Laborterapia tem o caráter de exercita- ção para o trabalho. O paciente que por causa das doenças perdeu o hábito de uma atividade de trabalho regular, deve ser conduzido, por meio da laborterapia, a fornecer novamente contribui ção contínua e útil. A reintegração na vida de trabalho normal é o objetivo da Laborterapia. Contrariamente ao que acontece na Terapia Ocu pacional, possui, nesse caso, uma decisiva impor tância o produto do trabalho, a sua qualidade e o tempo dispendido. Para bem conduzir o traba lho de Laborterapia há necessidade de mestre de oficinas ou artesão apropriado.” A diferença entre Terapia e Laborterapia claramente expressa nestas definições acentua-se ainda mais se for considerado o momento de seu emprego, como assinalou Gardemin. No processo global de reintegração do paciente, a Terapia Ocupacional é empregada no início da terapia fí sica, enquanto a Laborterapia adquire seu signi ficado somente no fim, com vistas a um determi nado adestramento para o trabalho. Portanto; Terapia Ocupacional é igual a Ergoterapia e La borterapia é igual a Reabilitação Profissional. Além das expressões Ergoterapia e Laborte rapia que podem ser encontradas como sinônimos de Terapia Ocupacional, ainda uma terceira ex pressão — Praxiterapia — sendo formada pela expressão originária da palavra praxis que signi fica ação ou atividade, expressão esta proposta por Vidoni, e que na concepção de Elsom Arruda (1963) está mais próxima, conceitualmente, de Terapia Ocupacional, muito embora não esteja implícito nela o sentido finalista, utilitarista de satisfação e de ação moral que se encontra no conceito de ocupação. Esta, para Freire, é qual quer atividade ou trabalho em que o indivíduo se ocupa: exercício, emprego, profissão, modo de vida, implicando, portanto, ação, tanto física co mo puramente intelectual. Assim, o trabalho é considerado também uma forma de ocupação, o que não significa ser toda a ocupação necessaria mente um trabalho. Outra distinção conceituai que ainda pode ser realizada é entre Terapia Ocupacional e Rea bilitação. Parece oportuna tal diferenciação uma vez que se observa, na prática, o emprego desses termos como sinônimos, fato esse enfatizado por Cerqueira (1973). Para o autor, existe entre Te rapia Ocupacional e Reabilitação diversidade de técnicas, métodos e objetivos. Quando Tazemos Terapia Ocupacional es tamos manejando atividades motoras, sociais e auto-expressivas que pouco têm em comum com os lógicos pragmatismos pedagógicos e sociais da Reabilitação. Esta é sobretudo aprendizagem, en quanto Terapia Ocupacional é sobretudo trata mento. As duas coisas podem ser praticadas na mesma oficina, ministradas pelo mesmo técnico que, entretanto, deve estar consciente do duplo papel que exerce. Portanto, Terapia Ocupacional é o elo e/ou o preparo para a Reabilitação. A prática de Terapia Ocupacional está ba seada fundamentalmente em conceitos que reco nhecem: — que a atividade é uma necessidade vital do ser humano; a privação da oportunidade de ação gera a infelicidade; — que ocupando-se com atividades, o indi víduo explora a natureza de seus interesses, ne cessidades, capacidades e limitações; desenvolve motricidade, funções perceptivas e cognitivas; aprende uma série de atitudes sociais e interpes soais, comportamentos necessários para o domí nio de tarefas vitais e manejo dos elementos de seu meio ambiente; — que o produto final inerente à atividade tem importância secundária, à medida que possi bilita concreta evidência da capacidade do indi víduo ser produtivo ou ser habilidoso em deter minado campo. HISTÓRICO A certeza de que a ocupação e a diversão trazem benefícios aos indivíduos portadores de moléstia é reconhecida há muito tempo pela me 3 dicina, que registra estes acontecimentos em sua própria história. As seitas religiosas egípcias usavam o canto, a leitura, a dança, a diversão, o entretenimento e os passeios pelos jardins como tratamento do hu mor doentio, já no ano 2000 aC. Nos templos de Esculápio, 420 aC, os sacerdotes usavam a diver são e a recreação para tratar doentes. Nos anos 293 aC, entre Epidauro e Roma havia perto de 200 templos, nos quais 60 somente em Roma destinados à cura das doenças mentais e físicas que incluíam a diversão como meio de cura. Cerca da 30 aC, Seveca, o Retórico, reco mendava a ocupação para todo o tipo de agita ção mental. Em 172, Galeno, médico grego, afir mava ser a ocupação o melhor médico da natu- -eza sendo essencial à felicidade humana. Este tipo de tratamento foi usado durante muito tempo, mas, com a Idade Média, os pre conceitos e a ignorância reinantes isolaram os ioentes mentais, passando a Terapia Ocupacio nal, assim, por um período de inatividade, que só .cmeçou a ser dissipado pelas primeiras tentad as de humanização no tratamento desses doen- tes. Em 1407, o Frei foffé, fundador do asilo de Saragoça na Espanha, instituiu o trabalho como uma das fórmulas para o tratamento dos doentes. Ceando o francês Felipe Pinei visitou este asilo roltou tão impressionado com os benefícios obti dos por este tratamento que começou a aplicar esta técnica como sendo revolucionária. A Revolução Francesa, 1789, foi a grande nesponsável pelo ressurgimento das técnicas ocu- pac: onais de terapia, definindo novas idéias rela tivas à defesa do ser humano, o que permitiu a - mel lançar as bases da moderna assistência psi- fniátrica. Quando ele assumiu a direção do Hos pício Bicêtre encontrou a situação dos alimentos de tal forma trágica e destituída de infra-estrutu- -2 que tomou a iniciativa da reforma assisten- cial introduzindo a terapia pelo trabalho como porte integrante de sua reforma. Esse pensamento desenvolveu-se com o pas sar ios anos e novas técnicas foram sendo incor poradas às antigas. Durante a segunda metade ic século XVIII e começo de século XIX foi, realizado o emprego da ocupação como forma de tratamento na Espanha, Estados Unidos, França, Inglaterra e Itália. Em 1813, Albert Shase, da Pensilvânia, afir mava: 'nenhuma forma de tratamento do doente mental é mais valiosa do que a ocupação siste- unáxica aplicada e judiciosamente levada a termo”. Em 1844, Amariah Brigham e Todd afirma- ~i~ que não deve haver preocupação com os as pectos econômicos (de ganho) do trabalho, mas sim com o afastamento do doente de suas fanta sias mórbitas, em chamar sua atenção, estimular seu interesse, levá-lo a retomar método, de pen sar e de se ocupar. Benjamim Rush, em 1898, propunha o uso de atividades como tratamento, salientando sua preferência pelo trabalho definido sobre o puro exercício, por ser este mais estimulante, com efei tos mais duráveis e mais eficaz em corrigir hábi tos errados. A ocupação terapêutica continuou a desen volver-se até 1850, quando voltou a declinar, per dendo-se por muitos anos, a idéia do valor da cura pelo trabalho. Segundo Willian R. Thomas, essa fase durou na América do Norte até 1890 e na Europa até 1906, aproximadamente. O motivo principal talvez tenha sido a depressão econômica sentida em quase todos os hospitais, devido às constantes crises que abalaram o mundo na época da Primeira Grande Guerra Mundial. O ressurgimento da ocupação terapêutica coincidiu, com a substituição dos velhos concei tos por novos, principalmente após a guerra, quando apareceram as primeiras pessoas especia lizadas para desenvolver este trabalho, que antes ficava a cargo do corpo de enfermagem de cada hospital. Os repetidos declínios e renascimentos da ocupação terapêutica parecem, segundo Haas, ligados a vários fatores, como: — pressão econômica sentida em todos os hospitais da América durante a guerra; — relativa subestimação do valor terapêutico das atividades; — falta de “public insight”. Em 1915, foi aberta em Chicago a primeira escola de Terapia Ocupacional e a partir desta data várias outras surgiram, como no Canadá, em 1926, e na Inglaterra, em 1930, espalhando-se rapidamente por todo o mundo. Também consta que neste ano Thomas Eddy, do New York Hos pital, começou a prescrever diferentes tipos de ocupação para pacientes maníacos e deprimidos levando em conta a personalidade, a doença e as habilitações do doente. Em 1936, foi fundada a Associação dos Te rapeutas Ocupacionais Ingleses e, finalmente, em 1948, a profissão foi reconhecida, ocorrendo em 1951 a criação da Federação Mundial de Terapia Ocupacional que realizou seu primeiro congres so em Edimburgo. A Terapia Ocupacional no Brasil surgiu com a influência da Revolução Francesa e de suas idéias imperantes que foram maiores e mais ime diatas do que em Portugal, tendo este fato con tribuído em muito para a vinda da família real portuguesa para o Brasil. 4 Nü Hospício D. Pedro II, em 1854, havia oficinas de sapataria, marcenaria, florista e des- fiação de estopa para o tratamento dos doentes mentais. luliano Moreira, Diretor do Serviço de As sistência a Psicopatas, em 1903, impulsionou a Terapia Ocupacional em todo o Brasil e princi palmente no Rio de Janeiro, sendo que em 1911 criou uma colônia para mulheres em Engenho de Dentro, Rio de Janeiro, onde a terapêutica pe lo trabalho passou a ser executada com maior extensão. Entretanto, foi com a criação da colô nia Juliano Moreira em Jacarepaguá que o trata mento tomou grande impulso, principalmente o trabalho de horti e fruticultura. Em 1946 foi criado no Rio de janeiro o Ser viço de Terapêutica Ocupacional no Centro Psi quiátrico Nacional, cuja direção ficou ao encargo da Dra. Nise M. da Silveira. A finalidade deste serviço era a de beneficiar o doente com uma ocupação livremente escolhida, metodicamente dirigida e só eventualmente útil ao hospital. Para a formação de Terapeutas Ocupacio- nais em nosso país, foi instalado pela ONU, em 1959, o primeiro curso, com duração de 12 me ses, funcionando no Hospital das Clínicas da Fa culdade de Medicina da Universidade de São Paulo, sendo regulamentada em 1964 e somente em 1969 foi reconhecida como de nível superior. Atualmente existe o curso de Terapia Ocu pacional a nível universitário nas principais capi tais do Brasil e em algumas cidades mais impor tantes como Campinas e Piracicaba, em São Paulo. REGULAMENTAÇÃO PROFISSIONAL Foi pelo Decreto-Lei n." 938, de 13 de outu bro de 1969, que o terapeuta ocupacional bem como o fisioterapeuta tiveram suas profissões re conhecidas como de nível superior. A profissão de Técnico de Terapia Ocupa cional a nível de segundo grau não é mencionada nessa legislação, não estando, até o momento, re gulamentada. O exercício, no país, da profissão de tera peuta ocupacional é assegurado a diplomados por Escolas e Cursos Superiores devidamente reco nhecidos. Os profissionais diplomados por escolas es trangeiras, devidamente reconhecidas no país de origem, poderão revalidar seus diplomas. O Decreto-Lei n.u 938 estabelece ainda as atribuições profissionais do terapeuta ocupacio nal, tornando a ele exclusivo o uso de métodos e técnicas terapêuticas e recreacionais com a fi nalidade de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade do indivíduo. O artigo 10 refere-se àqueles que exerciam as atividades de terapeuta ocupacional sem habi litação profissional. A partir da publicação deste Decreto-Lei, tais profissionais receberam o nome de Auxiliar de Terapia Ocupacional, desde que obtido o certificado em exame de suficiência. Em São Paulo, este curso está sendo ministrado, a partir de 1975, no município de Franco da Rocha. A categoria profissional de terapeuta ocupa cional foi incluída ao grupo da Confederação Na cional das Profissões Liberais. O exercício da profissão de terapeuta ocu pacional já é regulamentado e no momento este fato está aliado a um Código de Ética Profissio nal que regula os aspectos ligados aos direitos e deveres desse profissional. A primeira entidade de classe dos terapeutas ocupacionais criada no Brasil foi a Associação de Terapeutas Ocupacionais da Guanabara. A 10 de novembro de 1964, criou-se, em São Paulo, a Associação Paulista de terapeutas ocupacionais. Esta associação, sendo uma entidade repre sentativa de classe, tem os seguintes objetivos: — alcançar o mais alto nível científico e moral no exercício da profissão; — promover uma intensiva e permanente campanha junto aos estabelecimentos estudantis e hospitalares, centros, institutos de reabilitação e clínicas de terapia ocupacional, com o fim de tornar sempre mais eficiente, valorizada e conhe cida a indispensável e relevante colaboração dos terapeutas ocupacionais: — estimular o exercício ético e científico da Terapia Ocupacional como um todo, de acordo com as disposições legais existentes no país; — lutar por um nível salarial adequado e levantar fundos para o progresso e desenvolvimen to da profissão; —- combater a prática ilegal da profissão. TERAPIA OCUPACIONAL NO SEGUNDO GRAU O técnico em Terapia Ocupacional atua sob coordenação e supervisão do terapeuta ocupacio nal, este com formação de Nível Universitário. As atividades da Terapia Ocupacional visam a habi litar ou reabilitar pessoas com deficiência ou de sajustes físicos, psíquicos e/ou sociais; têm como objetivo final integrar esses indivíduos na socie dade, dentro de suas limitações, como pessoas úteis. Cabe ao técnico de Terapia Ocupacional exe cutar e acompanhar programas de recuperação determinados pelo terapeuta ocupacional, levan 5 do o deficiente a praticar atividades que possam : iminuir a incapacidade e restaurar ou desenvol- er a capacidade funcional. Tratam-se de ativida- :es que permitem a execução de exercícios espe- ,:ricos de aprendizagem e desenvolvimento da força muscular, órgãos sensitivos, resistência e coordenação sensitivo-motora, bem como atendi mento aos distúrbios intelectuais e emocionais; atividades que oferecem a necessária gratificação psicológica e os corretos conceitos de auto-ima- gem e identificação pessoal e desenvolvem atitu des básicas para independência pessoal. Compete igualmente a esse técnico executar ::jgramas de atividade de vida diária e ajusta mento profissional, sob a coordenação e supervi são do terapeuta. Neste sentido faz com que o deficiente execute atividades que treinem a inde pendência funcional, como a capacidade para ali mentar-se, vestir-se, realizar sua higiene pessoal, locomover-se e comunicar-se. O campo de atuação do técnico em Terapia Dcupacional é vasto e se constitui de Centros de Reabilitação, Clínicas médicas e mesmo psiquiá- rricas. O currículo mínimo teve a parte de Educa- ção Geral fixada pela Resolução n.° 8/71 do Conselho Federal de Educação e a parte de For mação Especial fixada pela Deliberação n.° 3/75 ic Conselho Estadual de Educação: Xúcleo Comum — Comunicação e Expres- W£ , Estudos Sociais e Ciências. E pela Lei n.° = 592/71 mais Educação Física, Educação Artís- : ca.. Educação Moral e Cívica, Programas de Saú- : í e Ensino Religioso. Parte Diversificada — que é mínima para cada habilitação profissional — Fundamentos de “ erapia Ocupacional, Terapia Ocupacional Apli cada, Cinesiologia, Psicologia e Ética. TERAPIA OCUPACIONAL A NlVEL SUPERIOR A Terapia Ocupacional tem sido indicada para indivíduos cujas habilidades para lidar com as atividades da vida estejam ameaçadas ou impe- : das por distúrbios de ordem física, psicológica c ou social. Assim, os programas desenvolvidos em Terapia Ocupacional variam conforme o cam- pc de atuação, havendo: Programas de prevenção e manutenção de saúde — Desenvolvidos principalmente em servi ços de comunidade, centros de saúde, escolas, com os objetivos de promoção do desenvolvimen- :o normal, proteção e conservação das funções existentes, prevenção contra a incapacidade e ga rantia de recuperação ou adaptação em diferentes níveis. O objetivo central é fornecer experiências que capacitem o indivíduo a usar produtivamen te suas habilidades, capacidades e forças. — Visam a fornecer oportunidades para o indivíduo conhecer e desenvolver seus interesses, explorar seu potencial, desenvolver capacidades e aprender através dos seus próprios recursos e do meio em que vive. Programas de recuperação Desenvolvidos em clínicas de habilitação e reabilitação de indivíduos, sejam eles crianças ou adultos, portadores de deficiências físicas (moto ras, auditivas, visuais) e/ou mentais. Estes pro gramas focalizam a reeducação da patologia ou deficiência específica, fornecendo atividades que possam diminuir a incapacidade e restaurar ou desenvolver a capacidade funcional. Neste con texto, as atividades selecionadas serão aquelas cujas características e propriedades permitam a execução de exercícios específicos de aprendiza gem motora; desenvolvam respostas aos estímu los sensoriais, força muscular, resistência e coor denação; atendam aos distúrbios intelectuais e emocionais; ofereçam a necessária gratificação psicológica e desenvolvam atividades básicas pa ra a completa independência pessoal. Programas de atividades da vida diária Estão ligados à adaptação ao trabalho e orientação profissional e a atividades que promo vam o treino de independência funcional como capacidade para alimentar-se, vestir-se etc.; de senvolvam e aumentem a habilidade para traba lhar e/ou cumprir as tarefas e papéis relativos à faixa etária do paciente. Estes objetivos-envolvem conhecimento e avaliação dos papéis e funções essenciais à adaptação do indivíduo à sua comu nidade; programação de atividades gradativas que proporcionem a aquisição das habilidades e atitu des necessárias ao trabalho. Esses programas não são, no entanto, exclu sivos e com freqüência ocorrem simultaneamente. Assim, por exemplo, uma criança com desenvol vimento deficiente pode ser auxiliada a receber a necessária aprendizagem através da participa ção em um jogo, montando um quebra-cabeça ou desenvolver orientação espacial através da ação de pintar. As funções básicas do Terapeuta Ocupacio nal são: 1. avaliar o paciente quanto às suas capaci dades e deficiências; 2. avaliar os efeitos da terapia, estimar e me dir mudanças e evolução; 6 3. selecionar atividades específicas para atingir os objetivos propostos a partir da avalia ção; 4. baseado nas avaliações, redefinir objeti vos, reformular programas e orientar adequada mente o paciente e familiares; 5. facilitar e estimular a participação do paciente no processo de habilitação ou reabili tação. O terapeuta ocupacional pode atuar em hos pitais gerais e especializados, centros de reabili tação física ou mental, clínicas psiquiátricas e/ou geriátricas, asilos, centros de saúde, escolas, ins tituições para menores abandonados, instituições para mães solteiras, presídios e outras, além de ser-lhe facultado dar atendimento particular em consultórios ou a domicílio. Aos que querem abraçar a carreira de tera peuta ocupacional os requisitos pessoais de or dem psicofísica fazem-se necessários: Capacidade de adaptação — É uma quali dade essencial, principalmente tendo em vista a amplitude do campo de ação e a necessidade de ir-se ao encontro da filosofia do paciente ou da instituição. Criatividade — Constantemente o terapeuta é levado a criar novas condições, inventar adap tações para facilitar a vida do paciente ou para melhorar o funcionamento de seu setor. Atenção concentrada — Muitas vezes exis tem detalhes que são de importância fundamental para o paciente e devem ser levados em conside ração na programação do tratamento. Sociabilidade — Para um profissional que trabalha sempre ligado a uma equipe ou a ou tros profissionais isoladamente e que também de ve atuar na comunidade do indivíduo, a facili dade de inter-relação pessoal, ânimo alegre e sen so de humor são fundamentais. Meticulosidade — O terapeuta ocupacional deve ter condições de perceber detalhes no com portamento do paciente, para que os exercícios, as técnicas, enfim a terapia empregada seja a mais adequada possível. Raciocínio abstrato — A partir de dados colhidos por outros profissionais ligados ao caso e aqueles colhidos por ele próprio, o terapeuta ocupacional estabelece relações, determina objeti vos e programas de atividades. Capacidade de organização — É uma quali dade essencial, principalmente tendo em vista que muitas vezes haverá necessidade de atuar como administrador ou professor de futuros terapeutas. Capacidade de observação — A avaliação do paciente e os dados de evolução somente po dem ser anotados após criteriosa avaliação. Interesse pelas pessoas — Um terapeuta ocu pacional deve ter essa característica unida à fir meza e persuação, dentro de uma perspectiva otimista. O Ministério da Educação e Cultura, atra vés do Conselho Federal de Educação, pela por taria ministerial n.° 511, de 23 de julho de 1964, divide as matérias em básicas e específicas, sen do a duração média do curso de quatro anos com uma carga horária de aproximadamente 3.152 horas em período integral. A seguir exemplificamos o currículo do curso de Terapia Ocupacional baseados no da Universidade Metodista de Piracicaba, turma in gressa em 1977. Primeiro Semestre Comunicação e Expressão; Introdução à Psicologia; Introdução à Filosofia; Estudos dos Problemas Brasileiros I; Métodos e Técnicas de Pesquisa; Biologia Geral; Educação Física Prá tica I. Segundo Semestre Anatomia I; Histología e Embriologia; Mi- crobiologia e Imunologia; Psicologia do Desen volvimento; Fisiologia e Biofísica; Terapia Ocu pacional Geral; Ética e História da Reabilitação; Fundamentos de Fisioterapia e Terapia Ocupacio nal; Bioquímica; Educação Física Prática II. Terceiro Semestre Cinesiologia; Fundamentos de Medicina Clí nica e Cirúrgica, Anatomia II (Neuroanatomia); Psicologia do Excepcional; Artes Plásticas e In dustriais; Terapia Ocupacional Aplicada às Con dições Sociais; Cultura Cristã; Noções de En fermagem; Psicomotricidade. Quarto Semestre Psiquiatria; Pediatria; Ortopedia e Traumato- logia; Administração Aplicada à Terapia Ocupa cional I; Psicologia Social e do Trabalho; Re creação e Atividades Rítmicas; Neurologia; Ra diologia; Terapia Ocupacional Aplicada às Con dições Psicoeducacionais. Quinto Semestre Terapia Ocupacional Aplicada às Condições Psíquicas; Estatística; Administração Aplicada à Terapia Ocupacional II; Terapia Ocupacional Aplicada às Condições Físicas II; Terapia Ocupa cional Aplicada às Condições do Trabalho; Psi cologia do Ajustamento; Estudos do Problemas Brasileiros II; Terapia Ocupacional Aplicada às Condições Físicas I. 7 Sexto Semestre Os estágios supervisionados foram realizados nas áreas de: — Neurologia (Deficiência Física e Mental). — Ortopedia. — Psiquiatria. — Deficiência visual. — Geriatria e Gerentologia. — Pediatria (creche). — Cardiologia. — Terapia Ocupacional Aplicada à Prática Clínica. OBJETIVO, OBJETO E MÉTODO DA TERAPIA OCUPACIONAL Uma vez já abordados os conceitos e a his tória da Terapia Ocupacional, torna-se impor tante agora saber seus objetivos, seu objeto e seus métodos. Muitos foram os que contribuíram para a evolução da Terapia Ocupacional. Serão abor dadas agora, resumidamente, as concepções gerais sobre o tratamento ativo descrito pelos principais autores. 1. Simon (1937) considera indispensável a ação conjunta da ocupação individualizada e edu cação terapêutica para restituição do doente de um modo de vida ordenado e útil. O tratamento deve aspirar constantemente a reintroduzir a ló gica sã na vida e no mundo ideológico dos doen tes, e seu primeiro axioma é que tudo o que se faz deve ter sentido e finalidade. Justifica o autor, de forma geral, a proposição do uso de uma me todologia pedagógica por ser a psicologia do doente mental, especialmente em relação às atitu des anti-sociais, comparável à psicologia da crian ça. Em virtude disso, a reeducação e a ergoterapia devem ser efetuadas com uma metodologia peda gógica. Visando a organizar as atividades, estabe lecer uma gradação correlata a escolar para os irabalhos, escalando-os de acordo com as dificul dades apresentadas: a) Ocupações de grau inferior — são ocupa ções de máxima simplicidade que não exigem es forço de atenção nem independência do paciente, como por exemplo: ajudar a transportar objetos, carregar terra em carrinho de mão, executar tra balhos domésticos bastante simples (como tirar o pó dos móveis), executar tarefas que exijam mo vimentos digitais elementares e repetitivos (como trançar, desfiar etc.). b) Ocupações de segundo grau — são tra balhos mecânicos que requerem pouca atenção ou iniciativa. Esses trabalhos devem exigir bas tante tempo para a execução a fim de que os pacientes possam habituar-se. Exemplo: arrancar erva daninha do jardim ou horta, desde que não seja necessária uma atenção especial, ou adu bar a horta. Também são recomendados traba lhos domésticos de toda espécie, em caráter de ajuda a um empregado. c) Ocupações de terceiro grau — São aque les trabalhos que exigem a atenção, iniciativa e inteligência regular. Podem ser citadas as ativi dades de cardarlã, consertar roupas, trabalhar em vime, ajudar em serviços de cozinha e lim peza geral, ordenhar animais, executar indepen dentemente trabalhos regulares de transporte de objetos. Os trabalhos domésticos já podem ser confiados com inteira independência aos pacien tes deste grau, sem que exista uma vigilância. d) Ocupações de quarto grau — estão clas sificadas neste grupo as atividades que requerem boa atenção e um reflexo quase normal. Como exemplos de atividades podem ser citados: exe cutar trabalhos especializados como agricultura e jardinagem, confeccionar roupas, trabalhos ma nuais delicados e de toda a espécie e substituir trabalhadores na rotina normal. e) Ocupações de quinto grau — estas ocu pações exigem plena capacidade de rendimento equiparável ao rendimento de um indivíduo nor mal da mesma classe. Incluem-se nesta classe pa cientes convalescentes de enfermidades agudas, imbecilidade leve, epilépticos em períodos inter- críticos e paranóides, sempre que sua capacida de de trabalho e autocontrole não estejam pertur bados pela anormalidade do pensamento. É con veniente confiar a esses pacientes, na medida em que tenham capacidade de desempenho, cargos de responsabilidade como direção de pequenos grupos de trabalhos, portarias e correio. 2. Schineider (1954) estabeleceu a teoria geral da terapêutica ocupacional, que não é so mente sintomática mas exerce uma ação biológi ca profunda, não exigindo para atuar a partici pação consciente do paciente. O autor apontou os seguintes objetivos: a) A profilaxia das manifestações patológi cas assim como supressão de instabilidade; b) descarga dos processos psíquicos patoló gicos, o que de uma outra maneira deveria ser feito pela via de excitação motora; c) repouso da função patológica e exercício das funções conservadas.' 3. Para Russel (1957) o tratamento ocupa cional não é uma mera administração empírica de passatempos. Ele tem objetivo deliberado, plane jado de fixar o interesse do paciente sobre obje tos materiais e suas relações comuns, de modo que sejam enfatizados seu valor e importância, portanto prevenir a mente doente de procurar re fúgio na introspecção mórbida. 8 4. Para Azima (1958) a Terapia Ocupacio- nal tem por objetivo auxiliar no diagnóstico, de tectar mudanças de personalidade, além da fun ção terapêutica que se efetuaria pela exploração, gratificação das necessidades e formação de de fesas do ego. 5. Bowie (1960) aponta os seguintes objeti vos da Terapia Ocupacional com pacientes artrí ticos: — manter tono físico e mental; — melhorar funções físicas e cinesiológicas; — medir dosagem e progresso no trabalho. Para Bowie, que vê na Terapia Ocupacional um complemento da Fisioterapia, seu campo é extenso: vai de jogos, que podem requerer pou co ou nenhum exercício, até trabalhar extenuan tes. E as atividades, inteligentemente planejadas, ajudarão na recuperação das funções muscular e articular, na melhora física geral, na reabilita ção mental. 6. Para Fidler (1960) o objetivo da Terapia Ocupacional é o de proporcionar uma situação terapêutica na qual os pacientes tenham a opor tunidade de expressão e sublimação das necessi dades emocionais. O mais importante da situa ção é a manipulação das relações entre o paciente e o terapeuta. Aos demais ela é utilizada como método auxiliar de diagnóstico e de avaliação da personalidade. Visa, também, ao aspecto sócio- econômico, ao precisar habilidades e aptidões; iniciativa e participação e a cooperação grupai e, nos pacientes muito regredidos, atua como pro cesso reeducativo. 7. Arruda (1963) aponta como objeto da ocupação terapêutica a personalidade do doente a recuperar, e para alcançar seus objetivos pro põe o emprego de métodos de base empírica e métodos científicos. Empíricas seriam aquelas atuações sob a for ma de atividades avulsas que intuitivamente eram utilizadas e que resultavam na melhora do doente ocasionalmente. Métodos científicos já têm bases em conhe cimentos adquiridos pela experiência e têm indi cações específicas. Os métodos da terapêutica ocupacional po dem ser: Sistematizados — Quando são utilizadas ta refas regulares, com técnica previamente estudada e os resultados devidamente apurados. Não sistematizados — Onde são usadas ati vidades variadas, sem desenvolvimento preesta- belecido. A sua aplicação pode ser individual ou cole tiva, os quais não necessitam esclarecimentos por menorizados. Apenas que a escolha da forma individual ou cojetiva da ocupação é feita levan do em consideração cada caso e os resultados de sejados. É certo que o tratamento pela ocupação não pode perder de vista o indivíduo e os traços particulares de sua personalidade. Os que aplicam a ocupação terapêutica, cada vez mais, utilizam métodos de ação coletiva, com objetivos de recu peração, reeducação e reintegração social, ou se ja, a reabilitação propriamente dita. Além disto, a ocupação terapêutica pode ser levada a termo com a utilização de uma atividade simples ou várias atividades de acordo com uma seqüência predeterminada. Porém pode ser apli cada de forma isolada ou de forma associada a outras formas de tratamento. Ainda quanto aos métodos a ocupação tera pêutica pode ser utilizada através de: a) Métodos filosóficos — seriam aqueles que se fundamentam no logos simoniano. b) Métodos intelectuais — são os que utili zam a atividade intelectual como meio de benefi ciar o doente. E como exemplo temos as confe rências, leituras, cinema etc. c) Métodos fisiológicos — os que utilizam atividades que estimulam o funcionamento dos órgãos e atividades musculares. d) Métodos psicológicos — são os métodos que utilizam as atividades artísticas, culturais, educativas ou de ação psicológica de forma pre dominante. e) Métodos psicoanalíticos — são os que utilizam atividades que favoreçam a transferência e ponham em jogo outros mecanismos mentais, como o psicodrama por exemplo. f) Métodos reflexológicos — os que utilizam atividades destinadas a desconectar atitudes e res postas que foram morbidamente condicionadas por meio de treino e da reeducação. g) Métodos de ação moral — são aqueles que procuram relevar os aspectos de efeito moral e de suporte das atividades com a finalidade de obter alguns benefícios para o .doente. Ainda no que tange a respeito dos objetivos da Terapia Ocupacional, Arruda (1963) endossa a opinião de Barahona Fernandes, segundo o qual o objetivo da Terapia Ocupacional é despertar o homem normal no doente. Para que este fim seja alcançado deve o Serviço Social entrosar sua ação com o Serviço de Ocupação Terapêutica, com o objetivo de colocação do recuperando em empre gos adequados, e orientar seu ajustamento no ambiente familiar e social. 8. Blaya (1963) diz que o primeiro axioma e o mais importante dos objetivos da Terapia Ocupacional é proporcionar ao paciente oportu nidade para a expressão ou a sublimação de im- 9 pulsos instintivos e das necessidades emocionais, craiscientes e/ou inconscientes. Além da relação i~:e:pessoal intergrupal, conta-se com a atividade pcpriamente dita. 9. Magnussem (1963) considera que a Tera pia Ocupacional deverá ser individualizada tanto qpanto às características pessoais como em rela- ifiáo ao diagnóstico. O tratamento deve ser divi dido. segundo o autor em três fases: a) relaxar e desviar a atenção do paciente oHir seu quadro mórbido; b) readaptar o paciente; c) ativar o paciente através do estímulo do ser.::mento do ego. 0. De acordo com Hamorth (1964) o obje- Ü pt: da Terapia Ocupacional é ajudar no estabe- ■rânento do paciente nas áreas: a) Física — restaurar a função de articula- pies incapacitadas, aumentando a resistência à ■diga. prevenindo a deterioração física geral e dtosenvolvendo a coordenação física e psíquica. b) Psicológica — neste aspecto a ocupação _m efeito normalizador. Ela desperta inte- e ajuda a desenvolver a atenção; propor- Brc a descarga emocional, pode contribuir para satisfação da necessidade de criar e experimen- pode ajudar na edificação da auto-estima, ituindo o desencorajamento pelo encoraja- ■to: modifica a cadeia de pensamentos mórbi- Social — neste aspecto ela incentiva ad es grupais, responsabilidades e cooperação intercâmbio de experiências de trabalho que um indubitável efeito no contexto do grupo, na oficina, ambulatório ou enfermaria. c Econômica — muito embora a Terapia acionai seja o tratamento pela ocupação e deva ser confundida como treinamento pro sai, ela oferece o primeiro passo para o re- ao antigo ou mesmo a um novo trabalho e ■ fceec campo para experiências. Pode ajudar ■inida r.a descoberta de novos interesses ou aqui- liçln: de destreza para o retorno ao trabalho. 11. Santos (1964) os objetivos da Terapia ■tenraTonal são so seguintes: — a conservação da intensidade natural de iI imíos cs modos de percepção e sensação; — a coordenação dos diversos modos de cão e sensação entre si e em relação ao «■feente; — a expressão do sentimento em forma co- mnncivel-; — a expressão, de forma inteligível, dos ■mios de experiência mental. 12. Para Jentschura (1966) o emprego da Terapia Ocupacional concentra-se principalmen te sobre três grandes grupos de pacientes: a) pacientes de clínicas psiquiátricas; b) pacientes com moléstias do aparelho lo- comotor; c) pacientes obrigados a longa permanência no leito. Na clínica ortopédica o autor aponta os se guintes objetivos: a) influenciar o psiquismo do paciente; b) realizar tratamento funcional. De um modo geral, nos pacientes obrigados a permanecer um longo período inativos, pode advir uma profunda modificação de atitude com relação ao mundo que os cerca. De um lado, en fraquecida a vontade e uma indiferença no que diz respeito à sua própria vida; do outro, as preo cupações familiares e as dificuldades financei ras provocam uma tensão psíquica que pode impedir a obtenção dos fins terapêuticos. Nesses casos a Terapia Ocupacional é de decisiva impor tância para ajudar a superar a psicose hospitalar e para distrair o paciente da situação mórbida. Nos casos de crianças hospitalizadas, a angústia causada pelo desconhecido, pela dor e pela sepa ração da mãe podem ser superadas mais facil mente brincando, especialmente se um terapeuta treinado tomar conta da criança desde o seu in gresso, enquanto a mãe ainda está presente. O terapeuta ocupacional deve ter a capacidade de estabelecer um “rapport” de confiança entre a criança e o novo ambiente, inicialmente sentido como hostil. 13. Silveira (1966) afirma que o papel da terapêutica ocupacional não será distrair o doen te nem obter que ele realize um trabalho vanta joso para a economia hospitalar. Será, como diz Sivadon (1953), fornecer-lhe condições de rela ção com o mundo exterior que solicitem sua ca- capacidade adaptativa existente na ocasião. A ex periência demonstra que o exercício dos modos de adaptação de baixo nível permite a reestrutu ração da personalidade pela passagem através de níveis progressivamente mais elevados. À medida que o doente se adapta, exerceremos sobre ele pressão que o impulsione a progredir. A ocupa ção só terá caráter terapêutico, segundo Sivadon, quando visa a reestruturar a personalidade, con duzindo-o a assumir níveis funcionais progressiva mente mais altos. 14. Mac Donald (1972) aponta os seguintes objetivos a serem seguidos pela Terapia Ocupa cional em reabilitação: a) a reavaliação do paciente para reintegrá- lo na sua vida e trabalho anterior. ÍO b) Quando isto não for possível, manter a funcionalidade existente e utilizá-la para reinte grar o paciente no seu antigo trabalho ou inte grá-lo numa nova ocupação. Estas finalidades são tanto físicas como psi cológicas e visam a tornar o paciente indepen dente para ganhar a vida. Para alcançar tais objetivos o autor propõe o emprego de ativida des que ajudem o paciente a adaptar-se da me lhor forma possível às suas limitações pessoais e domésticas, com possibilidades de trabalhos re munerados na maioria das vezes. 15. Cerqueira (1973) aponta à Terapia Ocupacional os seguintes objetivos: atividade, so ciabilidade e espontaneidade. Tais objetivos são os mesmos citados por Froebel em sua obra “Edu cação do Homem” e para seu emprego assim se justifica Cerqueira. “Não vemos o adulto como uma criança grande, por mais regredido mental mente que ele esteja”. Embora sabendo a impor tância dos arcaísmos infantis no adulto, mesmo normal, não nos parece inconveniente aplicar as técnicas baseadas em concepções froebelianas. O autêntico jardim-de-infância é para nós um tra tamento psicológico para seres em evolução; não ensina, prepara para a aprendizagem. Exatamente como a Terapia Ocupacional, preparando para a Reabilitação a partir das partes conservadas da personalidade e das que vão melhorando com seus próprios métodos, adaptados ao adulto. 16. Pinei (1977) afirma que o objetivo da terapêutica do trabalho é a modificação dos pen samentos mórbidos. O trabalho constante fixa a faculdade do entendimento, exercitando-a, e por si só mantém a ordem num agrupamento de qual quer tipo de alienados. 17. Ministério da Saúde regulamenta que o terapeuta ocupacional é o profissional que tem atribuições relativas a restauração, desenvolvi mento e conservação da capacidade mental do paciente. Suas tarefas típicas são: execução de métodos e técnicas terapêuticas que são artes apli cadas e recreacionais que vão desde a organiza ção de jogos até atividades correlatas; reabilita ção profissional, ou seja, o treinamento ocupacio nal adaptativo e outras tarefas semelhantes. Existe grande dificuldade em obter-se uma definição de Terapia Ocupacional não só aceita por todos, mas que seja específica e abrangente. Esta dificuldade se faz sentir devido principal mente à falta de uma terminologia lógica e pre cisa, como pode ser facilmente observada através da demonstração dos conceitos de inúmeros auto res. Se fosse traçada uma linha comparativa en tre os diversos conceitos existentes certamente en contraríamos a seguinte correlação: Terapia Ocupacional = Praxiterapia Terapia Ocupacional = Reabilitação Terapia Ocupacional Ergoterapia ou .Laborterapia* Terapia Ocupacional ^ Reabilitação Terapia Ocupacional ^ Laborterapia Ergoterapia = Laborterapia Terapia Ocupacional = Ergoterapia Muito embora tenha sido aqui demonstrada Ergoterapia como sinônimo de Laborterapia e Ergoterapia como sinônimo de Terapia Ocupa cional, não é possível atribuir o mesmo signifi cado, por dedução, como sendo Terapia Ocupa cional igual a Laborterapia, bastando para isto que o leitor tenha abstraído o que já tinha sido elucidado por Lindemann (1954) nos parágrafos anteriores. Outra dificuldade enfrentada para a defini ção diz respeito à natureza dos conceitos de Te rapia Ocupacional que podem ser agrupados em dois grandes grupos devido à variedade de termi nologia existente: 1. Amplos — Que admitem qualquer tipo de prática, tendo em vista que os conceitos suge ridos são amplos, gerais, mas inespecíficos e ten tam justificar todas as práticas. Como exemplo temos a definição da AOTA. 2. Específicos — Os conceitos por sua vez são objetivos e, portanto, justificam somente as práticas específicas. Como os conceitos encontra dos, que versam sobre o assunto, garantem à Terapia Ocupacional uma atuação à nível psico lógico, só ficam portanto justificadas as práticas cujo objetivo principal situa-se em um plano psi cológico. Existe um impasse que ainda não foi solu cionado e a questão permanece em aberto no que se refere: a) se for admitido o conceito amplo veicu lado pela AOTA, certamente existirá uma corre lação entre a teoria e a prática, mas persistirá a indefinição quanto às técnicas e os campos de atuação próprias da Terapia Ocupacional. b) se for admitido realizar a base do con ceito de Terapia Ocupacional em conceitos espe cíficos, não existirá uma correlação entre a práti ca e a teoria, como no caso de Terapia Ocupacio nal aplicada a portadores de deficiência física, pois o objetivo básico situa-se a nível psicológico. Muito embora exista o impasse, encontramos tanto na teoria como na prática pontos em comum no que tange aos objetivos de tratamento para os diferentes tipos de deficiências apresentadas pelos indivíduos: * Símbolo matemático expressivo a “está contido”. 11 — Nas deficiências físicas, o objeto da Te rapia Ocupacional é o físico do paciente e o objetivo é a recuperação funcional. — Nas doenças mentais, o objeto da Tera pia Ocupacional é o psiquismo do indivíduo, en quanto os objetivos a serem alcançados são a exnressão e a elaboração de mecanismos emocio nais. bem como a descarga dos processos psíqui- 006 e patológicos. Cerqueira (1973) divide a medicina em três grandes grupos: I. Medicina profilática — ou medicina sani- tarista, que tem por objetivo primaz a prevenção ée epidemias ou endemias através de métodos e ..nicas adequadas para tal. II. Medicina terapêutica — é a mais conhe- dda e divide-se em todas as especialidades co nhecidas, como pediatria, ortopedia etc. Tem a finalidade de ministrar a devida terapêutica vi- . ..o ao pronto restabelecimento do indivíduo. III. Medicina reabilitativa — parece ser a menos conhecida e valorizada. Tem como função hási ja a integração ou reintegração das capaci- «iades individuais de cada pessoa, adestrando o elemento para o trabalho, não importando se o objetivo é físico ou mental. Nesta classificação estariam inclusas a Terapia Ocupacional e a Fi sioterapia. Ainda se traçarmos um paralelo entre os conceitos amplos e específicos podemos perceber que as responsabilidades do terapeuta são muitas, ficando ele responsável pelas atividades de: a) selecionar atividades que satisfaçam o tísenvolvimento de um programa sistemático, ca paz também de satisfazer aos objetivos de um tratamento, ou seja, propriedade de escolha, dosa gem. ritmo, duração intensidade, método, local e forma; bim anejar adequadamente técnicas de apoio; c) selecionar e adaptar atividades que vão ac encontro das necessidades psicológicas e físi cas do paciente. d) ajudar o paciente na escolha da profis são: e) restaurar, desenvolver e conservar a ca pacidade mental do paciente. f) recuperar o indivíduo nos aspectos físicos, psicológicos, sociais e econômicos. As tentativas de realizar um trabalho práti- cc fundamentado em aspectos teóricos são quase k talmente infrutíferas, tornando-se, portanto, no rresente momento, as atividades terapêuticas ocupacionais muito humanistas mas quase nada científicas. Seria portanto oportuna a urgente re visão dos conceitos envolvidos na Terapia Ocu pacional com a finalidade de estabelecer e fun damentar seus reais objetivos, objetos e métodos de trabalho. Creio que a devida atenção à sistematização dos meios traria à profissão um caráter mais cien tífico, conduziría a resultados mais satisfatórios, que por certo traria maior critério. Foi procurado mostrar aqui o que é Terapia Ocupacional, quais os seus métodos, seus objeti vos e seu objeto. Como tem sido sua aplicação teórica e prática e quem se responsabiliza por ela. Também foi enfatizada a história e seu cor- relacionamento com a medicina e qual a forma ção esperada de um profissional da área. Espero que tanto estudantes como profissio nais, a partir das dúvidas que aqui ficaram expres sas, desenvolvam trabalhos que visem a minimi zar tais fatos e demonstrar que Terapia Ocupa cional não é uma profissão sem definição, sem sistematização e sem métodos específicos e cien tíficos, sendo portanto uma questão em aberto que proporciona a todos aqueles que gostam de se dedicar à pesquisa e ao estudo um campo vasto e praticamente inexplorado. TERAPIA OCUPACIONAL COMO CIÊNCIA A Terapia Ocupacional é a arte de ensinar através das atividades e é um estudo integrado dos fatores psicológicos, físicos e sociais. Tem a finalidade de constatar fenômenos, analisá-los, numa avaliação que conduz ao aperfeiçoamento das atividades funcionais e sensoperceptivas do paciente. Não constitui uma simples técnica ou capítulo de qualquer ciência. É uma disciplina que usa, como as outras ciências, dados e infor mações auxiliares, porém ela se constitui numa unidade e nisso vemos a sua autonomia como ciência à parte. A ciência é toda a realidade. En tretanto o ser humano não pode conhecer essa realidade de uma só vez, assim a divide em seto res ou, no caso, em especialidades. Todos os setores são tangentes a outros já existentes, pois a realidade é uma só. Terapia Ocupacional é uma especialização que estuda o indivíduo, enquanto usa o seu organismo, num ambiente que exige a inter-relação pessoal e utiliza dados e conclusões de várias outras ciências autônomas e auxiliares como a Biologia, a Psicologia, a Sociologia, a Fi losofia, a Física, a Medicina em suas mais varia das especializações, a Matemática etc. Contudo, a Terapia Ocupacional tem a sua unidade pró pria, ainda que recente e encaminhando-se para uma auto-afirmação e autonomia, no quadro ge ral das ciências. É um ramo do conhecimento que estuda, de maneira unificada, o fenômeno da atividade sobre o ser humano (Fig. 1.1). 12 BIOLOGIA PSICOLOGIA FILOSOFIA TERAPIA OCUPACIONAL SOCIOLOGIA FÍSICA MEDICINA MATEMÁTICA Figura 1.1 — Inter-relaçao dinâmica da Terapia Ocupa- cional. O objeto da Terapia Ocupacional é a ativi dade humana compreendendo seus vários elemen tos que devem ser avaliados e considerados numa unidade funcional. O desmembramento de suas partes se faz simplesmente para fins de estudo. A Biologia nos oferece o estudo das bases físicas, ou seja, a anátomo-fisiologia. A Psicologia estuda as diferentes estruturas mentais de cada indivíduo. A Sociologia estuda a atividade como meio de interação das pessoas, permitindo o contato através da inter-relação, ou seja, da comunicação A Filosofia tenta explicar ou levantar dúvi das a respeito da atividade, ajuda a criticar as hipóteses e fornece métodos para a investigação e sistematização dos fenômenos. A Física, por sua vez, estuda os elementos de forças agonistas e antagonistas que atuam so bre a pessoa. A Medicina nos fornece elementos anatômi cos, fisiológicos e clínicos para o estudo das defi ciências e conseqüente aplicação das atividades visando à reabilitação do indivíduo. Todas estas e várias outras ciências e estu dos contribuem para um acervo doutrinado da atividade. Se atentarmos para verificar o campo práti co da Terapia Ocupacional, veremos que ele é muito vasto e se aplica a diversos setores da rea lidade humana. Por exemplo, a Terapia Ocupacional aplica- se à Arte, quando estuda de maneira técnica os movimentos realizados para a elaboração de um trabalho. No setor educacional é muito importante o valor e aplicação da Terapia Ocupacional quer estudando especificamente os processos de evolu ção sensoneuropsicomotor, quer orientando o comportamento das pessoas que formam o meio ambiente do incapacitado, procurando evitar pro blemas de ordem psicológica e emocional. Portanto, Terapia Ocupacional é ao mesmo tempo educação, medicina e arte (Fig. 1.2). EDUCAÇÃO MEDICINA Figura 1.2 — Em virtude de os profissionais se dedicarem mais ao setor terapêutico e conseqüentemente me nos à área social, generalizou-se que a Terapia Ocupacional é uma simples técnica paramédica. Não se pode entretanto ignorar o setor artístico e educacional, inerentes à Terapia os quais apre sentam as mesmas condições de trabalho e en quadramento científico. Assim como os psicólogos não podem ser tomados somente como meros aplicadores de tes tes, os terapeutas ocupacionais não são exclusiva mente técnicos em manejar atividades ou ensinar deficientes. Um conceito também estrito, e aliás, vulgarizado, é o de que o profissional desta área ensina brincadeiras para os deficientes. Não é a Terapia Ocupacional praticada com medicamentos ou com cirurgias, por ser esse o campo da Medicina Terapêutica. A terapia ocu pacional exerce-se através de estudos, exercícios, atividades e treinamento. Para fins de estudos sistemáticos, podemos nos utilizar da figura 1.3, que nos informa das áreas em que a Terapia Ocupacional atua: ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA Figura 1.3 — Áreas médicas e a atuação da terapia ocupacional. BIBLIOGRAFIA A.ssociação Paulista de Terapeutas Ocupacionais — En contro Científico Paulista de Terapeutas Ocupacio nais. São Paulo, 1975. Associação Paulista de Terapeutas Ocupacionais — Es tatutos, São Paulo. lOp, s.d. ARRUDA, E. — Terapêutica ocupacional psiquiátrica. Rio de Janeiro. 1963. AZIMA, H. et al — A dynamic theory of psychiatric occupational therapy. In Gonçalves, J. Occupational therapy as a link in rehabilitation. Copenhagen, 1958. 13 Banco de Dados sobre Cursos e Profissões — CIEE. 0 ANUS, B.S. —• The developmental therapixt: a prototipe of pediatria occupational therapixt. New Jersey. Charles B. Slackke. 1971. 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Em decorrência não só destes fatores, mas ■nmc também da supervalorização das profissões ifc engenharia, medicina e outras, aquelas que desenvolvem um trabalho mais ativo e de integra ção com o paciente foram relegadas a um plano iinfcrior chegando muitas delas à marginalização muno no caso do fisioterapeuta que, para muitos, *ic passa de um simples massagista ou no caso db nutricionista que é confundido com cozinhei- m eu ainda o fonoaudiólogo que é tido como um ptofessor comum, isto sem falar dos leigos que naMzam o trabalho dos profissionais. Não pa- lair. aí as injustiças e perjúrias as quais são sub- prtidos estes profissionais, que como qualquer tatoo enfrentou um curso superior com todas as díiif euldades impostas para tal. Vejam a proble ma:, ca que enfrentam os colegas da enfermagem ■«pando tentam informar algum profissional médi um? sobre o estado geral de seu paciente, não são ■■fidos, sendo muitas vezes suas informações •ET.csprezadas. Tem de ser ressalvado aqui que wür cí médicos, por conseguinte, cobram as in- imnmações fornecidas por estes profissionais e as ■MdEzam como um dos dados para a orientação dk seu tratamento. Atualmente todas as profissões, através de Rb e profissionais, estão realizando esforços no «oarido de vencer esta barreira, não pela simples ■posição pessoal, mas sim pela comprovação Ifentifica de dados e pela elaboração de avalia ções cada dia mais técnica, lançando mão dos recursos da informática para alcançar seus obje tivos. É inconcebível que ainda não exista em nos sa profissão um critério básico de avaliação para as diferentes áreas de atuação da Terapia Ocupa cional. Em pouco mais de 15 meses, recolhi e selecionei, entre as várias instituições do Brasil e exterior, cerca de 1.300 formulários de avalia ção contendo os mais variados métodos e elemen tos destinados a avaliar um paciente. Mesmo le vando-se em consideração as diferenças regionais e culturais, chega ser estonteante, inclusive para quem pesquisa, não saber exatamente quais os critérios que levaram a considerar um paciente com prejuízo de suas funções ou, o pior, apenas saber da existência da disfunção mas não até que ponto ela é fator comprometedor. Também torna- se difícil avaliar os trabalhos apresentados em encontros e congressos quando estes baseiam-se em relatos, pois não é possível saber se os crité rios utilizados para a avaliação e conseqüente obtenção do resultado final são rígidos ou não, se segue uma linha de pensamento já conhecida ou se ela provém do próprio grupo de estudos, enfim quais os elementos que devem ser tomados como base para nos orientarmos. Não só devido a estes poucos fatos citados, resolvi montar um sistema padrão ou pelo me nos básico de avaliação através do sistema de computação, submetendo todas as fichas recolhi das a um criterioso processamento técnico, sepa rando e cadastrando todos os elementos de cada avaliação para no final de exaustivas revisões, reprocessamentos e reclassificações, chegar a um denominador comum tanto para os itens de ava liação como para o método de atribuição de conceitos. Se descrevermos o que foi encontrado du rante o período de pesquisa e a gama de infor 16 * mações visivelmente erradas e outras desencon tradas, teremos obrigatoriamente de concordar com os profissionais de outras áreas quanto à ser a causa de marginalização de nossa profissão a falta de elementos palpáveis não só para a jus tificativa de nosso trabalho, como também para a compreensão por parte de outras pessoas de nossos métodos de tratamento, pois não existe absolutamente nada que informe de maneira me tódica, sistemática, universal e científica estes colegas. Atualmente vivemos em um mundo onde tu do deve ser comprovado à luz da tecnologia e não podemos em hipótese alguma continuarmos a falar apenas que o paciente está com compro metimento em Atividade da Vida Diária (AVD). Temos que demonstrar o quanto e em quais as pectos existe esta deficiência. Tomemos por exem plo a fonoaudiologia, ela possui aparelhos preci sos que indicam o grau de hipoacusia de um ele mento, a enfermagem possui gráficos e aparelhos que por si só falam e regem-na. Nós até o presen te momento só contamos com nossa tradição mi lenar, que demonstra e comprova a eficiência de nossos preceitos básicos de tratamento, mas exis te a urgente necessidade de evolução para o aper feiçoamento, sem no entanto desprezar o que nos foi legado. Tomando por base os resultados obtidos atra vés do computador, aperfeiçoei o sistema de ava liação e atribuição de valores de cada elemento formador da ficha de avaliação, através da con sulta a outros colegas, visando a tornar fácil, fun cional e técnico o trabalho do profissional. As únicas duas maneiras de atribuir valores em uma avaliação é através de conceitos (letras) ou de numerais, os quais, ao meu ver, são mais versáteis para se trabalhar e para realizar os cál culos que são exigidos, visando a obtenção do resultado final de cada parte da avaliação. A escala de avaliação está dividida da se guinte maneira: — 0 a 2 - x — Sem observação e/ou leves traços. — 2 a 4 - P — Péssimo. — 4 a 6 - R -—• Regular. —■ 6 a 8 - B — Bom. -— 8 a 1 0 - 0 — Ótimo. Alerta-se o Terapeuta Ocupacional para que ele entenda que a escala de avaliação vai de 0 (zero) a 1,9 e de 2 a 5,9, e assim consecutiva mente, sendo que o número inteiro já pertence ao conceito seguinte. Após o Terapeuta ter avaliauo todos os itens solicitados por determinada ficha, e atribuído os devidos valores para cada um dos seus elementos formadores, deve o profissional então concluir esta parte da avaliação realizando os cálculos ne cessários para determinar os índices funcionais e de defasagem. Os valores encontrados na soma tória ou decorrentes da matematização das fór mulas devem ser colocados nas devidas siglas cor respondentes, localizadas na parte inferior direita de cada conjunto de itens. As siglas existentes devem ser interpretadas do seguinte modo: PR (Pontos Reais) — Esta sigla virá sempre acompanhada com um numeral e refere-se ao to tal de pontos que um indivíduo obtém quando possui suas funções preservadas. Cada elemento que forma o conjunto dos itens da avaliação vale 10 pontos; assim, se um item tem 18 elementos os PR serão iguais a 180 pontos. PO — Deverá ser interpretada como Pontos Obtidos pelo paciente. Para completar este item o terapeuta deverá apenas somar todos os pontos que o paciente obteve no item avaliado. Vejamos no exemplo: FUNÇÕES ESPECÍFICAS •I ■— Esquema Corporal Esquema Corporal Geral Nn Rn fTõl Q Cabeça DD DD Barriga NT RT ns\ D ] ----► 28 DD DD + ----► 26 = 80 PO = 54 54 TP - ? IP — Significa Total Percentual de função do paciente. Quando o Terapeuta aplicar a fór mula do percentual terá como resultado o total que indica quantos por cento (%) de função pre servada seu paciente ainda possui neste item da avaliação. Por isto parte-se da fórmula matemática b:;- sica para o cálculo da percentagem que é: Y x 100 R = -------------- e X se igualarmos os valores visando à substituição tereme; teremos: R sendo igual a TP— ►Total percentual Y igual a PO— ►Total de Pontos Obtido: X igual a PR—►Total de Pontos Reais Substituindo: Y (PO) x 100 R (TP) = ----------------------- X (PR) Simplificando obteremos a seguinte equação: PO x 100 TP = -------------- PR 17 Utilizando o exemplo acima de Funções Específi- a n leremos: PR = 80 PO = 54 TP - ? Aplicando: 54 x 100 TP = -------------- 80 5.400 TP = -------------- 80 TP = 67,5% Está é a fórmula que o Terapeuta deverá aplicar para encontrar o TP e saber qual é o to- tel
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