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livro completo TERAPIA OCUPACIONAL - Jorge Augusto Ortiz Finger

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TERAPIA
OCUPACIONAL
Jorge Augusto Ortiz Finger
sarvier
TERAPIA
OCUPACIONAL
Jorge Augusto Ortiz Finger
Sarvier Editora da Livros Médicos Ltda
Rua Dr. Amando de Carvalho n. 459 
Caixa Postal 12.927 Fone 571 3439 
04092 São Paulo Brasil
SÃO PAULO — 1986 — BRASIL
í
Dedico este livro a minha querida esposa 
e ao meu filho, os quais compreenderam 
as dificuldades que enfrentei para a elaboração 
deste trabalho e sempre me estimularam 
a concluí-lo.
" . . . Se uma estrela te atrai segue-a. 
Mesmo que ela te leve a um pântano, 
tenhas a certeza de que dele sairás, 
pois se assim não o fizeres, 
levarás por toda a tua vida a impressão 
de que aquela era a tua estrela. . . ”
e eu a segui!
Apresentação
Este livro só pôde ser elaborado a partir do 
ieiic■— ento em que houve a constatação das neces- 
■áades derivadas da não existência de uma me- 
pmlologia orientadora do trabalho de avaliação e 
ms mesmo de tratamento em Terapia Ocupacio- 
m,i. Seu objetivo é, portanto, suprir as deficiên- 
|ébs zecorrentes de informações não sistematiza­
rias
Penso não ser mais possível ao Terapeuta 
Ocupacional continuar tentando demonstrar os 
■andamentos e a aplicação terapêutica de sua pro- 
ÜHsãc. apenas por relatório destituídos de uma 
de pensamento sistemático que determine 
p rs metros mínimos de avaliação e de tratamento. 
Base tipo de relato, por mais descritivo que seja, 
poce deixar margens a diferentes interpretações.
Apesar da proposição desta obra ser a de 
lisiiematização, não creio que este trabalho possa 
itrar.sformar nossa profissão em uma ciência exata, 
Numa vez que ela nunca foi e nunca o será, pois 
nu :-abalhar estaremos fatalmente manipulando 
«pnentos corporais de um ser humano, no entan- 
■ isto não nos impede, em momento algum, de 
pi zarmos padrões pré-definidos, com a finali- 
liacê de traçar uma linha diretora de tratamento 
tttareando por base um sistema eminentemente 
■■temático.
Se formos realizar um estudo evolutivo de 
uniras profissões da área de saúde, observaremos 
I Be grande parte de sua evolução deu-se a partir 
a: momento em que houve a incorporação, em 
«na meio, de elementos básicos da matemática.
Como exemplo, desta afirmativa, podemos 
oitar dentre as profissões que atuam diariamente 
m osco a Enfermagem que através de seus gráfi­
cos pode demonstrar ao clínico a evolução do 
. _adro geral do paciente. Outro exemplo é a 
Nutrição com seus cálculos e fórmulas traçando 
Setas alimentares de acordo com as necessidades
calóricas, protéicas, e vitamínicas de cada orga­
nismo. Ao continuarmos nesta linha de pensamen­
to encontraremos a Fonoaudiologia e suas testa- 
gens audiométricas e, trabalhando de forma mais 
interligada a nós, a Fisioterapia que também se 
utiliza de padrões matemáticos em suas ativida­
des diárias de trabalho. Um pouco mais afastado 
de nosso cotidiano encontraremos a medicina cura­
tiva, lançando mão deste recurso sistemático com 
a finalidade de elevar seu padrão técnico. Foi so­
mente após a inclusão em seus estudos de méto­
dos matemáticos e de sistemas eletrônicos que 
observamos uma evolução bastante acentuada na 
verificação e na constatação dos mais diferentes 
diagnósticos e patologias.
No caso da Terapia Ocupacional, nada havia 
até então que determinasse quocientes relativos 
de capacidade funcional, nem tão pouco parâme­
tros inteiramente definidos que pudessem trans­
mitir aos colegas ou aos clínicos os resultados obti­
dos em nossas avaliações, sem deixar margens a 
uma possível interpretação dúbia. Com isto in­
corríamos na possibilidade do não entendimento 
ou até mesmo da não-aceitação de vários pontos 
de nosso trabalho, muito embora eles pudessem 
estar inteiramente corretos.
Tomei consciência desta problemática ainda 
no período acadêmico. Procurei orientação junto 
aos professores e encontrei um sustentáculo eficaz 
junto a Terapia Ocupacional — Iracema, então 
coordenadora de nosso curso, estimulou-me a con­
tinuar pesquisando sobre o assunto. Após ter-me 
graduado em Terapia Ocupacional pela Univer­
sidade Metodista de Piracicaba, SP, turma ingres­
sa em 1977, continuei os estudos relativos a este 
tema, chegando um momento onde a gama de in­
formações era tão grande e diversificada que fui 
obrigado a solicitar colaboração de um colega da 
área de computação.
Processamos exaustivamente cerca de 2500 
formulários de avaliação. Repetimos este proces­
so inúmeras vezes até chegarmos ao denominador 
comum que são as diversas fichas de avaliação 
em Terapia Ocupacional que proponho neste li­
vro. As dificuldades foram enormes e custou cer­
ca de sete anos de árduo trabalho diário. Cada 
item teve que ser cuidadosamente interpretado, 
ora adequando-se o vocabulário para a sua inclu­
são em campos específicos, pois o sentido grama­
tical era o mesmo, a única diferença estava a ní­
vel de vocábulos, ora traduzindo-se do espanhol, 
inglês ou francês e em alguns casos até mesmo do 
alemão para o português.
Creio que este livro é a maior colaboração 
que eu posso oferecer à profissão que abracei, e 
espero, sinceramente, que este trabalho sirva de 
base aos colegas que estão desenvolvendo estu­
dos e pesquisas, apesar de todas as dificuldades 
que enfrentamos a nível de Brasil, onde não pos­
suímos o reconhecimento e o apoio de que so­
mos merecedores.
IORGE AUGUSTO ORTIZ F1NGER 
TERAPEUTA OCUPACIONAL DO 
HOSPITAL DA CRUZ VERMELHA 
BRASILEIRA FILIAL DO PARANÁ
índice
1. ASPECTOS GERAIS
Conceituação .......................................... I
Histórico ................................................ 2
Regulamentação Profissional ............... 4
Terapia Ocupacional no Segundo Grau 4 
Terapia Ocupacional a Nível Superior 5 
Objetivo Objeto e Método da Terapia
Ocupacional ....................................... 7
Terapia Ocupacional como Ciência . . 11
Bibliografia . . ....................................... 12
I SISTEMA DE AVALIAÇÃO
Ficha de Identificação e Formulário de
Anamnese .......................................... 18
Anexo 2.1 — Formulário de Avaliação
em Terapia Ocupacional ................. 19
Bibliografia ............................................ 19
5 AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO DA MÃO
Plexo Braquial ....................................... 21
Aspectos Neuropsicomotores ............... 23
Semiologia da Atividade Manual ........ 27
Avaliação da Função da M ã o ............... 41
Anexo 3.1 — Função da M ã o ............ 42
Bibliografia ............................................ 42
4 EVOLUÇÃO NEUROLÓGICA
Aspectos Geras ..................................... 45
Funções Corticais ................................. 46
Noções Anatomofisiológicas do Sistema
Nervoso .............................................. 46
Origem do Sistema Nervoso .............. 47
Princípios da Função Cerebral .......... 48
Lei de Shunting ................................... 48
Sistema Gama ....................................... 49
Leis da Ação Reflexa ........................... 51
Inibição Recíproca ............................... 54
Inervação Recíproca ............................. 55
Inibição e Facilitação ........................... 55
Padrão de Inibição dos Reflexos — PIR 56
Interferência dos Reflexos ................... 58
integração dos Reflexos ....................... 58
Os Membros Superiores e o Desenvol­
vimento da Criança ......................... 59
Reações Posturais ................................. 60
Tratamento Neuroevolutivo ........ 61
Estimulação Precoce ............................. 62
Neurofisiologia da Lesão Cerebral . . . 67
Padrões Posturais da Criança ............. 70
Níveis de Integração ............................. 71
Classificação dos Reflexos ................... 72
Divisão da Atividade Reflexa e Reacio-
nal ......................................................
73
Reflexos Miotáticos Clônicos ou Pro­
fundos ................................................ 85
Avaliação da Função Neurológica . . . . 86
Anexo 4.1 — Avaliação Neuroevolutiva 88 
Bibliografia ............................................ 90
5. ATIVIDADES DA VIDA DIÁRIA E 
ATIVIDADES DA VIDA PRÁTICA
Aspectos Gerais ................................... 91
Comunicação .......................................... 93
Alimentação .......................................... 104
Elementos Comuns à Fala e à Alimen­
tação .................................................... 105
Vestuário ................................................ 108
Eliminação Corporal ............................. 108
Atividades da Vida Prática ................. 117
Avaliação de AVD e A V P ................... 127
Anexo 5.1 — Avaliação de AVD e AVP 132 
Bibliografia ............................................ 135
6. FUNÇÕES ESPECIFICAS
Esquema Corporal ................................. 137
Atenção .................................................. 138
Percepção .............................................. 140
Lateralidade .......................................... 141
Orientação Espacial ............................. 142
Orientação Temporal ........................... 143
Formação de Conceito .................. 144
O Comportamento Humano .............. 148
Aspectos Psicomotores .................. 148
Nível Integracional da Maturação Neu­
rológica .............................................. 149
Noção de Grandezas e M edidas.......... 149
Noção Tátil — Gustativa — Olfativa 150
Noção de Cores ................................... 152
Avaliação das Funções Específicas . . 156
Anexo 6.1 — Funções Específicas . . . 160
Bibliografia ............................................ 162
DESENVOLVIMENTO FÍSICO E 
AFETIVO-EMOCIONAL
Aspectos Gerais ................................... 163
O Recém-nascido ................................... 164
Primeira Infância ................................. 170
Segunda Infância ................................. 186
Puberdade .............................................. 191
Adolescência ......................................... 198
A Juventude ....................................... 216
Idade Adulta ....................................... 216
Velhice .................................................. 225
Bibliografia ........................................... 228
8. APÊNDICE
.Avaliação Psicomotora ......................... 231
Anexo 8.1 — Avaliação Psicomotora 232
Avaliação Senso-perceptiva ................. 233
Análise de Atividades ......................... 233
Anexo 8.2 — Análise de Atividades 234
Avaliação Goniométrica ....................... 236
Função M uscular................................... 241
Anexo 8.3 — Goniometria .................. 242
Relatório de Consulta ....................... 249
Anexo 8.4 — Relatório de Consulta . . 249
Descrição de Padrão ............................. 250
Anexo 8.5 — Descrição de Padrão . . . 250
Regulamento Interno ........................... 251
Planejamento e Programa de Atividades 253
Horário de Atividades da Terapia
Ocupacional ..................................... 255
Relação de Material Permanente ........ 256
Relação de Material Descartável ........ 257
1 .
Aspectos Gerais
CONCEITUAÇÃO
“Terapia Ocupacional é a arte e a ciência 
de orientar a participação de indivíduos em ati­
vidades selecionadas para restaurar; fortalecer e 
desenvolver a capacidade; facilitar a aprendiza­
gem daquelas habilidades e funções essenciais 
pera a adaptação e produtividade; diminuir ou 
...rrigir patologias e promover e manter a saúde. 
É fundamental o desenvolvimento e conservação 
de capacidade, durante toda a vida, para que os 
indivíduos possam executar com satisfação, para 
v e para os outros, aquelas tarefas e papéis essen- 
: eis a uma vida produtiva e ao domínio de si e 
dc meio ambiente”.
Segundo Bowie (1960), Terapia Ocupacional 
pode ser definida como um tipo objetivo de tra­
tamento, prescrito pelo médico, num esforço de 
seguir a recuperação do paciente acometido 
por uma doença ou contribuir para o seu ajusta­
mento ou hospitalização. Terapia Ocupacional in­
clui toda a prescrição de atividade mental ou físi­
ca que pode ajudar na recuperação de uma doen­
te e tornar a convalescença mais agradável.
Terapia Ocupacional tem sido definida pela 
\OTA (“American Ocupational Therapy Asso- 
eiation”) como “todo o tipo de trabalho ou de 
re:reação tanto física como mental, prescrita e 
guiada com o objetivo de contribuir e apressar a 
recuperação de indivíduos acometidos por uma 
doença. Ela consiste em ocupação selecionada e 
prescrita para cada paciente em particular, de 
acordo com suas necessidades. Ela é uma forma 
especial de tratamento e como qualquer outra, 
também deve contribuir para apressar a recupe­
ração dos pacientes com comprometimento físico 
ou mental.
Russell (1957) é mais específico na sua de­
finição de Ocupação Terapêutica ao dizer que ela 
é essencialmente uma medida psicológica e não 
pode ser confundida com a aplicação de exercí­
cios para a correção de deformidades. Para ele 
em ortopedia, as ocupações são especialmente 
prescritas para movimentos particulares e postu- 
rais requeridos pela atividade ocupacional, esses 
movimentos são por si só exercícios terapêuticos; 
mas eles são muito mais: são movimentos com 
objetivo e interesse extrínsecos e é esse interesse, 
o fator psicológico, que torna esses movimentos 
superiores àqueles exercícios que não têm outro 
objetivo se não o de melhorar a movimentação 
articular ou o desenvolvimento de um músculo.
Para Arruda (1963) Terapia Ocupacional en­
globa os conceitos parciais de Ergoterapia ou 
Laborterapia, tratamento pelos exercícios físicos, 
a musicoterapia, a ludoterapia, a gimnoterapia 
etc., que têm sentido mais estrito.
Observando que o autor faz uso do termo 
Ergoterapia ou Laborterapia e sendo os mesmos 
na prática muito utilizados como sinônimos de 
Terapia Ocupacional faz-se necessário verificar 
em dicionários especializados as suas definições:
Ergoterapia ou Terapia Ocupacional — téc­
nica que utiliza a ocupação dos doentes mentais 
sob forma de atividade física e, particularmente, 
manual como meio de readaptação a uma estrutu­
ra de tipo social, colocando em jogo fatores psi­
cológicos e dinâmicos próprios da criação de um 
grupo de pacientes.
Ergoterapia ou tratamento pelo trabalho — 
faz parte dos procedimentos de reabilitação que 
os autores anglo-saxões têm desenvolvido com 
eficiência no decurso da última guerra e é uma 
das modalidades da terapêutica ocupacional. Nos 
estados crônicos em que subsistem uma lucidez 
e uma saúde física suficientes, a ergoterapia si- 
tua-se na mesma base do tratamento moral, quan­
do não constitui seu único recurso como colônias 
agrícolas ou oficinas anexas a lugares para débeis 
mentais, epilépticos, alcoólatras etc. É igualmente 
indispensável nos estados agudos suscetíveis de
2
cura; a ergoterapia impede a perseveração men­
tal e garante em grande parte a readaptação 
social.
Assim como Arruda (1963) distingue Tera­
pia Ocupacional da Laborterapia também Janz, 
citado por Jentschura (1966), faz distinção, em 
se falando de psiquiatria, entre esses termos. Para 
ele, sem uma definição do conceito de ambas as 
formas de terapia não se pode obter um emprego 
apropriado e útil delas. Além disso, são formas 
de tratamento com estrutura e função próprias e 
as diferenças existentes entre elas não se limitam 
somente ao método.
Lindemann, em 1954, elaborou as definições 
de Terapia Ocupacional e Laborterapia, que cor­
respondem as anglo-saxônicas: “Terapia Ocupa­
cional é um método terapêutico ou forma de te­
rapia que utiliza a ocupação pelo trabalho como 
meio de tratamento dos doentes.
Seu objetivo é 
a cura enquanto que o produto obtido pela ocupa­
ção tem importância secundária. A execução e a 
direção do tratamento cabe ao Terapeuta Ocupa­
cional o qual, com base na própria experiência, 
conhecendo as condições do paciente e o objetivo 
a atingir, estabelecerá de modo racional, o trata­
mento apropriado para cada paciente em parti­
cular.
“A Laborterapia tem o caráter de exercita- 
ção para o trabalho. O paciente que por causa 
das doenças perdeu o hábito de uma atividade de 
trabalho regular, deve ser conduzido, por meio 
da laborterapia, a fornecer novamente contribui­
ção contínua e útil. A reintegração na vida de 
trabalho normal é o objetivo da Laborterapia. 
Contrariamente ao que acontece na Terapia Ocu­
pacional, possui, nesse caso, uma decisiva impor­
tância o produto do trabalho, a sua qualidade e 
o tempo dispendido. Para bem conduzir o traba­
lho de Laborterapia há necessidade de mestre 
de oficinas ou artesão apropriado.”
A diferença entre Terapia e Laborterapia 
claramente expressa nestas definições acentua-se 
ainda mais se for considerado o momento de seu 
emprego, como assinalou Gardemin. No processo 
global de reintegração do paciente, a Terapia 
Ocupacional é empregada no início da terapia fí­
sica, enquanto a Laborterapia adquire seu signi­
ficado somente no fim, com vistas a um determi­
nado adestramento para o trabalho. Portanto; 
Terapia Ocupacional é igual a Ergoterapia e La­
borterapia é igual a Reabilitação Profissional.
Além das expressões Ergoterapia e Laborte­
rapia que podem ser encontradas como sinônimos 
de Terapia Ocupacional, ainda uma terceira ex­
pressão — Praxiterapia — sendo formada pela 
expressão originária da palavra praxis que signi­
fica ação ou atividade, expressão esta proposta
por Vidoni, e que na concepção de Elsom Arruda 
(1963) está mais próxima, conceitualmente, de 
Terapia Ocupacional, muito embora não esteja 
implícito nela o sentido finalista, utilitarista de 
satisfação e de ação moral que se encontra no 
conceito de ocupação. Esta, para Freire, é qual­
quer atividade ou trabalho em que o indivíduo 
se ocupa: exercício, emprego, profissão, modo de 
vida, implicando, portanto, ação, tanto física co­
mo puramente intelectual. Assim, o trabalho é 
considerado também uma forma de ocupação, o 
que não significa ser toda a ocupação necessaria­
mente um trabalho.
Outra distinção conceituai que ainda pode 
ser realizada é entre Terapia Ocupacional e Rea­
bilitação. Parece oportuna tal diferenciação uma 
vez que se observa, na prática, o emprego desses 
termos como sinônimos, fato esse enfatizado por 
Cerqueira (1973). Para o autor, existe entre Te­
rapia Ocupacional e Reabilitação diversidade de 
técnicas, métodos e objetivos.
Quando Tazemos Terapia Ocupacional es­
tamos manejando atividades motoras, sociais e 
auto-expressivas que pouco têm em comum com 
os lógicos pragmatismos pedagógicos e sociais da 
Reabilitação. Esta é sobretudo aprendizagem, en­
quanto Terapia Ocupacional é sobretudo trata­
mento. As duas coisas podem ser praticadas na 
mesma oficina, ministradas pelo mesmo técnico 
que, entretanto, deve estar consciente do duplo 
papel que exerce.
Portanto, Terapia Ocupacional é o elo e/ou 
o preparo para a Reabilitação.
A prática de Terapia Ocupacional está ba­
seada fundamentalmente em conceitos que reco­
nhecem:
— que a atividade é uma necessidade vital 
do ser humano; a privação da oportunidade de 
ação gera a infelicidade;
— que ocupando-se com atividades, o indi­
víduo explora a natureza de seus interesses, ne­
cessidades, capacidades e limitações; desenvolve 
motricidade, funções perceptivas e cognitivas; 
aprende uma série de atitudes sociais e interpes­
soais, comportamentos necessários para o domí­
nio de tarefas vitais e manejo dos elementos de 
seu meio ambiente;
— que o produto final inerente à atividade 
tem importância secundária, à medida que possi­
bilita concreta evidência da capacidade do indi­
víduo ser produtivo ou ser habilidoso em deter­
minado campo.
HISTÓRICO
A certeza de que a ocupação e a diversão 
trazem benefícios aos indivíduos portadores de 
moléstia é reconhecida há muito tempo pela me­
3
dicina, que registra estes acontecimentos em sua 
própria história.
As seitas religiosas egípcias usavam o canto, 
a leitura, a dança, a diversão, o entretenimento e 
os passeios pelos jardins como tratamento do hu­
mor doentio, já no ano 2000 aC. Nos templos de 
Esculápio, 420 aC, os sacerdotes usavam a diver­
são e a recreação para tratar doentes. Nos anos 
293 aC, entre Epidauro e Roma havia perto de 
200 templos, nos quais 60 somente em Roma 
destinados à cura das doenças mentais e físicas 
que incluíam a diversão como meio de cura.
Cerca da 30 aC, Seveca, o Retórico, reco­
mendava a ocupação para todo o tipo de agita­
ção mental. Em 172, Galeno, médico grego, afir­
mava ser a ocupação o melhor médico da natu- 
-eza sendo essencial à felicidade humana.
Este tipo de tratamento foi usado durante 
muito tempo, mas, com a Idade Média, os pre­
conceitos e a ignorância reinantes isolaram os 
ioentes mentais, passando a Terapia Ocupacio­
nal, assim, por um período de inatividade, que só 
.cmeçou a ser dissipado pelas primeiras tentad­
as de humanização no tratamento desses doen- 
tes. Em 1407, o Frei foffé, fundador do asilo de 
Saragoça na Espanha, instituiu o trabalho como 
uma das fórmulas para o tratamento dos doentes. 
Ceando o francês Felipe Pinei visitou este asilo 
roltou tão impressionado com os benefícios obti­
dos por este tratamento que começou a aplicar 
esta técnica como sendo revolucionária.
A Revolução Francesa, 1789, foi a grande 
nesponsável pelo ressurgimento das técnicas ocu- 
pac: onais de terapia, definindo novas idéias rela­
tivas à defesa do ser humano, o que permitiu a 
- mel lançar as bases da moderna assistência psi- 
fniátrica. Quando ele assumiu a direção do Hos­
pício Bicêtre encontrou a situação dos alimentos 
de tal forma trágica e destituída de infra-estrutu- 
-2 que tomou a iniciativa da reforma assisten- 
cial introduzindo a terapia pelo trabalho como 
porte integrante de sua reforma.
Esse pensamento desenvolveu-se com o pas­
sar ios anos e novas técnicas foram sendo incor­
poradas às antigas. Durante a segunda metade 
ic século XVIII e começo de século XIX foi, 
realizado o emprego da ocupação como forma de 
tratamento na Espanha, Estados Unidos, França, 
Inglaterra e Itália.
Em 1813, Albert Shase, da Pensilvânia, afir­
mava: 'nenhuma forma de tratamento do doente 
mental é mais valiosa do que a ocupação siste- 
unáxica aplicada e judiciosamente levada a termo”.
Em 1844, Amariah Brigham e Todd afirma- 
~i~ que não deve haver preocupação com os as­
pectos econômicos (de ganho) do trabalho, mas 
sim com o afastamento do doente de suas fanta­
sias mórbitas, em chamar sua atenção, estimular 
seu interesse, levá-lo a retomar método, de pen­
sar e de se ocupar.
Benjamim Rush, em 1898, propunha o uso 
de atividades como tratamento, salientando sua 
preferência pelo trabalho definido sobre o puro 
exercício, por ser este mais estimulante, com efei­
tos mais duráveis e mais eficaz em corrigir hábi­
tos errados.
A ocupação terapêutica continuou a desen­
volver-se até 1850, quando voltou a declinar, per­
dendo-se por muitos anos, a idéia do valor da 
cura pelo trabalho. Segundo Willian R. Thomas, 
essa fase durou na América do Norte até 1890 e 
na Europa até 1906, aproximadamente. O motivo 
principal talvez tenha sido a depressão econômica 
sentida em quase todos os hospitais, devido às 
constantes crises que abalaram o mundo na época 
da Primeira Grande Guerra Mundial.
O ressurgimento da ocupação terapêutica 
coincidiu, com a substituição dos velhos concei­
tos por novos, principalmente após a guerra, 
quando apareceram as primeiras pessoas especia­
lizadas
para desenvolver este trabalho, que antes 
ficava a cargo do corpo de enfermagem de cada 
hospital. Os repetidos declínios e renascimentos 
da ocupação terapêutica parecem, segundo Haas, 
ligados a vários fatores, como:
— pressão econômica sentida em todos os 
hospitais da América durante a guerra;
— relativa subestimação do valor terapêutico 
das atividades;
— falta de “public insight”.
Em 1915, foi aberta em Chicago a primeira 
escola de Terapia Ocupacional e a partir desta 
data várias outras surgiram, como no Canadá, em 
1926, e na Inglaterra, em 1930, espalhando-se 
rapidamente por todo o mundo. Também consta 
que neste ano Thomas Eddy, do New York Hos­
pital, começou a prescrever diferentes tipos de 
ocupação para pacientes maníacos e deprimidos 
levando em conta a personalidade, a doença e as 
habilitações do doente.
Em 1936, foi fundada a Associação dos Te­
rapeutas Ocupacionais Ingleses e, finalmente, em 
1948, a profissão foi reconhecida, ocorrendo em 
1951 a criação da Federação Mundial de Terapia 
Ocupacional que realizou seu primeiro congres­
so em Edimburgo.
A Terapia Ocupacional no Brasil surgiu com 
a influência da Revolução Francesa e de suas 
idéias imperantes que foram maiores e mais ime­
diatas do que em Portugal, tendo este fato con­
tribuído em muito para a vinda da família real 
portuguesa para o Brasil.
4
Nü Hospício D. Pedro II, em 1854, havia 
oficinas de sapataria, marcenaria, florista e des- 
fiação de estopa para o tratamento dos doentes 
mentais.
luliano Moreira, Diretor do Serviço de As­
sistência a Psicopatas, em 1903, impulsionou a 
Terapia Ocupacional em todo o Brasil e princi­
palmente no Rio de Janeiro, sendo que em 1911 
criou uma colônia para mulheres em Engenho 
de Dentro, Rio de Janeiro, onde a terapêutica pe­
lo trabalho passou a ser executada com maior 
extensão. Entretanto, foi com a criação da colô­
nia Juliano Moreira em Jacarepaguá que o trata­
mento tomou grande impulso, principalmente o 
trabalho de horti e fruticultura.
Em 1946 foi criado no Rio de janeiro o Ser­
viço de Terapêutica Ocupacional no Centro Psi­
quiátrico Nacional, cuja direção ficou ao encargo 
da Dra. Nise M. da Silveira. A finalidade deste 
serviço era a de beneficiar o doente com uma 
ocupação livremente escolhida, metodicamente 
dirigida e só eventualmente útil ao hospital.
Para a formação de Terapeutas Ocupacio- 
nais em nosso país, foi instalado pela ONU, em 
1959, o primeiro curso, com duração de 12 me­
ses, funcionando no Hospital das Clínicas da Fa­
culdade de Medicina da Universidade de São 
Paulo, sendo regulamentada em 1964 e somente 
em 1969 foi reconhecida como de nível superior.
Atualmente existe o curso de Terapia Ocu­
pacional a nível universitário nas principais capi­
tais do Brasil e em algumas cidades mais impor­
tantes como Campinas e Piracicaba, em São 
Paulo.
REGULAMENTAÇÃO PROFISSIONAL
Foi pelo Decreto-Lei n." 938, de 13 de outu­
bro de 1969, que o terapeuta ocupacional bem 
como o fisioterapeuta tiveram suas profissões re­
conhecidas como de nível superior.
A profissão de Técnico de Terapia Ocupa­
cional a nível de segundo grau não é mencionada 
nessa legislação, não estando, até o momento, re­
gulamentada.
O exercício, no país, da profissão de tera­
peuta ocupacional é assegurado a diplomados por 
Escolas e Cursos Superiores devidamente reco­
nhecidos.
Os profissionais diplomados por escolas es­
trangeiras, devidamente reconhecidas no país de 
origem, poderão revalidar seus diplomas.
O Decreto-Lei n.u 938 estabelece ainda as 
atribuições profissionais do terapeuta ocupacio­
nal, tornando a ele exclusivo o uso de métodos 
e técnicas terapêuticas e recreacionais com a fi­
nalidade de restaurar, desenvolver e conservar a 
capacidade do indivíduo.
O artigo 10 refere-se àqueles que exerciam 
as atividades de terapeuta ocupacional sem habi­
litação profissional. A partir da publicação deste 
Decreto-Lei, tais profissionais receberam o nome 
de Auxiliar de Terapia Ocupacional, desde que 
obtido o certificado em exame de suficiência. Em 
São Paulo, este curso está sendo ministrado, a 
partir de 1975, no município de Franco da Rocha.
A categoria profissional de terapeuta ocupa­
cional foi incluída ao grupo da Confederação Na­
cional das Profissões Liberais.
O exercício da profissão de terapeuta ocu­
pacional já é regulamentado e no momento este 
fato está aliado a um Código de Ética Profissio­
nal que regula os aspectos ligados aos direitos e 
deveres desse profissional.
A primeira entidade de classe dos terapeutas 
ocupacionais criada no Brasil foi a Associação de 
Terapeutas Ocupacionais da Guanabara. A 10 de 
novembro de 1964, criou-se, em São Paulo, a 
Associação Paulista de terapeutas ocupacionais.
Esta associação, sendo uma entidade repre­
sentativa de classe, tem os seguintes objetivos:
— alcançar o mais alto nível científico e 
moral no exercício da profissão;
— promover uma intensiva e permanente 
campanha junto aos estabelecimentos estudantis 
e hospitalares, centros, institutos de reabilitação 
e clínicas de terapia ocupacional, com o fim de 
tornar sempre mais eficiente, valorizada e conhe­
cida a indispensável e relevante colaboração dos 
terapeutas ocupacionais:
— estimular o exercício ético e científico da 
Terapia Ocupacional como um todo, de acordo 
com as disposições legais existentes no país;
— lutar por um nível salarial adequado e 
levantar fundos para o progresso e desenvolvimen­
to da profissão;
—- combater a prática ilegal da profissão.
TERAPIA OCUPACIONAL NO 
SEGUNDO GRAU
O técnico em Terapia Ocupacional atua sob 
coordenação e supervisão do terapeuta ocupacio­
nal, este com formação de Nível Universitário. As 
atividades da Terapia Ocupacional visam a habi­
litar ou reabilitar pessoas com deficiência ou de­
sajustes físicos, psíquicos e/ou sociais; têm como 
objetivo final integrar esses indivíduos na socie­
dade, dentro de suas limitações, como pessoas 
úteis.
Cabe ao técnico de Terapia Ocupacional exe­
cutar e acompanhar programas de recuperação 
determinados pelo terapeuta ocupacional, levan­
5
do o deficiente a praticar atividades que possam 
: iminuir a incapacidade e restaurar ou desenvol- 
er a capacidade funcional. Tratam-se de ativida- 
:es que permitem a execução de exercícios espe- 
,:ricos de aprendizagem e desenvolvimento da 
força muscular, órgãos sensitivos, resistência e 
coordenação sensitivo-motora, bem como atendi­
mento aos distúrbios intelectuais e emocionais; 
atividades que oferecem a necessária gratificação 
psicológica e os corretos conceitos de auto-ima- 
gem e identificação pessoal e desenvolvem atitu­
des básicas para independência pessoal.
Compete igualmente a esse técnico executar 
::jgramas de atividade de vida diária e ajusta­
mento profissional, sob a coordenação e supervi­
são do terapeuta. Neste sentido faz com que o 
deficiente execute atividades que treinem a inde­
pendência funcional, como a capacidade para ali­
mentar-se, vestir-se, realizar sua higiene pessoal, 
locomover-se e comunicar-se.
O campo de atuação do técnico em Terapia 
Dcupacional é vasto e se constitui de Centros de 
Reabilitação, Clínicas médicas e mesmo psiquiá- 
rricas.
O currículo mínimo teve a parte de Educa- 
ção Geral fixada pela Resolução n.° 8/71 do 
Conselho Federal de Educação e a parte de For­
mação Especial fixada pela Deliberação n.° 3/75 
ic Conselho Estadual de Educação:
Xúcleo Comum — Comunicação e Expres- 
W£ , Estudos Sociais e Ciências. E pela Lei n.° 
= 592/71 mais Educação Física, Educação Artís- 
: ca.. Educação Moral e Cívica, Programas de Saú- 
: í e Ensino Religioso.
Parte Diversificada — que é mínima para 
cada habilitação profissional — Fundamentos de 
“ erapia Ocupacional, Terapia Ocupacional Apli­
cada, Cinesiologia, Psicologia e Ética.
TERAPIA
OCUPACIONAL A 
NlVEL SUPERIOR
A Terapia Ocupacional tem sido indicada 
para indivíduos cujas habilidades para lidar com 
as atividades da vida estejam ameaçadas ou impe- 
: das por distúrbios de ordem física, psicológica 
c ou social. Assim, os programas desenvolvidos 
em Terapia Ocupacional variam conforme o cam- 
pc de atuação, havendo:
Programas de prevenção e manutenção de saúde
— Desenvolvidos principalmente em servi­
ços de comunidade, centros de saúde, escolas, 
com os objetivos de promoção do desenvolvimen- 
:o normal, proteção e conservação das funções 
existentes, prevenção contra a incapacidade e ga­
rantia de recuperação ou adaptação em diferentes 
níveis. O objetivo central é fornecer experiências 
que capacitem o indivíduo a usar produtivamen­
te suas habilidades, capacidades e forças.
— Visam a fornecer oportunidades para o 
indivíduo conhecer e desenvolver seus interesses, 
explorar seu potencial, desenvolver capacidades 
e aprender através dos seus próprios recursos e 
do meio em que vive.
Programas de recuperação
Desenvolvidos em clínicas de habilitação e 
reabilitação de indivíduos, sejam eles crianças ou 
adultos, portadores de deficiências físicas (moto­
ras, auditivas, visuais) e/ou mentais. Estes pro­
gramas focalizam a reeducação da patologia ou 
deficiência específica, fornecendo atividades que 
possam diminuir a incapacidade e restaurar ou 
desenvolver a capacidade funcional. Neste con­
texto, as atividades selecionadas serão aquelas 
cujas características e propriedades permitam a 
execução de exercícios específicos de aprendiza­
gem motora; desenvolvam respostas aos estímu­
los sensoriais, força muscular, resistência e coor­
denação; atendam aos distúrbios intelectuais e 
emocionais; ofereçam a necessária gratificação 
psicológica e desenvolvam atividades básicas pa­
ra a completa independência pessoal.
Programas de atividades da vida diária
Estão ligados à adaptação ao trabalho e 
orientação profissional e a atividades que promo­
vam o treino de independência funcional como 
capacidade para alimentar-se, vestir-se etc.; de­
senvolvam e aumentem a habilidade para traba­
lhar e/ou cumprir as tarefas e papéis relativos à 
faixa etária do paciente. Estes objetivos-envolvem 
conhecimento e avaliação dos papéis e funções 
essenciais à adaptação do indivíduo à sua comu­
nidade; programação de atividades gradativas que 
proporcionem a aquisição das habilidades e atitu­
des necessárias ao trabalho.
Esses programas não são, no entanto, exclu­
sivos e com freqüência ocorrem simultaneamente. 
Assim, por exemplo, uma criança com desenvol­
vimento deficiente pode ser auxiliada a receber 
a necessária aprendizagem através da participa­
ção em um jogo, montando um quebra-cabeça ou 
desenvolver orientação espacial através da ação 
de pintar.
As funções básicas do Terapeuta Ocupacio­
nal são:
1. avaliar o paciente quanto às suas capaci­
dades e deficiências;
2. avaliar os efeitos da terapia, estimar e me­
dir mudanças e evolução;
6
3. selecionar atividades específicas para 
atingir os objetivos propostos a partir da avalia­
ção;
4. baseado nas avaliações, redefinir objeti­
vos, reformular programas e orientar adequada­
mente o paciente e familiares;
5. facilitar e estimular a participação do 
paciente no processo de habilitação ou reabili­
tação.
O terapeuta ocupacional pode atuar em hos­
pitais gerais e especializados, centros de reabili­
tação física ou mental, clínicas psiquiátricas e/ou 
geriátricas, asilos, centros de saúde, escolas, ins­
tituições para menores abandonados, instituições 
para mães solteiras, presídios e outras, além de 
ser-lhe facultado dar atendimento particular em 
consultórios ou a domicílio.
Aos que querem abraçar a carreira de tera­
peuta ocupacional os requisitos pessoais de or­
dem psicofísica fazem-se necessários:
Capacidade de adaptação — É uma quali­
dade essencial, principalmente tendo em vista a 
amplitude do campo de ação e a necessidade de 
ir-se ao encontro da filosofia do paciente ou da 
instituição.
Criatividade — Constantemente o terapeuta 
é levado a criar novas condições, inventar adap­
tações para facilitar a vida do paciente ou para 
melhorar o funcionamento de seu setor.
Atenção concentrada — Muitas vezes exis­
tem detalhes que são de importância fundamental 
para o paciente e devem ser levados em conside­
ração na programação do tratamento.
Sociabilidade — Para um profissional que 
trabalha sempre ligado a uma equipe ou a ou­
tros profissionais isoladamente e que também de­
ve atuar na comunidade do indivíduo, a facili­
dade de inter-relação pessoal, ânimo alegre e sen­
so de humor são fundamentais.
Meticulosidade — O terapeuta ocupacional 
deve ter condições de perceber detalhes no com­
portamento do paciente, para que os exercícios, 
as técnicas, enfim a terapia empregada seja a mais 
adequada possível.
Raciocínio abstrato — A partir de dados 
colhidos por outros profissionais ligados ao caso 
e aqueles colhidos por ele próprio, o terapeuta 
ocupacional estabelece relações, determina objeti­
vos e programas de atividades.
Capacidade de organização — É uma quali­
dade essencial, principalmente tendo em vista que 
muitas vezes haverá necessidade de atuar como 
administrador ou professor de futuros terapeutas.
Capacidade de observação — A avaliação 
do paciente e os dados de evolução somente po­
dem ser anotados após criteriosa avaliação.
Interesse pelas pessoas — Um terapeuta ocu­
pacional deve ter essa característica unida à fir­
meza e persuação, dentro de uma perspectiva 
otimista.
O Ministério da Educação e Cultura, atra­
vés do Conselho Federal de Educação, pela por­
taria ministerial n.° 511, de 23 de julho de 1964, 
divide as matérias em básicas e específicas, sen­
do a duração média do curso de quatro anos com 
uma carga horária de aproximadamente 3.152 
horas em período integral.
A seguir exemplificamos o currículo do 
curso de Terapia Ocupacional baseados no da 
Universidade Metodista de Piracicaba, turma in­
gressa em 1977.
Primeiro Semestre
Comunicação e Expressão; Introdução à 
Psicologia; Introdução à Filosofia; Estudos dos 
Problemas Brasileiros I; Métodos e Técnicas de 
Pesquisa; Biologia Geral; Educação Física Prá­
tica I.
Segundo Semestre
Anatomia I; Histología e Embriologia; Mi- 
crobiologia e Imunologia; Psicologia do Desen­
volvimento; Fisiologia e Biofísica; Terapia Ocu­
pacional Geral; Ética e História da Reabilitação; 
Fundamentos de Fisioterapia e Terapia Ocupacio­
nal; Bioquímica; Educação Física Prática II.
Terceiro Semestre
Cinesiologia; Fundamentos de Medicina Clí­
nica e Cirúrgica, Anatomia II (Neuroanatomia); 
Psicologia do Excepcional; Artes Plásticas e In­
dustriais; Terapia Ocupacional Aplicada às Con­
dições Sociais; Cultura Cristã; Noções de En­
fermagem; Psicomotricidade.
Quarto Semestre
Psiquiatria; Pediatria; Ortopedia e Traumato- 
logia; Administração Aplicada à Terapia Ocupa­
cional I; Psicologia Social e do Trabalho; Re­
creação e Atividades Rítmicas; Neurologia; Ra­
diologia; Terapia Ocupacional Aplicada às Con­
dições Psicoeducacionais.
Quinto Semestre
Terapia Ocupacional Aplicada às Condições 
Psíquicas; Estatística; Administração Aplicada à 
Terapia Ocupacional II; Terapia Ocupacional 
Aplicada às Condições Físicas II; Terapia Ocupa­
cional Aplicada às Condições do Trabalho; Psi­
cologia do Ajustamento; Estudos do Problemas 
Brasileiros II; Terapia Ocupacional Aplicada às 
Condições Físicas I.
7
Sexto Semestre
Os estágios supervisionados foram realizados 
nas áreas de:
— Neurologia (Deficiência Física e Mental).
— Ortopedia.
— Psiquiatria.
— Deficiência visual.
— Geriatria e Gerentologia.
— Pediatria (creche).
— Cardiologia.
— Terapia Ocupacional Aplicada à Prática 
Clínica.
OBJETIVO, OBJETO E MÉTODO 
DA TERAPIA
OCUPACIONAL
Uma vez já abordados os conceitos e a his­
tória da Terapia Ocupacional, torna-se impor­
tante agora saber seus objetivos, seu objeto e seus 
métodos.
Muitos foram os que contribuíram para a 
evolução da Terapia Ocupacional. Serão abor­
dadas agora, resumidamente, as concepções gerais 
sobre o tratamento ativo descrito pelos principais 
autores.
1. Simon (1937) considera indispensável a 
ação conjunta da ocupação individualizada e edu­
cação terapêutica para restituição do doente de 
um modo de vida ordenado e útil. O tratamento 
deve aspirar constantemente a reintroduzir a ló­
gica sã na vida e no mundo ideológico dos doen­
tes, e seu primeiro axioma é que tudo o que se 
faz deve ter sentido e finalidade. Justifica o autor, 
de forma geral, a proposição do uso de uma me­
todologia pedagógica por ser a psicologia do 
doente mental, especialmente em relação às atitu­
des anti-sociais, comparável à psicologia da crian­
ça. Em virtude disso, a reeducação e a ergoterapia 
devem ser efetuadas com uma metodologia peda­
gógica. Visando a organizar as atividades, estabe­
lecer uma gradação correlata a escolar para os 
irabalhos, escalando-os de acordo com as dificul­
dades apresentadas:
a) Ocupações de grau inferior — são ocupa­
ções de máxima simplicidade que não exigem es­
forço de atenção nem independência do paciente, 
como por exemplo: ajudar a transportar objetos, 
carregar terra em carrinho de mão, executar tra­
balhos domésticos bastante simples (como tirar o 
pó dos móveis), executar tarefas que exijam mo­
vimentos digitais elementares e repetitivos (como 
trançar, desfiar etc.).
b) Ocupações de segundo grau — são tra­
balhos mecânicos que requerem pouca atenção 
ou iniciativa. Esses trabalhos devem exigir bas­
tante tempo para a execução a fim de que os 
pacientes possam habituar-se. Exemplo: arrancar 
erva daninha do jardim ou horta, desde que não
seja necessária uma atenção especial, ou adu­
bar a horta. Também são recomendados traba­
lhos domésticos de toda espécie, em caráter de 
ajuda a um empregado.
c) Ocupações de terceiro grau — São aque­
les trabalhos que exigem a atenção, iniciativa e 
inteligência regular. Podem ser citadas as ativi­
dades de cardarlã, consertar roupas, trabalhar 
em vime, ajudar em serviços de cozinha e lim­
peza geral, ordenhar animais, executar indepen­
dentemente trabalhos regulares de transporte de 
objetos. Os trabalhos domésticos já podem ser 
confiados com inteira independência aos pacien­
tes deste grau, sem que exista uma vigilância.
d) Ocupações de quarto grau — estão clas­
sificadas neste grupo as atividades que requerem 
boa atenção e um reflexo quase normal. Como 
exemplos de atividades podem ser citados: exe­
cutar trabalhos especializados como agricultura 
e jardinagem, confeccionar roupas, trabalhos ma­
nuais delicados e de toda a espécie e substituir 
trabalhadores na rotina normal.
e) Ocupações de quinto grau — estas ocu­
pações exigem plena capacidade de rendimento 
equiparável ao rendimento de um indivíduo nor­
mal da mesma classe. Incluem-se nesta classe pa­
cientes convalescentes de enfermidades agudas, 
imbecilidade leve, epilépticos em períodos inter- 
críticos e paranóides, sempre que sua capacida­
de de trabalho e autocontrole não estejam pertur­
bados pela anormalidade do pensamento. É con­
veniente confiar a esses pacientes, na medida em 
que tenham capacidade de desempenho, cargos 
de responsabilidade como direção de pequenos 
grupos de trabalhos, portarias e correio.
2. Schineider (1954) estabeleceu a teoria 
geral da terapêutica ocupacional, que não é so­
mente sintomática mas exerce uma ação biológi­
ca profunda, não exigindo para atuar a partici­
pação consciente do paciente. O autor apontou 
os seguintes objetivos:
a) A profilaxia das manifestações patológi­
cas assim como supressão de instabilidade;
b) descarga dos processos psíquicos patoló­
gicos, o que de uma outra maneira deveria ser 
feito pela via de excitação motora;
c) repouso da função patológica e exercício 
das funções conservadas.'
3. Para Russel (1957) o tratamento ocupa­
cional não é uma mera administração empírica de 
passatempos. Ele tem objetivo deliberado, plane­
jado de fixar o interesse do paciente sobre obje­
tos materiais e suas relações comuns, de modo 
que sejam enfatizados seu valor e importância, 
portanto prevenir a mente doente de procurar re­
fúgio na introspecção mórbida.
8
4. Para Azima (1958) a Terapia Ocupacio- 
nal tem por objetivo auxiliar no diagnóstico, de­
tectar mudanças de personalidade, além da fun­
ção terapêutica que se efetuaria pela exploração, 
gratificação das necessidades e formação de de­
fesas do ego.
5. Bowie (1960) aponta os seguintes objeti­
vos da Terapia Ocupacional com pacientes artrí­
ticos:
— manter tono físico e mental;
— melhorar funções físicas e cinesiológicas;
— medir dosagem e progresso no trabalho.
Para Bowie, que vê na Terapia Ocupacional
um complemento da Fisioterapia, seu campo é 
extenso: vai de jogos, que podem requerer pou­
co ou nenhum exercício, até trabalhar extenuan­
tes. E as atividades, inteligentemente planejadas, 
ajudarão na recuperação das funções muscular e 
articular, na melhora física geral, na reabilita­
ção mental.
6. Para Fidler (1960) o objetivo da Terapia 
Ocupacional é o de proporcionar uma situação 
terapêutica na qual os pacientes tenham a opor­
tunidade de expressão e sublimação das necessi­
dades emocionais. O mais importante da situa­
ção é a manipulação das relações entre o paciente 
e o terapeuta. Aos demais ela é utilizada como 
método auxiliar de diagnóstico e de avaliação da 
personalidade. Visa, também, ao aspecto sócio- 
econômico, ao precisar habilidades e aptidões; 
iniciativa e participação e a cooperação grupai e, 
nos pacientes muito regredidos, atua como pro­
cesso reeducativo.
7. Arruda (1963) aponta como objeto da 
ocupação terapêutica a personalidade do doente 
a recuperar, e para alcançar seus objetivos pro­
põe o emprego de métodos de base empírica e 
métodos científicos.
Empíricas seriam aquelas atuações sob a for­
ma de atividades avulsas que intuitivamente eram 
utilizadas e que resultavam na melhora do doente 
ocasionalmente.
Métodos científicos já têm bases em conhe­
cimentos adquiridos pela experiência e têm indi­
cações específicas.
Os métodos da terapêutica ocupacional po­
dem ser:
Sistematizados — Quando são utilizadas ta­
refas regulares, com técnica previamente estudada 
e os resultados devidamente apurados.
Não sistematizados — Onde são usadas ati­
vidades variadas, sem desenvolvimento preesta- 
belecido.
A sua aplicação pode ser individual ou cole­
tiva, os quais não necessitam esclarecimentos por­
menorizados. Apenas que a escolha da forma
individual ou cojetiva da ocupação é feita levan­
do em consideração cada caso e os resultados de­
sejados. É certo que o tratamento pela ocupação 
não pode perder de vista o indivíduo e os traços 
particulares de sua personalidade. Os que aplicam 
a ocupação terapêutica, cada vez mais, utilizam 
métodos de ação coletiva, com objetivos de recu­
peração, reeducação e reintegração social, ou se­
ja, a reabilitação propriamente dita.
Além disto, a ocupação terapêutica pode ser 
levada a termo com a utilização de uma atividade 
simples ou várias atividades de acordo com uma 
seqüência predeterminada. Porém pode ser apli­
cada de forma isolada ou de forma associada a 
outras formas de tratamento.
Ainda quanto aos métodos a ocupação tera­
pêutica pode ser utilizada através de:
a) Métodos filosóficos — seriam aqueles que 
se fundamentam no logos simoniano.
b) Métodos intelectuais — são os que utili­
zam a atividade intelectual como meio de benefi­
ciar o doente. E como exemplo temos as confe­
rências, leituras, cinema etc.
c) Métodos fisiológicos — os que utilizam 
atividades
que estimulam o funcionamento dos 
órgãos e atividades musculares.
d) Métodos psicológicos — são os métodos 
que utilizam as atividades artísticas, culturais, 
educativas ou de ação psicológica de forma pre­
dominante.
e) Métodos psicoanalíticos — são os que 
utilizam atividades que favoreçam a transferência 
e ponham em jogo outros mecanismos mentais, 
como o psicodrama por exemplo.
f) Métodos reflexológicos — os que utilizam 
atividades destinadas a desconectar atitudes e res­
postas que foram morbidamente condicionadas 
por meio de treino e da reeducação.
g) Métodos de ação moral — são aqueles 
que procuram relevar os aspectos de efeito moral 
e de suporte das atividades com a finalidade de 
obter alguns benefícios para o .doente.
Ainda no que tange a respeito dos objetivos 
da Terapia Ocupacional, Arruda (1963) endossa 
a opinião de Barahona Fernandes, segundo o qual 
o objetivo da Terapia Ocupacional é despertar o 
homem normal no doente. Para que este fim seja 
alcançado deve o Serviço Social entrosar sua ação 
com o Serviço de Ocupação Terapêutica, com o 
objetivo de colocação do recuperando em empre­
gos adequados, e orientar seu ajustamento no 
ambiente familiar e social.
8. Blaya (1963) diz que o primeiro axioma 
e o mais importante dos objetivos da Terapia 
Ocupacional é proporcionar ao paciente oportu­
nidade para a expressão ou a sublimação de im-
9
pulsos instintivos e das necessidades emocionais, 
craiscientes e/ou inconscientes. Além da relação 
i~:e:pessoal intergrupal, conta-se com a atividade 
pcpriamente dita.
9. Magnussem (1963) considera que a Tera­
pia Ocupacional deverá ser individualizada tanto 
qpanto às características pessoais como em rela- 
ifiáo ao diagnóstico. O tratamento deve ser divi­
dido. segundo o autor em três fases:
a) relaxar e desviar a atenção do paciente 
oHir seu quadro mórbido;
b) readaptar o paciente;
c) ativar o paciente através do estímulo do 
ser.::mento do ego.
0. De acordo com Hamorth (1964) o obje- 
Ü pt: da Terapia Ocupacional é ajudar no estabe- 
■rânento do paciente nas áreas:
a) Física — restaurar a função de articula- 
pies incapacitadas, aumentando a resistência à 
■diga. prevenindo a deterioração física geral e 
dtosenvolvendo a coordenação física e psíquica.
b) Psicológica — neste aspecto a ocupação 
_m efeito normalizador. Ela desperta inte-
e ajuda a desenvolver a atenção; propor- 
Brc a descarga emocional, pode contribuir para 
satisfação da necessidade de criar e experimen- 
pode ajudar na edificação da auto-estima, 
ituindo o desencorajamento pelo encoraja- 
■to: modifica a cadeia de pensamentos mórbi-
Social — neste aspecto ela incentiva ad­
es grupais, responsabilidades e cooperação 
intercâmbio de experiências de trabalho que 
um indubitável efeito no contexto do grupo, 
na oficina, ambulatório ou enfermaria.
c Econômica — muito embora a Terapia 
acionai seja o tratamento pela ocupação e 
deva ser confundida como treinamento pro­
sai, ela oferece o primeiro passo para o re- 
ao antigo ou mesmo a um novo trabalho e 
■ fceec campo para experiências. Pode ajudar 
■inida r.a descoberta de novos interesses ou aqui- 
liçln: de destreza para o retorno ao trabalho.
11. Santos (1964) os objetivos da Terapia 
■tenraTonal são so seguintes:
— a conservação da intensidade natural de 
iI imíos cs modos de percepção e sensação;
— a coordenação dos diversos modos de 
cão e sensação entre si e em relação ao
«■feente;
— a expressão do sentimento em forma co- 
mnncivel-;
— a expressão, de forma inteligível, dos 
■mios de experiência mental.
12. Para Jentschura (1966) o emprego da 
Terapia Ocupacional concentra-se principalmen­
te sobre três grandes grupos de pacientes:
a) pacientes de clínicas psiquiátricas;
b) pacientes com moléstias do aparelho lo- 
comotor;
c) pacientes obrigados a longa permanência 
no leito.
Na clínica ortopédica o autor aponta os se­
guintes objetivos:
a) influenciar o psiquismo do paciente;
b) realizar tratamento funcional.
De um modo geral, nos pacientes obrigados 
a permanecer um longo período inativos, pode 
advir uma profunda modificação de atitude com 
relação ao mundo que os cerca. De um lado, en­
fraquecida a vontade e uma indiferença no que 
diz respeito à sua própria vida; do outro, as preo­
cupações familiares e as dificuldades financei­
ras provocam uma tensão psíquica que pode 
impedir a obtenção dos fins terapêuticos. Nesses 
casos a Terapia Ocupacional é de decisiva impor­
tância para ajudar a superar a psicose hospitalar 
e para distrair o paciente da situação mórbida. 
Nos casos de crianças hospitalizadas, a angústia 
causada pelo desconhecido, pela dor e pela sepa­
ração da mãe podem ser superadas mais facil­
mente brincando, especialmente se um terapeuta 
treinado tomar conta da criança desde o seu in­
gresso, enquanto a mãe ainda está presente. O 
terapeuta ocupacional deve ter a capacidade de 
estabelecer um “rapport” de confiança entre a 
criança e o novo ambiente, inicialmente sentido 
como hostil.
13. Silveira (1966) afirma que o papel da 
terapêutica ocupacional não será distrair o doen­
te nem obter que ele realize um trabalho vanta­
joso para a economia hospitalar. Será, como diz 
Sivadon (1953), fornecer-lhe condições de rela­
ção com o mundo exterior que solicitem sua ca- 
capacidade adaptativa existente na ocasião. A ex­
periência demonstra que o exercício dos modos 
de adaptação de baixo nível permite a reestrutu­
ração da personalidade pela passagem através de 
níveis progressivamente mais elevados. À medida 
que o doente se adapta, exerceremos sobre ele 
pressão que o impulsione a progredir. A ocupa­
ção só terá caráter terapêutico, segundo Sivadon, 
quando visa a reestruturar a personalidade, con­
duzindo-o a assumir níveis funcionais progressiva­
mente mais altos.
14. Mac Donald (1972) aponta os seguintes 
objetivos a serem seguidos pela Terapia Ocupa­
cional em reabilitação:
a) a reavaliação do paciente para reintegrá- 
lo na sua vida e trabalho anterior.
ÍO
b) Quando isto não for possível, manter a 
funcionalidade existente e utilizá-la para reinte­
grar o paciente no seu antigo trabalho ou inte­
grá-lo numa nova ocupação.
Estas finalidades são tanto físicas como psi­
cológicas e visam a tornar o paciente indepen­
dente para ganhar a vida. Para alcançar tais 
objetivos o autor propõe o emprego de ativida­
des que ajudem o paciente a adaptar-se da me­
lhor forma possível às suas limitações pessoais 
e domésticas, com possibilidades de trabalhos re­
munerados na maioria das vezes.
15. Cerqueira (1973) aponta à Terapia 
Ocupacional os seguintes objetivos: atividade, so­
ciabilidade e espontaneidade. Tais objetivos são 
os mesmos citados por Froebel em sua obra “Edu­
cação do Homem” e para seu emprego assim se 
justifica Cerqueira. “Não vemos o adulto como 
uma criança grande, por mais regredido mental­
mente que ele esteja”. Embora sabendo a impor­
tância dos arcaísmos infantis no adulto, mesmo 
normal, não nos parece inconveniente aplicar as 
técnicas baseadas em concepções froebelianas. O 
autêntico jardim-de-infância é para nós um tra­
tamento psicológico para seres em evolução; não 
ensina, prepara para a aprendizagem. Exatamente 
como a Terapia Ocupacional, preparando para 
a Reabilitação a partir das partes conservadas da 
personalidade e das que vão melhorando com 
seus próprios métodos, adaptados ao adulto.
16. Pinei (1977) afirma que o objetivo da 
terapêutica do trabalho é a modificação dos pen­
samentos mórbidos. O trabalho constante fixa a 
faculdade do entendimento, exercitando-a, e por 
si só mantém a ordem num agrupamento de qual­
quer tipo de alienados.
17. Ministério da Saúde regulamenta que o 
terapeuta ocupacional é o profissional que tem 
atribuições relativas a restauração, desenvolvi­
mento e conservação
da capacidade mental do 
paciente. Suas tarefas típicas são: execução de 
métodos e técnicas terapêuticas que são artes apli­
cadas e recreacionais que vão desde a organiza­
ção de jogos até atividades correlatas; reabilita­
ção profissional, ou seja, o treinamento ocupacio­
nal adaptativo e outras tarefas semelhantes.
Existe grande dificuldade em obter-se uma 
definição de Terapia Ocupacional não só aceita 
por todos, mas que seja específica e abrangente. 
Esta dificuldade se faz sentir devido principal­
mente à falta de uma terminologia lógica e pre­
cisa, como pode ser facilmente observada através 
da demonstração dos conceitos de inúmeros auto­
res. Se fosse traçada uma linha comparativa en­
tre os diversos conceitos existentes certamente en­
contraríamos a seguinte correlação:
Terapia Ocupacional = Praxiterapia
Terapia Ocupacional = Reabilitação
Terapia Ocupacional Ergoterapia ou
.Laborterapia*
Terapia Ocupacional ^ Reabilitação
Terapia Ocupacional ^ Laborterapia
Ergoterapia = Laborterapia
Terapia Ocupacional = Ergoterapia
Muito embora tenha sido aqui demonstrada 
Ergoterapia como sinônimo de Laborterapia e 
Ergoterapia como sinônimo de Terapia Ocupa­
cional, não é possível atribuir o mesmo signifi­
cado, por dedução, como sendo Terapia Ocupa­
cional igual a Laborterapia, bastando para isto 
que o leitor tenha abstraído o que já tinha sido 
elucidado por Lindemann (1954) nos parágrafos 
anteriores.
Outra dificuldade enfrentada para a defini­
ção diz respeito à natureza dos conceitos de Te­
rapia Ocupacional que podem ser agrupados em 
dois grandes grupos devido à variedade de termi­
nologia existente:
1. Amplos — Que admitem qualquer tipo 
de prática, tendo em vista que os conceitos suge­
ridos são amplos, gerais, mas inespecíficos e ten­
tam justificar todas as práticas. Como exemplo 
temos a definição da AOTA.
2. Específicos — Os conceitos por sua vez 
são objetivos e, portanto, justificam somente as 
práticas específicas. Como os conceitos encontra­
dos, que versam sobre o assunto, garantem à 
Terapia Ocupacional uma atuação à nível psico­
lógico, só ficam portanto justificadas as práticas 
cujo objetivo principal situa-se em um plano psi­
cológico.
Existe um impasse que ainda não foi solu­
cionado e a questão permanece em aberto no que 
se refere:
a) se for admitido o conceito amplo veicu­
lado pela AOTA, certamente existirá uma corre­
lação entre a teoria e a prática, mas persistirá a 
indefinição quanto às técnicas e os campos de 
atuação próprias da Terapia Ocupacional.
b) se for admitido realizar a base do con­
ceito de Terapia Ocupacional em conceitos espe­
cíficos, não existirá uma correlação entre a práti­
ca e a teoria, como no caso de Terapia Ocupacio­
nal aplicada a portadores de deficiência física, 
pois o objetivo básico situa-se a nível psicológico.
Muito embora exista o impasse, encontramos 
tanto na teoria como na prática pontos em comum 
no que tange aos objetivos de tratamento para 
os diferentes tipos de deficiências apresentadas 
pelos indivíduos:
* Símbolo matemático expressivo a “está contido”.
11
— Nas deficiências físicas, o objeto da Te­
rapia Ocupacional é o físico do paciente e o 
objetivo é a recuperação funcional.
— Nas doenças mentais, o objeto da Tera­
pia Ocupacional é o psiquismo do indivíduo, en­
quanto os objetivos a serem alcançados são a 
exnressão e a elaboração de mecanismos emocio­
nais. bem como a descarga dos processos psíqui- 
006 e patológicos.
Cerqueira (1973) divide a medicina em três 
grandes grupos:
I. Medicina profilática — ou medicina sani- 
tarista, que tem por objetivo primaz a prevenção 
ée epidemias ou endemias através de métodos e
..nicas adequadas para tal.
II. Medicina terapêutica — é a mais conhe- 
dda e divide-se em todas as especialidades co­
nhecidas, como pediatria, ortopedia etc. Tem a 
finalidade de ministrar a devida terapêutica vi-
. ..o ao pronto restabelecimento do indivíduo.
III. Medicina reabilitativa — parece ser a 
menos conhecida e valorizada. Tem como função 
hási ja a integração ou reintegração das capaci- 
«iades individuais de cada pessoa, adestrando o 
elemento para o trabalho, não importando se o 
objetivo é físico ou mental. Nesta classificação 
estariam inclusas a Terapia Ocupacional e a Fi­
sioterapia.
Ainda se traçarmos um paralelo entre os 
conceitos amplos e específicos podemos perceber 
que as responsabilidades do terapeuta são muitas, 
ficando ele responsável pelas atividades de:
a) selecionar atividades que satisfaçam o 
tísenvolvimento de um programa sistemático, ca­
paz também de satisfazer aos objetivos de um 
tratamento, ou seja, propriedade de escolha, dosa­
gem. ritmo, duração intensidade, método, local e 
forma;
bim anejar adequadamente técnicas de 
apoio;
c) selecionar e adaptar atividades que vão 
ac encontro das necessidades psicológicas e físi­
cas do paciente.
d) ajudar o paciente na escolha da profis­
são:
e) restaurar, desenvolver e conservar a ca­
pacidade mental do paciente.
f) recuperar o indivíduo nos aspectos físicos, 
psicológicos, sociais e econômicos.
As tentativas de realizar um trabalho práti- 
cc fundamentado em aspectos teóricos são quase 
k talmente infrutíferas, tornando-se, portanto, no 
rresente momento, as atividades terapêuticas 
ocupacionais muito humanistas mas quase nada 
científicas. Seria portanto oportuna a urgente re­
visão dos conceitos envolvidos na Terapia Ocu­
pacional com a finalidade de estabelecer e fun­
damentar seus reais objetivos, objetos e métodos 
de trabalho.
Creio que a devida atenção à sistematização 
dos meios traria à profissão um caráter mais cien­
tífico, conduziría a resultados mais satisfatórios, 
que por certo traria maior critério.
Foi procurado mostrar aqui o que é Terapia 
Ocupacional, quais os seus métodos, seus objeti­
vos e seu objeto. Como tem sido sua aplicação 
teórica e prática e quem se responsabiliza por 
ela. Também foi enfatizada a história e seu cor- 
relacionamento com a medicina e qual a forma­
ção esperada de um profissional da área.
Espero que tanto estudantes como profissio­
nais, a partir das dúvidas que aqui ficaram expres­
sas, desenvolvam trabalhos que visem a minimi­
zar tais fatos e demonstrar que Terapia Ocupa­
cional não é uma profissão sem definição, sem 
sistematização e sem métodos específicos e cien­
tíficos, sendo portanto uma questão em aberto 
que proporciona a todos aqueles que gostam de 
se dedicar à pesquisa e ao estudo um campo vasto 
e praticamente inexplorado.
TERAPIA OCUPACIONAL COMO CIÊNCIA
A Terapia Ocupacional é a arte de ensinar 
através das atividades e é um estudo integrado 
dos fatores psicológicos, físicos e sociais. Tem a 
finalidade de constatar fenômenos, analisá-los, 
numa avaliação que conduz ao aperfeiçoamento 
das atividades funcionais e sensoperceptivas do 
paciente. Não constitui uma simples técnica ou 
capítulo de qualquer ciência. É uma disciplina 
que usa, como as outras ciências, dados e infor­
mações auxiliares, porém ela se constitui numa 
unidade e nisso vemos a sua autonomia como 
ciência à parte. A ciência é toda a realidade. En­
tretanto o ser humano não pode conhecer essa 
realidade de uma só vez, assim a divide em seto­
res ou, no caso, em especialidades. Todos os 
setores são tangentes a outros já existentes, pois 
a realidade é uma só. Terapia Ocupacional é uma 
especialização que estuda o indivíduo, enquanto 
usa o seu organismo, num ambiente que exige a 
inter-relação pessoal e utiliza dados e conclusões 
de várias outras ciências autônomas e auxiliares 
como a Biologia, a Psicologia, a Sociologia, a Fi­
losofia, a Física, a Medicina em suas mais varia­
das especializações, a Matemática etc. Contudo, 
a Terapia Ocupacional tem a sua unidade pró­
pria, ainda que recente e encaminhando-se para 
uma auto-afirmação e autonomia,
no quadro ge­
ral das ciências. É um ramo do conhecimento 
que estuda, de maneira unificada, o fenômeno da 
atividade sobre o ser humano (Fig. 1.1).
12
BIOLOGIA
PSICOLOGIA
FILOSOFIA
TERAPIA
OCUPACIONAL
SOCIOLOGIA
FÍSICA
MEDICINA MATEMÁTICA
Figura 1.1 — Inter-relaçao dinâmica da Terapia Ocupa- 
cional.
O objeto da Terapia Ocupacional é a ativi­
dade humana compreendendo seus vários elemen­
tos que devem ser avaliados e considerados numa 
unidade funcional. O desmembramento de suas 
partes se faz simplesmente para fins de estudo.
A Biologia nos oferece o estudo das bases 
físicas, ou seja, a anátomo-fisiologia.
A Psicologia estuda as diferentes estruturas 
mentais de cada indivíduo.
A Sociologia estuda a atividade como meio 
de interação das pessoas, permitindo o contato 
através da inter-relação, ou seja, da comunicação
A Filosofia tenta explicar ou levantar dúvi­
das a respeito da atividade, ajuda a criticar as 
hipóteses e fornece métodos para a investigação 
e sistematização dos fenômenos.
A Física, por sua vez, estuda os elementos 
de forças agonistas e antagonistas que atuam so­
bre a pessoa.
A Medicina nos fornece elementos anatômi­
cos, fisiológicos e clínicos para o estudo das defi­
ciências e conseqüente aplicação das atividades 
visando à reabilitação do indivíduo.
Todas estas e várias outras ciências e estu­
dos contribuem para um acervo doutrinado da 
atividade.
Se atentarmos para verificar o campo práti­
co da Terapia Ocupacional, veremos que ele é 
muito vasto e se aplica a diversos setores da rea­
lidade humana.
Por exemplo, a Terapia Ocupacional aplica- 
se à Arte, quando estuda de maneira técnica os 
movimentos realizados para a elaboração de um 
trabalho.
No setor educacional é muito importante o 
valor e aplicação da Terapia Ocupacional quer 
estudando especificamente os processos de evolu­
ção sensoneuropsicomotor, quer orientando o 
comportamento das pessoas que formam o meio 
ambiente do incapacitado, procurando evitar pro­
blemas de ordem psicológica e emocional.
Portanto, Terapia Ocupacional é ao mesmo 
tempo educação, medicina e arte (Fig. 1.2).
EDUCAÇÃO
MEDICINA
Figura 1.2 —
Em virtude de os profissionais se dedicarem 
mais ao setor terapêutico e conseqüentemente me­
nos à área social, generalizou-se que a Terapia 
Ocupacional é uma simples técnica paramédica. 
Não se pode entretanto ignorar o setor artístico 
e educacional, inerentes à Terapia os quais apre­
sentam as mesmas condições de trabalho e en­
quadramento científico.
Assim como os psicólogos não podem ser 
tomados somente como meros aplicadores de tes­
tes, os terapeutas ocupacionais não são exclusiva­
mente técnicos em manejar atividades ou ensinar 
deficientes. Um conceito também estrito, e aliás, 
vulgarizado, é o de que o profissional desta área 
ensina brincadeiras para os deficientes.
Não é a Terapia Ocupacional praticada com 
medicamentos ou com cirurgias, por ser esse o 
campo da Medicina Terapêutica. A terapia ocu­
pacional exerce-se através de estudos, exercícios, 
atividades e treinamento.
Para fins de estudos sistemáticos, podemos 
nos utilizar da figura 1.3, que nos informa das 
áreas em que a Terapia Ocupacional atua:
ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA
Figura 1.3 — Áreas médicas e a atuação da terapia
ocupacional.
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*
'
2.
Sistema de Avaliação
A Terapia Ocupacional confunde-se com a 
ffcrria história e evolução da humanidade e tal 
BMC ocorre, mesmo em nossos dias, o mesmo 
banem que descobriu maneiras de valorizar os 
ífamentos, que possuem algum prejuízo em suas 
laoções neuropsicomotoras, coloca estes valores 
Ua segundo plano, seja por necessidade de sobre- 
■nwência ou pela própria repulsa existente em nós 
peias seres menos privilegiados, devido principal- 
Mbed:e ao
mercado competitivo no qual vivemos.
Em decorrência não só destes fatores, mas 
■nmc também da supervalorização das profissões 
ifc engenharia, medicina e outras, aquelas que 
desenvolvem um trabalho mais ativo e de integra­
ção com o paciente foram relegadas a um plano 
iinfcrior chegando muitas delas à marginalização 
muno no caso do fisioterapeuta que, para muitos, 
*ic passa de um simples massagista ou no caso 
db nutricionista que é confundido com cozinhei- 
m eu ainda o fonoaudiólogo que é tido como um 
ptofessor comum, isto sem falar dos leigos que 
naMzam o trabalho dos profissionais. Não pa- 
lair. aí as injustiças e perjúrias as quais são sub- 
prtidos estes profissionais, que como qualquer 
tatoo enfrentou um curso superior com todas as 
díiif euldades impostas para tal. Vejam a proble­
ma:, ca que enfrentam os colegas da enfermagem 
■«pando tentam informar algum profissional médi­
um? sobre o estado geral de seu paciente, não são 
■■fidos, sendo muitas vezes suas informações 
•ET.csprezadas. Tem de ser ressalvado aqui que 
wür cí médicos, por conseguinte, cobram as in- 
imnmações fornecidas por estes profissionais e as 
■MdEzam como um dos dados para a orientação 
dk seu tratamento.
Atualmente todas as profissões, através de 
Rb e profissionais, estão realizando esforços no 
«oarido de vencer esta barreira, não pela simples 
■posição pessoal, mas sim pela comprovação 
Ifentifica de dados e pela elaboração de avalia­
ções cada dia mais técnica, lançando mão dos 
recursos da informática para alcançar seus obje­
tivos.
É inconcebível que ainda não exista em nos­
sa profissão um critério básico de avaliação para 
as diferentes áreas de atuação da Terapia Ocupa­
cional. Em pouco mais de 15 meses, recolhi e 
selecionei, entre as várias instituições do Brasil 
e exterior, cerca de 1.300 formulários de avalia­
ção contendo os mais variados métodos e elemen­
tos destinados a avaliar um paciente. Mesmo le­
vando-se em consideração as diferenças regionais 
e culturais, chega ser estonteante, inclusive para 
quem pesquisa, não saber exatamente quais os 
critérios que levaram a considerar um paciente 
com prejuízo de suas funções ou, o pior, apenas 
saber da existência da disfunção mas não até que 
ponto ela é fator comprometedor. Também torna- 
se difícil avaliar os trabalhos apresentados em 
encontros e congressos quando estes baseiam-se 
em relatos, pois não é possível saber se os crité­
rios utilizados para a avaliação e conseqüente 
obtenção do resultado final são rígidos ou não, 
se segue uma linha de pensamento já conhecida 
ou se ela provém do próprio grupo de estudos, 
enfim quais os elementos que devem ser tomados 
como base para nos orientarmos.
Não só devido a estes poucos fatos citados, 
resolvi montar um sistema padrão ou pelo me­
nos básico de avaliação através do sistema de 
computação, submetendo todas as fichas recolhi­
das a um criterioso processamento técnico, sepa­
rando e cadastrando todos os elementos de cada 
avaliação para no final de exaustivas revisões, 
reprocessamentos e reclassificações, chegar a um 
denominador comum tanto para os itens de ava­
liação como para o método de atribuição de 
conceitos.
Se descrevermos o que foi encontrado du­
rante o período de pesquisa e a gama de infor­
16
*
mações visivelmente erradas e outras desencon­
tradas, teremos obrigatoriamente de concordar 
com os profissionais de outras áreas quanto à 
ser a causa de marginalização de nossa profissão 
a falta de elementos palpáveis não só para a jus­
tificativa de nosso trabalho, como também para 
a compreensão por parte de outras pessoas de 
nossos métodos de tratamento, pois não existe 
absolutamente nada que informe de maneira me­
tódica, sistemática, universal e científica estes 
colegas.
Atualmente vivemos em um mundo onde tu­
do deve ser comprovado à luz da tecnologia e 
não podemos em hipótese alguma continuarmos 
a falar apenas que o paciente está com compro­
metimento em Atividade da Vida Diária (AVD). 
Temos que demonstrar o quanto e em quais as­
pectos existe esta deficiência. Tomemos por exem­
plo a fonoaudiologia, ela possui aparelhos preci­
sos que indicam o grau de hipoacusia de um ele­
mento, a enfermagem possui gráficos e aparelhos 
que por si só falam e regem-na. Nós até o presen­
te momento só contamos com nossa tradição mi­
lenar, que demonstra e comprova a eficiência de 
nossos preceitos básicos de tratamento, mas exis­
te a urgente necessidade de evolução para o aper­
feiçoamento, sem no entanto desprezar o que nos 
foi legado.
Tomando por base os resultados obtidos atra­
vés do computador, aperfeiçoei o sistema de ava­
liação e atribuição de valores de cada elemento 
formador da ficha de avaliação, através da con­
sulta a outros colegas, visando a tornar fácil, fun­
cional e técnico o trabalho do profissional.
As únicas duas maneiras de atribuir valores 
em uma avaliação é através de conceitos (letras) 
ou de numerais, os quais, ao meu ver, são mais 
versáteis para se trabalhar e para realizar os cál­
culos que são exigidos, visando a obtenção do 
resultado final de cada parte da avaliação.
A escala de avaliação está dividida da se­
guinte maneira:
— 0 a 2 - x — Sem observação e/ou leves
traços.
— 2 a 4 - P — Péssimo.
— 4 a 6 - R -—• Regular.
—■ 6 a 8 - B — Bom.
-— 8 a 1 0 - 0 — Ótimo.
Alerta-se o Terapeuta Ocupacional para que 
ele entenda que a escala de avaliação vai de 0 
(zero) a 1,9 e de 2 a 5,9, e assim consecutiva­
mente, sendo que o número inteiro já pertence 
ao conceito seguinte.
Após o Terapeuta ter avaliauo todos os itens 
solicitados por determinada ficha, e atribuído os 
devidos valores para cada um dos seus elementos 
formadores, deve o profissional então concluir
esta parte da avaliação realizando os cálculos ne­
cessários para determinar os índices funcionais e 
de defasagem. Os valores encontrados na soma­
tória ou decorrentes da matematização das fór­
mulas devem ser colocados nas devidas siglas cor­
respondentes, localizadas na parte inferior direita 
de cada conjunto de itens. As siglas existentes 
devem ser interpretadas do seguinte modo:
PR (Pontos Reais) — Esta sigla virá sempre 
acompanhada com um numeral e refere-se ao to­
tal de pontos que um indivíduo obtém quando 
possui suas funções preservadas. Cada elemento 
que forma o conjunto dos itens da avaliação vale 
10 pontos; assim, se um item tem 18 elementos 
os PR serão iguais a 180 pontos.
PO — Deverá ser interpretada como Pontos 
Obtidos pelo paciente. Para completar este item 
o terapeuta deverá apenas somar todos os pontos 
que o paciente obteve no item avaliado. Vejamos 
no exemplo:
FUNÇÕES ESPECÍFICAS 
•I ■— Esquema Corporal
Esquema Corporal Geral
Nn Rn
fTõl Q Cabeça
DD DD Barriga
NT RT
ns\ D ] ----► 28
DD DD
+
----► 26
= 80 PO = 54
54
TP - ?
IP — Significa Total Percentual de função 
do paciente. Quando o Terapeuta aplicar a fór­
mula do percentual terá como resultado o total 
que indica quantos por cento (%) de função pre­
servada seu paciente ainda possui neste item da 
avaliação.
Por isto parte-se da fórmula matemática b:;- 
sica para o cálculo da percentagem que é:
Y x 100
R = -------------- e
X
se igualarmos os valores visando à substituição tereme; 
teremos:
R sendo igual a TP— ►Total percentual
Y igual a PO— ►Total de Pontos Obtido:
X igual a PR—►Total de Pontos Reais
Substituindo:
Y (PO) x 100
R (TP) = -----------------------
X (PR)
Simplificando obteremos a seguinte equação:
PO x 100
TP = --------------
PR
17
Utilizando o exemplo acima de Funções Específi- 
a n leremos:
PR = 80 PO = 54
TP - ?
Aplicando:
54 x 100
TP = --------------
80
5.400
TP = --------------
80
TP = 67,5%
Está é a fórmula que o Terapeuta deverá 
aplicar para encontrar o TP e saber qual é o to- 
tel

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