Buscar

enzimas.pdf ana

Prévia do material em texto

1
ENZIMOLOGIA CLÍNICA EM MEDICINA VETERINÁRIA 
 
Jean Francisco Scheffer1, Félix H.D. González2. 
 
Resumo 
Os médicos veterinários têm procurado meios auxiliares para avaliação e diagnóstico que 
ofereçam informações cada vez mais precisas com o menor transtorno ao animal e seu proprietário. A 
enzimologia tem se apresentado como uma boa alternativa quando usada em conjunto com outros 
exames, ou mesmo isoladamente. Pelo menos 12 enzimas são rotineiramente utilizadas na avaliação 
nutricional e no diagnóstico e prognóstico de doenças. Além delas, outras tantas têm sido estudadas e 
vão sendo incorporadas aos poucos no dia a dia do médico veterinário, constituindo-se ferramentas 
valiosas no exercício da profissão. O presente trabalho revisou o conhecimento acerca do tema com 
suas aplicações na clínica, na nutrição animal e na pesquisa científica, avaliando as possibilidades e 
limitações de uso em algumas espécies de interesse veterinário. 
Palavras-chave: análises clínicas, enzimologia veterinária. 
 
Abstract 
Veterinarians have been seeking for auxiliary assessment and diagnostic means able to 
offer more accurate information and to cause the least disturbance to the animal and its owner. 
Enzymology has proven to be a good alternative when applied with other exams or even alone. At 
least 12 enzymes are currently used in the nutritional assessment, diagnosis and prognosis. Other 
enzymes have been studied and included in the veterinarians’ daily practice, helping to reach a 
fast and accurate diagnosis. The present paper reviewed the knowledge on that subject and its use 
in clinical practice, in animal nutrition, and scientific research, assessing the use and limitations 
with some species of veterinary interest. 
Key words: clinical analysis, veterinary enzymology. 
 
Introdução 
A enzimologia clínica surge como um meio de desenvolver e utilizar exames clínicos que 
ofereçam o máximo de informação com um mínimo de invasibilidade, auxiliando no diagnóstico de 
doenças, no prognóstico de quadros clínicos diversos e na avaliação do estado nutricional dos 
pacientes. 
A história da enzimologia é muito recente, tendo seus primeiros passos a partir de trabalhos 
 
1 Médico Veterinário. 
2 Professor de Bioquímica Clínica Veterinária, Faculdade de Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande 
do Sul. Porto Alegre. E-mail: felixgon@orion.ufrgs.br. 
 2
publicados por Vitor Henri em 1901, e por Leonor Michaelis entre 1910 e 1914. Estas pesquisas 
ofereceram subsídio teórico para que em 1927, King e Armstrong utilizassem pela primeira vez a 
enzima fosfatase alcalina para o diagnóstico clínico. Em meados da década de 1960, as enzimas 
séricas já eram utilizadas como meio auxiliar de diagnóstico. Na medicina veterinária, o seu uso 
começou a ganhar importância a partir da década de 1980 e continua a crescer em importância até os 
dias de hoje. 
Atualmente a enzimologia clínica apresenta uma gama muito grande de possibilidades, 
podendo ser mensurada em praticamente todos os fluidos corporais. No entanto, o presente trabalho 
tratará somente das enzimas de uso clínico que possam ser medidas no sangue das diversas espécies de 
animais domésticos. 
Classificação e nomenclatura das enzimas 
As enzimas podem ser identificadas por dois nomes e por um número de classificação. O 
primeiro é o nome recomendado, que é mais curto e geralmente indica o substrato da reação ou a 
descrição de uma ação realizada, acrescida ao sufixo ‘ase’. O outro, é o nome sistemático, que consiste 
de uma descrição razoavelmente completa da reação química catalisada, unida ao sufixo ‘ase’. Além 
disso, a União Internacional de Bioquímica e Biologia Molecular (IUB) recomenda um número de 
classificação para ser usado em trabalhos científicos, quando se torna necessária uma identificação 
exata e sem ambigüidades da enzima estudada (Lehninger, 1976). O número de classificação não só 
identifica a enzima, como também indica o tipo de reação que catalisa através de uma série numérica 
convencionada. A classificação é feita a partir de seis classes principais (Tabela 1). Os números 
subseqüentes indicam subclasses de enzimas dentro destas primeiras classes, e assim por diante. 
 
Tabela 1. Classes de enzimas segundo a classificação da IUB e atividade que catalisam. 
Classe Nome da classe Atividade que catalisa 
EC 1 oxidorredutases reações de oxi-redução 
EC 2 transferases transferência de grupos funcionais 
EC 3 hidrolases reações de hidrólise 
EC 4 liases adicionam grupos a ligações duplas 
EC5 isomerases reações de isomerização 
EC 6 ligases ligações acopladas à hidrólise de ATP 
Fonte: adaptado de Lehninger (1976). 
 
O uso dos nomes recomendados evita algumas confusões comuns entre os veterinários. Por 
exemplo, a Transaminase Glutâmico-Pirúvica (TGP) deve ser chamada de Alanina Aminotransferase, 
segundo as recomendações da IUB. Da mesma forma, várias outras enzimas são conhecidas por mais 
de um nome, ou em outros casos, um mesmo nome pode designar duas ou mais enzimas. 
 3
Cinética química 
Para compreender como são realizados os exames que avaliam a quantidade de enzima 
presente no sangue, é importante ter uma idéia de alguns conceitos básicos de cinética química. Uma 
reação química ocorre quando as moléculas de reagentes, em um instante qualquer, possuem energia 
suficiente para atingir o estado de transição, quando então existe energia suficiente para que uma 
ligação química se forme ou se rompa formando um produto final. A velocidade da reação é dada pela 
concentração de moléculas neste estado de transição. Pode-se aumentar a velocidade da reação 
elevando a temperatura dos reagentes ou adicionando um catalisador. Os catalisadores exigem uma 
menor energia de ativação para que a reação ocorra (Figura 1). 
 
Figura 1. Efeito da ação de um catalisador sobre a energia de ativação de uma reação. 
 
Para que a reação química ocorra, a enzima precisa se ligar ao substrato, formando o complexo 
enzima-substrato. Este complexo é convertido em um complexo enzima-produto que logo se dissocia 
em enzima e produto. O sítio ativo da enzima tem uma estrutura complementar à do substrato (Figura 
2). 
 
 
Figura 2 - Reação catalisada por enzima (E= enzima; S= substrato; P= produto). 
 
Durante a reação, a quantidade de enzima livre diminui na mesma proporção que a quantidade 
do complexo enzima-substrato aumenta. Da mesma forma, a quantidade de substrato diminui, 
enquanto a quantidade de produto formado aumenta (Figura 3). 
 4
 
 
Figura 3 - Concentração de enzima, substrato, produto e complexo enzima-substrato durante a reação. 
Fatores que influenciam a velocidade da reação enzimática 
As enzimas são catalisadores que ocorrem nos sistemas biológicos, com uma eficiência 
catalítica muito maior que os catalisadores sintéticos (Lehninger et al., 1995). Desta forma, as reações 
que catalisam estão sujeitas a características distintas daquelas reações não catalisadas. A principal 
diferença é o efeito de saturação com o substrato. Se em uma reação, a quantidade de enzima é 
mantida constante, quando se adiciona mais substrato verifica-se que, num primeiro momento, a 
velocidade da reação aumenta de forma proporcional à concentração de substrato. Aumentando-se 
ainda mais a concentração de substrato, a velocidade da reação vai diminuindo enquanto se aproxima 
assintoticamente de uma velocidade constante, tornando-se independente da quantidade de substrato 
que é acrescido (Figura 4). 
 
 
Figura 4. Efeito da concentração e saturação de substrato 
sobre a velocidade de uma reação catalisada por enzima. 
 
O pH também tem uma influência importante sobrea atividade enzimática. A maioria das 
enzimas tem um pH característico e distinto, em que sua atividade é máxima. O pH ótimo não é 
necessariamente aquele encontrado no meio intracelular, indicando que este pode ser um controle 
intracelular sobre a atividade enzimática (Lehninger, 1976). Extremos de pH podem causar a 
desnaturação das enzimas. A temperatura pode aumentar a velocidade da reação pelo aumento do 
 5
número de moléculas com energia suficiente para passar para o estado de transição. No entanto, em 
reações catalisadas por enzimas, um aumento muito grande pode causar a desnaturação das enzimas, 
com conseqüente perda de função. 
Dosagem da atividade enzimática 
O conhecimento teórico sobre a cinética enzimática permitiu o desenvolvimento de ensaios 
quantitativos da atividade enzimática. Utilizando métodos analíticos relativamente simples como a 
fotocolorimetria, analisa-se a quantidade de produto formado ou de substrato consumido pela adição 
da enzima em uma solução tamponada com concentração conhecida de substrato. A reação ocorre em 
um tempo fixo, em condições determinadas de temperatura e pH. Pode ser necessária a adição de 
cofatores, como coenzimas ou íons metálicos. Para o uso na rotina de um laboratório de análises 
clínicas existem kits comerciais que oferecem os reagentes prontos para uso. 
 
Unidades de medida 
Normalmente, as enzimas são medidas de forma indireta, isto é, não se mede a enzima pela sua 
concentração molar ou massa total, mas pela sua atividade catalítica. A IUB definiu como Unidade 
Internacional de atividade enzimática (U), a quantidade de enzima que catalisa a conversão de um mol 
de substrato por minuto. Além disso, IUB e IUPAC recomendam o uso do Sistema Internacional de 
Unidades (SI) que tem o katal (kat), como unidade equivalente a um mol de substrato convertido por 
segundo. O problema é que esta unidade é muito grande, de forma que na rotina da clínica os valores 
deveriam ser expressos em nanokatal (nkat). Assim, 1 U é igual a 16,62x10-9 kat ou 16,62 nkat. A 
maioria dos clínicos e laboratórios utilizam a Unidade Internacional por litro (U/L). 
 
Cuidados com a amostragem 
O uso de enzimas como meio auxiliar de diagnóstico requer alguns cuidados adicionais 
àqueles já tomados para outros exames. Como em todos exames colorimétricos, cores estranhas 
presentes em grande quantidade no plasma podem interferir nos resultados. Portanto é importante 
tomar cuidados para evitar a hemólise das amostras. Da mesma forma, deve-se ter cuidado ao 
interpretar resultados de amostras muito ictéricas ou lipêmicas. Normalmente os kits comerciais 
fornecem parâmetros que indicam valores, dentro dos quais, a hemólise e a icterícia não interferem nos 
resultados. 
Outro cuidado a ser tomado é evitar congelar e descongelar muitas vezes a mesma amostra, 
pois este processo pode causar a desnaturação de algumas enzimas. Quando for necessário analisar 
uma amostra em dias diferentes, recomenda-se dividir em pequenas alíquotas, descongelando só o que 
for analisado logo em seguida. 
 
 
 6
Isoenzimas 
Muitas enzimas são específicas de determinado órgão, de forma que o aumento desta enzima 
no plasma indica o local lesionado. Em outros tantos casos, as enzimas estão presentes em vários 
tecidos diferentes, dificultando a interpretação clínica do exame. Quando existe esta dificuldade para 
definir o órgão lesionado, pode ser útil fazer uso das isoenzimas. Estas saõ enzimas que, mesmo 
catalisando uma mesma reação, diferem entre si por suas características moleculares ou cinéticas. 
Estas diferenças podem ser de origem genética ou pós-traducional (Gella, 1994). A diferenciação das 
isoenzimas pode ser feita por eletroforese, por técnicas imunológicas ou pelo uso de diferentes 
substratos, ativadores ou inibidores enzimáticos (Kramer & Hoffmann, 1997). 
Dentre as enzimas normalmente utilizadas na clínica veterinária, aquelas que possuem 
isoenzimas são aspartato aminotransferase (AST), fosfatase alcalina (ALP), creatina quinase (CK), 
amilase (Amyl), lactato desidrogenase (LDH), gama glutamiltransferase (GGT) e fosfatase ácida (ACP) 
(Bush, 1991). 
 
Presença de enzimas no sangue 
As enzimas de interesse diagnóstico são constituintes celulares de alguns tecidos específicos. 
Elas podem fazer parte tanto da membrana celular, como de organelas ou do conteúdo citossólico. 
Constantemente estas enzimas estão sendo liberadas na corrente sangüínea e, da mesma forma, são 
retiradas do sangue. Em condições normais, existe um equilíbrio entre a velocidade de liberação dos 
tecidos e de sua eliminação ou catabolismo. A simples detecção de atividade enzimática não é 
suficiente para o diagnóstico, uma vez que a presença de enzimas no sangue é considerada normal. A 
atividade catalítica sangüínea só tem significado clínico quando os valores encontrados ficam fora dos 
valores normais de referência, descartadas as causas clínicas de interferência. 
O incremento da atividade enzimática tecidual normalmente está associado ao aumento da 
síntese da enzima no tecido de origem, à diminuição do catabolismo ou à proliferação celular, 
enquanto o decréscimo ocorre pelos fatores inversos (diminuição da síntese, aumento da degradação), 
pela inativação enzimática ou carência de cofatores (Gella, 1994). Isto pode ocorrer por causas 
fisiológicas, patológicas ou terapêuticas. 
O aumento da liberação de enzimas à corrente sangüínea pode ocorrer por morte celular, 
aumento de permeabilidade da membrana ou pela proliferação celular. Alguns fatores interferem no 
tempo necessário para que a enzima seja liberada no sangue, entre eles o tamanho da enzima e outros 
fatores ligados ao órgão, como proximidade dos capilares e permeabilidade capilar do tecido. A 
eliminação das enzimas presentes na corrente sangüínea ocorre por excreção renal e pelo catabolismo 
mediado por células fagocíticas do sangue e do sistema retículo endotelial (Figura 5). 
 7
 
Figura 5 - Fatores que afetam a concentração de enzimas no sangue. 
 
Localização do dano tisular 
Embora algumas enzimas sejam específicas de determinados órgãos, na maioria das vezes 
pode ser necessário usar outros recursos que ajudem na identificação do tecido afetado. Kerr (1989) 
cita que tanto a determinação de isoenzimas, quanto o uso concomitante de outras enzimas, podem 
auxiliar no diagnóstico. Bush (1991) acrescenta que outros achados laboratoriais podem indicar ou 
descartar o envolvimento de determinado órgão, quando avaliados conjuntamente. 
As técnicas de determinação de isoenzimas podem ajudar muito no diagnóstico, mas muitas 
vezes elas não estão disponíveis, ou seus custos são proibitivos para uso na rotina da clínica 
veterinária. Desta forma, resta ao médico veterinário avaliar a atividade de duas ou mais enzimas. Este 
procedimento aumenta a especificidade do resultado encontrado, fornecendo ao veterinário subsídios 
importantes para definir a conduta terapêutica. 
 
Interpretação 
Além dos cuidados já citados com a coleta e armazenamento da amostra, é importante que o 
clínico tenha também um cuidado especial com a anamnese do paciente. Alguns fatos podem passar 
desapercebidos e levar a uma interpretação equivocada dos resultados, como por exemplo: 
• aplicação de uma injeção por via intramuscular pode causar uma irritação tecidual no músculo 
suficiente para elevar a concentração de CK, AST ou LDH no sangue; 
• hemólise pode interferir não somente pela variação na absorbância da amostra como também 
pela liberação de enzimas presentes nos eritrócitos; 
• a CK pode elevar-se devido uma crise convulsiva em que o animal se debata e traumatize os 
músculos esqueléticos; 
• o animal pode ter sofrido algum acidente que não foi percebidoou relatado pelos proprietários. 
Caso em que se deve procurar por outras evidências pois além do traumatismo muscular, pode ter 
 8
ocorrido alguma lesão visceral; 
• a possibilidade de indução enzimática por uso de drogas; 
• fatores como caquexia, gestação, idade ou dieta podem interferir nos resultados; 
• animais e raças com taxas de crescimento maiores apresentam maior atividade enzimática de 
AST, ALT e ALP (Pastorová et al., 2000). 
 
Enzimas clínicas de maior uso 
Alanina aminotransferase (ALT) 
Também conhecida como transaminase glutâmico-pirúvica (TGP), a ALT está presente em 
tecidos com metabolismo ativo de aminoácidos como fígado, rins e músculos esquelético e cardíaco. 
Esta enzima requer fosfato de piridoxal como cofator. Gestação, nutrição inadequada e falha renal 
podem levar a uma atividade da ALT diminuída pela deficiência desta vitamina (Gella, 1994). Cães e 
ratos tratados com cefalosporina também podem apresentar esta diminuição da atividade enzimática 
(Kramer & Hoffmann, 1997). De forma geral, em primatas, cães, gatos, coelhos e ratos, a ALT pode 
ser considerada uma enzima indicadora de dano hepático. Já em suínos, equinos, bovinos, ovinos e 
caprinos, a ALT tem pouco valor diagnóstico, uma vez que esta enzima é encontrada em 
concentrações muito baixas no fígado destas espécies. 
Jeschke et al. (2001) demonstraram que ratos com 40% do corpo queimado, tiveram aumento 
da concentração de ALT no soro. Eles concluiram que este aumento está relacionado à indução de 
apoptose (morte celular programada) nas células hepáticas. Portanto, em outros animais, também é 
provável que ocorra um aumento desta enzima quando houverem queimaduras extensas pelo corpo. 
Para cães e gatos a ALT é uma das enzimas de escolha para avaliar o comprometimento 
hepático, sendo o melhor teste para detectar dano hepático em pequenos animais (Bush, 1991). 
Embora presente no coração, nos rins, músculos e eritrócitos, a enzima oriunda destes órgãos não é 
capaz de fazer a ALT aumentar muito mais do que três vezes (Willard et al., 1993). O aumento da 
ALT está relacionado com o número de células envolvidas, ou seja, com a extensão, e não com a 
gravidade da lesão. Na realidade, mesmo uma lesão que não cause morte celular, pode ser suficiente 
para que ocorra a liberação de ALT na corrente sangüínea. 
Diversas drogas podem induzir um incremento da atividade sérica da ALT. Em pequenos 
animais são relevantes para o clínico o conhecimento dos seguintes princípios ativos: acetaminofeno, 
barbitúricos, glicocorticóides, cetoconazol, mebendazol, fenobarbital, fenilbutazona, primidona e 
tetraciclina (Willard et al., 1993; Spinosa et al., 1999). Substâncias químicas (fenóis, alcatrão e outros), 
plantas hepatotóxicas e aflatoxina podem causar o mesmo efeito (Osweiler, 1998). Ikatsu et al. (1998) 
trabalhando com ratos, demonstraram o efeito cumulativo da intoxicação hepática, utilizando 
tetracloreto de carbono e clorofórmio. O tetracloreto de carbono é metabolizado no fígado, produzindo 
um radical livre que causa peroxidação de membrana (MacLachlan et al., 1998) com conseqüente 
 9
extravasamento da ALT. Na análise dos resultados deve-se levar em conta que a ALT tem um pico de 
liberação no sangue cerca de 3 ou 4 dias após a lesão, mas retorna aos valores basais cerca de 2 
semanas após. A persistência de valores elevados por um período maior que este pode indicar o 
estabelecimento de uma patologia crônica como neoplasia ou hepatite. 
Outras causas possíveis de aumento da ALT são shunts portossistêmicos, lipidose hepática, 
pancreatite aguda (aumento moderado), hepatites tóxicas ou infecciosas (leptospirose, peritonite 
infecciosa felina, e outras), hipóxia e febre (pequena variação) (Shaw & Ihle, 1999). Em cães e gatos, 
a degeneração muscular é uma causa rara de elevação da ALT (Dimsk, 1999). 
Amilase (Amyl) 
A alfa-amilase está presente em vários tecidos (glândulas salivares, cérebro, pulmão), mas em 
maior quantidade no pâncreas e duodeno. O cão não possui alfa-amilase nas glândulas salivares, 
embora outras espécies a possuam (Kramer & Hoffmann, 1997). O principal uso desta enzima é para 
diagnóstico de pancreatite aguda (Kerr, 1989). Grande parte da amilase sanguínea é removida do 
organismo pela filtração renal e eliminada na urina. Portanto, uma das causas prováveis de 
hiperamilasemia é a diminuição da filtração glomerular. No entanto, se esta causa for eliminada, a 
amilase tem uma alta especificidade para lesão pancreática. Em casos mais raros pode ocorrer aumento 
da amilase sangüínea por trauma cerebral. 
Willard et al. (1993) sugerem que algumas drogas podem causar pancreatite e por 
conseqüência hiperamilasemia. No entanto, não foram encontrados relatos de indução da produção 
enzimática pelo uso de drogas. Yazar et al. (2002) demonstraram que o uso de fenobarbital não afetou 
a quantidade de amilase tecidual no cérebro e no rim. Brobst (1997) cita que em cães vários tecidos 
como intestino, rins e útero apresentam atividade de amilase e por isso vários pesquisadores preferem 
considerar que o diagnóstico de pancreatite em cães seja dado só quando o valor ultrapassar 3 ou 4 
vezes os valores de referência. 
Arginase (Arg) 
Esta enzima apresenta aumento de atividade após uma injúria aguda do fígado, retornando aos 
valores normais mais rapidamente que a ALT e AST. Em hepatites necróticas crônicas pode manter 
níveis elevados, com um mal prognóstico para o animal. A arginase já foi demonstrada em várias 
espécies, mas pode ter valor diagnóstico em eqüinos, bovinos, ovinos, caprinos e cães (Tennant, 1997). 
Aspartato aminotransferase (AST) 
Conhecida também pelo nome de transaminase oxaloacética (TGO), é encontrada 
principalmente no fígado, nos eritrócitos e nos músculos esquelético e cardíaco. Normalmente é 
utilizada para avaliar lesão muscular em conjunto com creatina quinase (CK) e lactato desidrogenase 
(LDH). Nos grandes animais é usada também para investigar doenças hepáticas (Kerr, 1989). A 
enzima pode estar elevada na intoxicação crônica por cobre em ovinos (Méndez, 2001). Plantas 
 10
hepatotóxicas que causem necrose hepática como Cestrum parqui e Xanthium cavalinesii são causas 
possíveis de aumento da AST (Méndez & Riet-Correa, 2001a). Senna ocidentalis e outras que causam 
extensa necrose muscular podem ter o mesmo efeito (Méndez & Riet-Correa, 2001b). 
A deficiência de vitamina E e selênio pode causar necrose segmentar dos músculos 
esqueléticos (doença do músculo branco), incrementando a atividade de AST no plasma (Barros, 
2001). Nestes casos pode ser interessante avaliar conjuntamente a CK, que é mais específica para lesão 
muscular e a glutation peroxidase (GSH-Px), para avaliar a carência de selênio. 
A AST pode ser usada para avaliar lesão hepática em pequenos animais da mesma forma que a 
ALT, porém com uma especificidade muito menor. Na avaliação de lesão muscular, ela produz 
aumentos menores do que a CK, mas que se estendem por um período de tempo maior. Perez et al. 
(2000) sugerem que AST deva ser incluída na monitoração de problemas musculares. A utilização 
desta enzima em conjunto com a CK pode oferecer informações mais precisas sobre o período em que 
se encontra a lesão (Tadich et al., 2000). A AST por ser uma enzima mitocondrial e citossólica, 
necessita uma lesão maior para ser liberada na corrente sangüínea. Por outro lado CK e LDH, por 
serem citossólicas e de tamanho pequeno, conseguem ultrapassar a membrana celular mesmo que não 
exista um dano tecidual muito grande. Na realidade, um simples aumento de permeabilidade de 
membrana é suficiente para que ocorra o extravasamento da enzima (Perez et al., 2000). 
Lesões no músculo cardíaco também são demonstradas pelo aumento da AST.Cardiomiopatias diversas podem causar este efeito, assim como endocardites bacterianas, dirofilariose, 
trombose aórtica e infarto do miocárdio. Quando estiver presente congestão hepática por problema 
cardíaco, a enzima provavelmente estará elevada devido ao fígado congesto (Bush, 1991). O aumento 
da AST sérica pode ocorrer em patologias de localização no sistema nervoso central. Quando isto 
ocorrer, sugere uma grande lesão do parênquima e um prognóstico ruim (Nazifi et al., 1997). 
Colinesterase 
Existem duas enzimas conhecidas por este nome, a acetilcolinesterase (AChE) ou colinesterase 
verdadeira e a butirilcolinesterase (ButChE) ou pseudocolinesterase. As duas apresentam os mesmos 
ativadores e inibidores, diferenciando-se principalmente pelo local onde são produzidas. A 
acetilcolinesterase é uma enzima integrante da junção mioneural, da substância cinzenta do cérebro e 
dos eritrócitos. A butirilcolinesterase é encontrada no plasma, substância branca do cérebro, fígado, 
pâncreas e mucosa intestinal. O aumento da atividade destas enzimas no sangue pode estar relacionado 
à lesão no sistema nervoso central. No entanto, a acetilcolinesterase normalmente é solicitada pelo 
veterinário quando existe a suspeita de intoxicação por organofosforados ou carbamatos. Neste caso, o 
significado clínico será dado pela diminuição da atividade enzimática no sangue e não pelo seu 
aumento. A intoxicação por organofosforados causa uma inibição relativamente estável da enzima, 
enquanto que aquela causada por carbamatos é muito lábil. A acetilcolinesterase serve para fazer o 
diagnóstico diferencial entre as substâncias tóxicas, uma vez que não tem uma relação muito grande 
 11
com a gravidade dos sinais clínicos (Osweiler, 1998). A avaliação da atividade da acetilcolinesterase 
varia muito com o tempo e quantidade do produto ingerido (Gava, 2001). 
Como a AChE é encontrada em quantidades muito pequenas no plasma, normalmente avalia-
se a atividade enzimática da ButChE como indicador da atividade enzimática da AChE na junção 
mioneural. (Kramer & Hoffmann, 1997)., A diminuição da atividade enzimática das colinesterases 
pode ocorrer por má nutrição, anemia ou doenças hepáticas (Bogin, 1994). 
Creatina quinase (CK) 
Também conhecida pelo nome de creatina fosfoquinase (CPK). A creatina quinase possui 
quatro isoenzimas. A CK-MM está presente nos músculos esquelético e cardíaco, a CK-BB está 
presente no cérebro, e a CK-MB que é uma isoenzima encontrada principalmente no coração. A quarta 
isoenzima é a CK-Mt que é uma enzima mitocondrial que responde por até 15% da atividade da CK 
cardíaca (Kramer & Hoffmann, 1997). Em medicina veterinária, a determinação das isoenzimas de CK 
ainda não tem utilidade prática, embora seja comum na medicina humana. 
A CK é a enzima mais sensível para indicar lesão muscular. Pode ocorrer um incremento na 
atividade plasmática desta enzima por injeção intramuscular, decúbito prolongado (Peek et al., 2001), 
convulsões, esforço prolongado e outras lesões musculares. A CK pode ser útil na avaliação de 
pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (Thompson, 1997). Wolffenbüttel et al. (2003), verificaram 
que cães com leptospirose apresentavam atividade sérica da CK aumentada. Em medicina humana, 
este é um dos primeiros testes a serem realizados quando existe suspeita desta enfermidade. Este 
achado sugere uma extensa degeneração muscular, que explica as dores pelo corpo relatados em 
humanos e observados na clínica veterinária. 
Incremento significativo de CK pode ocorrer em bovinos transportados por longos períodos 
(Tadich et al., 2000), devido ao esforço físico a que são submetidos os animais. O esforço do parto 
também é um fator de aumento da CK (Morais et al., 2000), assim como o exercício de cavalos de 
pentatlon (Balogh et al., 2001). 
O uso da isoenzima CK-MB não é um indicador confiável de lesão cardíaca em cães, diferente 
do que ocorre com humanos (Wyatt et al., 1998), devido a que a meia vida da CK-MB é muito curta e 
raramente a isoenzima pode ser avaliada a tempo. 
Fosfatase alcalina (ALP) 
A fosfatase alcalina está presente no intestino, nos rins, no fígado e nos ossos. Duas 
isoenzimas foram descritas, uma de origem intestinal e outra inespecífica (Kramer e Hoffmann, 1997). 
Além delas, existe uma isoenzima induzida por corticosteróide. No soro de cães podem ser 
encontradas isoenzimas de origem óssea, hepática e induzida por corticosteróide (Syakalima et al., 
1997). A isoenzima induzida por corticosteróide pode estar presente nos cães com 
hiperadrenocorticismo, cães em tratamento, ou secundário a doenças prolongadas pelo efeito do stress 
 12
(Cornelius, 1996)., O aumento da fosfatase alcalina é um dos achados mais comuns no 
hiperadrenocorticismo canino (Merchant, 1999; Chastain, 1999) Além dos corticosteróides, outras 
drogas induzem aumento da fosfatase alcalina, tais como esteróides, barbitúricos, cefalosporinas, 
fenobarbital, fenotiazinas, fenilbutazona, tetraciclinas, tiabendazol e halotano (Willard et al., 1993). 
A fosfatase alcalina de origem óssea pode estar aumentada em animais jovens, em 
consolidação de fraturas, hiperparatireoidismo, osteossarcoma, osteomalácia ou na deficiência de 
vitamina D. A deficiência de cálcio é um fator de elevação da ALP (Lorenz, 1996). Em ratas, foi 
observada uma relação negativa entre progesterona e estradiol com a atividade da fosfatase alcalina 
(Serakides et al., 2000). 
Os felinos possuem uma menor quantidade hepatocelular de fosfatase alcalina, sendo 
rapidamente eliminada pelos rins. Além disso, nem toda hepatopatia significativa causa um aumento 
significativo da enzima. Em cães, a hepatopatia que causa aumento da fosfatase alcalina, cursa com 
colestase. A obstrução biliar extra-hepática, assim como a indução por corticosteróides, pode aumentá-
la em até 10 vezes. Necrose hepatocelular geralmente cursa com aumento transitório da fosfatase 
alcalina (Willard et al., 1993). 
Gama-glutamil transferase (GGT) 
Também conhecida como gama-glutamil transpeptidase (GTP), está presente em todas as 
células com exceção do músculo. Apresenta grande atividade nos rins e no fígado, mas somente aquela 
de origem hepática é normalmente encontrada no plasma, pois a de origem renal é excretada na urina. 
O aumento da atividade da enzima ocorre, em todas as espécies examinadas, após colestase. Em 
felinos, mas não em cães, pode ser utilizada no lugar da fosfatase alcalina, com maior sensibilidade e 
especificidade para o fígado. Em cães pode ser induzida pelo tratamento com prednisolona, sem causar 
colestase. Em filhotes de cão, a GGT pode atingir valores de até 25 vezes o valor normal para cães 
adultos. Aparentemente os cães também absorvem a GGT a partir do colostro (Center et al., 1997). 
Em bovinos e ovinos, a GGT é transferida para os filhotes pelo colostro (Kramer & Hoffmann, 
1997). Desta forma, é possível usar a GGT como forma de monitorar a ingestão de colostro pelos 
terneiros, embora com menor eficiência que a imunoglobulina G (Hadorn & Blum, 1997). Neste caso, 
os níveis de GGT começam a diminuir no soro e aos 21 dias estabilizam (Egli & Blum, 1998). Feitosa 
& Birgel (2002) não encontraram diferenças entre os níveis de GGT de vacas holandesas no periparto, 
confirmando que esta enzima não sofre alteração pelos efeitos do parto ou da colostrogênese. 
Peek et al. 2001) citam elevação da atividade da GGT em vacas leiteiras com lipidose hepática. 
Animais infestados com Fasciola hepatica têm os níveis de GGT aumentados cerca de 6 semanas após 
a infecção (Müller, 2001). 
Glutamato desidrogenase (GLDH) 
É uma enzima utilizada para avaliar necrose hepática em ovinos, caprinos e bovinos. Pode 
 13
aumentar também no parto e associado aobstrução de ducto biliar (Tennant, 1997). Normalmente a 
GLDH tem uma resposta mais rápida do que a GGT, mas também volta aos níveis normais mais 
rapidamente. Animais infestados com Fasciola hepatica têm os níveis de GLDH aumentados até cerca 
de 2 semanas após a infecção, enquanto a GGT aumenta só a partir da sexta semana (Müller, 2001). 
Glutation peroxidase (GSH-Px) 
É uma enzima intracelular presente nos eritrócitos, que contém 4 átomos de selênio por 
molécula. A GSH-Px representa mais de 75% do selênio sangüíneo (Alonso, 1997). O fato de existir 
uma boa correlação entre a atividade enzimática nos eritrócitos e a concentração de selênio, faz com 
que a GSH-Px seja usada para avaliar a deficiência deste mineral. Como a enzima é intracelular, 
normalmente ela é avaliada como unidades por miligrama de hemoglobina (U/mg de Hb). 
A deficiência de selênio é conhecida por estar relacionada a uma maior incidência de mastite, 
degeneração testicular, imunossupressão, aborto, retenção de placenta, miopatia cardíaca, doença dos 
músculos brancos entre outras. A GSH-Px pode ser usada para avaliar a melhor forma de suplementar 
o mineral e sua resposta frente a doenças e correlação com ganho de peso (Oblitas et al., 2000). 
Animais deficientes em selênio, quando submetidos a esforços físicos intensos, têm uma maior lesão 
tecidual e por conseqüência um nível mais elevado de outras enzimas como a AST, CK e LDH 
(Pavlata et al., 2001). 
Lactato desidrogenase (LDH) 
É uma enzima presente em vários tecidos, em particular no músculo esquelético, músculo 
cardíaco, fígado e eritrócitos, mas também nos rins, ossos e pulmões. Existem cinco isoenzimas 
conhecidas, que não são comumente analisadas nos laboratórios veterinários. Isoladamente a enzima 
não é específica para nenhum órgão. Qualquer intensidade de hemólise é prejudicial, pois o 
extravasamento de enzimas eritrocitárias incrementa a atividade total da LDH no plasma. 
Lesões musculares de etiologias variadas podem estar relacionadas ao aumento da LDH. A 
deficiência de vitamina E e selênio e a mioglobinúria são causas de aumento de LDH (Cardinet, 1997). 
Balogh (2001) demonstrou que, em cavalos de salto, a LDH aumentou imediatamente após o exercício 
e se manteve elevada após 24 horas, diferente da CK que teve um pico após o exercício, mas voltou 
aos valores basais após um dia. Por se apresentar como um bom indicador de lesão muscular, Garcia et 
al. (2000) utilizaram a LDH em conjunto com CK e AST para monitorar a intensidade de exercício de 
cavalos crioulos. 
A LDH pode ser utilizada para avaliar cardiomiopatias diversas (isquemia, endocardite 
bacteriana, dirofilariose, trombose aórtica e infarto do miocárdio). Normalmente a LDH aumenta 
menos rapidamente que a CK, mas também mantém os valores elevados por mais tempo. Após o 
infarto agudo do miocárdio, em humanos, a LDH atinge valores acima da referência após 16 horas, 
atingindo valores máximos em 40 horas e mantendo a atividade elevada por até 8 dias. 
 14
Em medicina humana é comum analisar a isoenzima LDH1, e comparar com os valores de 
outras isoenzimas para avaliar o infarto do miocárdio. LDH1, que normalmente não ultrapassa 40% da 
atividade total, após o infarto pode atingir a proporção de 50 a 60% da atividade total. Além disso, ela 
costuma estar em menor quantidade que a LDH2, situação que se inverte após o infarto (Chapelle, 
1994). 
A LDH também pode ser utilizada em casos de meningite bacteriana. Nestes casos, ocorre um 
incremento da isoenzima LDH5 e um pequeno aumento da LDH4 (Nazifi et al., 1997). É comum o 
aumento de LDH, em grandes animais, por problemas hepáticos como colelitíase, fasciolose e 
insufuciência hepática (Smith, 1993). 
Lipase (Lip) 
Esta enzima normalmente é medida em conjunto com a amilase para diagnosticar pancreatite. 
Também pode aumentar por doenças hepáticas e renais (Brobst, 1997) e a manipulação de vísceras 
durante cirurgias pode ter o mesmo efeito. Existe evidência de aumento da concentração de lipase pela 
administração de dexametasona. Quigley et al. (2001) demonstram a evidência de neoplasias hepáticas 
e pancreáticas produtoras de lipase. 
Ornitina carbamil-transferase (OCT) 
Esta enzima ocorre em quantidades significativas somente no fígado, por isso sua 
especificidade para detectar problemas neste órgão. A OCT tem uma sensibilidade semelhante à da 
ALT para o diagnóstico de necrose hepática no cão (Tennant, 1997). Esta enzima pode estar 
relacionada também com a fasciolose nos bovinos. 
Sorbitol desidrogenase (SDH) 
É uma enzima com uma meia vida muito curta, de no máximo 24 a 48 horas e apresenta um 
pico logo após a lesão retornando aos valores normais em cerca de três dias. Por este motivo deve ser 
analisada rapidamente (Meyer et al., 1995). É particularmente utilizada em eqüinos para diagnosticar 
lesão hepatocelular aguda, mas também pode ser utilizada em ruminantes, substituindo a GLDH. 
Tripsina 
Esta enzima é produzida inicialmente pelo pâncreas na forma de tripsinogênio, sendo 
convertido em tripsina pela enteroquinase intestinal ou pela própria tripsina. No plasma, ela pode 
ocorrer na forma de tripsina, tripsinogênio ou do complexo antitripsina. Um tipo de imunoensaio 
específico chamado de TLI (trypsin-like immunoreactivity ou imunorreatividade semelhante à tripsina) 
é capaz de detectar as três formas de tripsina. O aumento da TLI pode ocorrer nos casos de pancreatite 
aguda (Kramer & Hoffmann, 1997). Archer (1997) confirmou que a TLI apresentou valores 
significativamente maiores em cães com pancreatite. Em alguns casos os valores encontrados não 
apresentaram uma magnitude suficiente para um diagnóstico conclusivo (Dimski, 1999). 
 15
Outras enzimas 
Algumas outras enzimas podem ser utilizadas na medicina veterinária. No entanto, devido aos 
custos elevados, dificuldade de realizar os testes ou à baixa especificidade que oferecem, acabam 
substituídas por outras enzimas. É o caso da aldolase. Esta enzima tem uma boa especificidade por 
lesões no fígado e nos músculos esquelético e cardíaco. A sua atividade sérica pode estar aumentada 
em hepatites virais, tumores hepáticos, infarto do miocárdio e lesões dos músculos esqueléticos. A 
dificuldade de realizar o ensaio de determinação da atividade da aldolase, faz com que seja substituída 
por outros testes mais fáceis e rápidos, como a AST, ALT, CK e LDH (Bogin, 1994). 
A piruvato quinase (PK) pode ser utilizada para avaliar lesões musculares. Cardinet (1997) cita 
que a enzima pode auxiliar na identificação de suínos homozigotos para hipertermia maligna. 
Embora seja bastante utilizada na medicina humana, a fosfatase ácida (AcP) não é comumente 
avaliada na clínica veterinária. Em humanos, a enzima tem sua atividade sérica aumentada em doenças 
prostáticas (hipertrofia, prostatite e carcinoma), além de algumas doenças ósseas e hematológicas 
(Gella, 1994). Em medicina veterinária ainda não existem resultados conclusivos a respeito de doenças 
prostáticas e a atividade sérica da AcP. 
A transcetolase é uma enzima intra-eritrocitária que pode estar aumentada em casos de necrose 
cerebrocortical ou na acidose lática nos bovinos (Dirksen et al., 1993). 
 
Conclusão 
A presença de alterações na atividade sérica pode dar informações muito úteis ao clínico de 
forma rápida e precisa. Sabe-se que muitas vezes o proprietário não dispõe de recursos financeiros 
para a realização de muitos exames. Esta talvez seja a principal limitação do uso de enzimas séricas 
como meio auxiliar de diagnóstico, uma vez que o ideal é que duas ou mais enzimas sejam avaliadas 
conjuntamente para aumentar a especificidade do teste. Por outro lado, a enzimologia pode oferecer 
informações suficientes para a conclusão de umdiagnóstico de forma rápida e pouco traumática para o 
animal. Igualmente, é possível avaliar a extensão ou gravidade da lesão e fornecer um prognóstico 
mais preciso a partir de dados obtidos pela avaliação enzimática. Este trabalho teve o objetivo de 
demonstrar com mais clareza as limitações e possibilidades de uso das enzimas séricas, fornecendo ao 
clínico uma ferramenta a mais na difícil tarefa de construir o diagnóstico. 
 16
Referências bibliográficas 
ALONSO, M., MIRANDA, M., HERNANDEZ, J. et al. Glutatión peroxidasa (GSH-Px) en las patologías 
asociadas a deficiencias de selenio en rumiantes. Archivos de Medicina Veterinária. vol.29, n.2, p.171-
180, 1997. 
ARCHER, F. J.; KERR, M. E.; HOUSTON, D. M. Evaluation of three pancreas specific protein assays, TLI 
(Trypsin-like Immunoreactivity), PASP (Pancreas Specific Protein) and CA 19-9 (Glycoprotein) for use in 
the diagnosis of canine pancreatitis. Journal of Veterinary Medicine, Berlin, v. 44, p.109-113, 1997. 
BALOGH, N. Biochemical and antioxidant changes in plasma and erythrocytes of pentathlon horses before and 
after exercise. Veterinary Clinical Pathology, v. 30, n.4, p.214-218, 2001. 
BARROS, C. S. L. Deficiência de selênio e vitamina E. In: RIET-CORREA, F. et al. (Ed.) Doenças de 
ruminantes e eqüinos. São Paulo:Varela, 2001. v. 2, cap. 4, p. 329-333. 
BOGIN, E. Handbook for Veterinary Clinical Chemistry. [s.l.]: Kodak, 1994. 
BROBST, D. F. Pancreatic Function. In: KANEKO, J. J.; HARVEY, J. W.; BRUSS, M. L. (Ed.) Clinical 
Biochemestry of Domestic Animals. 5th.ed. San Diego: Academic Press, 1997. cap.14, p.353-366. 
BUSH, B. M. Interpretation of laboratory results for small animal clinicians. Oxford: Blackwell Scientific, 
1991. 
CARDINET III, G. H. Skeletal Muscle Function. In: KANEKO, J. J.; HARVEY, J. W.; BRUSS, M. L. (Ed.) 
Clinical biochemestry of domestic animals. 5th.ed. San Diego: Academic Press, 1997. cap.16, p.407-440 
CENTER, S. A.; HORNBUCKLE, W. E.; HOSKINS, J. D. O Fígado e o Pâncreas. In: HOSKINS, J. D. (Ed.) 
Pediatria Veterinária: Cães e Gatos do Nascimento aos Seis Meses. 2.ed. Rio de Janeiro: Interlivros, 
1997. cap. 11, p.172-204. 
CHAMPE, P. C.; HARVEY, R. A. Bioquímica Ilustrada. 2.ed. Porto Alegre: ArtMed, 1996. p.446. 
CHAPELLE, J. P. Diagnóstico bioquímico del infarto de miocárdio.. In: SASTRE, F. G. (Ed.). Bioquímica 
Clínica. Barcelona: Barcanova, 1994. p. 235-256. 
CHASTAIN, C. B. Sistemas Endócrino e Metabólico. In: GOLDSTON, R. T.; HOSKINS, J. D. (Ed.) Geriatria 
e gerontologia: Cães e gatos. São Paulo: Roca, 1999. cap. 15, p. 335-364. 
CORNELIUS, L. M. Anormalidade do perfil Bioquímico Padrão. In: LORENZ, M. D.; CORNELIUS, L. M. 
(Ed.) Diagnóstico clínico em pequenos animais. 2.ed. Rio de Janeiro: Interlivros, 1996. cap. 61, p. 435-
478. 
DIMSKI, D. S. Fígado e Pâncreas Exócrino. In: GOLDSTON, R. T.; HOSKINS, J. D. (Ed.) Geriatria e 
gerontologia: Cães e gatos. São Paulo: Roca, 1999. cap. 11, p. 227-250. 
DIRKSEN, G.; GRÜNDER, H.; STÖBER, M. Rosenberger: Exame Clínico dos Bovinos. 3.ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara-Koogan, 1993. 
EGLI, C. P.; BLUM, J. W. Clinical, haematological, metabolic and endocrine traits during the first trhee months 
of life of suckling Simmentaler calves held in a cow-calf operation. Journal of Veterinary Medicine, 
Berlin, v.45, p.99-118, 1998. 
FEITOSA, F. L. F.; BIRGEL, E. H. Variação da concentração de imunoglobulinas G e M, de proteína total e 
suas frações eletroforéticas e da atividade da gamaglutamiltransferase no soro sangüíneo de vacas 
holandesas, antes e após o parto. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.52, n.2, 
p.11-116, 2000. 
GARCIA, M. et al. Evaluación del entrenamiento tradicional del cabalo criollo chileno de rodeo mediante el 
análisis de variables fisiológicas y bioquímicas sanguíneas. Archivos de Medicina Veterinária, vol.32, 
no.2, p.171-183, 2000. 
GAVA, A. Intoxicação por organofosforados e carbamatos. In: RIET-CORREA, F. et al. (Ed.) Doenças de 
Ruminantes e Eqüinos. São Paulo:Varela, 2001. v. 2, cap. 2, p. 208-211. 
GELLA, J. Enzimologia Clínica. In: SASTRE, F. G. (Ed.) Bioquímica clínica. Barcelona: Barcanova, 1994. p. 
113-124. 
HADORN, U.; BLUM J. W. Effects of feeding colostrum, glucose or water on the first day of life on plasma 
 17
immunoglobulin G concentrations and γ-glutamiltransferase activities in calves. Journal of Veterinary 
Medicine, v. 44, p.531-537, 1997. 
IKATSU, H.; SHINODA, S., NAKAJIMA, T. CYP2E1 level in rat liver injured by the interaction between 
carbon tetrachloride and chloroform. Journal of Occupational Health, p.223-229, 1998. 
JESCHKE, M.; et al. Cell proliferation, apoptosis, NF-B expression, enzyme, protein, and weight changes in 
liver of burned rats. American Journal Gastrointestinal and Liver Physiology, 2001. 
KERR, M. G. Veterinary Laboratory Medicine: Clinical biochemestry and haematology. Oxford: Blackwell 
Scientific, 1989. 
KRAMER, J. W.; HOFFMANN, W. E. Clinical enzymology. In: KANEKO, J. J.; HARVEY, J. W.; BRUSS, M. 
L. (Ed.) Clinical biochemestry of domestic animals. 5th.ed. San Diego: Academic Press, 1997. cap. 12, p. 
303-325. 
LEHNINGER, A. L. Bioquímica. São Paulo:Edgar Blücher, 1976. 
LEHNINGER, A. L.; NELSON, D.; COX, M. Princípios de Bioquímica. São Paulo: Sarvier, 1995. p.839. 
LORENZ, M. D. Atraso do Crescimento. In: LORENZ, M. D.; CORNELIUS, L. M. (Ed.) Diagnóstico Clínico 
em Pequenos Animais. 2.ed. Rio de Janeiro: Interlivros, 1996. cap. 12, p. 72-77. 
MACLACHLAN, N. J., CULLEN, J. M. Fígado, sistema biliar, e pâncreas exócrino. In: CARLTON, W. W.; 
MCGAVIN, M. D. Patologia Veterinária especial de Thomson. 2.ed. Porto Alegre: ArtMed, 1998. cap. 
2, p. 95-131. 
MÉNDEZ, M. C. Intoxicação Crônica por Cobre. In: RIET-CORREA, F. et al. (Ed.) Doenças de Ruminantes e 
Eqüinos. São Paulo:Varela, 2001. v. 2, cap. 2, p. 181-186. 
MÉNDEZ, M. C., RIET-CORREA, F. Plantas Hepatotóxicas. In: RIET-CORREA, F. et al. (Ed.) Doenças de 
Ruminantes e Eqüinos. São Paulo:Varela, 2001a. v. 2, cap. 3, p. 219-227 
MÉNDEZ, M. C., RIET-CORREA, F. Plantas que causam Necrose Muscular. In: RIET-CORREA, F. et al. (Ed.) 
Doenças de Ruminantes e Eqüinos. São Paulo:Varela, 2001b. v. 2, cap. 3, p. 250-252. 
MERCHANT, S. R. Pele. In: GOLDSTON, R. T.; HOSKINS, J. D. (Ed.) Geriatria e Gerontologia: Cães e 
gatos. São Paulo: Roca, 1999. cap. 12, p. 251-282. 
MEYER, D. J.; COLES, E. H.; RICH, L. J. Medicina de laboratório Veterinária: interpretação e diagnóstico. 
1.ed. São Paulo: Roca, 1995. 
MORAIS, M. G., et al. Variação sazonal da bioquímica clínica de vacas aneloradas sob pastejo contínuo de 
Brachiaria decumbens. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, vol.52, no.2, p.98-104, 
2000. 
MÜLLER, G. Fasciolose. In: RIET-CORREA, F. et al. (Ed.) Doenças de Ruminantes e Eqüinos. São 
Paulo:Varela, 2001. v. 2, cap. 1, p. 118-130. 
NAZIFI, S.; REZAKHANI, A.; BADRAN, M. Evaluation of hematological, serum biochemical and 
cerebrospinal fluid parameters in experimental bacterial meningitis in the calf. Journal of Veterinary 
Medicine, Berlin, v.44, p.55-63, 1997. 
OSWEILER, G. D. Toxicologia Veterinária. Porto Alegre: ArtMed, 1998. p.526. 
OBLITAS, F., CONTRERAS, P. A., BOHMWALD, H. et al. Efecto de la suplementación con selenio sobre la 
actividad sanguínea de glutation peroxidasa (GSH-Px) y ganancia de peso en bovinos selenio deficientes 
mantenidos a pastoreo. Archivos de Medicina Veterinária , vol.32, no.1, p.55-62, 2000. 
PASTOROVÁ, B. et al. Plasma neuromediators and the enzymatic profile of sheep. Acta Veterinaria Brno, 
p.277-280, 2000. 
PAVLATA, L.; PECHOVÁ, A.; ILLEK, J. Muscular dystrophy in dairy cows following a change in housing 
technology. Acta Veterinaria Brno, p.269-275, 2001. 
PEEK, S. F. et al. Hypokalemia, Muscle Weakness and Recumbency in Dairy Cattle (17 Cases1991-1998). In:. 
Annual Convention American Association of Bovine Practitioners, 34, 2001, Vancouver, [Proceedings…]. 
PEREZ, R. et al. Actividad física y cambios cardiovasculares y bioquímicos del caballo chileno a la competencia 
de rodeo. Archivos de Medicina Veterinária, v.32, n.2, p.171-183, 2000. 
 18
QUIGLEY, K. A.; JACKSON, M.; HAINES, D. M. Hyperlipasemia in six dogs with pancreatic or hepatic 
neoplasia: evidence for tumor lipase production. Veterinary Clinical Pathology, v. 30, n.3, p.114-120, 
2001. 
THOMPSON, J. P. Moléstias imunológicas. In: ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C. Tratado de Medicina 
Interna Veterinária. 4.ed. São Paulo: Manole, 1997. 
SERAKIDES, R. et al. Relação tireóide-gônadas e níveis plasmáticos de fósforo, cálcio e fosfatase alcalina em 
ratas. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.52, n.6, p.579-585, 2000. 
SHAW, D.; IHLE, S. Medicina de Pequenos Animais. Porto Alegre: ArtMed, 1999. p.696. 
SMITH, B. P. Tratado de Medicina Interna de Grandes Animais.São Paulo: Manole, 1993. 
SPINOSA, H. S.; GÓRNIAK, S. L.; BERNARDI, M. M. Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária. 
2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 1999. 
SYAKALIMA, M. et al. Separation and quantification of corticosteroid-induced, bone, and liver alkaline 
phosphatase isoenzymes in canine serum. Journal of Veterinary Medicine, v. 44, 603-610, 1997. 
TADICH, N. et al. Valores bioquímicos sanguíneos de equinos que tiran carretones el la ciudad de Valdivia 
(Chile). Archivos de Medicina Veterinária, v.32, n.2, p.171-183, 2000. 
TADICH, N., GALLO, C.; ALVARADO, M. Efectos de 36 horas de transporte terrestre con y sin descanso 
sobre algunas variables sanguíneas indicadoras de estrés en bovinos. Archivos de Medicina Veterinária, 
v.32, n.2, p.171-183, 2000. 
TENNANT, B. C. Hepatic Function. In: KANEKO, J. J.; HARVEY, J. W.; BRUSS, M. L. (Ed.) Clinical 
biochemestry of domestic animals. 5th.ed. San Diego: Academic Press, 1997. cap.13, p.327-352. 
WILLARD, M.; TVEDTEN, H.; TURNWALD, G. H. Diagnostico clínico patológico pratico en los animales 
pequeños. Buenos Aires: Intermedica, 1993. 
WOLFFENBÜTTEL, S.; SCHEFFER, J.; GONZÁLEZ, F.H.D.; SCHMIDT, V.; OLIVEIRA, R.T. Achados 
clínico-laboratoriais em sete cães com resposta sorológica à leptospirose. Medvep. Submetido para 
publicação. 2003. 
WYATT, K. M.; LABUC, R.; WYATT, G. L. Measurement of creatine kinase MB in canine cardiac patients. 
Australian Veterinary Journal, v.76, n.12, 1998. 
YAZAR, E.; et al. Phenobarbital effects on brain and liver tissues enzyme activity in balb/C mice. Acta 
Veterinaria Brno, p.309-312, 2002. 
 19
Apêndice A. Interpretação e valores de referência das enzimas séricas de interesse diagnóstico, no 
cão e no gato. 
Enzima Valores de referência (U/L) Interpretação 
AChE 
 
270 (cão)* 
540 (gato)* 
Lesão no sistema nervoso central (diminuição da atividade 
sérica na intoxicação por organofosforados). 
ALP 
20 - 156 (cão)* 
25 - 93 (gato)* 
Colestase, dano hepático, indução por esteróides, animais em 
crescimento, neoplasia, inanição, doenças ósseas (tumores, 
consolidação de fraturas, osteomalácia), prenhez, deficiência de 
vitamina D, e doenças endócrinas (hiperadrenocorticismo, 
diabetes mellitus, hiperparatireoidismo, hipertireoidismo). 
ALT 
21 - 102 (cão)* 
6 - 83 (gato)* 
Dano hepático (hepatites tóxicas ou infecciosas, trauma, 
neoplasia, hipóxia, amiloidose), indução por drogas e 
miocardite. 
Amyl 185 - 700(cão)* 
Pancreatite aguda, insuficiência renal e distúrbios do TGI 
(obstrução ou torção intestinal,úlcera duodenal). 
Arg 0 - 14 (cão e gato)* Lesão hepática. 
AST 
23 - 66 (cão)* 
26 - 43 (gato)* 
Dano hepático, lesão de músculos esqueléticos, esforço 
excessivo e doenças cardíacas (isquemia, endocardite, 
dirofilariose, trombose aórtica, infarto de miocárdio). 
ButChE 
1210 - 3020 (cão)* 
640 - 1400 (gato)* 
Diminuição da atividade sérica na intoxicação por 
organofosforados. 
CK 
1,15 - 28,4 (cão)* 
7,5 - 28,2 (gato)* 
Lesão de músculos esqueléticos, lesões do miocárdio (infarto, 
isquemia), esforço excessivo, hipotireoidismo, lúpus 
eritematoso sistêmico. 
GGT 
1,2 - 6,4 (cão)* 
1,3 - 5,1 (gato)* 
Lesões hepáticas e obstrução do trato biliar. 
GSH-Px 
8921 ± 237 (cão)* 
12135 ± 616 (gato)* 
Diminuição da atividade sérica sugere deficiência de selênio. 
LDH 
45 - 233 (cão)* 
63 - 273 (gato)* 
Lesão de músculos esqueléticos, lesão do músculo cardíaco e 
doenças hepáticas. 
Lip 13 - 200 (cão)* 
0 - 83 (gato)* 
Pancreatite aguda, insuficiência renal. 
SDH 2,9 - 8,2 (cão)* 
3,9 - 7,7 (gato)* 
Lesão hepática. 
TLI 5 – 35 µg/L (cão)† Pancreatite aguda. 
Fonte: † Meyer et al. (1995); * Kaneko et al. (1997). 
 
 
 
 20
Apêndice B. Interpretação e valores de referência das enzimas séricas de interesse diagnóstico no eqüino. 
Enzima Valores de referência (U/L) Interpretação 
AChE 
 
450 - 790* 
Lesão no sistema nervoso central (diminuição da atividade 
sérica na intoxicação por organofosforados). 
ALP 143 - 395* 
Doenças ósseas (tumores, consolidação de fraturas, 
osteomalácia), prenhez e deficiência de vitamina D. 
ALT 3 - 23* Lesão hepática, lesão de músculo esquelético ou cardíaco. 
Amyl 75 - 150* 
Doenças hepáticas (esteatose e cirrose), insuficiência 
renal, pancreatite, obstrução de glândula salivar. 
AST 226 - 366* 
Lesão de músculo esquelético ou cardíaco, rabdomiólise, 
puerpério, gestação avançada, anemia hemolítica. 
ButChE 2000 - 3100* 
Diminuição da atividade sérica na intoxicação por 
organofosforados. 
CK 2,4 - 23,4* 
Lesões musculares por estresse ou trauma, rabdomiólise, 
e deficiência de vitamina E e selênio. 
GGT 4,3 - 13,4* Lesões hepáticas, colestase. 
GLDH 0-11,8* Lesões hepáticas. 
GSH-Px 7931 ± 1620* 
Diminuição da atividade sérica sugere deficiência de 
selênio. 
LDH 162 - 412* 
Lesão de músculo esquelético, lesão hepática, 
rabdomiólise, prenhez. 
OCT - Lesão hepática aguda. 
Fonte: * Kaneko et al. (1997). 
 
 
 21
Apêndice C. Interpretação e valores de referência das enzimas séricas de interesse diagnóstico em 
ruminantes. 
Enzima Valores de referência (U/L) Interpretação 
AChE 
 1270 - 2430
* 
Lesão no sistema nervoso central (diminuição da atividade 
sérica na intoxicação por organofosforados). 
Aldolase 10 – 30 ∆ Lesão hepática. 
ALP 0 - 488* 
Doenças ósseas (tumores, consolidação de fraturas, 
osteomalácia), prenhez e deficiência de vitamina D. 
ALT 11 - 40* Lesão hepática, de músculo esquelético ou cardíaco. 
Amyl 800 – 1200 ∆ Insuficiência renal, cetose, pancreatite. 
Arginase 1 - 30* 
Lesão hepática, intoxicação crônica pelo cobre (em 
ovinos). 
AST 78 - 132* 
Lesão de músculo esquelético ou cardíaco, puerpério e 
gestação, intoxicação crônica pelo cobre (ovinos). 
ButChE 70* 
Diminuição da atividade sérica na intoxicação por 
organofosforados. 
CK 4,8 - 12,1* 
Lesões musculares por decúbito prolongado, estresse ou 
trauma, e deficiência de vitamina E e selênio. 
GGT 6,1 - 17,4* Colestase, fasciolose crônica. 
GLDH 31* Lesão hepática , intoxicação crônica pelo cobre (ovinos). 
GSH-Px 100 – 200 U/g Hb ∆ 
Diminuição da atividade sérica sugere deficiência de 
selênio. 
LDH 692 - 1445* 
Lesão de músculo esquelético, lesão hepática, prenhez, 
leucose. 
Lipase 2 – 8 ∆ 
Doenças hepáticas (esteatose e cirrose), insuficiência 
renal, cetose, pancreatite. 
OCT 1 – 20 ∆ Lesão hepática aguda. 
SDH 4,3 - 15,3* Lesão hepática , intoxicação crônica pelo cobre (ovinos) 
Fonte: ∆ Dirksen et al. (1993); * Kaneko et al. (1997). 
	ENZIMOLOGIA CLÍNICA EM MEDICINA VETERINÁRIA
	Resumo
	Abstract
	Introdução
	Classificação e nomenclaturadas enzimas
	Classe
	Nome da classe
	Atividade que catalisa
	Cinética química
	Fatores que influenciam a velocidade da reação e
	Dosagem da atividade enzimática
	Enzimas clínicas de maior uso
	Alanina aminotransferase (ALT)
	Amilase (Amyl)
	Arginase (Arg)
	Aspartato aminotransferase (AST)
	Colinesterase
	Creatina quinase (CK)
	Fosfatase alcalina (ALP)
	Gama-glutamil transferase (GGT)
	Glutamato desidrogenase (GLDH)
	Glutation peroxidase (GSH-Px)
	Lactato desidrogenase (LDH)
	Lipase (Lip)
	Ornitina carbamil-transferase (OCT)
	Sorbitol desidrogenase (SDH)
	Tripsina
	Outras enzimas
	Conclusão
	Referências bibliográficas
	
	Interpretação
	Interpretação
	Interpretação

Continue navegando