Buscar

RESUMO DIREITO PENAL I

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 53 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 53 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 53 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Curso de Bacharel em Direito
Direito penal I: Prof.ª Bernadethe Moser
AULAS DIGITADAS
HITALO FRANKLIN VIEIRA SILVA
CAMPOS DOS GOYTACAZES, 2014.
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Curso de Bacharel em Direito
Direito Penal I 
Prof.ª Bernadethe Moser - bemoser@ig.com.br – cel.: (22) 98137- 2930
Hitalo Franklin Vieira Silva – Email: hitalofranklin@msn.com Tel: (22) 99791-4361
I - CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES 
Convivência em sociedade
Ato Ilícito Penal = Desrespeito Norma Jurídica => Estado aplica pena/sanção.
II - CONCEITO
Conjunto de normas jurídicas que definem determinadas condutas como ilícitas sob a ameaça de sanção, pena ou medida de segurança.
O Estado estabelece os procedimentos para imputar uma sanção àquele que comete o ilícito, após o devido processo.
Somente o maior de dezoito anos com plena capacidade (plena higidez mental) pode ser penalizado.
Os menores de idade são inimputáveis e também não podem sofrer medidas de segurança.
III - DIREITO PENAL OBJETIVO
Conjunto de Normas Jurídicas que o Estado estabelece para combater o crime.
IV - DIREITO PENAL SUBJETIVO
Ao Estado cabe a produção do direito e a prerrogativa de punir. (jus puniendi).
V - DIREITO COMUM
Exercitado pela Justiça Comum e atinge todas as pessoas. Inclui a Justiça do Trabalho. (Art. 197).
VI - DIREITO ESPECIAL
Exercitado pela Justiça especial e atinge as pessoas elencadas. Justiça Militar e Justiça Eleitoral.
VII - POSIÇÃO ENCICLOPÉDICA
O Direito Penal se situa sob a tutela do Direito Público, sob o qual estabelece as relações do estado com os indivíduos, observando sua vigência territorial interna.
VIII - DIREITO PENAL SUBSTANTIVO (MATERIAL)
Regras estabelecidas pelo estado para observância dos indivíduos sob a ameaça de uma sanção.
IX - DIREITO PENAL ADJETIVO (FORMAL)
É através dele que o estado impõe a pena sobre o fato ilícito ocorrido.
X - FUNÇÃO DO DIREITO PENAL
Proteção aos bens jurídicos mais importantes dos cidadãos (vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade) no Estado Democrático de Direito (todos são iguais perante a lei); Manutenção da Paz Social em busca de uma sociedade mais livre, mais justa, mais solidária.
Estado Democrático de Direito: Todos são iguais perante a lei, submissão de todos ao império da lei, divisão formal do exercício das funções do poder de maneira evitar concentração da força e combater o arbítrio, estabelecimento formal de garantias individuais, não intervenção do Poder Público, no sentido de impedir distorções sociais de ordem material, imposição de metas e deveres para a construção de uma sociedade melhor, garantia de desenvolvimento nacional, erradicação da pobreza e da marginalização, redução de desigualdades sociais e regionais, promoção do bem comum, combate ao preconceito e quaisquer formas de discriminação, pluralismo político, liberdade de expressão das ideias, resgate da cidadania, afirmação do povo como fonte única do poder e respeito a dignidade humana.
Todas as regras de direito obedecem ao Direito Constitucional num Estado Democrático de Direito.
XI - OUTRAS DENOMINAÇÕES
Várias foram as denominações, mas somente Direito Penal e Direito Criminal se sobressaem e permanecem.
XII - PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTROLE DO ESTADO
1 - Princípio da Legalidade – art. 1º CP
As regras de Direito Penal visam evitar que o Estado aplique normas contundentes e injustas ao cidadão, dessa maneira buscou-se no garantismo penal, a aplicação de penas mais justas.
1.1 - da Reserva Legal
Art. 1º, CP/02 e Art. 5º, XXXIX, CF/88 - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
Apenas a Lei em seu sentido formal pode descrever condutas criminosas. Ao legislador é vedado utilizar-se de decretos, medidas provisórias ou outras formas legislativas para incriminar condutas.
As normas penais em branco, que exigem legislação complementar (de mesmo nível ou de nível diverso), não ferem este princípio. Ex. art. 237 CP, art. 12, Lei nº6368/76 dependente de portaria do MS.
2 – Anterioridade da lei penal
Art. 1º, CP/02 e Art. 5º, XXXIX, CF/88 - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
- O ato cometido por um indivíduo só pode ser acusado de ilícito quando este for tipificado por lei anterior que o defina. No silêncio da lei todo comportamento é legítimo.
3 - Princípio da Irretroatividade da lei mais severa – art. 2° CP
Art. 2º CP - Consagração da irretroatividade da Lei Penal. A Lei Penal não retroage, a não ser para beneficiar o réu. in bonam partem – em benefício da parte.
efeitos ex nunc – daqui para frente.
4 - Princípio da ofensividade ou alteridade
Só haverá crime quando a conduta humana causar perigo ou lesão ao bem jurídico de outra pessoa.
Autolesão não é punível, a não ser quando efetuada com intenções de causar prejuízos fraudulentos a outrem. Art. 171.
5 – Princípio da analogia (proibição)
No silêncio da lei, não se pode usar a analogia para prejudicar o réu. 
in malam partem – em prejuízo da parte.
6 – Princípio da intervenção mínima
O Direito Penal só deve imiscuir-se no cotidiano do indivíduo, quando os demais campos do direito não puderem resolver o conflito surgido.
7 – Princípio da Fragmentariedade
O Direito Penal só deve ser suscitado diante da ameaça de bens jurídicos importantes.
8 – Princípio da Personalidade ou Responsabilidade Pessoal
Nenhuma pena passará da pessoa do delinquente, autor do ilícito ou fato criminoso. A responsabilidade será sempre do acusado. Ninguém poderá ser punido pelo crime de outra pessoa (Art. 5º, XLV CF/88).
9 – Princípio da Individualização da Pena
A pena deve ser adequada ao indivíduo em face da sua personalidade e do seu comportamento pregresso. (Art. 5º, XLVI CF/88 e Art. 59 CP).
10 – Princípio da Insignificância
Certos bens jurídicos são irrelevantes, (incolumidade física e patrimônio) não devendo o aparato estatal ser movimentado nestes casos. Não deve existir inquérito policial, nem processo penal para o caso do roubo de um Band-Aid.
11 – Princípio da culpabilidade
Dolo ou culpa pelo indivíduo que comete o ilícito. Nullo crimem inputatis
- Dolo (ó) é a vontade do indivíduo de praticar o ilícito em busca do resultado.
- Dolo eventual em casos fortuitos é semelhante a culpa consciente.
- Culpa é quando o indivíduo não busca o resultado, este é resultante da falta do devido cuidado ou atenção.
12 – Princípio da Humanidade
Respeito e decência aos que cometem atos ilícitos. Vedação constitucional da tortura e de tratamento desumano ou degradante a qualquer pessoa. (art. 5º, I, III, LVI e LVII).
13 – Princípio da Proporcionalidade
Quanto mais grave o delito, mais severa a pena. (art. 5º, XLII, XLIII, XLIV, CF/88).
Quanto mais brando o delito, mais suave a pena. (art. 98, I, CF/88).
A pena deve ser proporcional aos crimes cometidos. 
14 – Princípio da Presunção de inocência ou estado de inocência 
O indivíduo que comete o ilícito só pode ser considerado culpado após o trânsito em julgado da sentença condenatória, quando não cabem mais recursos.
- Duplo Grau de Jurisdição: 1º Grau – Sentença Monocrática; 2º Grau – Acórdão Colegiado.
15 – Princípio da Igualdade
Art. 1° CF/88 - Todos são iguais perante a lei.
16 – Princípio Non bis in idem
Nenhum indivíduo pode ser condenado duas vezes pelo mesmo ato ilícito.
Desdobramento material – Não existe 2 penas pelo mesmo fato delituoso.
Desdobramento formal – Não existe 2 processos pelo mesmo fato delituoso, exceto art. 8° CP.
XIII - CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PENAL
Característica Cultural: Dever-ser, Poder-ser, depende... Não é uma ciência exata. Os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis (Vide ECA).
Característica Normativa: Norma penal/judicial – conceitos que informam o comportamento não desejado.
Característica Valorativa: Os fatos jurídicos não possuem o mesmo valor para o Direito Penal.Característica Finalista (finalidade): Tem por finalidade coibir a violência, afastando o indivíduo da prática criminosa.
Característica Sancionadora: Único campo do Direito que aplica a sanção para afastar o indivíduo da prática delituosa.
XIV - RELAÇÕES DO DIREITO PENAL COM OUTRAS CIÊNCIAS
Filosofia Jurídica: imputabilidade, culpa, dolo, responsabilidade etc.
Sociologia Jurídica: sociedade, convivência, paz, direitos e deveres etc.
Direito Constitucional: eficácia, validade, vigência etc.
Direito Processual Penal: formal ao Direito Penal.
Direito Público Internacional: globalização, mundialização do direito etc.
Direito Penal Internacional: novo campo.
Direito Privado: relação dos homens entre si.
Direito de Família: parentesco, casamento, sucessões, sociedades comerciais etc.
Direito Penitenciário: o ilícito se traduz em sanção (pena ou medida de segurança). LEP.
Direito do Trabalho: atentado contra a liberdade de trabalho. Art. 197 e 297 CP.
Direito Tributário: sonegação fiscal é punida. Lei 4729/65.
XV - RELAÇÕES DO DIREITO PENAL COM DISCIPLINAS AUXILIARES
Criminalística: Polícia criminal ou científica.
Medicina Legal: Contundência, Causa-mortis, Estupro etc.
Psiquiatria Forense: Pena ou medida de segurança. Verificação dos incapazes inimputáveis.
XVI – TEORIA DA NORMA PENAL 
1 - FORMA DE CRIAÇÃO DA LEI
Lei escrita - Norma positivada + sanção. Norma é abstrata.
Legislativo cria as leis – viabilidade/constitucionalidade - Promulgação: ato pelo qual o legislador verifica a validade da lei.
Executivo – veta/sanciona – publica – vacacio legis (45dd) – entrada em vigor.
2 - REVOGAÇÃO DE LEI ANTERIOR
Expressa: quando a própria lei explicita a sua validade.
Tácita: quando a nova lei substitui a anterior.
Ab rogação: revogação total da lei anterior.
Derrogação: revogação parcial da lei anterior.
XIV - CLASSIFICAÇÃO DA LEI PENAL
1 – INCRIMINADORA (Dispositivos Incriminadores)
Descrevem crimes e cominam penas: arts. 121 e 156 CP.
2 – NÃO INCRIMINADORA (Dispositivos Não Incriminadores)
Não descrevem crimes, nem cominam penas. Justificam comportamentos ilícitos não tipificados como crime,
2.1 – Norma Não Incriminadora Permissiva
Tornam lícitas determinadas condutas tipificadas em lei incriminadora.
Não há o crime quando se pratica o crime em estado de necessidade; em legítima defesa; em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular do direito. Art. 23 CP.
Não se pune o aborto quando terapêutico ou decorrente de estupro. Art. 128 CP. 
2.2 – Norma Não Incriminadora Esculpante
Atenuam a sanção a ser aplicada.
- Doença Mental. Art. 26 CP.
- Menores de 18 anos. Art. 27 CP.
- Sob o efeito da emoção e paixão, embriaguez, de caso fortuito ou força maior. Art. 28 CP.
2.3 – Norma Não Incriminadora Interpretativa
Esclarecem o sentido desejado de outras normas
- Considera funcionário público para os efeitos penais... Art. 327 CP.
- Peculato. Art. 312 CP.
- Relação de causalidade. Art. 13, §2º CP.
3 – PRECEITOS DA NORMA INCRIMINADORA
3.1 – Preceitos Primários (Preceito propriamente dito)
Descrição da conduta criminosa.
- Subtrair para si ou para outrem, coisa alheia móvel... Art. 155 CP.
3.2 – Preceitos Secundários (Sanção)
Descrição da pena a ser imputada por determinado delito.
- Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa. Art. 155 CP.
4 – CARACTERÍSTICAS DA LEI PENAL
a) Imperatividade: Imposta coercitivamente.
b) Generalidade (erga omnes): Dirige-se para todos os indivíduos. Toda a sociedade.
c) Impessoalidade: Abstrata para acontecimento futuros e não pessoa determinada.
d) Fatos futuros: Princípio da anterioridade. Efeitos ex nunc. Art. 1° CP.
e) Exclusividade: Só ela descreve condutas criminosas e comina penas.
5 – NORMA PENAL EM BRANCO
As que possuem preceito incompleto e exigem legislação complementar.
(de mesmo nível ou de nível diverso).
5.1 – EM SENTIDO LATO OU HOMOGÊNEA
Complemento pela mesma fonte legislativa em sentido lato ou homogênea.
É primazia de a União legislar sobre Direito Penal, Direito Civil etc... Art. 22 CF + 236 CP.
5.2 – EM SENTIDO ESTRITO OU HETEROGÊNEA
Complemento por fonte legislativa diversa em sentido estrito ou heterogênea.
Art. 33/35 Lei 11345 + Portaria MS/Dimed.
Art. 268 CP + Portaria MS/Dimed.
6 – FONTES DO DIREITO PENAL
6.1 – Material
 Somente a União, Estado. Art. 22 CF.
Exceções: 
Sobre desperdício de água nos Estados do Nordeste;
Sobre coleta criminosa de vitória-régia nos Estados da Amazônia.
6.2 – Formal ou de Produção
É aquela pela qual o direito Penal se torna conhecido. O Direito Penal ainda não se manifestou sobre Informática, Fecundação in-vitro.
6.2.1 – Imediata (Lei)
Lei: Só a lei tem a prerrogativa de criar uma norma incriminadora.
6.2.2 – Mediata (Costumes e Princípios Gerais do Direito)
Costumes: conjuntos de regras de comportamento com respeito obrigatório pelos indivíduos, não podendo cominar crimes. Dividem-se em:
a) Contra legem: Inaplicáveis à norma jurídica.
b) Secundum legem: Traçam regras segundo a aplicação da lei.
c) Praeter legem: Preenchem a lacuna da lei explicando as omissões.
Ato obsceno, art. 133 CP, ato que ofende a moral.
Princípios Gerais do Direito: Princípios éticos extraídos da Lei e decorrentes de material legislativo. Lesão corporal. Art. 129 CP.
Analogia não é fonte do Direito Penal, mas método pelo qual se aplica a fonte formal imediata, isto é, a lei do caso semelhante. Na lacuna do ordenamento jurídico, serve de fator de integração, sendo utilizada de maneira não incriminadora.
7 – FORMAS DE PROCEDIMENTOS INTERPRETATIVOS
Através da interpretação feita pelos campos do direito, são: a equidade, doutrina, jurisprudência, tratados e convenções, não sendo consideradas fontes do direito.
7.1 – Equidade: Aplicação da sentença mais justa ao caso concreto. Fala mais alto o coração que a lei.
Perdão Judicial expressamente apontado pela lei. Art; 120 CP. Norma exculpante.
Art. 121 CP. O juiz poderá deixar de aplicar a pena se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
Dia do Pendura.
7.2 - Doutrina: Forma de interpretação. Não é fonte do direito penal.
7.3 - Jurisprudência: Vários julgados do colegiado dobre determinado assunto. Duplo grau de jurisdição.
7.4 - Tratados e Convenções: Globalização da justiça. Tráfico internacional de entorpecentes e Tráfico de pessoas.
8 – INTERPRETAÇÃO DA NORMA PENAL
Visa observar o que está contido na lei, podendo ser quanto ao sujeito, quanto aos meios empregados e quanto ao resultado.
8.1 - QUANTO AO SUJEITO
Autêntica: Feita pelo próprio legislador. Art. 122 e 150 CP.
Doutrinária: Feita pelos Doutrinadores. Sempre será forma interpretada.
Judicial: Feita monocraticamente pelos juízes em 1º grau e de forma colegiada pelos desembargadores nos tribunais em 2º grau.
8.2 – QUANTO AOS MEIOS EMPREGADOS
Gramatical ou Sintática: palavra por palavra.
Lógica ou Teleológica: com finalidade. Lei 8072/90 - Crimes hediondos – Mais severidade para desestimular os crimes sórdidos
8.3 – QUANTO AO RESULTADO
Declarativa: Analisa de fato qual seria o sentido da lei. Art. 141, II; Art. 146, §1°.
Restritiva: A lei afirma mais do que deveria. Art. 28, I CP.
Extensiva: A lei afirma menos do que deveria. Art. 235 CP.
I – APLICAÇÃO DA LEI PENAL
1 – Princípio in dubio pro reo: em caso de dúvidas o réu deve ser beneficiado.
2 – Interpretação analógica: A analogia só é permitida para beneficiar o réu. Art. 121 caput. Somente para exemplificar normas genéricas. Art. 1º CP.
3 – Princípio da reserva legal ou da Legalidade.
Nullum crimem, nulla poena sine lege “scripta” (stricta, certa) Art. 5º, XXXIX CF88.
3.1 - Legalidade Criminal: Só será criminosa a conduta descrita em lei, caso contrário será lícito.
 3.2 - Legalidade penal: Deverá existir uma pena descrita em lei (preceito + sanção) no CP.
3.3 - Legalidade Processual ou Jurisdicional: O Estado determina quais devem ser os procedimentos para tornaro processo legal lícito.
3.4 - Legalidade Execucional: A execução da pena é feita pelo juiz da Vara de Execuções Penais em estrita observância à LEP - Legislação de Execuções Penais.
- Medida provisória não pode criar uma norma incriminadora, pois sendo manifestação de um só poder, não seguiu os trâmites legislativos legais.
4 – CONFLITO APARENTE DE NORMAS
Configura-se tal conflito quando existe uma pluralidade de normas aparentemente regulando um mesmo fato criminoso. Lei A ou Lei B.
- Sucessão no tempo: Lei posterior revoga a anterior. Lex posteriori derrogat priori. Se não expressa, pelo menos tacitamente.
4.1 – PRINCÍPIOS PARA DIRIMIR OS CONFLITOS APARENTES DE NORMAS.
O conflito que se estabelece entre as normas é apenas aparente, porque, na realidade, somente uma delas acaba regulamentando o fato, ficando afastadas as demais. A solução dá-se pela aplicação de alguns princípios, os quais, ao mesmo tempo em que afastam as normas não incidentes, apontam aquela que realmente regulamenta o caso concreto. Esses princípios são chamados de “princípios que solucionam o conflito aparente de normas”. Estes princípios são: Especialidade, Subsidiariedade, Consunção e Alternatividade.
4.1.1 – ESPECIALIDADE: a norma especial é aplicada em lugar da geral, por seu conteúdo mais especializante. Art. 123 <Art. 121, §2º, II, CP.
4.1.2 – SUBSIDIARIEDADE (Norma): a norma principal, mais ampla que a norma subsidiária, menos ampla, dessa maneira, a norma mais ampla será aplicada, pois o crime menor cabe no crime maior. O crime de ameaça cabe no de constrangimento ilegal, que cabe no de extorsão. Art. 147 > art. 146 > art. 158.
A norma primária prevalece sobre a subsidiária, que passa a funcionar como um soldado de reserva (expressão de Nélson Hungria). Tenta-se aplicar a norma primária, e somente quando isso não se ajustar ao fato concreto, recorre-se subsidiariamente à norma menos ampla.
a) Expressa ou explícita: quando a própria lei o diz. Art. 132, ou
b) Tácita ou implícita: quando interpretada assim, pois a norma principal acolhe a substituta. Art. 146.
4.1.3 – CONSUNÇÃO (Fatos): é o princípio segundo o qual um fato mais amplo e mais grave consome, isto é, absorve, outros fatos menos amplos e graves, que funcionam como fase normal de preparação ou execução ou como mero exaurimento. Costuma-se dizer: “o peixão (fato mais abrangente) engole os peixinhos (fatos que integram aquele como sua parte)”. A norma maior contém a norma de menor importância.
4.1.3.1 - HIPÓTESES EM QUE OCORRE A CONSUÇÃO:
a) Crime progressivo: para atingir determinado fim, o indivíduo executa uma sequência de ações menores, desejando desde o início o fim almejado.
b) Crime complexo: É a fusão de dois tipos legais: Latrocínio = Homicídio + Roubo.
c) Progressão criminosa: No transcorrer da ação iniciada, o objetivo final é modificado pelo indivíduo.
d) Fato anterior impunível: Falsifica cheque para comprar, o que se configura como estelionato, pois só engana uma vez. Falsifica documento de identidade, o que se configura como Falsidade + Estelionato com progressão a enganar várias pessoas.
e) Fato posterior impunível: Subtração de relógio no calçadão e tentativa de se livrar do furto.
4.1.4 – ALTERNATIVIDADE: Todo tipo penal tem um verbo, mas nada impede que tenha mais de um verbo para descrever o ilícito. Ocorre quando a norma descreve várias formas de realização da figura típica, em que a realização de uma ou de todas configura um único crime. São os chamados tipos mistos alternativos, os quais descrevem crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado. Exemplo: o art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006 (Lei de Drogas), que descreve dezoito formas de prática do tráfico ilícito de drogas, mas tanto a realização de uma quanto a de várias modalidades configurará sempre um único crime.
5 – EFICÁCIA TEMPORAL DA LEI PENAL
“Tempus regit actum”. O tempo rege os fatos praticados. Deve ser aplicada a lei que estiver em vigor no momento do fato praticado. A Lei não alcança os fatos praticados fora de sua vigência. (antes da vigência – ATIVIDADE – depois da revogação).
- Toda lei tem a sua atividade: nasce, vigora e morre. Promulgação, vigência e ab-rogação.
5.1 - Extratividade da Lei Penal: Em regra a Lei Penal não retroage, nem se aplica a posteriori, a não ser para beneficiar o réu. In bona partem.
5.2 - Retroatividade: Para beneficiar o réu, a lei será aplicada para os fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor. Lei posterior mais benéfica.
5.3 - Ultratividade: Para beneficiar o réu, a lei será aplicada para os fatos ocorridos após a sua revogação. Lei anterior mais benéfica.
6 – HIPÓTESES DE LEI POSTERIOR
6.1 - ABOLITIO CRIMINIS: Quando uma nova lei abolir a conduta ilícita, ninguém será punido. Mesmo após trânsito em julgado, o indivíduo será posto em liberdade (crime abolido).
6.2 - NOVATIO LEGIS IN MELLIUS: é a lei posterior (novatio legis) que, de qualquer modo, traz um benefício para o agente no caso concreto (in mellius). A lex mitior (lei melhor) é a lei mais benéfica, seja anterior ou posterior ao fato. Quando posterior, recebe o nome indicado neste item, significando nova lei em benefício do agente.
7 – LEI MAIS BENÉFICA
Pode se utilizar de partes de duas leis que beneficiam o réu. Súmula do STF.
8 – LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA
Leis auto-revogáveis, sancionadas para vigência predeterminada ou temporária. Em casos de calamidade, guerra. São ultrativas, sendo o indivíduo processado mesmo após sua revogação pelo tempo ou pelo término do prazo. Exceção para evitar expedientes maliciosos em benefício do réu.
8.1 - Lei excepcional: Feita para vigorar em períodos anormais, como guerra, calamidades etc. Sua duração coincide com a do período (dura enquanto durar a guerra, a calamidade etc.);
8.2 - Lei temporária: Feita para vigorar em um período de tempo previamente fixado pelo legislador. Traz em seu bojo a data de cessação de sua vigência. É uma lei que desde a sua entrada em vigor está marcada para morrer.
9 – TEMPO DO CRIME
“Tempus regit actum”. O tempo rege os fatos praticados.
- Crime: delito por agir ou deixar de agir conforme tipificado em norma penal.
9.1 – Teoria da Atividade ou Ação: Lei que estiver em vigor no momento da ação ou omissão ilícita. O Código Penal Brasileiro adotou a teoria da atividade.
9.2 – Teoria do Resultado: Lei que estiver em vigor no momento em que se dá o resultado da ação ou omissão ilícita.
9.3 – Teoria da Ubiquidade: Lei que estiver em vigor no momento da ação ou omissão e se deu o resultado do ilícito.
9.4 - Diferença entre os crimes de consumação
a) Instantâneo: A consumação se realiza em tempo determinado.
b) Permanente: A consumação se prolonga no tempo.
Caso a execução tenha início sob o império de uma lei, prosseguindo sob o de outra, aplica-se a mais nova, ainda que menos benigna, pois, como a conduta se protrai no tempo, a todo o momento renovam-se a ação e a incidência da nova lei.
c) Continuados: A consumação se prolonga no tempo.
Caso uma nova lei intervém no curso da série delitiva, deve ser aplicada, ainda que mais grave, a toda a série continuada. O agente que prosseguiu na continuidade delitiva após o advento da lei posterior tinha possibilidade de orientar-se de acordo com os novos ditames, em vez de prosseguir na prática de seus crimes.
10 – LUGAR DO CRIME
O Código Penal Brasileiro adotou a Teoria da Ubiquidade.
10.1 – Territorialidade absoluta: Só a lei nacional é aplicada em solo, mar territorial (12 milhas), espaço aéreo, lagos, rios etc. Território real: Espaço onde o Estado exerce a sua soberania.
10.2 – Territorialidade relativa: A lei nacional é aplicada em embarcações e aeronaves brasileiras (navios e aviões públicos). Território ficto: Navios, aeronaves e Embaixadas.
10.3 – EXCEÇÕES
a) Nacionalidade: A lei aplicável é a lei do país onde o indivíduo que comete o ilícito nasceu. Art. 7º, II, “b” CP.
b) Defesa: A lei aplicável é a lei do país de nascimento do sujeito passivo detentor do bem jurídico ameaçadoou violado. Art. 7º, I, § 3º CP.
c) Justiça Universal: A lei aplicável é a lei do local onde o criminoso foi preso. Art. 7º, II, “c” CP.
d) Representação: A lei aplicável aos crimes cometidos no estrangeiro em aeronaves e embarcações privadas, desde que não julgados no local do crime. Art. 7º, II, “c” CP.
Lembrete: LUTA: Lugar = Ubiquidade; Tempo = Atividade.
11 – EXTRATERRITORIALIDADE
É a possibilidade de aplicação da Lei Penal Brasileira a fatos criminosos ocorridos no exterior. Podem ser:
11.1 – Incondicionada: Não necessitam de nenhuma condição para ser aplicados.
a) Vida ou liberdade do Presidente da República;
b) Patrimônio ou fé pública da União;
c) Contra a administração pública pelo servidor;
d) Genocídio por agente brasileiro ou domiciliado no Brasil. Art. 7º, I, “a”, “b” “c” CP.
11.2 – Condicionada: Necessária uma condição para ser aplicada. Art. 7º, II, “a”, “b” “c” CP. - Vide non ibis idem.
12 – INFRATERRITORIALIDADE
Ocorre a possibilidade de aplicar a lei estrangeira no Brasil quando o agente gozar ou ter imunidade, que pode ser:
12.1 - Imunidade Diplomática: Basta que o indivíduo esteja exercendo sua função diplomática: Embaixador e sua família. Chefes de governo estrangeiro, sua família e comitiva. Membros de organizações internacionais: ONU, OEA, OTAN etc.
12.2 - Imunidade Parlamentar: É exercida pelos membros do Congresso Nacional: Deputados e Senadores. Art. 153 CF. Pode ser;
Absoluta: Não podem ser presos por opinião, declaração, palavras e votos no exercício de seu cargo na assembleia.
Relativa: Só podem ser processados pelo STF, que comunica ao Congresso que autoriza ou não.
Prisional: Só podem ser presos em flagrante pela prática de crimes inafiançáveis.
13 – EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA
Sentença estrangeira pode ser homologada no Brasil para: Art. 9º CP e Art. 787 a 790 CPC.
a) Obrigar o condenado a reparação de danos, a restituições e outros efeitos civis.
b) Sujeitá-lo à medida de segurança: (para os inimputáveis: manicômio Judiciário).
14 – CONTAGEM DE PRAZO
Prazo: lapso de tempo entre dois momentos.
No Direito Penal se conta o dia inicial e o final.
Termo Inicial: Dies a quo.
Termo final: Dies ad quem.
15 – LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Nas omissões das Leis esparsas ou extravagantes, deve o Código Penal dirimir as dúvidas.
II - DO CRIME
1 – CONCEITO
Conduta humana que, propositada ou descuidadamente, lesa ou expõe a perigo bens jurídicos considerados fundamentais para a existência da coletividade e da paz social. Pode ser conceituado sob os aspectos material, formal e analítico.
1.1 - Crime sob o aspecto Material
Quando a lei descreve uma ação e de um resultado, exigindo a ocorrência do resultado para que o crime seja consumado.
Busca estabelecer a essência do conceito, isto é, o porquê de determinado fato ser considerado criminoso e outro não.
O crime só se consuma com a produção do resultado naturalístico, como a morte, para o homicídio; a subtração, para o furto; a destruição, no caso do dano; a conjunção carnal ou outro ato libidinoso diverso, para o estupro etc.
O Estado criou uma série de condutas ilícitas consideradas crime, para as quais impôs uma sanção.
1.2 - Crime sob o aspecto Formal
O conceito de crime resulta da mera subsunção da conduta ao tipo legal e, portanto, considera-se infração penal tudo aquilo que o legislador descrever como tal, pouco importando o seu conteúdo. Considerar a existência de um crime sem levar em conta sua essência ou lesividade material afronta o princípio constitucional da dignidade humana.
O tipo não exige a produção do resultado para a consumação do crime, embora seja possível a sua ocorrência. Assim, o resultado naturalístico, embora possível, é irrelevante para que a infração penal se consume. É o caso, por exemplo, da ameaça, em que o agente visa intimidar a vítima, mas essa intimidação é irrelevante para a consumação do crime, ou, ainda, da extorsão mediante sequestro, no qual o recebimento do resgate exigido é irrelevante para a plena realização do tipo. Nesses tipos, pode haver uma incongruência entre o fim visado pelo agente — respectivamente, a intimidação do ameaçado e o recebimento do resgate — e o resultado que o tipo exige. A lei exige menos do que a intenção do sujeito ativo.
O Crime nada mais é que o desrespeito, violação ou descumprimento da lei penal.
1.3 – Crime sob o aspecto Analítico
O conceito de crime resulta é aquele que busca, sob um prisma jurídico, estabelecer os elementos estruturais do crime propiciando uma correta e mais justa decisão sobre a infração penal e seu autor, fazendo com que o julgador ou intérprete desenvolva o seu raciocínio em etapas. Sob esse ângulo, crime é todo fato típico e ilícito.
Dessa maneira, em primeiro lugar deve ser observada a tipicidade da conduta. Em caso positivo, e só neste caso, verifica-se se a mesma é ilícita ou não.
Sendo o fato típico e ilícito, já surge a infração penal. A partir daí, é só verificar se o autor foi ou não culpado pela sua prática, isto é, se deve ou não sofrer um juízo de reprovação pelo crime que cometeu.
Para a existência da infração penal, portanto, é preciso que o fato seja típico e ilícito.
a) Fato Típico: Para ser considerado crime o ato deve ser previsto em lei.
O fato típico possui quatro pressupostos: Conduta, Resultado, Nexo Causal e Tipicidade.
b) Ilicitude ou antijurídico: Para ser considerado crime o fato típico deve ser condicionado pela ilicitude satisfazendo os dois momentos.
Pela teoria finalista (Wetzel) só existem dois elementos no crime, o fato típico e o antijurídico (ilicitude) e a culpabilidade na conduta humana.
Com o finalismo de Welzel, descobriu-se que dolo e culpa integravam o fato típico e não a culpabilidade. A partir daí, com a saída desses elementos, a culpabilidade perdeu a única coisa que interessava ao crime, ficando apenas com elementos puramente valorativos. Com isso, passou a ser mero juízo de valoração externo ao crime, uma simples reprovação que o Estado faz sobre o autor de uma infração penal. Com efeito, a culpabilidade, em termos coloquiais, ocorre quando o Estado aponta o dedo para o infrator e lhe diz: você é culpado e vai pagar pelo crime que cometeu! Ora, isso nada tem que ver com o crime. É apenas uma censura exercida sobre o criminoso. Conclusão: a partir do finalismo, já não há como continuar sustentando que crime é todo fato típico, ilícito e culpável, pois a culpabilidade não tem mais nada que interessa ao conceito de crime.
1.4 – Crime de Mera Conduta: se consumam no exato momento em que determinada conduta ilícita é praticada. O resultado naturalístico não é apenas irrelevante, mas impossível. É o caso do crime de desobediência ou da violação de domicílio, em que não existe absolutamente nenhum resultado que provoque modificação no mundo concreto.
2 – REQUISITOS BÁSICOS DO CRIME
2.1. Genéricos: Fato Típico e Ilicitude (Antijurídico), e;
2.2. Específicos: Verbo (Núcleo), Objeto Jurídico, Sujeitos e Circunstâncias.
3 – SUJEITOS DO CRIME
Pode ser sujeitos ativo e passivo.
3.1. Sujeito Ativo: O ser humano que pratica o ilícito, geralmente unitariamente, mas nada impede a junção de esforços por duas ou mais pessoas.
3.2. Sujeito Passivo: O titular do bem jurídico lesado ou violado. Pode ser:
a) Constante ou Formal: O Estado aparece em todos os dispositivos.
b) Eventual ou Material: Somente o ser humano é passivo do crime, mas nada impede que a pessoa jurídica possa ser sujeito passivo.
3.3. NOMENCLATURA PARA SUJEITO ATIVO
De acordo com a instância jurisdicional: 1º Grau e 2º Grau.
a) 1º Grau
Agente: antes da prática delituosa.
Indiciado: fase do inquérito policial.
Acusado / Réu: quando o promotor oferece a denúncia.
Sentenciado: quando prolatada a sentença: condenado ou absolvido.
b) 2º Grau
Recorrente: apelante.
3.4. PERGUNTAS E RESPOSTAS
a) A pessoa jurídica pode cometer crimes?
Segundo Savigny, a pessoa jurídica não pode cometer crimes, pois não tem vontade, somente seus sócios e administradores. Societas delinquerenon potesta.
Segundo a teoria da realidade orgânica de Otto Gerke, a pessoa jurídica pode cometer crimes, pois tem vontade, haja vista, a vontade de comprar, vender, gravar ônus reais no patrimônio. Vide crimes ambientais. Art. 225, §3º, CF; art. 173, §5º, CF e também crimes na atividade econômica.
b) Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo de um crime? Ver qualidades de direito e de fato. Art. 312 CP, Peculato, funcionário público.
Uma pessoa jurídica aparece como sujeito passivo, principalmente nos crimes patrimoniais.
O Estado é sujeito passivo nos crimes cometidos por funcionários públicos: peculato, prevaricação e corrupção. É sujeito constante e eventual.
O sujeito considerado incapaz pode ser passivo nos casos de abandono intelectual, homicídio em estado puerperal.
O sujeito pode ser indeterminado. Art. 250 a 285 CP. Incêndio, Inundação e Desabamento.
No crime vago, art. 208, apresenta sujeito passivo indeterminado.
Morto não pode ser sujeito passivo de crime, art. 209. A família será o sujeito passivo.
Animais não podem ser sujeitos passivos de crime.
Estelionato art. 171, Autolesão com fins fraudulentos de receber seguro.
Suicídio Real não existe punição. Mors omnia solvit. A morte apaga tudo, cessam os direitos e obrigações.
4 - OBJETOS DO CRIME 
Podem ser Jurídicos e Materiais.
4.1. Objeto Jurídico do Crime: bem ou interesse tutelado pela norma penal. Todo crime, sem exceção, possui objeto jurídico. É o bem jurídico, isto é, o interesse protegido pela norma penal. É a vida, no homicídio; a integridade corporal, nas lesões corporais; o patrimônio, no furto; a honra, na injúria; a dignidade e a liberdade sexual da mulher, no estupro; a administração pública, no peculato etc. A disposição dos títulos e capítulos da Parte Especial do Código Penal obedece a um critério que leva em consideração o objeto jurídico do crime, colocando-se em primeiro lugar os bens jurídicos mais importantes: vida, integridade corporal, honra, patrimônio etc.
Bem é tudo aquilo que satisfaça uma necessidade humana. Os 11 títulos da parte especial do Código Penal nomeiam os bens jurídicos mais importantes, tais como: Crimes contra a pessoa, contra o patrimônio, contra a propriedade imaterial, contra a organização do trabalho, contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos, contra a dignidade sexual, contra a família, contra a incolumidade pública, contra a fazenda pública, contra a fé pública e contra a administração pública.
4.2. Objeto Material do Crime: pessoa ou coisa contra a qual se volta a conduta ilícita do agente. Num roubo, o objeto material do crime é a coisa alheia móvel atingida. Na lesão corporal o sujeito se confunde com o objeto material do crime. Existem crimes sem objeto material: os crimes de objetos imateriais, tais como: ato obsceno, falso testemunho, injúria, difamação e calúnia orais e sem registro material.
É a pessoa ou coisa sobre as quais recai a conduta. É o objeto da ação. Não se deve confundi-lo com objeto jurídico. Assim, o objeto material do homicídio é a pessoa sobre quem recai a ação ou omissão, e não a vida; no furto, é a coisa alheia móvel sobre a qual incide a subtração, e não o patrimônio; no estupro, é a mulher, e não a dignidade sexual etc. Há casos em que se confundem na mesma pessoa o sujeito passivo e o objeto do crime; por exemplo, no crime de lesões corporais a pessoa que sofre a ofensa à integridade corporal é, ao mesmo tempo, sujeito passivo e objeto material do crime previsto no art. 129 do CP, pois a ação é exercida sobre o seu corpo. Por outro lado, há crimes sem objeto material, como o de ato obsceno (CP, art. 223). Cumpre não confundir o objeto material do crime e o “corpo de delito”, ainda que possam coincidir; este é constituído do conjunto de todos os elementos sensíveis do fato criminoso, como prova dele, incluindo-se os instrumentos, os meios e outros objetos (arma, vestes da vítima, papéis etc.).
5 – CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES
O Sistema de Classificação dos Crimes no Brasil é o Sistema Dicotômico, no qual o Código penal descreve condutas unitárias e os ilícitos se dividem em crimes ou delitos e contravenções, mas basicamente não existem diferenças:
a) Crimes ou Delitos: mais graves com penas mais severas e;
b) Contravenções: menos graves com penas mais suaves.
Os Crimes são classificados quanto ao sujeito que pratica o ilícito e quanto ao resultado obtido pelo agente ao praticar o ilícito.
5.1. QUANTO AO SUJEITO DE PRATICA O ILÍCITO:
a) Crime comum: pode ser cometido por qualquer pessoa. A lei não exige nenhum requisito especial. Exemplo: homicídio, furto etc.
b) Crime próprio: só pode ser cometido por determinada pessoa ou categoria de pessoas, como o infanticídio (só a mãe pode ser autora) e os crimes contra a Administração Pública: só o funcionário público pode ser autor de Peculato Art. 312. Notificação obrigatória de doença infectocontagiosa - Art. 269. Admite a autoria mediata, a participação e a coautoria.
c) Crime de mão própria (de atuação pessoal ou de conduta infungível): só pode ser cometido pelo sujeito em pessoa, como o delito de falso testemunho - art. 342. Prevaricação - art. 319. Somente admite o concurso de agentes na modalidade participação, uma vez que não se pode delegar a outrem a execução do crime.
d) Crime Unilateral ou eventualmente coletivo: ????
e) Crime de concurso necessário ou plurissubjetivo: é o que exige pluralidade de sujeitos ativos (rixa — art. 137; quadrilha ou bando — art. 288; Bigamia – art. 235 etc.).
f) Crime de concurso eventual ou monossubjetivo: pode ser cometido por um ou mais agentes (homicídio — art. 121; roubo — art. 157 etc.).
g) Crime instantâneo: consuma-se em um dado instante, sem continuidade no tempo, como, por exemplo, o homicídio.
h) Crime instantâneo de efeito permanente: o momento consumativo se protrai no tempo, e o bem jurídico é continuamente agredido. A sua característica reside em que a cessação da situação ilícita depende apenas da vontade do agente, por exemplo, o sequestro (art. 148 do CP).
i) Crime instantâneo de efeitos permanentes: consuma-se em um dado instante, mas seus efeitos se perpetuam no tempo (homicídio). A diferença entre o crime permanente e o instantâneo de efeitos permanentes reside em que no primeiro há a manutenção da conduta criminosa, por vontade do próprio agente, ao passo que no segundo perduram, independentemente da sua vontade, apenas as consequências produzidas por um delito já acabado, por exemplo, o homicídio e a lesão corporal.
j) Crime habitual: é o composto pela reiteração de atos que revelam um estilo de vida do agente, por exemplo, rufianismo (CP, art. 230), exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica (CP, art. 282). Só se consuma com a habitualidade na conduta. Enquanto no crime habitual cada ato isolado constitui fato atípico, pois a tipicidade depende da reiteração de um número de atos, no crime continuado cada ato isolado, por si só, já constitui crime.
5.2 – QUANTO AO RESULTADO:
a) Crime de dano: exige uma efetiva lesão ao bem jurídico protegido para a sua consumação (homicídio, furto, dano, lesão corporal etc.). Ocorre quando o bem jurídico é efetivamente lesado.
b) Crime de perigo: para a consumação, basta a possibilidade do dano, ou seja, a exposição do bem a perigo de dano (crime de periclitação da vida ou saúde de outrem — art. 132 do CP). O crime de perigo subdivide-se em:
- crime de perigo concreto: quando a realização do tipo exige a existência de uma situação de efetivo perigo, é necessário que se prove;
- crime de perigo abstrato: no qual a situação de perigo é presumida, como no caso da quadrilha ou bando, em que se pune o agente mesmo que não tenha chegado a cometer nenhum crime, não existe a necessidade de prova;
- crime de perigo individual: que é o que atinge uma pessoa ou um número determinado de pessoas, como os dos arts. 130 a 137 do CP;
- crime de perigo comum ou coletivo: que é aquele que só se consuma se o perigo atingir um número indeterminado de pessoas,por exemplo, incêndio (art. 250), explosão (art. 251) etc.;
- crime de perigo atual: que é o que está acontecendo;
- crime de perigo iminente: isto é, que está prestes a acontecer;
- crime de perigo futuro ou mediato: que é o que pode advir da conduta, por exemplo, porte de arma de fogo, quadrilha ou bando etc.
- Princípio da lesividade: Esta espécie de classificação foi abandonada.
De acordo com a nova Lei do trânsito, basta o indivíduo estar alcoolizado para se configurar o perigo de dano. Perigo de contágio de doença venérea: não é necessário que a pessoa sã venha a desenvolver a doença. Rixa: basta a participação para se configurar o crime.
c) Crimes Materiais: é necessária a ocorrência de um resultado naturalístico. Os crimes materiais possuem quatro requisitos: conduta, resultado, nexo causal e tipicidade. Homicídio, lesão corporal, furto, roubo e crimes patrimoniais.
d) Crimes Formais: o tipo não exige a produção do resultado para a consumação do crime, embora seja possível a sua ocorrência. Assim, o resultado naturalístico, embora possível, é irrelevante para que a infração penal se consume. É o caso, por exemplo, da ameaça, em que o agente visa intimidar a vítima, mas essa intimidação é irrelevante para a consumação do crime, ou, ainda, da extorsão mediante sequestro, no qual o recebimento do resgate exigido é irrelevante para a plena realização do tipo. Nesses tipos, pode haver uma incongruência entre o fim visado pelo agente — respectivamente, a intimidação do ameaçado e o recebimento do resgate — e o resultado que o tipo exige. A lei exige menos do que a intenção do sujeito ativo (v. g., ele quer receber o resgate, mas o tipo se contenta com menos para a consumação da extorsão mediante sequestro). Por essa razão, esses tipos são denominados incongruentes. Os crimes formais possuem dois requisitos: conduta, e tipicidade.
e) Crimes de Mera Conduta: jamais haverá um resultado naturalístico, ele é irrelevante e impossível, pois a simples conduta já configura o crime. É o caso do crime de desobediência ou da violação de domicílio, em que não existe absolutamente nenhum resultado que provoque modificação no mundo concreto. Ato obsceno – art. 233, crime contra a honra – art. 138 a 140 – injúria, calúnia e difamação.
f) Crimes Simples: apresenta um tipo penal único (homicídio, lesões corporais etc.).
g) Crimes Complexos: resulta da fusão entre dois ou mais tipos penais (latrocínio = roubo + homicídio; estupro qualificado pelo resultado morte = estupro + homicídio; extorsão mediante sequestro = extorsão + sequestro etc.). Não constituem crime complexo os delitos formados por um crime acrescido de elementos que isoladamente são penalmente indiferentes, por exemplo, o delito de denunciação caluniosa (CP, art. 339), que é formado pelo crime de calúnia e por outros elementos que não constituem crimes.
6 - CONDUTA
É um comportamento (ação ou omissão) humano voluntário, livre e consciente (doloso ou culposo) destinado a uma finalidade. Conduta penalmente relevante é toda ação ou omissão humana, consciente e voluntária, dolosa ou culposa, voltada a uma finalidade, típica ou não, mas que produz ou tenta produzir um resultado previsto na lei penal como crime.
“Nullum crimem sine conducta”.
a) Conduta Humana: Não se preocupa o direito criminal com os resultados decorrentes de caso fortuito ou força maior: fatos da natureza, como o raio, a chuva e o terremoto, nem com os atos dos irracionais, porque nenhum deles poderia ter sido evitado. Não se preocupa também com os atos da pessoa jurídica, exceto com os crimes ambientais e contra a organização financeira, 
b) Conduta com Voluntariedade: É indispensável que a vontade humana seja livre e consciente, pois a conduta praticada mediante coação física vicia a conduta livre, e mesmo com atos derivados de puro reflexo, onde não houver vontade, não existirá conduta perante o ordenamento jurídico repressivo.
c) Conduta Exteriorizada: Os seres humanos são entes dotados de razão e vontade. A mente processa uma série de captações sensoriais, transformadas em desejos. O pensamento, entretanto, enquanto permanecer encastelado na consciência, não representa absolutamente nada para o Direito Penal (pensiero non paga gabella; cogitationis poena nemo patitur). Somente quando a vontade se liberta do claustro psíquico que a aprisiona é que a conduta se exterioriza no mundo concreto e perceptível, por meio de um comportamento positivo, a ação (“um fazer”), ou de uma inatividade indevida, a omissão (“um não fazer o que era preciso”). A exteriorização da conduta por meio de uma ação ou omissão não é suficiente, porém. O Direito Penal só empresta relevo aos comportamentos humanos que tenham, na vontade, a sua força motriz. As pessoas humanas, como seres racionais, conhecedoras que são da lei natural da causa e efeito, sabem perfeitamente que de cada comportamento pode resultar um efeito distinto (sabe-se que o fogo queima, que o impacto contundente lesiona ou mata, a falta de oxigênio asfixia, a tortura causa dor etc.). Assim, conhecedoras que são dos processos causais, e sendo dotadas de razão e livre-arbítrio, podem escolher entre um ou outro comportamento. É com isso que se preocupa o Direito Penal. Funda-se no princípio geral da evitabilidade (cf. tópico abaixo — “Teorias da conduta”), no sentido de que só lhe interessam as condutas que poderiam ter sido evitadas. 
6.1 – FORMAS DE CONDUTA
A) Comissiva: ação positiva. 
B) Omissiva: ação negativa, inação ou omissão.
Omissiva Própria: deixar de fazer.
Omissiva Imprópria ou Comissiva por Omissão: art. 13 §2º. Demonstra a figura do garantidor ou garante: o indivíduo que está obrigado a evitar o resultado.
Exemplos:
- O carcereiro em relação ao preso sob sua custódia.
- A polícia em relação ao dever de dar segurança.
- Pai ou mãe em relação aos filhos.
- Tomador de conta em relação às crianças e aos idosos sob sua responsabilidade.
- Motorista em relação ao caronista.
- Professor de natação convida um aluno para atravessar a nado um rio, mas o perde de vista por um momento, demonstra desatenção.
Se o resultado for contrário ao direito, é crime. Assim quando a ação da conduta humana for comissiva gerando o resultado ilícito ou quando a ação da conduta humana for omissiva própria ou imprópria gerando o resultado ilícito, estamos diante de um crime.
6.2 - TEORIAS SOBRE A CONDUTA
Conduta Dolosa ou Culposa. Temos duas teorias sobre a conduta humana que se confrontam.
A - Teoria Causal ou Naturalista (Clássica) – Teoria superada.
O crime era dividido em três elementos:
Fato Típico: causa e efeito.
Ilícito:
Culpável: dolo ou culpa. O indivíduo apresenta a conduta dolosa ou culposa na culpabilidade.
B – Teoria Finalista ou Moderna
O crime é dividido em dois elementos:
Fato Típico: Conduta (Dolosa ou Culposa).
Ilícito: Culpa (Imputabilidade, Potencial consciência da ilicitude e Exigibilidade de conduta diversa).
Toda conduta tem na finalidade o seu fundamento e assim o tipo por estar intimamente ligada a conduta pode ser dolosa ou culposa.
Elementos da conduta: são quatro: a) vontade; b) finalidade; c) exteriorização (inexiste enquanto enclausurada na mente); d) consciência.
Obs.: só as pessoas humanas podem realizar conduta, pois são as únicas dotadas de vontade e consciência para buscar uma finalidade. Animais irracionais não realizam condutas, e fenômenos da natureza não as constituem.
7 – RESULTADO
É a modificação do mundo exterior provocado pela conduta do agente, podendo ser naturalística ou jurídica.
7.1 - Resultado Naturalístico: quando houver modificação provocada no mundo exterior pela conduta do agente, decorrem dos crimes materiais, tais como: homicídio - art. 121, lesão corporal - art. 129, furto – art. 155 e roubo - art. 157.
7.2 – Resultado Jurídico ou normativo: quando o efeito do crime se dá na esfera jurídica ou normativa, decorrente da lesão ou perigo de lesão de um bem jurídico tutelado, decorrem de crimes formais, de mera conduta e omissivo próprio, taiscomo: extorsão mediante sequestro – art. 159, violação de domicílio – art. 150 e omissão de socorro – art. 135.
8 - NEXO CAUSAL
É a relação natural de causa e efeito entre a conduta do agente e o resultado dela decorrente. É própria dos crimes materiais, pois nestes só quando fica demonstrado o nexo causal, ou seja, tal conduta de determinado agente provocou o resultado ilícito.
8.1 – Teoria da Equivalência dos Antecedentes
Foi a teoria adotada pelo Código Penal no que se refere ao nexo de causalidade, conforme o art. 13. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Também é chamada de teoria da conditio sine qua nom, na qual tudo o quer concorrer para o resultado é causa.
Desta forma para saber se o comportamento é causa do resultado utiliza-se o método da eliminação de Thyrém, bastando excluí-lo da série causal, se isso implicar na eliminação do delito, tal comportamento é a causa.
Feito isso será verificada conduta, sendo evidente que somente será punido aquele que agiu com dolo ou culpa, evitando-se o regressus ad infinitum.
8.2 – Superveniência causal (Concausa – art. 13 §1º)
Concausa: são todas as causas que concorrem paralelamente com outras, contribuindo para a produção do resultado. Não há diferenças práticas entre causas, concausas e condições, pois tudo que contribui para um resultado é causa deste. Podem ser dependentes e independentes.
A) Causas dependentes: são aquelas que se encontram dentro da linha de desdobramento normal da conduta, jamais rompendo o nexo causal.
B) Causas Independentes: são aquelas que, por si só, produzem o resultado, ou seja, não se incluem no desdobramento normal da conduta.
a) Causas absolutamente independentes: São as que tem origem totalmente diversa da conduta do agente. A causa provocativa do resultado não se originou na conduta do agente. Houve ruptura do nexo causal, já que o resultado decorre de outra causa que o comportamento do agente. Podem ser:
- Preexistentes (anterior): A esfaqueia B que fora envenenado por C, B morre em função do veneno. B é condenado por tentativa de homicídio, haja vista a causa absolutamente independente preexistente do envenenamento por C, que é condenado por homicídio consumado.
- Concomitantes (ao mesmo tempo): A esta envenenando B quando entram bandidos no local e matam a vítima com vários disparos. 
- Supervenientes (posterior): A envenena B. B morre de traumatismo craniano porque lhe caiu um lustre na cabeça.
b) Causas relativamente independentes: são aquelas que por si só produzem o resultado e se originam na conduta do agente. Podem ser:
- Preexistentes (anterior): A esfaqueia B, golpe insuficiente para lhe matar. No entanto B vem a falecer decorrente de grande perda de sangue, por ser hemofílica. A responde pelo crime, pois o nexo causal não foi rompido.
- Concomitantes (ao mesmo tempo): A dá um disparo em B, que morre de ataque cardíaco decorrente do susto, ligado a conduta de A, que responde pelo crime.
- Supervenientes (posterior): A esfaqueia gravemente B que ao ser levado de ambulância, acaba morrendo devida a violenta colisão em acidente de trânsito. B só estava na ambulância devido a conduta de A que responde por tentativa de homicídio.
CUIDADOS: Devemos observar os desdobramentos, pois não se pode imputar ao agente, o caso fortuito e de força maior, pois mesmo com todo o dever de cuidado, podem ocorrer falhas mecânicas que causam acidentes provocando a morte de várias pessoas.
9 – TIPICIDADE (Adequação Típica)
Adequação da conduta humana à previsão legal. (É o nome que se dá ao enquadramento da conduta ilícita concretizada pelo agente descrita na norma penal). Condutas reprováveis pelo legislador = descrição legal do delito = crimes.
Princípio da reserva legal: art. 5º.
A adequação típica pode ser imediata ou direta e imediata ou indireta:
9.1 – Adequação Típica Imediata ou Direta: quando houver correspondência total da conduta ao tipo. Ela decorre da autoria na realização da conduta descrita no tipo e da consumação do ilícito penal.
9.2 - Adequação Típica Mediata ou Indireta: quando a materialização da tipicidade exige a utilização de uma norma de extensão, sem a qual seria impossível enquadrar a conduta no tipo. Como ocorre nas hipóteses de participação – art. 29 e tentativa – art. 14, II.
Norma de Extensão: é utilizada no enquadramento de um ilícito à tipicidade mediata, elencando-se a parte geral do código penal: art. 14, II e art. 29.
10 – TIPO PENAL
É uma norma que descreve condutas criminosas. Quando alguém pratica uma conduta descrita em um tipo penal, ocorre a tipicidade.
10.1 – TEORIA DO TIPO
Os Tipos penais estatuem proibições de condutas na vida em sociedade, estabelecendo penas àqueles que venham a desrespeitá-las, dessa maneira quando o legislador estabelece uma pena de reclusão, de 6 a 20 anos, para quem mata alguém, está, em verdade, proibindo a conduta de matar, e pelo princípio da legalidade, a lei deve definir a conduta criminosa e não apenas proibi-la. Escola alemã – Tat Bestand.
Norma criminal: é a descrição da conduta ilícita praticada pelo agente. Se esta conduta ilícita não estiver prevista em lei, não poderá ser criminalizada.
10.2 – FUNÇÕES DO TIPO
Os tipos penais são modelos criados pela lei, por meio dos quais as condutas consideradas indesejáveis pelo senso comum e filtradas pelo legislador, são descritas taxativamente como crimes, com a finalidade de dar aos indivíduos a garantia maior do princípio da reserva legal e também aponte a ilicitude.
a) Garantia: a certeza de só ser punido por conduta descrita em lei.
b) Ilicitude: todo fato típico é ilícito ou antijurídico, a não ser que exista fato que seja causa de justificação ou de exclusão de ilicitude, quando o fato se torna lícito.
Vide periculum in mora e fumus bônus juris.
Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato:
• Vide art. 188, I, do CC.
• Vide arts. 65 e 314 do CPP.
I – em estado de necessidade;
II – em legítima defesa;
III – em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito
-----------------------------------------------
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I – os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
-----------------------------------------------
Tipicidade conglobante: atualmente a escola de direito argentina está sendo menosprezada, pois Zaffaroni afirma que uma norma não pode ser típica e atípica ao mesmo tempo.
10.3 – ELEMENTOS DO TIPO PENAL
Para que o tipo penal consiga descrever a conduta incriminada serve-se de elementos e circunstâncias.
Podem ser: Elementos Objetivos ou Descritivos, Elementos Normativos e Elementos Subjetivos.
a) Elementos Objetivos ou Descritivos: São aqueles que descrevem a conduta criminosa se extraindo da mera observação. Compõe-se de: Verbo = núcleo, sujeitos ativo e passivo, objeto material e descrição do procedimento.
b) Elementos Normativos: são aqueles que exigem um juízo de valor e não se extraindo da mera observação, sempre dependendo de uma interpretação. Os tipos culposos são sempre normativos.
Chamado de elemento normativo moral ou extrajurídico quando depende de um juízo de valor moral, religioso, social ou consuetudinário etc., tal como dignidade e decoro – art. 140 e ato obsceno – art. 233.
c) Elementos Subjetivos: São aqueles quando o tipo penal exige alguma finalidade específica por parte do agente ao cometer o crime.
Tal como extorsão mediante sequestro – art. 159, no qual o elemento subjetivo é a intenção de receber resgate em troca da libertação da vítima ou falsa identidade – art. 307: Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem, no qual o elemento subjetivo é a obtenção de vantagens.
10.4 – CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS PENAIS
Os tipos penais são classificados de acordo com seus elementos constitutivose podem ser: Fechado, Aberto, Normal e Anormal.
a) Tipo Fechado: é aquele que descreve pormenorizadamente o ilícito, possuindo uma descrição completa e não necessitando de nenhum juízo de valor.
- Matar alguém - art. 121, Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem – art. 129 e Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fechada, dirigida a outrem – art. 151.
b) Tipo Aberto: são aqueles que não descrevem pormenorizadamente o ilícito, não possuem uma descrição completa e necessitam de interpretação ou juízo de valor da norma de extensão.
- Participar de rixa, salvo para separar os contendores – art. 137. Conforme Houaiss:
1) estado de hostilidade entre pessoas, grupos etc. em desacordo; querela, disputa, briga, discórdia; 
1.1) Rubrica: termo jurídico: disputa, contenda, discórdia entre mais de duas pessoas, seguida de contravenção penal;
2) grande tumulto e perturbação da ordem; revolta, motim.
c) Tipo Normal: é aquele que contém somente elementos objetivos.
Matar alguém - art. 121.
d) Tipo Anormal: é aquele que além dos elementos objetivos contém elementos normativos e subjetivos, pressupondo para o enquadramento, uma interpretação para o caso concreto.
Homicídio culposo – art. 121, § 3º.
11 – TIPOS DOLOSOS ou Conduta Dolosa
Existe o crime doloso quando o agente quer o resultado (dolo direto - teoria da vontade) ou quando assume o risco de produzir o resultado (Incompatível com o dolo eventual – teoria do assentimento – receptação simples e de favorecimento real).
A Consciência e a vontade são os elementos fundamentais do dolo.
Consciência de que o fato praticado ou tentado é ilícito.
A conduta humana possui dois momentos: o interno e o externo. A vontade criminosa só passa a ser dolosa quando exteriorizada.
Dolo é a vontade livre e consciente de atingir uma finalidade.
11.1 – TEORIAS SOBRE O DOLO
a) Teoria da Vontade: Atua com dolo quem quer o resultado. Dolo é a vontade de realizar a conduta e produzir o resultado. – art. 18, I: O crime é doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo – dolo direto;
b) Teoria da Representação: Atua com dolo quem pressente, prevê o resultado, sabe o resultado, mas não quer agir.
c) Teoria do Assentimento: O agente não quer o resultado, mas aceita o risco do resultado. - art. 18, II: O crime é culposo quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. – dolo eventual;
11.2 – ESPÉCIES DE DOLO
a) Dolo Natural: espécie de dolo adotada pela teoria finalista da ação e consagrada no Código Penal, que pressupõe: consciência da conduta, consciência do resultado, nexo causal e a vontade de realizar a conduta e a vontade de provocar o resultado. O agente busca qualquer resultado, seja justo ou injusto, lícito ou ilícito, tal qual estudar ou matar alguém. Nesta teoria o dolo é parte integrante da conduta (ação), deixando de lado a consciência da ilicitude.
b) Dolo Normativo: segundo a escola clássica, o dolo contém a consciência da ilicitude e é elemento integrante da culpabilidade. O agente tem consciência da ilicitude. (consciência, vontade e ilicitude consciente).
c) Dolo Direto ou Determinado: quando o agente visa certo e determinado resultado.
d) Dolo Indireto ou Indeterminado: quando o agente não visa certo e determinado resultado, em face de sua vontade indeterminada. Possui duas formas:
1) Dolo Alternativo: quando a intenção do agente não é perfeitamente identificada, pois tanto faz ferir, quanto matar.
2) Dolo Eventual: quando o agente assume o risco de produzir o resultado. O agente não quer o resultado, mas o aceita (tanto faz) – art. 130: Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado. “Dê no que der, haja o que houver, eu vou tentar”, que é diferente de Culpa Consciente, quando o agente confia na habilidade profissional.
e) Dolo de Dano: é a vontade livre e consciente de causar dano ou prejuízo ao bem jurídico de terceiros.
f) Dolo de Perigo: é a exposição ao perigo de bens jurídicos de outra pessoa – art. 129: Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem; art. 132: Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente.
g) Dolo Genérico: é o dolo comum, pois o agente tem a vontade de realizar a conduta descrita na lei, sem um fim qualquer;
h) Dolo Específico: O agente tem a vontade direcionada para atingir uma finalidade específica. Extorsão mediante sequestro – art. 159: Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate.
i) Dolo Geral: ocorre quando o agente se equivoca, supondo ter alcançado o resultado desejado, pratica nova ação que efetivamente o provoca. A dá um tiro em B. B desmaia. Quando A vai esconder o corpo de B na água, este morre afogado.
12 – TIPOS CULPOSOS
O crime culposo é aquele resultante da inobservância de um cuidado necessário, manifestada na conduta produtora de um resultado objetivamente previsível, por meio da imprudência, negligência ou imperícia.
No crime culposo, o agente não quer nem assume o risco de produzir o resultado, mas a ele dá causa, nos termos do art. 18, II: 
Não existe tipo culposo de mera conduta. Todo crime culposo é material porque exige um resultado naturalístico (mudança material do mundo exterior) involuntário. É necessária a existência de nexo causal entre a conduta e o resultado.
A culpa é um elemento normativo da conduta. A culpa ocorre pela falta de observação às cautelas necessárias a vida em sociedade. Necessitam de um juízo de valor; são do tipo aberto.
A base da culpa é sempre a previsibilidade, comparando-se a conduta com a do homo medius, prudente e cauteloso.
- EXCEPCIONALIDADE DO CRIME CULPOSO
Toda conduta culposa é expressamente mencionada no Código Penal. Só existe o ilícito culposo e a respectiva punição, se for mencionado no Código Penal.
A imensa maioria dos crimes é dolosa. Só existe um ilícito culposo se o mesmo for mencionado no Código Penal.
Nós não poderíamos dizer que existe um furto, roubo ou estupro culposo. Já o homicídio, lesão corporal, incêndio e peculato existem na forma de conduta culposa.
Na culpa há um desvalor da conduta, enquanto que no dolo há um desvalor do resultado.
12.1 – ESPÉCIES DE CULPA
a) Culpa Inconsciente: É a culpa comum, quando o agente não prevê o resultado, que, entretanto, era objetiva e subjetivamente previsível.
b) Culpa Consciente ou com previsão: o agente prevê o resultado, mas não o aceita, pois espera que ele não ocorra devido a sua habilidade técnica ou perícia, é diferente do dolo eventual (quando tanto faz).
c) Culpa Própria: é aquela em o sujeito não quer e não assume o risco de produzir o resultado.
d) Culpa Imprópria ou por extensão: é também chamada de culpa por extensão, por assimilação, por equiparação. É aquela que está baseada num erro, no qual o agente supõe estar agindo acobertado por uma excludente de ilicitude (descriminante putativa) e, em razão disso, intencionalmente provoca um resultado ilícito. Ver arts. 20 §1º, 2ª parte – erro sobre elementos do tipo, e 23, parágrafo único.
12.2 – ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO
a) Conduta voluntária: Fazer ou não fazer; o que importa nos crimes culposos não é a finalidade da conduta do agente, mas o resultado que ela provoca e o desvalor da ação ou omissão que a ele deu causa. Conduta culposa é aquela na qual o agente não observa um dever de cuidado, imposto a todos no convívio social, e, por esse motivo, causa um resultado típico.
b) Inobservância do Dever de Cuidado Objetivo: art. 18.
A culpa ocorre pela falta de observação às cautelas necessárias a vida em sociedade. Necessita de um juízo de valor, são abertos. Culpa é um elemento normativo da conduta.
- Imprudência: Conduta positiva, uma ação que ocorre quando o agente toma uma atitude com falta de cuidado, com afoiteza, sem as cautelas necessárias. Uma ação que provoca o resultado. Excesso de velocidade e brincadeiras com arma de fogo municiada.- Negligência: Conduta negativa, uma omissão que ocorre quando há inércia e indiferença do agente, que podendo tomar as devidas cautelas, não o faz por preguiça. Uma omissão que causa o resultado. Não fazer a manutenção dos freios do veículo e não providenciar EPIs.
 - Imperícia: Incapacidade ou falta de conhecimento técnico no exercício de arte ou ofício. A imperícia pressupõe a falta de qualidade ou habilitação para o exercício legal de determinada arte ou ofício, na qual a culpa é imputada ao agente por imprudência ou negligência.
c) Previsibilidade Objetiva: A base da culpa é sempre a previsibilidade comparando-se a conduta do agente com a conduta do homo medius prudente e cauteloso. No Direito Penal a ausência de previsibilidade não exclui a culpa, somente a culpabilidade. O agente só se exime da culpa se esta se originar na vítima.
- Previsibilidade Objetiva: é a previsibilidade comum. Qualquer pessoa dotada de prudência mediana tem a possibilidade de prever o resultado.
d) Ausência de Previsibilidade Subjetiva: deve estar presente para que o agente seja culpável. Inexistente na culpa consciente.
- Previsibilidade Subjetiva: é a possibilidade que o agente, dado as condições peculiares tinha a obrigação de prever o resultado, sem se importar com a conduta mediana.
e) Resultado Involuntário: a mera observância do dever de cuidado, não basta para caracterizar o crime culposo. É necessária a ocorrência do resultado descrito na lei e não desejado pelo agente.
f) Nexo Causal: conduta determinada provoca o resultado ilícito tipificado, art. 13.
g) Tipicidade: Adequação da conduta humana à previsão legal.
13 – CRIME QUALIFICADO PELO RESULTADO
É aquele que tem a descrição da conduta típica, completa com todos os seus elementos, e também um resultado, cuja ocorrência acarreta um agravamento da sanção penal. Ocorrem em face desse resultado agravador.
O crime qualificado pelo resultado possui dois momentos ou etapas: 1ª) prática de um crime completo, com todos os seus elementos (fato antecedente); 2ª) produção de um resultado agravador, além daquele que seria necessário para a consumação (fato consequente).
No fato antecedente, há um crime perfeito e acabado, praticado a título de dolo ou culpa, ao passo que, no fato consequente, um resultado agravador produzido dolosa ou culposamente acaba por tipificar um delito mais grave.
Exemplo: a ofensa à integridade corporal de outrem, por si só, já configura o crime previsto no art. 129, caput, do Código Penal, mas, se o resultado final caracterizar uma lesão grave ou gravíssima, essa consequência servirá para agravar a sanção penal, fazendo com que o agente responda por delito mais intenso.
Um só crime: o crime qualificado pelo resultado é um único delito, que resulta da fusão de duas ou mais infrações autônomas. Trata-se de crime complexo, portanto.
13.1 – ESPÉCIES DE CRIMES QUALIFICADOS PELO RESULTADO
a) Dolo no antecedente e dolo no consequente: nesse caso, temos uma conduta dolosa e um resultado agravador também doloso. O agente quer produzir tanto a conduta como o resultado agravador. Exemplo: marido que espanca a mulher até atingir seu intento, provocando-lhe deformidade permanente (CP, art. 129, § 2º, IV). Na hipótese, há dolo no comportamento antecedente e na produção do resultado agravador, pois o autor não quis apenas produzir ofensa à integridade corporal da ofendida, mas obter o resultado “deformidade permanente” (dolo no antecedente e dolo no consequente).
b) Culpa no antecedente e culpa no consequente: o agente pratica uma conduta culposamente e, além desse resultado culposo, acaba produzindo outros, também a título de culpa. No crime de incêndio culposo, por exemplo, considerado fato antecedente, se, além do incêndio, vier a ocorrer alguma morte, também por culpa, o homicídio culposo funcionará como resultado agravador (fato consequente). É a hipótese prevista no art. 258, parte final, do Código Penal, que prevê o crime de incêndio culposo qualificado pelo resultado morte.
c) Culpa no antecedente e dolo no consequente: o agente, após produzir um resultado por imprudência, negligência ou imperícia, realiza uma conduta dolosa agravadora. É o caso do motorista que, após atropelar um pedestre, ferindo-o, foge, omitindo-lhe socorro (CTB, art. 303, parágrafo único). Houve um comportamento anterior culposo, ao qual sucedeu uma conduta dolosa, que agravou o crime (culpa no antecedente e dolo no consequente).
d) Conduta dolosa e resultado agravador culposo (crime preterdoloso ou preterintencional): o agente quer praticar um crime, mas acaba excedendo-se e produzindo culposamente um resultado mais gravoso do que o desejado. É o caso da lesão corporal seguida de morte, na qual o agente quer ferir, mas acaba matando (CP, art. 129, § 3º).
Exemplo: sujeito desfere um soco contra o rosto da vítima com intenção de lesioná-la, no entanto, ela perde o equilíbrio, bate a cabeça e morre. Há um só crime: lesão corporal dolosa, qualificada pelo resultado morte culposa, que é a lesão corporal seguida de morte.
O agente queria provocar lesões corporais, mas, acidentalmente, por culpa, acabou gerando um resultado muito mais grave, qual seja, a morte. Na hipótese, diz-se que o autor fez mais do que queria, agiu além do dolo, isto é, com preterdolo. Somente esta última espécie de crime qualificado pelo resultado configura o crime preterdoloso ou preterintencional.
	CRIME QUALIFICADO PELO RESULTADO
	Fato Antecedente
	Fato Consequente
	Código Penal
	Dolo (Lesão corporal)
	Dolo (Natureza grave ou gravíssima das Lesões)
	Art. 129, § 2º, IV
	Culpa (Incêndio culposo)
	Culpa (Homicídio culposo pessoas no Local)
	Arts. 250 e 258
	Culpa (Lesão corporal trânsito)
	Dolo (Omissão de socorro)
	Art. 303 CBT
	Dolo (Roubo, Estupro)
	Culpa (Morte da vítima)
	Art. 129, § 3º
14 – CONSUMAÇÃO E CRIME CONSUMADO
Crime Consumado: é aquele em que foram realizados todos os elementos constantes de sua definição legal. Exemplo: o crime de furto se consuma no momento em que o agente subtrai, para si ou para outrem, coisa alheia móvel, ou seja, no exato instante em que o bem sai da esfera de disponibilidade da vítima, que, então, precisará agora retomá-lo. Nesse caso, todas as elementares do tipo do furto foram inteiramente realizadas.
14.1 - A CONSUMAÇÃO NAS VÁRIAS ESPÉCIES DE CRIMES:
a) materiais: com a produção do resultado naturalístico;
b) culposos: com a produção do resultado naturalístico;
c) de mera conduta: com a ação ou omissão delituosa;
d) formais: com a simples atividade, independente do resultado;
e) permanentes: o momento consumativo se protrai (prolonga) no tempo;
f) omissivos próprios: com a abstenção do comportamento devido;
g) omissivos impróprios: com a produção do resultado naturalístico;
h) qualificados pelo resultado: com a produção do resultado agravador;
i) complexos: quando os crimes componentes estejam integralmente realizados;
j) habituais: com a reiteração de atos, pois cada um deles, isoladamente, é indiferente à lei penal. O momento consumativo é incerto, pois não se sabe quando a conduta se tornou um hábito, por essa razão, não cabe prisão em flagrante nesses crimes.
14.2 - ITER CRIMINIS
É o caminho do crime. São quatro as etapas que deve percorrer: cogitação, preparação, execução e consumação.
a) Cogitação: o agente apenas mentaliza, idealiza, prevê, antevê, planeja, deseja, representa mentalmente a prática do crime. Nessa fase o crime é impunível, pois cada um pode pensar o que bem quiser. Pensiero non paga gabella, cogitationis poena nemo patitur.
Enquanto encarcerada nas profundezas da mente humana, a conduta é um nada, totalmente irrelevante para o Direito Penal. Somente quando se rompe o claustro psíquico que a aprisiona, e materializa-se concretamente a ação, é que se pode falar em fato típico.
b) Preparação: prática dos atos imprescindíveis à execução do crime. Nessa fase ainda não se iniciou a agressão ao bem jurídico.
O agente não começou a realizar o verbo constante da definiçãolegal (o núcleo do tipo), logo, o crime ainda não pode ser punido. Existem três exceções, nas quais a preparação é punível: incitação ao crime - art. 286, quadrilha ou bando – art. 287 e petrechos para falsificação de moeda – art. 291.
c) Execução: o bem jurídico começa a ser atacado. Nessa fase o agente inicia a realização do núcleo do tipo, e o crime já se torna punível.
d) Consumação: todos os elementos que se encontram descritos no tipo penal foram realizados.
14.3 - Fronteira entre o fim da preparação e o início da execução
Vale o princípio in dubio pro réu, pois é muito tênue a linha divisória entre o término da preparação e a realização do primeiro ato executório. Torna-se, assim, bastante difícil saber quando o agente ainda está preparando ou já está executando um crime. O melhor critério para tal distinção é o que entende que a execução se inicia com a prática do primeiro ato idôneo e inequívoco para a consumação do delito. Enquanto os atos realizados não forem aptos à consumação ou quando ainda não estiverem inequivocamente vinculados a ela, o crime permanece em sua fase de preparação. Desse modo, no momento em que o agente aguarda a passagem da vítima, escondido atrás de uma árvore, ainda não praticou nenhum ato idôneo para causar a morte daquela, nem se pode estabelecer induvidosa ligação entre esse fato e o homicídio a ser praticado.
14.4 - CRITÉRIO LÓGICO-FORMAL - A Delimitação do Início de Execução
Parte de um enfoque objetivo, diretamente ligado ao tipo. A atividade executiva é típica, e, portanto, o princípio de execução tem de ser compreendido como início de uma atividade típica. Assim, o ato executivo é aquele que realiza uma parte da ação típica.
Critica-se a adoção de tal critério, pois estreitaria sobremaneira a esfera de incidência da tentativa, deixando esta de abarcar diversos atos reprováveis e passíveis de sancionamento, os quais constituiriam meros atos preparatórios impuníveis.
Esse critério foi adotado pelo nosso sistema jurídico em face de um de seus princípios basilares, o princípio da reserva legal, pois só constitui crime o fato expressamente previsto em lei. Logo, somente caracterizará início de execução (e, portanto,
a tentativa punível) o ato idôneo para a consumação do delito.
15 – TENTATIVA (Conatus) E CRIME TENTADO
É a não consumação de um crime, cuja execução foi iniciada, por circunstâncias alheias à vontade do agente. Na definição de Wessels, “É a manifestação da resolução para o cometimento de um fato punível através de ações que se põem em relação direta com a realização do tipo legal, mas que não tenham conduzido à sua consumação”.
De acordo com Teoria Objetiva ou realística a tentativa deve ser punida de forma mais branda que o crime consumado, porque objetivamente produziu um mal menor, e, além disso, não se pune a intenção, mas o efetivo percurso do iter criminis.
A pena por tentativa é a mesma da consumação do ilícito, podendo ser reduzida de acordo com a distância da consumação em até 2/3 – art. 14 §1º.
A Natureza jurídica da tentativa é uma norma de extensão temporal da figura típica causadora de adequação típica mediata ou indireta.
15.1 – ELEMENTOS DA TENTATIVA
Constituem elementos da tentativa o início de execução, a não consumação e a interferência de circunstâncias alheias à vontade do agente.
a) Ação - o início de execução: conforme já salientado, é bastante nebulosa a linha demarcatória que separa os atos preparatórios não puníveis dos atos de execução puníveis. O legislador, no art. 14, II, do CP, estabelece essa divisão ao fazer referência ao início de execução. 
b) Interrupção da execução - a não consumação: a interferência de circunstâncias alheias à vontade do agente.
c) Elemento Subjetivo – dolo: a vontade de atingir só existe em ilícitos consumados.
15.2 – FORMAS DE TENTATIVAS
a) Imperfeita: há interrupção do processo executório; o agente não chega a praticar todos os atos de execução do crime, por circunstâncias alheias à sua vontade.
b) Perfeita ou acabada (também conhecida por crime falho): o agente pratica todos os atos de execução do crime, mas não o consuma por circunstâncias alheias à sua vontade.
c) Branca ou incruenta: a vítima não é atingida, nem vem a sofrer ferimentos. Importante notar que a tentativa branca pode ser perfeita ou imperfeita. No primeiro caso, o agente realiza a conduta integralmente, sem, contudo, conseguir ferir a vítima (erra todos os tiros); no segundo, a execução é interrompida sem que a vítima seja atingida (após o primeiro disparo errado, o agente é desarmado).
d) Vermelha ou Cruenta: a vítima é atingida, vindo a lesionar-se. Do mesmo modo, pode ocorrer tentativa cruenta na tentativa imperfeita (a vítima é ferida, e, logo em seguida, o agente vem a ser desarmado) ou na perfeita (o autor descarrega a arma na vítima, lesionando-a).
15.4 - INFRAÇÕES PENAIS QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA
a) Crime Unissubsistente ou de mera conduta;
b) Crimes Culposos (salvo a culpa imprópria, para parte da doutrina);
c) Crimes Preterdolosos (no latrocínio tentado, o resultado morte era querido pelo agente, logo, embora qualificado pelo resultado, esse delito só poderá ser preterdoloso quando consumado);
d) Crimes Habituais (ou há a habitualidade e o delito se consuma, ou não há e inexiste crime);
e) Contravenções penais (a tentativa não é punida — v. art. 4º da LCP);
f) Crimes que a lei só pune se ocorrer o resultado (CP, art. 122);
g) Crimes em que a lei pune a tentativa como delito consumado (CP, art. 352).
h) Crimes omissivos próprios (de mera conduta – art. 135);
15.5 – EXAURIMENTO
Crime exaurido é aquele no qual o agente, após atingir o resultado consumativo, continua a agredir o bem jurídico, procura dar-lhe uma nova destinação ou tenta tirar novo proveito, fazendo com que sua conduta continue a produzir efeitos no mundo concreto, mesmo após a realização integral do tipo.
É o caso do funcionário público que, após atingir a consumação mediante a solicitação de vantagem indevida, vem a efetivamente recebê-la (CP, art. 317). Para o aperfeiçoamento típico, o efetivo recebimento dessa vantagem é irrelevante, pois se atinge a consumação com a mera solicitação; no entanto, o recebimento é um proveito ulterior obtido pelo sujeito ativo.
Quando não prevista como causa específica de aumento, o exaurimento funcionará como circunstância judicial na primeira fase da aplicação da pena (CP, art. 59, caput — consequências do crime). Tal função é subsidiária, porque, em alguns casos, como no da corrupção passiva, em que vem previsto expressamente no tipo incriminador como causa de aumento de pena (CP, art. 317, § 1º), o exaurimento incidirá como tal, hipótese em que não poderá funcionar também como circunstância judicial, evitando-se, assim, a dupla apenação.
16 - DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ (Art. 15)
O agente pretendia produzir o resultado consumativo, mas acabou por mudar de ideia, vindo a impedi-lo por sua própria vontade. Em outras palavras, são espécies de tentativa abandonada ou qualificada. Como o próprio nome diz, havia uma tentativa, que foi abandonada. Desse modo, o resultado não se produz por força da vontade do agente, ao contrário da tentativa, na qual atuam circunstâncias alheias a essa vontade.
a) Desistência voluntária: o agente interrompe voluntariamente a execução do crime, impedindo, desse modo, a sua consumação. Nela dá-se o início de execução, porém, o agente, muda de ideia e, por sua própria vontade, interrompe a sequência de atos executórios, fazendo com que o resultado não aconteça. Exemplo: o agente tem um revólver municiado com seis projéteis. Efetua dois disparos contra a vítima, não a acerta e, podendo prosseguir atirando, desiste por vontade própria e vai embora.
b) Arrependimento eficaz: o agente, após encerrar a execução do crime, impede a produção do resultado. Nesse caso, a execução vai até o final, não sendo interrompida pelo autor, no entanto, este, após esgotar a atividade executória, arrepende-se e impede o resultado. Exemplo: o agente

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Materiais recentes

Perguntas Recentes