Aula 09 - Narrativa Jurídica Valorada - Narrativa Jurídica

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Curso de Direito- 
Identificar as principais características de peças processuais que utilizam a narrativa valorada; 
 
Estabelecer as diferenças entre Petição Inicial e Contestação; 
 
Redigir narrativas jurídicas valoradas com coesão e coerência textuais; 
 
Empregar 	com 	moderação 	e 	consistência 	as 	estratégias modalizadoras; 
 
Redigir diferentes versões sobre um mesmo fato jurídico. 
A narrativa valorada aparece em vários tipos de peças processuais, tais como na Petição Inicial e na Contestação. 
Na linguagem forense, a Petição é peça escrita na qual o autor formula o pedido de tutela jurisdicional ao Estado-Juiz, para que diga o Direito no caso concreto. 
É o primeiro documento dirigido pela pessoa à autoridade judiciária para que, segundo os preceitos legais,o processo seja inciado ou se comece a ação. 
Deve conter os esclarecimentos que o fundamentam e as razões jurídicas em que se baseia. 
Há requisitos legais pertinentes à sua forma. 
A falta desses requisitos ou a sua elaboração de modo desordenado, confuso, sem clareza, sem coerência, qualifica a petição de inepta, levando-a à preclusão (invalidação). 
 
Petição Inepta é aquela que não se mostra formulada segundo as regras instituídas na lei processual. Não atendeu à forma legal. 
Não se funda somente na falta relativa à formulação, pois se estiver confusa, incongruente, desordenada, também será considerada inepta. 
Se pedir o que não é justo ou legal também se revela inepta (§ único, art.295 do CPC). 
O peticionário pode tornar a requerer, revendo a peça no prazo de dez dias, mas, se não cumprida a diligência necessária, será indeferida. 
Portanto, será inepta> 
A) quando lhe faltar pedido ou causa de pedir; 
B) se da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; 
C) se o pedido for juridicamente impossível ou contiver pedidos incompatíveis entre si. 
 
São requisitos da Petição Inicial, impostos pelo CPC: 
 
Escolha e indicação do órgão competente (endereçamento – Artigo 282, I, do CPC). 
Individualização e qualificação das partes (Art.282,III,do CPC). 
Os fatos e os fundamentos jurídicos do pedido (Art.282,IIII,do CPC). 
O pedido com suas especificações (Art.282 do CPC); 
O requerimento de citação do réu (Arts. 213,219,222,224 e 231 do CPC). 
O requerimento de provas a serem produzidas (Art.282,IV, do CPC). 
Valor da Causa (Art.259 do CPC). 
Encerramento e assinatura. 
Como já foi dito anteriormente, a seção DOS FATOS, na Petição Inicial, relata os fatos juridicamente relevantes, bem como aqueles que ajudam a compreender esses fatos. A redação desse relatório utiliza os MODALIZADORES, que colaboram para a compreensão da tese que será apresentada na seção seguinte, a FUNDAMENTAÇÃO. 
Trata-se, portanto, de um relatório valorado, já que a seleção vocabular, o uso de adjetivos, advérbios e outros tipos de modalizadores irão estar presentes. De acordo com a posição a ser assumida pelo advogado, ele irá escolher os termos mais adequados, seja para defesa, seja para acusação. Da mesma forma, a apresentação dos fatos, a seleção das informações é muito importante para o objetivo que se pretende. Caberá ao relator decidir que informações apresentar e quais omitir, que depoimentos usar, a fim de obter o resultado que pretende. 
1-Reescreva o texto a seguir, retirando os modalizadores e tornando-o uma narrativa simples: 
 
O policial Silva, lotado no DPO de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, ajudou carinhosamente no parto de uma pobre andarilha, identificada por Antônia. Um lindo se saudável bebê nasceu por volta das 5h da madrugada, no dia 26, quando a luz começava a irradiar-se. Antônia, com dores fortíssimas e já em trabalho de parto, não conseguiu chegar ao hospital e recorreu aos policiais, que a atenderam com presteza e solicitude. O bebê, um lindo menino de 3kg, rosado e chorão, e a mãe, foram levados para a Maternidade. 
2- Com base no texto a seguir, redija um relatório valorado, acusando os policiais.(Sublinhe os modalizadores que utilizar) 
A estudante Anne Mary Vieira, de 14 anos, morreu ontem à tarde, em sua casa em Inhaúma, com um tiro no pescoço, que, segundo moradores, foram disparados por policiais militares do 16º BPM ( Olaria). O disparo resvalou no portão e acertou a menina que se preparava para dar banho no cachorro. 
Os moradores contam que os PMs da Patamo 520470 estavam na Rua Jaó e viram quatro homens descendo o Morro da Fazendinha. Os suspeitos correram dos policiais, que começaram a atirar. Um dos tiros acabou atingindo Anne, que andou cerca de 10 metros, até cair no chão, inconsciente. 
“Não houve troca de tiros, não sei como eles puderam fazer isso. Eu vi tudo e não entendia. Foi terrível!”, contou Rosineide Caetano, tia de Anne.Ela ainda acrescentou que os policiais não prestaram socorro e Anne teve de ser levada para o PU de Del Castilho por um vizinho, mas já chegou lá morta. 
Anne Mary tinha 14 anos e era filha única. Cursava a 8ª série da Escola Municipal Ceará. A mãe disse que gostaria que a perícia fosse lá para provar que realmente os tiros foram dados pelos policiais, que, quando aparecem, já chegam atirando.