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Aula 05 - Sobre Estado

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Profa. Ms Ana Maria Bezerra Lucas
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O termo Estado é criação moderna (século XVI) e vem sendo utilizado desde Maquiavel em sua obra “O Príncipe”.
Como já vimos o Estado é um sociedade política e dessa forma, varias denominações já houveram para defini-la, as sociedades políticas na Antiguidade Clássica eram denominadas de “polis” entre os gregos e “civitas” entre os romanos. O poder era descentralizado através das várias cidades-estados com autonomia política e econômica.
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Durante a Idade Média o poder estava disperso e se encontrava em feudos que exerciam diversas prerrogativas que depois passaram a ser exercida pelo Estado.
A sociedade medieval era caracterizada por um poder pulverizado nas mais diversas formas, pessoas, instituições, ordens.
Nesse sentido, pode se verificar que a dispersão do Poder é incompatível com o exercício mais amplo do PODER PÚBLICO.
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O Estado pode ser apontado como a forma mais perfeita e complexa de organização social encontrando-se no final de uma cadeia evolutiva dos grandes aglomerados de indivíduos traduzindo uma tendência universal e a síntese perfeita de uma orientação comum, evolutiva e cultural.
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Tendo o nascimento do ESTADO MODERNO ocorrido quando se deu a centralização do Poder é importante e tendo intrínseca relação com os reveses políticos e luta pelo poder por que passou a sociedade nos tempos modernos, dessa forma, para o entendimento do nascimento do Estado, tal qual conhecemos hoje, se faz necessário entendermos o poder.
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De acordo com os pensadores o Poder teria passado por três estágios:
Primeiramente nas sociedades primitivas o Poder encontrava-se difuso na massa de indivíduos que a compunha, submisso a um formalismo rigoroso que lhe impõem os costumes e crenças;
Logo após surge o poder personificado, consistente num estagio mais evoluído, em que as disputas entre grupos organizados e o crescimento da comunidade exige um chefe. 
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O Poder se encarna em um individuo determinado, normalmente o mais forte ou o mais sábio.
Finalmente a terceira fase advém no momento em que o Poder se institucionaliza, tornando-se impessoal e não mais identificado com os indivíduos que o exercitam.
É neste momento que nasce o Estado.
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CONCEITO DE ESTADO
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No sentido de entidade política com as características que conhecemos hoje, como Povo, Território e Governo Soberano (Poder Político) o Estado só veio a surgir no século XVI (Idade Moderna).
O Estado Moderno era a existência de uma ordem jurídica soberana, a ordem suprema e a origem de toda a autoridade dentro do Estado.
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O Estado Moderno evoluiu para uma nova concepção que é o Estado de Direito que se define como sendo uma organização política sob a qual vive o homem tendo como características possuir um território delimitado com uma população vivendo nele e ser governado por leis que se fundam num poder soberano escolhido pelo povo que o habilita, não podendo esse poder ser contestado por nenhum outro, quer seja internamente, quer seja externamente.
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Dessa forma podemos dizer que o Estado é a representação despersonificada e soberana de uma determinada sociedade, constituída num território determinado capaz de criar e aplicar um ordenamento jurídico legitimo destinado a todos.
Analisando o conceito acima teremos:
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É a Representação Despersonificada porque traduz a entidade, a organização formal da cadeia de poder, comando e decisão, sem que se vincule o exercício do poder político a um individuo em determinado, de forma constante e imutável.
No Estado o Poder Político deve ser exercido por indivíduos, escolhidos pelo Povo, entre seus iguais, para durante um determinado e fixo tempo executar os atos inerentes ao exercício do Poder Político do Estado, ou seja, não há identificação do Poder Político no individuo, mas sim e tão somente no Estado, abstrato, e, portanto, despersonificado.
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É soberana porque detém um poder que não se iguala aos demais existentes na sociedade sem qualquer restrição ou neutralização.
É delimitada em uma determinada sociedade porque agrega indivíduos detentores da mesmas capacidades e vontades, dotados de características culturais e sociais definidas e individualizadas das demais comunidades existentes.
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É constituída em um território determinado porque necessário para a delimitação da força e extensão dos poderes do Estado e de sua representatividade. É o território necessário para o exercício da soberania.
É capaz de criar um Ordenamento Jurídico porque em decorrência de sua representatividade somente ele (legitimidade) poderá expedir normas e condutas gerais e específicas com força obrigatória sob pena de punição direta pelo Estado.
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TEORIAS ACERCA DA ORIGEM DO ESTADO
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Várias são as teorias que buscam explicar a criação ou origem do Estado. 
Essas teorias consideram três aspectos:
A) o aspecto sociológico que diz respeito a verificação dos elementos constitutivos das primitivas sociedades políticas criadas pelo homem;
B) o aspecto histórico que considera o Estado como um fato social em permanente evolução, decorrente da própria evolução da sociedade;
C) o aspecto doutrinário que considera o Estado do ponto de vista filosófico.
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As teorias que mais se destacam são:
Teoria Familiar;
Doutrina Teleológica (Religiosa);
Teoria do Jusnaturalismo;
Teoria do Contratualismo;
Teoria da Violência ou da Força.
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Para os adeptos dessa teoria a família seria a célula mãe do Estado. A pessoa nasce em uma pequena sociedade, pela própria natureza.
Assim a existência do Estado é explicado pela coesão e pelos laços sanguíneos e de cooperação existentes entre os seus membros, sustentando que os Estados nascem da célula familiar, passando pela evolução à sociedade primitiva, pelo estagio de nação até chegarem ao estágio final de Estado.
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Acredita que o Estado foi criado por Deus. Essa doutrina se divide em duas teorias: Teoria do Direito Divino Sobrenatural e Teoria do Direito Divino Providencial.
Como adeptos dessa doutrina temos São Tomás de Aquino e Santo Agostinho.
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Defende que o Estado é obra imediata de Deus e que ele próprio designaria o homem ou a família que deveria exercer a autoridade estatal.
Essa teoria tinha força nesta crença no sobrenatural que nas civilizações mais antigas acreditava-se que os soberanos recebiam o poder de comando diretamente de Deus, pela manifestação sobrenatural, quase mágica, da sua vontade divina.
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Essa concepção teocrática do poder, dominou todo o panorama político da antiguidade, não continuou no mundo medieval submetido à influência do Cristianismo, ressurgindo somente no fim da Idade Média com o absolutismo monárquico, como reação ao poder da Igreja, em especifico do papado. 
Essa idéia contribuiu de maneira significativa para aumentar a tendência absolutista existentes nas monarquias da Idade Média.
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Seguindo essa premissa, ninguém, a não ser Deus, poderia cobrar satisfações do rei, que era, portanto, investido de um poder sem limites. 
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Justificava a existência do Estado em bases racionais, em contraposição a Teoria do Direito Divino Sobrenatural, pois embora admita que o Estado resulte de uma criação divina, diz que tal criação ocorreu por ato providencial, ou seja, o poder de organização da sociedade em Estado não resultou de uma manifestação visível e concreta da vontade de Deus, mas da vontade de Seu povo. (constituindo sua imagem e semelhança segundo o Cristianismo) 
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Surgida no final da Idade Média inicio da Idade moderna tinha como intuito desvincular os valores humanos da religião.
O Jusnaturalismo defende a idéia de que o Estado encontra fundamento nas próprias exigências da natureza humana.
É a teoria que reconhece a existência de um direito natural, um direito que precede ao direito positivo, é um direito que antecede as leis criadas pelo homem. 
No direito natural
os princípios que imperavam eram os de ninguém prejudicar ninguém, ou seja, o conjunto das regras morais que se encontravam implícitas na alma humana, tais como, a caridade, a solidariedade e a amizade.
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Contudo essas regras não bastavam para manter a convivência pacifica dos homens, era necessário a implementação de normas criadas pelo homem para que a ordem e segurança pudessem imperar dentro da sociedade.
As normas surgem para controlar os ímpetos humanos e para servirem de mecanismos para a realização do bem comum que é o fim precípuo do Estado aliado a proteção individual dos bens individuais de cada um. 
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Por isto, partem de um estudo das primitivas comunidades, em estado de natureza e, que através de um acordo utilitário e consciente entre os indivíduos faz nascer o Estado.
Nesse sentido para os Jusnaturalistas o Estado nasce a partir do momento em que a sociedade se dá conta de que é possível se auto-administrar, e que deve existir uma instituição superior capaz de realizar o bem e proteger os direitos individuais de cada um dos seus integrantes.
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Teve sua origem na Antiguidade Clássica com Platão e se intensificou durante a Idade Média.
Para os adeptos dessa teoria o Estado teve sua origem a partir da celebração de um pacto entre os homens, em que estes cedem parte de seus direitos individuais em prol de todo um grupo de pessoas, ou seja, do interesse coletivo.
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Nesse sentido o Estado nasce de um pacto de vontades entre os homens. O pacto social justifica todo o seu poder no mutuo consentimento de todos os seus integrantes.
O pacto foi criado com base na razão e na inteligência humanas, e o homem, por intermédio da criação da sociedade, buscou dotá-la de uma feição jurídico-política, dando assim origem ao Estado.
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O pacto social tem como sua principal finalidade criar uma entidade personalizada forte e capaz de proteger os direitos individuais de cada um, além de realizar o bem comum.
O Estado origina-se da soma de pactos recíprocos e sucessivos realizados entre os integrantes da sociedade.
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Adeptos dessa teoria: 
Platão;
Hugo Grotius, 
Imannuel Kant, 
Thomas Hobbes, 
Jonh Locke, 
Jean Jacques Rousseau.
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Para essa teoria o Estado foi originado da violência, isto é da supremacia dos mais fortes sobre os mais fracos.
Dessa forma, entendem que o Estado tem origem na desigualdade existente entre os homens no seu estado de natureza, portanto o Estado não passa de um instrumento de dominação dos mais fortes sobre os mais fracos.
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Baseia-se na Teoria da Força que diz que para controlar as ações individuais e a observância das normas o Estado se estabelece pela força.
Assim as pessoas devem se submeter a este poder de força do Estado, uma vez que este ultimo, exercitaria a função de guardião da ordem coletiva.
Adeptos dessa teoria: Jean Bodin, Karl Marx, Friedrich Engels, Ludwig Gumplowicz, Franz Oppenheimer.
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BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de teoria do Estado e ciência política. 6. ed. São Paulo: Celso Bastos editor, 2004.
CICCO, Claudio de. Teoria geral do Estado e ciência política. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. 
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