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Aula 06 - Sobre Povo

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ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO ESTADO
 
Ms. Ana Maria Bezerra Lucas
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ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO ESTADO
São três os elementos constitutivos ou essenciais do Estado: Povo, Território e Poder Soberano.
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POVO
Há de se distinguir a diferença entre a População, Povo e Nação para que possamos melhor compreender esse primeiro elemento.
A) POPULAÇÃO conjunto de todos os habitantes de um dado território que com ele mantenham ou não vínculos políticos, além dos vínculos necessários a caracterização do Estado.
População é termo estatístico e econômico, é o conjunto de todos os indivíduos submetidos em caráter permanente a uma determinada ordem jurídica.
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Aí estão não só os que votam e são votados, mas todos os indivíduos, (inclusive menores, incapazes e estrangeiros presentes em solo brasileiro permanentes) que, com seu trabalho, sua produção, suas manifestações, suas necessidades participam positivamente ou negativamente, da força do Estado.
População é a condição de um pais quanto ao numero de habitantes, o grau de ocupação do lugar e, conseqüentemente o número total de pessoas que habitam um pais, uma cidade ou outra área, é portanto, o conjunto de habitantes.
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Povo seria uma acepção jurídica.
Povo é o conjunto de cidadãos que pode votar e ser votado.
Povo representa a população de determinado Estado, parcela esta que se vincula por laços políticos e não só jurídicos como quanto aos indivíduos da população.
A diferença entre Povo e População é relevante porque ao Povo é conferida a titulação de cidadania, de nacionalidade, em que há a liberdade de participação política nas obrigações do Estado com a possibilidade do individuo cidadão pode escolher, ou ser escolhido como governante do seu respectivo Estado.
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O que se percebe é que os habitantes de um Estado, componentes de sua população podem ser estrangeiros ou apátridas, enquanto que o cidadão, tem a nacionalidade que o Estado lhe confere e deve ser considerado como membro do povo em questão.
Deve ser dito ainda que o Estado não engloba apenas a população fixa do seu território, mas todos os que estiverem tutelados como seus cidadãos ainda que estejam ou vivam fora da base territorial.
Neste sentido, o elemento humano do Estado é sempre um Povo ainda que formado por diversas raças, com interesses, ideais e aspirações diferentes.
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NAÇÃO
Nem sempre porem o elemento humano do Estado é uma Nação.
Nação é um grupo de indivíduos que se sentem unidos pela origem comum, pelos interesses comuns e, principalmente, por ideais e aspirações comuns. Enquanto o Povo é uma entidade política e jurídica, Nação é uma entidade moral no sentido rigoroso da palavra.
O conceito fundamental de Nação se exprime basicamente através da existência e, em conseqüência, da eventual soma de vínculos comuns entre os habitantes de uma determinada localidade, forjando a concepção de identidade nacional e, por efeito de nacionalidade.
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Nação é a comunidade forjada pela soma de um ou mais vínculos em comuns das mais variadas naturezas, tais como, os de índole racial, lingüística, religiosa entre outros, ainda que, pelo menos inicialmente possa preponderar os vínculos de natureza racial.
Quando a população de um Estado não tem essa consciência comum de interesses e aspirações e está dividida por ódios de raças, de religião, por interesses econômicos e morais divergentes, e apenas sujeita a coação, ela é um Povo, mas não constitui uma Nação.
A Nação não tem significação jurídica, porém como realidade sociológica, em sentido psicossocial, é de inegável importância influindo sobre a organização e o funcionamento do Estado.
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O que se nota é que a Nação é, via de regra, o ultimo estágio de evolução de uma sociedade e também o pré-estágio do Estado como Nação politicamente organizada.
Entretanto a formação do Estado não é uma conseqüência necessária, pois muitas vezes notamos que algumas Nações são impedidas de se constituir em Estado que por motivos territoriais, como a Palestina, quer por motivos de dominação por outras nações ou Estados.
Assim, percebe-se a existência de Nações que nunca se tornaram Estado. Por outro lado, há Estados constituídos de varias Nações, com elementos bem característicos como costumes, língua comum e identidade sociológica.
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É o caso da Suíça, formada por três regiões denominadas cantões, habitados por pessoas de origem alemã, italiana e francesa. Dessa forma, embora se trate de uma única sociedade política, é ela constituída de pelo menos três nações diferentes que convivem pacificamente por centenas de anos.
Outras vezes a Nação antecede ao Estado, é o caso, por exemplo, do Estado de Israel, onde o povo judeu, secularmente constituído em Nação só se estabilizou como Estado em 1948.
Portanto Nação nada tem a ver com Estado, sendo porém que toda Nação aspira um dia a ser Estado.
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CARACTERIZAÇÃO JURÍDICA E POLÍTICA DO INDIVIDUO PERANTE O ESTADO
Em face do Estado todo individuo é Nacional, Estrangeiro ou é Apátrida.
O Povo está unido ao Estado pelo vinculo da nacionalidade, e, esta representa um vinculo jurídico que designa quais são as pessoas que fazem parte da sociedade política estatal.
Não há normas jurídicas de Direito Internacional que fixe os critérios uniformes para a outorga da nacionalidade.
Isso significa que o Estado, soberanamente, define as pessoas que ele vai considerar como seus nacionais.
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A nacionalidade pode ser:
A nacionalidade primária ou originária é a resultante do nascimento do indivíduo, independente de sua vontade.
A nacionalidade secundária, também denominada impropriamente adquirida, é a pessoa natural adquire por sua própria vontade após nascimento, por manifestação volitiva.
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NACIONAIS
Em via de regra os critérios que se costumam adotar para denominar os Nacionais ou nacionalidade primária se baseia em dois fundamentos: os jus (ius) sanguinis (direito do sangue) e os jus(ius) soli (direito do território)
O Fundamento do jus sanguinis considera todo nacional aquele que é filho de pais nacionais. É um critério que leva em conta a paternidade.
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Fundamento do Jus Sanguinis
O princípio de sangue foi criado principalmente em conseqüência das grandes emigrações européias dos séculos XIX e XX, visando a dar um abrigo legal aos filhos dos emigrantes nascidos fora do território de determinado Estado.
Ainda hoje, na maioria dos países europeus, o princípio do jus sanguinis ainda se mantém como forma principal da transmissão da nacionalidade, o que tem sofrido críticas crescentes pois privilegia filhos de europeus nascidos no exterior em detrimento de filhos de imigrantes não-europeus nascidos na Europa. 
Muitos países como o Reino Unido e, mais recentemente, a Alemanha já modificaram suas leis e passaram a adotar o princípio de sangue aliado ao princípio de solo em suas leis de nacionalidade.
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Fundamento do Jus Soli
O jus soli foi criado pensando principalmente no povoamento de países do Novo Mundo (Américas), que receberam o grande fluxo das grandes emigrações européias dos séculos XIX e XX. 
Este princípio tinha o objetivo de criar laços permanentes entre estes novos cidadãos e o território onde viviam.
Ainda hoje, a maioria dos países americanos adota o jus soli, embora tenha havido crescentes movimentos na direção de limitar certas ações nascidas da imigração ilegal, principalmente nos Estados Unidos e Canadá.
O fundamento do jus soli considera nacional todo aquele que nasce no território do Estado.
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No Brasil adota-se como fundamento o jus soli com algumas exceções de acordo com o artigo 12 da Constituição Federal.
São brasileiros natos:
1º os nascidos em território brasileiro, embora de pais estrangeiros, desde que não estejam a serviço de seu país.
2º aos nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço do Brasil; 
3º aos nascidos no estrangeiro
de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir no Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. 
 São portanto Nacionais de um Estado aqueles que o seu Direito define como tais. Sendo assim, uma situação jurídica e não uma mera situação de fato.
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Nacionalidade Brasileira Derivada
A aquisição derivada da nacionalidade brasileira, ou seja, a concessão de naturalização ao estrangeiro residente em território nacional, é regulada pelo artigo 12, II, da Constituição Brasileira, que prevê a aquisição da nacionalidade brasileira:
a) aos que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa e tenha residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; e 
b) aos estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes no Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
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Brasileiro nato e naturalizado
A Constituição proíbe a distinção legal entre brasileiros natos e naturalizados, exceto quanto aos casos nela previstos:
São privativos de brasileiro nato os seguintes cargos: 
Presidente e vice presidente da República; 
Presidente da Câmara dos Deputados; 
Presidente do Senado Federal; 
Ministro do Supremo Tribunal Federal; 
da carreira diplomática; 
de oficial das Forças Armadas; 
de Ministros de Estado e da Defesa; e 
os seis cargos de membro do Conselho da República mencionados no art. 89, item VII, da Constituição Federal. 
nenhum brasileiro pode ser extraditado, exceto o naturalizado, em caso de crime comum praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico de drogas. 
a propriedade de empresas jornalísticas, de rádio ou TV é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos.
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ESTRANGEIROS
São consideradas aquelas pessoas a quem o Direito não atribui qualidade de Nacional.
No entanto, mesmo Estrangeiros estão sujeitos a regulamentação do Direito do Estado em que se encontram e gozam dos benefícios conferidos aos Nacionais no que se refere aos direitos individuais.
Porém, eles sofrem algumas restrições no que se refere aos direitos políticos ou ao exercício de certas atividades que possam interferir na segurança nacional, uma vez que se retirando desse território cessa por completo a jurisdição do Estado sobre esses indivíduos.
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PLURINACIONALIDADE
Sendo a Nacionalidade unilateralmente concedida pelo Estado, isto significa que cada Estado dita a legislação que confere a alguém a condição de Nacional.
Daí que resulta que algumas pessoas podem possuir mais de uma nacionalidade, ou seja, serem plurinacionais.
Dessa forma, entende-se por Plurinacionais aqueles indivíduos que possuem mais de uma nacionalidade.
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Cita-se como exemplo pessoa filha de pais oriundos que adote o jus sanguinis nascido em Estado que adote o jus soli.
A plurinacionalidade nacionalidade não é um título concreto e independente, ou seja, uma pessoa não tira dupla-nacionalidade ou ganha dupla-cidadania. 
A dupla-nacionalidade é, portanto, um status derivado simplesmente da acumulação de duas nacionalidades, autônomas entre elas.
Em alguns casos é possível ser nacional (possuir a nacionalidade) de mais de dois países, o que é chamado de nacionalidade múltipla ou plurinacionalidade.
Todavia, vários países não permitem que seus nacionais sejam titulares de outra nacionalidade além da sua própria. Outros permitem o acúmulo de outra nacionalidade desde que esta seja derivada do jus sanguinis e não por efeito de naturalização.
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Exemplo de plurinacionalidade:
A hipótese de um casal italiano que visitasse o Brasil e nessa ocasião nascesse seu filho, estar-se-ia diante de um caso de dupla nacionalidade: a criança seria italiana por seus pais possuírem essa nacionalidade, já que a Itália adota o jus sanguinis, e seria brasileira, porque o Brasil admite o jus soli.
Por outro lado, caso a mãe fosse francesa, o recém-nascido teria tripla nacionalidade, uma vez seria legalmente cidadão francês, país que também adota o jus sanguinis. 
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APÁTRIDAS
São aquelas pessoas que perderam a nacionalidade por motivos previstos na legislação do seu Estado de origem e ainda não adquiriu uma nova nacionalidade.
Há ainda a possibilidade da ocorrência negativa dos critérios de jus sanguinis e jus soli. 
Por exemplo, sejam, por hipótese, as regras atribuidoras de nacionalidade do Uruguai e da Itália apenas o jus soli e o jus sanguinis, respectivamente. 
O filho de uruguaios nascido em território italiano não teria nem a nacionalidade uruguaia (pois não nasceu no Uruguai) nem a italiana (não é descendente de italianos). 
Seria, neste caso hipotético, apátrida, ou seja, sem nacionalidade. 
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A Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas de 1954, representa um esforço da comunidade internacional no sentido de evitar ou mitigar a apatridia, ao estipular que os Estados-membros devem conferir aos apátridas os mesmos direitos outorgados aos estrangeiros.
O Direito Internacional tenta, dessa forma, fazer cessar essa anomalia por privar o individuo de filiação a qualquer Estado e em conseqüência da tutela jurídica que lhe resultaria da nacionalidade.
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CIDADÃO
Depois da exposição da posição jurídica do individuo em face do Estado, pode se dizer que no Brasil são Cidadãos todos os indivíduos que estejam no gozo dos seus direitos políticos.
A cidadania implica a nacionalidade na medida em que todo Cidadão é um nacional. Todavia, nem todo nacional é cidadão. 
Basta que não esteja em gozo dos seus direitos políticos, ou seja, não tenham a prerrogativa de eleger seus representantes para integrar os órgãos do Estado e que não possam ser eleitos. 
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Sendo assim cidadão, no direito brasileiro, seria o indivíduo titular de direitos políticos de votar e ser votado e suas conseqüências. 
Dessa forma, o conceito de nacionalidade seria mais amplo do que de cidadania, visto que apenas o titular da nacionalidade brasileira pode ser cidadão.
Pode-se, assim afirmar, não existir cidadania sem nacionalidade, visto que a perda dessa última importaria na perda do exercício da cidadania. 
A idéia de cidadão, assim, é mais limitada do que a de nacional, uma vez que pode haver indivíduos nacionais de um Estado que, em virtude de idade, sexo ou outras causas, como a punição, não são cidadãos deste ente estatal. 
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Por outro lado, o instituto da nacionalidade acentua aspecto internacional, na medida em que distingue os nacionais dos estrangeiros, ao passo a cidadania é mais atinente ao âmbito nacional. 
Contudo, alguns ordenamentos jurídicos ignoram essa linguagem e consideram cidadãos todos os que integram o Estado, sem considerar o problema dos direitos políticos.
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