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Daniel Doria - Anhanguera Veterinária Diagnóstico por Imagem – Maíra Massa Medicina Veterinária Apostila de Diagnóstico por Imagem (Ultrassonografia) Daniel Doria - Anhanguera Veterinária Diagnóstico por Imagem – Maíra Massa Ultrassonografia abdominal Princípios básicos : Física – => Som - Onda mecânica que necessita do meio material para se propagar - É produzido por fontes vibrantes - Se propaga através da vibração das partículas do meio causando áreas de compressão e refração Onda : Ciclo positivo e negativo - Comprimento de onda = Comprimento de onda que inclui um ciclo negativo e um positivo Frequência : É o número de comprimentos de ondas (ciclos) que passa por determinado ponto em 1 segundo. Hz = Unidade e frequência. 1 Hz = 1 ciclo 1 KHz = 1.ooo Hz = 1.000 ciclos/s 1 MHz= 1 milhão Hz = 1.ooo.ooo ciclos/s Ultrassom diagnostico = 2-20 MHz Som: 8 Hz – 20 KHz = Audível pelo homem Ultrassom: superior a 20 KHz Frequência Alta - Quanto maior a frequência dos transdutores, menor será o comprimento da onda emitida, consequentemente maior a definição da formação da imagem superficial. Boa imagem superficial e não muito boa imagem profunda, pois as ondas se perdem. Frequência baixa – Quanto menor a frequência dos transdutores, maior será o comprimento da onda emitida, consequentemente menor a definição na formação de imagem superficial. Atinge grande profundidade e avalia estruturas profundas com uma boa definição, diferente do transdutor de baixa frequência. OBS : Escolher a frequência de acordo com o tamanho do animal => Velocidade : Velocidade de propagação de uma onda através de um meio (relacionado a sua densidade) - Tecidos moles: +/- 1.540 m/s - Ossos = 4.000 m/s - Ar = 300 m/s Portanto, quanto mais denso for o meio, mais rápido será a transmissão. => Impedância acústica : Capacidade física de impedir a passagem do som -> reflexão = eco acústico Diretamente relacionada com a densidade do meio => Produção do som: Cristais piezoelétricos produzem ondas de ultrassom. Cristais se deformam quando a ele se aplica uma voltagem, produzindo ondas sonoras. Quando os ecos são devolvidos, os cristais se deformam novamente, produzindo um sinal elétrico, que e então exibido na tela. => Transdutor: Converte energia elétrica em energia sonora e converter de volta energia sonora em energia elétrica. TERMINOLOGIA – Anecoico – Não tem eco voltando para o transdutor ( não forma imagem / preto / Bexiga) Hipoecoico – Pouco eco voltando para o transdutor ( cinza escuro / Baço) Isoecoico – Tem ecogenicidade semelhante ao parênquima, a onda passa livre pelo tecido e tem quantidades significativas voltando para o transdutor e formando a imagem ( nódulos X parênquima normal) Hiperecoico - Muito eco voltando para o transdutor ( branco e preto por baixo / osso ) Artefatos de Imagem – Sombra Acústica Posterior : Produzida por estruturas como gás ou osso, que refletem e/ou absorvem 100% do feixe ultrassônico, impedindo o estudo das estruturas posteriores. Reverberação : Múltiplas reflexões, resultando na diminuição da amplitude dos ecos transmitidos, impedindo o estudo das estruturas posteriores, resultando em uma „‟sombra suja‟‟. Produzidos por gás. ( Cauda de cometa ) Reforço acústico posterior : Quando o feixe ultrassônico atravessa uma estrutura de baixa atenuação (liquido), o feixe sonoro perde menos energia do que os feixe sonoro perde menos energia do que os circunvizinhos. O resultado e o aumento na forca dos ecos que retornam de áreas posteriores a essa estrutura. Imagem em espelho : A mesma estrutura dos dois lados, quando em contato com um forte refletor ( interface diafragma/pulmão ) Indicações da ultrassonografia - - Aumento de volume abdominal - Massa abdominal palpável - Emagrecimento progressivo - Pesquisa de metástase - Febre de origem desconhecida - Suspeita de processos obstrutivos - Hematúria / Disúria/ Anúria - Anorexia / emese - Trauma Informações obtidas pelo ultrassom - Posição - Dimensões - Forma - Contornos - Vascularização - Ecogenicidade - Arquitetura interna - Características do conteúdo de órgãos cavitários Abordagem ultrassonográfica e radiográfica - RX: Utilização com restrições / aspecto panorâmico; contorno. - USG: Aspecto focal / parênquima/ arquitetura vascular Vantagens: - Procedimento não invasivo; - Indolor; - Não ionizante; - Permite visibilizar arquitetura interna; - Permite examinar órgãos não visibilizados através do Raio-X, como adrenais, pâncreas, ovários, linfonodos, olhos, encéfalo, etc. - Localizar testículos ectópicos - A efusão facilita o exame; - Diagnóstico precoce da gestação; - Exame em tempo real (viabilidade fetal, movimentos peristálticos, estudos vasculares) Limitações: - Repleção vesical inadequada - TGI com grande quantidade de gás - Baixa especificidade para lesões focais - Baixa sensibilidade para algumas doenças infiltrativas (p.ex. linfoma) - Não distingue lesão benigna de maligna - Nem sempre permite diagnóstico definitivo - Achados normais não excluem doença - Não avalia a função dos órgãos Preparo do paciente: - jejum alimentar de 8 horas, exceto diabéticos e gestantes; - não administrar leite; - água a vontade; - não urinar 2 horas antes do exame; - tricotomia ampla - uso do gel Devemos lembrar... - Doenças são dinâmicas... Podem mudar a cada momento; - Um método diagnóstico não substitui o outro, e sim sempre se complementam. - Conteúdo gasoso no trato digestório facilita o exame radiográfico, dificultando o estudo ultrassonográfico ( fazendo reverberação ) - A presença de líquido livre na cavidade abdominal ajuda a avaliação ultrassonográfica; ao passo que torna a radiografia “homogênea”. Cavidade abdominal Fígado Maior glândula do corpo = exócrino (bile) + endócrino (metabolismo de gorduras, açúcares, produtos nitrogenados) Cães e gatos: Lobado (LE; QUADRADO; LD e CAUDADO) VB (quadrado – LD) – Lobulação não visível na USG Localização: Dentro do arco costal. Visualizado entre a interface diafragma/pulmão (linha regular ecóica) e a superfície da pele. Relações topográficas : - Lado esquerdo: estomago - Cranialmente: diafragma - Lado direito: Rim direito (fossa renal) O que avaliar? - Anatomia topográfica - Dimensões - Contornos - Ecotextura - Vascularização - Vesícula biliar - Relação com demais órgãos Aparência normal pela USG : Tamanho: - Conclusões subjetivas. - Limite caudal: gradil costal (11°EIC) - Cães de tórax profundo: aparentemente fígados menores Ecogenicidade: - Comparação com outros órgãos: Córtex renal -> Fígado -> Baco Vascularização: - 2/3 – Veia porta – ramos portais - 1/3 artéria hepática Procedimento: - Animal em decúbito dorsal - Tricotomia ampla + aplicação do gel - Jejum (estomago vazio ou com alguma quantidade de liquido) - Transdutor posicionado atrás do Xifóide, angulado - cranial e dorsalmente - Varredura D-E, dorsal e ventral Principais alterações difusas: Hepatomegalia : Arredondamento das margens hepáticas, ultrapassar limite de gradil costa Diminuição generalizada da ecogenicidade (hipoecóico) - Hepatites, congestão passiva, leucemia, linfoma Aumento generalizado da ecogenicidade (hiperecóico) - Lipidose ou esteatose, diabetes, cirrose, linfoma, hepatopatia esteroidal Principais alterações focais : Anecóicas: Cistos, abscessos, hematomas e neoplasias Hipoecóicas: abscessos, hematomas, neoplasias, hiperplasias Hiperecóicas: hiperplasia, fibrose, abscesso, linfossarcoma, calcificação Mistas: abscessos, hematomas e neoplasias Lesões vasculares : Aumento do calibre dos vasos: - Mais comum - Animais com ICCD / cardiopatias / dirofilariose / Hipertensão/ má formação arteriovenosa / insuficiência renal crônica Vesícula biliar Jejum alimentar -> Boa repleção Localização: entre o lobo quadrado e lateralmente ao lobo lateral direito (7 EIC) Morfologia: Formato pera / Pode ser septada em gatos USG: parede = linha fina ecogênica (1-2 mm de espessura). Conteúdo anecóico. Conteúdo ecóico: Lama biliar (comum em animais adultos, idosos, obesos, jejum prolongado ou endocrinopatas). Patologias: Colangiohepatite, Colecistite, Neoplasias, litíases, obstrução Baço Localização Região epigástrica esquerda Relações topográficas : - Estomago cranialmente - Rim E: lateralmente O que avaliar? - Dimensão - Forma - Contorno - Ecogenicidade - Ecotextura Aparência normal pela USG : - Orgão parenquimatoso de maior ecogenicidade - Arquitetura discretamente granular. Vasos -> identificados no hilo Procedimento: - Animal em decúbito dorsal ou lateral - Tricotomia ampla + aplicação do gel - Jejum (estomago vazio ou com alguma quantidade de liquido) - Transdutor posicionado atrás do Xifóide, perpendicular a pele. Varrendo o flanco E -> avaliar corpo e cauda Principais alterações difusas : Esplenomegalia: PATOLOGICA OU FISIOLOGICA - Avaliação subjetiva - A margem caudal do baço não deve ultrapassar a margem caudal do rim esquerdo Diminuição generalizada da ecogenicidade (hipoecóico) - São mais frequentes - Congestão, inflamação, infecção, intoxicação, neoplasias Torção esplênica: Alteração congestiva traumática - Acontece sozinha ou com torção gástrica - Esplenomegalia, margens arredondadas, diminuição generalizada da ecogenicidade, linhas paralelas ecogênicas (paredes dos vasos ingurgitados evidentes) Aumento generalizado da ecogenicidade (hiperecóico) - Menos comum - Doença infiltrativa difusa não neoplásica: comum em animais idosos e com cushing Principais alterações focais Anecoicas : cistos, absessos, hematomas e neoplasias Hipoecóicas : fibrose, calcificação, hiperplasia ou neoplasia Sistema Digestório Indicações : - Processo obstrutivo - Ingestão de corpo estranho - Gastroenterite - Emese - Tenesmo - Neoplasia Vantagens: - Permite avaliar a parede gástrica (medição e aspecto das camadas histológicas). - Permite avaliar a motilidade - Permite a realização de biópsias e citologias Desvantagens: -Não permite avaliar e acompanhar todos os segmentos - O gás limita a passagem do feixe sonoro - Artefatos de técnica Aspecto ultrassonográfico Identificação das camadas histológicas das paredes: 5 linhas identificadas: - Hiperecóica central (Lúmen); - Hipoecóica (mucosa); - Hiperecóioca (submucosa); - Hipoecóica (muscular) - Hiperecóica (serosa) Padrões dos conteúdos luminais: Mucoso: Praticamente sem conteúdo (jejum de 8 horas alimentar). Visualiza-se apenas a linha hiperecóica central alimentar (lúmen). Líquido: Anecóico. Visualização de todos os segmentos da parede. Gasoso: Artefato de reverberação. Incapacidade de avaliar por completo o conteúdo gástrico/intestinal. Fecaloma (intestino): Fezes ressecadas, com formação de sombra acústica. Impossibilita visualização dos segmentos posteriores. Estômago Localização: - Região epigástrica, sobretudo esquerda - Corpo e fundo voltado para a esquerda - Piloro voltado para a direita Aspecto ultrassonográfico : - Visualização das camadas da parede - Espessura da parede: 3 a 5mm para cães (variando com o porte do paciente) e 2mm para gatos. - Possui de 4 a 5 contrações por minuto (Se o animal estiver acabado de comer, o número de contrações será maior) Estomago vazio (contraído): „‟roda de carroça‟‟ Principais alterações: Processos inflamatórios (gastrite): Espessamento generalizado da parede gástrica. Melhor visualização em casos crônicos. Corpo estranho: Barreira na passagem do ultrassom. Difícil visualização pela quantidade de conteúdo gasoso (artefato de reverberação) Neoplasias : Espessamento irregular ( focal / difuso ) da parede gástrica, com perda da definição das camadas ( controle ultrassonográfico / endoscopia (biópsia) ) Torção gástrica : Câmara gástrica acentuadamente distendida por conteúdo gasoso. Deslocamento esplênico ( confirmação através do Raio-X) Intestino Localização: - Disperso por quase todo o abdômen - Relação topográfica com quase todos os órgãos Aspecto ultrassonográfico: - Parede intestinal de cães (segmentos de delgado, não considerando o duodeno): 2 a 3mm de espessura - Nos gatos: 2mm - Duodeno de cão: 3,5 a 5mm. - Duodeno de gatos: 2.8 a 3mm. - Cólon de cão: 2mm - Cólon de gato: 1,7mm - Movimentos peristálticos: duodeno 4 a 5/min. e restante 1 a 3/min. Principais alterações : Processos obstrutivos (intussuscepção): Alça intestinal dentro da outra. Aspecto em alvo (visualização de inúmeras camadas). É patognomônico, todas vão ter a mesma cara. Processos inflamatórios (enterite): Espessamento de parede - Em casos agudos, pode não haver alteração significantes. - Inflamação normalmente é difusa (acomete grande parte ou todos os segmentos) da parede, com espessamento da parede - Irregularidade da parede pode estar presente Corpos estranhos : Artefato de reverberação Corpo estranho linear : Plicaturas intestinais Neoplasias - > Adenocarcinoma - - Linfoma (principalmente nos gatos) - Carcinoma - > Leiomioma - - Leiomiossarcoma - (Não é possível dar nome a elas pela ultrassonografia) * Neoplasia intestinal é mais comum que a gástrica - Espessamento da parede com dimensões variadas, o lúmen com gás, perda da definição das camadas. Obs: Processo inflamatório espessamento mais homogêneo Hérnias (inguinal/perianal): Verificar presença de alças intestinaisherniadas. Rins Localização: - Espaço retroperitoneal - Rim direito mais cranial do que o esquerdo O que avaliar? - Anatomia topográfica - Dimensões - Contornos - Relação córtico-medular - Pelve - Ecotextura - Vascularização Aparência normal pela USG : - Tamanho : De acordo com o porte de cada animal - Relação córtico-medular : cortical discretamente menor e hiperecóica em relação a medular ( Hipo ou anecóica) - Pelve e divertículos: Hiperecóicos - Ureter: Não visualizado em condições de normalidade Ecogenicidade: - Comparação com outros órgãos: Córtex renal -> Fígado -> Baco Principais alterações: Alterações difusas: - Aumento da ecogenicidade, espessamento do córtex renal : alterações comuns encontradas em animais adultos/idosos - Nefropatia Alterações focais: - Cistos: - Congênitos; adquiridos (obs.: Doença policística dos gatos Persa – Hereditária) Neoplasias: - Primaria ou secundaria Calculo renal: Dilatação de pelve : Hidronefrose : Vesícula urinária Localização: - Abdômen caudal O que avaliar? - Anatomia topográfica - Repleção - Contornos / Parede - Conteúdo (aspecto urina) - Uretra Aparência normal pela USG Paredes : Hipoecóica, regular - Variação com o grau de distensão. - Repleção adequada: 2 a 5mm Conteúdo normal: anecóico Principais alterações: Cistite: - Espessamento / irregularidade da parede - Celularidade / bolhas de gás em suspensão Cálculos / micro cálculos : Cálculos / micro cálculos Cistite concomitante Reprodutor Masculino Próstata - - Localização: Caudal a vesícula urinária, dentro do canal pélvico O que avaliar? - Tamanho - Forma - Simetria - Parênquima Aparência normal pela USG : - Posição (depende da distensão da vesícula urinaria - Formato ovóide, padrão ecogênico homogêneo - Tamanho: depende da idade, tipo corpóreo, animais castrados Principais alterações: Hiperplasia prostática benigna: Aumento do tamanho prostático Abscessos prostáticos : Prostatite Neoplasia: raras Testículos – Localização: Bolsa escrotal O que avaliar? - Tamanho - Forma - Contorno - Parênquima Aparência normal pela USG : - Formato ovóide - Hipoecóico homogêneo, aspecto granular sutil - Cápsula fina, hiperecóica - Definição do mediastino testicular Principais alterações: Neoplasias: comum Reprodutor Feminino Corpo e cornos (direito e esquerdo) Estrutura tubular hipoecóica, localizada dorsal a bexiga O que avaliar? - Paredes - Conteúdo - Volume Aparência normal pela USG : Estrutura tubular, hipoecóica, medindo cerca de 5 mm, podendo chegar a 1 cm em corpo (dependendo do porte do animal),sem evidencias de acumulo de secreção em seu lúmen Principais alterações: Piometra Ovários - Caudais aos rins Estrutura ovóide, hipoecóica homogênea O que avaliar? - Contornos - Ecogenicidade - Parênquima Aspecto ultrassonográfico: Principais alterações: Cistos :
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