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Carla Cisz A origem da Campanha Cirurgias Seguras Salvam Vidas Tudo tem início com a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente Em maio de 2004, a 57ª Assembleia Mundial da Saúde aprovou a criação de uma aliança internacional para melhorar a segurança do paciente globalmente e a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente foi lançada em outubro de 2004. O objetivo da Aliança é favorecer as normas e práticas de segurança do paciente. As ações são organizadas sob a forma de campanhas de segurança denominadas Desafios Globais para a Segurança do Paciente. Esta Aliança lança Desafios Globais para a Segurança do Paciente A área escolhida para o primeiro Desafio, em 2005– 2006, foi a infecção relacionada à assistência à saúde. Para o segundo Desafio, em 2007–2008, a área escolhida foi a segurança da assistência cirúrgica. O objetivo desse segundo Desafio Global foi aumentar os padrões de qualidade na assistência cirúrgica em todo o mundo. O Cenário Mundial da (In)segurança em Saúde 1 em cada 4 pacientes cirúrgicos internados sofrem alguma complicação no pós-operatório Em média 50% de todos os eventos adversos em pacientes hospitalizados estão relacionados à assistência cirúrgica A taxa de mortalidade relatada após cirurgia varia de 0,4 a 0,8% nos países desenvolvidos e de 5 a 10% em países em desenvolvimento Em média 7 milhões de pacientes cirúrgicos sofrem complicações significativas a cada ano e 1 milhão chega ao óbito durante ou imediatamente após a cirurgia Nos casos em que o processo cirúrgico levou a algum tipo de lesão pelo menos metade delas era evitável Fonte: OMS – Segundo Desafio Global para Segurança do Paciente, 2010 Estar Hospitalizado é uma Atividade de Risco http://www.gov.nl.ca/ahe/presentations/PhilHassenStJohnsNewfoundlandandLabradour.pdf Dificuldades para a segurança cirúrgica A segurança cirúrgica ainda não foi reconhecida como uma preocupação significativa em saúde pública. Faltam infraestrutura e equipamentos. A segurança de alguns medicamentos é ainda duvidosa. O treinamento das pessoas ainda é insuficiente. Há falhas no controle de infecções. As práticas de segurança existentes parecem não ser efetivamente empregadas em nenhum país. A falta de recursos é um problema em países de baixa renda, mas não é necessariamente o mais importante. Os antimicrobianos, por exemplo, ainda são administrados de maneira inadequada. As complicações anestésicas ainda são uma importante causa de morte durante as cirurgias no mundo, apesar de os padrões de segurança e monitorização virem reduzindo esses números. Mesmo os procedimentos mais simples envolvem dezenas de riscos. Por exemplo: identificação correta do paciente. O ponto mais crítico deste cenário é a interação dos membros da própria equipe cirúrgica. Contudo, as equipes cirúrgicas têm recebido pouca orientação ou estrutura para promover um trabalho de equipe efetivo e, assim, minimizar os riscos, promovendo uma cirurgia segura. OBJETIVOS DA CAMPANHA 1) A equipe irá operar o local correto do paciente correto. - Estimou-se que as cirurgias em local errado e no paciente errado ocorrem em cerca de 1 em 50.000–100.000 procedimentos nos Estados Unidos, o equivalente a 1.500–2.500 incidentes por ano. – Em 2005, uma análise de 126 casos de cirurgias em sítio errado ou paciente errado revelou que 76% foram realizados no local errado, 13% no paciente errado e 11% envolveram o procedimento errado. - A literatura apoia a suposição de que a cirurgia em local errado é mais comum em determinadas especialidades cirúrgicas, particularmente em cirurgia ortopédica. – Em um estudo com 1.050 cirurgiões da mão, 21% relataram ter realizado pelo menos uma cirurgia em local errado em suas carreiras. 2) A equipe irá utilizar métodos conhecidos para evitar danos pela administração de agentes anestésicos, ao mesmo tempo em que garante analgesia ao paciente. - Em países desenvolvidos, a anestesiologia está associada a um baixo risco de morbidade séria ou mortalidade. Há, entretanto, poucas informações confiáveis para determinar a verdadeira taxa de mortalidade associada à anestesiologia. – A mortalidade associada à anestesiologia, particularmente em países em desenvolvimento, é primariamente relacionada a duas causas: problemas nas vias aéreas e anestesiologia na presença de hipovolemia. 3) A equipe irá reconhecer e se preparar efetivamente para o risco de perda da via aérea ou função respiratória. – Dificuldades com as vias aéreas durante a intubação podem ocorrer em até 20% dos casos de emergência. - As tentativas persistentes de intubação foram associadas a uma probabilidade maior de morte ou de dano cerebral 4) A equipe irá reconhecer e se preparar efetivamente para o risco de elevada perda de sangue. – A perda de um grande volume de sangue, especialmente quando relacionada à instabilidade hemodinâmica, tem sido claramente associada a resultados cirúrgicos deficientes. - O primeiro passo na atenuação de perda sanguínea durante uma cirurgia é a prevenção. – A hipovolemia pode ter consequências desastrosas para pacientes cirúrgicos e foi reconhecida como a principal colaboradora na morbidade e mortalidade evitáveis. 5) A equipe irá evitar induzir qualquer alergia ou reação adversa a medicamento conhecido por ser um risco significativo para o paciente. – Os erros de medicação são problemas importantes em todo sistema de saúde . – Em um projeto da Sociedade Americana de Anestesiologistas, notou-se que os erros na administração de drogas resultaram em sérios problemas, incluindo a morte. 6) A equipe irá consistentemente usar métodos conhecidos para minimizar os riscos de infecção do sítio cirúrgico. - As infecções do sítio cirúrgico contribuem para cerca de 15% de todas as infecções relacionadas à assistência à saúde e para cerca de 37% das infecções de pacientes cirúrgicos adquiridas em hospital – As infecções de sítio cirúrgico levam a um aumento médio da duração da internação hospitalar em 4-7 dias. - Os pacientes infectados têm duas vezes mais chance de ir a óbito, duas vezes mais chance de passar algum tempo na unidade de tratamento intensivo e cinco vezes mais chance de ser readmitidos após a alta. 7) A equipe irá impedir a retenção inadvertida de instrumentos ou compressas em feridas cirúrgicas. – Compressas e instrumentais esquecidos na cavidade cirúrgica tendem a resultar em eventos adversos graves, incluindo infecção, reoperação para remoção, perfuração intestinal ou obstrução e até mesmo óbito. – Devido à sua raridade, é difícil estimar a frequência com a qual ocorre. As melhores estimativas variam entre 1 em 5.000 e 1 em 19.000 cirurgias em pacientes internados, mas a probabilidade foi estimada tão alta quanto 1 em 1.000. – Vários fatores contribuem para que a equipe esqueça materiais na cavidade cirúrgica, mas as evidências apontam para três fatores de risco claros: cirurgia de emergência, alto índice de massa corpórea e uma mudança não planejada na cirurgia. 8) A equipe irá garantir a identificação precisa de todos os espécimes cirúrgicos. – Uma análise dos acionamentos médico-legais por erros em patologia cirúrgica revelou que 8% se deveram a erros “operacionais”. Tais incidentes ocorrem em todas as especialidades e em todos os tipos de tecido, e são acompanhados por atrasos no tratamento, repetição dos procedimentos e cirurgia na parteerrada do corpo. – Em um estudo sobre identificação de erros em espécimes de laboratório de 417 instituições dos Estados Unidos, cerca de 50% se deveram a erros de identificação/ etiquetagem. – A cada 18 erros de identificação, 1 resulta em eventos adversos. 9)A equipe irá se comunicar efetivamente e trocará informações críticas sobre o paciente para garantir uma condução segura da cirurgia. – A Joint Comission relatou que, nos EUA, a comunicação era a causa primordial de cerca de 70% dos milhares de eventos adversos relatados à organização entre 1995 e 2005. 10) Hospitais e sistemas de saúde pública estabelecerão uma rotina de vigilância quanto à capacidade cirúrgica, volume cirúrgico e os resultados cirúrgicos. – A ausência de dados sobre cirurgia pelas medidas de avaliação da OMS provavelmente contribuiu para falhas no reconhecimento do enorme volume de cirurgias que são realizadas pelo mundo e na sua contribuição para incapacidades evitáveis e óbitos. – A avaliação sobre o sucesso, as falhas e o progresso na prestação e sobre a segurança da assistência cirúrgica depende da informação sobre o estado da assistência. O Desafio para Segurança tem Cirurgias tem 4 grandes objetivos 1)Prevenir as infecções de sítio cirúrgico por meio de: – Lavagem das mãos. – Uso apropriado e sensato de antimicrobianos. - Preparação antisséptica da pele. – Cuidado atraumático da ferida. – Limpeza, desinfecção e esterilização do instrumental. 2) Promover um ato anestésico seguro por meio de: – Presença durante todo o ato cirúrgico de um profissional capacitado em anestesiologia. – Verificação de segurança de máquinas e medicamentos para a anestesiologia. – Monitorização de: Oximetria de pulso,Frequência cardíaca, Pressão sanguínea, Temperatura. 3) Criar equipes cirúrgicas que trabalham de forma segura por meio de: – Aprimoramento na comunicação. – Confirmação de que o paciente, o local e o procedimento são os corretos. – Obtenção do Consentimento Informado. – Disponibilidade de todos os membros da equipe. – Preparação adequada da equipe e planejamento do procedimento. – Confirmação das alergias do paciente. 4) Utilizar indicadores de assistência cirúrgica cujas bases são: – Busca constante da qualidade. – Revisão A FALHA HUMANA – As falhas humanas mais do que as falhas técnicas são a maior ameaça a sistemas complexos. Embora a falha humana possa ser moderada, não pode ser eliminada. – Os fatores responsáveis por esses erros dividem- se em sete categorias amplas: alta carga de trabalho; conhecimento, habilidade ou experiência inadequada; estrutura deficiente das relações do fator humano; supervisão ou instrução inadequada; ambiente estressante; fadiga mental ou tédio; e mudanças rápidas. Cometemos erros no sistema de saúde Os erros tem natureza diversas mas não devem ser atribuídos a uma única pessoa e sim ao sistema Devemos ser menos tolerantes; não é aceitável que um sistema que tenha como princípio “não causar dano” possa ser tão condescendente com erros Todos os profissionais e lideranças da área da saúde são responsáveis e estão implicados na mudança desse cenário CHECKLIST: O QUE É? Cirurgia Segura se constitui em um Protocolo, ou seja, um conjunto de regras estabelecidas em um consenso internacional comandado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) com o objetivo de tornar as intervenções cirúrgicas mais seguras para pacientes de todo o planeta. De forma prática, trata-se de um Checklist Padrão que deve ser seguido pela equipe cirúrgica – anestesista, cirurgião, assistente e profissionais de enfermagem, instrumentador. O Checklist Cirúrgico deve atender as recomendações da OMS. Deve ser aplicado em todos os procedimentos realizados no centro cirúrgico , sendo composto de 4 etapas: 1ª Check in – na recepção do paciente 2ª Antes da indução anestésica 3ª Antes da Incisão cirúrgica 4ª Check out - Antes do paciente sair da sala cirúrgica É conduzido pela equipe de enfermagem (enfermeiro ou circulante de sala) A eficácia do Checklist é inegável: reduz em 37% as complicações perioperatórias (que ocorrem durante e depois da operação) e em 42% a mortalidade decorrente de complicações da cirurgia. O que isto significa? Cerca de 420 mil mortes a menos por ano no mundo. (New England Journal of Medicine,2009) Instituto de Neurologia de Curitiba Implantação do protocolo no INC 2009 – Adaptação do check list proposto pela OMS e início da sua utilização no hospital 2011/2013– Alterações no layout do documento Descrição do protocolo 2010 – Envolvimento dos cirurgiões e anestesiologistas Dificuldades Falta de treinamento da equipe Falta de comprometimento da equipe multidisciplinar Conhecimento limitado Por que os pilotos de aeronoaves fazem checklists e os cirurgiões não aderem? Resposta: Se o avião cair o piloto morre junto Atualmente... - Descrição do protocolo e divulgação em todas as unidades de internação -Parceria com Núcleo de Segurança do paciente - RDC 36/2013 Atualmente... - Preenchimento obrigatório do impresso “ Check List” para todo procedimento cirúrgico Atualmente... - Envolvimento da equipe multidisciplinar no programa de cirurgia segura - Divulgação junto aos clientes da instituição - Evidências realização do check List na SO - Continuar sensibilizando a equipe multidisciplinar - Realizar auditorias in loco para avaliar a adesão da equipe ao protocolo - Gerenciar o protocolo através de indicadores Próximos passos ... Sem o Checklist: Os hospitais procuram fazer a MAIORIA das coisas certas, na MAIORIA dos pacientes, a MAIORIA do tempo . Com Checklist: O checklist cirúrgico nos ajuda a fazer TODAS as coisas certas para TODOS os pacientes, TODO o tempo. “Não podemos modificar a condição humana, porém podemos modificar as condições em que nós humanos trabalhamos.” (James Reason)
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