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02 A Donzela Feroz (rev PRT)

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Sarah Mckerrigan
A Donzela feroz
Captive Heart
Donzelas Guerreiras 02
Suas intenções são as melhores...
Helena de Rivenloch se recusa a autorizar um Normando, Pagan Cameliard, a forçar sua irmã mais ao casamento. Mas quando ela tenta para assassinar o noivo, é acaba sendo detida pelo tenente normando Colin du Lac. Inteligente, Helena administrar voltar o feitiço contra o feiticeiro, levando Colin como refém e mantém ele escondido em uma cabana enquanto ela espera uma resposta a sua demanda de resgate. Mas Colin sabe que não haverá resposta. De fato, o rapto dele por uma mulher irá, provavelmente, divertir Pagan. Assim Colin passa os dias com Helena, em crescente curiosamente por sua bela e encantadora seqüestradora. Apesar da paixão que começa a nascer entre eles, Colin não tem interesse em uma esposa e Helena não tem interesse em casamento. Mas pode esses dois lutadores declarar uma trégua antes de conquistarem o coração um do outro.�
Disponibilização, Tradução e Revisão: Rosie 
Revisão Final: Amanda Souza
Formatação: Clara
Projeto revisoras traduções
Capítulo 1
 Escócia, Verão 1136 
Helena estava ébria. Mais ébria do que jamais tinha estado em sua vida. Por isso, não importava quanto lutasse contra o maldito bruto Normando que a arrastava pelas escadas do castelo, não podia soltar-se de seu aperto. 
"Basta, moça!" seu captor murmurou entre dentes, tropeçando-se com um degrau na escuridão. "Maldição matará aos dois." 
Ela haveria forcejado ainda mais forte, mas seu joelho direito de repente se afrouxou. Portanto, se o Normando não a tivesse agarrado contra seu peito largo, teria caído pelos degraus de pedra. 
"Merda," ele murmurou contra seu ouvido, seus braços maciços apertando-se ao redor dela. 
Seus olhos se deram volta quando um enjôo a invadiu. Se só seus músculos cooperassem, ela pensou, poderia soltar-se e empurrar a esse maldito bastardo pelas escadas. 
Mas também estava realmente ébria. 
Não se tinha dado conta quão ébria até que se encontrou a si mesma no quarto do noivo de sua irmã, Pagan Cameliard, com uma adaga em sua mão, preparada para matá-lo. 
Se não tivesse estado ébria. Se não tivesse tropeçado na escuridão com o homem de Pagan, caindo ao pé da cama como um maldito cão, ela poderia ter tido êxito. 
Jesus era um pensamento coerente: Helena, a filha do Lorde, e uma honorável Guerreira de Rivenloch, quase tinham matado a um homem de uma maneira bastante desonrada: estando dormido. 
Não era completamente sua culpa, ela decidiu. Tinha estado acordada até altas horas da madrugada, lamentando-se sobre uma taça de vinho, na verdade muitas taças, em companhia de sua irmã mais velha, Deirdre.
 Lamentando-se pelo destino de Miriel, sua irmã menor, comprometida em matrimônio com um estrangeiro contra sua vontade. E sob a influência de grande quantidade de vinho, elas tinham jurado assassinar ao homem se ele se atrevesse a pôr uma mão sobre Miriel. 
Tinha-lhe parecido uma idéia tão nobre nesse momento. Mas como Helena tinha passado de fazer esse juramento de bêbada a realmente entrar no quarto do noivo com uma faca, não podia compreendê-lo. 
De fato, ela havia estado atônita ao descobrir a adaga em sua mão. Sir Colin du Lac, o temerário tenente com quem ela tropeçou, o homem que nesse mesmo momento a arrastava escada abaixo. 
Uma vez mais, Helena se tinha convertido em vítima de sua própria impulsividade. Deirdre freqüentemente desafiava a Helena por sua tendência a atuar primeiro e fazer perguntas mais tarde. 
Entretanto, os rápidos reflexos de Helena a haviam salvado mais de uma vez de malfeitores, assassinos e homens que a confundiam com uma rapariga vulnerável. Enquanto Deirdre perdia tempo pensando nas conseqüências de castigar a um homem por seus insultos, Helena não vacilava em tirar sua espada e marcar sua bochecha com uma cicatriz que ele levaria até sua morte. 
Sua mensagem era clara. Ninguém devia se meter com as Donzelas Guerreiras de Rivenloch. 
Mas desta vez, ela temia ter chegado muito longe. 
O homem de Pagan grunhiu enquanto a carregava até o último degrau. Maldito Pagan! Apesar de seu inferior sangue Normando, ele tinha provado ser tão forte e determinado como um touro. Com um suspiro final, ele a depositou na soleira do grande salão. 
A habitação parecia cavernosa iluminada pela débil luz do fogo, seu teto alto escurecido pelas sombras, e suas paredes desaparecendo na escuridão. De dia era um alegre salão decorado com os estandartes de seus inimigos vencidos. Mas de noite as bandeiras balançavam no ar como almas penadas. 
Um gato miou e passou correndo. Em um canto, um cão se moveu brevemente com essa perturbação, tossiu uma vez, e logo baixou sua cabeça para pô-la entre suas patas outra vez. Mas os outros habitantes do grande salão, dúzias de serventes roncando, seguiram dormindo profundamente. 
Helena lutou de novo, esperando despertar a um deles. Eram seus serventes, depois de tudo. Qualquer um vendo a lady do castelo sendo seqüestrada por um Normando daria o alarme. 
Mas era impossível fazer ruído com sua boca porque seu captor tinha amordaçado sua boca. Ainda se conseguisse fazer ruído, duvidava que alguém despertasse. As pessoas do castelo estavam exaustos por ter feito os trabalhosos preparativos para esse casamento que ocorreria à manhã seguinte. 
"Quieta, moça," Sir Colin murmurou, "ou te terei que te atar e te enforcar como um presunto.”. 
Certamente era uma ameaça vazia de sua parte. Esse Normando não podia enforcá-la. Não em seu próprio castelo. Não quando seu único crime tinha sido proteger a sua irmã. Além disso, ela não tinha matado Pagan. Ela somente tinha tentado matá-lo. 
Ainda assim, ela sentia o amargo sabor da dúvida. 
Esses Normandos eram vassalos do rei da Escócia, e o rei tinha ordenado que Pagan se casasse com uma das filhas de Rivenloch. Se Helena tivesse conseguido matar ao homem do rei, teria sido considerada alta traição, punível com um enforcamento. 
Essa idéia a fez mover-se inquietamente nos braços de Colin. 
"Uh. Quieta, Diabinha." O sussurro dele contra seu ouvido enviou um desagradável estremecimento ao longo de sua espinha dorsal. "Não desmaie aqui, diabinha." 
Ela franziu o cenho e arrotou. Diabinha! Ele não sabia a metade de tudo o que significava essa palavra. E como se atrevia a sugerir que ela poderia desmaiar. As Donzelas Guerreiras não desmaiavam. Eram só seus pés enredando-se na manta enquanto caminhavam pela palha que cobriam o piso do grande salão. 
Logo, enquanto se aproximavam das escadas do porão, uma diferente, mas muito familiar sensação instantaneamente a pôs em alerta. 
Mãe de Deus!, ia vomitar. Seu estomago teve uma náusea. Duas vezes. Seus olhos se fizeram maiores com horror. 
Um olhar à testa coberta de suor da donzela e de seu rosto pálido disse a Colin por que ela se deteve abruptamente. 
"Merda!" ele murmurou entre dentes. 
Seu corpo se arqueou outra vez, e ele conseguiu lhe arrancar a mordaça de sua boca. Inclinou-a para frente bem a tempo. 
Felizmente, ninguém estava dormindo ali. 
Sustentando sua nuca enquanto ela vomitava o jantar, ele não pôde evitar sentir pena por essa miserável assassina. Ela obviamente não teria tentado matar a Pagan dormindo se não tivesse estado tão ébria. 
E por certo ele não tinha intenção de enforcar-la pelo crime de traição, sem importar no que ele tinha feito ela acreditar. Executar a irmã da futura esposa de Pagan destruiria a aliança que eles tinham conseguido formar com os escoceses. Ela obviamente tinha feito o que tinha feito para proteger a sua irmã menor. Além disso, quem poderia pôr uma corda ao redor de um pescoço tão bonito como o dela? 
Ainda assim, ele não podia permitir que a donzela pensasse que ela podia atacar a um Homem do Rei sem conseqüências. 
O que Colin não podia compreender era por que as três irmãs de Rivenloch odiavam tanto a seu comandante. Sir Pagan Cameliard era um guerreiro feroz, sim, um homemque liderava um incomparável exército. Mas ele era amável e gentil com as damas. De fato, as moças se apaixonavam facilmente pelo rosto bonito e pelo formidável corpo do capitão. Qualquer mulher com um pouco de cérebro estaria encantada de ter Pagan como marido. Colin tinha esperado que as irmãs, encerradas por tanto tempo nessa área selvagem da Escócia, receberiam agradecidas o privilégio de casar-se com um ilustre nobre como Pagan Cameliard. 
Em troca, elas brigavam para ver quem seria a que teria que se encarregar dele. Era incrível. 
A pobre Helena tinha deixado de vomitar, e agora a bela donzela tremia debilitada, como um gatinho açoitado encerrado em um estábulo. Mas Colin não se atrevia a deixar que sua compaixão dominasse sua cautela. Essa gatinha tinha mostrado suas garras. Ajudou-a a incorporar-se, e instantaneamente dirigiu sua adaga, colocando-a sobre seu pescoço. 
“Não te porei a mordaça, moça” lhe disse em um murmúrio “,mas advirto-lhe isso, não grite, ou me verei forçado a cortar sua garganta.” 
É obvio, se ela conhecesse Colin melhor, teria se rido em sua cara.
Era verdade, ele podia matar um homem sem um momento de vacilação e desfazer-se de um cavalheiro inimigo com um só e perito golpe. Ele era forte e rápido com a espada, e tinha um indefinível instinto para discernir o ponto de maior vulnerabilidade em um oponente. Mas no que se referiam as belas mulheres, Colin du Lac era tão selvagem como um garanhão sem domar. 
Felizmente, a donzela acreditou em sua ameaça. Ou quem sabe ela simplesmente estava muito fraca para brigar. De qualquer maneira, ela se cambaleou contra ele, estremecendo-se enquanto ele envolvia a manta de pele ao redor de seus ombros e a guiou para frente. 
Ao lado da entrada à leiteria havia uma fonte para lavar-se. Ele guiou-a até lá, apoiando-a contra a parede para que não caísse. Seus olhos ainda ardiam com uma fúria silenciosa enquanto ela o olhava fixamente, mas seu patético soluço arruinava completamente o efeito. E, felizmente, ela não tinha a força para pôr em ação sua irritação. 
"Abra sua boca," ele murmurou, usando sua mão livre levantar a jarra de água. 
Ela comprimiu seus lábios, caprichosa como um menino. Ainda agora, com fogo em seus olhos e sua boca tensa, ela era realmente a mais deliciosa criatura que ele já tinha visto. Suas tranças caíam sobre seus ombros como uma bela cascata, e suas curvas eram mais sedutoras que a sinuosa silhueta de uma taça cheia de vinho. 
Ela o olhou com dúvida, como se suspeitasse que ele usaria a água para afogá-la nesse mesmo momento e lugar. 
Ele supunha que ela tinha direito de duvidar dele. Só uns momentos atrás, no quarto de Pagan, ele a tinha ameaçado com... com o que era? Ah! A levaria até um lugar onde ninguém poderia ouvi-la gritar e lhe tiraria suas maneiras selvagens à chicotadas. Ele se estremeceu, recordando suas palavras duras. 
“Escuta," lhe confiou, baixando a jarra, "hei dito que te castigaria até que o matrimônio seja concretizado. Sou um homem de palavra. Sempre e quando não me provocar, não te farei mal esta noite." 
Lentamente, reticentemente, ela abriu seus lábios. Ele cuidadosamente derrubou uma pequena quantidade de água em sua boca. Colin teve a clara impressão de que ela desejava cuspir em sua cara. Mas com sua espada ainda contra sua garganta, ela não se atreveu. Inclinando-se para frente, ela cuspiu na palha que cobria o piso. 
"Bem. Vem comigo." 
Quando eles recém tinham chegado, a prometida de Pagan os tinha guiado em uma visita pelo castelo de Rivenloch, que seria seu novo lar. Rivenloch era uma fortaleza impressionante. 
Provavelmente magnífica em seu tempo, um pouco destruída, mas reparável. 
A muralha externa rodeava um enorme jardim, um pomar, estábulos, e um grande curral de aves. Uma pequena capela de pedra se erguia no meio do pátio, e uma dúzia ou mais de postos de trabalhos se agrupavam contra as muralhas. Um grande campo de prática achava-se na parte mais longínqua da propriedade, e o imponente castelo no coração da fortaleza. O castelo compreendia o grande salão, numerosos quartos, a leiteria, a despensa, e muitas celas no porão. Era para uma dessas celas de armazenagem debaixo da fortaleza que ele agora levava a sua cativa. 
Colocando Helena diante dele, desceu os toscos degraus de pedra iluminado pela luz de uma vela. A seus pés, pequenas criaturas corriam em suas escapadas noturnas. Colin sentiu uma ponta de remorso, perguntando-se se os porões estariam infestados de ratos, se era cruel encerrar Helena ali, se ela tinha medo desses animais. Rapidamente, decidiu que uma moça brandindo uma faca que irrompe o quarto de um homem, preparada para esfaqueá-lo em seu sono, provavelmente tivesse medo de muito poucas coisas. 
Quase tinham alcançado o final das escadas quando a donzela afogou um gemido e, como se seus ossos se derreteram, repentinamente desmaiou em seus braços. 
Perdendo o equilíbrio pelo súbito peso contra seu peito, ele golpeou a parede de pedra com um ombro, enlaçou seu braço ao redor sua cintura para que ela não caísse. Para prevenir um desagradável acidente, lançou sua faca longe, e esta rodou pelos degraus. 
Em seguida ela caiu para frente, e ele foi se arrastando com ela. Só por muita sorte Colin foi capaz de impedir que ambos caíssem de cabeça nos degraus de pedras a seus pés. Ainda assim, enquanto ele lutava para subir os últimos degraus, a manta de pele se enganchou em seu pé fazendo-o escorregar. Ele perdeu o contato com a cintura dela e fez outra desesperada tentativa de agarrá-la enquanto os joelhos dela cediam. 
Sua mão tocou algo suave enquanto seu pé finalmente alcançou o alto das escadas. 
Colin tinha acariciado suficientes peitos para reconhecer essa suave carne comprimida docemente contra sua palma. Mas ele não se atreveu a soltá-la por medo de que ela caísse ao chão. 
No instante seguinte, ela despertou novamente, lançando um gemido de ultraje, e Colin soube que se encontrava com problemas. Por sorte, como já tinha recebido uma grande cota de tapas por haver tocado mulheres anteriormente, ele estava preparado. 
Quando o braço dela veio, não com a palma aberta, mas sim em forma de um punho de fúria potente, ele a soltou e esquivou o golpe. O golpe dela foi tão forte que ela golpeou o ar vazio, e deu uma volta. 
"Por Deus!” ele murmurou. Se a donzela não tivesse estado ébria, o golpe com certeza o teria derrubado. 
"Você... filho da puta" ela arrastou as palavras. Ela pestanejou, tratando de acercar dele, seus punhos apertados diante dela enquanto planejava seu próximo ataque. “Tira suas mãos de meu corpo. Chutarei-te seu maldito traseiro Normando. Juro que o farei." 
Suas mãos começaram a baixar-se, e seus olhos se obscureceram enquanto ela cambaleava à esquerda, e logo à direita, dando um passo atrás. Colin se levantou e a agarrou justo antes que ela caísse no chão. 
Aninhada contra seu flanco, com toda a fúria desaparecida, ela não parecia tanto uma guerreira e se parecia mais a inocente Helena que ele tinha espionado banhando-se na lagoa de Rivenloch, uma adorável sereia de pele morena e rebelde cabelo loiro, a mulher que nadava sedutoramente em seus sonhos. 
E pensar que isso tinha acontecido nessa manhã... 
Tantas coisas tinham acontecido nessas últimas semanas. 
Quinze dias atrás, Sir Pagan tinha recebido ordens do Rei David da Escócia de aventurar-se para o norte, precisamente para Rivenloch e casar-se com uma das filhas de Lorde Gellir. Nesse momento, o propósito do rei tinha sido um mistério. Mas agora era claro o que ele planejava. 
A morte do rei Henry tinha deixado à Inglaterra em um verdadeiro caos, com Stephen e Matilda brigando pelo controle do trono. Esse caos tinha fomentado insurreição na zona fronteiriça da Escócia, onde os barões ingleses ambicionavam por aumentar suas terras e se sentiam livres de apoderar-se dos castelos escoceses. 
O Rei David lhe tinha dado a Pagan uma noiva, e com ela a custódia e a administração de Rivenloch,com a esperança de resguardar essa valiosa fortaleza da ambição dos ingleses. 
A pesar do decreto do rei, Pagan tinha procedido com cautela. Ele tinha viajado com Colin antes que todos seus cavalheiros tomassem o caminho até Rivenloch, sua nova casa. Os Normandos podiam ser aliados dos escoceses, mas Pagan duvidava que eles fossem ter uma cálida recepção se eles chegassem com todo o exército, como um exército de conquista, para tomar a uma das filhas do lorde como esposa. 
Do modo como tinham resultado as coisas, Pagan tinha tido razão em ser precavido. A recepção dos escoceses, ao menos a das filhas, tinha sido muito menos que cálida. Mas com a graça de Deus, ao meio dia do dia seguinte, depois que a aliança fosse selada com o matrimônio, a paz reinaria. E os escoceses, uma vez que estivessem desfrutando da bebida e da celebração, certamente dariam uma boa-vinda aos Cavalheiros de Cameliard a Rivenloch. 
Helena roncou em seu sono, e Colin lhe sorriu maliciosamente. Não tinha devotado a ele nenhuma palavra de boas-vindas. De fato, ela provavelmente tivesse preferido lhe cortar a garganta. 
Ele se inclinou para deslizar um braço atrás dos joelhos dela e a levantou facilmente. 
Um dos pequenos depósitos que parecia ter sido usado ocasionalmente. Apenas continha móveis quebrados e ferramentas, pilhas de trapos, e vários frascos vazios. Tinha um cadeado na parte de fora e um estreito espaço na parte de debaixo da porta para que entrasse o ar, por isso significava que provavelmente tinha sido empregado em um tempo como uma espécie de calabouço. 
De fato, não era o lugar ideal para deixar a uma moça por uma noite. 
Colin estendeu a manta de pele em cima de uma improvisada cama feita com os trapos. Ela podia ser uma assassina, mas também era uma mulher. Ela merecia ao menos um pouco de comodidade. Depois de que ele colocou a manta sobre seus ombros, não pôde resistir de lhe tirar uma mecha de cabelo castanho dourado do rosto para depositar um breve beijo sobre sua testa. "Durma bem, pequena Diabinha." 
Ele fechou e pôs o cadeado na porta atrás dele, em seguida se sentou contra ela, cruzando seus braços sobre seu peito e fechando seus olhos. Quem sabe poderia ter uma hora de sono antes da manhã. Se tudo ia bem, pela tarde o matrimônio estaria selado, e o resto da companhia Cameliard chegaria. Uma vez que Pagan estivesse casado, seria seguro liberar Helena. 
Ele se maravilhou novamente com a curiosa Donzela escocesa. Era muito diferente de qualquer mulher que ele já tinha conhecido: temerária e arrogante, e ainda assim inegavelmente feminina. Durante o jantar, ela fanfarronamente tinha proclamado ser perita com a espada, uma afirmação que nenhum dos homens do clã tinha discutido. E ela os tinha entretido com uma história de um bandido local, tratando de impressioná-lo com horríveis detalhes que teriam inquietado a qualquer mulher. Ela tinha exibido um temperamento explosivo quando seu pai anunciou o matrimônio de Miriel, amaldiçoando e golpeando seu punho sobre a mesa, seu estalo só foi controlado pela provocação de sua irmã mais velha. E seu apetite? Ele sorriu enquanto recordava olhar-la chupar a gordura de seus dedos. A donzela tinha comido o suficiente para satisfazer a dois homens adultos. 
E sem dúvida as formas de seu corpo eram muito femininas. Seu membro se inchou com a lembrança dela nua na lagoa, seu traseiro arredondado enquanto se inundava debaixo da água, o suave bamboleio de seus peitos cheios enquanto ela brincava com suas irmãs, suas bem delineadas coxas, sua estreita cintura, seus dentes brancos e seu cabelo solto banhado pela luz do sol. 
Ele suspirou. Era inútil molhar suas calças por uma donzela que, nesse mesmo momento dormia bêbada do outro lado da porta. 
Ainda assim, ele não pôde parar de pensar nela. Helena era única. Intrigante. Vibrante. Ele nunca tinha conhecido a uma mulher tão obcecada, tão selvagem. Tão fresca e tão selvagem como a Escócia. E tão imprevisível. De fato, por sorte que Pagan tivesse escolhido à silenciosa, doce, dócil Miriel como futura esposa, e não Helena. Essa moça teria sido um perigo. 
Mais que um perigo, ele considerou com um sorriso pícaro, recordando a carícia acidental da qual ele tinha desfrutado momentos atrás. Jesus! Ela tinha um corpo adorável. Talvez, eventualmente, ele poderia seduzir à donzela para que lhe permitisse tomar mais liberdades. Seu membro se esticou ante essa idéia. Mais cedo, quando ele tinha abortados os planos de assassinato dela, e quando a tinha tido entre seus braços, e, em um ataque de fúria, tinha ameaçado açoitar-la, ela o tinha observado com um olhar letal tão quente como um ferro ardente. Mas ela estava ébria, desesperada e fora de si. 
No momento em que ela despertasse pela manhã e reconhecesse o que havia feito no estado de embriaguez, provavelmente se ruborizaria com vergonha e chorasse de arrependimento. E quando se desse conta da piedade, a paciência, a compaixão e a bondade que Colin tinha tido para ela,, sentiria-se mais disposta a aceitar seus avanços. 
De fato, ele decidiu, com sua boca curvando-se em um sorriso feliz enquanto dormia talvez então ela aceitasse suas carícias. 
Capítulo 2
Helena odiava Colin du Lac. Com todo seu coração. Com cada fibra de seu ser. Portanto, se ela não se sentisse tão mal, teria manifestado esse ódio golpeando seu punho contra a porta de madeira e gritando a todo pulmão. Mas hoje seu rancor tinha que ser silencioso pelo excesso de vinho que tinha deixado um sabor amargo em sua boca e uma aguda dor de cabeça que ameaçava lhe partindo o crânio. 
Sentada sobre a pilha de farrapos que seu captor havia arrumado em uma rudimentar cama para ela, deixou cair sua cabeça sobre seus joelhos dobrados e pressionou suas têmporas doloridas. 
Por que se tinha embebedado tanto na noite anterior? E por que tinha sido tão impulsiva? Se só tivesse tomado seu tempo, poderia ter sido capaz de pensar numa melhor maneira de prevenir o casamento de Miriel. Uma maneira mais inteligente. Uma que não envolvesse tratar de assassinar ao noivo enquanto dormia. 
Mas agora, enquanto Helena adoecia, vencida, no maldito porão, sem dúvida a pobre Miriel estaria parada tremendo ao lado do bruto de seu noivo, timidamente murmurando os votos que a converteriam em sua escrava para sempre. Helena se estremeceu. Tinha conseguido ver brevemente a Pagan Cameliard na noite anterior quando ele se levantou nu de sua cama. O homem tinha facilmente duas vezes o tamanho de Miriel, grande de ossos e cheio de músculos. Embora, ele tinha prometido não tomar a Miriel contra sua vontade, mas Helena não confiava no normando. E quando imaginava a sua inocente irmã sendo manuseada por semelhante bruto, adoecia-se. 
"Merda!" ela gritou em frustração, estremecendo-se enquanto o insulto enviava uma dor aguda a sua cabeça. 
Se pelo menos não tivesse tomado tanto vinho. Se não tivesse tropeçado com o intrometido Colin du Lac. Se não tivesse falhado com sua adaga. Ela pressionou seus olhos fechados contra suas mãos. Sabia muito bem que poderia ter cometido um assassinato a sangue frio, ébria ou não. Ela podia ser uma feroz guerreira, mas não era uma assassina. Se pelo menos não tivesse tropeçado e caído sobre a cama de Pagan, ela teria encontrado alguma outra desculpa para não esfaqueá-lo. 
Mas os normandos a tinham apanhado com a faca na mão e sede de sangue em seus olhos. Agora nunca poderia convencer-los de que ela era incapaz e inocente desse crime. 
Estremeceu-se enquanto recordava as palavras de Colin. É traição. Deveria ser enforcada por isso. 
Sua mão foi involuntariamente para sua garganta. Certamente era uma ameaça vazia. Um estrangeiro não podia simplesmente cavalgar até um castelo escocês, casar-se com a filha do lorde, e em seguida executar a sua irmã. Era verdade que Pagan uma vez casado com Miriel, converteria-se no administrador de Rivenloch, uma posição de significativo poder, especialmente considerando a demência que padecia Lorde Gellir ultimamente.Mas as três irmãs tinham dirigido a fortaleza suficientemente bem em substituição a seu pai.
 Elas não necessitavam a ajuda de Pagan. E ela, por certo, não necessitava dele, posto que sua primeira obrigação como administrador seria enforcar-la por traição. 
Mas embora ele não a tivesse arrastado a tábua de enforcamento, Pagam a tinha deixado nas garras de seu sócio na maldade, Colin du Lac. O homem já a tinha ameaçado danificar-la fisicamente, já tinha mencionado indiretamente castigos de natureza cruel. 
E na noite anterior, lutando nas escadas, o canalha tinha posto suas asquerosas mãos nela, apertando seus seios como se ela fosse uma puta à venda. 
Ela não tinha confiado nesse homem desde o momento em que o tinha visto no jantar, seus olhos verdes brilhando com malícia, seu cabelo preto tão irreverente e rebelde como seu humor, seus lábios sutilmente curvados diante de cada coisa divertida que ouvia. Ele era arrogante, como todos os normandos, atrevido e matreiro, o tipo de homem que se sentia merecedor de algo que desejasse. Já desfrutava da comida, do vinho e da comodidade de Rivenloch. 
Que Deus a condenasse se permitisse que ele desfrutasse dela. Ela estreitou seus olhos olhando para a porta, como se ela pudesse perfurar um buraco nela e matar a ele do outro lado. É obvio, ele não estaria ali. A esta altura todos estariam reunidos na capela ou no pátio para assistir ao casamento. 
Murmurando um insulto, ela se levantou lentamente para examinar o escuro porão, procurando algo, algo, que pudesse usar para escapar dali. O quarto ao qual ele havia a havia trazido naturalmente era um que armazenava coisas completamente inúteis : baús com dobradiças quebradas, bancos com pés quebrados, garrafas poeirentas e baixelas imprestáveis, pergaminhos rasgados, e pedaços de tecidos muito pequenos e muito velhos para serem usados para algo mais que limpar sua adaga ou seu traseiro. 
Seu estomago grunhiu se queixando. Uma porta mais além no corredor estava o depósito cheio de queijos, presunto, cereais e pescado conservado em sal. Mais além estava o depósito cheio de açúcar, espécies, e coisas doces. Mas, é obvio o normando a tinha encerrado em um lugar sem comida. 
Talvez, ela pensou sombriamente, ele planejava matar-la de fome. Ela viu o amplo espaço vazio na parte debaixo da porta, por onde uma luz débil se filtrava, provocando-a. Em seguida franziu o cenho. Se pudesse deslizar seu braço através dessa abertura e de algum jeito tirar a tranca... 
Necessitaria de sua espada ou de um pau comprido... mas parecia possível. Animada por essa esperança, atirou-se ao chão para espiar por debaixo da porta, tentou colocar sua mão através da abertura. Mas embora ela empurrou e lutou, não pôde passar mais do que até seu cotovelo. 
"Merda!" Tirou seu braço da abertura e tentou por outro ponto. O piso era irregular. Talvez a abertura fosse mais larga em outro lugar. Mas outra vez seu braço se travou. 
Duas vezes mais ela tentou, ganhando nada mais que um braço avermelhado e raspado por seus esforços. Em seguida enquanto tentava espiar pela abertura da porta, viu um pequeno objeto sobre o piso. Estava muito escuro para definir o que era ou se estava ao alcance de seu braço. Mas a possibilidade de que poderia ser comestível a convenceu de fazer à tentativa. 
Usando seu braço direito desta vez e pressionando sua bochecha ao piso frio do porão, estirou-se o mais longe possível, apalpando o chão com os dedos, tratando de localizar o objeto. Com um gemido de dor e esforço, conseguiu estirar uns centímetros mais, e seu dedo do meio contatou algo frio e duro. Ofegante e triunfal arrastou a coisa até que conseguiu trazê-la mais perto. E quando finalmente sua mão se fechou no objeto de contornos familiares, ela sorriu, esquecendo da dor de cabeça. 
Colin sacudiu sua cabeça enquanto caminhava para o porão. Esse dia tinha sido estranho por certo. Despertando cedo, tinha revisado a tranca no depósito, e em seguida tinha ido ajudar Pagan a preparar-se para seu casamento. E que casamento tinha sido! Com trovões e relâmpagos cruzando o céu e chuva golpeando a terra com vingança. A criada de Miriel, uma estranha mulher oriental, o pai da noiva semi delirante e com a aparência de um Viking e a noiva... 
Essa foi a maior surpresa de tudo. E para o assombro de Colin, Pagam não pareceu se importar o mínimo de haver-se casado com a irmã equivocada. Como se tudo isso não fosse suficiente excitação para uma manhã, os guardas de Rivenloch tinham divisado um exército aproximando-se no horizonte, um exército o qual Deirdre estava convencida que era inglês. É obvio, Colin e Pagan sabiam que não era assim. Não eram senão os Cavalheiros de Cameliard. Mas Pagan tinha escolhido não revelar esse fato aos escoceses. 
Ele tinha decidido usar sua chegada como uma prova para ver como estavam às defesas de Rivenloch. E agora Colin tinha sido enviado para convocar Helena, quem, segundo Deirdre lhe tinha informado era a segunda no comando da guarda. 
Uma mulher no comando da guarda. Ele se estremeceu. O que fariam os escoceses depois disto? É obvio, ele não tinha intenção de liberar Helena. Não ia deixar o exército de Rivenloch nas mãos de uma moça que tinha tentado matar a seu capitão. Provavelmente ordenaria a seus arqueiros que abrissem fogo sobre os Cavalheiros de Cameliard. 
Mas embora ele não tivesse planos de liberar à donzela assassina ainda, não podia deixá-la nesse calabouço. Acima de tudo ela era uma donzela, jovem e tola, sem mais detalhe. Além disso, indubitavelmente ela estaria sofrendo remorso e fome nessa manhã. Sorriu enquanto desembrulhava a ainda quente fumaça de pão que tinha furtado da cozinha. Poderia ao menos aliviar um de seus sofrimentos. 
Perguntando-se se ganharia compaixão como modo de agradecimento, ele golpeou a porta do porão. "Bom dia, Diabinha. Está acordada?" Não houve resposta. Ele pressionou seu ouvido contra a porta. "Lady Helena?" Ela de repente se lançou contra a porta com grande impulso. Atônito, ele retrocedeu. 
"Ajuda," ela gritou através da fresta na porta. "Ajuda! Por favor! Não posso resp... respirar...”. 
Alarmado, ele deixou cair o pão no piso, e em seguida avançou, correndo a tranca e abrindo a porta. Com seu coração invadido de um temor mortal, rapidamente revisou o recinto mal iluminado. 
Ela se tinha pressionado contra a parede, e quando ele entrou, ainda antes que tivesse tempo de lamentar sua falta de cautela, ela avançou contra ele, empurrando-o contra a parede com uma faca posta em sua garganta. 
"Faz um ruído, e te corto," ela murmurou entre dentes. "Move um músculo, e te corto. Se pensar em resistir juro-te que derramarei seu asqueroso sangue normando no piso deste porão." 
Ainda em choque, ele murmurou ”De onde tirou...”. 
Ele sentiu uma espetada em sua carne. Ele se estremeceu. Jesus! A moça era assunto sério, tão sério como sua irmã, que tinha marcado a Pagan com sua espada no dia anterior. 
“É sua própria adaga, idiota," ela se burlou. A adaga que tinha caído nas escadas na noite anterior... de algum jeito ela a tinha encontrado. 
Com sua mão livre, ela irreverentemente o apalpou na zona da cintura e as coxas, encontrando e descartando sua faca de comer, lhe deixando a moeda que tinha ganhado do pai dela na noite anterior. Sob circunstâncias diferentes, Colin poderia ter desfrutado de semelhante tratamento agressivo por parte de uma mulher. 
 Mas não havia nada sedutor ou afetivo a respeito de seu contato, e para sua irritação, ele começou a sentir que estava à mercê da moça. 
Os homens podiam ser tão tolos, Helena pensou, colocando rapidamente uma missiva em sua camisa e em seguida empurrou ao normando lhe pondo a faca contra suas costelas. Eles sempre assumiam que as mulheres eram criaturas indefesas, desprovidas de músculos e lentas de raciocínio. Helena não era nada disso. Sim, como muitas mulheres, era impulsiva, mas desta vez essa impulsividade traria resultados muito suculentos. 
"Lentamente," lhe disseenquanto ele subia as escadas. Ela necessitava tempo para avaliar a situação no grande salão antes de aparecer por ali. 
Para sua surpresa, enquanto espiava da escada, ela viu que as pessoas do castelo estavam muito ativas. Os homens com suas armas. Miriel rodeada de mulheres e meninos. Serventes que se apressavam indo e vindo carregados com velas, comidas e mantas. 
Eram preparativos para algo muito mais sérios que uma simples festa de noivado. Parecia como se o castelo se preparasse para o assédio de um inimigo. 
Antes que o normando pudesse fazer notar sua presença, o puxou pela parte detrás de sua túnica e o pressionou contra a parede da escada, colocando a ponta de sua adaga contra seu pescoço. Ela se aproximou o suficiente para murmurar em sua cara.
"O que passou?" 
Apesar do fato que ela tinha sua vida em suas mãos, seus olhos brilharam com certa diversão secreta, e um lado de sua boca se curvou para cima, como se estivesse desfrutando de cada segundo. Isso a zangou. 
"Fala!" ela ordenou. 
Ele obedeceu. "Um exército está aproximando-se." 
Seu coração se acelerou. "Um exército. Que exército?" 
Ele vacilou. 
“Que exército?" Ela demandou. 
"Os Cavalheiros de Cameliard." 
Ela franziu o cenho. Podia ser verdade? Verdadeiramente Pagan comandava uma companhia de cavalheiros? 
Deirdre e ela tinham especulado sobre seu título era falso, que Pagan era um mero cavalheiro errante que não possuía terras nem dinheiro, que de algum jeito tinha convencido ao rei de fazê-lo casar com uma mulher escocesa que possuísse terras e riqueza. "Os cavalheiros de Pagan?" 
"Mm." 
Mas Rivenloch se estava preparando para uma batalha. Por que os Cavalheiros de Cameliard tomariam por assalto a fortaleza onde seu comandante residia... A menos que... 
Possivelmente Pagan não estava de acordo com a mera custódia e administração de Rivenloch. Possivelmente esse demônio tinha intenção de reclamar o castelo como próprio. 
Ela amaldiçoou entre dentes enquanto se dava conta da verdade. "Estão sitiando a fortaleza." 
Colin estava em silêncio, mas seus olhos brilharam. 
Isso criava uma mudança em seus planos. 
Ela tinha planejado levar Colin e o ter como refém na cabana do bosque até que Pagan concordasse em anular seu matrimônio com Miriel. Mas se os homens de Cameliard estavam atacando Rivenloch, ela era necessária aqui para comandar os soldados. 
Por outro lado, ela poderia usar seu refém para um propósito, mas importante. Quão valioso era Colin du Lac para as pessoas de Cameliard? Lançou-lhe um rápido olhar, avaliando-o. Inegavelmente ele era rude e forte, comprido de ossos e largo de ombros, provavelmente um guerreiro competente. Mas ele era também bonito, arrogante e com ares de poeta, o tipo de tenente que os escoceses desprezavam. Talvez os normandos medissem o valor de um homem em términos diferentes. Se for assim, Colin du Lac seria um refém cujo resgate seria o controle de Rivenloch... 
Era uma aposta arriscada, mas uma que ela se sentia compelida a fazer. 
"Iremos em viagem," ela decidiu. 
Ele levantou suas sobrancelhas. “Agora? Mas...” 
"Silêncio!" Ela levantou sua espada, forçando-o a levantar seu queixo. "Não falará novamente até que eu lhe permita. Atravessaremos o grande salão, cruzaremos o pátio, e sairemos pelos portões da frente. Tome cuidado de não chamar a atenção de maneira nenhuma, porque te cravarei a adaga nas costelas, e advirto-lhe isso, se desobedecer, não será o primeiro homem em sentir minha espada perfurar sua carne." 
No meio de todo o caos, foi relativamente fácil atravessar o grande salão sem serem detectados. Colin não lhe causou problemas, além de fazer pequenos gemidos de dor quando sua espada se cravou um pouco em seu flanco. Nem sequer cruzar o pátio foi difícil, embora ela se sentisse desanimada ao descobrir que o clima não era favorável para viajar. A chuva tinha feito que o solo estivesse barrento, e nuvens escuras ameaçavam com mais água. . 
Nenhum dos dois tinha uma capa, e ela desejou haver-se lembrado de agarrar a manta de pele do porão. 
O desafio era atravessar os portões da frente. Como os guardas de Rivenloch tinham sido treinados para um assédio ao castelo, uma vez que as vacas e as ovelhas fossem reunidas dentro das muralhas do castelo, os portões eram fechados. Pensando rapidamente, ela chamou o guarda encarregado do portão de grades. "Abre o portão! Três das vacas de Lachanburn escaparam. As traremos para encerrá-las." 
O guarda assentiu. Lachanburn era o vizinho mais próximo de Rivenloch, e a relação entre os dois clãs era em parte aliança, e em parte rivalidade. A única coisa pela qual brigavam com um zelo quase infantil era o gado. Embora o guarda estivesse contente de levantar o portão de grades com a esperança de apropriar-se de umas vacas de Lachanburn. 
Uma vez para fora dos portões, Helena guiou a seu cativo rapidamente para o bosque. 
Nesse momento um impressionante número de Normandos subia a colina. Ela não se atreveu a arriscar-se a ser descoberta. Um engano de sua parte na vigilância, e poderia facilmente ela converter-se em refém dos normandos. 
Finalmente, cobrindo-se com as densas árvores do bosque de Rivenloch, ela se sentiu segura. 
Era tentador permanecer na beira do bosque para espiar o Exército de Cameliard, e observar o que ocorria. Mas ela tinha que entrar no bosque, até um lugar que só suas irmãs conheciam. Ela o empurrou para frente. 
"Mova-te." 
Com um sorriso matreiro em sua cara. "Ah, Já vejo." ele estalou sua língua. “Mas se desejava me violar na escuridão do bosque, tudo o que teria que ter feito era...”. 
"Silêncio!" 
A última coisa que Helena precisava era a distração de um arrogante normando que acreditava que ele era o presente de Deus para as mulheres sobre a Terra. Possivelmente os olhos brilhantes e o sorriso sedutor de Colin du Lac seduziam a outras damas, mas Helena não era uma mulher a que se enrolava facilmente com essas armas tão óbvias. 
Ela o empurrou para frente. Um caminho entrava no bosque, um que as irmãs guardaram cuidadosamente escondido. As folhas caídas dissimulavam o caminho, e em alguns lugares, ramos crescidos tapavam a passagem. Mas as irmãs de Rivenloch o tinham usado desde sempre pelo que Helena podia recordar. 
A cabana abandonada do granjeiro tinha servido através os anos como refúgio. Eles tinham percorrido possivelmente duzentas jardas quando ela fez deter o seu cativo. Ela precisava tomar uma cautela a mais. "Te deite." 
Os olhos do tenente brilharam com malícia enquanto fazia uma reverência ante sua ordem. Para mérito dela, ela resistiu o impulso de esbofetear o sorriso zombador de seu rosto. 
"Sobre seu estômago, com suas mãos nas costas." 
Ele a olhou com luxúria. "Como queira." 
Enquanto ele jazia indefeso no chão, ela procurou em seu saco e usou a faca para cortar duas tiras de tecido da parte debaixo de sua anágua de linho. 
Atou seus pulsos com uma delas, suficientemente forte para fazê-lo fazer uma careta. 
"Tranqüila, moça. Não há necessidade de brutalidade," ele a desafiou, adicionando suavemente, "Estou disposto a te dar prazer.”. 
“Não é questão de prazer, senhor." 
Desta vez havia um traço de sarcasmo em sua voz. "Em tão doce companhia, quem não encontraria prazer?" 
Não lhe importava o especulativo brilho em seus olhos. Usou a segunda tira de tecido para lhe tapar os olhos. No caso de que ele escapasse, não queria que ele soubesse o caminho de volta à fortaleza. 
Ele estalou sua língua. "Agora me privaste da vista de você. Terá que me dirigir se quiser...”. 
"Para cima!" Ela não tinha tempo para esse florido sem sentido. O que ela tinha ouvido a respeito dos Normandos era verdade. Eram tão suaves como bebês, com seus simpáticos cachos e suas bochechas perfumadas. 
Ela lutou para pôr-lo de pé, logo o cheirou dissimuladamente. Cheirava diferente dos homens de seu país, mas seu aroma não era nem feminino nem desagradável. De fato, um agradável aroma sesentia em sua pele, como a canela que Miriel punha nos bolos de maçã. 
"Se só me deixasse saber qual é seu desejo?" ele murmurou. Esse homem era incorrigível. "Se contínuas com este delírio, meu desejo será te amordaçar também." 
"Bem," ele disse com um suspiro. “Deixarei descansar minha língua." O que fez, embora seu sorriso sugestivo nunca se apagou completamente de seu rosto. 
Colin estava assombrado. As mulheres normandas nunca lhe pediam que se calasse. Elas amavam que ele conversasse. E sempre ficavam encantadas com seus galanteios. Cada donzela que ele conhecia, desde velhas solteironas até meninas recém saídas do berço, riam e festejavam as palavras de Colin. O que estava mal com essa moça? 
Ela cravou seus dedos em seu braço, guiando-o para frente, e ele arrastou os pés sobre as folhas, seu passo era torpe. São os escoceses, ele decidiu. Todos eles devem ser loucos. Os homens usavam saias, e as mulheres levavam espadas. E essa moça aparentemente tinha um coração tão impenetrável como uma armadura. 
Não só não estava arrependida da violência exibida na noite anterior, mas também parecia determinada a continuá-la. Ele grunhiu quando ela o empurrou com a adaga em suas costelas. Por Deus! A donzela lhe daria uma morte lenta com milhares de golpes? 
Enquanto entravam no bosque, Colin descobriu que seus outros sentidos se faziam mais agudos. Agora ele podia ouvir a respiração agitada de Helena, suas pegadas, o suave sussurro de suas saias. Ele respirou o ar frio. Misturado com o intenso aroma de pinheiro estava o débil aroma de seu captor, uma indefinível essência que era simplesmente feminina, tão pouco pretensiosa como a donzela. 
Viajaram pelo que pareceu uma eternidade sem falar, até que Colin começou a imaginar-se se não estava partindo de volta para Normandia. 
O seqüestro dele por parte de Helena tinha sido desconcertante no princípio, logo divertido. Mas agora a moça estava levando as coisas muito longe. Se afastassem muito mais, as pessoas de Rivenloch e de Cameliard começariam a preocupar-se com eles, e com boa razão. Depois de tudo, preso e sem vista, Colin não seria capaz de proteger à donzela de qualquer bandido que podia espreitar nos selvagens bosques escoceses. 
Decidindo que já tinha tido suficiente, soltou-se de repente do aperto dela, detendo-se abruptamente, ganhando um acidental ponto da faca dela. "Jesus!" 
"O que?" ela demandou. 
"Vou falar." 
Ela suspirou profundamente. "Fale." 
O encanto não funcionava com ela. Possivelmente a candura o faria. “O que é exatamente o que pretende minha lady?" 
"Não é teu assunto." 
"Pelo contrário, estou sendo levado contra minha vontade sob a ponta de uma adaga. Minha adaga." 
"Verdade." 
"Então?" 
O prazer dela era quase evidente. "Vais ser meu refém." 
Se essas palavras tivessem chegado em outro momento, fariam ferver seu sangue. Seqüestrador e refém. Soava como um desses jogos de sedução que ele tinha desfrutado no passado... como o jogo da vaca e do leiteiro, o pirata e o tesouro escondido, o viking e a escrava virgem... Mas suspeitava que este não fosse um jogo. "Seu refém?" 
"Sim," ela afirmou. "Se os Cavalheiros de Cameliard tomam posse de Rivenloch, planejo manter sua vida como garantia para que a fortaleza seja liberada." 
Por um momento, ele ficou perplexo e mudo enquanto digeria suas palavras. Logo ele se deu conta de seu engano. "Pensa que os Cavalheiros vieram para tomar posse do castelo." 
"O que quer dizer com o "se eu penso”?" ela replicou. "Você mesmo me disse que eles estavam atacando." 
"Não o fiz." 
"Fez-o!" 
Ele sacudiu a cabeça. “Eu disse que estavam aproximando-se. Você presumiu que eles estavam atacando." 
"O que?" ela murmurou. Ele podia ouvir seu sangue escocês começando a ferver. 
"Curioso. Sua irmã, também, cometeu o mesmo engano. Foi ela quem deu a ordem de prepararem-se para um assédio." 
A ponta da adaga de repente se cravou debaixo seu queixo, e ele se estremeceu em surpresa. Possivelmente, ele pensou enquanto sua veia pulsava debaixo do frio aço, ele não devia ter dito à guerreira a verdade. A cabeça de Helena pulsava novamente. "Não nos estão atacando," ela reiterou. 
"Sim," ele disse com desdém. "Por que atacariam? Devemos formar uma aliança." 
Ela apertou seus dentes. Os normandos tinham estado aqui só por um dia, e já tinham posto seu mundo de pernas pro ar. 
Ela estreitou seus olhos enquanto seu cérebro trabalhava furiosamente. Se os normandos não estavam atacando, ela não necessitava de Colin du Lac para resgatar Rivenloch depois de tudo. 
Mas isso não significava que não podia continuar com seu plano original de salvar Miriel. 
A nota de resgate que ela tinha escrito às apuradas no depósito estava ainda guardada entre seus seios. Tudo o que precisava era um mensageiro. 
"Vêem." ela baixou a adaga e puxou seu braço. "Tenho outro uso para você." Colin curvou seus lábios em um sorriso especulativo, mas antes que ele pudesse abrir a boca para fazer uma sugestão libidinosa, ela o empurrou para frente. "Nenhuma palavra!" 
Capítulo 3
Eles tinham que apressar-se. Atarefa adicionaria outra hora à viagem, mas com sorte, ela encontraria um mensageiro confiável. 
Um solitário monge vivia em uma pequena cabana na margem oeste do bosque, e o humilde servente de Deus quem fazia ronda diárias pelas granjas vizinhas, ocupando-se dos doentes, ajudando aos pobres, e que vivia com o que os granjeiros lhe davam. Helena sabia que podia confiar nele para entregar sua missiva.
Rapidamente atravessaram o bosque, seguindo um estreito caminho que conduzia para a moradia do monge. Enquanto avançavam, Helena notou seu prisioneiro charlatão se tornou curiosamente calado. Possivelmente se resignou a estar capturado. Típico dos Normandos. Portanto, ela se perguntou se os normandos tinham bolas. Se tivesse sido ela a cativa, teria ido chutando e gritando durante todo o caminho. 
Na realidade, ela deveria suspeitar de seu silêncio. 
Justo quando ela alcançou uma pequena clareira entre as árvores onde a luz do sol tinha permitido que um grupo de flores crescesse, seu cativo pôs seu pé e tratou de lhe dar uma rasteira. 
Ela foi o suficientemente ágil para não cair. Mas ele tinha escapado rapidamente do alcance de sua adaga e agora movia e sacudia sua cabeça, tratando de puxar o tecido que cobria seus olhos enquanto se afastava torpemente dela. 
Helena pôs suas mãos em seus quadris. "Onde diabos pensa que vai?" 
Ele rapidamente conseguiu tirar a atadura de seus olhos, o suficiente para espiar por baixo dela com um brilhante olho verde. "Vou voltar." 
Ela sacudiu a cabeça. "Terá que passar por cima de meu cadáver." 
Ele dobrou seus joelhos, preparado para investir. "Sugeriria que se ponha de lado." 
No momento seguinte, ele foi para frente. 
Ela se manteve firme até o último momento, e logo deu um passo para o lado. Enquanto Colin passava ao seu lado lhe deu um golpe lateral. 
A força da investida dele foi imparável. Ele tropeçou e caiu sobre um matagal, golpeando seu ombro com um ruído seco que fez que Helena se estremecesse. 
"Maldita ah!" ele gritou, fazendo caretas enquanto rodava de em cima de seu ombro. 
Ela franziu o cenho. Por Deus! Machucou-se? Ela esperava que não. Não que se importasse se o Normando tinha uns machucados. Mas a última coisa que ela precisava era um refém que requeresse um doutor. 
Ele se agarrou o braço, logo ofegou. "Meu braço acredito que está...”. 
Ela olhou brevemente seu braço. "Quebrado?" Não me parece. Ao menos o cotovelo tinha a curvatura normal. Mas havia caído com os braços atados nas costas. Poderia haver-se tirado o ombro de lugar. Havia-lhe acontecido isso uma vez e era horrivelmente doloroso. 
Ele tentou sentar-se, em seguida lançou um insulto, voltando a atirar-se ao chão. 
Ela suspirou desgostada. Ela podia ser uma feroz guerreira, mas não gostava do sofrimento desnecessário. Supunha que teria que soltá-lo e armar uma espéciede tipóia para o braço. Enquanto ele ofegava dolorido, ela se aproximou, estremecendo-se em uma involuntária empatia, pondo a faca em seu cinturão. “Deite-te e fica quieto”. Verei se há algo quebr...
Antes que ela pudesse agachar-se ao lado dele, suas pernas se enlaçaram ao redor dela de repente, golpeando-a atrás dos joelhos para atirá-la em cima das flores selvagens. Enquanto seus cotovelos caíam sobre a terra e sua saia voou em cima de sua cabeça, o choque lhe tirou a respiração. 
Deus odiava ao normando. 
Por um momento ela jazeu atônita, tratando de imaginar como tinha caído na armadilha dele. Em seguida captou o absurdo desse momento. 
Nervosamente agitando seus braços para livrar do enredo de suas saias, se pôs de pé dificultosamente, tirou-se uma mecha de cabelo de sua boca, e tirou a adaga. 
Ele a viu vir, mas não teve suficiente tempo para reagir. Seu único olho visível se alargou enquanto ela avançava para ele com intenções assassinas em seus olhos.
Antes que ele pudesse levantar-se, ela plantou um pé sobre seu traseiro, pressionando-o contra o chão. “Um braço quebrado? Vou lhe dar um braço quebrado." 
Ela não tinha intenção de lhe quebrar o braço, é obvio. Não era desse tipo de guerreiro que machucaria a um homem quando ele estava caído, apesar do que ele pensasse. Além disso, apesar de que ela estava furiosa com ele por essa armadilha, estava mais furiosa consigo mesma por deixar-se surpreender por essa armadilha. 
"Não importa," ela murmurou. "Não tenho estômago para esses ataques covardes. Além disso, seria completamente inútil como refém." 
Colin franziu o cenho, humilhado pelo fato de que essa donzela tivesse sua bota plantada sobre seu traseiro. Tinha sido mais preparado que ela. Quase. 
Se pelo menos tivesse sido capaz de tirar o tecido dos olhos. 
Se pelo menos tivesse tido tempo para correr seu corpo. 
Se pelo menos, ele pensou maliciosamente, não se tivesse ficado paralisado pela vista das longas e sedutoras pernas de Helena exibidas quando ela caiu, revelando o fascinante fato de que não levava nada debaixo de sua saia. 
Enquanto ela continuava avaliando os passos a seguir, ele ouviu alguém vindo pelo caminho. Talvez fosse A Sombra, o bandido do bosque que ela tinha mencionado no jantar, que se movia à velocidade de um demônio, deixando a suas vítimas paralisadas e sem uma moeda. Ou possivelmente era um desses Selvagens Highlanders, semi nus que deviam roubar e violar. Quem quer que fosse que estivesse rondando nessa parte remota do bosque, as chances eram que não fosse para nada bom. 
Os instintos de cavalheiro de Colin emergiram a superfície. Apesar das circunstâncias atuais, apesar da traição de Helena, apesar do fato que uma parte pouco nobre dele desejava pô-la sobre seus joelhos e lhe dar umas palmadas em suas nádegas até lhe tirar toda sua arrogância, Colin era acima de tudo um cavalheiro, que tinha jurado proteger às damas. 
"Solte-me!" ele murmurou entre dentes. "Vem vindo alguém. Solte-me." 
Ela levantou uma sobrancelha duvidando. 
"Não é um truque. Juro-o, minha lady. Solte-me, e te defenderei." 
"Defender-me?" ela replicou. "Defenderá-me?" 
"Apure-te," ele disse urgentemente. "Não pode ouvir? Vem vindo alguém." 
"Ouço," ela assegurou com o que Colin considerou uma calma inapropriada. 
Talvez pudesse lhe assustar para que o soltasse. "E se for A Sombra?" 
Ela se encolheu de ombros. "Muito ruidoso." Logo ela o zangou enormemente, agachando-se ao lado dele e lhe piscando um olho "Não se preocupe, pequeno. Eu te manterei seguro.”. 
A última pessoa que Colin esperava ver era um monge. Mas uma vez que viu a túnica marrom e a cabeça raspada, soube que não era um problema, a não ser uma salvação que tinha chegado. 
Rapidamente, antes que Helena pudesse abrir sua boca, ele disse bruscamente, "Irmão! Louvado seja Deus, minhas súplicas foram respondidas.”. 
O jovem monge se paralisou no caminho, parecendo um cervo atônito. 
"Rogo-lhe, irmão, me libere," Colin suplicou. “Temo que esta pobre mulher me confundiu com outra pessoa e planeja...” ele afetou sua voz dramaticamente "me matar.”. 
O monge olhou nervosamente aos dois, pestanejando rapidamente. "Perdão?" 
"Ela parece ser" Colin lhe confiou em um murmúrio, "louca.”. 
Ele esperava que Helena estalasse em veemente protesto. Mas não o fez. Em troca, lhe deu um sorriso condescendente, e em seguida ficou de pé para enfrentar ao monge. "Irmão Thomás. Que bom vê-lo." 
As esperanças de Colin se foram ao inferno. 
"Conheço-a ," o monge disse, sacudindo sua cabeça. "Lady... Lady...” 
"Helena." 
"Sim. Uma das donzelas da fortaleza. Mas, o que...” A boca do monge ficou aberta como se quisesse dizer algo mais, mas não pudesse encontrar as palavras. 
"Necessito sua ajuda," ela disse brandamente. 
Esse tratamento pareceu voltar o homem à vida, como se ela tivesse recitado algumas palavras mágicas. O monge endireitou seus ombros. “Sou um servente de Deus e seu, minha lady." 
Colin fechou seus olhos, silenciosamente amaldiçoando o poder que as belas mulheres possuíam, ainda sobre os homens da igreja. 
Ela procurou algo dentro de sua camisa e tirou um pedaço de pergaminho. "Pediria-lhe que o entregue em Rivenloch, para minha irmã, Lady Deirdre." 
O monge tomou a missiva
"Não o faça," Colin advertiu. 
Para sua satisfação, o monge vacilou. 
"Leve-o," Helena disse. 
"Se ela não tiver más intenções, então por que me tem preso?" Colin perguntou. "E por que está segurando uma adaga?" O monge franziu o cenho confundido. Colin usou essa vantagem para afiançar seu caso. "O digo, ela quer me matar." 
Ele esperava que Helena convencesse ao sacerdote fingindo inocência ou estalando em falsas lágrimas ou dizendo que Colin estava louco. Quão último esperava era que ela contasse a verdade. 
"Sim, vou matá-lo," ela disse neutramente, "se esta nota não chegar a minha irmã.”. 
O monge estava tão atônito como Colin. 
"E se me força a cometer um assassinato, Irmão Thomás," lhe disse, "e minha alma ficar para sempre condenada ao inferno, temo, será sua responsabilidade.”. 
A mandíbula de Colin caiu. A lógica dela era apavorante. Por um longo momento, nenhum dos homens pôde responder. 
"OH, não, não, minha lady," o monge murmurou finalmente. "Levarei-o. Não há necessidade de... de que... o machuque." Ele olhou brevemente a Colin com um sorriso preocupado. 
Colin grunhiu enquanto o monge tomava o pergaminho. 
“Deus... Deus a abençoe, minha lady," o monge disse com uma sacudida de cabeça nervosa. Enquanto passava ao lado de Colin, ele murmurou, "E Deus o salve, meu lorde.”. 
Em seguida esse homem frágil e inútil se afastou pelo caminho, levando a melhor esperança de Colin com ele. 
Enquanto Colin olhava ao Irmão Thomás com descrença, Helena quase se sentiu pena pelo Normando. Depois de tudo, ele tinha feito um esforço valente. Mas sua inteligência não se comparava com a dela. 
"Está feito," ela disse satisfeita porque o Irmão Thomás entregaria sua mensagem. 
Ela se agachou para agarrar o ombro de Colin. "Vamos." 
"Não," ele disse, esquivando-a. "Não até que me dê certas respostas.”. 
Ela franziu o cenho. Verdadeiramente ele pensava que estava em posição de pressioná-la? Por que não podia aceitar que estava a sua mercê? Talvez ela não tivesse sido suficientemente clara. Com a ponta da adaga, ela levemente roçou o lóbulo de sua orelha. "Sabe, posso fazer voltar o Irmão Thomás ," ela disse . "Não é muito tarde e enviar um pequeno presente junto com a nota ." Ele ficou visivelmente rígido. "Uma orelha ... um dedo... ou ... " Ela pretendeu deliberar, permitindo que seus olhos percorressem suas feições. 
Logo ela notou que ele a estava olhando fixamente com o único olho visível, como se a estudasse, julgasse-a. E embora ele jazesse indefeso no chão, completamente a sua mercê, de repente pareceu que seu olho olhava diretamente a seu coração. 
Inquieta, lhe baixaram a atadura lhe tapando ambos osolhos. 
Ele levantou seu queixo. "Fará o que te pareça, é obvio. Mas penso que deveria saber que não tenho tolerância à dor, e que provavelmente gritarei como um porco." 
Ela levantou uma sobrancelha. 
"E sangrar...” ele continuou. "Uma vez me cravei o dedo com um espinho e sangrei por três dias." 
Ela nunca tinha ouvido algo tão absurdo. "Três dias," ela repetiu. 
"Sim. Mas estou disposto a fazer um trato com você, minha lady, e economizar a ambos o problema de me desfigurar." 
Uma mulher mais impiedosa lhe teria talhado a orelha nesse momento para lhe mostrar quão pequeno era o problema. Mas Helena só era selvagem quando ela era forçada a sê-lo. E nesse momento, com o normando dominado, ela podia se dar o luxo de ser piedosa. Além disso, embora odiasse admiti-lo, ela estava intrigada por seu raciocínio. Era raro que encontrasse a um homem tão rápido mentalmente. 
"Sim?" ela disse, agachando-se ao lado dele novamente. Ela não tinha notado anteriormente, distraída pelo brilho de seu olho, que bem formada era sua boca.
 Seus lábios pareciam suaves, mas firmes, e onde se abriam, ela viu as pontas brancas de seus dentes. Seu nariz estava perfeitamente esculpido, nem muito largo nem muito estreito, com fossas nasais que se moviam enquanto aguardava sua resposta. 
"Minha lady?" 
Ela sacudiu sua cabeça para espantar seus pensamentos divagantes. "Não está em posição de negociar." 
"Não importa, parece uma mulher razoável." 
Ela levantou as sobrancelhas. Ninguém dizia que Helena era razoável. Ela era qualquer coisa menos razoável. O normando estava louco ou mentindo a morrer. "Segue." 
"Se responder uma pergunta, minha lady, deixarei de resistir e irei voluntariamente com você." 
"Uma pergunta?" 
"Sim." 
"Faça-a." 
"Se não planeja pedir que liberem Rivenloch em troca de minha liberdade, o que é o planeja? O que dizia a nota?" 
Ela pestanejou. O que importava a ele? Isso não mudaria seu destino. Dependia de Pagan o que lhe acontecesse no futuro. Por outro lado, não era um grande segredo. E se Colin ia cumprir o que havia dito respeito a cooperar...
 "Se te der uma resposta, virá comigo voluntariamente?" 
“Sim.” 
"E não tentará mais truques?" 
"Nada mais de truques. Juro por minha honra como cavalheiro." 
Ela sorriu travessamente. Possivelmente ele não era tão inteligente como ela imaginava. Era um trato muito bom para deixá-lo passar. Ela lhe daria nada, e ele lhe daria tudo. 
"Muito bem," ela disse. "A nota dizia, 'tomei ao Normando como refém. Não o devolverei até que o matrimônio seja anulado. '“. 
“O que!” 
“Ela repetiu,” 'tomei ao Normando... '" 
“Sim, ouvi-te, mas... Oh! Ah! Maldição!" 
Ela sorriu. "Agora Pagan devolverá a minha irmã." 
"Não o fará." 
"Oh, acredito que sim." 
A boca do normando se curvou para baixo. "Não conhece Pagan Cameliard." 
“E você não conhece as Donzelas Guerreiras de Rivenloch." 
Ele sacudiu a cabeça, como se o destino lhe estivesse fazendo uma grande brincadeira, mas não disse mais nada. 
Ela o ajudou a ficar de pé, e continuaram pelo caminho sem falar. 
Fiel a sua palavra, ele foi voluntariamente, mas para Helena, seu silêncio era um mau presságio. 
A cada milha que eles caminhavam afastando-se de Rivenloch, a inquietação de Helena cresceu. 
Podia Colin ter razão? E se ele não era tão valioso para Pagan como ela presumia? 
E se Pagan considerava a perda de seu homem como um preço razoável para pagar pelo casamento com uma noiva de sua escolha? E se ele rasgasse a nota antes que Deirdre pudesse vê-la? E se, Deus não o permita, não recebia resposta de sua irmã? Quanto tempo teria que esperar no bosque? Quanto tempo teria que ter Colin como refém? 
E o mais crítico, quanto tempo poderiam sobreviver sem comida? 
Seu estômago já estava grunhindo quando finalmente alcançaram o arbusto na qual estava à cabana. Era suficientemente frondoso, fazendo que as paredes da cabana parecessem feitas de folhagem, e sob a sombra das árvores, a estrutura quase não era visível. A porta da moradia estava fora do marco, e as portinhas se penduravam da única janela e parecia como se fossem desprender-se com a menor brisa. 
O teto era mais buracos que palha, mas as trepadeiras tinham subido ao teto para preencher os buracos, fazendo que a cabana fosse relativamente segura contra as inclemências da natureza. 
Em um tempo a choça tinha pertencido a um granjeiro, e perto havia uma clareira no bosque onde tinha sido semeada cevada. Mas isso fazia tempo que tinha sido invadido por plantas selvagens. Não muito longe, corria um arroio que desembocava nos lagos, que levavam o nome de Rivenloch. 
"Chegamos ," Helena anunciou, detendo-se na soleira da cabana para tirar o tecido dos olhos de Colin. 
Colin não sabia que o esperava ver. Um santuário possivelmente. Ou um castelo vizinho. Ou uma modesta casa dos aliados de Helena. Por certo, não esperava ver uma choça no meio da parte mais escura do bosque. Merda! uma decrépita cabana. 
"OH, é formosa," ele disse com sarcasmo. 
Zangada com seu sarcasmo, Helena lhe deu um empurrão para frente. "Estará agradecido deste refúgio quando os lobos vierem." 
Ele revisou as plantas trepadeiras e as manchas de mofo que cobriam as paredes e se perguntou se realmente haviam paredes debaixo da folhagem. 
"Duvido que algum lobo venha a esta choça," ele murmurou. 
"Já poderiam estar aqui," ela disse. Em seguida ela fez algo extraordinariamente heróico, algo que o tomou de surpresa. Helena ficou entre ele e a entrada e usou a adaga para empurrar a porta. Se havia um animal selvagem dentro da choça, atacaria primeiro a ela. 
Isso o perturbou. 
"Espera," ele disse. "Deixe-me ir primeiro." 
"Não acredito." Ela sacudiu a cabeça. "Não planejo perder a meu refém." 
"E eu não planejava perder minhas esporas por falta de cavalheirismo," ele insistiu. "Além disso, quanta experiência tem em se defender de animais selvagens?" 
Um lado de sua boca se curvou em um sorriso malicioso. "Incluindo a você?" 
Sob qualquer outra circunstância, ele teria achado esse sorriso convidativo. 
O fato que ela o tivesse chamado animal não lhe preocupava o mínimo. As Mulheres o tinham chamado de muitas maneiras: canalha, tenente, besta.. sempre com afeto. Mas este não era o momento nem o lugar para jogos amorosos. Perigosas criaturas podiam estar atrás da porta. E ele não estava disposto a usar a uma dama como um escudo contra elas. 
"Corte minhas amaras e me dê à faca. Eu posso...”. 
Sem advertência, completamente ignorando suas palavras, ela deu um empurrão à porta. E esta se golpeou contra a parede levantando um montão de pó. 
A mandíbula de Colin caiu. Se havia um animal selvagem dentro, atacariam-os depois de semelhante ruído. 
Felizmente, tudo o que ele ouviu foram pequenas criaturas escapando da luz. E além de um par de aranhas que freneticamente subiam pelas teias que cobriam a entrada, nenhuma besta emergiu das sombras. Mas quando Helena se deu volta para se assegurar que tudo estava seguro, ele estava simultaneamente tão horrorizado e tão lívido que não pôde falar. 
Notando sua apoplexia, ela levantou uma sobrancelha desafiante. "Os Normandos não têm medo dos ratos, verdade?" 
Colin estava muito perplexo para responder. Enquanto Helena o empurrava para dentro a cabana, ele tinha um único pensamento. Essa mulher era um problema. Ela era muito selvagem e temerária para seu próprio bem. Esse tipo de impulsividade ia terminar matando-a. E provavelmente também a ele. 
'"Não é o tipo de lugar ao que os Normandos estão acostumados, com seus perfumados travesseiros e lençóis de seda," ela disse com desgosto pouco velado enquanto ele estudava o interior, "mas será suficiente.”. 
Travesseiros perfumados? Lençóis de seda? Colin não tinha nem idéia do que ela estava dizendo. Sua cama tinha lençóis comuns de linho, a menos que estivesse em batalha, e então se considerava afortunado de poder deitar-se em um pedaço de terraplano com sua capa em um colchão de folhas. De onde tirava a moça suas idéias sobre os Normandos, ele não sabia. 
O interior da cabana estava surpreendentemente limpo. Embora uma fina capa de pó cobrisse tudo e os escassos móveis no quarto pareciam mais toscos que a própria choça. 
A lareira estava cheia de madeira cortada, e três panelas estavam penduradas de uma barra suspensa sobre o fogo. Ao lado do fogo havia uma pá, uma corda e uma fonte cheia de colheres de vários tamanhos. Um banco de três pés estava ao lado de um pequeno arca de madeira, e uma lamparina de azeite vazio estava pendurada de um gancho na parede. Contra uma parede havia uma cama razoavelmente limpa. O exterior da choça podia ser frondoso, mas alguém tinha usado o interior recentemente. 
"Traz para cá seus reféns?" perguntou a ela. 
Ela sorriu travessamente, e em seguida assinalou a cama. "Deite-te na cama." 
Ele lançou a ela um olhar luxurioso. “Se insiste." 
Enquanto ele se deitava torpemente com seus braços atados, ela procurou a corda e a cortou em tiras. 
Ela agarrou um de seus tornozelos e começou a atá-lo ao pé da cama. 
Enquanto Colin compreendia seu desejo de mantê-lo prisioneiro, mas não gostava da idéia de ser deixado indefeso. 
"Minha lady é isto absolutamente necessário?" 
"Não posso deixar que meu refém escape." 
"Mas e se houver um incêndio? E se os lobos vierem? E se...”. 
"Disse-lhe isso antes," ela disse, assegurando o nó, "Necessito-te vivo. Não permitirei que nada te aconteça.”. 
Ele apertou seus dentes enquanto ela começava a segurar sua outra perna. Ele tinha sido criado para ser independente. Era suficientemente difícil para ele depender de seus companheiros cavalheiros. Mas pôr sua confiança em uma mulher, e em uma tão impetuosa como essa... 
"E se eu te dou minha palavra de que não escaparei?" 
Ela o olhou. "Sua palavra? A palavra de um Normando?" 
"Mantive minha palavra de vir voluntariamente," ele raciocinou. 
"Manteve sua palavra porque eu te apontava com a faca." 
Ela tinha razão pela metade Uma vez que ele fazia uma promessa, jamais consideraria tentar escapar, embora provavelmente tivesse tido uma dúzia de oportunidades de fazê-lo. Ele era, depois de tudo, um homem de honra. 
Ele se retorceu na cama, tratando de aliviar o adormecimento de suas mãos, presas abaixo de suas costas. Arrancou-lhe a atadura de seus pulsos, liberando seus braços. Mas ela foi cuidadosa de levar sua arma a sua garganta. 
"Os braços para cima," ela disse. 
"Espero que estejas certa," ele murmurou, levantando seu braço sem queixar-se. 
"Espero que sua irmã venha antes que ladrões." 
Ela atou seu braço direito na beira da cama "Deixa que eu me ocupe dos ladrões, Normando.”. 
Enquanto ela se inclinava sobre ele para tomar posse de seu pulso esquerdo, ele esteve tentado a fazer uma tentativa final de escapar. Um que implicava golpeá-la com seu punho e provavelmente deixá-la inconsciente. 
Duas coisas o detiveram. 
O primeiro: o cavalheirismo. Colin sempre tratava às mulheres gentilmente. Nunca tinha golpeado a uma mulher. De fato, ocasionalmente levantava a voz a uma dama. A idéia de ferir intencionalmente a uma mulher era inconcebível. 
A segunda coisa que o deteve foi o fato de que enquanto Helena se cruzava em cima de seu corpo, ela perdeu o equilíbrio e tropeçou para frente golpeando contra seu peito. Ele se esticou, seguro que havia sentido a adaga em sua garganta. 
Felizmente, os instintos dela foram rápidos. Ela correu a adaga antes que pudesse danificá-lo. Mas por um instante enquanto ela jazia ali, esmagando suas costelas, seus olhos captaram a mútua vulnerabilidade pelo que ocorria entre eles. Ela poderia cravar-lhe a adaga. Ele podia desarmá-la. Em troca, ambos ficaram paralisando em uma pausa muito curiosa. E nesse momento, enquanto ele a olhava com atônitos olhos verdes, incapaz de mover-se, incapaz de respirar, ele vislumbrou debaixo da atitude selvagem dela, um coração gentil. 
No momento seguinte, essa sensação se foi. Fechou-lhe seus olhos e sua alma e saiu de cima de seu peito com um grunhido desdenhoso. 
Em seguida ela atou sua outra mão. Colin lutou contra seu crescente desconforto. Não era a primeira vez que tinha sido preso a uma cama por uma mulher, mas Helena era primeira em fazer nós impossíveis de desatar. Se algo acontecia, não poderia defender-se nem a si mesmo nem a ela. 
Helena, com sua tarefa completada, assentiu com satisfação. Deu uns passados para trás e se sentou no banco de três pés. Ainda estava nervosa porque quase havia cravado a adaga em seu refém. Ao menos ela tentou convencer-se que essa era a origem de sua inquietação. O fato de que o olhar de Colin tivesse perdido por um momento sua característica zombadora e a tivesse olhado com admiração nada tinha nada que ver com o modo em que seu coração se acelerava. 
"Minha lady, isto é uma loucura e...”. 
"Sh." Ela não queria escutar seus argumentos. Agora que seu cativo estava amarrado, ela podia descansar sabendo que não haveria mais excitação nesse dia. 
Colin obedeceu sua ordem e parecia estar absorto em seus pensamentos enquanto jazia olhando fixamente o teto decrépito da cabana. Agora ela só se sentaria e esperaria. 
E esperaria. 
E esperaria. 
Seu estômago grunhiu sonoramente, e ela olhou brevemente para ver se Colin tinha ouvido o som. Tinha-o escutado. Embora seus olhos não deixaram de olhar o teto, os ângulos de sua boca se curvaram divertidos. 
Ela grunhiu. "Talvez se não me tivesse encerrado em um porão sem comida...”. 
"Desculpe-me," ele disse. 
Ela se mordeu o lábio inferior. Deus! Estava faminta. Havia quem se burlava de seu voraz apetite, mas não se davam conta quanta energia uma guerreira requeria. "Deirdre deveria enviar uma resposta antes do entardecer," ela disse. 
"E se não o fizer?" 
Helena não queria pensar nisso. Em sua impulsividade, ela não havia trazido provisões. Se eram forçados a permanecer de noite, pela manhã ela teria que reconsiderar seus planos seriamente. 
Ela continuou esperando, tão ansiosa como uma fera enjaulada, caminhando no pequeno quarto, em seguida sentando-se pesadamente no banco, para depois ir à janela para espiar através das portinhas, só para ver que as sombras cresciam. 
Na décima viagem à janela, ela pôde ver a vaga silhueta das árvores contra o céu do entardecer. O ar estava pesado com a neblina da tarde, e ela se estremeceu com o ar fresco. Ninguém viria. Embora Helena não temesse nada a respeito do bosque, a precavida Deirdre nunca andaria pelo bosque na escuridão. 
Ela suspirou, afastando-se da janela. Supôs que eles teriam que passar a noite na cabana. 
Ela procurou entre os conteúdos da arca. Havia uma manta de lã com buracos causados pela traças, e a pôs em cima de Colin. Ela tirou as outras duas mantas, e usou uma como colchão para ela sobre o chão ao lado da cama. 
Era injusto, ela pensou dormir sobre o chão duro enquanto seu refém usava a cama. 
Estirando-se com seus pés em direção à cabeça de Colin, tapou-se com a outra manta e observou o ambiente da cabana lentamente voltar-se cinza claro, em seguida cinza escuro, e logo preto. 
Justo quando estava por dormir, na escuridão, Colin murmurou, “Está acordada?”. 
Era tentador não lhe responder. Ela não queria ouvi-lo dizer que ele tinha razão, que ninguém tinha respondido sua nota. Mas ela estava acordada, faminta e aborrecida. Uma conversa seria bem-vinda embora fosse com o Normando. 
"O que quer?" 
"Diga-me, Diabinha, tem medo de algo?" 
Ela saltou ante esse apelido dirigido a ela. "Além de estar isolada em uma cabana com um Normando charlatão?" 
Ele riu. “Sim, além disso." 
“O medo é uma perda de tempo." 
"Mas certamente teme a algo." 
Ela se encolheu de ombros. "O que tenho que temer?" 
"Bestas selvagens. A escuridão." Ele fez uma pausa, e em seguida adicionou "Fome.”. 
Ela grunhiu. "Não se preocupe, Normando. Não deixarei que morramos de fome." Ela sorriutravessamente na escuridão. "Embora a você não te viesse mal perder algumas gordurinhas na cintura." 
"Gordurinhas?" ele disse abruptamente. "Sou todo músculo, moça malvada, e sabe." 
"Então, como é que consegui te superar no porão?" 
A risada de Colin pareceu esquentar o quarto. '"Foi um plano inteligente, pequena zorra.”. 
Ela franziu o cenho, querendo estar irritada, mas secretamente agradada pela adulação dele, que, por uma vez, parecia genuíno. 
"Onde aprendeu esses truques?" 
"Tratando com homens meio tarados," ela disse secamente. 
"Ah." 
Logo que ela disse as palavras, ela as lamentou, porque sua resposta brusca silenciou Colin. E tanto como ela proclamava desprezar a esse homem, conversar com ele não era desagradável. Era um homem de certa inteligência, embora a maior parte dessa inteligência fosse desperdiçado em adulações sedutoras. Durante o jantar, lhe pareceu uma pessoa educada, muito viajada, e de algum jeito interessante. E em uma noite fria e solitária como essa, uma conversa estimulante era bem-vinda. 
Então logo depois de um prolongado silêncio, deu a ele uma resposta mais gentil. "Minha irmã e eu sempre combatemos com homens de maior tamanho e força. Aprendemos a confiar em nossas mentes e nossos músculos." 
Quando ele não respondeu ao princípio, o primeiro que ela suspeitou foi que ele poderia haver adormecido. 
Finalmente, lhe deu uma resposta cortês. "Se seus músculos são capazes da metade de sua mente, minha lady deve ser um inimigo a ter em conta." 
Ela estava agradecida pela escuridão, porque seu elogio a fez ruborizar. Certamente só era outra das adulações falsas do Normando. Avermelhada, ela sentiu que o silêncio se fazia denso novamente, e ela procurou palavras para preenchê-lo Finalmente ela reticentemente disse, “Esse truque com seu ombro... foi... foi... foi engenhoso também.”. 
Sua risada aliviou a tensão. "Isso... foi uma inspiração nascida do desespero. A queda foi acidental." 
Ela sorriu. O pobre tolo provavelmente havia se machucado. 
O silêncio desceu novamente, e ela esteve segura de que desta vez seu cativo havia adormecido. Enquanto a noite fazia notar sua presença, e lentamente apareceram às estrelas, e os pensamentos de Helena começaram a viajar para Rivenloch. 
 Deirdre teria recebido a nota a tempo? Serviria para retardar a consumação? Ou a pobre Miriel agora estaria sofrendo na cama matrimonial? 
"Está inquieta," Colin murmurou, assustando-a. 
"Possivelmente porque alguém contínua me despertando." 
"O que te preocupa?" 
Como tinha adivinhado que ela estava preocupada e por que ela devia revelar seus mais secretos pensamentos a seu inimigo, não podia compreendê-lo. Mas a verdade pareceu deslizar-se de sua língua tão facilmente como a manteiga sobre uma faca quente. "Se ele a machucar.... Se ele a danificar... de maneira nenhuma...”. 
"Pagan? Por Deus, minha lady, ele não é um violador de mulheres. Sim, ele tem uma reputação temível como guerreiro, mas todas as mulheres asseguram que é o mais gentil dos amantes." 
“Todas as mulheres?" Sua boca se abriu. "Então minha irmã se casou com um sátiro?" 
“Não," ele rapidamente replicou. "Longe disso. Por Deus! Pagan não teve a metade das mulheres que eu tive." 
Helena fechou seus olhos. "Ah. Então você é o sátiro." 
“Não. Só quis dizer...”. 
"E quantas mulheres tiveste? Tens a conta?" 
"Maldição! Não se trata de mim. Mas sim de Pagan." Ele suspirou exasperado enquanto tentava sair da armadilha em que ele mesmo tinha entrado "Ele é um bom homem, é melhor homem do que eu sou. E é um homem de palavra. Jurou-te ontem à noite que não possuiria a sua irmã contra sua vontade. E não o fará.”. 
Helena desejou poder acreditar nisso. 
"Juro-o pela honra de cavalheiro," ele adicionou. “Não será forçada a fazer nada." Com essa frase, Helena rodou sobre um lado e se tapou com a manta até seus ombros. Mas não era o temor por Miriel o que a mantinha acordada agora. Era a imagem de Colin contando as mulheres com as quais se havia deitado e o ultrajante fato de que a ela não deveria lhe importar. 
Finalmente, enquanto as criaturas da noite lentamente emergiram, os ratos correram pela cabana, as corujas gritando para fora das portinhas, um solitário lobo uivando na distância, ela pôs a adaga ao lado de sua cabeça, dormindo com uma mão sobre a manga.
Capítulo 4
Colin despertou nas tranqüilas horas antes do amanhecer com o som da respiração de Helena que não era exatamente um ronco ou um tremor, mas algo entre esses dois. O quarto estava escuro e frio. Seu coração de cavalheiro teve piedade da tremente donzela. Curvando sua cabeça para frente, apanhou a beirada de sua manta com seus dentes e, centímetro por centímetro, que a levantou com tão má sorte que caiu em cima dela. Houve um grunhido, ela se deu a volta, e seguiu dormindo. 
Enquanto isso, ele ficou quieto e se estremeceu, perguntando-se o que traria esse novo dia. 
Estava seguro que se Pagan interceptava a nota de Helena, ele pensaria que era uma boa brincadeira que Colin estivesse à mercê da moça. Pagan não se apuraria a cavalgar para resgatá-lo, e Colin poderia permanecer nesse miserável estado por dias. O que, dado a beleza de sua seqüestradora, poderia não ser uma coisa terrível. 
Mas estavam muito mal providos para permanecer ali por um longo tempo. Ela não havia trazido comida, e sua única arma de caça era sua adaga. Colin tinha moedas, mas não seriam muito úteis no bosque selvagem. 
Ela reconsideraria suas demandas? Poderia convencê-la que Pagan nunca concordaria com seus pedidos? Não era que Pagan fosse irracional, ele era decidido e um líder sábio que defenderia os melhores interesses de Rivenloch. 
Se fosse qualquer outra mulher, Colin já a teria comendo de sua mão com apenas uma piscada de olho. Mas esta moça era um desafio. Não era um pimpolho que floresceria com um só toque de seus dedos. 
Helena era mais uma flor selvagem da Escócia, bela e chamativa para olhá-la, mas com traiçoeiros espinhos. 
A pesar do frio, Colin voltou a dormir, sonhando que procurava uma valiosa flor em um vasto campo de pálidas margaridas. 
Ele despertou várias horas mais tarde quando a porta se fechou. Era Helena, voltando de fora. Devia ter ido responder ao chamado da natureza, algo que ele teria que fazer logo. 
A luz do sol se filtrava pela flora do bosque agora, e pelos buracos do teto dando ao quarto um tom dourado. Emergindo na luz, vestida com seu vestido cor açafrão pálido, a beleza escocesa luzia tão magnífica como Apolo. Ela se aproximou, e ele notou que tinha algo em suas mãos. 
"Bom dia," ele murmurou, tratando de ajustar seus olhos à luz do dia. 
"Encontrei morangos," ela disse. "Necessitarás suas forças para caminhar." 
Isso o despertou completamente. "Chegaram?" 
“Não. Mas o farão. Logo." 
"Hm." Ele desejou ter o otimismo dela. 
"Abre as mãos ," ela disse, aproximando suas mãos. A atrativa fragrância de fruta amadurecida fez água em sua boca. 
Eram deliciosas. Enquanto ela deixava cair cada um dos morangos em sua boca como uma concubina de um príncipe árabe, levou toda força de vontade de Colin para resistir a lamber o suco de seus dedos. 
"Deirdre deverá chegar ao meio da amanhã," ela predisse. 
Colin pensava que não. Quando Pagan seduzia a uma mulher, e Colin estava seguro que o tinha feito, ela ficava em sua cama por horas. 
Helena pôs outro morango entre seus lábios, e ele maldosamente mordiscou a ponta de seu dedo, ganhando uma reprovação. Enquanto comia a fruta, de repente notou que sua manta estava de volta. Ela a devia haver devolvido antes de sair. Ele sorriu. Pequena Diabinha, não era tão desumana como pretendia ser. 
Quando lhe ofereceu outro morango, ele o rechaçou. "Come o resto. Deve estar morta de fome." 
Ela não perdeu o tempo, e devorou as frutas com vontade. 
"Permita-me te perguntar algo, minha lady." Agora que sua fome estava momentaneamente saciada, possivelmente entraria em razão. "Se

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