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Teoria e Política do Desenvolvimento Econômico - Furtado, C.

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CLSO FURTADO
Teo五a c Pollica
do Desenvol、ガmento
Economlco
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ハ
Lucla Piaυc
Pic en lα Patria,casuaF
o clegida,cOraz6n,cabeza,
cn c′αire dcl mundO.
」UAN RAMON JIMENEZ
nにぁcio a Ettgaο Francesa
A teOria do desenvOlvirnento一tentativa de explicaφo das transform∝oes dos
conjuntos econOrnicos cOmplexos一ainda se encontra ern seus es6gios fOrmativos
Tudo leva a crer,cntretanto,quc os progressos nesse campo da teorizacao venharn a
ser rapidos,nOs pr6xirnOs anos.Com efeito,a rnassa de dados relativos as atividades
econOrnicas,passadas e presentes,cresce cxponencialrnente,e nao rnenOsirnpOrtan―
tes vem sendo os avancos nas t6cnicas de tratamento desses dados;a sirnula950 de
certos processOs a partir de mOdelos de crescente complexidade j6 perrnite testar
hip6teses explicativas de grande alcance
Urn dos prime廿Os frutos do avanco da teoria do desenvolvirnento es6 sendo uma
percepcao mais l`cida da hist6ria econOrnica redente.A significacaO dOs fatOres na~Q
econδrnicos no funciOnamento e na transformacao dos sistemas econOrnicos, bem
como a impOrtancia do grau de infOrmaca―O dos agentes respons6veis pelas decisoes
econOmicas,tornam―se cada vez rnais evidentes C)valor do esforco de teOnzacaO j6
realizado para a orientacao das decisδes que estao sendO tOmadas nO presente 6 con―
sider6vel.Urn n`merO crescente de decisOes tendern a ser programadas,O que per―
mite clevar O grau de rac10nalidade dOs agentes responsaveis por Outras decisδes rnais
complexas,que desempenham papelrnOセセOu estrat6gico nos processos sOCiais De―
mais,O quadro anaFico perrnite p6r em evidOncia o sistema de valores quc existe,
aceito ou imposto,cm toda ordenacaO ecOn6rnica,o qual pode ser exphcitadO sob a
fOrma de uma funcaO de Obieivo.
Ao estabelecer a signficacao dO nらO_econOrnico nas cadeias de decis6es que le―
varn a transforrnacao dOs cOniuntoS ecOnOrnicos complexos,a teoria do desenvOlvi
mento encarrega―se de pOr a descoberto suas pr6pHas lirnitac6es como insttumento
de previsao Na medida em que o naO_ecOnOrnico ttaduz a capacidade do homem
para criar a hist6ria e inovar,no senido rnais fundamental,a previsao ecOnornica tem
necessariamente que lirnitar―se a estabelecer um campo de possibilidades,cuias frOn―
teiras perdern rapidamente niidez com a ampliacao do hOHzOnte temporal Sem
d`vida,esse campo se amplia corn a elevacaO dO nivel de racionalidade das decisocs
econOrnicas.Se a esse rnaior campo de possibilidades correspOnde espacO mais arn―
p10 para a acao do individuo,ou apenas rnaiores exigencias de acaO cOletiva,こpro―
blema aO qual quica a psicologia sOcial pOssa algum dia dar resposta.
A teoria do desenvOlvirnento(mais conhecida como teoria do crescirnento)tern_
se preocupadO quase exclusivamente com a dinarnica dos sistemas industriais,vale
8 PREFAclo A EDIcAO FRANCESA
dizer, das ecOnOrnias chamadas desenvolvidas. Uma tradicao persistente, que vem
de Marx at6 Hicks,pretende quc a explicacao dos prOcessos econOrnicos nos pafses
mais avangados na industrializacaO seria suficiente para o entendirnento dO que ocor―
re nas econornias de desenv01virnento retardado.l SendO assirn,aos palses atrasados
naO cabe senaO trilhar Os carninhosj6 cOnhecidos,beneficiandO―se da experiOncia da―
queles que se encontrarn ern esFdgios mais adiantados.C)pontO de vista do autor des―
te livro 6 fundamentalrnente distinto 2 o subdesenvolvirnent0 6 aqui tratado como
fenOmeno cOetaneO do desenvOlvirnentO,consequOncia da forma comO se venl pro―
pagandO at6 nOssOs dias a revolucao industrial.Constitul,pOrtanto,uma tematica a
parte,requerendo para sua interrDretac5o um trabalho autOnomO de teorizagao
EvoluindO para tansformar―se ern um marco geral,dentrO dO qualtendern a ar―
icular―se as distintas teorias econOrnicas especiais,3 6 natural que O estudo do desen―
volvirnento desperte interesse crescente entre econonlistas das rnais distintas especiali―
dades Demais,para os estudiosOs de outras ciencias sociais e da hist6ria,esse estudo
constitui ponto de partida ideal para obtencaO de uma visao nitida dos prOcessos
econOrnicos a urn nivel de conhecirnentos nao―especializados.⊂)presente volume foi
preparado corn a pretens5o de torn6 iO acessivel a esses dois tipos de estudiosos:o
econornista especializado que deseja ampliar seu horizOnte de reflexoes,c o estudioso
de Outras ciOncias sociais que se interessa em obter uma visao de cOnjunto dos pro―
cessos econOrnicos.Pretende―se conciliar uma linguagern acesgvel cOm O rigor rneto―
do16gico requerido para quc o livrO seja`til ao estudante de econornia.As cOnside―
rac5es sobre teoria da ponica econornica,indufdas na parte final,tern pOr obetivo
perrniur a abOrdagern de alguns problemas de interesse imediato das econon■ias sub―
desenvOlvidas,raz50 pela qual nao fOram inclufdos temas te6ricOs ligados a proble―
mas de prOgramacaO e de Otirnacao.
Mais do que transrnitirinformacδes sobre a evolu95o das id6ias e as controv6rsias
em torno do tema desenυοlυiγηentO,teve―se ёm nlira aludar o leitOr a Obter uma per―
cepcaO dOs prOcessos econ6rnicos observados do angu10 das ttansformac6es nO tem―
po dos cOnjuntos de rnaior cOmplexidade que sao Os sistemas econOrnicOs nacionais
C.F.
Paris,junhO de 1970
埒%習:汎:み灘J安:FfT胤就」盤種f驚星慰雷轟龍誌詣絆」ぶ13躊震∬鷹:」λよ鷲轟 F聰primeira p69ina de seu livro mais recente,Cαρ,`α′αnd Grοω
`ll(1965),Hicks estatui:`(A economia do subdesenvolvi写16辞職88、83蝋:胤n肌鍬え£潟:i麗ra brmttzacう。|セonざ'7ntο Rlo,1961
3 Em termOs mais rnOdernosi a teoria do crescimento―desenv。lvimento se vem irnpondo,no`itirno quarto de s6culo,
como novo“paradigma'',lst。6,comO delinlltacao ο p″。ri de um campo principal de pesquisa,sobrepondo―se pro―
gressivamento aos paradigmas'.c61culo economico''(teoria dOs precos)o``estabilidade econOmica"(teoria do ciclo e
堂 ,t憎1:縄ξtttl彙驚 fe暇話 や fi露繋 ■:官::駆7躍ぶ 器 悧 忌痣 nず1,音7摺ui肌げbChicago Press,196212,ed ampliada,1970 POr outro lad。,no estudo do desenvolvimentO tende―se a adotar o en―
l職:「i∬:m鋸島]9籠t=1:lぶ露alf:』ЁttM、r己:鴇F;∫1:退:罷摯ζ践″蹴t驚:説∬
York、George Baz‖lor. 1969
き、ふ cfο a hme普a Edicaο
A aceitacao que teve nas Universidades Desenυοlυimento e Subdcsenυοlυimen―
`o,lcompilacao de ensaios que publicaramos entre 1952 e 1960,cOnvenccu―
nos da
necessidade de preparacao de textOs especializados na problem6tica do desenvOlvi―
mento e diretamente orientados para os estudantes de econornia c ciOncias sociais em
gera1 0s cursos b6sicos da ciencia ccon6rnica――teoria dos pre9os,teoria da deterrni―
naO゛ dO nivel de renda sOcial,teoria do comacio internacional,teOria rnonetaria一
por tOda parte estao hoje cm dia sendo completados por um esforco de“dinanli―
zagaO"que conduz a considerar os problemas do desenvolvirnentO.Por outtO lado,
naO menos frequentemente procura―se reconsiderar O conjunto do pensamento
econOmicO tradicional dO novo enfoque proporcionado pela id6ia unificadora dO de―
senvolvirnentO Os dois caminhos ievarn a necessidade de textos cuia estruturag50 se
afasta dOs tratados convencionais de econornia.Sem d`vida j6 dispOem,presente―
mente,professOres e alunOs,de alguns textos de real valor dedicados a tem6tica do
Desenvolvirnento EconOrnico Contudo,esses textos,preparados para serern utiliza―
dos em paises de econOrnias j6 muito desenvolvidas, nern sempre dedicam a ne―
cess6ria atencao aOs problemas especricos dos paises subdesenvolvidos VisandO a
contribuir para sanar essa lacuna,publicamOs o presente volume,no qualse reprOdu―
zem,parcialrnente,alguns dos cap■ulos de DesenυO′υ:γηenιο c SubdesenυOlυimenFo
C.F
Paris,agosto de 1966
l Publicado em po■uguas em 1961,em espanholem 1964、em inglOs em 1965 c em francOs em 1966
Da rnttdufa―o&つ
““
v赫
“
fo e
Subdesenvor宙menf。"
“I)esenv01virnento e Subdesenv01virnento"reine uma s6rie de estudos elabora―
dos ern urn peFodo de quase dez anos A unidade quc apresenta decorre de que o
trabalho intelectual do autor,durante todo esse tempo,perseguiuum mesrno obieti―
vol encontar carninhos de acesso a intehgOncia dos problemas especfficos dO subde―
senvolvirnento econOrnico.
Quando,ha mais de um decenio,O autOr comecou a preocupar―se com o sub―
desenvOlvirnento,a ciOncia econ6rnica ensinada nas【」niversidades,tanto na Europa
como nos EUA,dificilmente oferecia qualquer ponto de partida para a abordagern da
mat6ria A teoria dos precos,corpo central da ciencia ecOnOrnica,fora esttuturada no
marco da concep95o do equilbrio geral,excluFda toda atitude mental voltada para os
problemas da dinarnica social.(D estudante habituava―sc a ttaduzir ern termos de
an61ise infinitesirnal as relacδes b6sicas da atividade econ6nlica,refugiando―se na at―
mosfera rarefeita das altas abstrac6es IDaf descia diretamente para a geografia
econOrnica c para a desc五95o das institu19δes.Qualquer insistOncia em diferengas es―
truturais abna a suspeita de insuficiente assirnilacao do mёtOdo cientificO em
econornla
Ao lado da teoria dos precos e ramificacOes surgira,como uma erupcao vulcani
ca, a elaborada cOnstrucao keynesiana, cuia longa digestaO prOsseguia nos melos
acadOrnicos Para os econornistas formados na ttadicao da teOria do equiFbno estati―
CO, COnStitufa autenica acrobacia mental tnlhar as sendas cheias de imprevistos do
pensamento keynesiano A ferramenta da an6hse macroeconOrnica abria,entretanto,
perspectivas inteiramente novas,e contribuiu poderosamente para romper a espessa
camada de preconceitos que se fora acumulando a sombra de urn rigor rnetodo16gico
cada vez rnais estこril.Contudo,a elegancia dO modelo keynesiano ocultava ern seus
agregados muitos dos mais sugestivos problemas que apenas comecavam a ser vis―
lumbradOs rnediante o enfoque macroecon6n■ico
A terceira lanela,que se abria aqueles que pretendiam estudar e compreender o
mundo dos problemas econ6rnicos,era a dou面na rnarxista.Esta,na medida ern que
descObna a urdidura de irracionalidades subjaCentes a realdade social contem―
pOranea e impulsava a capacidade criadora do homem para a reconsttucao sOcial,
conMbu`a para aproxirnar os econornistas dos grandes problemas culturais c huma―
nos da 6poca.Entretanto,se bem fomentava uma atitude crfica―quase sempre po―
sitiva nos paises subdesenvOlvidos,Onde a persistencia de instituicOes superadas cons―
12 DA INTRODUcAo DE“DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO"
titui passivO de diici liquida゛o一o marxismo dificultava o desenvolvirnento livro do
廿abalhO cientificO em econornia, pois os seus postulados filos6ficOs, aceitos como
dogma,emprestavam urn carater teleO16gico a analise econ6rnica.CornO O trabalho
mais urgente e socialrnente rnais necessario, nos pa'ses subdesenv01vidOs, era de na―
tureza crftica,o pensamento marxista apresentava clevada efic6cia,O quc cOntribuFa
para a sua r6pida penetracao nas fases em que se acelerava o processo de mudanca
social Mas,nao oferecendo solucoes cOnsttutivas,fora de pos195es dogmaticas,limi―
tava extremamente a perspectiva do esforcO intelectual criadOr.
Se pretendessemos sintetizar a contribuicao das tros correntes de pensamento re―
fendas para O adventO de urn comeco de pensamento econOmicO autOnomo e cria―
dOr,nO rnundo subdesenvOlvido,diramOs quc O marxismo fomentou a atitude crttica
e inconforrnista,a econornia neoc16ssica serviu para ihpOr a disciplina rnetodo16gica,
sern a qual10go se descamba para o dogmatismo,c a eclosaO keynesiana favOreceu
melhOr cOmpreensao do papel do EstadO no plano econOrnico,abrindO nOvas pers―
pectivas ao processo de reforma social.
A evolucao do autOr neste terreno realizou―se atrav6s de anOs de trabalhO cOrno
pesquisador e analista,principalrnente na qualidade de cconornista da CEPAL A ne―
cessidade de diagnosticar a problematica de sistemas econOrnicos nacionais,crn fases
diversas de subdesenv01virnento,levou―O a aproxirnar a an61ise econOnlica do rn6tO―
do hist6ricO.C)estudO cOmparativo de prOblemas sirnilares,nO plano abstrato,ern va―
riantes condiclonadas pOr situagδes hist6ricas diversas e em distintOs contextos nacio―
nais, induziu―o progressivamente a adotar um enfoque estrutural dos prOblemas
econOrnicOs E sua opiniao quc O esfOrcO rnais necessari。,no plano te6rico,a ser rea―
lizado na fasc atual,consiste na identificacaO prOgressiva do que 6 especrico de cada
estrutura, como base para a elabOracao de uma tipologia das estruturas Evidente―
mente,6 este urn ponto de vista de econOrnista de pais subdesenvolvido Nao exclui
a possibilidade de quc o trabalho te6nco,atualrnente ern curso nos paFses desenvOlvi―
dos,de constru95o de modelos rnais e mais completos das estruturas Fpicas indus―
triais rnais avancadas,nO quadro instituclonal da livre―empresa,continue contribuindo
para precisar categorias de an61ise e relacOes entre vari6veis de ampla eficacia
exphcativa
C.F.
Recife,fevereirO de 1961
PARTE PRIMEIRA
A■atta do Desen剛ヮぼinenfo■a(〕ancI(a Economlca
13
CAPiTuL0 1
A Concepfa~ο dOs ClassicOs
l Sobre o alcance da utlレac50 de modelos na an6hse ccOn6mica,veJa―se o Aηθxo Mcrοdο′6g,cοふParte Pnmeira
A reOn,a dO descnЧJヮTrηenfO ecOnomlcO
A teoria dO desenvOlvirnentO trata dc explicar,numa perspectiva rnacroeconOnli―
野蠍轟l鱗I爵轍螺鸞警
雖弼難鸞甕撥脈続癬繊焉調貯脇撫投t認調脚蠅鶴割撥]mente irnportante d a verificacaO da efic6(
搾T猷盤糞慇握黎醐麟翻築懸繊朧
As relacoes estaveis(de tipo func10nal ou causa卜gen6ticO),com quc ttabalha o
Tと黒翼rl麒此∬I:障驚欝t:'E=duas razOcs pHncゎas A pHmara 6 quc)r tempO Ou ignorar a irreversibilidade dOs
15
16 A TEORIA DO DESENVOLVIMENTO NA CIЁNCIA ECONOMICA
processos econOrnicos hist6ncos.Isso dificulta toda generalizacao cOrn base em obser―
vacёes feitas ern dado rnomento.A segunda 6 que tampouco 6 possivelignOrar as di―
ferencas de estutura ente economias de graus distintos de desenvolvirnent0 2 comO
as relag6es referidas pressup6ern certa cstabildade estrutural,o prOblema que se nos
apresenta 6 duplo:primeiro,saber atこque ponto 6 possivel generalizar para outtas es―
truturas observa96es feitas em uma;segundo,dofinir relacOes que sejanl suficiente―
mente gerais para ter validez nO curso de deterrninadas rnodificacδes estruturais.Quc
週鷲鳳よ舞庶風黒計3vrly馳継肥濡駕遺漁 1驚鰤荒
em definir Os hrnites dessa validez.⊂)esfOr9o nO sentido de alcancar niveis rnais altos
de abstracaO deve ser acompanhado de outto obletivando definir,em funcao de reali_
dades hist6ricas,os limites de validez das relac5es infendas.A complexidade da cien―
cia cconOrnica――scu caraer abstratO c hist6rico――aparece,assirn,com toda a plenl―
tude na teoria do desenvolvirnentO econOrnico.
Preemhalcねda t∞Ha da tttibuFra~O da renda
O fatO de quc a econonlla tenha aparecido,atこnossos dias,como uma ciOncia
:::習:蹴:年]鋸:当誌 ]枇t:螺iお量l雷&乱 嶽 1誌:肥理:i躙[
co do pontO de vista da distribuicao d0 1uxO da renda social,IOgo se identificarn algu―
mas categorias que,por sua generalidade,permitern a analise cm um nivel elevadO
de abstacao.Essa generalidade encOraia o analista a cmprestar validez universal as
teorias que formule,se bem que a base de suas Observac6es seia cxtremamente lirni―
tada VeiamOS urn exemp10:a teoria ncardiana da renda da terra.A escassez relativa
c a diversidade dos tipos de terra aravel sa。。bservacOes que,se bem realizadas em
甘『 淵 精 紀3:職:鼈‰ 舅 ∬ 篤 誡 ‖醍 認 需 選 :T席 乱
teoria tivesse urn carater de universalidadc Ora,nern a escassez relativa da terra pode
ser universalizada,nem parece ser ela o fator deternlinante da fOrma de reparticaO da
rend6tCial(lilf∫
ll::」::」鼈
Э
tti〕:増港:詭s econOmicoヽnao de uma porspectiva
exclusivamente disMbutiva, e sirn, primariamente, corno urn sistema de producao,
sera rnais facilrnente induzido a descer ao planO dO concreto,o quc o obrigar6 a ser
FSfl盤::∬耀 :::i庶∬ 1・£鰍電El欝:a庶:喘』驚ょよむ L空覇
=ducaO e explicitamente os cOnsiderou fora dO campo da eco■onlia.Contudo,na ter―ceira edicaO de scus PrinOipたs, inclulu urn capttulo dedicado ao estudo das reper―
欝ξF『lttulit'壻Jit:郡:髭]露:」普ιFttla°
tern a introducao do usO de rn6quinas.
ls generalizac6esfeitas cOm base na expe―
riOncia inglesa naO se aplicarn a numerosos outros paises(quc hOje chamaFamossub―
desenvOlvidOs),cuia diSponibilidade relativa de fatores era diversa da que caracteriza―
va a Gra‐Bretanha 3
A questao da natureza abstrata ou hist6rica do rn61odo com que ttabalha o ecO―
nomista nao 6 independente,destarte,dos problemas quc o preocupam O desen―
volvirnento econOrnico 6 urn fenOmenO cOm uma nl●da dirnensao hist6Hca Cada
::癬savぢil濯野鳥3段C″胃島:∬讐出:ふ潟Ъ湯%憲品篭皐:省出:i量謡:『::観r魅)
A CONCEPcAo DOS CLAsslcoS 17
econonlla que se desenvolve enfrenta uma s6rie de problemas que lhe saO espec“1-
COS,Se bem que rnuitos deles seian■COmuns a outtas econornias contemporaneas o
complexo de recursos naturais,as correntes rnigrat6rias,a ordem institucional,O grau
relativO de descnvOlvirnento das ecOnOrnias contemporaneas singula五zam cada
fenomenO hist6ricO de desenvolvirnento. Tomemos ao acaso um exemp10: Cuba
pr6-revoluciOnaria.Poucas econOnlias se terao desenvolvido com maior rapidez quc
a desse pa〔s,gracas a uma integracaO crescente no com6rcio internacional Tamb6m
poucas econornias enconttariam,posteriorrnente, maiores dificuldades para sair da
cstagnacao,devidO a natureza de suas relac6es de intercambio externO.C)com6rciO
exterlor af aparece,portanto,como um fatOr estimulante c impeditivo do desenvOlvi―
mento
Contudo,naO seria rnenos anticien`fica a posicao do ecOnornista que se lirnitasse
a uma sirnples descHcao de casOs hist6ricos de desenvolvimento 4」amais lograria
comprecnder,por exemplo,o papel que desempenharn as lutuac6es da procura cx―
terna dO ac`car,no processO de formagao de capital da econornia cubana,se naO dis_
pusesse dc um instrumental anaFticO adequado,O qual naO existiria,caso a ciOncia
cconOrnica nao houvOsse alcancado certo grau de universalidade na defin1950 de
儡 溜 :縄胤 ■ 論 よ
°
き出 r寵:駕I:誦ふξЪ::T胤:亀s:t:継
翻rlittЪ戴』:T星篤誦:電龍l慇欝∬器z悲網剛ょ長寵∬忠:
るgtas hたndas de Obscrvacёes hЫ6●casl魔
:r::h:鴻鼎lぎ∬i協1:鮮TL麗fundamentO``na natureza humana",fazen
desse equivoco metodo16gico,a ccOnon■ia perdeu,durante muito tempO,o carater
i:濯鷲 漁 霞鳶 肥 1馴 ぷ 露 :4L:蹴li盤甘 鵠 :∫鵬 i職:&
ciais,constitui um requisito para o avanco dessa ciOncia
cu%殿TF:LI駄鮒T』‖震∬T呪:]ご::愚:予蹴 i麓貯:嘗:ξ淵]SI露翫
da teOria do desenvOlvirnento Enttetanto,naoこo aumento de produtividade nesta
閣,wttЪ認 ∬ 訥 』私∬ 」:』橋語盤 雷 13鷺it:懲野 塩 :サl鮨鷲鍬 :I:s塊
produtividade de empresas individuais,seria equfvoco pretender deduzir do estudo
:理::l:ti:悼』i誌ξ
mpresas Ou do mecanismo de mercados isolados uma teoria do
O aumentO de prOdutividadc econOrnica no plano da cmpresa significa,algumas
lttiと歴 鷲 1:∬聰 よ 」態 轟 朧 :ピ鵠 L瀾 看鍬 。T発電:3絣:乱T
nO plano rnicroeconOrnico―com desenvOlvirnento,o qual dificilrnente se poderia
conceber senl elevacao da renda real per capi′α.Nao obstante,o aumento de produ―
4cf FURTADO,C A EcOnomiα Brasileirο Ri。 1954 Cap l
5. Tヽemos perfeita cOnsciOncia de que durante o s`culo passado os econOmistas,falando em nome de sua ciOncia,esti―
veram ventllando pontos do vista sObre aquilo que consideravam socialrnento irnperatlvo Trataram de deternlinar, ba―
seadOs enn suas descobertas cientificas,O sentido da acao que 6 econOmicamente Fdese,6VOl'Ouつusta',assim como se
opuseram a cerlas politicas,sob o fundamentO de que sua realizacao reduziria o'bem―estar'geral ou implicaria`negli―
genciar'(ou mesmo lnfringir')asleis econOmicas Mesmo quando isso naO est6 dito explicitamente,as conclusOcs im―
plicam inegavelmente a nocらo de que a an`lise econ61nica`capaz de proporcionarleis nO sentido de nOrmas,e n5o
meramente leis no sentido de repetic6es demonstr6veis e regularidades de acontecirnentos reais e possiveis"
Y導翠 倉よ龍 はTih穆‰ 幣 じ15喫熙:∴鵠 星篤 ∬ 鑑 [選黒 i贈:匙e鷺:::i11953P4
18 A TEORIA DO DESENVOLVIMENTO NA CIONCIA ECONOMICA
tividade isica no plano da empresa,pelo fatO de quc se baseia,quase sempre,na in―
corporacao de novas t6cnicas e contribui para liberar rnaO_dc_Obra, こfenOmenO de
grande importancia no processo do desenvolvirnentO.
DefinindO―se prOdutividade social como produto total por unidade de tempo de
ocupacao do coniuntO da fOrca de trabalhO de uma coletividade,deduz‐se quc ateo‐
1]轟
'ど
謝 出 闘 :軍:空L∬:雪:]」:]環ξL廿軍 認 誤 ::1選T盤 iふ
=lpreocuparam corn a temaica dO desenvolvirnento.Que se pode esperar de uma teo―na da prOducao?Que nOs descreva como,histOricamente,se vem realizand0 0 prO―
cesso da producaO;que nOs exponha o rnecanismo do processo da producao c as rc_
la95es func10nais e de causalidade entre as variaveis pertinentes;que nos mostte as
relacoes entte o crescirnento da producaO c a fOrma de dist五bu19aO da renda,c entte
as rnodificac6es desta`luma e o ritmo de acurnulacao;finalrnente,que nos diga qual
童繕陽:掛掘織疑if輩曇笛群撃聴搾窪l
dedararam exphc■amente quc os mesmos escapam aos otteiVOS da ciencia
econOrnica 7 Adarn Srnith se havia preocupado corn este problema,que depois desa―
p証∝αa p前∞me耐%d“cOgitaco∝d∝
∫旨:1:胃謝 需 :品)Tぶ鳳 鴨 驚to social?PensOu ele(quc escrevia antes di
desse fenOmeno radicava nOs progressos da divis5o do tabalho,さqual empresta ttOs
virtudesi aumento de destreza no trabalho,econornia de tempo e possibilidade do
越:ふ留 F::劇鵬 濡島 i::‖嶽 ぶ iノy盤:L常常 詰 乳翼 胤 甜 i:
a divisaO dO trabalho Cafrnos,assirn,nurn circulo vicloso,pois o tamanho do rnerca―
do depende do nfvel de prOdutividade,cste`hrno da divisao dO trabalho,a qual por
seu ladO depende do tamanho do rnercado.8
0s c16ssicOs da primeira rnctade do s6culo XIX,seguindo」.B Say,classifica―
varn os“elementOs da producaO"em trOs fatOres:terra,capital e trabalho N5o Obs‐
tante isso,ambufarn aO ttabalho a ongern de tOdo``valor''.Todavia,a quantidade de
蹴 灘 匙観 :磨:ζ:胤冨 鴇 :]躙忠 111]な潟 脳 盤 隠 :潔罷 ∫脱
arbi廿6rio―e que,portanto,nao podia ser rnodificado pela acao de sindicatos ou do
governo―dependendO da Oferta de trabalho e da capacidade de ernprego da eco―
nomia.Ora,a capacidade de ernprego era uma fung5o da acumulacao de capital.9
Assinn os economistas da primeira metade do s6culo XIX――particularmente na
lnglaterra―一ao estudarern a acurnulacaO de capital nao o fizeram para cxplicar O de―
senvolvimentO e sirn corn vistas a justificar a forina como se repartia a renda social
Seu raciOcinio partia de dois postuladosi o“princ`pio da populacao",fOrrnulado por
Malthus,ca``lei dos rendirnentos decrescentes",que se supunha prevalecer na agri―
cultura Esses dOis postuladOs possuiarn urn claro fundamentO ideo16gico,apontando
o primeiro para a teona dOs salarios e o segundo para a teoria da renda do so10.Rl―
cardo,que consciente ou inconscientemente desempenhou o papel de ide61o9o da
classe industrial inglesa,argumentava quc a renda da terra tendia a crescer toda vez
que se utilizavarn terras de inferior qualidadc POr outro ladO, apoiando―se no
7cf cANNAN,Edwin Hlstο
"α
 de las Teοrf d¨e lα Prοducci6n M6xico,Fondo de Cuitura Econ6mica,1942
8 sMITH,Adam An lnqulrノinto the lNatuにαnd Causesげ
`heし
Veα″h orNa″οns Edicao Organlzada pOr Edwin Can―
nan Vercap I,II c III O racioc(nio de Smith tem maior alcance explicativo no campo da teoria do com`rcio interna―
ξ熙 提R趙 ,=r=&∬∬ 叫31:::翼:鵬:P,T鑑譜 柑
=&課
』乱 ::I:℃‰ 面vd
A CONCEPcAo DOS CLAsslcoS 19
“pnncl)10 de Malthus",dizia quc a populacaO tendia a crescer sempre quc o salario
dO Operano superava o nivel de subsistOncia.QuandO a relacao terra_pOpulacaO era
favOravel―_como ocorria nos palses dc co10nizacaO recente―os sa16nos eram altos
e os lucrOs elevadOs.O ntmO de acumulacao tena que ser grande c a renda do sO10
baixa Sa16rios altOs signficam,entretanto,crescirnento rapido da pOpulacao c utili_
zacaO dO terras de qualidade infenor crescendo o preco dos alimentOs,aumentava o
custo da rnaO_de_Obra ao mesmo tempo que subia a renda da terra.Dessa forma,a
produtividade m6dia da pOpulagao ocupada tendia a baixar ao mesmo tempo quc a
renda da terra sc elevava.Os salarios desciarn ao nivel de subsistOncia c os lucros ten―
diarn a desaparecer.Corn esse rnodelo,Ricardo estabelecia dois princl)loS de grande
alcancepratic。.⊂)pHmeirO era que a elevacao dOs salarios pressupunha uma acurnu―
lacaO de capital,nao podendO ser feita corn sacriicio dos lucros dos ernpres6rios;o
segundo era quc a classe de prOprietarlos de terras constituFa urn peso social crescen‐
te,o quals6 poderia ser reduzido rnediante uma poFtica de livre importacaO de pro―
dutos agFcolas.
AたOJa dο`セsrado〔staclonano"
Com base nesses argumentos po10rnicOs, desenvolvidos pelos econornistas da
classe industtialinglesa aO calor da luta contra os proprictarios da terra e contta a clas―
se oper6na quc cOmecava a Organizar―se,」.S Mi‖formulou sua cこlebre“teoria geral
do prOgresso econOrnico'', quc,na verdade,6 uma teona da“tendoncia ao estado
estaciOn6no''.10
Caberia perguntari e que papel desernpenha o progresso t6cnico no processO
econOrnico?Para」. S Mlll esse progresso retarda a vinda do estado estacionari。
,、
mas naO pOde evit6-la,pOis a pressaO para a baixa doslucrOs seria cada vez rnalor Ri―
螺 l濾器 l鳳rttL馴講 l麟 蹴 量子:嶋珊 塁:『:ξ温 樵 盤 零
麗E翼1£詭∫潔嵐鮮l宙翼鉗累∬ご:Ca a CbVacao dos sJ6not e a JねdOs)capital para o emprego de m6quinas As
fOrcas mecanicas c as humanas estao enl perpこtua concorrOncia c frequentemente
:瀾:■対『 ざ肥 器::お風 鷺 翼 ,r蹴ぅT鷲」Tぜ:翼量T∴輩 糧 橘 胞
contta a clevacao dos sa16rios Mas a elevacaO dos salarios n5o beneficiaria os
:賢
rt緊
毛肥 ]1鰐電♂胤 ]:譜■ R度典 鳳 L亀』:籠翼[1lf:管諄 L轟
t6cnicO―e os donos da terra,benefici6五〇s de um monop61io particularrnente anti―
social.Desta fOrrna Ricard6 cOniurava todas as fOrcas sociais contra o principal ad―
versano da classe industtial,quc eram os proprietarios das terras Nesse argumentO,
contudo,estava igualrnente impFcita a ld6ia de uma tendencia a estagnacao
Tamb6rn admite Ricardo quc o progresso tこcnico,cm deterrninados casos,au―
mente de talfOrina O prOduto Fquido quc todas as classes seram beneficiadas,inclusi―
ve a operaria.Todavia,os econornistas c16ssicOs de rnaneira geral viram nO progressO
t6cnico rnais um melo de substituir rnao―de_Obra por capital quc outra coisa.A sutileza
de Smith de atribuir o aumento de produtividade a divisao do trabalhO,ignOrand0 0s
10STUART MILL,」。hn Prlnclpセs or Pοlircal Ecοnοmソ Londres,ed de 1895,p 494-49811 0p clt,10c c“
20 A TEORIA DO DESENVOLVIMENTO NA C12NCIA ECONOMICA
efeitOs sObre aquela da rna10r densidade de capital por pessoa ocupada,cr10u dificul―
臨 ∬ 冨 詰 ∬ 留 零:鵬 路 ∬ 淵 鷲:鶴etteЪ器 鉗 就 』譜 出 身 堂
capital. A acurnulacaO deste era apenas uma cxigencia da mesma divisaO dO
廿abalho 12
0s ecOnomistas c16ssicos,naO resta d6vida,parecem sempre ter em vista,na
construcao de seus esquemas,economias ern desenvolvirnento.Em Adarn Srnith es‐
sa id6ia de desenvolvirnentO surge cxphcitamente e de forma dogmatica.⊂)prOgresso
econOrnico pareceria ser urn fenOmenO natural e quc ocorria em
“quase todas as na∞es(.)mesmo naquelas que n5o鯰m desfrutadO govemos dOs mab
prudentes e parcirnoniosos."13
Essa id6ia de progressO econOrnico nao encOntta,entretanto,em Srnith uma expli―
cacaO que a integre no corpO da ciOncia cconOrnica Se bern se refira amplamente a
acumulacao de capital, lirnita―se ele a descrever exteriormente esse processo, sem
perceber suas vinculacёesintimas com o progresso t6cnico e com o aumento de prO―
dutividade. Os seguidOres de Smith, conforine virnos, foram levadOs pOr preocu―
pa96es po10rnicas a cnfocar O problema da acumulacao de capital dO ponto de vista
da teoria da distribu1950 14 1nteressava-lhes saber se os nfveis da renda da terra e dos
salarios tendenam Ou naO a clevar―so ern termos relativos,corn a acurnulagaO de ca_
pital Fazia―se deste 61timo processo,portanto,urn dado do problema da reparticao
Finalrnente」.S.Mil,ao prしtとnder reformular a teoria da producaO cOm instru―
mentos e conceitos quc havianl sido foriadOS aO calor da polernica sobre a distri―
buicaO, apresentou―nos esse grande absurdo quc 6 uma teoria do “prOgresso
晟 :t龍::"ち裾胃」露 呪 1:i詰∬ t∬亀
nao p°de haver proge“o a bngo pr2α
lpoca esta ern crescirnento, mas,para ser
coerente com suas prernissas,insinua quc a estagnacao 6 fatal.contudo,faz esta afir―
macaO exttemamente vaga,quc abre a porta a qualquer safda:``(...)Se ainda nao a
l鰭1曜l::A電認籠齢舎熟i騒r『麓is鴇器」iぶL寵::1:寵:諾謬:ま
::::翼柵 T器耀:壁]「ξ編艦寵き塗熙 」靴』i忠8:曽t:潮::
:ξ』駅ま詮認糧l,総喜麗λ::鶴翼::ni淵::,♀∬轟1暫憲L幌掟粛
出肥l″龍ぷFl菅な「Tmi鴇思誦重庶 F義鵬 鳳電:貯胤
賭諄1器:1謝」11蹴襲:∬[=里TX胤胤朧F∬ξ乱芯ぽ:∫:篤現
諷~能ぶ:ム」:胤諸瓢:思驚d∝釧6Hい●a pda dev∝aO da ttnda da
12 Para Smlth a divisao dO trabalho devia ser precedida de acumulacao de capital(circulante)(op cit,v l p 258),
鐵 ∫警 在譜 il理廷 響 罷 i警職 輔 搬 :薫翼 樹 螺 霜 携 勇 ギ i描 ま墨嶋 難
『 畷 :Υ
uS°per6五oscom mdhores m6q面na sヽ●aちga mdhor dlstnbutao dO emprego ente eLs"(Op計,vL
13 0p cit,v I,p 326
留Ъ]サ[″:機電ta冒
:脇譜
`RCado ttrma que c“
"ndpJ 
γoЫema da EconomねPomc♂
`電
damm…
CNttUL0 2
O ModerO de MaⅨ
As premistts fros6,cas
A pos195o dc Marx no desenvolvirnento das idこias que formam a ciencia
econOmica constitui urn caso particular que se presta a interpretacδes conttadit6rias
As Observa90es que se seguem ttm o obieiV0 1lmitado de escruunar sua contribuicao
para a forrnulacaO de uma teona do desenvolvirnento ou,ern outras palavras,de de―
finir o alcance do mode10 quc construiu como elemento explicativo do processo do
deSe,VOIVirnento da ccOnOrnia capitalista
E necess6五o nao esquecer quc Marx partiu de uma pos195o fi10S6fica cm face da
hist6na,para a an61se econOrnica.N5o que os econornistas c16ssicos fossem desti―
tuFdos de uma fi10sofia da hist6五a. Mas nenhum daqueles aqui referidos utilizou a
an61se econOmica,precipuamente,como instrumento para fundamentar uma teoria
da hist6ria.Coube a Marx realizar essa tarefa pela primeira vez,c folisto que empres―
tou extraordina五a forca de penetracao as suasid6ias A enorme influencia que alcan―
cOu naO se deve ao fato de que suas teorias econOrnicas representassem um grande
prOgresso para o desenvolvirnentO da an61ise econOrnica de suaこpoca,nem quc a
sua fi10sOfia da hist6ria(e a mensagem nela impFcita)cOnstituisse urn grande avanco
dentro dO movirnento de id6ias socialistas do s6culo XIX;mas,sirn,ao fato de quc
fundamentOu,com os insttumentos de an61ise da 6nica ciencia sOcial quc alcancara
certo rigor rnetodo16gico, um coniunto de cOncep95es fi10s6乱cas que traduziarn, e
ainda continuam a traduzir,Os anselos de permanente renovacao da cultura rnoderna
surgida da Revolucao lndustrial
Marx nos cOnta,em passagen■repetidamente citada,l como suas conieturas fi―
losdicas conduziram―no a an61ise econOmica.A Filosofia do D,た,′o de HegellevOu―o
a rneditar sobre as causas que deterrninam as formas do Estado e sobre as relacOes
iuFdiCas ente os cidad5os.COmo explicar esses fatos a base de uma sirnples hip6tese
sobre a evolucao geral do esplnto humanO?Atこque ponto as relacoes rnateriais da vi―
da desempenham af um papel?E,a rnedida quc meditava sobre essa matこria,ia―se
dando conta de quc``a anatOrnia da sociedade deve ser prOcurada na Econon■la
l Contrlbu19ao a C"lica dα Ecοnοntio Polttca 1859,pref`cio As referencias feltas no texto s5o tiradas da traducao
francesa de Laura Lafargue,fllha de Marx
21
22 A TEORIA DO DESENVOLVIMENTO NA CIENCIA ECONOMiCA
PoFtica''.Chegou,finalrnente,a conclusaO__que passar6 a ser a base fi10s6fica defi―
nitiva de sua Obra――de que a producaO dOs rneios de subsistencia do hOmern 6 um
fatO sOcial,dO qual decorrern relac6es de prOducao deterrninadas e necess6rias e quc
essas relagoes correspondern ao grau de desenvolvirnento das fOrcas produtivas.To―
do esfOrco subsequente de Marx,no plano ecOn6n■ico,sera no senido de a)identifi―
car as relacδes de producaO fundamentais do regirne capitalista,eb)determinar Os fa―
tores quc atuarn no senido do desenvolvimentO das forcas produtivas,isto 6,fatores
que levarn a superacao desse regime Ё necessario naO perder de vista esses obietiVOS
61timOs, pois tOdo O pensamento econOrnico de Marx constitui um esforcO nessa
direcao.
ObservamOs,ern secao antenOr,que o pensamento dos c16ssicos assumira uma
fOrrnaatuante, podendO ser considerado, at6 certo ponto, como revoluc10n6Ho
Com efeito, os c16ssicOs assurniram uma atitude crfica aguda corn respeito aos res―
qdcios da sociedade feudal que entorpeciam, ern seu tempo, o plenO desenvOlvi―
mento do modO de producaO capitalista.Corno decorrOncia de sua atitude fi10s6fica,
Marx assunlir6,cm face dO cOniuntO das institu195es pOFicas de sua 6poca,uma po‐
s19aO quase inica entre os econornistas da segunda rnetade do s6cu10 XIX IrnbuFdo
da dia16tica hegeliana,a que chamou“cioncia das leis gerais do mOvirnento tanto dO
mundo externo cOmo dO pensamento humanO", observava o capitalismO n50 so―
mente do pontO de vista dos fatOres quc entravavam O seu desenvOlvirnento, mas,
pHncipalrnente,do pontO de vista de sua dinarnica geral,de suas“contadicδes inter―
nas'',de suas dirnensδes hist6ricas,de seu cOmeco e firn.Os c16ssicOs pensaram em
terinos evoluivos para tras,como se o quadro instituclonal do capitalismO represen―
tasse o coroamento da cvolucaO humana.Marx,attbuindo um fundamento ideo16gi―
co a essa pos195o,廿atou de demonstrar o sentido hist6rico das institu195es capitalistas
Ern terrnos das categonas dc Mannheirn,2 a pOstaO dOS cI`ぶdcOs pode ser qudificada
de ideO16gico―revoluciOn6na,sendO a racionalizacao de fOrcas tendentes a cOnsolidar
uma situacaO hist6rica ern francO avanco.A pos195o de Marx,por outro lado,podena
ser qualificada de ut6pico―revoluciOn6ria:raciOnalizacao de fOrcas tendentes a superar
uma situacaO hist6rica consolidada.
A reF do varor_frabarh0
Vaamos agOra como Marx utilizOu a an61ise econOn■ica c16ssica para fundamen―
tar sua concepgao da hist6na,lancando as bases de uma teona da acaO pOFica.Indi―
camos que,nO centto de suas preocupac5es,estava o problema das relacδes de pro―
ducaO cedO ele compreendeu o alcance que apresentava para a an61ise das relac6es
de prOducaO nO regirne capitalista a teoria do valor―trabalho dOs econornistas c16ssl―
cos Estes a haviam utilizado comO instrumento para fOrmulacao de uma teoria ele―
mentar dos precos Marx ve nela algO muitO mais importante:o fundamento para a
sua doutrina da rnais―valia que,ern 61tima instancia,こa“anatornia"da luta de classes
no regirne capitalista.
A lei do valor Ou teoria do valor―trabalho surgiu na cconornia c16ssica,segundo
opina Myrdal,3comO decorrencia da doutrina do direito natural,a qual“legitimava"a
propriedade pelo tlabalhO 」6 em Adam Srnith ela serve de fundamentO para uma
teoria dos precos derivada dO fato de observacaO de que duas rnercadorias que re―
2 MANNHEIM,Kari fdeοlοgノαnd tJtοpiα Nova YOrk,1936
3 Tlle Po″lcαl EIcmantin the Deυolοpmentげthe Ecοnοmic Tlleο″ G`,p80
O MODELO DE MARX 23
queriarn o rnesmo esfor9o para Serem feitas tinhanl valor sirnilar,devendO ser vendi―
das pOr precos aproxirnadamente iguais.Em uma economia artesanal―agFcOla,esse
raciocinio tinha ampla vahdez.Srnith,conforrne virnos,contibuiu para que essa rna―
neira de encarar o problema do ``valor'' se consoldasse, superesumandO a irn_
pOrtancia d■diviSaO dO trabalho,a cuios aVan9os ambufa tOdos os aumentos de pro‐
dutividade.E necess6五o naO esquecer que,na 6poca de Smith,capital era quase ex‐
clusivamente reserva de bens de consumo,ctto perOdO de rOtacaO era muito curto.
Os economistas c16ssicos continuaram a pensar ern capital ern termos de“fundO de
sa16riOs",nao obstante o enorrne desenvolvirnento poste」or do capital fixO nOs pro―
cessos produtivos.Marx,entretanto,refutou amplamente eSSe ponto de vista.4
A lei do valor,sirnples ponto de partida para uma teoria dos precos relativOs,em
uma cconornia pr6-capitalista,cm maos dc Marx assume outra importancia.Ern pri―
meiro lugar,ele raciOcina com base ern categorias formuladas a um elevadO nlvel de
abstracao e em termos rnacroeconOrnicos.Define o trabalho como o coniuntO da ca―
pacidade de trabalho de uma coletividade.C)valor de cada ben1 6 a matenalizacaO de
uma parcela desse“trabalho abstrato".Independentemente do preco que venha a ter
no rnercado esse bem,o seu``valor'',para a coletividade,こdadO por essa parcela de
trabalho abstrato.Esse trabalho abstrato,entretanto,nao existe no ar,e sirn na``forca
de ttabalho"dos trabalhadores Ora,a fOrca de ttabalho 6 uma mercadoria que se
vende e compra no rnercado.Mercadoria essa que tern o dorn de incorpOrar aquele
廿abalho abstato.Marx utiliza a dicotornia aristot61ico―smithiana valor―de―uso e valor―
de―troca para explicar esse fen6meno. O valor―de―uso do ttabalhoこa capacidade
cnadora de``valor''dO ttabalho abstrato c o seu valor―de―troca 6 o preco de mercado
da fOrca de trabalho,ou seia,O Salario dO ttabalhador C)alcance dessa distincao 6
gande.Corn efeito,se se lirnita a capacidade de cnar``va10r''ao tabalho,sendo o
preco deste O salanO,pOder―se―ia deduar quc O“valor"dos bens 6 dado pelo quc eles
custarn ern sa16五〇s.A distingao de Marx visa a deixar bern claro que o``va10r''こcria―
do por aqucla parcela de trabalho abstrato``soCialrnente necessariO"__isto 6,utiliza―
do com a efic6cia m6dia correspondente a tecn。10gia adotada em dado sistema
ccon6rnico――que se incorpOra ao bem,a qual de nenhuma rnaneira corresponde a
quantidade de forca de trabalho que o operano vende ao pa廿5o,de acordO corn as
condicoes do mercado.
A maお_valia
VeiamOS agora o verdadeirO alcance da dicotornia ente trabalho abstrato e forca
de ttabalho DO pontO de vista macroecon6rnico,o trabalho 6,evidentemente,a fon―
te do produto social,ou seia,da quantidade de“valor''que a coletividade cna ern de―
terminado peFOdo de tempo Considerada uma coletividade em scu coniuntO, 0
nivel da tこcnica,a constelacaO de recursos naturais e os equipamentos acumulados
podem ser cOnsiderados como dados numa an61ise de curto prazo.C)grau de uili―
zacaO da fOrca de trabalho passa a ser o fator deterrninante do nivel da producao.Ha―
vendo raciocinado a esse nivel de abstracaO, Marx passa em seguida a argumentar
en■terrnOs do trabalhador individual, ctta forca de tlabalho sena a fonte de toda
aqucla rnassa de trabalho social.Ern Outras palavras,s6existe uma fonte de ttabalho
socialrnente`til,que 6 a fOrca de trabalho do assalanado.E daF deduz que a capaci―
:Y留轟麗嘲:ぜυ91紹里∴ユ馳譜肝観PT°d…d~66a6m oЫatto dac出。゛崎d“aたh Юb
24 A TEORIA DO DESENVOLVIMENTO NA CIENCIA ECONOMICA
dade prOduiva da coletividade 6 a soma das forcas de trabalho dos assalariados.Tu―
dO que nao seia ttabalhO assalariado 6 ignorado,nao tendO qualquer capacidade cna―
dora de“va10r".Destarte,basta comparar o produto Fquido sOcial corn a massa de
sa16riOs pagos em sua producaO,para definir o excedente social ou“rnais―valia",que
corresponde ao frutO dO``trabalho nao―pagO"dos oper6五os.
A teoria do``valor"de Marx tern sido amplamente criticada, desde a 6poca de
Bёhm―Bawerk.Se bem quc essas cnucas parecarn contundentes,O seu efeitO sObre
os adeptos dateonatem ddo minimo.Ё quc essas cFicas,via de regra,vLaram a ob―
letiVOS Secundarios.com efeito,os c罰icos tern sempre pa面do daid6ia de quc uma
躍 :∴温Tttf盟F:魔:懲:圏 L雨鬼 童■ 鳳 :磁濯 琺 11露 出 :
vos,6 hrnitado O alcance da teona do va10r de Marx.5 ora,O que tinha este ern rnira
naO eram Os precos relativos das mercadorias,e sirn estabelecer as bases para uma
teoria da mais―valia.
A ttansicao,que faz Marx do plano rnacroeconOn■ico(massa de trabalho social)
para o rnicro(forca de ttabalho do individuo),tem irnpllcacOes rnuito distintas quando
se passa da est6●ca para a dinarnica.Corn efeito,em“deterrninado perodo de tem―
po"pode―se adrnitir corno dados os recursos,atこcnica e o capital acunnulado,racioci―
nando―se como se existisse um s6 fator de producaO1 0 ttabalho.Mas,se compara―
mos dois pettodos de tempOs distintos,o problema se apresenta de Outra forma,por―
que,para continuar raclocinando em terrnos de urn s6 fator,teremos de ambuirtodos
os aumentos de prOdutividade a esse 6nico fator.Para rnanter essa posicao,Marx te―
ve que ignorar o``tempO"no processo produtivo,rnas fe-lo rac10cinando em termos
rnicroecon6micos. Rebateu as tesesc16ssicas de quc a``poupanga", sendo um sa¨
cnicio,こurn dos fatores da producaO e demonsttou quc ela 6 sirnples consequencia
da grande concentracao de recursos ern poucas rnaos POupando,os capitalistas ape―
nas estaO assegurando o seu mOnop61io dos bens de producao e armando―se para
aprop五ar‐se de malor parcela do produto social Esse argumentO, evidentemente,
tem senido no planO microecon6micO,mas nao no macrO Qualquer que seia a fOr
ma de apropria95o do produto social,se uma parte deste naOこpOupada nao haver6
aumento de produtividadc Pode―se afirmar que essa poupanca 6 ``trabalhO nao―
pagO"dOs trabalhadores.Mas naO se pOde ignOrar que sern ela nao haveria aumento
de prOdutividade. Descendo ao planO nlicrOeconOrnico,Marx argumentou ern ter―
mos estritamente rnOrais,indicando quc o“sacnicio"teria sido feito pelos trabalhado―
res E,para evitar conttad℃6eS nO plano macro,estabeleceu arbitrariamente uma di―
ferenca entte o produto resultante do trabalho e aquele que decorre do aumento de
produ●vidade.O primeiro constitui fonte de``valor'',o segundo nao.
O trabalho, segundo Marx, naO sOmente 6 a inica fonte de “valor'' como
tamb6rn possul o predicado de``transrnitir ao seu produto o valor dOs rneios de pro―
du9aO incOrporados a ele''.6 o conCeito de``trabalho"para Marx resultava,assirn,ser
altamente abstrato,independente dc espaco e tempO Chega a afirmar que urn te―
5No v。lume III de O Capitαl,Marx desonvoiveu sua teoria dos precos com base nos“precos de prOducaO",Os quaiS
incluem uma'`taxa m6dia de lucrO" NO modelo de Marx, o υαlor de todos os bens produzidos em determinado
認奪ムκT::f」l:書認認笹ι:制s習温 』誦¶Tr」;::■朧肥l霊晃L温£盟型詣l乳留留:
軸 ジ澪 脚 孵 聯 恭響
MimittΨま雛 霧
O MODELO DE MARX 25
celaO ingles c outro chines que trabalharn o rnesmo n`mero de horas e corn a rnesma
intensidade``criam iguais valores"7 Por Outro lado afirrna:
``Se bem que a rnesma quanidade de trabalho adicione ao seu produto apenas a rnes―
ma soma de novO valor,o valor do capital preexistente,transmiido pelo trabalho aos pro―
dutos,aumenta com a crescente produividade do trabalho"8
Com este argumento ele procura retirar qualquer validez a ld6ia de quc o capital pos―
sui a faculdade de criar“valor".O progresso da t6cnica pernlite ao ttabalhador con―
trolar rnalor quantidade de equipamentos,mat6nas―p五mas,ctc,e produzir rnais por
unidade de recursos utilizados Aumenta,assirn,o produto por unidade de trabalho
empregado O“valor''criado pelo trabalho,diretamente,nao pode,entretanto,au―
mentar.Para manter esse argumento 6 necessario adrnhr quc o``valor"da unidade
isica de prOduto tende a declinar na rnedida em quc a produuvidade isica dO traba―
lhO aumente como conseqtiencia dO avancO da t6cnica.Destarte,o conceito de``va―
lor"tOrna―se extremamentc amblguo e sua utilizacao passa a causar s6rios ttopecos a
an61ise econOrnica do pr6prlo Marx.
Sё bem que naO exphcite desde logo a sua teona dos pre90s relativos,Marx a uti―
liza para explicar O preco da forca de trabalho,sern o que naO cOnseguina cOmpletar a
teOna da rnais―valia Corn efeitO,6 a diferenca entre o``valor''da forca de tabalho e a
capacidade criadora de``valor''da rnesma que define a rnagnitude da rnais―valia Ora,
o“valor''da forca de tabalho esta dado pOr seu``preco de producaO",istoこ,pelo
pre9o dos bens necess6五os para manter e reproduzir a classe operaria.Essa fOrmu―
lacaO de uma teona dos pre9os,irnpFcita na teo五a da mais―vala,somente foi desen―
volvida por Marx ern etapa rnuito postenor.segundo ela,os precos de rnercado ten―
dem a lxar―se nao em tOrno do“valor''e sirn do preco de producao.No primeiro ca―
so computa―se a taxa de rnais―valia,9 no segundo o cOmputo 6 feito cOrn base na taxa
m6dia de lucro.Contudo,o preco de produ95o 6 apenas o preco de oferta Fatores
quc atuam do lado da prOcura podern faze―lo subir ou baixar. Conforrne saa a si―
tuacaO dO mercado de trabalhO,o pre9o da forca de trabalho pOde ser mais alto ou
mais baixO e,conseqtientemente,a massa de mais―valia sera rnenor ou maior.Para
dada sociedadeこposgvel estabelecer o m6xirnO de mais‐valia quc os capitalistas po―
dern extrair ern determinado pe百odo de tempo Esse Fn6Xirno est6 dado pelo sa16Ho
de subsistOncia fisio16gica.Marx adrnite quc ern condicδes correntes os sa16r10s estao
acirna desse nivol,pois neles existe urn componente hist6rico,quc integra o rninirno
psico16gico
A reraca―。de produca~οb`sica
Corn essa elabOrada teona da mais_valia,Marx pretendeu dar um fundamento
cienlfico a sua dOumna da luta de classes.Afirmando quc a producao tern carater s。_
cial,pois a 6nica fonte criadora de“valor''こo trabalho social,aplicado enl cada ativi―
dade de acordo com a t6cnica prevalecente, e que a aprOp五acaO dO produto tem
carater p五Vado,pois a forca de tabalho 6 vendida comO mercadoria aos propriet6亘os
dos insttumentos de producao, pensou ele af haver identificadO a relacaO de prO_
7 fd,p 605 Evidentemente tlata‐se de uma tese insustent6vel,pois o“tabalho abstat。",sendo de natureza social,
naO pode ser a mesma colsa na lnglaterra o na China
:籠送:まξttteotabJhon5o―pago e O pago,conforme so ex口たa mas attante
26 A TEttRIA DO DESENVOLk/1MENTO NA CIENCIA ECONOMICA
ducaO basica do sistema capitalista Aqueles que produzern estaO impedidos de apro―
priar―se do fruto plenO de seu ttabalho,devendo contentar―se ern ne9ociar sua forca
de ttabalho conl aqueles que detem O rnonop61o dosinstrumentos de producao.Os
dois grupos estao,assirn,ern profundo antagonismo e o enttechoque desses interes―
ses antagOnicos constitui a mola quc irnpulsiona o desenvOlvirnentO das forcas
produtivas
Para ir rnais ionge no estudo dasid6ias dc Marx,enfocandO―as do ponto de vista
da teoria do desenvolvirnento,conv6m precisar certas categorias de an61ise quc ele
utilizOu C)valor dO produto social,para ele,est6 dado pela agregacao de tres va_
ri6veis:capital constante((〕),capital vari6vel(νD e exCedente ou mais―valia(ルの。(D ca―
pital cOnstante compreende a depreciacaO dOs equipamentos, as matこrias―primas
consurnidas, os cOmbuS`veis; o capital vari6vel esta dado pelos sa16rios pagOs; a
mais―valia 6 a diferenca entre a soma(3+ V e o produto realizado,isto 6,廿ansforma―
do em dinheiro A relacaO
i=半,ataxa de ma,vaha,nOs dレque ptte do proddo Fqmdo ica nas maos dOs
capitalstas Marx tambこm a chama``taxa de exploracao'' A relacaO
j = C+ V 'C°mposicaO Organica do cap■al,nos dセqual a parte deste que pode
cnar va10r novo Outta relacao importante na analise de Marx 6 a taxa de lucro
p= c+v Do pontO de vista do caphalsta hdividual,pouco interesse apresenta a
taxa de mais―vttatt O quCheneressa6arehcaoenttcOqueganhoueobd
do capital investido(C tt ν} Por Outro lado a taxa de lucro tamb6rn depende da ra―
pidez de rotacao dO capital(K) PodemOS,portanto, definir a taxa de lucros cOrno
segue:
,Vp=]面C十Ⅵ
Na analise subseqtiente se utilizarao as tros relacδes(1,ブ,p)antes definidas
Afirmou―sc,anteriorrnente,quc o obletiVO da an61ise de Marx era definir as re―
la95es de producaO da ecOnOrnia capitalista(dOutrina da luta de classes)e estabelecer
Os fatOres que impulsionam o desenvolvirnento das forcas de producao em regirne
capitalista COnsideremos agora este segundo aspecto do problema.
D“
“
vorvimarO das forcas produゴvas
A pnmeira vista,a an61ise do desenvolvirnentO das forcas de producao parece
confundir―se corn o quc hOje chamamos de teona dO desenvolvirnento.A pr6pria ati―
tude filos6ica de Marx,preocupado corn as“leis do movirnento",conttbui para dar
essa irnpressao COntudo,conv6rn assinalar que sua preocupacao esta v。ltada para a
busca da“lei que rnove o sistema capitalista"e nao prOp五amente para o“desenvolvi―
mento"de urn sistema econOrnico.Veremos que,segundo sua analise,。sistema ca―
pitalista se move desenvolvendo―se Demais,esse desenvolvirnento implica a cHacao
de condicoes prOpicias a sua superagらo,condic5es essas que sao engendradas por
contradicOes internas crescentes Em outras palavras,廿ata―se de um desenvolvirnen―to com desequiLbrios crescentes e tendente a uma ruptura catacFsmica,na qualsub―
mergir6 o regirne Essa 6 uma tese filos6fica,decorrente da conjuncaO da dia16tica he―
geliana corn as doutrinas socialistas francesas,por ele absorvidas ainda ern sua luven―
O MODELO DE MARX 27
tude DO grande esfor9o que fez Marx para fundamentar na an61isc econOrnica essa
tese filos6fica,resultOu a sua teoria da acumulacao capitalista. Parecia ter ele cOns―
ciencia de que era posgvel formular uma teoria mais ampla do desenvolvirnento
econOrnico,10 rnas lirnitOu a sua atencaO aO caso especifico do“rnOvirnento da sOcie―
dade capitalista"
Para analisar o funclonamento de coniuntO dO Sistema econOmico,cle concebeu
um modelo sirnples,rnas extremamente elucidaivo.Dividiu a economia em dois de―
partamentos:produtor de bens de producaO(I)e prOdutor de bens de consumo(H).
DesdobrandO a produgao de cada um desses departamentos nas tres vari6veis antes
refendas,temos:
Cl+
C2+
Considerou entao uma primeira hip6tese ern que nao houvesse inversaO Fquida
(reproducaO sirnples)Neste caso,o valor total da producao dO departamento l desti―
na―se a reposicao dO capital nos dois departamentos.Asslm,
dondel
Cl十Vl十Ml=Cl+C2
Q=Vl+Ml
Destarte,a producao de bens de consumo deve exceder o consunno daquelesli―
gadOs a essa mesma producao(廿abalhadores ou capitalistas)na medida em que 6
necessario ocupar gente para atender as necessidades de repos19ao do equipamento
Neste modelo de reproducao sirnples exclui―se por definicaO tOda acumulacao,
pOrquanto o excedente ou rnais―vala(ルのque chega as rnaos dOs capitalistas deve ser
por estes consumido.Nurn rnodelo dinanlicO o excedente ser6 parcialrnente consu―
rnido pelos capitalistas(ルの,parte destinar―se-6 a aumentar o estoque de capital cOns―
tante(卜1)e parte devera acrescentar o fundo de capital variavel(ル〔υ).1l Assim,o pro―
duto dos dois dopartamentos se desdobra da forma seguinte: 、
1=Cl+Vl+Ml+Mlc tt Mlυ
H=C2+V2+M2+M2c+M2u
Como a prOducaO dO departamento l deve serigual ao va10r dos equipamentos
utilizados nos dois departamentos para reposicao e ampliacao da capacidade produti―
va,temos:
Cl+C2+Mlc+M2c=Cl十Vl+Ml+Mlc+Ml。
donde:
C2+M2c=Vl+Ml+Mlυ
10Cf p 598,por exemplo
ll Este modelo ost6 desenvolvido em O Capital v II,cap XXe XXI V●a‐Se tamb`m LANGE,Oskar fnfroducaο δ
EconOmαriα Traducao brasneira de Manza Coutinho Rio 1963
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28 A TEORIA DO DESENVOLVIMENTO NA CIENCIA ECONOMICA
A interdependOncia entre a procura de bens de capital do departamento II e o
excedente de bens de consumO criado por esse mesmo departamento ve―se mais cla―
ramente na apresentacaO seguinte:
I=Cl+Mlc十Vl十Ml+Ml。
H=
A significa95o deste modelo reside em quc ele dernonstra que o processo de
acumulacao naO resulta de decisOes arbitrarias,e sirn de fatores hist6Hcos que Se tra―
duzem na propria estrutura da prOducao
“O uso que pode serfe■o do prOduto anualtotal",diz Marx,``depende inteiramente da
sua pr6pna compOsicao…''12``Em uma palavra,a mais―valia 6 cOnve“velem cap■al so―
1慧t:L::I:‖亀∫excedente,dO qua16 o valor,j6compreende os elementos rnatenas dO
Por Outro lado,o rnOdelo tambこm indica,no caso da reproducao ampliada,que
o produto excedente,cuio va10r cOrresponde a M (rnaiS―Valia),tem O duplo objetivo
de atender ao consumo dos capitalistas e ao desao destes de aumentar seu capital,is―
to 6,de acumular.Marx n50 indica claramente que princ彙)loS governarn a distribuicao
do excedente entte consumo dos cap■alistas e acumulacao.Pareceria supor que exis―
te uma relacao estavel entte os mesmos.Por um lado afirma quc 6 da dinarnica dO
regirne quc os capitalistas se empenhern ern realizar novas inversδes,pois a cOncor‐
rencia tende a expelir aqueles que ficam atras.Mas,por Outro ladO,tamb6m afirma
que o cOnsumo conspicuo tende a crescer e institucionalizar―se com a amphacaO dO
excedente.14
A acumulacao 6 menOs cOnseqtiencia da apropriacao do excedente pelo coniun―
to dos capitalistas que da forma como esse excedente se distribui entre eles.COrn efei―
to,o desenvolvirnentO do capitalismo assume a forma de permanente modifica95o na
composicao Organica dO capital do cottuntO da coletividade AO elevar―se a produti―
vidade, com o avanco da t6cnica, aumenta a quanidade de equipamento por
operanO Ocupado Em outtas palavras,o capital cOnstante(CI CresCe mais rapida―
mente do que o capital variavel(、ぅ。 Para O conjunto da coletividade, isto significa
apenas,como j6 virnos,que o produto“sico tende a crescer rnais quc o``valor''do
produtO.Entretanto,o problema se apresenta de rnaneira diferente para cada capita―
lista em particular.Este,ao intensificar a acumulacao e aO incorporar novas t6cnicas,
reduZ o seu preco de produ95o individual Enquanto a concorrOncia n5o vier corrigir
a situacao,este capitalista gOzara de um aumento relativo de mais―valia que se tadu―
z廿6 em elevagao de sua taxa de lucrO.Como a penettacao de nOvas t6cnicas se reali―
12 0 cap■al v I,p 580
13fd,p 581
14“AIcancadO certo 9rau de desenvolvirnento'', dlz MaⅨ, ``um grau convencional de prodigalidade, que 6 tamb`m
uma exibicaO de rique2a e conseq■entemente uma fonte de cr6dlto,torna‐se uma necessidade dos ne96cios para o in―
fortunadO Capitalista"(Id,p 594)
C2+M2c tt V2+M2+M2υ
O MODELO DE MARX29
za mediante esses avan9os individuais,o total da rnais‐valia se distribui desigualrnente
entre os capitalistas,o que cria urn clima de permanente disputa ente eles.Dessa luta
resulta a eliminacao dos rnais fracos e a tendOncia para crescente concentracao do ca_
pital em poucas maOs.
smrese do modero
Sintetizando o quc expusemos at6 agora, podemos dizer que o montante da
mais―valia decorre de fatores hist6ricos,1lgados ao nivel rnlnirno psico16gico de subsis―
tencia da classe trabalhadOra,e de fatOres que atuam a curto prazo,1lgadOs a capaci―
dade de defesa dos operariOs e a agressividade da classe capitalista.Marx deixa essa
queStao totalrnente ern aberto e cntica acerbamente o ponto de vista dos c16ssicOs(lei
do fundO de salanos),segundO o qual era imposζvel aos operariOs rnelhorar o seu
nivel de vida forcando a elevacao dos salariOs rnonet6Hos.Dada a taxa de mais―valia,
cabe considerar comO estaこdistribuFda pelos capitalistas entte consumo de sua classe
e fOrmacao de nOvO capital.15 Tamb6m aqul Marx parecena atribuir grande irn―
pOrtancia a fatores hist6Hcos,do que resultaria haver certa estabilidade nessa distri―
bu19aO.c)que deterrnina o montante das novas invers6esこp五ncipalrnente a massa
total da rnais―valia.A taxa de poupanca 6 sirnples resultante do choquc entre o desoo
da classe capitalista de consun■ir e a“necessidade''que tern cada capitalista individual
de acumular para nao ser excluFdo pelos concorrentes. Ora, essa necessidade quc
tOrn os capitalistas de forcar a acumulacao leva_Os a quererern aumentar a sua partici―
pocaO nO prOduto,istoこ,sua taxa de lucros.Essa atuacao de cada capitalista indivi―
dual se manifesta em dois planos.Por um lado,como virnos,acirra a concorrencia
entre eles,presslonando no sentido de maior acumulacao.POr Outro ladO,no planQ
macroeconOrnicO,se ttaduz ern pressao para elevar a taxa de mais―valia COrn efeito,
unl capitalista individual pode aumentar sua taxa de lucros,sirnplesmente acrescen―
tando a mais―valia relativa Mas,ern conjunto,os capitalistas s6 conseguiraO faze_10 se
cresce o total do excedente,isto 6,a mais‐valia absoluta da coletividade.Marx consi―
dera que cada capitalista luta permanentemente para aumentar sua rnais―valia absolu―
ta, obrigando os operanos a ttabalhar mais horas, ou conseguindo pagar menos
atrav6s do recrutamento de mulheres e menores.Entretanto,o que se pode consc―
guir pOr esse lado tem um lirnite.O ganho temporano na mais―valia relativa 6 con―
seqtiencia autOmauca da forma como penetram novas t6cnicas atrav6s da
acumulacao.
Portanto,o papelfundamental no processo acumulativo desempenha―oo capl―
talista.16(D seu consumo pareceria ser funcao do v01ume do excedente,O qual,por
seu ladO,seria deterrninado pela agressividade corn quc os capitalistas procuram au―
mentar a rnais―vaha absOluta;o volume dasinversδes,por outr6 1ado,seria funcaO dO
excedente e da penetacaO de nOvas tёcnicas,pois s5o estas iltirnas que permitem a
clevacaO da mais_valia relativa c acirrarn a concorrOncia entre capitalistas C)dinarnis―
mo do sistema resulta,em`ltirna instancia,de que,se bem a taxa de mais―valia de―
corra da acaO da classe capitalista como tal,lsto 6, do fato de que os bens de pro―
15 A distnbu19らo da mais―valia entre as diferentes formas de capital,lucro industlial,lucrO cOmercial,renda da terra,ju―
m轟億審,T::S:温F鑑:鑑籠亀:『:酬躍LI精詮臨 :λ配∫ぜ雷:きy略淵ぎ:L籠嘲囃じ毬熙:
renda absoluta e dlferencial Ve,a―Se em particular O v I11,Parte Segunda,cap 47
16``Levado por uma inclinacらo fan6tlca a fazer o valor expandlr―se por ele mesmo, o capitahsta forca sem cOntem―
placaO a raca humana a produzlr por prOdu′r"(O Cαpltal t l,p 592)
30 A TEORIA DO DESENVOLVIMENTO NA CIENCIA ECONOMICA
ducaO seiam prOpriedade privada de uma pequena rninona,a distribuicaO da mais―
valia se faz attav6s da cOncOrrOncia entre capitalistas.E,nessa concorrencia,a intro―
ducaO de nOvastこcnicas constitui a principal arma de ataque de um contra os outros.
Dal quc, na evolucaO dO capitalismo, a tendOncia a concenttacao da prOpriedade
acompanhe necessariamente o processo acumulativo.
Marx nao apresenta o seu rnodelo exatamente como virnos de exp6-10,porquc a
cle lhe interessa muitO pouco destacar possiveis contradic6es dentrO da classe capita―
lista.O motor do rnovirnento da economia capitallsta estaria na luta de classes,postu―
lado llos6icoJo qual ele havia partido e que sena a pedra angular de sua teona da
a95o pOnica.E por esta raz5o que ele attibui enorrne importancia aO antagonismo en―
廿e capitalistas e assalanadOs,aqueles pretendendo elevar a taxa da rnais―valia absOlu―
ta c estes lutandO por cOndicδes rninirnas de subsistencia Destarte,a analise que faz
da dinamica dO sistema destina―se,nao a cxpOr as forcas quc o levanl a desenvOlver―
se,e sirn a demonstrar que suas conttadicδesinternas tendern a agravar―se Havendo
chegadO a conclusao de que a tendencia fundamental do sistemaこpara a acumu―
la950,ele se pergunta:que conseqtiencia tem O crescirnento do capital sobre a parte
dO prOduto quc chega as rnaos dOs trabalhadores?17 Ern outras palavras:como se re―
lete na``cOntradicao fundamental''a tendOncia a acumulacaO, cOmO se traduz em
terlnos de luta de classes essa tendOncia?Passa―se, assirn, irnperceptivelrnente, da
an61ise econ6nlica para a cornprovacao de uma tese fi10s6fica com elementos dessa
an61ise.Nessa passagern,entretanto,introduzern―se importantes elementos estranhos
ao modelo inicial,cOnforrne veremos ern seguida
A reF de acumuraca―。 e o exごrcFfo de resewa
C)processo de acumulaca0 6 estudado,inicialrnente,do pontO de vista das rnu‐
dancas que deternlina na connposicao organica dO capita1 0 fatOr rnais impOrtante a
considerar nesta analise,diz Marx,``6 a composicao dO capital e as rnOdificac6es quc
ela sOfre nO curso do processo de acumulacao".18 virnOs que o produto social est6
forrnado pelo capital cOnstante((〕)一depreciacao dOs equipamentos,mat6五as―pri―
mas,combuttvet―;pelo cap■al van6vel(Ⅵ― Sa16五os一e pela mais―vaha(rЮ
Tambこrnvirnosquearelacaol,Se define como composicao organica do capital Essa
composicao Organica varia de ramO para ramo de indisma e rnuitas vezes de empre―
sa para empresa num mesmo ramo.Sendo V a`nica fonte criadora de valor,こfacil
deduar quc a relacaO entre a quantidade de valor cnada c a quanidade tOtal de capi―
talinveぬdo vana corn a cornposicao Organica dO cap■al.Assirn se corn a acurnulacao
as inversOes em cap■al constante aumentarn mais que aquelas em capital vanavel,
mod■ca―se a composlcao Organica do capital Do ponto de vista de uma empresa j6
virnos que o problema 6 sirnples:o que ela prOduz“vale''rnenos;rnas,como o preco
se fixa nO rnercado,ela pode aumentar sua rnais―valia relativa Do ponto de vista rna―
croeconOrnico,entretanto,o problema 6 outro.Se supomos que a taxa de rnais―valia
半 Se mantёm condanた,admmmOsimphclamente quc os salttOs redstendem a eL―
var―se na rnedida em que a maior dotac5o de capital por ttabalhador provoquc au―
mento na produtividade do ttabalhO.Por outto lado, se supomos estabilidade nos
17 fd,p612
18 fd,p612
O MODELO DE MARX 31
sa16●Os reais, devennos concluir quc a taxa de mais―valia― medida em termos de
bens de cOnsumo e naO de``va10r"――tende a subir.Ora,a elevacao da taxa de mais―
valia deterrnina necessariamente alta da taxa rn6dia de lucro A menOs que se reduza
a velocidade de rOtac5o dO capital,isto 6,que este passe a ser subutilizadO COnfOrrne
virnos,a taxa de lucroぃ)depende da taxa de mais―valia(I)e da rOtacaO dO capital
(Ю:
iVp=K(C+Ⅵ
1/7ejamOs agora como Marx cOnduziu a sua an61ise,pa由ndO da comprovacao
(para cle fatO de observacao cOrrente)de que a composicao organica dO capitaltende
a rnodificar―se no sentido de aumento relativO do capital constante De partida ele re―
conheceu quc o aumento de C cOrn respeito a V deveHa traduzir―se numa intensfi―
cacaO da prOcura de maO―de_Obra.COnstantes outtos fatores,こevidente que maiores
inversδes ern rn6quinas,Obras civis,etc,significam maior procura de ttabalhadOres
A posicaO de barganha destes melhora, cOm tendOnciaらelevacaO dOs salariOs: `リヘ
procura de ttabalhadores pode exceder a oferta c,portanto,os salarios pOdem su―
bir".19 Marx cOnsidera,enttetanto,que taltendencia naO pOde durar,pois a baixa na
讐樵増麗絆ittt乳1篭Wim儡〕鰈 」守f=iittH
prOcessO da producao capitalista remove qualqucr obstaculo quc ele rnesmo cne tern_
pOranamente"20
Em seguida ele introduz no argumento o avango da t6cnica, “a alavanca mais
poderOsa da acumulacao"21 MarX ve nO avan9。tecno16gico o instrumento b6sico
que utiliza a classe capitalista para aumentar a oferta de rnao―de_Obra E taO poderOsO
こesse instrumento que,nao obstante a tendencia ja assinalada para O aumento da
procura de maO―de_Obra,existe permanentemente um“ex6rcito de trabalhadOres de
reserva"em qualquer econornia capitalista. Essc ex6rcito de reserva, introduzidOさ
`ltima hora nO modelo, passa a desempenhar nele papel fundamental Aparente―mente Marx parte do fato de observacao corrente ern sua 6poca, e repetidamente
mencionado em tOda hteratura referente a Revolucao lndustrial,que a oferta de rnaO―
de―Obra era totalrnente e16stica.A penctacao da t6cnica na agricultura deslocava para
as cidades crescente parcela da populac5o;por Outro lado,o artesanato ern desorga―
nizacao engrossava o exこrcitO de subocupadOs urbanos.Contudo,se bem fatO de Ob―
servacao corrente,urn grande excedente permanente d9 rnaO_de_Obra s6 pode serin―
tegrado no rnOdelo de forma rnais ou rnenos arbi廿6na E que o desemprego resultava
da desagregacao da ecOnornia pr6-capitalista, devendo, portanto, corresponder a
uma fase da evOlucaO capitalista C)ra,para incorpor6-lo ao mode10,Marx necessita―
na primciro demonstrar que o desemprego era inerente ao pr6prio regirne capitalista,
que era consequencia de suas contradicδes internas Somente assirn caberia concluir
que esse desemprego tendia a agravar―se.C)ex6rcito de reserva surgiu como urn ele―
mento externo,introduadO no mOdelo para que fosse posζvel afirmar que,com a
acumulacao e O avan9o da t6cnica,crescena a pressao para a reducaO dOs sa16rios.
“Quanto maior a riqucza sOcial'', afirma Marx, “maior o ex6rcito de reserva indus―
mal''.22 A issO chamou ele de“lei absoluta geral da acumulaQaO capitalista''
19肥,p61320 fd,p619
21 rd,p 621
221d,p644
32 A TEORIA DO DESENVOLVIMENTO NA CIENCIA ECONOMICA
A renttncia a baレa da raxa de rucros
Dessa forma,Marx pretendeu demonstrar quc a caracteFstica rnais fundamental
da dinarnica dO capitalismO estava em quc o aumento da riqueza irnplica necessaria‐
mente aumento do n`mero daqueles quenao tern acesso ao ttabalho.POrtantO,as
causas da luta de classes aumentam com o crescirnento da riqueza da coletividade.
Poder―se―ia deduzir,desse fato, quc a situacaO da classe capitalista estaria cada vez
melhOr,como consequencia da pressao sobre Os salanos exercida pelo ex6rcito de re―
serva Mas naO era exatamente assirn 」a virnos quc,a longo prazo,a acurnulacaO,
fazendO crescer(3 com respeito a V,pressiona no senido da baixa na taxa de lucrOs.
Ora,adrniia―se como verdade inconteste,na economia c16ssica,quc a taxa de lucros
tendia a longo prazO a declinar ′ヽimos as conclus6es sombrias que dessa falacia reti―
rou」 S Mll Deduada dO``principlo da populacao"de Malthus e da lei da renda di―
ferencial de RicardO,ela servia para demonstrar que seria sern qualquer alcance pr6ti―
co toda tentativa de elevagao arbitraria dOs salarios reais.Marx percebeu o alcance da
idёia para demonstrar a temporaneidade do capitalismo Corn efeitO,se a taxa de lu―
cro tende a baixar,send0 0 seu lirnite zero,6 quc os capitalistas como classe tendern a
desaparecer.EsbocadO no v01ume l de O Capfral,cle s6 desenvolveu tOtalrnente o
argumento no volume lH.23 Apresenta af urn exemplo extremamente sirnples Fazen―
dO V igual a 100,atribui a C Os seguintes valores:50, 100,200,300e400.Sendo
constante a taxa de mais―valia(cem por cento),o va10r desta 6 100 enn todos os ca―
sos Assirn,a taxa de lucro declina de 662/3%nO prime廿o caso(鵡
) para
20%no`ltimO(45σ聖警
≧
預荻|) Desta fOrrna,Marx pretende assentar em nOvas ba―
ses a teoria da tendencia aO decFnio da taxa de lucrO,fazendo―a independente do
grossciro``prindpio da populacao".24
Em sua luta para evitar a baixa na taxa de lucros,os capitalistas iancariarn mao
de tOdOs Os rnelos,em particular dos seguintes:a)exp10racao mais intensa da fOrca
de trabalhO;b)exportacao de capitais particularmente para as co10nias(id6ia j6 suge―
nda por」.S.Mlll e que Lenine desenvolveria ern sua tese sobre o imperialismo),c
c)intensificacaO da acumulacao para aumentar a quantidade absoluta da massa de
lucrOs.Marx d6 particular irnportancia ao terceiro argumento.Corn efeito,aumentan―
do a rnassa de trabalhadores empregados e concenttando―se os capitais ern rnaos ca―
da vez rnais reduadas,こfacil deduzir quc uma taxa declinante de lucro pode coincidir
corn uma quantidade absoluta crescente de lucros nas rnaos dOs capitalistas Mas nao
era menos verdade quc,declinando perrnanentemente a taxa de lucrO,chegaria o
momento em quc o sistema tenderia a ttaumaizar―se, enttando em colapso tOtal
Marx viu nas crises ciclicas antecipa96es desse colapso Estas,aumentando O desem―
prego e forcandO a baixa dos sa16riOs e,por outro lado, elinlinando os capitalistas
marginais e facilitando a concenttacao,perm■em urn saneamento e a recuperacaO da
norrnalidade,se bem quc em nada modifiquern as tendencias a longO prazo.A su―
cessaO das crises levana fatalrnente a ruptura final do sistema com a elinlinacao da
23 0 cap“αl v III,cap 13-15
24A19ebricamente,as rolac5es saO as seguintos:
p=C+V=挙て当W=ギ(1-島)
::電』:1麗鷺)1塩ltif:。1li;膜i寵』熾【l:ぷ糧熱 漁餞ぶF悦胤ど1霧
O MODELO DE MARX 33
classe capitalista, ,6 entaO sirnples fator impeditivo do desenvolvirnento das fo、as
produtivas.
Dessa forrna,em sua preocupacao de demOnstrar que o sistema capitalista csta‐
va condenado a desaparecer――sern contudo lamaiS atrever―se a adiantar se a crise fi―
nal ocorreria ern 10 ou ern 100 anOs――,Marx provou rnuito rnais do quc era posζvel
(aze_lo cOm osinstrumentos de an61se que inha em maos.cOm efe■o,confOrme j6
indicamos,a tese do decFnio na taxa de lucro pressupoe uma oclosidade crescente do
capital ou uma reducao na taxa de mais―valia,ou seia,um aumento na participacao
dos assalariados no produto.Como o produto Fquido se dismbui entre V (assalaria―
dOS)CM (capitalistas),para reduar a parte dos capitalistas 6 necessario aumentar a
dos assalariadOs.⊂)ra,istO estaria ern lagrante desacordo com aた,absolura geral da
acumulaca~o capitallsぬ,segundO a qual o ex6rcito de reserva mantこm os assalariados
permanentemente em posicao defensiva.
Na ansia de fundamentar com argumentos econOrnicos suas teses filos6ficas,
Marx usOu corn demasiada largueza osinsttumentos da anttise econOrnica.SeguindO
o raclocinlo dos c16ssicOs e com base na Observacao corrente,afirmou que o capital
constante tende a crescer mais intensamente quc o capital variavel.25 1gnOrando o
avanco da t6cnica,cabe deduzir desse argumento que a taxa de lucros tende a de‐
crescer.At6 alchegou J S Mlll.Mas a acumulacaO de capital nao pode ser isolada
do avanco da t6cnica,o qualtern efeito inverso,pois possibilita a substitu19ao de maO_
de―obra por capital.」.S.Mil compreendcu que essas duas forcas poderianl anular―
se,rnas adrnitiu quc a acumulacao era perene e o avanco da t6cnica ocaslonal.Marx,
pelo cOntran。,percebeu que o avanco da t6cnica cra urn fator de atuacao mais pro‐
funda quc a pr6pria acumulacao.E dai pretendeu deduzir que,pOr rnais intensa que
fosse a acumulacaO,a Oferta de mao―de_Obra seria cada vez rnais e16stica,assurnindo
a forina de crescente desemprego tecno16gico.Entretanto,j`Ricardo havia percebido
que a t6cnica necessita ser``econOmica''para ser aproveitada. Em outras palavras,
novas m6quinas somente sao compradas quando o seu preco, comparado ao da
maO_de_Obra poupada,compensa.Destarte,cxiste uma interdependencia enせe a as―
similacao de nOvas tこcnicas e o preco da maO_de_obra O pr6prio Marx nos da um
born exemplo dessa interdependencia quando cita o caso da agrlcultura inglesa ente
1849e1859.Teria havido,entao,uma alta dos sa16五os reais do trabalhador do cam‐
po.E comO consequencia“fOram introduzidas mais m6quinas e corn o tempo a rn5o―
de―obra voltou a ser redundante nOvamente em proporcao satisfat6五a mesmo para
os empresanos agncolas''.26 E necess6Ho nao esquecer quc tanto a acurnulacao cOrnO
a assirnllacao de nOvas t6cnicas saO de iniciaiva do capitalista. Conforme afirma o
pr6prio Marx,“a vanavelindependente 6 a taxa de acumulacao".c)capitalista,acirna
de tudo,necessita acumular.Mas,nesse mesmo ato de acurnular,ele melhora a po‐
sicaO de barganha dO trabalhador E contra―ataca ern seguida corn novas t6cnicas ten―
dentes a reduzir a procura de rnao―de_Obra.Atё que ponto os doisfatores se compen―
sam,ou nao,pOde ser Observado empiricamente C)que carece de todo fundamento
16gico 6 adn■itir quc a taxa de lucro possa declinar sern que sc eleve a participacao dos
assalariados nO produto.27
25 Medindo‐se o cap■al em termos de sa16■os pagos em sua produ95o(atuallzado a partlr da taxa de lucro que prevale‐
ce na economia),a taxa do cresciFnentO do estoque de capitalserla maior quc a taxa de crescimento da forca de traba‐
lho SObre a forma de medlr a acumulacao de capltal,evlando O raciochio circular do modelo neoc16ssic。,vela―Se
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um酬酬°nげCⅢd Lonと0,1956
27 Para que tenha consl■Oncia 16gica o modelo,como o apresenta Marx,ter―se‐6 que adm■r uma persistente insun‐
ciOncia da prOcura efeiva Ern tal caso,entretanto,a taxa de inversaO tenderia rapidamente a zero O argumento po―
deria ser utilizadO cOmo componente de uma teona de crlses e nらo para exphcartendoncias a longo prazo Ainda as―
sirn,icarlam por expllcar as causas dessa insuficiOncia persistente de procura efetiva
34 A TEORIA DO DESENVOLVIMENTO NA CIENCIA ECONOMICA
Arcance da andfFse de MaⅨ
Marx procurou demonstrar quc 6 do interesse dos capitalistas rnanter perrnanen―
temente desempregada uma parte da forca de trabalho,atrav6s da teoria do exこrcitO
de reserva Mas,se 6 verdade que dessa forma Os sa16五os se rnanteriarn relativamente
baixOs,tambこm o 6 que os capitalistas deixam de apropriar―se de uma grande quanti‐
dade de`(valor"que podena ser criado pelos desempregados.COmo o grande pro―
blema dO capitalista 6 inverter o seu novo capital,ainda rnais se se aceita a tese de que
a taxa de lucro dO capitalj6 invertido tende permanentemente a dechnar,caberia per―
guntar como こposζvel quecresca permanentemente o desennprego tecno16gico.
Nao seria f6cil cOnciliar esse desemprego corn a existOncia de capitais ociosos.Portan―
to,temos que partir do princl)iO de que todo capital est6 sendo utilizadO reprodutiva―
mente e que o desemprego tecno16gico resulta de quc a t6cnica est6 avancando mais
rapidamente do que a acumulacaO.SendO assirn,teria quc haver urn forte aumento
de produtividade.Cabe entao adrnitir duas hip6teses Na primeira,os sa16rios reais se
manteriam est6veis, devendo elevar―se a taxa de mais―valia. Os capitalistas icariam
com as rnaos cheias de nOvOs capitais,o que levaria necessariamente a absorcao pro―
gressiva da mao―de_Obra antes desempregada Na segunda hip6tese subiriam os
salarios reais, mantendo―se ou declinandO a taxa de mais―valia. Ora, a subida dos
salarios reais 6 incompaFvel cOm a existtncia de grande massa de desempregO.Des―
tarte,a id6ia de Marx,de quc o capitalismo possa avancar corn crescente desemprego
a custa de avan90s cada vez malores na t6cnica,carece de consistencia 16gica.
A forma cOmo Marx apresenta o seu modelo leva a crer quc os rnaloresinteres―
sados na desttuicao do capitalismo sao os pr6prios capitalistas.Corn efeitO,nao existe
nenhuma cOnttadicao entre a manutencao da taxa de mais―valia―isto 6,a“taxa de
exploracao dO assalariadO pe10 capitalista"―e a elevacao dO sa16五〇real.Mais ainda:
como o desenvolvirnento do cOpitalismo se faz conl a concentracaO dO capital,a mas―
sa de cxcedente na mao de cada capitalista pOde crescer mais rapidamente quc o
produto FquidO senl que saa necessario que se reduza a participagao dOs assalanados
neste,ist0 6,sem que se rnodifiquc a taxa de rnais―vaha.Crescendo o capital cOnstan―
te da coletividade mais rapidamente quc a populacao, O queこfato de observacao
corrente,こnatural quc haa uma tendencia para aumento da participacao dOs assala―
riados no produto FquidO. Mas, como a acumulaca0 6 inseparavel do avanco da
t6cnica c a orientacao da tecnologiaこdada pe10s capitalistas,こnatural que estes tra―
tem de corrigir aquela tendencia.QuandO nao o cOnseguem,as“oportunidades''de
novas inversOes declinam,c a reducao na taxa de acumulacao freia a alta dOs sa16五os
reat.Quando o conseguem em demasia,cnam desemprego tecnol∝ico,mas au―
mentarn a quantidade de recursos disponlveis para novas inversOes.Estas,se realiza―
das,c五arao nOvas oportunidades de emprego,absorvendo aquele excedente.IgnO―
rados os fenOmenos decorrentes da insuficiencia de procura efetiva,que escapararn a
perspectiva de longo prazo de Marx,nada indica quc exista no sistema capitalista uma
tendencia inerente a rnodificacao cumulativa da distribuicao dO prOduto liquido entre
assalariados e capitalistas.Para descobrir essa tendencia,Marx inttoduziu em seu rno―
de10 urn fator ex6geno: O exこrcito de reserva. Nao coniante nO resultado, voltou
posteriormente a tese c16ssica da``tendencia secular ao decFniO da taxa de lucro",co―
10candO_a,por6m,em base totalrnente inconsistente.
A expenancia his6nca,aO demonstrar quc o desenvolvirnentO do capitalismO se
faz cOm salarios reais crescentes e sern sensivel rnodificacao na distribuicao dO prOdu_
to liquido entre assalariados e capitalistas, velo demonsttar quc Marx de nenhuma
maneira teve razaO aO pretender fundamentar sua tese filos6fica na an61ise econOrni―
ca.IstO naO significa,necessanamente,quc a tese em sl――quc o capitalismOこuma
O MODELO DE MARX 35
etapa hist6rica da evolucao da sociedade humana c que devera desaparecer para dar
lugar a outra forina superior――esteia errada.Essa tese possui um conte`do evoluti―
vo―finalista e naO pOde ser negada ou aceita senao no planO dosjulzos de valor FicOu
demOnstado apenas que nao こ posgvel dar a essa tese uma fundamentacao
econOrnica dentro das categonas quc elaborou Marx.O desenvolvirnento capitalista
se vem fazendO cOm repetidas crises e grande desperdiclo de recursos de todas as Or―
dens.Mas naO hOuve nern tendencia persistente a paupenzacao das massas nem a
baixa da taxa rn6dia de lucro.As conclus5es a que che9ou Marx,na analise econorni―
ca,estao marcadas pela preocupacaO de identificar as`trandes contradi96es inter―
nas''do sistema.Para ele a evOlucaO decOrria dessas conttadic6es,cttas regularida‐
des pretendeu traduzir em“leis do movirnento da sociedade" Dessa forrna,toda a
an61isc econOrnica que realizou folinluenciada pelo rnこtodo que ttansplantou de sua
fi10sOfia A esse fatO,principalrnente, se deve a grande dificuldade que tiveram os
seus seguidores de desenv01ver-lhe o rnOdelo como instrumento de analise econOrni―
Ca.Qualquer modificacaO parecia entrar em conlito com os otteivOS 61timOs,deriva―
dos de sua fi10sOfia social.A isso cabe atribuir que o modelo de Marx haia permaneci‐
do pOr quase um sこculo cOm0 0bietO de controv6rsia mas sem quc haia SidO efeiva―
mente estudado e desenvolvido.Mas,devendo ser negado ou aceito一no plano dos
iuttOS de valor―transfOrmou―se em poderosissirno instumento nas lutas ideo16gi―
cas.Serviu de base a uma teona da acaO pOFica,abrindo o caminho para os grandes
movirnentos de reconstrucao sOcial que marcam o s6culo atual.
CAPiTUL0 3
As Fof“′uraφ
“
Neacrd〔過たas
O abandono dos prosuposfos classic∝
E sabido que no`ltimo quartel do s6culo passado e comecos deste um ingente
esforcO fOi realizado pelos ecOnOrnistas para contomar as dificuldades quc haviam si―
do criadas pela teoria do valor―trabalho.Essa teoria se transformara na rnais perigosa
arrna de que dispunharn os socialiStas ern sua luta crescente contra o capitalismo.
Marx fundara nela tOda a cOnstrucao te6nca de O Capital.Foi necesstto criar um ins―
廿umento anaFico nOvo e reformular uma sこrie de conceitos.Na culrninancia desse
esfOr90,encontra―se a teona dO equilb五o geral.
O enfoque distributivista vai dominar agora ainda rnais fortemente quc entte os
c16ssicOs.Cassel,por exemplo,afirma categoncamente que o``estudo da Origern dos
bens rnateriais existentes e das forcas que intervem ern sua criacao nada tem que ver
com a econornlai e do dornin10 da hist6ria"1
A teoria cl`Lsica nunca chegou a definir claramente o quc entendia por“traba―
lhO",Sua deformacao distributivista levou―a a ldentificar trabalho com``廿abalho assa―
lanadO".TOdavia,os c16ssicos haviam percebido claramente que,cm qualquer tipo
:::∬l窒懲 ∬ 営 £殿 鷲」鷺 営 :盤協 陽 λFT諧 :&ξ躍 :鵠』∬ 職 :
quer sociedade tende a criar‐se urn excedente de prOduto sodal.Vivendo em uma
6poca caracterizada por uma rapida substituicao de maO‐de_Obra por capital,perce―
beram eles,demais,quc a classe assalariada praticamente nao tinha nenhuma possi―
bilidade de apropnar―se de parte daquele excedente,o qualrevertia ern sua totalidade
aos empres6rios e proprieta五。s da terra.Os neoc16ssicos,conl a preocupacaO de in_
verter os termos desse problema―cuios frutOS Marx soubera tao bem aprOvenar一
pretendem ignorar a existOncia de qualquer excedente e procuram demQnstrar quc,
sendo cada fator remunerado em funcao de sua prOdutividade rnarginal,a totalidade
do produto se esgota no processo distributivo.
Assirn,o ponto de partida do pensamento neoc16ssico fol o abandono dasteonas
do sa16riO que prevaleciarn na epoca,as quais se apolavanl em observacoes emplncas
que demonstravan■ser a mao‐de_Obra urn fator de oferta e16stica dado um nivel de
l CASSEL,Custave Traitt drcοnOmic Poli,9uc Parls,1929,t I,p 32
37
38 A TEORIA DO DESENVOLVIMENTO NA CIttNCIA ECONOMICA
sa16riOs que se adrnitia corresponder as necessidades de subsisttncia e procnacaO.A
formalizacaO dessas Observacδes se fazia, nos c16ssicos, introduzindo nO modelo
econ6rnico o p五ncl)io de populagao de Malthus,O qual em Marx foi substituido pelo
cx6rcito de reserva. Com base nessa vari6vel ex6gena,de conte`do socio16gico,こ
que sc esttuturara a teona da reparticao da renda cntre sa16nos e excedente.No caso
do modelo ricardianO,a utilizacao dO excedente tamb6mこcondiclonada pela acao
de outra variavel ex6gena―a lei dos rendirnentos decrescentes na agncultura―,a

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