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Biometria Florestal 224 15 ANÁLISE DE TRONCO A análise de tronco é um método retrospectivo para determinação do crescimento da árvore que permite determinar as curvas de crescimento da altura, volume, etc. sobre a idade, bem como estudos cronológicos pela datação dos anéis anuais de crescimento, com aplicações na Dendroecologia e Dendroclimatologia. A vantagem do método está na rapidez, boa precisão e baixo custo para a obtenção dos dados. Entretanto, limita-se a quantificar o crescimento da árvore-amostra sem poder inferir sob as condições de densidade do povoamento nas diversas fases do crescimento. Dessa forma, a análise de tronco adquire importância singular, pois, em qualquer época, possibilita reconstruir o crescimento passado de uma árvore desde o estado de plântula até o momento do abate. Segundo Silva (1977), a análise de tronco é definida como o exame de secções transversais do tronco de uma árvore para determinar seu crescimento e qualidade em diferentes períodos de sua vida. Nesse exame, são realizadas a contagem e medição dos anéis, a fim de avaliar, além da idade da árvore, o crescimento em volume, a área basal, diâmetro e altura. A análise de tronco pode ser completa ou parcial. No primeiro caso, a árvore é abatida e é retirado dela um determinado número de fatias ao longo do tronco. Quando a árvore não for abatida, sendo dela retirado apenas um rolo de incremento pela técnica da verrumagem, tratar-se-á da análise de tronco parcial. 15.1 Diferenciação dos anéis de crescimento De maneira geral, essa técnica só é empregada em espécies que possuem os anéis de crescimento facilmente observáveis. A diferenciação dos anéis é uma característica da espécie, porém influenciada pela idade, espaçamento e sítio. Biometria Florestal 225 Ao verificar as secções transversais, pode-se ver uma série de anéis concêntricos, às vezes excêntricos, resultante da atividade cambial nos períodos de atividade vegetativa e da redução do crescimento durante o repouso fisiológico. De forma geral, os anéis de crescimento tornam-se mais destacados quanto mais rigoroso for a ariação ambiental; por exemplo, inverno, seca, etc. indicando a forte influência do clima sobre o crescimento dos vegetais. Nas zonas de clima frio e temperado, as espécies vegetais, especialmente as que perdem as folhas total ou parcialmente durante o outono/inverno, apresentam camadas de crescimento perfeitamente distintas; já, nas zonas tropicais, a diferenciação das camadas de crescimento pode apresentar dificuldade uma vez que o crescimento anual não é caracterizado por dois períodos climáticos distintos. Por outro lado, poderá existir dúvidas se as espécies nessas regiões formam anéis anuais de crescimento ou se trata de zonas de incremento, ou seja, anéis formados em período diferente do tempo cronológico de um ano. Worbes (1989), estudando espécies florestais na Amazônia Brasileira, determinou que os anéis formados se tratavam de anéis anuais. Para essas espécies que cresciam em região de pouca variação de temperatura, o autor concluiu que o fator que atua sobre o ritmo de crescimento era o período anual de inundação a que a área estava sujeita. A comprovação pode ser realizada com o emprego de janelas de Mariaux, aplicadas periodicamente no lenho das árvores amostra. Visando determinar a periodicidade dos anéis de crescimento de espécies florestais na Floresta Estacional Semidecídua na Depressão Central do Rio Grande do Sul, localizada em Santa Maria, foi conduzido um experimento com marcação cambial, utilizando pregos de aço. Durante dois anos consecutivos as árvores receberam ferimentos no lenho, com intervalos de 30 dias, a fim de relacionar a data do ferimento com o crescimento. Os resultados mostraram que as espécies Cedrella fissilis, Nectandra megapotamica, Enterolobium contortisiliquum, Cabralea canjerana, Schefflera morototonii e Cordia trichotoma formam anualmente anéis de crescimento; algumas espécies com anéis facilmente diferenciáveis e outros de maior dificuldade de visualização como em Schefflera morototonii. Na Figura 77, pode ser observado, macroscopicamente, o limite do anel anual de crescimento em Nectandra megapotamica e, na Figura 78, as secções transversais Ocotea puberula e Ocotea porosa com a demarcação dos anéis de crescimento. Biometria Florestal 226 FIGURA 77 � Anel anual de crescimento em Nectandra megapotamica. FIGURA 78 � Fotomacrografia de Ocotea puberula e Ocotea porosa, indicadas pela letra “a” e fotomicrografia indicada por “b”, com indicação do limite do anel de crescimento indicado pela seta (Fonte: Tomazello Fº et al. 2004). Na contagem e medição dos anéis de crescimento, deve-se tomar cuidado com os falsos anéis, pois estes poderão induzir o observador a atribuir mais um ano à árvore; por exemplo, quando da ocorrência de um falso anel. A distinção entre um anel anual de crescimento e um falso anel é feita verificando-se a continuidade da camada anual de crescimento, sendo, então, considerado como falso anel a camada que se mostrar descontínua. ⇐ Crescimento do ano de 2001. Biometria Florestal 227 Algumas vezes esta diferenciação torna-se difícil para o medidor, que fica em dúvida para a sua caracterização. A certeza da inclusão ou exclusão do anel de medição poderá ser obtida por ocasião do traçado de perfil longitudinal da árvore e/ou quando da comparação/união dos anéis sucessivos em diferentes níveis de medição. . 15.2 Coleta de dados para análise de tronco completa A coleta de dados envolve as etapas de escolha das árvores amostra, derrubada, seccionamento, preparo do material, transporte, secagem, lixamento, medição dos anéis, traçado do perfil longitudinal e cálculo do crescimento em incremento. 15.2.1 Amostragem Na análise de tronco, considera-se a árvore como unidade de amostra, devendo esta ser representativa da população. Para isso, utilizam-se as árvores de diâmetro de área basal média (dg) e/ou árvores de altura dominante (h100 ou h0), de acordo com o tipo de interferência desejada. De forma geral, as árvores de altura dominante são empregadas nos estudos de classificação de sítios, e as árvores de diâmetro de área basal média, nos casos em que são seja necessários o conhecimento dos valores médios das árvores da floresta. Na quantificação do número de árvores a serem medidas Spurr(1952) recomenda tomar uma percentagem da freqüência das classes de diâmetro em torno do dg conciliando-se ainda o binômio precisão e custos. De acordo com o objetivo do estudo, serão amostradas árvores de diferentes classes sociológicas. Na construção de curvas de índice de sítio, Machado (1986) recomendou o uso de árvores dominantes amostradas sobre diferentes sítios e idades; e para o estudo do crescimento e produção, árvores de todas as classes sociológicas, também distribuídas em diversos sítios e idades. 15.2.2 Seccionamento da árvore Biometria Florestal 228 Após a seleção e abate da árvore amostra, está será desgalhada e marcada nas diversas posições, que serão retiradas fatias transversais. Duas fatias são consideradas de coleta obrigatória e estão localizadas na posição 0,00 m e representa o diâmetro e idade real da árvore e, a fatia localizada à altura do peito. Quando algum fator impedir a retirada da fatia nesta posição, esta deve ser retirada em posição tal que ainda permita conter todos os anéis de crescimento, o que só é conseguido na parte inferior do tronco, próximo ao solo. A segunda fatia de coleta obrigatória é encontrada na posição do dap e permiteo cálculo do d, g, f1,3 . Entre as duas fatias acima mencionadas, é necessário retirar fatias intermediárias com objetivo de detectar as mudanças de forma na base da árvore. Para esse fim, é comum retirar novas fatias a 0,30 e 1,00 m ou 0,50 e 0,70 m. As demais fatias são cortadas nos entrenós, pois, nestes pontos, não há interferência dos nós na forma dos anéis e nas medições, o que acarretaria maior dificuldade e imprecisão nas medições. A vantagem de tomar fatias em distâncias variáveis é que não se tem interferência dos nós; porém, este sistema traz a desvantagem de causar erros sistemáticos subtrativos em volume pois não considera o volume dos nós. Entretanto, a retirada de fatias em distâncias fixas e a eventual amostragem na posição de nós pode acarretar erros de maior magnitude. A distância entre cada fatia, quando este sistema de amostragem for empregado, é de 1,0 m a 2,0 m. Em árvores muito altas, pode-se espaçar mais a distância entre fatias sem que seja perdida muita precisão. Na Figura 79, é apresentado, esquematicamente, a posição das fatias amostradas ao longo do tronco. Biometria Florestal 229 FIGURA 79 � Representação esquemática da retirada de fatias para análise de tronco. 15.2.3 Espessura e identificação das fatias A prática tem demonstrado que fatias finas racham com mais facilidade e fatias muito grossas são mais difíceis de secar e de manusear. Assim, normalmente são empregadas fatias com espessura entre 3,0 a 5,0 cm. Na identificação das fatias, podem ser usados lápis anilina, chapas de alumínio ou fita rotex fixada às fatias com tachinhas, de tal forma que não haja risco de serem retiradas. Dentre esses materiais, o emprego de chapas de alumínio macio, que pode ser riscado com uma caneta esferográfica sem tinta, é bastante prático. O rendimento do trabalho é, ainda, aumentado com o uso de um grampeador de pressão. Em geral, usa-se identificar as fatias com três grupos de números. O primeiro indicará o sítio; o segundo, o número da árvore e o terceiro, a altura em que a fatia foi retirada (Figura 80). FIGURA 80 � Exemplo de identificação de fatias para a análise de tronco. Outro procedimento a ser executado no campo é o registro de informações como talhão, secção, espécie, etc. relativas à árvore amostra, as quais podem ser Biometria Florestal 230 realizadas em formulários padrões como, por exemplo, o apresentado por Schneider et al. (1988), no Anexo lV. 15.2.4 Transporte , secagem e preparação das fatias As fatias, depois de cortadas e conferidas, devem ser transportadas para o local de secagem em sacos de estopa ou em outro recipiente arejado. A secagem das fatias deve ser feita em local bem arejado e à sombra, sendo que as fatias devem, preferencialmente, serem colocadas em pé, para melhor aeração. O não-cumprimento desses requisitos pode ocasionar danos às fatias, devido ao ataque de fungos. Quando o teor de umidade dos discos entrar em equilíbrio com a umidade do ambiente, eles devem ser lixados. O emprego de estufas possibilita a redução substancial do tempo de secagem. Se for empregada uma temperatura de 50°C serão suficientes, aproximadamente três dias para que as fatias estejam prontas para o lixamento. O lixamento tem como objetivo tornar os anéis mais visíveis e a superfície da fatia lisa, facilitando a contagem e medição. Dependendo do tipo de material (espécie, dimensão do incremento anual e da nitidez dos anéis), poderá ser necessário o uso de lixas de diversas grãs para obter uma superfície adequada à medição. No estudo do crescimento de Nectandra megapotâmica, as fatias, após a operação na plaina manual, foram lixadas com grãs de número 35, 60, 100, 150, 320, 600 e 1.200 até se obter boa visualização dos anéis de crescimento (Souza, 2005). Por outro lado, no preparo de fatias de Pinus, pode-se evitar o emprego da lixa, utilizando-se um estilete com lâmina de qualidade superior para retirar uma fina camada de madeira sobre os raios a serem medidos. Esse procedimento, utilizado no Waldwachstumgsforchunginstitut, em Viena, é iniciado pelo umedecimento da superfície de corte com uma esponja. Após, segue um corte vertical sobre o raio de medição e, em seguida, um corte inclinado, um pouco afastado do primeiro. Biometria Florestal 231 No chanfro formado, é possível visualizar, com precisão, os limites dos anéis de crescimento. Neste local, pode-se passar uma camada de giz branco para melhorar a visualização dos anéis. Após a retirada do excesso de giz, visualiza-se uma parte branca na região do lenho inicial de cada anel e uma faixa mais escura na região do lenho tardio, decorrente da maior e menor penetração do giz no interior das células. 15.2.5 Marcação dos eixos para medição nos anéis A medição dos anéis é feita em cada uma das fatias sobre raios traçados a partir da medula. À medida que se aumenta o número de raios, obtém-se maior precisão na estimativa da dimensão média, porém, na prática, o aumento excessivo do números de raios medidos pode não apresentar grandes vantagens. Em pesquisa para determinação da área basal e dos diâmetros a cada nível de medição, são tomados quatro raios perpendicularmente dispostos. A média aritmética dos raios medidos fornece o estimador do raio ou diâmetro da fatia em uma determinada idade. Prodan (1965) recomenda a marcação de quatro (ou oito) sobre os quais serão medidos os anéis de crescimento. O processo inicia com o maior raio da secção (r máx), tomando-se a medula como centro. A partir do maior raio serão marcados dois outros, formando um ângulo de 45° com r máx e deles projetados outros dois em sentidos opostos. A determinação do incremento com a medição sobre vários raios é justificada, pois a largura dos anéis pode variar em uma ou mais direções no tronco. Nas espécies em que os anéis de crescimento não são bem definidos, pode-se usar produtos químicos para melhorar a visualização do conjunto – lenho primaveril e outonal. Esses produtos são, por exemplo, Fuccina 1%, azul de metileno; Floroglucinol em mistura com ácido clorídrico; e Vermelho do Congo à base de sódio de potássio. Biometria Florestal 232 15.2.6 Medição dos anéis A medição da dimensão acumulada dos anéis anuais de crescimento é realizada sobre os raios traçados a partir da medula, que poderá ser feita por processo manual, com o auxílio de uma régua comum, de tal forma que o zero da mesma coincida com a medula da fatia, sendo o crescimento anual acumulado (raio da árvore em cada idade) lido diretamente sobre a mesma. As dimensões de cada anel (idade), medidas sobre cada um dos raios, e fatias são, então, registrados em formulários padronizados, como os elaborados por Schneider et al. (1988) e apresentados no Anexo 5. A medição dos anéis de crescimento pode ainda ser feita em aparelhos óticos (com diferentes aumentos de acordo com a capacidade da lupa) acoplados em um computador. Esses aparelhos podem ser acionados manualmente, quando a medição é feita diretamente sobre a fatia de madeira ou automaticamente. No último caso, é necessário usar um negativo fotográfico da fatia de madeira. Este processo permite que sejam medidos até 360 raios em uma mesma fatia. Outro procedimento é o emprego de um scanner para digitalização automática dos anéis, ou mesmo de uma câmara fotográfica digital que permita a transferência da imagem para o computador. A seguir, a dimensão dos anéis pode ser automaticamente analisada e dimensionada por software específico. 15.2.7 Traçado do perfil longitudinal da árvore De posse da altura total da árvore, das alturas das quais foram retiradasas fatias e das dimensões dos anéis, pode-se construir o perfil longitudinal da árvore. Para isso, usa-se papel milimetrado, sobre o qual é marcado um sistema de eixos coordenados. Em geral, é utilizada uma escala maior no eixo vertical e uma escala menor no eixo horizontal; como, por exemplo, 1:30 e 1:100, respectivamente. O eixo y será considerado como a medula da árvore, no qual serão marcadas as alturas onde foram retiradas as fatias de madeira e a altura total. Biometria Florestal 233 Sobre cada posição da fatia, será marcado o raio médio, obtido pela média aritmética dos quatro raios medidos, à esquerda e à direita da medula, formando, assim, o diâmetro em cada idade e posição do tronco. Após marcado o diâmetro de todos os anéis em cada nível de medição (fatia), une-se os pontos de forma a completar cada anel ao longo do eixo da árvore. A união dos pontos é iniciada externamente, isto é, pelos pontos da casca, se tiver sido medida, e aí, sucessivamente, para o interior da árvore (direção da medula). A determinação do ponto em que termina cada anel na porção superior do tronco em cada idade é feita tomando-se uma paralela ao anel externo anteriormente traçado. Completado o traçado do perfil, com a determinação do ponto exato do término de cada anel, pode-se ler, no gráfico, a altura alcançada pela árvore em cada ano (Figura 81). O cálculo dos raios médios, bem como o traçado do perfil longitudinal da árvore pode ser facilmente feito em computador e plotter. FIGURA 81 � Perfil longitudinal de uma árvore (Finger, 1986). Biometria Florestal 234 15.2.8 Determinação do volume dos anéis Considerando-se que o volume descrito pelo primeiro anel de crescimento corresponde à dimensão (diâmetro, altura, volume e fator de forma) da árvore no primeiro ano de vida, e assim sucessivamente, é possível determinar o crescimento anual e o volume da árvore em cada ano. Para isso, faz-se a cubagem de cada anel de crescimento. A cubagem dos anéis é, geralmente, feita pelo procedimento de Smalian, sendo considerado o intervalo entre duas fatias como pequenas toras de madeira. A porção final de cada anel (ápice da árvore) normalmente assemelha-se à forma do cone, sendo, portanto, calculado pela fórmula correspondente. A cubagem dos anéis deve ser efetuada considerando cada anel como uma árvore individual. O volume total de cada anel é obtido pelo somatório dos volumes parciais em cada secção, e o somatório dos volumes de todos os anéis corresponde, então, ao volume da árvore. O volume de cada anel, tomado em separado, corresponde ao incremento de volume verificado entre o anel considerado e o ano anterior. O volume, bem como outras variáveis dendrométricas de interesse podem ser determinadas em computador eletrônico, pelo programa ANATRO (análise de tronco), elaborado por Schneider (1983), cujo output encontra-se exemplificado na Tabela 42. O programa determina, para cada idade: diâmetro, altura, área basal, volume, incrementos médio e corrente para cada uma destas variáveis dendrométricas; bem como o fator de forma natural e artificial em cada idade. Biometria Florestal 235 TABELA 42 – Saída padrão do programa de cálculo de análise de tronco – ANATRO. Onde FFCOM = fator forma artificial; FFHOH = fator forma natural; DHOH = diâmetro natural d0,1h. 15.3 Análise de tronco parcial – árvore em pé O método iniciou a ser empregado na Alemanha, a partir dos trabalhos de Pressler, e consiste na retirada de um pequeno cilindro de madeira com o trado de Pressler (verruma), visando medir (determinação do crescimento) ou contar (determinação da idade) da árvore. O trado de Pressler pode ser descrito como uma broca oca, na qual fica retido o rolo de madeira retirado do tronco (Figura 82). Biometria Florestal 236 FIGURA 82 � Trado de Pressler. Na amostragem, o trado é introduzido de forma lenta e gradual, em posição perpendicular ao eixo da árvore, buscando alcançar a medula, devendo os anéis estarem dispostos de forma transversal ao eixo do rolo de incremento. Quando esta perpendicularidade não é conseguida, isto é, os anéis encontram-se desviados em relação ao eixo transversal, ocorrerão erros sistemáticos no dimensionamento dos anéis. 15.3.1 Amostragem Segundo Prodan (1965), deve-se retirar dois cilindros em cada tronco, formando um ângulo de 90° entre eles ou retirar o segundo cilindro, em posição de 45° em relação ao maior diâmetro. Já Husch et al. (1982) fazem referência à retirada de apenas um rolo de incremento na direção do diâmetro médio ou na posição que forma 45° com a inclinação do terreno. Após introduzir o trado até a altura da medula da árvore, retira-se o mesmo do interior do tronco de maneira lenta e gradual, através da rotação do mesmo do sentido anti-horário. Biometria Florestal 237 A seguir, o rolo de madeira é retirado do interior do trado com o auxílio de uma lâmina com forma de meia lua que acompanha o trado. Este cilindro de madeira recebe o nome de rolo de incremento. O rolo de incremento deve ser acondicionado em saco plástico umedecido para evitar a desidratação e quebra, fixados a suportes de madeira especialmente entalhados para receber os rolos de incremento, ou ainda guardados em pequenos rolos de papelão como exemplifica a Figura 83. Apesar de a análise parcial de troncos permitir o estudo do crescimento da árvore sem abatê-la, o método apresenta restrições quanto a precisão. A excentricidade das secções, as formações irregulares dos anéis, o tamanho do mesmos podem causar incertezas na estimativa dos incrementos, que tornam-se mais pronunciados com o aumento da idade da árvore. FIGURA 83 � Recipiente para transporte e armazenamento de rolos de incremento. A contagem acurada dos anéis permite a determinação rigorosa da idade e determinação do incremento, sendo muito útil na verificação do incremento nos últimos anos. Em geral, os rolos de incremento são retirados ao nível do dap. Na determinação da idade, retira-se o rolo da madeira junto à base da árvore. Pode, ainda, na determinação da idade, acrescentar ao número de anéis, contados no nível do dap, o número médio de anos que as árvores da mesma espécie, crescendo em mesmo sítio Biometria Florestal 238 florestal, necessitam para alcançar a altura do ponto de medição considerado. Por exemplo, a 1,30 m caso a verrumagem tenha sido feita a este nível. 15.3.2 Cálculo do incremento Os acréscimos ou incrementos traduzem o comportamento das variáveis básicas (h, d, ...) no decorrer do tempo, ou seja, exprimem a quantidade de crescimento da espécie em determinado período e local, revestindo-se de grande importância na definição das intervenções silviculturais recomendadas para a condução do povoamento florestal, buscando manejá-lo de acordo com os objetivos préestabelecidos para a produção (para a classificação e descrição dos incrementos, ver capítulo 14). O cálculo dos incrementos a partir do cilindro de incremento segue o seguinte processo: � mede-se o comprimento de 1,0 cm sobre o rolo de incremento e conta-se o número de anéis (anos), obtendo-se a seguinte relação: � 1,0 cm = n . ir , logo: ir = 1/ n e o incremento em diâmetro será: id = 2/ n em percentagem, pd = 2/ (n . d) x 100 e, em área basal, será: pg = 4/ (n . d) x 100 , onde: id = incremento em diâmetro; pd = incremento em diâmetro em %; Pg = incremento em área basal em %; Biometria Florestal 239 d =diâmetro no período considerado; n = número de anos (anéis); Ir = incremento ou largura dos anéis = 1,0 cm. Quando ocorrer incremento diamétrico grande, comum em Pinus taeda e Pinus elliottii , em alguns sítios no Rio Grande do Sul e Santa Catarina; a medida de 1cm acima proposto é impraticável, pois um único anel de crescimento terá dimensão maior que esta medida. Neste caso, será necessário aumentar o comprimento de raio a ser medido de maneira a obter maior número de anéis no comprimento considerado; por exemplo, em 5 cm. Os valores dos incrementos em diâmetro e área basal são, então, facilmente encontrados com a substituição do novo modulo considerado nas fórmulas acima apresentadas.
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