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Eutanásia: Conceitos e Classificações

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7º A
 - Matutino
Cleusa Cincinato Cruz
BIODIREITO - EUTANÁSIA 
 
I- Resumo 	
A Eutanásia é conceituada como a "boa morte", também pode ser definida como a abreviação da vida e classificada de acordo com o modo e o motivo que caracterizou o ato. 	
Essa classificação se desdobra em: Eutanásia Natural, Provocada ou Voluntária, Solutiva, Resolutiva, Eutanásia Ativa ou por Comissão, Distanásia e Ortotanásia. Dentre outras ciências, a medicina é a que se relacionada mais diretamente com essa prática, e, entre os profissionais, pelo compromisso com a vida, o médico e demais profissionais da saúde. Ao longo da história, alguns países tentaram legalizar a Eutanásia, mas, na maioria deles, incluindo o Brasil, não foi concretizada. 
	Embora a Eutanásia não esteja tipificada no ordenamento pátrio, a sua prática implica penalidades tanto na esfera Civil como na Penal, no último se enquadra nos crimes contra a vida, mas precisamente no Art. 121 do Código Penal. As correntes - contrária e à favor da Eutanásia - se colocam muito bem argumentadas, cada qual com questões que merecem ser discutidas. Porém, os que são contrários a essa prática, possuem uma forte aliada em nosso país: A Constituição Federal de 1988. Ela grava a vida como bem social e, portanto, rigorosamente protegida pelo Estado. 
Neste contexto, conclui-se que o homem não possui autonomia para abdicar-se da própria vida e que a legalização da Eutanásia é um ato difícil de ser concretizado. Além das questões jurídicas que impedem sua legalização, existe um consenso de que sendo autorizada, a Eutanásia traria muito mais problemas do que possíveis soluções. 
II- Introdução 
O tema abordado, não se trata de um assunto novo, pelo contrário, há tempos em que a Eutanásia causa celeumas em meio a valores sociais, culturais, religiosos e também aos princípios jurídicos. 
Abreviar a vida de um ser humano acometido de alguma enfermidade incurável não é uma atitude desprezada pela sociedade e muito menos pelo 
Estado, e isto, torna o assunto complexo e com questões que não permitem uma solução simples. 
O presente trabalho não objetiva posicionar-se contra ou a favor da questão. Pretende-se esclarecer pontos que ainda se apresentam obscuros, além de transpassar obstáculos que dificultam a compreensão da ilegalidade da prática da eutanásia. 
Portanto, além de salientar opiniões sobre o presente assunto, também é escopo deste estudo qualificar a Eutanásia em nosso ordenamento jurídico, verificar a possibilidade de legalização desta prática, bem como expor argumentos que respondam a questão: Por que e para que autorizar a Eutanásia? 
III- Eutanásia 
O termo eutanásia foi criado no século XVII, pelo filósofo inglês Francis Bacon (1561-1626), no ano de1623, em sua obra "História da vida e da Morte". Influenciado pela corrente de pensamento da filosofia experimental dominante da época, Bacon sustentou a tese de que, nas enfermidades consideradas incuráveis, era absolutamente humano e necessário dar uma boa morte, cessando assim, o sofrimento dos enfermos. Deriva do grego eu (boa), thanatos (morte), podendo ser traduzido como "Boa morte"; morte suave e sem dor; "morte apropriada", morte piedosa, morte benéfica, fácil, crime caritativo, ou simplesmente, direito de matar.(ÁVILA, 1982, p. 76-77) 
Hoje, o conceito originário de Eutanásia muito se diversificou, não se limitando apenas aos casos terminais. Modernamente, a definição de Eutanásia alcança hipóteses relacionadas aos recém-nascidos com malformações congênitas (chamada eutanásia precoce); aos pacientes em estado vegetativo irreversível, dentre outros. A nomenclatura Eutanásia vem sendo utilizada como a ação médica que tem por finalidade abreviar a vida de pessoas. (FRANÇA, 1984, p. 48) 
A Eutanásia pode ser classificada de várias formas, de acordo com o critério adotado. 
a) Eutanásia natural: refere-se à morte produzida sem artifícios e padecimentos, ou 
seja, é a morte natural ou senil, resultante do processo natural e progressivo do envelhecimento. 
b) Eutanásia provocada ou voluntária: implica o emprego de quaisquer meios pelos quais a conduta humana, seja pelo próprio moribundo, ou por terceiro, contribui para acabar com a agonia, aliviando o sofrimento do paciente ou abreviando-lhe a vida. 
Tal modalidade de Eutanásia distingue-se de acordo com sua autoria, podendo ser subdividida em: 
• Eutanásia autônoma: é a preparação e atuação da própria morte, não havendo intervenção de terceiros. 
•	Eutanásia heterônoma: resulta da ação ou participação de outras pessoas. 
A Eutanásia autônoma deve ser excluída do trabalho por se tratar de modalidade de suicídio, embora, para alguns, a Eutanásia realizada pelo próprio interessado não coincida com o suicídio. Para os que defendem tal posição, a Eutanásia autônoma seria a aceleração do momento da morte, abreviando seu sofrimento físico e moral derivado de uma enfermidade terminal ou de um estado de invalidez irreversível. Já o suicídio consistiria no ato de deixar violenta e voluntariamente a própria vida por qualquer outro motivo diferente da primeira.	 
Todavia, em ambos os casos, existe a vontade direta de morrer e o ato de privação da própria vida. O suicídio seria o gênero, enquanto a Eutanásia autônoma seria a espécie. 
c) Eutanásia solutiva (pura lenitiva, autêntica ou genuína): consiste no auxílio à boa morte, porém sem abreviação do curso vital. Tal modalidade consiste apenas em um dever moral e jurídico de manutenção da vida. O sofrimento é apenas amenizado através de calmantes, controle das sufocações e espasmos, e assistência psicológica e/ou espiritual. 
d) Eutanásia resolutiva: incide sobre a duração do prazo vital, reduzindo ou suprimindo a vida do paciente, desde que em interesse deste e com seu consentimento ou de seus representantes legais. Dentro da classificação de Eutanásia provocada resolutiva, pode-se subdividir ainda em três categorias: 
• Eutanásia libertadora ou terapêutica: hipótese de Eutanásia legítima tão somente. Sua prática é dada por razões solidárias; de compaixão para com o enfermo. Tem por finalidade eliminar o sofrimento do doente, acelerando o momento da sua morte. A piedade é o motivo determinante de tal ação, sendo o móvel humanitário. 
•	Eutanásia eugênica ou selecionadora: não se caracteriza como verdadeira espécie de Eutanásia. Consiste na supressão indolor de pessoas portadoras de deformidades, doenças contagiosas e incuráveis, e de recém-nascidos com malformações com o objetivo de promover o melhoramento da espécie humana. O enfermo não vive uma agonia lenta e cruel, nem está próximo da morte. Há ausência do elemento da iminência do momento da morte e a presença de constantes sofrimentos por parte da vítima. 
•	Eutanásia econômica: está excluída do campo conceitual da Eutanásia; consiste na morte de doentes mentais, loucos irrecuperáveis, inválidos e anciãos, movida pelo escopo de aliviar a sociedade do peso de pessoas economicamente inúteis. 
e) Eutanásia ativa ou por comissão: é a Eutanásia propriamente dita a qual é efetivada através de atos para ajudar a morrer, eliminando assim, o sofrimento do doente. 
Tal modalidade pode ser subdividida em: 
• Eutanásia ativa direta: ocorre quando se tem por objetivo maior o encurtamento da vida mediante atos positivos; 
•	Eutanásia ativa indireta: há dupla finalidade; aliviar o sofrimento do doente e abreviar seu tempo de vida. 
•	Eutanásia passiva ou por omissão: modalidade mais frequente de Eutanásia. Dá-se pela não-iniciação de um tratamento, em não tratar de uma enfermidade grave ou em suspender um tratamento já iniciado, por recusa do paciente. 
Há divergência na doutrina quanto ao desligamento dos aparelhos médicos que mantêm as funções vitais do paciente, discutindo-se se tal ato seria uma conduta ativa ou omissiva. De acordo com a corrente majoritária, a conduta de se desligarem os aparelhos clínicos trata-se de uma omissão, consistindo esta na omissãode um fazer, ou seja, comissão por omissão. (MAGNO, 2005, p. 110-112) 
e) A Distanásia: consiste no emprego de recursos médicos com o objetivo de prolongar, ao máximo, a vida humana. Trata-se de atitude médica a qual não se prolonga a vida propriamente dita, mas o processo de morrer. 
Deve-se frisar ainda que não se confunde a Distanásia com a Eutanásia solutiva, uma vez que nesta não há limitação nem prolongamento da vida humana, apenas tem por objetivo amenizar o sofrimento do paciente. 
f) A Ortotanásia: faz alusão à Eutanásia passiva ou por omissão, podendo ser definida como a deliberada abstenção ou interrupção do emprego dos recursos utilizados para a manutenção artificial das funções vitais do enfermo terminal, deixando, assim, que ele morra naturalmente, nos casos em que a cura é considerada inviável. 
Consiste no auxílio médico à morte, que se traduz precisamente na ajuda dada pelo médico ao processo natural de morte. 
IV- Eutanásia e o Exercício da Medicina 
Torna-se impossível não mencionar a ciência médica e o exercício da Medicina, em questão, concernente à vida. É neste sentido que a Eutanásia é, principalmente, um problema médico, tendo em vista envolver temas centrais da dor humana, da incurabilidade da doença ou da inevitabilidade da morte, exigindo a necessidade de certeza do diagnóstico. Essencialmente, levando em consideração que a atuação médica é movida por dois grandes princípios morais: a preservação da vida e o alívio do sofrimento (MAGNO, 2005, p. 118). 
Embora, na maior parte dos casos, a prática da Eutanásia seja pelas mãos dos profissionais da saúde, grande parte dos médicos e cientistas ligados à Medicina é contrária a essa prática, alegando o compromisso da Medicina com a VIDA, sendo, portanto, incompatível a prática desta. 
V- Eutanásia e o Direito
Os estados comprometem-se ativamente na defesa da vida humana através das suas atividades, e também através de leis e outras normas jurídicas. 
As normas que regulam o tráfego rodoviário ou a existência e funcionamento dos hospitais, as instituições como a polícia, ou o exército, a luta contra as epidemias, a prática das profissões de saúde, as normas sobre a segurança no trabalho, a regulação da qualidade dos alimentos e várias outras ações promovidas e amparadas são expressões do compromisso do Estado e da sociedade na defesa da vida humana e da sua qualidade. 
Mas, em relação ao assunto, convém fazer-se uma breve retrospectiva a fim de se examinar o tratamento que a lei tem dado à Eutanásia, em alguns países e em determinadas épocas. 
No ano de 1903, na Alemanha, tentou-se legitimar a Eutanásia no Parlamento da Saxônia, mas acabou sendo repudiada. 
Na Inglaterra, em 1922, em um Comitê Municipal, foi apresentada uma moção propondo que o Parlamento aprovasse um projeto de lei que criaria um tribunal médico com autoridade e poder para apressar o fim rápido e calmo daqueles que sofriam de mal incurável. 
Em 1925, o projeto tcheco de Código Penal preceituava a Eutanásia, atribuindo ao Tribunal a faculdade de atenuar excepcionalmente a pena ou eximir o castigo. 
Os dinamarqueses instauraram o poder de fazer um "testamento médico", nos casos de doença incurável ou de grave acidente, a partir de 1992. 
Entre 1993 e 1994, a Justiça da Grã-Bretanha autorizou médicos a abreviarem a vida de doentes mantidos artificialmente. 
Em meados do ano de 1994, o Estado do Oregon (USA) autorizou a Eutanásia para doentes declarados em fase terminal e que fazem o pedido formalmente a um Tribunal do Estado. Todavia, nunca chegou a ser aplicado. O Tribunal Federal de Apelações de New York, em 1996, autorizou a Eutanásia médica. 
Também no ano de 1996, na Escócia, pela primeira vez, uma paciente foi autorizada a morrer. A Corte Constitucional da Colômbia admitiu a prática da Eutanásia para doentes em fase terminal no ano de 1997. 
Em 1998, o governo da China autorizou os hospitais a praticarem a Eutanásia em pacientes terminais de doença incurável. 
Ao completar o 2º milênio, a Holanda foi o primeiro país a autorizar oficialmente a prática da Eutanásia. A nova legislação permite tal prática aos médicos em condições muito restritas. 
O enfermo deve estar sem qualquer esperança de sobrevivência e desejar pôr fim à sua vida. 
Algumas leis penais contemplaram com a impunidade a prática da Eutanásia. Como exemplo, cita-se o Código Penal Soviético de 1922, que isenta de pena o homicídio cometido por compaixão, a pedido de quem é morto; e o Código Penal Peruano de 1942, onde estabelece que, sendo o homicídio guiado por móvel altruísta e de compaixão, a penalidade não recai sobre o autor. 
A Eutanásia ainda não tem previsão em nosso ordenamento jurídico, contudo, temos o Anteprojeto de Reforma da Parte Especial do Código Penal Brasileiro, alterando o artigo 121 do Código Penal, propondo a acertada regulamentação e atenuação da pena ao agente que pratica a Eutanásia sob as condições do parágrafo 3º do mesmo artigo. Já o parágrafo 4º prevê a exclusão da ilicitude ao agente que pratica a Ortotanásia. 
VI- Eutanásia à Luz do Direito Penal Brasileiro 
O Código Penal Brasileiro protege a vida humana considerando como delito toda ação voluntária realizada contra ela, seja a vítima sã ou doente, recém-nascida ou anciã, útil ou inútil para a sociedade, deficiente física, sensorial ou psíquica etc. Consoante às circunstâncias do crime, do criminoso ou da vítima, essas ações são qualificadas dentre outros como aborto, infanticídio, assassinato, parricídio e homicídio. 
Segundo Edgar Magalhães Noronha a legislação pátria não se referiu diretamente à Eutanásia. Porém, o §1º do art. 121 do Código Penal atribui ao juiz à faculdade de, diante do caso concreto, atenuar a pena se o crime for cometido por motivo de relevante valor moral (homicídio privilegiado). Figura ainda no rol das circunstâncias que atenuam a pena o art. 65, inciso III, alínea "a" (1994, p. 56-57). 
As espécies de Eutanásia, selecionadora e econômica, são definidas no Código Penal como homicídios qualificados, com intenção de matar. Somente a Eutanásia Passiva, a qual consiste em "deixar morrer", não é enquadrada dentro da legislação brasileira. 
VII- Aplicabilidade no Direito Civil 
As sanções no Direito Civil referentes à consumação da prática da Eutanásia possuem natureza meramente pecuniária. O agente que pratica a Eutanásia será responsabilizado civilmente, devendo reparar o dano material e moral que resultou de sua conduta. 
O agente será responsabilizado pelo pagamento das despesas com os tratamentos que foram realizados e pelo funeral. Da mesma forma, pode ser responsabilizado a prestar alimentos às pessoas para quem o paciente morto pela eutanásia devia. 
O médico que pratica a Eutanásia, além de ser punido civil e penalmente, poderá sofrer as sanções administrativas decorrentes de seus atos. As punições administrativas vão da suspensão da atividade profissional à cassação do diploma. 
VIII- Questões Favoráveis à Eutanásia 
Existe grande controvérsia a respeito da legalização ou não dessa prática. As pessoas que julgam a Eutanásia um mal necessário têm como principais argumentos poupar o paciente terminal irreversível de seu sofrimento e aliviar a angústia de seus familiares. 
Na Medicina, para uma corrente filosófico-sociológica que defende a legalização da Eutanásia, existem situações clínicas em que o paciente deseja uma espécie de antecipação da morte, em que, no estado de sofrimento, a súplica é uma só: "matem-me, por favor!". 
Para os que advogam essa tese, a antecipação da morte não só atenderia aos interesses do paciente, de morrer com dignidade, como daria efetivamente ao princípio da autodeterminação, de a pessoa decidir sobre a sua própria morte. 
Os argumentos usados para justificar a Eutanásia são fortes e socialmente identificáveis: 
• O direito à morte digna, expressamente querida por quem padece sofrimentos atrozes. (SÁ, 2001, p. 45) 
•	O direito de cada um dispor da sua própria vida, no uso dela própria, no uso de sua liberdadee autonomia individual. 
•	A necessidade de regular uma situação que existe de fato, perante o escândalo de continuar na clandestinidade. 
•	O processo que representa suprimir a vida dos deficientes psíquicos profundos ou dos enfermos em fase terminal, já que se trataria de vidas que não podem chamar-se propriamente humanas. 	
•	Dores e sofrimentos insuportáveis: sabe-se que nem todos os medicamentos utilizados podem retirar por completo a dor ou sofrimento de um paciente. Ao contrário do que dizem os que condenam a Eutanásia, a Medicina nem sempre contém remédios eficazes capazes de retirarem a dor e o sofrimento. (FRANÇA, 1984, p. 83) 
•	Doenças incuráveis: esse argumento parece ser bastante forte, já que muitas pessoas portadoras de doenças, quando do estágio terminal, não possuem possibilidade de sua cura apesar da notícia de um novo remédio, pois a venda comercial destes, geralmente, ocorre sempre depois de ano ou dois da divulgação. 
•	Vontade do paciente, solícito da morte: não se pode desconsiderar a vontade do enfermo, desde que consciente e real. O desejo transitório, ao contrário, deve ser compreendido como o não suportamento das dores por aquele período. 
•	Ônus econômicos decorrentes das doenças sem possibilidade de reversão: certamente, este argumento é frágil do ponto de vista teórico, mas forte do ponto de vista da real apresentação no sistema de saúde no Brasil. Colocar-se-ía, aqui, apenas uma questão: ao invés de se perder tempo utilizando aparelhos em doentes tecnicamente incuráveis, porque não utilizá-los em doentes com possibilidade de cura? 
•	Os que são a favor da prática da Eutanásia, de um modo geral, afirmam que a vida só vale a pena se vivida com dignidade. 
Os que defendem a Eutanásia ativa o fazem como quem protege o "direito de morrer com dignidade", ante uma situação irremediável e penosa, e que tende a uma agonia prolongada e cruel. Admitem até que o médico, diante de tal atitude, agiria como um meio de cura, pois curar não seria só sanar, mas aliviar também. (MAGNO, 2005, p. 225) 
De igual forma em que o homem tem direito a viver, o homem tem direito a morrer, a partir do momento em que sua vida não pode ser mais salva, ao estar sofrendo com fortes dores e moléstias. É importante destacar que de nada vale viver, ou até mesmo morrer, sem se levar em consideração a dignidade, direito fundamental, também amparado pela Constituição Federal. 
IX- Argumentos Contrários à Prática da Eutanásia 
Em um bloco contrário, em que não se aceita sequer a ideia de discussão sobre a Eutanásia está a grande maioria das pessoas a sustentar que a vida humana é bem jurídico supremo, que é dever tanto do Estado como do médico preservá-lo a qualquer custo, evitando- se, assim, que pessoas sejam mortas e colocadas em situação de risco. Eventuais direitos do 
paciente estão, muitas vezes, subordinados aos interesses do estado, que obriga a adoção de todas as medidas visando ao prolongamento da vida do doente, até mesmo contra a sua vontade. 
Além disso, o argumento do pretenso direito do doente decidir o como e o quando da própria morte tropeça com o obstáculo insanável na prática. Na medida em que a sua própria situação clínica o incapacita para se suicidar, o titular desse suposto direito não pode exercer só por si a sua autodeterminação, mas há de associar necessariamente a sua decisão a outras pessoas. Quando se trata de um direito do doente que afeta a sua mesma vida, essas pessoas serão obrigadas a respeitá-la porque contra o exercício dos direitos humanos nada pode a objeção de consciência. Chegar-se-ia, assim, a criar uma "obrigação de matar, disparate que não somente repugna a mais elementar noção de liberdade, como no senso comum". 
A incurabilidade ainda se coloca de modo duvidoso, pois há enfermidades que em uma época eram incuráveis e, logo após, deixaram de sê-las. 
O sofrimento, por mais que comova, não pode constituir um seguro ou termômetro para medir-se a gravidade de um mal, nem tampouco autoriza a decidir sobre questões de vida ou de morte: não pode servir como recurso definitivo para aferir tão delicada questão. A verdade é que a civilização de consumo começa a modificar a experiência da dor, esvaziando do indivíduo suas reações pessoais e transformando essa dor em um problema de ordem técnica. 
O argumento de alguém ser inútil pelo fato de apresentar-se com uma doença incurável é inoportuno e desumano, pois é inadmissível rotular assim quem viveu, amou e contribuiu, e que agora, não mais reunindo condições físicas ou psíquicas, venha a merecer tal consideração. 
O ser humano merece respeito à sua dignidade, independente do que consegue realizar. A qualidade de vida de uma pessoa não pode ser avaliada como uma capacidade plena para o exercício de todas as habilidades, mas para realizar o próprio destino de criatura humana. 
A Eutanásia quando praticada pelo médico, constitui a subversão de toda a doutrina hipocrática e distorção do exercício da Medicina, cujo compromisso é voltar-se sempre em favor da vida do homem, prevenindo doenças, tratando dos enfermos e minorando o sofrimento ou preconceito de qualquer natureza. 
O fundamento ético impositivo de uma necessária assistência a um paciente terminal é a predisposição de melhores condições para que este doente conviva com sua doença e, eventualmente, com sua morte. 
O médico deve empregar todo seu esforço e sua ciência, no sentido de promover a vida humana e jamais utilizar seus recursos para promover a morte. 
Em qualquer circunstância a regra é respeitar a moral do paciente, dentre os limites estabelecidos pela lei e na defesa da dignidade humana. Maior que todas as questões é não se esquecer da dignidade do paciente terminal. 
Os contrários utilizam-se como base jurídica principal o direito à vida que está assegurado na Constituição Federal, como garantia fundamental, devendo ser protegida de toda e qualquer ameaça, que tenha por fim violar este direito. 
Magalhães Noronha, outro penalista brasileiro, também se manifesta contrário à Eutanásia, aduzindo que não existe direito de matar, nem o de morrer, pois a vida tem função social. A missão da ciência, segundo o penalista, não é exterminar, mas lutar contra o extermínio. 
Afirma Hungria: "a verdadeira, autêntica piedade, sentimento de equilibrado altruísmo, não mata jamais. O que arma o braço do executor da morte boa é o seu psiquismo anômalo" (1980, p. 147). Seria o que Hungria chama de angústia paroxística, segundo a qual somente as pessoas sujeitas a estados superagudos de angústia são capazes do gesto eutanásico, que os alivia do próprio sofrimento diante do sofrimento de outrem. Hungria diz ainda que, analisado este aspecto, torna-se clara a falsidade da eutanásia "que, de elegante questão jurídica, reduz-se a um assunto de psiquiatras" (1980, p. 149). 
A corrente contrária temerosa com os abusos e com finalidades escusas, afirma que a Eutanásia poderia dar ensejo à comercialização da saúde, em que, de forma propositada, negar-se-iam procedimentos que dariam ao portador de moléstia grave e incurável, um resto de vida digna. 
A igreja, em sua ampla maioria é contra a legalização da Eutanásia, sob o argumento de que a sua prática vai contra as leis de Deus, pois sendo Ele que dá o dom da vida, só Ele cabe tirá-la. Em 1980, o Vaticano deu uma declaração sobre a Eutanásia: "Nada nem ninguém pode de qualquer forma permitir que um ser humano inocente seja morto, seja ele um feto ou um embrião, uma criança ou um adulto, um velho ou alguém sofrendo de uma doença incurável, ou uma pessoa que esta morrendo". 
Um último argumento sustenta que, dificilmente, alguém em estado gravíssimo e de iminência da morte poderia autodeterminar-se racionalmente para autorizar sua própria morte. 
X- Autonomia Sobre a Própria Vida 
São incontáveis os conceitos de vida, todos os ramos do conhecimento humano já deram a sua contribuição para constituir esse conceito. No entanto, é de se indagar se a vida é um bem individual ou social. Aqueles que entendemser um bem individual, geralmente partidários da Eutanásia, afirmam que o homem tem o direito de dispor de sua própria vida, sendo legal, portanto, o pedido a outrem para que a extermine. Outros, ao contrário, asseveram que a vida é bem social, e, por isso mesmo, indisponível. Usam tal contra- argumento para respaldar suas teses de que o consentimento do doente não pode constituir uma causa justificativa. 
O Estado deve impedir as pessoas de renunciarem ao direito de viver quando, pelo contrário, permite renunciarem a outros direitos, como votar, casar-se, associar-se, etc. 
A grande justificativa é a de que a renúncia a exercer o direito de casar, votar, associar-se ou opinar sobre uma determinada matéria, referem-se a direitos que não se anulam, mas que sempre podem exercer-se em outras circunstâncias. Estes direitos/liberdades não se perdem pela renúncia ao seu exercício em um dado momento concreto. Esses, sem dúvida, outros direitos da pessoa que, se renunciasse a eles, a mesma pessoa ou a sua dignidade ficariam anuladas. 
Nesses casos, o Estado e o Direito negam validez à expressão da vontade de quem renuncia a isso. Tal acontece com o direito à vida: se uma pessoa pretende dar-se a morte ou pede que os outros a ajudem a morrer, está anulando a sua dignidade e os seus direitos de uma forma definitiva; por isso, o direito não reconhece essa decisão, mas considera-se ineficaz e obriga a utilizar os meios necessários para evitar esse ato que se coloca irreversível. 
Na conservação da vida humana, existem, por vezes, interesses individuais e sociais; e nem os primeiros podem prevalecer sobre os segundos em exclusividade, nem os segundos sobre os primeiros. 
A vida é um bem indisponível e inviolável, sendo, então, vedado ao ser humano, o direito de dispor da própria vida, uma vez que tem-se a proteção do Estado desde a concepção até a morte. "A antecipação da morte de alguém consciente ou não, com as constantes vitais mantidas normalmente, ainda que tenha uma morte prevista e um relativo sofrimento, é atentar contra o direito à vida e à dignidade humana." (MENEZES, 1977, p. 79) 
XI- A Possível Legalização da Eutanásia 
Em geral, as leis penais têm-se ocupado da questão, quer estabelecendo a impunidade do autor do fato, quer atenuando-lhe a pena, quer fixando o perdão judicial. 
Ante o exposto, a Eutanásia gera muita discussão na doutrina e jurisprudência acerca da possibilidade de sua legalização. Os que são contra a Eutanásia sustentam que a legalização dessa prática facilitaria a ocorrência de homicídios, suicídios, comércio de órgãos etc. 
O projeto de Lei nº 125/96 foi o único sobre o assunto da legalização da Eutanásia no Brasil. Nunca foi colocado em votação. O projeto previa a possibilidade de que pessoas com sofrimento físico ou psíquico poderiam solicitar que sejam realizados procedimentos que visem à sua própria morte. 
A autorização para esse procedimento seria dada por uma junta médica, composta por cinco membros, sendo dois especialistas no problema do solicitante. Caso o paciente esteja impossibilitado de expressar sua vontade, um familiar ou amigo poderá solicitar à Justiça tal autorização. 
O próprio Senador Gilvam Borges, autor do projeto, argumentou que "essa lei não tem nenhuma chance de ser aprovada". A opinião dos senadores é que a legalização da Eutanásia ativa, aqui apresentada pelo Senador Gilvam Borges, não passa de artifício homicida, expediente desprovido de razões lógicas e violador da Constituição Federal, mero desejo de dar ao homem, pelo próprio homem, a possibilidade de uma decisão que nunca lhe pertenceu. Assim não pode ser considerado lícito o homicídio praticado na circunstância do projeto de Lei 125/96 que trata da legalização da Eutanásia ativa. 
Em suma, a licença para o homicídio eutanásico deve ser repelida, principalmente, em nome do direito: defendê-la é, sem mais nem menos, fazer apologia a um crime. A vida é um direito fundamental inerente a todos os cidadãos, e assim, não pode ser violada. Qualquer ato que atente contra a vida deve ser repelido pelo Estado. 
Uma vez sendo legalizada a prática da Eutanásia, acredita-se que além de facilitar a ocorrência de crimes, estaria colocando uma responsabilidade muito grande sobre os ombros dos laudos médicos. A possibilidade de erro acarretaria o desgaste da relação médico paciente, desconfiança, insegurança do profissionalismo do médico, a fuga das internações hospitalares, alterações de consequências complexas e desastrosas, com piores intenções - em torno de situações jurídicas e não jurídicas que supõem a Eutanásia como uma espécie de antecipação da morte natural. Além do mais, deve ser mencionado o perigo que uma possível institucionalização da Eutanásia poderia representar às pessoas mais fracas de um determinado segmento social (PESSINI, 2004, p. 193). 
A Eutanásia até poderia ser tipificada, desde que houvesse discussões profundas para evitar, ou ao menos, minimizar os questionamentos futuros, já que a morte sempre foi, e será, grande imprecisão para o ser humano. No caso de tipificação dessa, dever-se-ia apresentar requisitos objetivos e procedimentos para que assim, em cada caso, fosse possível decidir pela sua aplicação ou não. 
Quando uma corrente amaldiçoa a instituição da Eutanásia, parte-se do princípio de que todos, indistintamente, estariam imbuídos do dever e da necessidade de proteger os pobres, os velhos, os deficientes e todas aquelas pessoas doentes que poderiam estar em situação de vulnerabilidade, tanto no lar como dentro de um hospital qualquer. Evitar-se-ia, também, que essas pessoas pudessem ser vítimas da indiferença, do preconceito e das pressões psicológicas e financeiras, levando-as a pôr fim às suas próprias vidas. 
A Eutanásia, se legalizada, poderia constituir, até mesmo, em uma espécie de amparo para a prática de inúmeros suicídios, e, porque não dizer, para a ocorrência também de homicídios planejados, em que um paciente poderia muito bem ser induzido à morte, sobretudo aquele detentor de alguma herança ou para o comércio negro de órgãos por exemplo (CORDEIRO, 1992, p. 115). 
A questão é séria, polêmica e complexa. Na visão sócio-jurídica, a institucionalização da prática citada traria mais problemas do que soluções. Em uma sociedade de tantas desigualdades, de tanta complexidade, instituir-se a prática da Eutanásia seria uma temeridade muito mais grave do que a implantação da pena de morte, já que esta depende da formalização de um processo legal, com acusação e defesa, enquanto aquela dependeria apenas da vontade da pessoa suicida ou não, induzida ou não, de eliminar a própria vida. 
Enfim, é impossível que o Tribunal Constitucional chegue a dar um livre passe à Eutanásia. Os magistrados que o integram podem, mesmo de boa-fé, procurar argumentos para considerar como bem o que a maioria do parlamento legislar, mesmo que isto se oponha ao que já se sentenciaram em outros casos, em que negar o direito a morrer era o que solicitava o advogado do Estado em nome do Governo. 
XII- Conclusão
A Eutanásia não é um instituto tipificado na legislação de muitos países, e no ordenamento pátrio não é diferente. No entanto, a prática da "boa morte" é de grande ocorrência e, segundo os doutrinadores pesquisados, aquele que pratica a Eutanásia incorrerá no crime tipificado no Art. 121 do Código Penal Brasileiro: Matar Alguém. 
O autor, o co-autor e/ou partícipe estarão sujeitos às penalidades previstas na Lei Penal, como também às qualificadoras correspondentes que o Código prescreve, podendo o tribunal diminuir a pena, se o ato for cometido mediante forte emoção, como pode também aumentar, se for consumado por motivos cruéis, torpes, violentos, etc. 
Cumpri-se ressaltar, que ambas as correntes, a que é contrária e a que é à favor da Eutanásia, colocam-se muito bem argumentadas. Aqueles que se põem contrários, manifestam-se de forma social, sobre o ponto de vista geral, expondo questões latentes à prática que iriam prejudicar a organização social, deixando lacunas parapossíveis atos que vão de encontro à manutenção da vida. 
Quanto àqueles que se colocam favoráveis à Eutanásia, vê-se uma preocupação individual, particular, que envolve o agente passivo e seus parentes. Solicita da legislação uma posição ímpar para cada caso concreto, pois a vida é bem próprio e deve-se respeitar a vontade daquele que prefere morrer a viver uma vida que não lhe é mais digna. E, tendo em vista que o solícito não pode exercer a ação, a legalização da Eutanásia vem requerer diretamente a exclusão de ilicitude do agente que a consuma, tornando-o imune às sanções. 
Por fim, o que está consumado é que a vida é bem social irreversível, positivamente protegido pelo Estado, e que a legalização da Eutanásia é ato inconstitucional, a que se faz presumir ser quase impossível a sua concretização em nosso país. 
Mas, então, por que Eutanásia? Se o direito à vida é algo igual para todos, o mesmo não ocorre com a resposta dessa questão. Cada ser, movido pelos mais nobres sentimentos até aquele que se vale dos mais sórdidos e fúteis, possui um motivo e uma resposta para tal pergunta. Os princípios e os valores de cada ser humano são distintos e, por isso, entende-se a preocupação do Estado em ordenar as ações dos indivíduos para a manutenção da ordem, dos bons costumes e da vida pacífica em sociedade, principalmente em relação à vida, que não é reversível. 
Aos que são contra a prática da Eutanásia, cabe continuar defendendo o direito à vida já positivado em nosso ordenamento. Àqueles que são favoráveis a essa ação, basta-lhes continuar insistindo na luta por seus anseios, com boas justificativas e bons argumentos, visto que o direito é matéria contemporânea e não é imutável. 
XIII- Bibliografia
http://www.faceca.br/revista/index.php/revisiniciacao/article/viewFile/107/21
 SÃO PAULO- 2015

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