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Apostila Direito Previdenciário Compacta

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1 
 
ÍNDICE 
 
Histórico da Previdência Social. Evolução Histórica da Previdência Social ..................... 06 
Noções Históricas ............................................................................................................... 13 
Antecedentes. .................................................................................................................... 13 
Assistencialismo. ............................................................................................................... 13 
Mutualismo ......................................................................................................................... 13 
Intervencionismo estatal. .................................................................................................... 13 
História geral – períodos..................................................................................................... 13 
História nacional – precedentes. ........................................................................................ 14 
Reforma da Previdência Social. ......................................................................................... 19 
Da Seguridade Social.. ....................................................................................................... 22 
Princípios Constitucionais.. ................................................................................................. 22 
Organização da Seguridade Social .................................................................................... 25 
Saúde. ................................................................................................................................ 26 
Assistência Social.. ............................................................................................................. 27 
Benefícios Assistenciais de Prestação Continuada ............................................................ 29 
Benefícios Assistenciais Eventuais .................................................................................... 29 
Benefícios Assistenciais Subsidiários.. ............................................................................... 29 
Previdência Social. ............................................................................................................. 30 
Eventos Sociais.. ................................................................................................................ 31 
Previdência Social: Cobertura, princípios e Objetivos, legislação Básica, características, 
Organização. ...................................................................................................................... 31 
Instituto nacional do Seguro Social - INSS ........................................................................ 36 
Conselho de Recursos da Previdência Social – CRPS. ..................................................... 37 
Juntas de Recursos – JR .. ................................................................................................. 38 
Câmaras de Julgamento – CaJ – Conselho Pleno.. ........................................................... 38 
Do Conceito de Empresa. ................................................................................................... 39 
Conceito de Empregador Doméstico.. ................................................................................ 43 
Conceito de Segurados.. .................................................................................................... 43 
Segurados Obrigatórios. ..................................................................................................... 44 
Sistemas de Financiamento: Capitalização e repartição. ................................................... 50 
Financiamento da Seguridade Social ................................................................................. 51 
Contribuição da União ........................................................................................................ 52 
Contribuições Sociais.. ....................................................................................................... 52 
Natureza Jurídica das Contribuições.. ................................................................................ 53 
Do Conceito da obrigação previdenciária. Dos sujeitos da obrigação previdenciária . 53 
Da definição do fato gerador da contribuição previdenciária. 
Da ocorrência do fato gerador. ........................................................................................... 54 
Contribuição da empresa. ................................................................................................... 55 
Contribuições para terceiros.. ............................................................................................. 59 
Contribuições sobre a receita de concursos de prognósticos.. ........................................... 71 
Outras fontes de financiamento.. ........................................................................................ 72 
CPMF ............................................................................................................................... 73 
Isenção de contribuições (Imunidade) ................................................................................ 73 
Arrecadação das contribuições previdenciárias.. ............................................................... 78 
Recolhimento das contribuições.. ....................................................................................... 81 
recolhimento das contribuições para terceiros.. ................................................................. 86 
Obrigações acessórias das empresas. ............................................................................... 87 
 
2 
 
Responsabilidade solidária.. ............................................................................................... 94 
Contribuições e outras importâncias não recolhidas até o vencimento .............................. 96 
Créditos da seguridade social vencidos até 31 de dezembro de 1991 e. ........................... 97 
Competência para arrecadar, fiscalizar e cobrar. Competência em geral .......................... 98 
Exame da contabilidade. .................................................................................................... 98 
Inscrição de ofício ............................................................................................................... 98 
Aferição indireta (arbitramento). ......................................................................................... 99 
Planejamento das atividades da fiscalização dos tributos federais previdenciários ........... 99 
Fiscalização das empresas e dos segurados.. ................................................................... 102 
Constituição do crédito da seguridade social.. ................................................................ ... 103 
Processos de falência, concordata e concurso de credores............................................... 103 
Decadência e prescrição.. .................................................................................................. 103 
restituição e outras importâncias.. ...................................................................................... 104 
Compensação de contribuições e outras importâncias.. .................................................... 105 
Reembolso dos pagamentos.. ............................................................................................ 106 
Matrícula da empresa ......................................................................................................... 106 
Prova da inexistência de débito.. ........................................................................................ 106 
Dispensa de apresentação do comprovante de inexistência de débito ..............................109 
Expedição de documento comprobatório de inexistência de débito. .................................. 109 
Interveniência em instrumento ............................................................................................ 110 
Autorização de alienação de bens.. .................................................................................... 110 
Alvará. ................................................................................................................................ 110 
Infrações à legislação previdenciária .................................................................................. 110 
Proibições, restrições e sanções às empresas infratoras.. ................................................. 111 
Multa por infração ............................................................................................................... 111 
Circunstâncias agravantes da penalidade .......................................................................... 115 
Circunstâncias atenuantes da penalidade. ......................................................................... 115 
Gradação das multas.......................................................................................................... 115 
Auto de infração. ................................................................................................................ 115 
Multas e recursos de ofício. ................................................................................................ 116 
Parcelamento. .................................................................................................................... 116 
Rescisão do parcelamento ................................................................................................. 116 
Reparcelamento.. ............................................................................................................... 117 
Acordo celebrado com o Estado, o Distrito federal ou o Município. ................................... 117 
Execução judicial ................................................................................................................ 118 
Restrições e condições impostas aos Estados, Distrito Federal e Municípios. .................. 119 
Divulgação da lista de devedores.. ..................................................................................... 120 
Reserva técnica de longo prazo ......................................................................................... 121 
FUNDACENTRO.. .............................................................................................................. 121 
Cadastro Nacional do Trabalhador – CNT.. ........................................................................ 121 
Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais .................................................................. 122 
Auditorias externas.. ........................................................................................................... 124 
Obrigações do INSS.. ......................................................................................................... 124 
Aprimoramento do INSS.. ................................................................................................... 124 
Prazos prescricionais.......................................................................................................... 125 
Tratados, Convenções e outros acordos internacionais ..................................................... 125 
Noções gerais de direito penal.. ......................................................................................... 125 
Elementos subjetivos especiais.. ........................................................................................ 127 
Crime tentado e crime consumado. .................................................................................... 127 
 
3 
 
Sujeito ativo e sujeito passivo. ............................................................................................ 128 
Ação penal .......................................................................................................................... 128 
Imputabilidade penal........................................................................................................... 129 
Extinção da punibilidade.. ................................................................................................... 129 
Crimes contra a Previdência Social. ................................................................................... 130 
O REFIS e sua interferência na área penal ........................................................................ 131 
Microempresa e empresa de pequeno porte ...................................................................... 132 
regime previdenciário e trabalhista ..................................................................................... 133 
Direito previdenciário: conteúdo, fontes, autonomia e relações com outros ramos de direito 136 
Aplicação das normas previdenciárias ............................................................................... 139 
Hierarquia ........................................................................................................................... 146 
regimes: geral e complementar. ......................................................................................... 146 
Manutenção da qualidade de segurado.............................................................................. 148 
Perda da qualidade de segurado. ....................................................................................... 149 
Restabelecimento da qualidade de segurado. .................................................................... 150 
Dependentes ...................................................................................................................... 150 
Inscrição de dependentes. .................................................................................................. 152 
Perda da qualidade de dependente .................................................................................... 153 
Normas especiais sobre os acidentes do trabalho. ............................................................ 154 
Conceituação de acidente do trabalho.. ............................................................................. 154 
Eventos de causalidade direta ............................................................................................ 154 
Moléstias profissionais........................................................................................................ 154 
Doenças do trabalho........................................................................................................... 155 
Eventos de causalidade indireta ......................................................................................... 155 
Concausas. ......................................................................................................................... 155 
Lesão exigente de atenção médica.. .................................................................................. 156 
Outros eventos sucedidos no local e no horário de trabalho .............................................. 156 
Contaminação acidental. .................................................................................................... 156 
Eventos ocorridos fora do local e horário de trabalho......................................................... 156 
Períodos de refeição ou descanso ..................................................................................... 157 
Satisfação de outras necessidades fisiológicas .................................................................. 157 
Comunicação dos infortúnios pela empresa ....................................................................... 157 
Comunicaçãosubsidiária dos eventos. .............................................................................. 157 
Normas sobre prevenção e fiscalização.. ........................................................................... 157 
Responsabilidade civil ........................................................................................................ 158 
Prestações em geral ........................................................................................................... 163 
Benefícios no regime geral ................................................................................................. 164 
Características dos benefícios. ........................................................................................... 165 
Disposições diversas. ......................................................................................................... 165 
Períodos de carência. ......................................................................................................... 165 
Prestações que dispensam carência .................................................................................. 168 
Salário-de-benefício (RPS, arts. 31 a 34).. ......................................................................... 168 
Renda mensal dos benefícios.. .......................................................................................... 172 
Reajustamento do valor dos benefícios .............................................................................. 174 
Auxílio-doença comum.. ..................................................................................................... 175 
Auxílio-doença acidentário.. ............................................................................................... 176 
Auxílio-acidente .................................................................................................................. 178 
Aposentadoria por invalidez comum ................................................................................... 179 
Aposentadoria por invalidez acidentária ............................................................................. 180 
 
4 
 
Aposentadoria por tempo de contribuição .......................................................................... 182 
Fator previdenciário.. .......................................................................................................... 186 
Tempo de contribuição ....................................................................................................... 186 
Aposentadoria especial ...................................................................................................... 190 
Aposentadoria compulsória. ............................................................................................... 195 
Pensão Comum por morte. ................................................................................................. 195 
Pensão acidentária por morte. ............................................................................................ 196 
Auxílio-reclusão .................................................................................................................. 197 
Abono anual .. .................................................................................................................... 198 
Salário-família ..................................................................................................................... 198 
Salário-maternidade.. ......................................................................................................... 201 
Pagamento e documentação .............................................................................................. 202 
Pecúlios.. ............................................................................................................................ 204 
Cumulação de benefícios.. ................................................................................................. 204 
Da justificação administrativa e da justificação judicial.. ..................................................... 205 
Reconhecimento do tempo de filiação. ............................................................................... 206 
Contagem recíproca de tempo de contribuição ou de serviço ............................................ 207 
Indenização para fins de contagem recíproca .................................................................... 207 
Comprovação do exercício de atividade rural.. ................................................................... 207 
Serviços.. ............................................................................................................................ 207 
Prescrição ........................................................................................................................... 209 
Decadência.. ....................................................................................................................... 210 
Convênios, contratos, credenciamentos e acordos. ........................................................... 210 
Restituição de importâncias recebidas indevidamente.. ..................................................... 210 
Pagamento dos benefícios. ................................................................................................ 213 
Revisão dos benefícios....................................................................................................... 214 
Mandato (procuração). ....................................................................................................... 214 
Falecimento de segurado.. ................................................................................................. 215 
Reajuste de valores pecuniários ......................................................................................... 215 
Servidor do estado, Distrito Federal e do Município. .......................................................... 215 
Atos e decisões, na esfera administrativa.. ........................................................................ 215 
Divulgação dos atos e decisões. ........................................................................................ 217 
Ações e recursos.. .............................................................................................................. 217 
Disposições diversas, relativas ao regime geral e outros ................................................... 219 
regras gerais para a organização e o funcionamento dos regimes próprios 
de previdência social dos servidores públicos da união, dos estados, do distrito 
Federal e dos Municípios, dos militares dos Estados e do Distrito Federal.. ...................... 220 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. HISTÓRICO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 
 
1.1. Evolução histórica da Previdência Social no Brasil 
1.2. 
No Brasil a evolução da proteção social não seguiu um caminho diferente, tendo primeiro 
passado pela simples caridade, após pelo mutualismo de caráter privado e facultativo, 
depois pelo seguro social e, atualmente o sistema de seguridade social, como consagrado 
na Constituição de 1988.1 
Apesar de haver previsão constitucional a respeito da matéria, o Brasil só veio a conhecer 
verdadeiras regras de previdência social no século XX. Antes disso, apenas em diplomas 
isolados aparece alguma forma de proteção aos infortúnios.2 
O primeiro texto que se tem notícia é o Decreto de 1° de outubro de 1821, expedido pelo 
Príncipe Regente D. Pedro de Alcântara, que concedia aposentadoria a mestres e 
professores após 30 anos de serviço e abono de ¼ (um quarto) dos ganhos aos que 
continuassem na profissão. 3 
A Constituição Imperial de 1824 nasceu impregnada de ideais liberais que influenciaram o 
mundo no final do séculoXVIII, os quais igualmente produziram efeitos no Brasil, 
principalmente porque o regente D. Pedro I era grande partidário dessa nova ordem. Nela 
constavam traços fortes de preocupação social, estando esculpido, o primeiro rol de direitos 
 
1
 PEREIRA JUNIOR. Aécio. Evolução histórica da Previdência Social e os direitos fundamentais. Jus 
Navegandi, Teresina. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6881>. Acesso em: 03 
set. 2005 
2
 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 3. ed. São 
Paulo: LTr; 2002. p.45 
3
 OLIVEIRA, Antonio Carlos de. Direito do trabalho e previdência social: estudos. São Paulo, LTr, 1996. p. 
91. 
 
6 
 
e garantias individuais, sendo o seu embrião encontrado no inciso XXXI do artigo 179, que 
mencionava a garantia constitucional dos socorros públicos a todos os cidadãos.4 
Em 22 de junho de 1835, apareceu o Montepio Geral da Economia dos Servidores do 
Estado, a MONGERAL, sendo a primeira entidade de previdência privada a funcionar no 
país e previa um sistema típico de mutualismo, um sistema por meio do qual várias pessoas 
se associam e vão se cotizando para a cobertura de certos riscos, mediante a repartição dos 
encargos com todo o grupo.5 
Todavia, o primeiro registro de Previdência Social no Brasil foi o Decreto n. 9.912-A, de 
26.03.1888, que criou e regulou o direito à aposentadoria dos empregados dos Correios, 
fixando como requisitos à sua concessão 30 anos de serviço efetivo e idade mínima de 60 
anos. 6 Mais tarde, nesse mesmo ano, e, copiando o modelo adotado pelos Correios, surge 
em 24.11.1888 a Lei n. 3.397, que trata das despesas gerais da Monarquia para o exercício 
subseqüente, prevendo a criação de uma Caixa de Socorros para os trabalhadores das 
estradas de ferro de propriedade do Estado, ou seja, do Império.7 
Em 26 de março de 1889, o Decreto n. 9.212, estatuiu o montepio obrigatório para os 
empregados dos Correios e o Decreto n. 10.269, de 20 de julho de 1889, estabeleceu um 
fundo especial de pensões para os trabalhadores das Oficinas de Imprensa Nacional.8 Em 
1890, o Decreto n. 221, de 26 de fevereiro, instituiu a aposentadoria para os empregados da 
Estrada de Ferro Central do Brasil, posteriormente estendida aos demais ferroviários do 
Estado pelo Decreto n. 565, de 12 de julho do mesmo ano. 
Na primeira Constituição da República, promulgada em 24 de fevereiro de 1891, o artigo 75 
contemplou expressamente o chamado seguro social, instituindo-se aposentadoria por 
invalidez para os funcionários públicos a serviço da Nação, especialmente aqueles que 
lutaram na guerra do Paraguai. Ainda não se estava tratando da relação contratual entre o 
Estado e o segurado.9 
Constata-se que a Carta Magna Republicana inaugura a proteção social vinculada a uma 
categoria de trabalhadores, assegurando uma das principais prestações concedidas pela 
previdência social até hoje, que é a aposentadoria. Anote-se, ainda, que o referido benefício 
era concedido aos funcionários públicos independentemente de contribuição, ou seja, a 
prestação era custeada integralmente pelo Estado.10 Foi a primeira Constituição a conter a 
expressão ―aposentadoria‖.11 
Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari, na obra Manual de Direito 
Previdenciário, observa que, 
O peculiar em relação a tais aposentadorias é que não se poderia considerá-las como 
verdadeiramente pertencentes a um regime previdenciário, já que os beneficiários não 
contribuíam durante o período de atividade. Vale dizer, as aposentadorias eram concedidas 
 
4
 SANTORO, José Jayme de Souza. Manual de Direito Previdenciário. 2. ed. Rio de Janeiro: F. Bastos, 
2001. p.15. 
5
 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito de Seguridade Social. São Paulo: Atlas, 1992. p.23. 
6
 VIANNA, Cláudia Salles Vilela. Previdência Social: custeio e benefício. São Paulo: LTr. 2005. p. 49 
7
 HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. 4. ed. São Paulo: Quartier Latin: 2004. p.18. 
8
 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito de Seguridade Social. São Paulo: Atlas, 1992. p.23 
9
 SANTORO, José Jayme de Souza. Manual de Direito Previdenciário. 2. ed. Rio de Janeiro: F. Bastos, 
2001. p.16. 
10
 PEREIRA JUNIOR. Aécio. Evolução histórica da Previdência Social e os direitos fundamentais. Jus 
Navegandi, Teresina. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6881>. Acesso em: 03 
set. 2005 
11
 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito de Seguridade Social. São Paulo: Atlas, 1992. p.23. 
 
7 
 
de forma graciosa pelo Estado. Assim, até então não se poderia falar em previdência social 
no Brasil.12 
 
Em razão da industrialização das grandes cidades e de condições de trabalho que 
resultaram em acidentes, em 1919 entrou em vigor a Lei n. 3.724, Lei do Acidente do 
Trabalho, consagrando a responsabilidade objetiva do empregador, ou seja, o empregador 
passou a ser plenamente responsável por qualquer dano sofrido pelo trabalhador durante o 
serviço, independente de culpa ou dolo, sendo obrigado em virtude disto a indenizar o 
empregado.13 Até então, o trabalhador acidentado tinha apenas como norma a lhe proteger 
o artigo 159 do Código Civil, vigente a partir de 1917, e antes disso, as normas das 
Ordenações Filipinas.14 
E, enfim, o grande marco inicial da Previdência Social, que se implantou, em nosso país, foi 
através do Decreto Legislativo n. 4.682, de 24 de janeiro de 1923, chamado de Lei Eloy 
Chaves, determinando a criação de uma Caixa de Aposentadoria e Pensões para os 
empregados ferroviários. Os beneficiários eram os empregados e os diaristas que 
executassem serviços de forma permanente, em todo o território nacional. A primeira a ser 
criada foi a da empresa Great West do Brasil, em 20 de março de 1923. Neste mesmo ano 
foi criado o Conselho Nacional do Trabalho com atribuição, inclusive, de decidir sobre 
questões relativas à Previdência Social.15 
A Caixa de Aposentadoria e Pensões para os empregados ferroviários visava amparar o 
trabalhador contra os riscos; doenças; velhice, invalidez e morte. Autorizava cada empresa 
ferroviária existente no país a criar uma Caixa de Aposentadoria e Pensões, bem como 
concedia o direito de estabilidade aos ferroviários.16 Foi a primeira vez que trabalhadores 
obtiveram os benefícios de aposentadoria por invalidez, aposentadoria ordinária (equivalente 
hoje a aposentadoria por tempo de contribuição, a pensão por morte e a assistência 
médica.17 
A partir daí, começaram a proliferar as caixas de aposentadoria e Pensões, porém, como 
não havia lei regulando os benefícios mínimos, os trabalhadores das empresas mais fortes 
sempre estavam mais bem protegidos, pois cada Caixa de Pensões funcionava segundo 
normas regimentais próprias, o que ocorreu até 1960, quando foi editada a LOPS – Lei 
Orgânica da Previdência Social.18. 
Na época da Revolução, em 1930, o sistema previdenciário deixa de ser estruturado pelas 
empresas, passando a abranger categorias profissionais. A intensificação do sistema de 
Previdência Social deveu-se, sobretudo, à criação do Ministério do Trabalho, Indústria e 
Comércio em fins de 1930, tendo como uma de suas atribuições orientar e supervisionar a 
Previdência Social, inclusive como órgão de recursos das decisões das Caixas de 
Aposentadoria e Pensões.19 
A Carta Constitucional de 1934 faz a primeira menção expressa aos direitos previdenciários, 
ou a expressão ―previdência‖, embora não a adjetivasse de ―social‖, referindo-se ao tema 
 
12
 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 3. ed. São 
Paulo: LTr; 2002. p.46. 
13
 HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. 4. ed. São Paulo: Quartier Latin: 2004. p.19. 
14
 CASTRO, CarlosAlberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 3. ed. São 
Paulo: LTr; 2002. p.46. 
15
 VIANNA, Cláudia Salles Vilela. Previdência social: custeio e benefício. São Paulo: LTr. 2005. p. 50. 
16
 HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. 4. ed. São Paulo: Quartier Latin: 2004. p.19-20. 
17
 PAIXÃO, Floriceno. A Previdência Social em Perguntas e Respostas. 26. ed. Porto Alegre: Síntese, 1996. 
p. 29. 
18
 HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito previdenciário. 4. ed. São Paulo: Quartier Latin: 2004. p. 20. 
19
 VIANNA, Cláudia Salles Vilela. Previdência Social: custeio e benefício. São Paulo: LTr. 2005. p. 50. 
 
8 
 
proteção social em outros dispositivos; no artigo 121, § 1º, alínea ―h‖, instituindo a forma 
tríplice de custeio entre empregados, empregadores e Estado, cujos recursos advinham das 
taxas de importação – vinculação obrigatória ao sistema com gestão estatal.20 
O ponto marcante da Constituição de 1934 foi a consagração do modelo tripartite de 
financiamento do sistema de previdência social, para o qual contribuem tanto o trabalhador, 
como o empregador e, em igualdade de condições com essas categorias, o próprio Poder 
Público.21 
Com essa carta constitucional, uma outra fase se iniciou com a criação dos grandes 
Institutos, posteriormente aglutinados num só: O Instituto Nacional de Previdência Social – 
INPS.22 Assim, a Previdência Social Brasileira foi promovida à condição de disposição 
constitucional, na qual permanece até os dias atuais.23 
Wagner Balera, ao exaltar os benefícios conferidos pela Carta Magna de 1934, assim se 
refere: 
Os limites amplos da proteção social conferidos por aquela Lei Magna, aliados ao perfeito 
comando a respeito do custeio, fizeram da Constituição de 16 de julho o melhor de nossos 
modelos constitucionais. As conquistas sociais posteriores só vieram a reforçar as diretrizes 
traçadas por este Estatuto Fundamental.24 
A Constituição outorgada em 10 de novembro de 1937, marcadamente autoritária, inspirada 
nas idéias do fascismo, não se harmonizou com a avançada ordem instituída pela 
Constituição de 1934. Ela foi muito sintética, não trouxe qualquer progresso em matéria 
previdenciária, foi omissa quanto à participação do Estado no custeio do sistema, mas 
apesar disso, não deixou de enumerar os riscos sociais cobertos pelo seguro social, 
utilizando pela primeira vez a expressão ―seguro social‖, em vez de previdência social. 
Previa direitos que pela omissão supra mencionada nunca foram implementadas. O Decreto-
Lei n. 651, de 26 de agosto de 1938 traz a conceituação do trabalhador autônomo e autoriza 
seu ingresso no sistema previdenciário. E o Decreto-Lei n. 2.122, de 09 de abril de 1940, 
estabeleceu para os comerciantes um regime misto de filiação ao sistema previdenciário. 
Até 30 contos de réis de capital o titular de firma individual, o interessado e o sócio-quotista 
eram segurados obrigatórios; acima desse limite a filiação era facultativa.25 
Em 1945 houve a tentativa de uma profunda reforma do nosso sistema de Previdência 
Social, com a criação do ―Instituto dos Serviços Sociais do Brasil‖ – Decreto-Lei n. 7.526, de 
07 de maio de 1945. Foi a primeira vez que se atacou o problema, em busca na desejada 
uniformização legislativa e da unificação administrativa da previdência social brasileira. Mas, 
após a deposição do Presidente Getúlio Vargas, o novo governo que se instalou no País, 
não concretizou a medida e a uniformização administrativa e do plano único de benefícios 
para os diversos Institutos se deu muito mais tarde com a promulgação da Lei n. 3.807/60 – 
Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS.26 
 
20
 HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. 4. ed. São Paulo: Quartier Latin: 2004. p.20. 
21
 PEREIRA JUNIOR. Aécio. Evolução histórica da Previdência Social e os direitos fundamentais. Jus 
Navegandi, Teresina. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6881>. Acesso em: 03 
set. 2005 
22
 PAIXÃO, Floriceno. A Previdência Social em Perguntas e Respostas. 26. ed. Porto Alegre: Síntese, 1996. 
p. 30. 
23
 SANTORO, José Jayme de Souza. Manual de Direito Previdenciário. 2. ed. Rio de Janeiro: F. Bastos, 
2001. p.17. 
24
 BALERA, Wagner. A Seguridade Social na Constituição de 1988. São Paulo: Revistas dos Tribunais, 
1989. p.22. 
25
 VIANNA, Cláudia Salles Vilela. Previdência Social: custeio e benefício. São Paulo: LTr. 2005. p. 52. 
26
 PAIXÃO, Floriceno. A Previdência Social em Perguntas e Respostas. 26. ed. Porto Alegre: Síntese, 1996. 
p. 31. 
 
9 
 
Na Constituição de 1946, que foi promulgada em 18 de setembro de 1946, iniciou-se uma 
sistematização constitucional da matéria previdenciária, que foi incluída no mesmo artigo 
que versava sobre o Direito do Trabalho, artigo 157. Nesta Constituição aparece pela 
primeira vez a expressão ―Previdência Social‖, desaparecendo a expressão ―seguro social‖, 
antes em voga.27 
Nesta Constituição já estão presentes todos os ―ingredientes‖ da seguridade social, 
posicionando-se o Estado, finalmente, como tutelador da Previdência Social, dando 
relevância constitucional ao pacto entre as partes envolvidas: Estado, empregador e 
empregado.28 
Em 1947, o Deputado Aluízio Alves apresentou projeto de lei que previa a proteção social a 
toda a população, que após longo período de tramitação resultou na edição da Lei n. 3.807, 
de 26 de agosto de 1960, Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS, que veio a padronizar 
o sistema assistencial.29 
A Lei Orgânica da Previdência Social foi o maior passo dado rumo à universalidade da 
Previdência Social, apesar dos trabalhadores domésticos e os trabalhadores rurais não 
terem sido contemplados pela nova norma. Ela veio uniformizar todo o emaranhado de 
normas existentes sobre Previdência Social, ampliou os benefícios, criando vários auxílios 
tais como: auxílio-natalidade, auxílio-funeral, auxílio-reclusão e a aposentadoria especial, e 
ainda veio estender a área de assistência social a outras categorias profissionais.30 
Mais tarde, a Emenda Constitucional nº 11, de 31 de março de 1965, acrescentou um 
parágrafo ao artigo 157 da Constituição Federal, pela qual se exige uma indissociável 
contrapartida entre contribuição e as prestações, determinando que nenhuma prestação de 
serviço de caráter assistencial ou de benefício compreendido na previdência social poderia 
ser criada, majorada ou estendida sem a correspondente fonte de custeio total e vice e 
versa. Estava definido, desta forma, o princípio da precedência da fonte de custeio.31 
Em 21 de novembro de 1966 o Decreto-Lei n. 72/66 aglutinou os seis Institutos 
previdenciários com gestão estatal, num só órgão, criando o INPS – Instituto Nacional de 
Previdência Social.32 
A Carta Constitucional de 1967, que foi fruto da ordem revolucionária instaurada no Brasil a 
partir de março de 1964, com a Emenda n. 1, de 1969, pouco inovou, repetiu disposições da 
CF/1946, porém, teve como virtude trazer o sistema de seguro de acidente do trabalho para 
os auspícios do sistema previdenciário público, nos mesmos moldes de financiamento, ou 
seja, estatizou o seguro contra acidente de trabalho e, em norma infraconstitucional a 
inclusão do salário-família, no texto fundamental.33 O legislador já andava preocupado com o 
financiamento das prestações assistenciais e previdenciárias, preocupação essa que veio a 
confirmar-se posteriormente com os constantes ―rombos‖ observados no sistema 
 
27
 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito de Seguridade Social. São Paulo: Atlas, 1992. p.26. 
28
 SANTORO, José Jayme de Souza. Manual de direito previdenciário. 2. ed. Rio de Janeiro: F. Bastos, 
2001. p.19. 
29
 PEREIRA JUNIOR. Aécio. Evolução histórica da Previdência Social e os direitos fundamentais. Jus 
Navegandi,Teresina. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6881>. Acesso em: 03 
set. 2005 
30
 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito de Seguridade Social. São Paulo: Atlas, 1992. p. 26. 
31
 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito de Seguridade Social. São Paulo: Atlas, 1992. p.26. 
32
 PAIXÃO, Floriceno. A Previdência Social em Perguntas e Respostas. 26. ed. Porto Alegre: Síntese, 1996. 
p. 31. 
33
 PEREIRA Junior. Aécio. Evolução histórica da Previdência Social e os direitos fundamentais. Jus 
Navegandi, Teresina. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6881>. Acesso em: 03 
set. 2005 
 
10 
 
previdenciário oficial.34 
Ainda em relação às atividades rurais, em 1955 foi criado o Serviço Social Rural destinado à 
proteção de serviços sociais no meio rural, tendo como marco inicial da preocupação com os 
problemas dos homens ligados à atividade agrícola. Posteriormente, em 02 de março de 
1963 a Lei n. 4.214, criou o FUNRURAL – Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural.35 O 
Decreto-Lei n. 564 de 01 de maio de 1969 estendeu a Previdência Social ao trabalhador 
rural, especialmente aos empregados do setor agrário da agroindústria canavieira, mediante 
um plano básico 36, mas foi com a Lei complementar n. 11, de 25 de maio de 1971 que a 
Previdência Social regulamenta a proteção aos trabalhadores rurais criando o PRO-RURAL 
– Programa de Assistência ao Trabalhador Rural, alterada posteriormente pela Lei 
Complementar n. 16 de 30 de novembro de 1973.37 
Em 1972, a Lei n. 5.859, de 11 de dezembro, inclui os empregados domésticos como 
segurados obrigatórios da Previdência Social.38 
Já, em 01 de maio de 1974 a Lei n. 6.036 criou o Ministério da Previdência e Assistência 
Social - MPAS, desmembrado do Ministério do Trabalho e Previdência Social, e a ele 
subordinando as autarquias e órgãos atuantes nesses dois ramos da ação estatal. Neste 
mesmo ano, a Lei n. 6.125, de 04 de novembro autorizou o Poder Executivo a constituir a 
Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social – DATAPREV, à qual competia 
além dos processamentos de dados, tudo mais relacionado com a informática. E no dia 11 
de dezembro a Lei n. 6.179/74, instituiu o amparo previdenciário para os maiores de 70 anos 
ou inválidos, também conhecidos como renda mensal vitalícia.39 
Com o Decreto n. 89.312, de 23 de janeiro de 1984, reorganizou-se a nova CLPS – 
Consolidação das Leis da Previdência Social, consolidando as leis supervenientes, e 
estabelecendo tipologia mais extensa em relação a vários segurados.40 
O vigor legislativo infraconstitucional continuava efervescente em matéria de previdência 
social, dispensando-se a enumeração cansativa das disposições legais pertinentes, 
bastando ressaltar a constante ampliação do rol de beneficiários e de qualidade das 
prestações, traçando o caminho para a construção de um sistema de seguridade social, 
como pretendido pela Constituição de 1988, promulgada no dia 05 de outubro.41 
A Constituição Federal de 1988 surge como ponto culminante da restauração do Estado 
democrático de direito, rompendo com o autoritarismo do regime militar e estabelecendo o 
sistema de Seguridade Social no Brasil, como objetivo a ser alcançado pelo Estado 
brasileiro, prevendo custeio tripartite entre União, Estados, Municípios e Distrito Federal; 
trabalhadores e empregadores, atuando simultaneamente nas áreas da saúde, assistência 
Social e previdência social, que passaram a fazer parte do gênero Seguridade Social, 42 de 
modo que as contribuições sociais passaram a custear as ações do Estado nestas três 
 
34
 SANTORO, José Jayme de Souza. Manual de Direito Previdenciário. 2. ed. Rio de Janeiro: F. Bastos, 
2001. p. 21. 
35
 HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. 4. ed. São Paulo: Quartier Latin: 2004. p. 22. 
36
 VIANNA, Cláudia Salles Vilela. Previdência Social: custeio e benefício. São Paulo: LTr, 2005. p. 54. 
37
 HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. 4. ed. São Paulo: Quartier Latin, 2004. p. 22. 
38
 VIANNA, Cláudia Salles Vilela. Previdência social: custeio e benefício. São Paulo: LTr. 2005. p. 54. 
39
 VIANNA, Cláudia Salles Vilela. Previdência Social: custeio e benefício. São Paulo: LTr. 2005. p. 55. 
40
 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito de Seguridade Social. São Paulo: Atlas, 1992. p.28. 
41
 PEREIRA JUNIOR. Aécio. Evolução histórica da Previdência Social e os direitos fundamentais. Jus 
Navegandi, Teresina. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6881>. Acesso em: 03 
set. 2005. 
42
 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito de Seguridade Social. São Paulo: Atlas, 1992. p.28. 
 
11 
 
áreas e não somente no campo da Previdência Social.43 
Mais tarde, o Decreto n. 99.060, de 07 de março de 1990, vinculou o INAMPS ao Ministério 
da Saúde e o Decreto n. 99.350, de 27 de junho de 1990, criou o INSS – Instituto Nacional 
do Seguro Social, autarquia que passou a substituir o INPS e o IAPAS nas funções de 
arrecadação, bem como nas de pagamento de benefícios e prestações de serviços, sendo 
até hoje a entidade responsável tanto pela arrecadação, fiscalização, cobrança, aplicação de 
penalidades (multas) e regulamentação da parte de custeio do sistema de seguridade social, 
bem como de concessão de benefícios e serviços aos segurados e seus dependentes.44 
E finalmente, em 24 de julho de 1991, foi editada a Lei n. 8.212, que dispôs sobre a 
organização da Seguridade Social, instituindo plano de custeio e outras providências, e a Lei 
n. 8.213/91, que dispôs sobre os planos de benefícios da previdência social e deu outras 
providências, leis que até hoje vigoram, mesmo com as alterações ocorridas em diversos 
artigos.45 Tais normas foram regulamentadas pelos Decretos n. 356 e 357, de 7 de 
dezembro de 1991, o primeiro dispondo sobre o sistema de custeio e o outro sobre os 
benefícios. Em 13 de maio de 1992, foi extinto o Ministério do Trabalho e Previdência Social, 
e criado o Ministério da Previdência Social e o Ministério do Trabalho e da Administração 
(MTA). Os Decretos n. 611 e 612 de 21 de julho de 1992 fornecem nova redação ao 
Regulamento da Organização e do Custeio da Seguridade Social, substituindo o 
regulamento anterior.46 
Em 1995 foi extinto o Ministério da Previdência Social e criado em seu lugar o Ministério da 
Previdência e Assistência Social. Neste mesmo ano foi editada a Lei n. 9.032 de 28 de abril, 
efetivando uma mini-reforma na previdência, com a extinção de alguns benefícios e a 
alteração do cálculo de outros. Extinguiu o salário-natalidade, eliminou a figura do 
dependente designado, alterou as regras do auxílio-acidente unificando suas alíquotas em 
50 % do salário-de-contribuição, vedou a contagem como tempo de serviço especial 
considerado genericamente por categoria, entre outras mudanças.47 Inclusive nesse mesmo 
ano o Chefe do Poder Executivo enviou ao Congresso Nacional uma proposta de emenda 
constitucional visando alterar várias normas a respeito do Regime Geral de Previdência 
Social e da Previdência Social dos servidores públicos.48 
Assim, em 15 de dezembro de 1998 foi promulgada a Emenda Constitucional nº 20, que 
alterou de forma bastante significativa o sistema de previdência social, principalmente 
quanto à concessão de aposentadorias. Em 06 de maio de 1999 foi publicado o Decreto nº 
3.048, novo Regulamento da Previdência Social, e a Lei nº 9.876, de 26 de novembro de 
1999, trouxe diversas alterações nas Leis n. 8.212 e 8.213/91, como o critério de cálculo do 
salário-de-benefício através da criação do fator previdenciário e da utilização de média dos 
salários-de-contribuição a contar de julho de 1994.49 
Enfim, as Leis n.s 8.212 e 8.213 de 1991, ainda vigoram até os dias atuais contendo, cada 
uma, diversas mudanças, como se fosse ―uma colcha de retalhos‖.43
 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 3. ed. São 
Paulo: LTr; 2002. p.51. 
44
 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário. 3. ed. São 
Paulo: LTr; 2002. p.53. 
45
 HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito previdenciário. 4. ed. São Paulo: Quartier Latin: 2004. p. 22. 
46
 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito de Seguridade Social. São Paulo: Atlas, 1992. p.28. 
47
 HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito previdenciário. 4. ed. São Paulo: Quartier Latin: 2004. p. 24. 
48
 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário. 3. ed. São 
Paulo: LTr; 2002. p.54. 
49
 VIANNA, Cláudia Salles Vilela. Previdência Social: Custeio e Benefício. São Paulo: LTr. 2005. p. 62. 
 
12 
 
 
NOÇÕES HISTÓRICAS 
 
ANTECEDENTES 
A Previdência Social, na sua moderna concepção, surgiu após a Revolução Industrial. Está 
vinculada historicamente, ao fenômeno da industrialização. 
Antes disso, as formas de proteção dos indivíduos, quanto ao atendimento de suas 
necessidades básicas, compreendiam o assistencialismo e o mutualismo. 
Com o advento do chamado intervencionismo estatal, nasceu a Previdência Social e, mais 
tarde, a Seguridade Social. 
 
ASSISTENCIALISMO 
Fundado na caridade, na benemerência, no altruísmo. O assistencialismo consiste nos 
cuidados, na proteção e no auxílio que indivíduos, famílias ou grupos prestam aos 
necessitados. 
Entre alguns povos, igualmente, evidenciou-se certa preocupação com os deficientes físicos, 
idosos, miseráveis e outros carentes de amparo. 
Consta que havia normas assistenciais, por exemplo, no Código de Manu (Índia), no Código 
de Hamurabi (Babilônia). 
No mesmo sentido aponta-se a Lei dos Pobres (Poor Law), editada em 1601, na Inglaterra. 
Ela impunha às paróquias a obrigação de socorrer aos infortunados de sua jurisdição, 
arrecadando, para tanto, taxas dos respectivos membros. 
 
MUTUALISMO 
Ligado á solidariedade de grupos de pessoas, na defesa de interesses comuns, o 
mutualismo consiste no sistema em que os indivíduos se organizam em associações ou 
entidades (mutualidades), cotizando-se para a formação de recursos, destinados à proteção 
recíproca ou de familiares, em face de certos eventos, como a doença, a invalidez, a velhice, 
a morte, e outros. 
Lembram-se, a respeito, os colégios gregos e romanos, os sodalícios (na Antigüidade); as 
corporações de ofícios, as guildas ou ligas (na Idade Média), como inspiradores do sistema 
mutualista. 
 
INTERVENCIONISMO ESTATAL 
Baseado na solidariedade social, o intervencionismo consiste na criação e imposição, pelo 
estado, do sistema de previdência, assegurando a proteção social, mediante sua 
intervenção. A maioria dos estudiosos situa a origem da Previdência Social na lei alemã de 
1883, que instituiu o seguro-doença obrigatório em favor dos operários (custeado pelos 
patrões e empregados). 
 
HISTÓRIA GERAL – PERÍODOS 
Divide-se a história da Previdência Social em três fases: da formação, da universalização 
e da seguridade social. 
 
PERÍODO DE FORMAÇÃO 
Inicia-se em 1883, encerrando-se ao tempo da Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918). 
O Chanceler Otto Von Bismarck realizou estudos que, na Alemanha, motivaram a 
elaboração da lei do seguro-doença, em 1883 (marco inicial da Previdência Pública); da lei 
 
13 
 
do seguro contra acidentes do trabalho, em 1884; finalmente da lei do seguro contra 
invalidez e velhice, em 1889. 
Rapidamente, a legislação germânica inspirou a de outros países, na Europa, consolidando-
se o seguro social obrigatório, na Inglaterra (1911). 
 
PERÍODO DA UNIVERSALIZAÇÃO 
Corresponde à etapa da denominada expansão geográfica da Previdência Social. Alonga-se 
do Tratado de Versalhes, de 1919 (que criou a Organização Internacional do Trabalho - 
OIT), até a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). 
Caracteriza-se pela disseminação do seguro social obrigatório pelo mundo todo, abrangendo 
a América e até mesmo, a Ásia. 
 
MARCOS IMPORTANTES 
A Lei da Seguridade Social, de 1935, nos EUA (Social security Act) – na qual teria utilizado, 
pela primeira vez, a expressão ―seguridade social‖ – e os planos de Lord Beveridge (de 1942 
e de 1944), visando à reformulação da Previdência Social, na Inglaterra. 
 
PERÍODO DA SEGURIDADE SOCIAL 
 
Principia ―em meio à última grande guerra, em 1941, com a histórica Carta do Atlântico, 
relativa ao advento da Seguridade Social, cuja filosofia visa tornar cada cidadão titular do 
direito subjetivo ao bem-estar social‖ (Arnaldo Sussekind). 
Merecem destaque: em 1942, a Declaração de Santiago (Primeira Conferência 
Interamericana da Seguridade Social), estabelecendo os objetivos e o conteúdo da 
Segurança Social; em 1944, a Declaração de Filadélfia, na 26ª Sessão da Conferência 
Internacional do Trabalho (assentando os princípios e os objetivos da OIT); em 1948, a 
declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela Assembléia geral da ONU; em 
1952, a Convenção nº 102 da OIT, estabelecendo as Normas Mínimas de Seguridade Social 
(35ª sessão da Conferência Internacional do Trabalho, em Genebra); em 1974, a Declaração 
dos Princípios Fundamentais de Direito do Trabalho e de Segurança Social (V Congresso 
Ibero-Americano de Direito do trabalho e da Segurança Social, no México). 
 
HISTÓRIA NACIONAL – PRECEDENTES 
No Brasil, o fenômeno, em linhas gerais, repetiu-se debaixo de perspectivas semelhantes. 
Assim, antecipando-se ao seguro social, encontram-se as formas protetivas do 
assistencialismo (como, por exemplo, a da santa Casa de Misericórdia de Santos, fundada 
em 1543) e do mutualismo (antigas organizações operárias). 
Na opinião da maioria dos autores, a Previdência Social, em nosso país, radicaria na 
conhecida Lei Eloy Chaves, de 24/01/1923. Daí comemorar-se, no dia 14 de janeiro, a data 
nacional da Previdência Social. 
 
 
PERÍODOS 
Há divergências em torno dos critérios que orientam a fixação de etapas, no contexto 
histórico. 
Propomos uma divisão inspirada nos ensinamentos de especialistas, sugerindo o 
reconhecimento de cinco fases, a saber: da implantação (formação), da expansão, da 
unificação, da reestruturação e da seguridade social. 
 
 
14 
 
PERÍODO DA IMPLANTAÇÃO (FORMAÇÃO) 
Nasce com a Lei nº 4.682, de 24/01/1923 – Lei Eloy Chaves – que determinou a criação de 
uma Caixa de Aposentadoria e Pensões para cada empresa de estrada de ferro. Seguiram-
se, desde então, dezenas e dezenas de caixas de aposentadorias e pensões, sempre por 
empresa. Chegaram a atingir o total de 183! 
Esse período termina em 1933, com o aparecimento do IAPM _ Instituto de Aposentadoria e 
Pensões dos Marítimos. 
De importante, nessa etapa, aponta-se o Decreto nº 20.465, de 01/10/1931, que representou 
o primeiro sistema amplo de seguros sociais, ―cobrindo os riscos da invalidez, da velhice e 
da morte e concedendo, ainda, o auxílio-funeral, a assistência médico-hospitalar e a 
aposentadoria ordinária (condicionada ao tempo de serviço e à idade do segurado)‖, 
consoante elucida Arnaldo Sussekind. 
 
PERÍODO DA EXPANSÃO 
Principia com o Decreto nº 22.872, de 29/06/1933, que criou o Instituto de Aposentadoria e 
Pensões dos marítimos (IAPM). 
Na seqüência, surgiram o Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários (IAPC) e 
o Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Bancários (IAPB), ambos em 1934; o Instituto 
de Aposentadoria e Pensões dos industriários (IAPI), em 1936, e outros, sucessivamente. 
Termina em 1960, com a Lei Orgânica da Previdência Social. 
Nessa fase, a proteção social leva em conta as categorias profissionais (os marítimos, os 
comerciários, os bancários, etc.), e não mais as empresas. 
Comporta alusão, por sua relevância, o Decreto-lei nº 7.526, de 07/05/1945, que procuro 
reformular profundamente o nosso sistema previdencial, nabusca da seguridade social, 
―estendendo o âmbito daquele praticamente a toda a população; ampliando os benefícios 
numa cobertura geral dos diversos riscos sociais; unificando a gestão administrativa do 
sistema‖ (Moacyr Velloso Cardoso de Oliveira). 
Por falta da necessária regulamentação, entretanto, tornou-se inoperante, lamentavelmente. 
 
PERÍODO DA UNIFICAÇÃO 
Situa-se entre 1960 e 1977. 
A Lei nº 3.807, de 26/08/1960 – a denominada Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS) – 
uniformizou a legislação previdencial, ampliando o rol dos benefícios (introduzindo o auxílio-
reclusão, o auxílio-funeral, o auxílio natalidade) e o dos segurados (passando a abranger os 
empregadores, os profissionais liberais). 
E o Decreto nº 72, de 21/11/1966, fundiu os Institutos de Aposentadorias e Pensões, 
gerando o INPS – Instituto Nacional de Previdência Social. 
O Decreto nº 77.077, de 24/01/1976, implantou a primeira CLPS – Consolidação das Leis da 
Previdência Social, sistematizando os diplomas legais em vigor. 
 
PERÍODO DE REESTRUTURAÇÃO 
 
Vai de 1977 a 1988. 
A Lei nº 6.439, de 01/09/1977, implementou o SINPAS – Sistema Nacional da Previdência e 
da Assistência Social. Extinguiu o FUNRURAL, absorvido pelo INPS. Criou o IAPAS – 
Instituto de Administração Financeira da Previdência Social – e o INAMPS – Instituto 
Nacional de Assistência Médica da Previdência Social. Reestruturou fundamentalmente a 
Previdência Social, inclusive quanto à gestão e administração. 
 
 
15 
 
PERÍODO DA SEGURIDADE SOCIAL 
Começa em 1988, germinado pela Constituição da República. 
A Assembléia nacional Constituinte, reunida para instituir um estado democrático, 
promulgou, no dia 05/10/1988, a Constituição da República Federativa do Brasil. 
De acordo com seu preâmbulo, visou a assegurar o exercício dos direitos sociais e 
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a 
justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, 
fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a 
solução pacífica das controvérsias. 
Estabeleceu, no artigo 6º, que constituem direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a 
moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e á infância, a 
assistência aos desamparados (redação dada pela Emenda Constitucional nº 26, de 14 de 
fevereiro de 2000). 
Tratou dos Direitos Sociais, no Capítulo da Ordem Social, tendo por base o primado do 
trabalho e como objetivos o bem-estar e a justiça sociais (art. 193). E instituiu a Seguridade 
Social, destinada a assegurar os direitos relativos á Saúde, à Previdência Social e à 
Assistência Social (art. 194). 
 
REFORMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 
A Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998, objetivou implantar a chamada 
―Reforma da Previdência Social‖, modificando profundamente o sistema previdenciário 
brasileiro. Leis complementares e ordinárias deverão ser editadas, disciplinando as 
significativas alterações ocorridas na matéria. O texto da apostila já incorpora as inovações 
ocorridas até a presente data. 
Recomenda-se a leitura da aludida Emenda Constitucional nº 20/98. 
 
OBJETIVOS, METAS E MUDANÇAS 
A proposta de Emenda à Constituição Federal (PEC) nº 33-A, de 1995, após vários anos de 
discussão no Congresso Nacional, resultou na Emenda Constitucional nº 20, publicada no 
Diário Oficial da União de 16 de dezembro de 1998, deu substancial impulso à chamada 
―Reforma da Previdência Social‖. 
Abrangeu os regimes de previdência dos servidores públicos civis (da administração direta, 
autárquica e fundacional), nos âmbitos federal, estadual e municipal. 
Compreendeu ainda o regime geral da Previdência Social, a cargo do INSS e, também, 
cuidou da previdência complementar. 
Sustenta-se, há décadas, a inviabilidade do regime de repartição, no tocante ao 
financiamento da Previdência Social, apregoando-se as vantagens do regime de 
capitalização. 
Alega-se o desequilíbrio financeiro da Previdência Social, decorrente de fatores estruturais, 
ligados às características do mercado de trabalho nacional (com elevado índice de 
informalidade nas relações de emprego), às tendências demográficas (aumento populacional 
e maior longevidade das pessoas) e às distorções nos benefícios pagos – além de fatores 
conjunturais. 
Argumenta-se que a reforma possibilitaria combater a exclusão social, e também a 
recuperação da capacidade de investimento da União, dos Estados e dos Municípios, cujos 
recursos estariam fortemente comprometidos com o pagamento de funcionários ativos e 
inativos. 
 
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Ela propiciaria, igualmente, o estímulo à poupança por meio da previdência complementar – 
a qual, por sua vez, financiaria investimentos expressivos, como sucederia em todo o 
mundo. 
A previdência básica deveria situar-se em faixa não-excedente de dez vezes (ou menos) o 
valor do salário mínimo. 
 
OBJETIVOS 
Trataremos apenas da reforma atinente ao regime geral da Previdência Social. 
A Emenda Constitucional nº 20/98 trouxe, em si mesma, inovações e alterações substanciais 
e ensejou outras significativas mudanças na legislação infraconstitucional, através de 
diversas leis editadas subseqüentemente. 
Ao que consta, a Reforma visou a alcançar principalmente os seguintes objetivos: 
 
a) a ampliação do financiamento – equiparado ao empregador toda empresa ou entidade, 
estendeu a incidência das respectivas contribuições sociais aos rendimentos do trabalho, 
pagos ou creditados a qualquer título, à pessoa física que lhes prestar serviço, mesmo sem 
vínculo empregatício. Possibilitou a adoção de base de cálculos e de alíquotas 
diferenciadamente, em razão da atividade econômica ou da utilização intensiva de mão-de-
obra. Estabeleceu que a contribuição social das empresas e equiparados, incida também 
sobre a receita (além do faturamento e do lucro, já previstos); 
 
b) a uniformização dos critérios utilizáveis para a concessão dos benefícios de 
natureza previdenciária – vedou a adoção de critérios e requisitos diferenciados para fins 
de concessão de aposentadoria, ressalvando casos como os das atividades exercidas sob 
condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física (a serem definidos em 
lei complementar), e os de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e 
no ensino fundamental e médio; 
 
c) a ―desconstitucionalização‖ de várias normas relativas aos benefícios – retirou 
preceitos que figuravam no texto constitucional, remetendo a disciplina da matéria para leis 
complementares ou para leis ordinárias, conforme o caso. Dentre elas, por exemplo, havia a 
previsão do cálculo da aposentadoria (na redação original do art. 202 da CF) sobre a média 
dos trinta e seis últimos salários de contribuição, corrigidos monetariamente mês a mês; 
 
d) a substituição da aposentadoria por tempo de serviço pela aposentadoria por 
tempo de contribuição, extinguindo-se também a aposentadoria proporcional – atingiu 
de plano os segurados que viessem a ingressar no regime a partir de 16/12/1998. Deverá 
ser extinto, mediante lei complementar, o denominado tempo ficto de serviço (na hipótese 
da contagem do período durante o qual o segurado recebeu auxílio-doença, ou prestou 
serviço militar obrigatório, por exemplo); 
 
e) a cobertura concorrente do risco de acidente do trabalho, pelo regime geral de 
previdência social e pelo setor privado – o INSS destina o monopólio do seguro contra 
acidentes do trabalho, quebrado pela Emenda Constitucional nº 20/98 (a matéria deverá ser 
disciplinada por lei ordinária, ainda não editada); 
 
f) a vedação ao recebimento cumulativo de benefícios – respeitados os direitos 
adquiridos, não se admite a percepção de mais de uma aposentadoria, por exemplo; 
 
 
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g) a reestruturação da previdência complementar– de acordo com a Comissão Especial 
destinada a apreciar a proposta de emenda à Constituição nº 33-A, de 1995, um dos 
objetivos da reforma seria a reestruturação da previdência complementar, ―baseando-se em 
imposição de limites de participação dos entes públicos em seu custeio e na readequação 
dos planos de benefícios à capacidade de financiamento dos fundos que a administram‖ 
(relatório do Deputado Euler Ribeiro); 
h) a vedação à concessão de remissão ou anistia das contribuições sociais de que 
tratam os incisos I, a e II do art. 195 da Constituição federal para débitos em montante 
superior ao fixado em lei complementar. 
 
METAS 
As metas devem ser consideradas consoante o tempo previsto para a implantação da 
Reforma e, também, os objetivos finais a serem atingidos. 
Quanto ao tempo, há alterações imediatas (diversos preceitos, por serem auto-aplicáveis, 
valem desde a publicação da Emenda Constitucional nº 20, em 16/12/1998 e, atualmente, 
pela EC nº 41/2003) e alterações mediatas (dependem da edição de leis complementares 
ou de leis ordinárias, conforme o caso). Existem, por outro lado, regras de caráter 
permanente e, outras de caráter transitório (fixando-se um período de tempo para a 
passagem de uma situação para outra. Por exemplo, a extinção gradual da escala dos 
salários-base; o cômputo dos salários de contribuição do segurado, para se apurar o valor 
do salário-de-benefício, desde a competência julho de 1994 até a data em que se requerer o 
benefício, de tal sorte que se terá, a longo prazo, o cálculo dos benefícios tomando-se por 
base o valor das contribuições dos segurados durante toda a sua vida; 
Quanto aos objetivos últimos, caminha-se para a unificação dos regimes previdenciários 
existentes, dos servidores públicos (federais, estaduais e municipais) e dos trabalhadores 
em geral – excetuando-se os militares. 
 
MUDANÇAS 
O ex-Secretário da Previdência Social do MPS, Marcelo Estevão de Moraes, escreveu artigo 
estampado na Revista da Previdência Social, que nos parece bastante esclarecedor a 
respeito das mudanças advindas da Reforma, comportando reprodução no seguinte trecho: 
―Relativamente à Previdência Social, alguns pontos da Emenda merecem destaque: 
 Veda a utilização (art. 167, XI) dos recursos provenientes das contribuições 
previdenciárias para a realização de despesas distintas do pagamento de benefícios do 
regime geral de previdência social; 
 Conceitua de modo mais claro a base de incidência da contribuição previdenciária (195, I, 
a); 
 Redefine o caput do art. 201, introduzindo os conceitos de organização em regime geral, 
filiação obrigatória e preservação do equilíbrio financeiro e atuarial; 
 Introduz o pagamento seletivo do salário-família e do auxílio-reclusão para os 
dependentes dos segurados de baixa renda (201, IV); 
 Muda o conceito de tempo de serviço para o de contribuição, para fins de aposentadoria 
dos trabalhadores vinculados ao regime geral e dos servidores; 
 Redefine o regime de previdência privada (art. 202), de caráter complementar, voluntário 
e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, 
extensivo aos trabalhadores dos setores público e privado; 
 Estabelece como limite máximo para o valor dos benefícios do regime geral de 
previdência social R$ 2.400,00, devendo, a partir da data de publicação da Emenda 
Constitucional nº 41, ser reajustado de forma a preservar, em caráter permanente, seu valor 
 
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real, atualizado pelos mesmos índices aplicados aos benefícios do regime geral de 
previdência social; 
 A Emenda Constitucional nº 41/2003, dispõe sobre sistema especial de inclusão 
previdenciária para trabalhadores de baixa renda, garantindo-lhes acesso a benefícios de 
valor igual a um salário-mínimo, exceto aposentadoria por tempo de contribuição. 
A Emenda Constitucional nº 20/98, em razão das alterações promovidas, estabeleceu a 
especialização de fontes. No caso do regime geral de previdência social (art. 201), ao seu 
financiamento foram vinculadas as contribuições sobre a folha (art. 195, I, a, II), mediante 
criação de fundo específico. 
Posteriormente, em razão da desconstitucionalização da forma de cálculo do benefício, a 
aprovação da lei nº 9.876/99 ampliou o período de contribuição a ser computado e introduziu 
o fator previdenciário, estabelecendo uma correlação entre o valor do benefício, a aporte 
contributivo e a expectativa de sobrevida no momento da aposentadoria. 
Acrescente-se, ainda, que a previdência privada, de caráter complementar, prevista no art. 
202, foi regulada mediante a aprovação das Leis Complementares nºs. 108/2001 e 
109/2001. 
Quanto à previdência complementar do servidor público foi promulgada a Emenda 
Constitucional nº 41/2003 que trata da reforma previdenciária para os servidores públicos. 
 
DA SEGURIDADE SOCIAL 
Expressões sinônimas: Segurança Social, Bem-Estar Social, Proteção Social. 
Para a OIT, a Seguridade Social consiste na ―proteção que a sociedade proporciona a seus 
membros mediante uma série de medidas públicas contra as privações econômicas e 
sociais que de outra forma derivariam no desaparecimento ou em forte redução de sua 
subsistência como conseqüência de enfermidade, maternidade, acidente de trabalho ou 
enfermidade profissional, desemprego, invalidez, velhice e morte e também a proteção em 
forma de assistência médica e de ajuda às famílias com filhos‖ (Convenção nº 102, de 
1952). 
Na opinião de DUPEYROUX, mostra-se impossível conceituar a Seguridade Social; ela 
varia de acordo com a política de cada nação, ditada por fatores econômicos, sociais, etc. 
No Brasil, compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e 
da sociedade, destinado a assegurar os direitos relativos à Saúde, à Previdência Social e à 
Assistência Social (Constituição Federal, art. 194; Lei nº 8.212/91, art. 1º). 
 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS 
A Lei Maior, em seu art. 194, parágrafo único, estatui que compete ao Poder público 
organizar a Segurança Social com base nos seguintes princípios: 
 
I – universalidade da cobertura e do atendimento 
A universalidade da cobertura significa a sua extensão a todos os eventos sociais, vale 
referir, a todos os fatos e situações que geram as necessidades básicas das pessoas 
(universalidade objetiva). 
A universalidade do atendimento consiste na abrangência de todas as pessoas, 
indistintamente (universalidade subjetiva). 
 
II – uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e 
rurais 
A uniformidade das prestações implica a concessão dos mesmos benefícios e serviços a 
todas as pessoas, nos âmbitos urbano e rural. 
 
19 
 
A equivalência das prestações obriga à concessão de benefícios de igual valor econômico e 
de serviços da mesma qualidade (Marly Cardone). 
 
III – seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços 
A seletividade compreende o atendimento distintivo e prioritário dos mais carentes, segundo 
a lição de Rui Barbosa, no sentido de que a verdadeira igualdade está na desigualdade das 
desigualdades: cumpre tratar desigualmente os desiguais. Por exemplo: o salário-família, 
concedido apenas em favor dos beneficiários de baixa renda. A distributividade tem por 
objetivo a redistribuição de renda. 
Há a redistribuição entre regiões ou entre gerações; nesta, os trabalhadores válidos 
contribuem para a manutenção dos que ainda não trabalham (menores) e dos que já não 
trabalham (aposentados). E há redistribuição, ainda, entre classes sociais: os de maior 
renda contribuem em favor dos que não dispõem de recursos suficientes para enfrentarem 
as situações de necessidade vital (Feijó Coimbra). 
 
IV – irredutibilidade do valor dos benefícios 
As prestações, por sua natureza, constituem dívidas de valor. Não podem sofrer 
desvalorização; precisam manter seu valor de compra,acompanhando a inflação. 
 
V – eqüidade na forma de participação no custeio 
Quem ganha mais deve suportar ônus maior, para que ocorra a justa participação no custeio 
da Seguridade Social. 
Assim, a contribuição dos empregadores recai sobre o faturamento e o lucro, além da folha 
de pagamento. Quanto aos empregados, a alíquota varia de acordo com o valor da 
remuneração. 
 
VI – diversidade da base de financiamento 
O custeio provém de toda a sociedade, de forma direta e indireta. 
A Seguridade Social deve buscar recursos em fontes diversas, como: 
 Orçamentos públicos. 
 Contribuições dos empregadores, das empresas e entidades a elas equiparadas, 
incidindo sobre: 
 
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a 
qualquer título, à pessoa física que lhes prestar serviços, mesmo sem vínculo empregatício; 
b) a receita ou o faturamento; 
c) o lucro 
 
 Contribuições de trabalhadores e demais segurados da previdência social. Obs.: A lei 
maior proíbe, expressamente, a incidência de contribuição sobre determinados benefícios, 
concedidos de acordo com o regime geral de previdência social de que trata o art. 201: 
aposentadorias e pensões. 
 Receita de concursos de prognósticos. 
 
VII – caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão 
quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos 
aposentados e do Governo, nos órgãos colegiados. 
Cabe à sociedade civil participar da administração da Seguridade Social, através de 
representantes indicados pelos empregadores, pelos trabalhadores e pelos aposentados 
 
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(caráter democrático). Objetiva-se, também, enfatizar a atuação administrativa baseada nas 
prioridades e necessidades regionais e locais (caráter descentralizado). 
 
O art. 195, em seus parágrafos, acrescenta outros princípios, a saber: 
 
VIII – a vinculação das receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, 
destinadas à Seguridade Social, aos respectivos orçamentos, não integrando o 
orçamento da União (§ 1º). 
 
IX – a elaboração da proposta orçamentária da Seguridade Social integrada pelos 
órgãos responsáveis pela Saúde, previdência Social e Assistência Social, tendo em 
vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias (§ 2º). 
Convém registrar que a lei orçamentária anual compreenderá o orçamento da Seguridade 
Social, abrangendo todas as entidades a ela vinculadas, da administração direta ou indireta, 
bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo poder público, (Constituição 
federal, art. 165, § 5º, III); 
 
X – a gestão própria de seus recursos pela Previdência Social, pela saúde e pela 
Assistência Social (§ 2º, parte final); 
 
XI – a vedação à pessoa jurídica em débito com o sistema da Seguridade Social, 
conforme a lei estabelecer, de contratar com o Poder público, ou dele receber 
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios (§ 3º); 
 
XII – a instituição, através de lei complementar, de outras fontes destinadas a garantir 
a manutenção ou a expansão da Seguridade Social, desde que sejam não-cumulativas 
e tenham fato gerador inédito e base de cálculo inédita (§ 4º); 
 
XIII – a precedência do custeio em relação aos benefícios e serviços (nenhum 
benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido 
sem a correspondente fonte de custeio total - § 5º); 
 
XIV – a exigibilidade das contribuições sociais no mesmo exercício em que 
instituídas, respeitada a vacatio legis de 90dias (§ 6º); 
 
XV – a imunidade assegurada às entidades beneficentes de assistência social que 
atenderem às exigências da legislação (§ 7º); 
 
XVI – o tratamento específico ao produtor rural, parceiro agrícola, meeiro, arrendatário 
rural e pescador artesanal bem como aos respectivos cônjuges que exercerem suas 
atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes. 
De acordo com a lei maior, esses segurados devem contribuir para a Seguridade Social 
mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da sua 
produção, fazendo jus aos benefícios legais. 
 
XVII – a possibilidade de diferenciação de alíquotas ou bases de cálculo, nas 
contribuições sociais a cargo de empregadores, empresas ou entidades a elas 
equiparadas, em razão da atividade econômica ou da utilização intensiva de mão-de-
obra (§ 9º). 
 
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XVIII – definição, por lei própria, dos critérios de transferência de recursos para o SUS 
e a Assistência Social da união para os Estados, Distrito Federal e Municípios, bem 
como dos Estados para os Municípios, observada a respectiva contrapartida de 
recursos (§ 10). 
 
XIX – Vedação à remissão ou anistia das contribuições sociais, para débitos em 
montante superior ao fixado em lei complementar, a cargo de: a) empregador, 
empresa ou entidade a ela equiparada, incidentes sobre a folha de salários e demais 
rendimentos do trabalho, pagos ou creditados a qualquer título, às pessoas físicas 
que lhes prestarem serviços, mesmo sem vínculo empregatício; b) trabalhador e 
demais segurados da Previdência Social (§ 11). 
 
Vale observar que a Lei maior veda a utilização dos recursos provenientes das contribuições 
sociais de que trata o art. 195, I, ―a‖ e ―II‖, para a realização de despesas distintas do 
pagamento de benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201. 
 
ORGANIZAÇÃO DA SEGURIDADE SOCIAL 
As ações nas áreas da Saúde, da Previdência Social e da Assistência Social serão 
organizadas em Sistema Nacional de Seguridade Social, conforme dispuser a legislação. 
Os arts. 6º e 7º da Lei nº 8.212/91 – que tratavam da instituição, da composição, das 
atribuições e do funcionamento do Conselho Nacional de Seguridade Social – foram 
revogados pela Medida Provisória nº 1.799/99 e, depois, pela Medida Provisória nº 1.999-16, 
de 10/03/2000, e suas reedições, e, finalmente, pela Medida Provisória nº 2.216-37, de 
31/08/2001. 
A estrutura do MPS constante da Lei 10.683, de 28/05/2003, alterada pela Lei nº 10.869, de 
13/05/2004, que dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios, 
não prevê a existência do CNSS. Não há mais, portanto, o Conselho Nacional de 
Seguridade Social. 
Na forma da Lei nº 8.212/91, as propostas orçamentárias anuais ou plurianuais da 
Seguridade Social serão elaboradas por comissão integrada por 3 (três) representantes: um 
da área da Saúde, um da Previdência Social e um da Assistência Social (art.8º). 
Na realidade, a organização e o funcionamento de cada área obedecem a leis próprias, 
específicas para a Saúde, como para a Previdência Social, e também para a Assistência 
Social, respectivamente. 
 
SAÚDE 
A Saúde constitui ―direito de todos e dever do estado, garantido mediante políticas sociais e 
econômicas que visem à redução do risco de doença e outros agravos e ao acesso universal 
e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação‖ (CF art. 196). 
A Carta Máxima estabelece o Sistema Único de Saúde (SUS), baseado em três diretrizes: 
descentralização, atendimento integral, e participação da comunidade (art. 198). 
O financiamento do SUS dar-se-á com recursos do orçamento da Seguridade Social, da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes (art. 198, § 
1º). 
Compete ao Sistema Único de Saúde (art. 200, CF): 
1. Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e 
participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e 
outros insumos; 
 
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2. Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do 
trabalhador; 
3. Ordenar a formação de recursos humanos na área da saúde; 
4. Participar da formulação política e da execução das ações de saneamento básico; 
5. Incrementar em

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