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1 FUNDAMENTOS PSICOLÓGICOS PARA EDUCADORES por MYRIAM SAMPAIO NETTO Psicopedagogia Rio de Janeiro 2004 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO VEZ DO MESTRE FUNDAMENTOS PSICOLÓGICOS PARA EDUCADORES OBJETIVOS: Capacitar o Educador, dando-lhe um embasamento sobre termos essenciais da ciência que estuda o comportamento humano e os processos mentais. Objetivando-se classificar os mais variados conceitos, métodos e técnicas da Psicologia e Psicanálise em geral, enfatizando os traços de personalidade, emoção, mente, transtornos da mente, o meio ambiente e especificamente na área de aprendizagem, projetando suas dificuldades. 3 AGRADECIMENTOS A Todos os professores, corpo docente do Projeto “A Vez do Mestre”, ao professor Marco Antonio Larosa pela revisão dos textos. Aos colegas e pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a elaboração desse trabalho. 4 DEDICATÓRIA À Deus em primeiro lugar, pela realização desse trabalho e também aos meus pais, Umberto e Theresa pela ajuda e incentivo que sempre me deram. Myriam Sampaio Netto 5 SUMÁRIO: i� Introdução ....................................................................................... ..... 8 i� Capítulo I i� 1 – Psicologia ..................................................................................... 11 i� 1.1 – Antecedentes da Psicologia ....................................................... 11 i� 1.2 – O surgimento da Psicanálise ..................................................... 15 i� 1.3 – Objetivo da Psicologia ............................................................... 16 i� 1.4 – Academias de Psicologia ............................................................ 17 i� 1.4.1 – Estruturalismo ........................................................................... 18 i� 1.4.2 – Funcionalismo .......................................................................... 18 i� 1.4.3 – A Psicologia da Gestalt ............................................................ 19 i� 1.4.4 –A Psicanálise e a continuidade da Psicanálise freudiana ........... 19 i� 1.4.5. – Comportamental/Behaviorismo................................................ 21 i� 1.4.6 – A Psicologia Humanista ......................................................... 23 i� 1.5 – A Psicologia e seus métodos ................................................... 24 i� 1.5.1 – Método Introspectivo ................................................................ 25 i� 1.5.2 – Método Extrospectivo .............................................................. 25 i� 1.5.3 – Método Clínico ......................................................................... 25 i� 1.5.4 – Método de Pesquisa de Campo ................................................. 25 i� 1.5.5 – Método Científico ..................................................................... 26 i� 1.6 – Áreas de atuação da Psicologia .................................................... 27 i� 1.6.1 – Psicologia do Anormal ............................................................. 27 i� 1.6.2 – Psicologia Clínica ..................................................................... 28 i� 1.6.3 – Psicologia do Aconselhamento ................................................. 28 i� 1.6.4 – Psicologia Educacional ............................................................. 28 6 i� 1.6.5 – Psicologia Escolar ................................................................. 29 i� 1.6.6 – Psicologia Industrial .............................................................. 29 i� 1.6.7 – Psicologia da Religião ........................................................... 30 i� 1.6.8 – Psicologia Pastoral ................................................................. 30 i� 1.6.9 – Psicologia Jurídica .................................................................. 30 i� Capítulo II i� 2 – Personalidade e Inteligência .................................................... 32 i� 2.1 – Mente ........................................................................................ 40 i� 2.2 – Emoção ..................................................................................... 46 i� 2.3 – Transtornos da Mente ............................................................... 52 i� 2.4 - Aprendizagem .......................................................................... 66 i� Capítulo III i� 3 – A Psicologia na Educação ........................................................ 71 i� 3.1 – A Psicologia da Aprendizagem ................................................ 72 i� 3.2 – A Psicologia do Desenvolvimento ........................................... 75 i� 3.3 – A Psicanálise e Educação ......................................................... 79 i� 3.3.1 – Jung e a Educação ................................................................. 83 i� Capítulo IV i� 4 – Dificuldades de Aprendizagem e Fracasso Escolar ...................... 86 i� 4.1 – Alfabetização ............................................................................. 94 i� 4.2 – Leitura / Escrita ......................................................................... 96 i� 4.2.1 – Leitura ..................................................................................... 97 7 i� 4.2.3 – Escrita ..................................................................................... 101 i� 4.3 – A Matemática .......................................................................... 103 i� 4.4 – A Avaliação Pedagógica ........................................................ 105 i� Conclusão ......................................................................................... 109 i� Anexos .............................................................................................. 110 i� Bibliografia ....................................................................................... 114 8 INTRODUÇÃO: A falta de conhecimentos psicológicos na área de Educação principalmente ao se tratar de fatores básicos de aprendizagem, certamente tem limitado muito o trabalho do Educador. Estamos numa época em que cresce cada vez mais a preocupação na área da Educação, pois a busca de novas soluções para melhorar a qualidade de ensino em todos os aspectos que envolvem o indivíduo, tanto no ensino fundamental, como no ensino médio, tem sido de grande importância para a sociedade moderna em todas as comunidades. Existe uma constante investigação por parte de educadores a cerca de como realizar em seus alunos o incentivo e a vontade de aprender para evitar o fracasso escolar. Experimenta-se os jogos, a arte, a música, vídeo, informática.Porém, a resposta muitas vezes não vem através de entretenimentos educativos, que com certeza de uma maneira geral ajuda e muito, mas sim, através do lado psicológico humano. A compreensão e a observação de condutas infanto-juvenis, as tomadas de precauções e as atitudes do próprio educador em relação aos seus alunos, podem criar medidas preventivas para o futuro, evitando transtornos traumáticos e ganhando o carinho e a atenção desses, e assim, consequentemente, obter bom êxito. A relação professor/aluno, depende muito mais da maneira como o professor (a) vai conduzir a sua turma e em especial a cada indivíduo, do que propriamente do aluno, que se encontra a mercê de seu (sua) professor (a). As dificuldades de aprendizagem apresentam-se das mais variadas formas. O esclarecimento de algumas patologias, doenças psicossomáticas, 9 transtornos mentais e alguns tipos de distúrbios, nos capacitam para requerermos sucesso no desempenho como educadores. Esta presente obra é um livro que trata especialmente de listar em breves explicações os fundamentos psicológicos básicos que podem facilitar muito em rápida leitura, o conhecimento que atende as necessidades de um educador no seu dia – a - dia em escola. Os Fundamentos Psicológicos para Educadores tem por objetivo: - Capacitar o Educador, dando-lhe um embasamento sobre termos essenciais da ciência que estuda o comportamento humano e os processos mentais. - Classificar os mais variados conceitos, métodos e técnicas da Psicologia e Psicanálise em geral, enfatizando os traços de personalidade, emoção, mente, transtornos da mente, o meio ambiente e especificamente na área de aprendizagem, projetando suas dificuldades. Supondo que os Educadores passem a adotar tais conhecimentos dos fundamentos psicológicos em questão, com certeza seu desempenho como profissional vai melhorar e muito, principalmente no detectar de problemas de ordem e fatores psicológicos em alunos, dos quais necessitam de maior atenção e cuidados específicos, o que poderia promover o crescimento global de aproveitamento escolar. Obviamente, não seria bom se estender para além do alvo. A questão é bem simples: seguindo os parâmetros psicológicos e psicanalíticos desde o seu surgimento em épocas remotas e em pequenas pinceladas, até chegarmos na sua atualidade abordando conceitos básicos, principalmente os da área de aprendizagem. 10 A pesquisa foi realizada através de enciclopédia multimídia, livros, revistas, jornais e os meios informativos na área de Psicologia e Psicanálise, reunindo, então, um grupo de idéias e conceitos selecionados resumidamente para a disposição daqueles que desejam ter maior conhecimento nesse campo. A parte histórica e o seu desenrolar através dos tempos até chegar aos nossos dias, os antigos e novos conceitos de psicólogos e psicanalistas que aturaram, e outros que ainda atuam na área de Educação, estarão relatados esclarecidamente para a melhor compreensão do leitor. 11 CAPÍTULO I 1- PSICOLOGIA Origem: é uma palavra formada pelos termos em grego – Psique = alma, e logia = estudo. Portanto, é o estudo da alma, que contém os fenômenos da vida mental, consciente e inconsciente, de um indivíduo, determinando o seu comportamento. (Isidro Pereira, “Dicionário Grego- Português / Português-Grego”). 1.1 - ANTECEDENTES DA PSICOLOGIA Hipócrates, um médico grego (460 a 370 a.C.), ao investigar a maneira como as pessoas de sua época se comportavam, criou a “Teoria dos quatro temperamentos”, classificando-os em sangüíneo, melancólico, colérico e fleumático. A Psicologia é proveniente da Filosofia, onde vários filósofos, “amantes da sabedoria”, como Aristóteles, Platão e outros, prestaram grandes contribuições para o desenvolvimento da Psicologia. A palavra Psicologia, foi usada pela primeira vez pelo professor Goclenius, em Marburgo, no ano de 1590, ao dar título a uma de suas obras. O teólogo Casmann, publicou, no ano de 1594, Psychologia 12 Anthropologia (Antropologia e Psicologia), onde constava a distinção entre a Psicologia e a Anatomia. O filósofo francês René Descartes (1596-1650), que é considerado o pai da filosofia moderna, em sua investigação sobre a mente ativa, concluiu que os processos mentais conscientes eram o pensamento intelectual, os sentimentos, as sensações e as vontades. Descartes, aliou sua fé cristã ao saber científico, comprovando as verdades sobre o espírito e a matéria, afirmando que o primeiro, ou seja, a parte imaterial do ser humano, não era uma doutrina revelada, e sim uma realidade possível de observar através da reação do mesmo. Por isso, afirmou Descartes: “Penso, logo existo”. A Filosofia e a Psicologia vieram a se beneficiar do dualismo mente-corpo do filósofo francês René Descartes, que foi um genuíno representante da filosofia racionalista, que tem como ponto de partida a busca da verdade através do raciocínio. O filósofo inglês, John Locke (1632-1704), foi o primeiro representante da filosofia empirista. Empirismo é uma palavra que vem do grego empeiria, que significa experimental.(Isidro Pereira, “Dicionário Grego- Português / Português - Grego). Os filósofos empiristas lidavam com os fatos da mente, numa base objetiva, na qual podemos exemplificar o papel da percepção sensorial como fonte das idéias e dos conhecimentos. Para John Locke, quando uma criança nasce, sua mente está vazia, ou seja é uma tábua rasa, e ela irá ser preenchida por sensações, imagens e idéias. Já, para os racionalistas, que lida com os fatos metafísicos, ou seja, examina o ser e suas propriedades, o fator principal era o que a mente fazia, tal 13 como perceber, recordar, raciocinar e desejar. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos para Ministros do Evangelho”, págs.: 12-13-14) O filósofo, teólogo e matemático Emanuel Kant (1724-1804), a partir dos seus escritos, da primeira edição de Crítica da Razão Pura, fez com que a palavra Psicologia, que por longo tempo caiu no esquecimento, voltasse à tona. Para Kant, a realidade é constituída pelo próprio indivíduo, por ser um sujeito inteligente. Fundou a filosofia crítica e tentou determinar as leis e os limites do conhecimento humano. As principais influências dos conceitos de Kant, foram David Hume e Jean Jacques Rousseau, o filósofo francês. Com a morte de seu pai, se viu forçado a interromper seus estudos e se tornar professor particular e mais tarde, retornou para Universidade de Konigsberg, onde se tornou professor. (fonte: “The 1996 Grolier Multimedia Encyclopedia”). O jovem estudante de medicina, o austríaco Frans Aton Mesmer (1733-1815), por volta de 1760, criou a fonte pré - científica chamada de mesmerismo. Mesmer, acreditava que o magnetismo emanava das estrelas e dos animais, tanto quanto do ferro. Ao utilizar um magneto no tratamento de doenças como a paralisia, a convulsão ou a neurose, obtendo êxito, assinalou que a influência magnética poderia ser transmitida pelo metal,concluindo mais tarde que a mão, fazia o mesmo efeito. 14 Importantes personagens da época, como o químico francês Antoine Laurent Lavoisier (1743 – 1794), autor da famosa frase: “No universo nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, estudaram o trabalho de Mesmer sobre o mesmeirismo e concluíram que realmente as pessoas eram curadas, mas não através do magnetismo, e sim da imaginação do cliente. O português Abade Faria (1756 – 1819) é considerado o fundador da moderna hipnose. Abade afirmou que a hipnose era um estágio entre o sono e a vigília e que este estado (ou transe hipnótico) dependia principalmente da pessoa a ser hipnotizada. O cirurgião inglês James Braid introduziu o termo hipnotismo. Nas décadas finais do século XIX, a hipnose passou a ser utilizada na cura da histeria, que é um transtorno causado pela psique. Os médicos hipnotizavam os clientes com o objetivo de, em transe hipnótico, trazerem à consciência, os pensamentos reprimidos, a fim de que os sintomas histéricos desaparecessem e os clientes obtivessem a cura. August Comte ( 1798 – 1857), um francês filósofo, quem fundou o Positivismo, deu os primeiros passos para emancipar a psicologia da filosofia, a fim de que a primeira se tornasse uma ciência natural dos fenômenos psíquicos. Criar uma teoria científica da sociedade, que subsistisse com o apoio da Biologia e da Sociologia, foi uma das intenções de Comte. (fonte: “The 1996 Grolier Multimedia Encyclopedia”) O médico Wilhelm Wundt (1832 – 1920) foi docente da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, onde ensinou Fisiologia durante dezessete anos. O August Comte 15 Dr. Wilhelm Wundt, com o objetivo de obter a emancipação da Psicologia, aceitou a cátedra da Filosofia da Universidade de Leipzig, na Alemanha, onde, em 1879, criou o primeiro laboratório de psicologia experimental, atingindo o seu objetivo de emancipar a psicologia da filosofia, tornando-a a ciência do comportamento. Por este marco, Wundt é considerado o pai da psicologia moderna, também chamada de psicologia científica, que no Brasil foi reconhecida como profissão, no ano de 1962, através da lei 4.119. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos para Ministros do Evangelho”, págs.: 15,17) 1.2 - O SURGIMENTO DA PSICANÁLISE Em 1885, o jovem Sigmund Freud (1856 – 1939) viajou de Viena para Paris, para especializar-se em neurologia, com o médico neurologista Dr. Jean- Martin Charcot (1825 – 1893), que trabalhava e lecionava no Hospice de Salpêtrière. Neste hospício, como parte de seu preparo para clinicar, Freud presenciou Charcot aplicar a técnica psicoterápica da hipnose. Ao retornar a Viena, após ter completado seus estudos em Paris, Freud começou a clinicar, usando a técnica hipnose e catarse, que é a verbalização de uma lembrança emocional e/ou traumatizante recalcada. Freud concluiu que nem todos os pacientes podiam ser hipnotizados, outros, que eram hipnotizados, fracassavam na recuperação, além de outros se recusarem a ser submetidos a esta técnica psicoterápica. Foi então, que Freud substituiu a técnica psicoterápica hipnose pela associação livre, surgindo assim, 16 em 1896, pela primeira vez, o termo Psicanálise, que revolucionou a Neurologia e a Psiquiatria, pois os médicos, até o momento das investigações do Dr. Sigmund Freud, não sabiam como tratar os transtornos mentais que tinham causas psíquicas. A Psicanálise tornou-se assim, a pedra fundamental de outras psicoterapias modernas. Em seus estudos sobre a mente, Freud concluiu que existiam transtornos que podiam ser causados e aliviados pelo simples poder de idéias. Quando o médico não encontra nenhuma causa física que justifique o transtorno da mente, é porque a causa é psicológica. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos para Ministros do Evangelho”, p. 16) 1.3 – OBJETIVO DA PSICOLOGIA Em busca de encontrar o objeto de estudo da Psicologia, surgiram muitas correntes. Muitas nasciam em oposição a sua antecessora. Estas escolas de Psicologia tinham como objetivo o estudo de consciência da mente, procurando fazer suas demonstrações através do método científico. Sigmund Freud, ao criar a Psicanálise, não usou a metodologia científica, tendo em vista que os seus postulados foram fundamentados em sua vivência com seus clientes. As escolas que surgiram antes da Psicanálise falavam sobre o nível consciente da mente, já Freud, inovou, postulando que a mente humana possui três níveis, que são: o consciente, o pré-consciente e o inconsciente. De acordo com Freud, a maior parte da nossa vida psíquica é inconsciente, sendo este pilar em que está fundamentada a psicanálise, também conhecida como a ciência do inconsciente. 17 O médico neurologista Sigmund Freud, com a psicanálise, revolucionou a Psiquiatria, Neurologia e a Psicologia, como é possível se vê no dia de hoje. Assim sendo, estas e outras contribuições dos cientistas do comportamento, possibilitam-nos entender que é na mente que se processam os pensamentos de uma pessoa, sendo pois a mesma incorpórea e detentora de incalculável sabedoria. Assim, os objetos de estudo da Psicologia são os processos mentais e o comportamento, em que o psicólogo, dependendo da escola de psicologia que segue, tem o objetivo de compreender e analisar o porquê do comportamento, procurando explicações para suas emoções, predizendo e até mesmo, quando é necessário. Modificando-o, a fim de proporcionar o bem estar psíquico, orgânico, social e espiritual do ser humano. (Samuel Costa, “Fundamentos da Psicologia para Ministros do Evangelho”, págs.: 23-24) Atualmente, só se pode exercer a função de psicoterapeuta, o profissional formado na faculdade de Psicologia, com especialização em psicologia clínica. 1.4 - ACADEMIAS DE PSICOLOGIA Após Wilhelm Wundt ter criado na Universidade de Leipzig, na Alemanha, o primeiro laboratório de Psicologia experimental, muitos estudiosos emigraram para a Alemanha, para estudarem com Wundt. Com o advento da Psicologia Científica, no fim do século XIX, desenvolveram-se nos Estados Unidos da América o Estruturalismo e o Funcionalismo, que no início do século XX, começaram a ser substituídos pelo Behaviorismo, a Gestalt e a Psicanálise. Nos dias atuais existem variedades de escolas de psicologia, que se diferenciam uma das outras, através do método de investigação que utilizam. Tipos: Estruturalismo - Funcionalismo - A Psicologia da Gestalt - A Psicanálise e a 18 continuidade da Psicanálise Freudiana - Comportamental / Behaviorismo - A Psicologia Humanista. 1.4.1 - ESTRUTURALISMO Edward B. Tichener (1867-1927), inglês, foi treinado por Wundt, na Alemanha. Mais tarde, foi residir na América do Norte, onde dirigiu o departamento de Psicologia da Universidade do Cornell e fundou a escola de psicologia americana, chamada de Estruturalismo, introduzindo este termo. Para Tichener, os psicólogos deviam estudar a consciência humana, ou seja, os fenômenos mentais como a percepção e outros. Para que a pessoa devidamente treinada pudesse fazer o trabalho analítico de laboratório, a que estivesse sendo submetida ao experimento, deveria fazer o relato da experiência a que estava sendo submetida. Este é o método introspectivo. 1.4.2 - FUNCIONALISMO Foi fundado pelo norte americano, filósofo e psicólogoWilliam James (1842-1910). Tendo estudado na Europa, mais tarde em 1861 entrou para a Universidade de Havard, E.U.A. Após seus estudos, James lecionou filosofia e psicologia na mesma universidade, durante 35 anos. O objeto de estudo da Psicologia é descobrir como funcionam os processos mentais , tais como o pensamento, a emoção, seus conhecimentos, suas aspirações, decisões e outros, com o objetivo de adaptar o ser humano ao meio 19 ambiente. O método desenvolvido por William James opunha-se ao associassionismo (associação de idéias). Uma das contribuições deixadas por ele foi a teoria das emoções, instinto e da transferência de aprendizagem. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos para Ministros do Evangelho”, p.18). 1.4.3 – A PSICOLOGIA DA GESTALT Gestalt é uma palavra de origem alemã que se traduz por configuração, forma. Para a Psicologia da Gestalt, também conhecida como a Psicologia da Forma, o ser humano deve ser compreendido como um todo, com os seus fatos psíquicos, condutas e personalidade. Gestalt é um movimento da Psicologia Experimental, que teve sua origem na época da I guerra mundial. Teve significantes contribuições para os estudos de percepção e solução de problemas. (“The 1996 Grolier Multimedia Encyclopedia”). Pesquisadores alemães como Kurt Koffka, Wolfgang Kohler e Max Wertheirner, começaram estudando os caminhos dos quais as percepções são formadas e como os processos são determinados pelo contexto, configuração e sentido, melhor que pela simples acumulação de elementos sensoriais. 1.4.4 – A PSICANÁLISE E A CONTINUIDADE DA PSICANÁLISE FREUDIANA 20 Em seus estudos sobre a mente, Jean-Martins Charcot e Sigmund Freud concluíram que existiam transtornos mentais que podiam ser causados e aliviados pelo simples poder de idéias. Quando o médico não encontra nenhuma causa física que justifique o transtorno da mente, é porque a causa é psicológica, então é necessário que o cliente faça o relato do que está se passando com ele, a fim de que o médico possa localizar a causa psicológica da doença. O médico neurologista Sigmund Freud trocou a Neuropatologia pelo estudo do psiquismo. Em suas investigações sobre a psique, Freud concluiu que ano inconsciente estão armazenadas experiências em forma de impulsos hostis e destrutivos: desejos proibidos, pensamentos não controlados e reprimidos, que poderão vir ao nível consciente e serem tratados de maneira mais racional, a fim de livrar o paciente da ansiedade excessiva. Para que este processo aconteça, é preciso que o cliente tenha orientação e ajuda de um profissional especializado, daí Freud ter criado a psicanálise, que consiste em uma técnica psicoterápica, para ser aplicada no tratamento de pessoas portadoras de transtornos mentais e das formas anormais de adaptação. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos para Ministros do Evangelho”, p.19) A Psicanálise Freudiana foi a pioneira no tratamento dos transtornos mentais, causados por conflitos psíquicos. Atualmente existem diversas técnicas psicoterápicas utilizadas para ajudar as pessoas com transtorno mental, nas quais o psicólogo clínico e/ ou psicanalista, numa relação de ajuda com o cliente na esfera emocional, procura promover o crescimento e o desenvolvimento positivo da personalidade do cliente. 21 Atualmente só se pode exercer a função de psicoterapeuta, o profissional formado na faculdade de Psicologia, com especialização em psicologia clínica. (idem, p.20) Além de Alfred Adler e Carl Gustav Jung (1875-1961), Sigmund Freud, teve em Wilhelm Reich, outro dissidente, que também criou a sua abordagem a partir da teoria psicanalítica freudiana, que tem sua continuidade nas abordagens de Melaine Klein e Jaques Lacan. O médico psiquiatra francês Jaques Lacan (1901-1981), teve como tese de doutorado o tema: “Da psicose paranóica e suas relações com a personalidade”. Em 1934, Lacan entrou para a Sociedade Psicanalítica de Paris e em 1964, fundou a Escola Freudiana de Paris. Dando continuidade à teoria psicanalítica de Sigmund Freud. O médico psiquiatra e psicanalista Jaques Lacan apresentou vários seminários, como os intitulados: Os Escritos Técnicos de Freud, O eu na Teoria de Freud e na Técnica da Psicanálise, As Psicoses, As Relações de Objeto, As Formações do Inconsciente, O Desejo e sua Interpretação, A Ética da Psicanálise, A Transferência, A Identificação, A Angústia, Os Quatro Conceitos Fundamentais da Psicanálise e o Objeto da Psicanálise. (idem, págs.: 20,22) 1.4. 5 - COMPORTAMENTAL / BEHAVIORISMO Por volta de 1920, o norte americano John Braodus Watson (1878-1958) criou a escola de psicologia Comportamental, também chamada de behaviorista. Para Watson, o objeto de estudo da Psicologia é o comportamento, ou seja, as manifestações exteriores da vida mental do indivíduo, que é aberto a inspeção 22 pública, devendo ser observado pelos psicólogos. Esse método de observação é chamado de extropeccão. Ao utilizar a extropecção na investigação do comportamento dos bebês recém-nascidos, o psicólogo behaviorista Watson concluiu que eles apresentam três tipos de emoções: o medo, a cólera e o amor. Watson, opondo-se ao ponto de vista da psicologia funcionalista, alegou que a introspecção estava sujeita a falhas, ou seja, a pessoa pode dizer uma coisa e fazer outra. O importante é o comportamento que é observável. Para Watson, a experimentação científica era a base fundamental da psicologia behaviorista. Uma das experiências coroada de êxito, feita por Watson, consistiu na demonstração de que a aprendizagem afeta as reações emocionais. Esta conclusão, já presenciamos algumas vezes, basta recordarmos de pessoas que aprenderam, de uma forma ou de outra, a ter medo de barata, e quando a vê, sua reação emocional muda. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos para Ministros do Evangelho”, p.21). O principal sucessor de Watson foi Burrhus Frederic Skinner, com suas famosas experimentações. B. F. Skinner (1904-1990), é conhecido por suas contribuições ao behaviorismo. Formado em inglês (letras) na Universidade de Hamilton (1926), acabou por abandonar a carreira de escritor por causa da grande influência exercida pelos escritos do psicólogo John B. Watson. Seguindo, então, o caminho da Psicologia, Skinner recebeu o seu doutorado em Psicologia na Universidade de Harvard em 1931, permanecendo ali como pesquisador no processo de aprendizagem até 1936. Foi neste período, que ele inventou a famosa “Caixa de Skinner”, que foi um aparato onde foram 23 desenvolvidos experimentos com animais (ratos) relacionados com o condicionamento operante. (“The 1996 Grolier Multimedia Encyclopedia”). Através dos estudos do condicionamento pavloviano, em oposição, Skinner formulou o conceito do comportamento operante, que considerava mais representativo da situação de aprendizagem da vida humana. Portanto, o condicionamento operante é o processo pelo qual um programa de reforços é capaz de produzir uma modelagem do comportamento humano. Todo reforçador refere-se a um objeto ou a uma ação capaz de afetar o sujeito. Reforço ou reforçamento é o processo que favorece a probabilidade de uma resposta ser repetida, em circunstâncias similares. Para que o condicionamento se efetue é necessário que o organismo seja estimulado pelas conseqüências de seu comportamento. (Ira Maria Maciel, “Psicologia e Educação – Novos Caminhos para a Formação”, p. 119). A principal fonte de estudo dos behavioristasé a relação existente entre o estímulo e a resposta, que têm como lema: “Estimule o animal e veja como ele se comporta”. Estímulo psicológico é alguma coisa que desperta a reação do indivíduo. 1.4.6 - A PSICOLOGIA HUMANISTA A Psicologia Humanista é uma aproximação de psicoterapia, na qual, o cliente vem a ser um parceiro consciente ao lado do terapeuta no decorrer do tratamento. Chamado de “terceira força” por Abraham Maslow (1908–1970), o pioneiro neste movimento junto a Carl Rogers (1902-1987), ambos norte americanos. 24 Carl Rogers formou uma prática clínica sobre os conceitos nos quais ele chamava de Terapia-Centrada-no-Cliente, ou psicoterapia não-diretiva, do qual ele escreveu amplamente sobre suas experiências. Esta técnica psicoterápica é fundamentada no self, isto é, a visão que um indivíduo tem de si mesmo. O selfideal consiste na concepção do tipo de pessoa que se gostaria de ser. Segundo a terapia centrada no cliente, quando as pessoas não conseguem realizar suas potencialidades, que estão dentro de si, a falha está nas influências destrutivas e deformadoras, exercidas pelos pais, pela educação, professores e outras pressões sociais. No ano de 1962, vários psicólogos se reuniram e fundaram a Association of Humanistic Psychology (Associação de Psicologia Humanista), surgindo então psicologia humanista, fundamentada na abordagem fenomenológica da personalidade, onde o foco central é a maneira como o indivíduo percebe e interpreta os eventos em seu ambiente atual. O objetivo desta psicologia é compreender o cliente. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos para Ministros do Evangelho”, p.22). 1.5 - A PSICOLOGIA E SEUS MÉTODOS Os cientistas do comportamento lançam mão dos seguintes métodos de investigação, com o objetivo de compreender e controlar o comportamento de uma pessoa ou de um grupo, como também do animal irracional. 25 1.5.1 - MÉTODO INTROSPECTIVO Consiste na observação que o próprio indivíduo faz acerca da sua vida mental. Exemplo disso é o Estruturalismo que aplicava este método. 1.5.2 – MÉTODO EXTROSPECTIVO Consiste na observação acerca das manifestações exteriores da vida mental, de uma pessoa ou de um animal, no qual pode também ser observado um grupo. 1.5.3 – MÉTODO CLÍNICO Neste tipo de Método, o psicólogo clínico utiliza entrevistas, testes, a fim de colher os dados para compreender as influências e as forças que atuam no comportamento do indivíduo, formulando assim o estudo clínico. As coletâneas de dados deste estudo de caso é formulada através da anamnese, que consiste na coletânea de dados que o psicólogo faz da pessoa que veio buscar ajuda, a fim de dar um explicação psicológica para o comportamento insensato. 1.5.4 – MÉTODO DE PESQUISA DE CAMPO 26 também chamado de levantamento, consiste em o psicólogo escolher um tipo de comportamento a ser investigado e fazer uma pesquisa de opinião pública, usando entrevistas ou questionários. Se quiséssemos saber o comportamento de alunos de determinada escola, a respeito de alunos adolescentes: usaríamos as instruções para a aplicação deste método, sendo uma delas, a elaboração das questões, como também a escolha de um número representativo de pessoas a serem investigadas. 1.5.5 - MÉTODO CIENTÍFICO Os cientistas do comportamento humano formulam hipóteses através das investigações feitas nos comportamentos dos seres humanos e/ ou animais, e estas hipóteses, investigadas, são avaliadas através da metodologia científica, que é uma das maneiras plausíveis de comprovar as verdades científicas. Se as hipóteses psicológicas investigadas forem comprovadas, elas tornar-se-ão lei, tal como as ditadas pelos cientistas do Centro de Estudos da Ciência e da Religião da Universidade Columbia, nos Estados Unidos da América, que ao estudarem as regiões do cérebro, que são ativadas durante as orações chegaram a seguinte conclusão: O lobo temporal inferior está ligado diretamente à representação mental de objetos sagrados, como a vela e a cruz, facilitando a oração e a meditação; o lobo frontal está diretamente ligado à concentração. Esta área do cérebro é automaticamente ativada quando a pessoa, que crer em Deus, faz meditação; o lobo temporal central está ligado a fisionomia que o indivíduo faz diante da emoção religiosa; e o lobo parietal é a região onde as respostas às palavras Lobo frontal Lobo temporal central Lobo parietal Lobo Temporal inferior 27 religiosas são administradas. (idem, p.25) e (“The Grolier Multimedia Encyclopedia”). 1.6 – ÁREAS DE ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA A Psicologia está ramificada em diversas áreas distintas, sendo quase impossível enumerá-las devido ao avanço das ciências humanas, mas as técnicas psicológicas usadas têm sempre o objetivo de promover o bem estar mental, físico e social do ser humano. As principais divisões da Psicologia são: A psicologia experimental ou empírica – é o ramo da Psicologia, cuja linha de investigação está fundamentada na metodologia científica, em que o psicólogo experimental realiza pesquisas científicas no campo social militar, clínico, industrial, utilizando-se da emoção, sentimento, aprendizagem e tempo de reação da pessoa ou do grupo de pessoas que estiver sendo investigado; a psicologia geral – é o ramo da Psicologia que abrange todos os aspectos da mesma, isto é, estuda os fenômenos psíquicos em suas manifestações gerais; a psicologia aplicada – é o ramo da Psicologia que se dedica a investigações mais práticas e teóricas, utilizando os princípios psicológicos em qualquer campo da atividade humana, como a arte, a educação, a medicina, a indústria, a religião etc. 1.6.1 - PSICOLOGIA DO ANORMAL 28 É a parte da Psicologia que tem por objetivo investigar e dar descrição detalhada das causas e dos sintomas dos transtornos mentais. Exemplo: - Proporcionar entendimento sobre as anormalidades do comportamento humano. 1.6.2 - PSICOLOGIA CLÍNICA É atualmente o campo da Psicologia onde se concentra o maior número de psicólogos, engajados em aplicar os princípios e métodos da Psicologia no tratamento de problemas emocionais e comportamentais. Estes profissionais do comportamento humano lidam primordialmente com psicodiagnósticos, psicoterapia e transtornos mentais. Exemplo de lugares onde atuam: -Consultório particular, hospital e clínica. 1.6.3 .- PSICOLOGIA DO ACONSELHAMENTO Lida com problemas acadêmicos, sociais e ocupacionais dos estudantes. As escolas e os colégios empregam a maior proporção destes profissionais que trabalham neste campo e são chamados de psicólogos conselheiros, cujo trabalho está muito próximo dos psicólogos clínicos. Exemplo: Um funcionário que antes produzia muito, porém depois de passar por uma fase difícil não conseguiu um bom desempenho em seu cargo, é nessa hora que entra o aconselhamento, para ajudá-lo. 1.6.4 - PSICOLOGIA EDUCACIONAL 29 Está relacionada com a educação e os seus interesses principais estão na aprendizagem e no teste mental. O psicólogo educacional desenvolve, planeja e avalia materiais e métodos para programas educacionais, currículos escolares e técnicas de ensino. A psicologia educacional está intimamente ligada à psicologia escolar. Exemplo: - A introdução e o encaminhamento de métodos como as concepções inatistas, ambientalistas, interacionistas, construtivistas.1.6.5 - PSICOLOGIA ESCOLAR O Psicólogo escolar tem a responsabilidade de orientar os profissionais de ensino, aplicar teste nos alunos e professores, como também fazer pesquisas para dar o psicodiagnóstico do transtorno escolar. Exemplo: - Se há um aluno com problemas sérios no lar, esta criança obviamente não conseguirá ter um bom rendimento escolar, então entra a intervenção de um psicólogo escolar para uma ajuda psicológica; ou no caso de um professor que tem problema de adaptação com sua turma, devendo ser encaminhado para uma avaliação psicológica. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos para Ministros do Evangelho”, págs.: 29-30). 1.6.6 – PSICOLOGIA INDUSTRIAL É o ramo da Psicologia aplicada que se ocupa da aplicação de métodos e descobertas da psicologia para a solução de problemas industriais, seleção e admissão de pessoal, condições de trabalho, recompensas do trabalho, relação 30 dos operários entre si e deles com seus coordenadores. Exemplo: - Na entrevista e admissão de um funcionário de uma determinada empresa, o psicólogo deverá fazê-lo passar por um teste de avaliação psicológica. Este deverá também encaminhá-lo ao cargo que melhor lhe aprouver. 1.6.7 - PSICOLOGIA DA RELIGIÃO É a aplicação dos conhecimentos da Psicologia sobre a influência que a divindade ou o sobrenatural produz no comportamento do homem religioso. Geralmente esta área da Psicologia é ministrada em seminário teológico. 1.6.8 - PSICOLOGIA PASTORAL É a aplicação dos conhecimentos da Psicologia, com a finalidade de proporcionar aos ministros do Evangelho de Cristo as informações sobre o comportamento humano, a fim de que eles possam orientar as pessoas a manterem o bem estar espiritual, psíquico, físico, químico e social, tão necessário para que não adquiram as principais doenças deste mundo moderno, que são a neurose e a psicose. 1.6.9 - PSICOLOGIA JURÍDICA 31 É a aplicação dos conhecimentos da Psicologia no campo jurídico. No Brasil está relacionada à justiça da infância e juventude, onde se desenvolvem trabalhos relacionados à questão de adoção, maus tratos, adolescentes em conflito com a lei, direito de família, em que o trabalho está relacionado à disputa de guarda ou visitação de filhos de casais que se separam, sistema penal, com trabalhos desenvolvidos nas penitenciárias e manicômios judiciários. Exemplo: - Pais que se separam, e existem problemas sobre a idoneidade da mãe ou do pai para a decisão de quem ficará com a guarda dos filhos. Os filhos deverão passar por uma entrevista com um(a) psicólogo(a) que atua na área jurídica, e da mesma forma os pais, um de cada vez. É de grande importância os relatos dos filhos para a decisão final além, claro, da última palavra do juiz. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos para Ministros do Evangelho”, p.31). 32 CAPÍTULO II 2 - PERSONALIDADE E INTELIGÊNCIA Personalidade: - Deriva da palavra latina persona, que significa uma máscara através do qual um ator dizia em seu papel, isto é: refere-se à aparência externa ou ao papel que alguém desempenha. Atualmente existem diversas definições e teorias da personalidade. Teorias da personalidade: muitas teorias da personalidade tem sido apresentadas, como: a teoria psicanalítica - psicodinâmica, a teoria do traço (ou das características), a teoria da personalidade humanística, teoria da aprendizagem social e a teoria da personalidade cognitiva (fonte: Multimedia Encyclopedia – Grolier Electronic Inc. 1996). Neste estudo, será definido como sendo a soma total, o padrão geral das maneiras de um indivíduo pensar, sentir e comportar-se, especialmente em referência a outras pessoas. A hereditariedade, o ambiente – incluindo as influências pré-natais – o lar e a família, os amigos, a escola, a religião, a comunidade e a nação afetam consideravelmente a nossa personalidade. Cada indivíduo possui um conjunto de características que são somente suas, e estas o diferencia do outro, sendo possível de serem notadas mesmo em gêmeos. Existem dois fatores que determinam a personalidade de um indivíduo: o caráter e o temperamento. a) - Caráter: - “É o conjunto de traços particulares, o modo de ser de um indivíduo, ou de um grupo; índole, natureza e temperamento.” (Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa). - Quando o conjunto das qualidades de uma pessoa diante do meio social em que vive é bom, honesto e certo, estamos nos referindo ao conjunto de regras de conduta válidas pela sociedade, mas quando a qualidade da conduta é má, desonesta, errada, este conjunto de regras é reprovada pela sociedade. Esta qualificação, com sentido moral e ético, depende da cultura do indivíduo ou do grupo. b) - Temperamento: - “É o conjunto dos traços psicológicos de uma pessoa, e que lhe determinam as reações emocionais, os estados de humor e o caráter”. (Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa). - O temperamento está ligado diretamente à natureza emocional da pessoa, que através de suas atividade mentais expressa aspectos fisionômicos, como: alegre ou triste, calmo ou nervoso, agradável ou desagradável, ansiedade, angústia, depressão etc. O meio social que a pessoa vive e os fatores herdados influenciam grandemente no temperamento do ser humano. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos para Ministros do Evangelho”, págs.: 110-113) Os estudos psicológicos sobre a personalidade, sempre tentaram formular princípios gerais que expliquem as diferenças individuais no comportamento. (fonte Multimedia Encyclopedia – Grolier Electronic Inc. 1996). Vejamos aqui como a personalidade é vista através da Psicanálise. a) - A personalidade segundo a Psicanálise: - O psicanalista Sigmund Freud, apresentou em seu livro: A Interpretação dos Sonhos a primeira teoria sobre o funcionamento psíquico: O consciente, o subconsciente e o inconsciente. A esta instância psíquica do funcionamento da personalidade, Freud introduziu a segunda teoria do aparelho psíquico, remodelada entre 1920 e1923, introduzindo os três aspectos básicos da personalidade: O id, o ego e o superego. 33 O id é a parte hereditária e mais profunda da personalidade. Nele estão contidos os desejos recalcados, como também uma carga energética e motora que impulsiona o indivíduo a buscar a satisfação dos anseios, sem levar em conta o que poderá acontecer ou não. São fenômenos inconscientes. O segundo aspecto básico da personalidade que surge é o ego, que no início da vida age exclusivamente a favor do id e gradativamente passa a assumir a sua verdadeira função de controlador dos desejos recalcados e as pulsões provenientes do id. O ego age de acordo com o princípio da realidade, contribuindo para a defesa do próprio indivíduo, agindo como juiz dos conflitos existentes entre o id e o superego. O ego geralmente age contra o id, quando ele percebe que os impulsos provenientes deste, criarão transtorno na vida psíquica do indivíduo. Os fenômenos mentais do ego são consciente e inconsciente. O superego é a consciência moral da personalidade, que age de acordo com as normas sociais, alertando ao ego o que é certo ou errado, manifestação esta feita através de emoções e sentimento de culpa. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos para Ministros do Evangelho”, págs.: 114-115) b) - A personalidade segundo a psicologia junguiana: - Para o psiquiatra e psicólogo suíço Carl Gustav Jung (1875-1961), a personalidade é classificada em introversão – extroversão. A pessoa introvertida geralmente concentra sua atenção em si mesma,não sendo dependente de outra pessoa. As extrovertidas geralmente tendem a exteriorizar seus sentimentos, aceitando passivamente o ambiente exterior. Para Jung, todas as pessoas têm tendência à introversão, como a extroversão, embora uma predomine sobre a outra, o que chamamos de ambivertida. (idem) c) - Personalidade múltipla: - Consiste em duas ou mais maneiras de uma pessoa pensar, sentir e se comportar. Por exemplo, uma pessoa, em uma de suas personalidades, é introvertida e possuidora de um caráter bom, já na outra alternativa da personalidade, ela é extrovertida e imoral. d) - Desordens de comportamento: - O ego é o constituinte da personalidade responsável em remediar os conflitos entre as forças opostas do id que é inconsciente, contra o superego que é consciente. Quando o ego consegue resolver satisfatoriamente o conflito entre o id e o superego, a pessoa possui um comportamento ajustado, mas quando o ego não consegue resolver satisfatoriamente a sua função de juiz entre estas duas forças opostas, com o superego cedendo às pressões do id, surge então as desordens do comportamento ou os distúrbios mentais, como a neurose, a psicose, etc. Para o psicólogo e humanista Carl Roger, as desordens do comportamento surgem quando a pessoa não consegue comunicar-se bem consigo mesma, tendo como conseqüência, prejuízo no inter- relacionamento. e) - Teste de personalidade: - Tem por objetivo ajudar o psicólogo a avaliar os traços da personalidade, tais como: instabilidade emocional, bom equilíbrio emocional, bom equilíbrio mental, introversão-extroversão, fraco índice de socialização, sentimento de inferioridade, imaturidade sexual, homossexualismo, insatisfação consigo mesmo, tendência neurótica, debilidade mental, psicose, esquizofrenia, epilepsia, desritmia, entre outras. f) - Teste de percepção temática: - Criado por Henry A. Murray, este tipo de teste para o psicólogo avaliar a personalidade do examinado, é constituído de 19 gravuras, em que o examinado descreve o que está percebendo em cada uma delas, projetando seus sentimentos e experiências, que são avaliados pelo psicólogo, que encontrará tendências da personalidade do examinado. g) - Técnicas projetivas: - A mais conhecida delas, o teste de borrões de tinta, foi o elaborado pelo psiquiatra suíço Hermann Rorschach. Este teste, também chamado de Rorschach, é composto de dez pranchas que o psicólogo apresenta ao examinado, uma de cada vez, a fim de que possa perceber os borrões de tinta e dar a sua interpretação sobre eles. De posse das respostas dadas pelos examinados, o examinador faz a interpretação e encontrará tendências das características peculiares da personalidade, como: introversão, coerência intrapsíquica, instabilidade emocional, sujeito a impulso forte, conflito 34 afetivo, senso crítico, ansiedade, traços depressivos, traços neuróticos, desajustamento, possível lesão cerebral, etc. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos para Ministros do Evangelho”, págs.: 116,119) Inteligência – Para Piaget, a inteligência é “a capacidade para adaptar--se ao ambiente e às novas situações – para pensar e agir de maneiras adaptativas”. Portanto, a inteligência é adaptação e seu desenvolvimento está voltado para o equilíbrio. Sendo assim, a ação humana visa sempre a uma melhor adaptação ao ambiente. Para que ela seja possível, ocorrem constantes organizações da experiência, voltadas para a equilibração. As experiências da criança, por sua vez, são conduzidas por sua ação em contato com o objeto. Essa ação é concomitantemente sensório-motora, cognitiva e afetiva. (Maria Luiza A da Costa, “Piaget e a Intervenção Psicopedagógica”, p. 8) A inteligência ou capacidade intelectual é composta da combinação de inúmeros fatores, dentre os quais destaca-se a capacidade de perceber a relação entre os conceitos e os objetos; a capacidade de aprender e a capacidade de tomar decisões rápidas e precisas. Todos os seres humanos são detentores de inteligência, mas, numa comparação entre pessoas, devido à individualidade, um terá mais e outro menos inteligência. No exato momento da concepção, cada ser humano herda de cada um dos pais 50% da inteligência, o restante é proporcionado pelos estímulos do ambiente. Se o ambiente for estimulante desde os primeiros anos de vida, a criança poderá desenvolver o máximo de sua potencialidade, caso contrário, o ambiente estará contribuindo para a deficiência mental da criança, devido à insuficiência intelectual da mesma. Daí podemos concluir que a inteligência é composta por partes herdadas e adquiridas, sendo impossível diagnosticar qual das partes atua mais. Inteligência acadêmica: - Está ligada ao nível do conhecimento adquirido pela pessoa. É composta pelo desenvolvimento mental que pode ser mensurado pela fórmula QI (IM /IC)*100, onde IM = idade mental e IC = idade cronológica. Inteligência emocional: Segundo Hendrie Weisinger, “a inteligência é simplesmente o uso inteligente das emoções, isto é, fazer intencionalmente com que suas emoções trabalhem a seu favor, usando-as como uma ajuda para ditar seu comportamento e seu raciocínio de maneira a aperfeiçoar seus resultados.” O termo inteligência emocional foi criado em 1933, por Peter Salovay, da Universidade de Yale, nos Estados Unidos da América. No confronto entre duas ou mais pessoas, geralmente ocorrem nos relacionamentos intrapessoal e o interpessoal, que caracterizam a inteligência emocional. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos para Ministros do Evangelho”, págs.: 110-111) Tipos de inteligência: a) Lingüística ou verbal: - Associa-se à fala e à escrita. As pessoas que a possuem de forma mais acentuada se expressam com extrema clareza e constróem sintaxes com facilidade e perfeição, escolhendo sempre as melhores palavras. É desenvolvida entre escritores, poetas, professores, jornalistas. Personalidades : Shakespeare, Dante e Camões. b) Espacial: - Refere-se ao poder de perceber objetos fora do plano material, de forma tridimensional. Associa-se à criatividade e à espacialidade. Está presente em projetistas e arquitetos, além de ser marcante em marinheiros e motoristas – que têm grande senso de localização espacial. Personalidades: Oscar Niemeyer e Pablo Picasso. c) Sonora: - Manifesta-se em pessoas que têm habilidades especiais para extrair elementos múltiplos do som e compreendem sua combinação como um forma de linguagem. É facilmente encontrada entre músicos e compositores. Personalidades : Morzat, Hermeto Pascoal e Jimi Hendrix. 35 d) Cinestésico-corporal: - É considerada a inteligência do movimento, do trabalho corporal, que utiliza basicamente a linguagem do tato. É marcante entre atletas, bailarinos e mímicos, que fazem de sua expressão corporal um tipo de linguagem. Personalidades: Pelé e Ana Botafogo. e) Intrapessoal: - Bastante ligada ao poder de auto-conhecimento e, portanto, à individualidade e à auto-estima. É encontrada em pessoas que têm grande facilidade de se aceitar e, por isso, são “relax”, têm bom humor. Humoristas, em geral, têm essa inteligência de forma acentuada. Personalidades: Steve Martin, Jerry Lewis, Renato Aragão e Chico Anísio. f) Lógico-matemática: - Está ligada à simbologia dos números e sinais usados em matemática. Utiliza-se de números e sinais para formar equações e faz delas uma forma universal de comunicação. Se manifesta em físicos, engenheiros, matemáticos e economistas. Personalidades: Newton e Pitágoras. g) Interpessoal: - Associa-se à capacidade que uma pessoa tem de gerar empatia e de compreender as pessoas. Está presente em grandes líderes carismáticos e psicólogos, que têm facilidade de lidar com o outro. Personalidades: Martin Luther King e Madre Teresa de Calcutá. h) Naturalista: - Tem umaforte ligação com a vida natural. Por isso, também é conhecida como inteligência ecológica ou biológica. Provém da sensibilidade que a natureza desperta. Comum entre ecologistas, paisagistas e biólogos. Personalidades: Darwin, Burle Marx e Jacques Cousteau. (Daniela Guima, jornal: “Correio Brasiliense” / Coisas da vida, p. 5). Teste de inteligência: - tem por objetivo auxiliar o psicólogo a fazer a clarificação padronizada da capacidade intelectual da pessoa. Alfred Binet (1857-1911), psicólogo francês, que foi diretor do laboratório de psicologia experimental na Universidade de Sorbonne, em Paris, e com a colaboração de Dr. Theodore Simon, no início do século XX, criou e aplicou o teste de inteligência nas escolas oficiais de Paris. A primeira edição desta escala métrica foi chamada de Binet-Simon. De posse do conhecimento da capacidade intelectual, que o Dr. Alfred Binet mensurou de cada aluno, orientou os professores, quais eram os alunos de uma mesma classe que tinham condições de acompanhar naturalmente o conteúdo programático, e quais os que necessitavam de atenção especial, para obterem êxitos em seus estudos. Florence Goodenough, em 1925, organizou o Teste Boneco, ou Teste Goodenough, que através da apuração de 51 itens do desenho, o psicólogo avalia o nível mental infantil. 2.1 – MENTE Mente: - É a sede onde são processados os pensamentos. É a parte incorpórea do cérebro que encontra-se inserida dentro da caixa craniana. Segundo o filósofo René Descartes, o pensamento é o conjunto dos processos mentais conscientes: pensamentos intelectuais, sentimentos, sensações e vontade. Descartes era convicto da existência de Deus, e através do método científico, provou a verdade sobre o espírito e a matéria, afirmando que o espírito, ou seja a parte imaterial do ser humano não era um doutrina revelada, e sim uma realidade de possível de observar através da reação do mesmo. A nossa psique, ou seja, a nossa mente existe, mas não em forma corpórea como é o nosso corpo, ela é a nossa própria existência conforme afirmou Descartes: “Penso, logo existo”. 36 O médico psiquiatra e psicólogo suíço Carl Gustav Jung (1875-1961), filho de pastor protestante, em seu livro Resposta a Jó, relatou que: “o conceito de físico não constitui o único critério de uma verdade, pois há também verdades psíquicas que não se podem explicar, demonstrar ou negar sob o ponto de vista físico”. Para Jung, os enunciados religiosos são desta categoria. Todos eles se referem a objetos que são impossíveis de constatar sob o ponto de vista físico, mas que o sentido Espírito de Deus está presente nos seres humanos e pode-se perceber mesmo sem milagres. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos para Ministro do Evangelho”, p. 38) O comportamento: - São as atitudes de um indivíduo diante do meio social em que vive, com suas manifestações externas como as ações, gestos, expressões, linguagem, etc. Existem dois tipos de comportamento : o inato, que já é de nascença. Sua reação é automática e geralmente ocorre da mesma maneira em todas as pessoas, como o piscar dos olhos; o comportamento adquirido ou aprendido, que se processa na mente da pessoa, através da reação a um estímulo, ou seja, alguém nos ensina ou aprendemos sozinho sobre qualquer assunto, e reagimos com a prática do que foi aprendido. O meio em que se vive é importante para modelar o comportamento. Num ambiente onde existe a desunião e o clima afetivo está comprometido, há uma probabilidade de seus membros mudarem o seu comportamento, tornando-se insatisfeitos e inseguros, mas quando o clima é saudável e equilibrado, a pessoa se comportará de maneira segura e satisfeita. Entre os vários tipos de comportamentos adquiridos, temos: Comportamento normal e anormal: - As fronteiras entre os comportamentos normal e anormal é muito tênue, dificultando assim uma sólida definição. Uma pessoa pode comportar-se aparentemente normal, simpático, gentil no meio social, porém em sua residência, comportar-se como um autêntico estimulador do comportamento neurótico em sua família. Geralmente o comportamento anormal é mais observável do que o normal, tendo em vista que no primeiro, a conduta social da pessoa a diferencia das demais, como no caso das portadoras de psicoses, que são detentoras de profunda perturbação da personalidade. A nossa mente é a sede onde são registradas todas as sensações, e é o indivíduo que deve escolher qual o sentimento que deverá predominar em sua mente: o bem ou o mau. Comportamento religioso: - Em seu livro Psicologia da Religião, Merval Rosa define o comportamento religioso como sendo “qualquer ato ou atitude que tem referência específica ao divino ou sobrenatural”. Para o psicólogo da religião Walter H. Clark, existem três tipos de comportamento religioso: - o primário, o secundário e o terciário. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos para Ministros do Evangelho”, págs.: 39,40,42). O aparelho psíquico: - O médico neurologista e psicanalista Sigmund Freud, em 1900, publicou o livro A interpretação dos Sonhos, no qual consta a primeira organização da psique, que está dividida em três áreas de funcionamento: o consciente, que são todos os fenômenos mentais que sabe-se com clareza. O consciente é o nível mental em que a pessoa monitora ou tenta monitorar o ambiente interno ou externo, assim como planejar e guiar as suas ações. Inconscientes são aqueles fenômenos que ocorrem na mente do ser humano, dos quais não tem consciência, mas eles estão recalcados e podem manifestar-se em reações emocionais excessivas. Muitas vezes, a pessoa que está cometendo um assassinato não tem consciência do ato que está realizando. Para Sigmund Freud, no nível mental inconsciente, estão armazenadas inúmeras experiências em forma de impulsos hostis e destrutivos, desejos proibidos e os pensamentos não controlados e reprimidos, que a pessoa, em sã consciência rejeita. Com o objetivo de tratar as pessoas portadoras de distúrbios mentais e de formas anormais de adaptação do ser humano, Freud criou o método de tratamento chamado Psicanálise, que tem por objetivo tornar consciente o sentimento inconsciente, e este processo ocorre por meio de interpretação das associações livres, dos atos falhos e outras ferramentas terapêuticas. 37 Saúde mental: - Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), “saúde é o total bem- estar biopsicossocial do homem”. Na interação do indivíduo com o meio, se pelo menos um dos constituintes do bem-estar biopsicossocial do homem, estiver em desequilíbrio, ocorrerá a doença. Os processos desencadeadores de adoecer, salvo raras exceções, estão estreitamente ligados à maneira como cada indivíduo elabora as perdas e as frustrações. O estresse físico e / ou psíquico e a baixa tolerância em ter seus desejos são outros fatores desencadeadores do adoecer. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos para Ministros do Evangelho”, p. 44). A instalação da doença, ou seja, a perturbação do equilíbrio biopsicossocial ocorre de duas maneiras distintas: 1- Perturbação intrapsíquica: - É proveniente do interior da pessoa, podendo ser genética ou psicológica. A genética ocorre devido à herança ou predisposição genética e / ou as alterações congênitas, já a psicológica, está relacionada à personalidade do indivíduo. 2- Perturbação interpessoal: - É aquela proveniente do meio externo, como as socioculturais, que, dentre muitas, pode-se exemplificar a alimentação insuficiente, e / ou fora de hora, e / ou inadequada, e / ou precária, que geralmente deixa a pessoa tensa por não ter a sua necessidade básica atendida. Outra perturbação externa é a de ordem pessoal, ou seja, o relacionamento da pessoa com a família, amigos é também responsável pelainstalação da doença na mente do indivíduo, tendo em vista que no inter-relacionamento, ocorre o confronto de educações diferentes, a posição, o relacionamento sexual, etc. Para que o indivíduo possa ter saúde mental, é necessário manter as constantes químicas, físicas e psíquicas dentro das variações não doença / doença /não doença, resolvendo as perturbações do dia-a-dia adequadamente, mantendo assim a árdua tarefa do equilíbrio intra/interpessoal. Mudança do comportamento: - Através da aquisição dos processos psíquicos conscientes e / ou inconscientes, ocorre a mudança no comportamento do indivíduo, que dependendo da patologia, pode ser mudado através de um processo controlado e contínuo de comunicação com psicólogos, que elaboram, por exemplo um tratamento para descondicionar uma pessoa que tem medo de falar em público. O conflito: - Geralmente as pessoas resolvem seus conflitos de maneira consciente ou inconsciente, porém muitas vezes precisam de orientação de um psicólogo, para ajudá-las a restabelecer o equilíbrio biopsicossocial. As principais maneiras de resolver os conflitos são: Enfrentamento: - É o caminho pelo qual a pessoa procura, de maneira consciente, resolver as situações que percebe como perigosas ao seu equilíbrio biopsicossocial. Existem vários caminhos da pessoa usar o enfrentamento. Os psicólogos comportamentais, por exemplo, incluem exercícios físicos na estratégia de livrar a mente da pessoa dos problemas emocionais, causadores da dependência química. Mecanismo de defesa da mente: - Sigmund Freud referiu-se aos mecanismos de defesa, como sendo uma estratégia da mente, para proteger-se e compreender os obstáculos do dia-a-dia, que causam ansiedade excessiva, lançando no inconsciente experiências desagradáveis, impulsos, conflitos e idéias ameaçadoras, acomodando-a. Entre os vários mecanismos de adaptação psicológicas destaca-se: Negação, projeção, racionalização, recalque ou repressão, regressão e sublimação. 1- Negação: - É o mecanismo de defesa cujos processos mentais conduzem o indivíduo a negar uma realidade, com o objetivo de livrá-lo do estado de angústia que o incomoda. Por exemplo, dois adolescentes estavam jogando bola e um deles propositadamente quebrou o vidro da janela de uma casa e saiu correndo. O dono da casa viu quando aconteceu e apressadamente interroga ao outro, que atordoado assistiu a tudo, e lhe pergunta quem é aquele que quebrou o vidro da janela, ao que este responde que não o conhece e nunca o havia visto antes. Ou seja, este conhecia o outro e negou que o conhecia para afastar de si a realidade angustiante que o incomodava. 2 - Projeção: - A pessoa atribui aos outros ou a objetos, sentimentos e qualidades de sua propriedade, para livrar-se de um determinado acontecimento. Por exemplo, uma mãe que não cuida 38 adequadamente dos filhos, acarretando-lhe vários problemas, poderá projetar a culpa em todas as situações que envolvem a criança. Dirá que se o filho vai mal na escola é porque a professora é ineficiente; se o filho vive doente é porque os amigos são doentes e o contaminam. O extremo do funcionamento por mecanismos projetivos é a paranóia, onde o sujeito tem tanta destrutibilidade interior que é obrigado a projetá-la e, a partir daí, passa a ver todo o mundo como perseguidor. 3 - Racionalização: - Neste tipo de mecanismo de adaptação psicológica, o indivíduo para livrar-se da culpa, procura dar explicações incoerentes com a realidade, tentando justificar para si e para os outros o seu comportamento insensato. Por exemplo, um aluno de 2º grau, que não estudou para as provas finais de matemática, e tirou uma nota abaixo da média, justificando ter sido em decorrência das péssimas provas montadas pelo professor. 4- Recalque ou repressão: - É lançar no inconsciente os processos mentais desagradáveis que a sã consciência rejeita, por estar em desacordo com a própria conduta moral. Para a Psicanálise, os impulsos recalcados pelo indivíduo influenciam fortemente na sua personalidade, embora este não tome consciência. Exemplo: uma criança que sofreu abuso sexual por parte de algum parente, e esta quando se tornou adulta atribuiu o fato de seu parente sofrer de alguma doença mental e por isso ter agido sem lucidez em relação a ela. 5 - Regressão: - Este tipo de mecanismo de defesa da mente ocorre quando o indivíduo, para descarregar os seus conflitos, adota comportamento de acordo com uma faixa etária anterior, utilizando mecanismos desta faixa etária, como fungar, chupar os dedos, atirar objetos, reclamar. Esta última atitude, geralmente é utilizada por algumas pessoas de idade avançada. A regressão etária consiste em alguns indivíduos, em transe hipnótico, conseguirem reviver episódios que ocorreram em faixas etárias anteriores. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos para Ministros do Evangelho”, págs.: 47-48-49- 50). 6 - Sublimação: - Uma pulsão é dita sublimada quando deriva para um alvo não-sexual. (Maria Cristina Kupfer, “Freud e a Educação”, p. 42) É o mecanismo de defesa da mente, em que o indivíduo substitui os seus impulsos hostis por condutas aceitáveis pelos padrões sociais. Não é patológico (ao contrário), é transferir a dor para um sentimento de prazer. Exemplo: as artes, pinturas, etc. 2.2 – EMOÇÃO Emoção: - É a reação intensa e breve do organismo que vem acompanhada de um estado afetivo que poderá ter uma conotação agradável ou não, dependendo da maneira com que esta for vivenciada. A reação intensa e breve que ocorre no organismo é ocasionada pela glândula supra-renal, que lança na corrente sangüínea a adrenalina. Este hormônio é o responsável pela aceleração do batimento cardíaco, no momento em que ocorre a emoção. Se o médico, a enfermeira ou outros profissionais da área de saúde aferirem os batimentos cardíacos de uma pessoa na hora em que ela se emocionar, constatará que houve uma aceleração nos batimentos cardíacos da mesma. O estado afetivo que acompanha a emoção são os sentimentos que sintetizam tudo aquilo que pensamos, pois ele é a nossa própria existência que a todo momento está exposto a vários tipos de emoções, sendo impossível precisar a quantidade. Sentimentos construtivos: - Conforme foi dito, a mente é a sede onde ocorre pensamentos intelectuais, sentimentos, sensações, e vontade. Os sentimentos traduzidos pela mente como agradáveis ampliam o senso de força e de bem estar, produzindo prazer, plenitude e inteireza, no estado emocional da pessoa. As principais emoções que produzem sentimentos positivos são: amor, prazer e alegria. 39 a) - Amor: - É o estado emocional caracterizado pelo mais nobre dos sentimentos. Muitas vezes, as instabilidades emocionais chegam a um patamar insuportável devido à falta de amor em qualquer tipo de relacionamento humano. O restabelecimento do amor proporciona a estabilidade emocional. O educador que tem amor em ensinar, por exemplo, é muito recompensado não só nos resultados de seu trabalho, mas a reciprocidade de seus alunos, que o terão como uma pessoa muito importante em suas vidas e que com certeza nunca o esquecerão. b) - Prazer: - É o estado emocional caracterizado pelo imenso desejo de sua continuidade, pois as recompensas do mesmo atendem aos anseios da vida. O prazer de ensinar, obviamente, torna o(a) educador(a) mais satisfeito e realizado em seus esforços, pois apesar das barreiras que venham surgir a cada dia, encontra forças para seguir em frente e ser bem sucedido. c) - Alegria: - É o estado emocional caracterizado pelo sentimento de estar jubiloso, contente. O indivíduo que procura sempre ter este sentimento presente em sua vida, com certeza, ajuda muito o seu equilíbrio biopsicossocial. Assim deve proceder o (a) educador (a) e qualquertrabalhador para encontrar maior ânimo e energia em suas ocupações. Ansiedade de preparação: - É o estado emocional que consiste na irritabilidade e inquietação motora em quantidade moderada, que se origina do psiquismo da pessoa, com o objetivo de dar o melhor de si mesma no que pretende fazer. Um bom exemplo é a honestidade. Sentimentos destrutivos: - São aqueles que a mente traduz como desagradáveis, pois interferem no bem estar da pessoa, tendo em vista que as energias deste tipo de sentimento são canalizadas para os conflitos interpessoal e intrapessoal, produzindo processos mentais, que podem desequilibrar o estado biopsicossocial da pessoa. Para afastar tais sentimentos negativos, o bom é ouvir uma boa música, praticar esportes, passeios, etc. Quando a mente da pessoa está emocionalmente doente, ela poderá desenvolver os chamados transtornos psicossomáticos, ou seja, não têm causa física e sim mental. Entre as inúmeras doenças psicossomáticas, temos a asma, em adulto, que está associada à perda da independência, a dificuldade erétil, que pode estar associada à ansiedade excessiva ou a depressão e outras. Os sentimentos destrutivos devem ser vivenciados da melhor maneira possível, para que a pessoa amadureça emocionalmente e alcance o bem-estar biopsicossocial. Esta mudança muitas vezes necessita do apoio de um psicólogo clínico. As principais emoções que produzem sentimentos negativos são: a) - Medo: - Pressentimento ou presença de um perigo constante e real. Seus sintomas físicos são a mudança da fisionomia habitual da pessoa. b) - Fobia: - Medo irracional que vem acompanhado de comportamento defensivo. Geralmente o fóbico é dependente e manipulativo, só enfrentando objetos fóbicos, estando acompanhado. Seus sintomas físicos são a insônia, o terror noturno, o sono preocupado, dorme com a luz acesa, tem má digestão, desmaio, taquicardia, sudorese, rubor, turvamento de visão, tonturas, diarréia, descontrole do esfíncter, urina em excesso, inapetência sexual, arritmia, respiração ofegante, rebaixamento da sexualidade, desenergização, desvitalização, dificuldade de atingir o orgasmo, etc. c) - Tristeza: - É o estado de esgotamento que a pessoa sente após a perda e / ou a mágoa. Os sintomas físicos são a boca curva para baixo, choro (lágrimas), caminhar lento, aparência descuidada e abatida, isolamento, etc. d) - Mágoa: - É o estado desagradável que a pessoa sente quando é ofendida ou desconsiderada; é a principal causadora de conflitos no relacionamento interpessoal. Muitas pessoas possuem a sua estrutura de personalidade desajustada, por terem sido magoadas, ou seja, receberam palavras maléficas que ficaram guardadas em suas mentes, roubando-lhes a energia vital. A mágoa é o primeiro sentimento destrutivo. Ela deve ser convertida em sentimento construtivo, para que não se transforme em outros sentimentos destrutivos como a ansiedade patológica, a raiva, a culpa e a depressão, causadores de energia negativa. Alguns estudos recentes associam algumas doenças físicas, como por 40 exemplo o câncer de mama, ao sentimento de mágoa recalcado. Os sintomas físicos são a dor de estômago e no peito. e) - Ansiedade: - Consiste na irritabilidade e inquietação motora que se origina do psiquismo da pessoa, que sente a sua segurança pessoal ameaçada. Este estado de tensão desagradável ocorre devido a uma ameaça real ou imaginária, que a pessoa tenta agir da sua maneira. Quando o grau de ansiedade é intenso, ele pode interferir no comportamento do indivíduo, tornando-o desordenado e confuso, por este motivo é aconselhável procurar ajuda com um psicólogo. Neste caso os sintomas físicos são contrações dos músculos do pescoço, cãibras, insônia, vontade de comer alguma coisa sem saber o quê, bulimia, taquicardia, alterações da pressão, sudorese, diarréia, necessidade constante de urinar, aumento dos sintomas da TPM (tensão pré menstrual), falta de ar, freqüência respiratória alta, dificuldade erétil, ejaculação precoce, frigidez, etc. f) - Angústia: - É o estado emocional em que o indivíduo se afasta progressivamente da área de atrito, que ele reputa insuportável, contrai-se e centrando-se no self. Sintomas físicos: expressa-se nas vísceras ou órgãos mais vulneráveis. g) - A ira: - É o estado emocional caracterizado pelo acúmulo de irritação, que faz com que o indivíduo perca o controle emocional, podendo ficar com o comportamento amuado, retraído e deprimido. Quando o indivíduo tem dentro de si, por longo tempo, a ira, surge o sentimento de culpa. Sintomas físicos: dor de estômago e no peito. h) - A culpa: - É o estado emocional caracterizado pela negligência ou imprudência, quando o indivíduo percebe que errou. Sintomas físicos: tensão interior. i) - A depressão: - É o mais patológico de todos os estados emocionais, tendo em vista que o indivíduo experimenta grande astenia e profunda tristeza. Geralmente, a pessoa no estado depressivo tem um baixo interesse pela vida, podendo pensar que o suicídio é a única solução para o seu sofrimento, que é agravado com lembranças de fatos acontecidos há algum tempo. Assim como a culpa, a depressão ocorre quando a raiva fica recolhida e voltada para dentro de nós mesmos. Os sintomas físicos são a anorexia, torpor, alteração no ciclo menstrual, respiração difícil, respiração lenta, respiração acentuada, freqüência respiratória alta, bronquite, asma, dores no peito, falta de higiene, baixa auto-estima, dificuldade erétil, ejaculação precoce, frigidez, excesso de sono, insônia, etc. j) - Maturidade emocional: - A pessoa possuidora de maturidade emocional sabe intelectualizar sensatamente o seu inter-relacionamento, mantendo o seu controle emocional, quando a situação for favorável ou não. No seu relacionamento com as pessoas, é capaz de: amar e ser amado; respeitar e se fazer respeitado; ouvir o que as outras pessoas falam, como também se fazer ouvido; aceitar o seu semelhante como um indivíduo e da maneira que ele é; ser sincero em suas colocações; ser empático e assumir uma atitude não-crítica; aceitar as suas limitações e as do seus semelhantes; conviver tanto na alegria como na tristeza e saber perder e ganhar. (Samuel Costa, “Fundamentos Psicológicos para Ministros do Evangelho”, págs.: 85,85,87,88,89,92) 2.3 – TRANSTORNOS DA MENTE Transtornos da mente: - São causados por diversos fatores, tais como genéticos, neurológicos e psíquicos. Este último, os transtornos da mente, muitas vezes são causados devido a sentimentos destrutivos que causam o desequilíbrio emocional, biológico e até mesmo o espiritual, pois ele destrói o bem estar da pessoa. Até chegar a esta conclusão científica, muitas pessoas pagaram com a própria vida, e outras foram perseguidas por contrariarem, com suas investigações científicas, a teoria da demonologia. 41 Com a crescente modernização das ciências humanas e médicas, é sabido que os transtornos da mente podem ser compreendidos ou explicados de várias maneiras, tais como: causas genéticas, causas químicas ou neurológicas, conflitos inconscientes, comportamentos aprendidos e inadequados e cognição errônea. Histórico dos transtornos mentais: - Doenças mentais ou transtornos mentais são desordens que ocorrem no funcionamento da mente de uma pessoa, que geralmente são desencadeadas por fatores orgânicos e / ou psicológicos. Desde o início da era cristã, o indivíduo que se comportava ora de maneira estranha, ora de maneira violenta, desviando-se das normas de conduta, o doente mental, era tido, nas crenças dos chineses, egípcios e hebreus, como pessoa portadora de possessão demoníaca. Muitas vezes, pessoas portadoras de supostas possessões demoníacas ficavam abandonadas, outras recebiam asilo nos
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