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Responsabilidade Civil e Criminal (1)

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Responsabilidade 
Civil e Criminal
2012
Curitiba-PR
Marlus Eduardo F. Losso 
Marcelo Ribeiro Losso
PARANÁ
Educação a Distância
Catalogação na fonte pela Biblioteca do Instituto Federal de Educação, 
Ciência e Tecnologia - Paraná 
© INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA - PARANÁ - 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Este Caderno foi elaborado pelo Instituto Federal do Paraná para o Sistema Escola 
Técnica Aberta do Brasil - e-Tec Brasil.
Presidência da República Federativa do Brasil
Ministério da Educação
Secretaria de Educação a Distância
Prof. Irineu Mario Colombo
Reitor 
Prof.ª Mara Christina Vilas Boas
Chefe de Gabinete
Prof. Ezequiel Westphal
Pró-Reitoria de Ensino - PROENS
Prof. Gilmar José Ferreira dos Santos
Pró-Reitoria de Administração - PROAD
Prof. Silvestre Labiak
Pró-Reitoria de Extensão, Pesquisa e Inovação - 
PROEPI
Neide Alves
Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas e Assuntos
Estudantis - PROGEPE
Bruno Pereira Faraco
Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento
Institucional - PROPLAN
Prof. José Carlos Ciccarino
Diretor Geral do Câmpus EaD
Prof. Marcelo Camilo Pedra
Diretor de Planejamento e Administração do 
Câmpus EaD
Prof.ª Mércia Freire Rocha Cordeiro Machado
Diretora de Ensino, Pesquisa e Extensão do 
Câmpus EaD
Prof.ª Cristina Maria Ayroza
Assessora de Ensino, Pesquisa e Extensão 
– DEPE/EaD
Prof.ª Márcia Denise Gomes Machado Carlini
Coordenadora de Ensino Médio e Técnico do 
Câmpus EaD 
Prof.ª Monica Beltrami
Coordenadora do Curso
Prof. Sergio Silveira de Barros
Vice-coordenador do curso
Adriana Valore de Sousa Bello 
Cátia Bonacolsi
Giovanne Contini Menegotto
Rafaela Aline Varella 
Assistência Pedagógica
Prof.ª Ester dos Santos Oliveira
Prof.ª Sheila Cristina Mocellin
Lídia Emi Ogura Fujikawa
Revisão Editorial
Diogo Araujo
Diagramação
e-Tec/MEC
Projeto Gráfico
e-Tec Brasil
Apresentação e-Tec Brasil
Prezado estudante,
Bem-vindo ao e-Tec Brasil!
Você faz parte de uma rede nacional pública de ensino, a Escola Técnica 
Aberta do Brasil, instituída pelo Decreto nº 6.301, de 12 de dezembro 2007, 
com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino técnico público, na mo-
dalidade a distância. O programa é resultado de uma parceria entre o Minis-
tério da Educação, por meio das Secretarias de Educação a Distância (SEED) 
e de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC), as universidades e escolas 
técnicas estaduais e federais.
A educação a distância no nosso país, de dimensões continentais e grande 
diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao 
garantir acesso à educação de qualidade, e promover o fortalecimento da 
formação de jovens moradores de regiões distantes, geograficamente ou 
economicamente, dos grandes centros.
O e-Tec Brasil leva os cursos técnicos a locais distantes das instituições de en-
sino e para a periferia das grandes cidades, incentivando os jovens a concluir 
o ensino médio. Os cursos são ofertados pelas instituições públicas de ensino 
e o atendimento ao estudante é realizado em escolas-polo integrantes das 
redes públicas municipais e estaduais.
O Ministério da Educação, as instituições públicas de ensino técnico, seus 
servidores técnicos e professores acreditam que uma educação profissional 
qualificada – integradora do ensino médio e educação técnica, – é capaz de 
promover o cidadão com capacidades para produzir, mas também com auto-
nomia diante das diferentes dimensões da realidade: cultural, social, familiar, 
esportiva, política e ética.
Nós acreditamos em você!
Desejamos sucesso na sua formação profissional!
Ministério da Educação
Janeiro de 2010
Nosso contato
etecbrasil@mec.gov.br
e-Tec Brasil
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Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de 
linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual.
Atenção: indica pontos de maior relevância no texto.
Saiba mais: oferece novas informações que enriquecem o 
assunto ou “curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao 
tema estudado.
Glossário: indica a definição de um termo, palavra ou expressão 
utilizada no texto.
Mídias integradas: sempre que se desejar que os estudantes 
desenvolvam atividades empregando diferentes mídias: vídeos, 
filmes, jornais, ambiente AVEA e outras.
Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em 
diferentes níveis de aprendizagem para que o estudante possa 
realizá-las e conferir o seu domínio do tema estudado. 
e-Tec Brasil
Sumário
Palavra dos professores-autores ............................................... 11
Aula 1 - Iniciando nossos estudos: contextualização .............. 13
1.1 Contextualização............................................................. 13
Aula 2 - Histórico da responsabilidade ..................................... 17
2.1 Histórico ......................................................................... 17
Aula 3 - O conceito de responsabilidade I ................................ 23
3.1 Conceito de responsabilidade .......................................... 23
3.2 Responsabilidade civil ...................................................... 23
Aula 4 - O conceito de responsabilidade II ............................... 27
4.1 Dano moral ..................................................................... 27
4.2 Diferenciação entre responsabilidade civil e 
responsabilidade criminal ...................................................... 28
Aula 5 - Pressupostos da responsabilidade civil I .................... 31
5.1 Pressupostos gerais da responsabilidade civil ................... 31
5.2 Primeiro pressuposto: conduta humana ilícita, por ação 
ou omissão, dolosa ou culposa .............................................. 31
Aula 6 - Pressupostos da responsabilidade civil II ................... 35
6.1 As ações e omissões do técnico em segurança no trabalho ..35
Aula 7 - Pressupostos da responsabilidade civil III .................. 39
7.1 Segundo pressuposto: existência de um dano ................. 39
7.2 Terceiro pressuposto: existência de um dano................... 40
7.3 Imputabilidade ................................................................ 40
Aula 8 - Pressupostos da responsabilidade civil IV .................. 43
8.1 Caso fortuito e força maior ............................................. 43
8.2 Culpa exclusiva da vítima................................................. 43
8.3 Fato de terceiro ............................................................... 44
8.4 Legítima defesa ............................................................... 44
8.5 Exercício regular de um direito (estrito cumprimento de 
dever legal) ........................................................................... 45
8.6 Deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão à 
pessoa, a fim de remover perigo iminente ............................. 46
Aula 9 - Modalidades da responsabilidade civil I .................... 49
9.1 Responsabilidade civil contratual ..................................... 49
9.2 Responsabilidade civil extracontratual .............................. 50
Aula 10 - Modalidades da responsabilidade civil II ................. 53
10.1 Responsabilidade civil subjetiva...................................... 53
10.2 Responsabilidade civil objetiva ....................................... 53
Aula 11 - A reparação do dano I ............................................... 59
11.1 O que é reparar? ........................................................... 59
11.2 Perdas e danos .............................................................. 60
Aula 12 - A reparação do dano II .............................................. 63
12.1 Como se dá a reparação do dano moral ........................ 63
12.2 Danos à saúde ..............................................................64
12.3 Outras previsões do Código Civil ................................... 64
Aula 13 - A responsabilidade no Direito do Trabalho I ........... 67
13.1 Contextualizando – O conceito de Direito do Trabalho ... 67
13.2 A figura do empregado ................................................. 69
13.3 A figura do empregador ................................................ 70
Aula 14 - A responsabilidade no Direito do Trabalho II .......... 73
14.1 Princípio da proteção ao trabalhador ............................. 74
14.2 Princípio da primazia da realidade ................................. 74
14.3 Princípio da continuidade da relação de emprego .......... 74
14.4 Princípio da irrenunciabilidade de direitos ...................... 75
Aula 15 - A responsabilidade no Direito do Trabalho III ......... 77
15.1 A responsabilidade civil e as relações de trabalho .......... 77
Aula 16 - A responsabilidade no Direito do Trabalho IV ......... 81
16.1 Outras hipóteses de responsabilidade civil e as relações 
de trabalho ........................................................................... 81
Aula 17 - Medicina e Segurança no Trabalho I ........................ 85
17.1 Histórico ....................................................................... 85
17.2 Conceituação ................................................................ 85
17.3 Principais conceitos atinentes à matéria ......................... 86
17.4 Equipamentos de Proteção Invidivual (EPI): .................... 87
Aula 18 - Medicina e Segurança no Trabalho II ....................... 91
18.1 Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) ...................... 91
18.2 Serviço Especializado em Segurança e em Medicina do 
Trabalho ................................................................................ 91
e-Tec Brasil
e-Tec Brasil
Aula 19 - Medicina e Segurança no Trabalho III....................... 95
19.1 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) ...... 95
19.2 Programa de controle médico de saúde ocupacional
(PCMSO) ............................................................................... 97
19.3 Programa de prevenção de riscos ambientais (PPRA) ...... 97
19.4 Edificações .................................................................... 98
Aula 20 - Medicina e Segurança no Trabalho IV .................... 101
20.1 Iluminação .................................................................. 101
20.2 Conforto térmico ........................................................ 101
20.3 Outros conceitos ......................................................... 102
20.4 A divisão de responsabilidades: o que cabe a quem? ... 102
Aula 21 - Medicina e Segurança no Trabalho V ..................... 105
21.1 Atividades insalubres ................................................... 105
Aula 22 - Medicina e Segurança no Trabalho VI .................... 109
22.1 Atividades perigosas .................................................... 109
Aula 23 - Acidentes de trabalho e doenças profissionais I .. 111
23.1 A Configuração do acidente de trabalho e suas 
consequências ..................................................................... 111
23.2 Estatísticas dos acidentes de trabalho .......................... 115
23.3 Acidente de trajeto...................................................... 116
23.4 Doença profissional x doença do trabalho ................... 116
Aula 24 - Acidentes de trabalho e doenças profissionais II . 119
24.1 Providências administrativas ........................................ 119
24.2 Garantia de emprego .................................................. 120
24.3 O direito de regresso da Previdência Social .................. 120
Aula 25 - Assédio sexual no trabalho .................................... 123
25.1 Assédio sexual no trabalho .......................................... 123
Aula 26 - Assédio moral no Trabalho .................................... 127
26.1 Assédio moral ............................................................. 127
Aula 27 - A responsabilidade criminal I .................................. 131
27.1 Conceito ..................................................................... 131
27.3 A responsabilização do técnico em segurança no 
trabalho .............................................................................. 132
27.4 Contravenção Penal .................................................... 132
Aula 28 - A responsabilidade criminal II ................................. 135
28.1 Crime de lesão corporal............................................... 135
28.2 Crime de perigo .......................................................... 135
28.3 Homicídio culposo ....................................................... 136
Aula 29 - Responsabilidade social das empresas ................... 139
29.1 Contexto ..................................................................... 139
Aula 30 - Uma breve revisão do que foi visto no livro .......... 143
30.1 Tema: Histórico e contextualização da matéria ............. 143
30.2 Tema: O conceito de responsabilidade civil .................. 143
30.3 Tema: Pressupostos da responsabilidade civil ............... 143
30.4 Tema: A reparação do dano ......................................... 144
30.5 Tema: A responsabilidade no direito do trabalho ......... 144
30.6 Tema: Medicina e segurança no trabalho ..................... 144
30.7 Tema: Acidentes de trabalho e doenças profissionais ... 145
30.8 Tema: Assédios ............................................................ 145
30.9 Tema: Responsabilidade criminal.................................. 145
30.10 Tema: Responsabilidade social das empresas .............. 145
Referências ............................................................................... 147
Atividades autoinstrutivas ...................................................... 153
Currículo dos professores-autores .......................................... 169
e-Tec Brasil
e-Tec Brasil
Palavra dos professores-autores
Prezados alunos
Em nosso dia a dia podemos causar um dano a outrem (seja pessoal/físico, patrimonial ou 
mesmo moral). Nasce, do dano causado, um dever de repará-lo ou, se não for possível, de 
indenizá-lo. Isso também ocorre em nossa atividade profissional.
A sociedade em que vivemos está evoluindo de tal forma que a ocorrência do dano não é mais 
a única preocupação. Pelo contrário, sua reparação é a última instância. Deve-se, sim, dar total 
atenção e agir com tal cautela para evitar que ele ocorra, por meio de medidas preventivas.
Para o técnico em segurança no trabalho é de fundamental importância que conheça pelo 
menos em síntese, o que é a responsabilidade civil e como ela é aplicada, inclusive como se 
dá essa precaução e a decorrente reparação do dano, a fim de que tenha consciência de suas 
atitudes, que tome conhecimento da importância de seu trabalho bem feito, executado com 
todo o zelo e atenção.
Da mesma forma, é imprescindível o conhecimento da responsabilidade criminal que lhe po-
derá ser atribuído pelo desempenho omisso de suas competências.
O que iremos estudar neste livro é uma síntese desses principais aspectos, com exemplos prá-
ticos que facilmente correlacionamos com nosso cotidiano.
Bons estudos!
Prof. MSc Marlus Eduardo F. Losso
Prof. MSc Marcelo Ribeiro Losso
11
e-Tec Brasil13
Aula 1 - Iniciando nossos estudos: 
contextualização
Estamos iniciando a nossa caminhada para compreender um pouco mais 
como é a responsabilidade, tanto no âmbito civil, quanto no âmbito 
criminal, do técnico em segurança no trabalho, sob a ótica da lei. 
Nestas duas primeiras aulas faremos uma análise histórica a respeito da 
responsabilidade ao longo dos tempos e contextualizaremos o tema para 
saber a importância de seu estudo.
1.1 Contextualização
Você certamente já deve ter presenciadoum acidente de trânsito, em que o 
veículo que vinha atrás não conseguiu parar e bateu na traseira daquele que 
transitava em sua frente. 
Pois bem, o motorista desatento do veículo de trás deverá reparar o dano 
causado no automóvel que estava à sua frente. 
Observe que não estamos falando apenas de consertar o parachoque, desa-
massar e pintar a lataria, etc. Se o veículo ficar parado por certo tempo para 
reparos, e a vítima necessitar do mesmo para seu trabalho, o indivíduo que 
causou o dano deverá, ainda, custear as despesas de transporte deste.
Esse é um exemplo muito comum de responsabilidade civil que vemos em 
nosso dia a dia, dentre diversos outros. Isso acontece porque todos os atos 
Figura 1.1: Acidente de trânsito
Fonte: www.shutterstock.com
de nossa vida produzem consequências, e no campo jurídico essas consequ-
ências podem se dar em diversos âmbitos. Por isso estudar responsabilidade 
é tão importante.
Durante o nosso curso iremos estudar as consequências da responsabilidade 
civil e criminal do técnico em segurança no trabalho. Para tanto, é impres-
cindível analisar o contexto histórico de tudo isso, estudar seus requisitos e 
pressupostos.
Essa análise será iniciada a partir da próxima aula.
Resumo
Nossa primeira aula foi apenas para contextualizar o assunto. Pudemos ver, 
desde já, que os atos da vida humana podem acarretar consequências pre-
vistas na lei, como o dever de reparar um dano.
Atividades de aprendizagem
Analise a jurisprudência abaixo, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, e 
discuta com seus colegas se a decisão é acertada e qual é a lição que se pode 
tirar dela.
Jurisprudência é uma palavra 
que representa uma ou mais 
decisões, no mesmo sentido, a 
respeito de uma mesma matéria/
situação. Ela demonstra de que 
forma um Tribunal vem julgando 
casos semelhantes.
ACIDENTE DE TRÂNSITO - CNT - CULPA - INDENIZAÇÃO - VALOR. 
“Age com culpa o motorista que, desobedecendo o Código Nacio-
nal de Trânsito, não guarda a distância de segurança entre o seu 
veículo e aquele que segue imediatamente à sua frente, dando, 
por isto, causa ao acidente uma vez que é possível, e portanto pre-
visível, que este outro veículo tenha de parar bruscamente. Orça-
mentos expedidos por oficinas especializadas, não desautorizados 
por contraprovas, são elementos idôneos para provar a extensão 
e o valor dos danos em acidente automobilístico. A recomposição 
do patrimônio do lesado deve ser a mais integral possível, o que 
torna irrelevante possuir o veículo sinistrado valor apenas um pou-
co superior à importância a ser despendida com a sua reparação 
e serem utilizadas no conserto.” (4ª Turma Recursal Cível de Belo 
Horizonte - Rec. nº 2.708/01 - Rel. Juiz Maurílio Gabriel Diniz).
Boletim nº. 64.
Responsabilidade Civil e Criminal e-Tec Brasil 14
e-Tec Brasil15
e-Tec Brasil17
Aula 2 - Histórico da responsabilidade
Em verdade, a origem da responsabilidade civil remonta aos tempos 
antigos e primitivos, e passou por diversas fases históricas. Porém, como 
ponto de partida para nosso estudo pode-se afirmar que é da essência 
do ser humano a reação imediata contra um mal que lhe é causado.
O Código de Hamurabi era um bloco de pedra 
em que as regras e suas punições no caso de 
descumprimento estavam dispostas a toda a 
população, com o fim de trazer paz social. 
Essa exposição pública tinha o objetivo de 
evitar qualquer alegação de desconhecimento 
a respeito de suas disposições (apesar de que, 
naquela época, apenas uma pequena margem 
das pessoas sabia ler). Para se ter uma ideia, 
veja algumas de suas regras e punições: se 
alguém tirar um olho a outro, perderá o 
próprio olho (196); se alguém quebrar um 
osso a outrem, parta-se-lhe um osso também 
2.1 Histórico
Pois bem, em um primeiro momento histórico, independentemente da cul-
pa, se o indivíduo causava um dano, havia uma brutal, desproporcional e 
violenta resposta a essa injusta agressão. 
Essa resposta poderia advir do próprio ofendido, de seus familiares e mesmo 
do grupo social ao qual pertencia. Essa era a época em que inexistiam países, 
governos e territórios como conhecemos hoje.
Tal característica é mais marcante no Império Babilônico, com a Lei do Ta-
lião (Lex Talionis) reproduzida no Código do Hamurabi (que se estima que 
seja datado de 1.700 a.C.), em que era autorizado aplicar um mal ao agente 
como retribuição pelo mal causado à vítima.
Você sabia?
Figura 2.1: Código de 
Hamurabi
Fonte: http://www.
panoramio.com
(197); se alguém bate numa mulher livre e a fez abortar, deverá 
pagar dez siclos pelo feto (209); se essa mulher morre, então deverá 
matar o filho dele (210); se o mestre de obras construiu a casa e 
esta caindo mata o proprietário, o construtor será morto. E se for 
morto o filho do proprietário, será morto o filho do construtor (229 
e 230). Esse Código foi descoberto em 1901, e hoje se encontra 
exposto à visitação publica no Museu do Louvre, em Paris.
Responsabilidade Civil e Criminale-Tec Brasil 18
Em síntese, a Lei do Talião pregava o seguinte: se o agressor quebrasse o 
dente da vítima, teria seu dente quebrado, se danificasse o olho de outrem, 
teria o seu, na mesma medida, prejudicado. Sem dúvida podemos afirmar 
que era uma forma primitiva de, pela lei, evitar a prática da justiça com as 
próprias mãos.
Essa regra da Lei do Talião nos remete à expressão bíblica “olho por olho, 
dente por dente”:
Se alguns homens pelejarem, e ferirem uma mulher grávida, e forem 
causa de que aborte, porém se não houver morte, certamente aquele 
que feriu será multado conforme o que lhe impuser o marido da mulher 
e pagará diante dos juízes. Mas, se houver morte, então, darás vida 
por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, 
queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe. (Êxodo 
21: 22-25)
Os teóricos caracterizam esse período como da vingança privada, confor-
me descreve Duarte (1999):
Na denominada fase da vingança privada, cometido um crime, ocorria a 
reação da vítima, dos parentes e até do grupo social (tribo), que agiam 
sem proporção a ofensa, atingindo não só o ofensor, como todo o seu 
grupo. A inexistência de um limite (falta de proporcionalidade) no re-
vide à agressão, bem como a vingança de sangue foi um dos períodos 
em que a vingança privada constituiu-se a mais frequente forma de 
punição, adotada pelos povos primitivos. A vingança privado constituía 
uma reação natural e instintiva, por isso, foi apenas uma realidade so-
ciológica, não uma instituição jurídica. Duas grandes regulamentações, 
com o evolver dos tempos, encontrou a vingança privada: o talião e 
a composição. Apesar de se dizer comumente pena de talião, não se 
tratava propriamente de uma pena, mas de um instrumento moderador 
da pena. Consistia em aplicar no delinquente ou ofensor o mal que ele 
causou ao ofendido, na mesma proporção.
e-Tec Brasil19
Em um momento histórico posterior, a vingança era divina, como uma 
espécie de consequência - reação - pelo ato que era emanada das autorida-
des divinas, dos deuses. Na verdade, essas autoridades eram as vítimas, e os 
sacerdotes (representantes na Terra) eram quem aplicavam as penas.
Esse período foi muito importante porque os povos antigos eram muito atre-
lados a esses deuses, sendo que a intimidação foi uma forma de evitar o ato 
danoso. Ademais, o castigo também era brutal e violento, visto que deveria 
ser na proporção da grandeza do deus ofendido.
A esse respeito, Dias (2005) explica o seguinte:
Com a queda do Império Romano, no século IV, e a conquista dos po-
vos germânicos (bárbaros – estrangeiros) sobreveio o direito germânico, 
porém sob forte influência da Igreja e o seu direitocanônico, pela qual a 
vingança divina era exercida a proporcionalidade do “pecado” cometi-
do pelo acusado contra Deus. O fator que contribui para essa consolida-
ção da influência da Igreja é o fortalecimento do poder centralizado do 
Direito germânico, que buscava adquirir com maior amplitude o caráter 
de poder público estatal, daí a adoção da concepção da Igreja de opo-
sição à pratica individualista da vingança privada (vingança do sangue) 
utilizada no início do domínio dos povos germânico, embora essa inter-
pretação das escrituras sagradas eram deturpadas e os métodos de veri-
ficar a culpabilidade provinham de uma revelação divina inquestionável 
que impunha provações das mais variadas, a fim de corrigir o infrator.
Porém, com o passar do tempo, os povos foram evoluindo. As sociedades 
passaram a se estruturar em torno de um governante, de um monarca, de 
um regente. Essa era a autoridade que decretava o castigo a ser aplicado, 
com base em normas jurídicas criadas.
Para Canto (2005), “neste período o Estado tornou-se forte e chamou para 
si a aplicação da pena, que perde seu cunho religioso, assumindo uma finali-
dade política. O objetivo era a segurança do príncipe ou soberano, por meio 
da pena, também cruel e severa”.
Assevera ainda que “predominaram o arbítrio judicial, a desigualdade quan-
to à punição das classes, a desumanidade das penas, o sigilo do processo, 
os meios inquisitórios, tudo aliado a leis imprecisas, lacunosas e imperfeitas, 
a favorecer o absolutismo monárquico e seus protegidos, postergando os 
direitos dos indivíduos”.
Aula 2 - Histórico da responsabilidade
Responsabilidade Civil e Criminale-Tec Brasil 20
Nesse período, como evolução da Lei do Talião, pode-se ter como referência 
a Lei Aquiliana (Lex Aquilia), que para Venosa (2009, p.17) “possibilitou 
atribuir a um titular de bens o direito de obter o pagamento de uma pena-
lidade em dinheiro de quem tivesse destruído ou deteriorado seus bens”.
Portanto, na fase da vingança pública, o interesse maior era de proteger o 
governante. Para tanto, a legislação existente era cheia de defeitos, favore-
cendo a interpretação que essa autoridade desejasse.
Contudo, a vingança pública foi superada por um período humanitário, 
em que se defendia a criação de normas mais simples, objetivas e de fácil 
interpretação. O objetivo disso era propiciar mais transparência e respeito ao 
ser humano.
E finalmente, no final dessa evolução histórica encontramos o período cien-
tífico, em que a análise do evento dano – crime – ganha traços acadêmicos. 
Surge a Antropologia Criminal, a Criminologia, e outras áreas de estudo 
correlatas.
Na linha de acontecimentos, chegamos à Idade Contemporânea. Após a 
Revolução Francesa (1789), o Código Napoleônico trouxe grandes inovações 
no campo da responsabilidade civil, inclusive fazendo sua diferenciação com 
a responsabilidade penal.
Você sabia?
Figura 2.2: Napoleão 
Bonaparte
Fonte: http://picasaweb.google.
com
A Revolução Francesa tornou-se o símbolo 
para a queda do absolutismo? Antes disso, 
a situação econômica e social da França era 
caótica, com grandes despesas decorrentes 
de derrotas em guerras (custeadas por 98% 
da população), indústrias pouco lucrativas e 
separação do povo em classes. Assim, com 
o Golpe dos “18 Brumário”, o jovem mili-
tar Napoleão Bonaparte tornou-se Cônsul, 
depois Cônsul Vitalício (1802) e finalmente 
Imperador (1804), sendo suas principais reali-
zações: promulgação do Código Civil, centra-
lização administrativa, incentivo à educação 
e diversas reformas inspiradas na Revolução. 
e-Tec Brasil21
Conforme afirma Miguel (2006):
O direito francês influenciou vários povos e, por consequência, a legis-
lação de vários países, inclusive do Brasil. Assim, ainda que via reflexa, 
o atual Código Civil e especialmente o revogado Código Civil de 1916, 
cuja vigência se estendeu até 2002, tiveram aquele Codex como fonte 
inspiradora, o que levou a consagração da teoria da culpa como regra no 
campo da responsabilidade civil.
Já imaginou viver naquele período primitivo, sem leis e regras? 
Por isso que a responsabilidade civil é muito importante por ser uma das 
razões que proporcionam a paz social. Afinal, quem descumpre as normas 
jurídicas certamente estará sujeito à reparação do dano que vier a causar, na 
forma que veremos adiante em nosso curso.
Resumo
Em conjunto com a primeira aula, hoje foi possível compreender os anteceden-
tes históricos que darão embasamento para a continuidade de nossos estudos.
Atividades de aprendizagem
Em conjunto com um colega, imagine como seria viver em um mundo primiti-
vo, sem leis e sem regras. Nesse contexto, descreva como seria a responsabiliza-
ção de alguém que cometeu algum dano a outrem.
Aula 2 - Histórico da responsabilidade
Responsabilidade Civil e Criminale-Tec Brasil 22
e-Tec Brasil23
Aula 3 - O conceito de 
responsabilidade I
Após a contextualização e resgate histórico que fizemos nas aulas 
anteriores, passaremos a analisar o conceito legal de responsabilidade.
3.1 Conceito de responsabilidade
De acordo com o Dicionário Jurídico de José Naufel (1997, p.729), respon-
sabilidade é a “obrigação de responder pelos próprios atos e seus efeitos, 
ou por atos de terceiros, em virtude de lei ou convenção”.
Para Lopes (2000, p.550):
A violação de um direito gera a responsabilidade em relação ao que a 
perpetrou. Todo ato executado ou omitido em desobediência a uma 
norma jurídica, contendo um preceito de proibição ou de ordem, re-
presenta uma injúria privada ou injúria pública, conforme a natureza 
dos interesses afetados, se individuais ou coletivos. Daí a ideia do ato 
ilícito, que se caracteriza ou por uma ação ou omissão (...). Assim, o 
transgressor da lei, que viola o direito ou causa prejuízo a outrem, fica 
obrigado a reparar o dano e incorre, assim, em responsabilidade.
3.2 Responsabilidade civil
Mas, afinal, o que é responsabilidade civil?
Para solucionar essa dúvida recorremos aos ensinamentos do Prof. Silvio de 
Salvo Venosa (2009, p.1), que lembra que a atividade humana pode ou não 
resultar num dano. Em havendo esse dano, nasce para a vítima o direito 
de tê-lo reparado (seja pelo retorno ao estado anterior ou mediante o pa-
gamento de uma indenização para compensar financeiramente o evento 
causado).
Essa é a ideia central da responsabilidade civil (dano x reparação).
Ainda, nessa mesma linha de pensamento, continua lecionando que:
Haverá, por vezes, excludentes que impedem a indenização, como vere-
mos. O termo responsabilidade é utilizado em qualquer situação na qual 
alguma pessoa, natural ou jurídica, deva arcar com as consequências 
de um ato, fato ou negócio jurídico. Sob essa noção, toda atividade 
humana, portanto, pode acarretar o dever de indenizar; Desse modo, o 
estudo da responsabilidade civil abrange todo o conjunto de princípios 
e normas que regem a obrigação de indenizar.
Não diferente é o entendimento de Jorge Neto; Cavalcante (2005, p. 749), 
quando explicam que a responsabilidade civil é:
[...] o instituto jurídico capaz de proporcionar à vítima a reparação dos danos 
causados, sejam eles com repercussões no âmbito material ou moral, com o 
restabelecimento da situação anterior ao ato danoso (status quo ante) ou, 
alternativamente ou simultaneamente, por uma compensação pecuniária 
equivalente à extensão do dano causado.
Portanto, em linhas gerais, podemos dizer que responsabilidade civil nada 
mais é do que o dever de reparar um dano que o indivíduo causou (ATO 
ILÍCITO) voluntária ou involuntariamente. 
Nessa linha de raciocínio, Diniz (2002, p.754) explica que “o ato ilícito cria, 
portanto, para o autor, a obrigação de reparar danos por ele causados a 
terceiros. Essa obrigaçãorecebe a denominação de responsabilidade civil.”
Esclarece ainda que a responsabilidade civil “é, portanto, a aplicação de 
medidas que obriguem uma pessoa a reparar dano moral ou patrimonial 
causado a terceiros, em razão de ato por ela mesmo praticado, por pessoa 
por quem ela responde, por alguma coisa a ela pertencente ou por simples 
imposição legal.”
Responsabilidade Civil e Criminale-Tec Brasil 24
Figura 3.1: O dever de reparar
Fonte: www.shutterstock.com
e-Tec Brasil25
Você sabia?
A Revista Veja publicou em sua Edição nº 1.740, de 27 de fevereiro 
de 2002, uma matéria noticiando que as seguradoras vêm ofere-
cendo apólices para os mais variados casos de responsabilidade 
civil: “AS SEGURADORAS OFERECEM APÓLICES AINDA POUCO 
CONHECIDAS PARA QUEM PRECISA DE COBERTURAS ESPECÍFI-
CAS OU TEMPORÁRIAS. Se seu cachorro morder o vizinho, será 
difícil evitar ouvir alguns desaforos. Mas a conta dos curativos e do 
tratamento medido, pelo menos, dá para passar adiante. Existem 
no mercado brasileiro, diversas modalidades de seguro que bem 
poucas pessoas conhecem, mas que tendem a se tornar populares 
no futuro. É possível, por exemplo, fazer um seguro especial – e 
mais barato – para acasos que são usados apenas em fins de se-
mana ou para cobrir os riscos decorrentes de algumas atividades 
profissionais. Numa situação extrema, corretores de seguro que 
equivocadamente deixam de incluir numa apólice determinado ris-
co podem ter, eles próprios, um seguro que garanta o pagamento 
ao cliente se este vier a ter um acidente justamente nos moldes 
daquele esquecido na contratação”.
Pois bem, podemos concluir que o dano material, ou seja, aquele em que é 
possível mensurar economicamente deve ser reparado.
Um exemplo de dano material: ao manobrar seu veículo na garagem do 
edifício, acaba riscando a lataria do carro do vizinho, e por essa razão, será 
obrigado à pagar às custas com o conserto (e, como vimos anteriormente, 
também deverá arcar com as despesas havidas pelo fato do veículo em ques-
tão ficar parado nesse período).
Resumo
Tivemos uma aula um pouco mais conceitual, em que foi possível compre-
ender os conceitos iniciais de responsabilidade civil e do dever de reparar o 
dano material.
Atividades de aprendizagem
Após essas primeiras lições, responda o motivo de haver o instituto da res-
ponsabilidade civil em nosso Direito.
Aula 2 - O conceito de responsabilidade I
Responsabilidade Civil e Criminale-Tec Brasil 26
e-Tec Brasil27
Aula 4 - O conceito de 
responsabilidade II
Esta aula é a continuidade da anterior. Hoje analisaremos se no dever de 
reparação inclui-se o dano moral, além do material. Também veremos a 
diferenciação entre responsabilidade civil e criminal.
4.1 Dano moral
Figura 4.1: Moral
Fonte: www.shutterstock.com
Mas será que é possível reparar um dano exclusivamente moral?
A resposta é sim. De acordo com o art. 5º, inciso V, de nossa Constituição 
Federal:
TÍTULO II. Dos Direitos e Garantias Fundamentais. CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer nature-
za, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e 
à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da 
indenização por dano material, moral ou à imagem; (destacamos)
O Código Civil Brasileiro, instituído pela Lei Federal nº 10.406, de 10 de 
janeiro de 2002, é a norma jurídica base a respeito da responsabilidade civil 
no direito brasileiro.
Apesar de possuir várias disposições tratando do tema que estamos estudan-
do ao longo de seu texto, dá especial atenção quando reserva um Título es-
pecial para o instituto da responsabilidade civil (Título IX, Capítulos I e II).
Para interpretar como funciona a responsabilidade civil, é necessário con-
jugar dois artigos muito importantes do referido Código (186 e 927), que 
dizem o seguinte:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou 
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusiva-
mente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (Art. 186 e 187), causar dano a ou-
trem, fica obrigado a repará-lo.
Dessa leitura chegamos aos seus requisitos e pressupostos, conforme vere-
mos em nosso próximo encontro. Porém, antes disso, é necessário estabele-
cer a correlação entre as esferas cível e criminal.
4.2 Diferenciação entre responsabilidade 
 civil e responsabilidade criminal
Recorremos ao art. 935 do mesmo Código Civil Brasileiro, que assim dis-
põe: “a responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo 
questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, 
quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal”.
Isso quer dizer que, se houver alguma decisão reconhecendo a existência 
de delito/ilícito (crime) no âmbito criminal, o fato em si e a sua autoria não 
poderão mais ser discutidas na seara do juízo cível.
Maria Helena Diniz melhor detalha como funciona a lógica jurídica dessa 
questão, explicando que “com isso estabelece a independência da res-
ponsabilidade civil em relação à criminal, ante a diversidade dos cam-
pos de atuação da lei civil e da lei penal. A lei civil procura proteger 
interesses de ordem privada; a penal, combater o crime, que constitui 
a violação da ordem social”.
 Na prática, um ato ilícito na esfera civil pode não gerar consequências no 
âmbito criminal (como por exemplo, a violação das cláusulas de um contra-
to). Por outro lado, um doente mental (que na ótica do direito penal não 
pode ser responsabilizado por seus atos) pode ser responsabilizado em repa-
rar um dano no juízo cível.
Caso queira estudar mais 
detalhadamente nosso Código 
Civil e Código Penal, acesse o site 
do Planalto, e encontrará toda a 
legislação brasileira disposta de 
maneira sistemática, cronológica 
e atualizada. O link é: http://
www.planalto.gov.br.
Responsabilidade Civil e Criminale-Tec Brasil 28
e-Tec Brasil29
Ainda é oportuno observar que se no âmbito criminal o juiz ainda não tiver 
publicada sua sentença, ou seja, ainda não estiver convicto da existência do 
ato ilícito e também de sua autoria (que nada mais é do que a identificação 
exata e individualizada de quem cometeu o crime), a responsabilização civil 
deverá investigar de maneira independente da criminal o fato em questão e 
sua autoria.
Resumo
Verificamos que além do dano material, o dano moral também é indenizável. 
Além disso, fizemos a diferenciação entre a responsabilização civil e criminal.
Atividades de aprendizagem
Juntamente com seus colegas, faça a correlação entre o art. 186 e 927 do 
Código Civil.
Aula 4 - O conceito de responsabilidade II
e-Tec Brasil31
Aula 5 - Pressupostos da 
responsabilidade civil I
Na aula anterior estudamos o conceito de responsabilidade civil. Hoje 
nossa missão será iniciar a análise de quais são os seus pressupostos, ou 
seja, os elementos necessários para sua configuração.
5.1 Pressupostos gerais da responsabilida- 
 de civil
Podemos dizer que os pressupostos básicos da responsabilidade civil são re-
sumidos no seguinte: é uma conduta humana ilícita, seja por ação ou 
omissão, intencional (dolosa) ou por culpa (negligência, imprudência 
ou imperícia), que cause um dano, e que entre tais requisitos haja um 
nexo causal e uma pessoa civilmente responsável (imputabilidade).
De forma resumida, temos como requisitos indispensáveis para que haja a 
responsabilização civil: 1- conduta humana ilícita (que pode ser por ação ou 
omissão seja dolosa ou culposa); 2-existência de um dano; 3- nexo de cau-
salidade entre esse dano e a referida conduta.
Então vamos estudar cada um deles, suas características e circunstâncias 
nesta aula e na aula seguinte.
5.2 Primeiro pressuposto: conduta humana 
 ilícita, por ação ou omissão, dolosa ou 
 culposa
O pressuposto basilar é considerar uma determinada conduta humana vo-
luntária, que pode ser por ação ou omissão, à prática de um ato ilícito. E o 
ato ilícito é aquele contrário ao ordenamento jurídico, ou seja, às normas e 
leis vigentes. Em resumo, ilegal.
Para Amaral (2008, p.551), “o ato ilícito pode ser penal ou civil, conforme 
resulte da infração da norma de direito público penal, que visa defender a 
sociedade, prevenindo e penalizando a infração e retribuindo com a pena 
cominada, ou da infração de norma de direito privado, que tem por objetivo 
a defesa dos interesses particulares, de natureza pessoal (direitos da perso-
nalidade) ou econômica”.
Entende que ato ilícito “é o ato praticado com infração de um dever legal ou 
contratual, de que resulta dano para outrem”.
Em relação à importância de caracterizá-lo, afirma que o ato ilícito é “uma 
das principais fontes das obrigações, fazendo nascer uma relação jurídica 
cujo objeto é o ressarcimento do dano causado, a indenização”.
Também há diferenciação nas esferas cível e penal, visto que “o ilícito civil 
produz a coação patrimonial, gerando uma obrigação de restituir, ou de inde-
nizar, ou a execução forçada ou, ainda, a declaração de nulidade de um ato”, 
enquanto o “ilícito penal além de poder acarretar todas essas consequências, 
vai mais além, determinando uma coação pessoal, através da pena privativa de 
liberdade ou de uma medida de segurança” (Maggio, 2001. p.71).
Você sabia que as penas podem ser classificadas entre quatro tipos? São elas:
•	 Privativas de Liberdade: São aquelas em que a liberdade do indivíduo 
é restrita, seja de forma total ou parcial. Para cumpri-la, geralmente a 
pessoa fica presa.
•	 Restritivas de Direitos: São aquelas em que ao invés de restringir a li-
berdade do indivíduo, restringe-se algum direito. Ex: cassação da carteira 
de habilitação se o motorista causar um grave acidente automobilístico; 
necessidade de apresentação em delegacia, durante a realização da par-
tida de futebol, daquele torcedor que vai ao campo para brigar. 
•	 Multa: É o pagamento de algum valor em dinheiro fixado pelo Juiz.
•	 Medidas de Segurança: É a espécie de pena que se aplica àqueles 
agentes que praticaram algum crime, mas que possuem doença ou per-
turbação de natureza mental e que, portanto, necessitam de internação. 
Ex: internação ou tratamento em hospital de custódia ou até mesmo 
sujeição à tratamento ambulatorial. 
E quanto à culpa, é importante sua verificação? Naturalmente que sim, mas 
antes de estudá-la, devemos entendê-la. 
Venosa (2009, p.23), explica que culpa “é a inobservância de um dever 
que o agente deveria conhecer e observar”, em suma “contém uma 
conduta voluntária, mas com resultado involuntário, a previsão ou a 
previsibilidade e a falta de cuidado devido, cautela e atenção”.
Responsabilidade Civil e Criminale-Tec Brasil 32
e-Tec Brasil33
Podemos resumir culpa como sendo uma atitude ou falta de atitude que 
causa uma consequência não desejada. Pode se dar por falta de conheci-
mento técnico ou despreparo profissional (também chamada de imperícia), 
por preguiça ou indiferença (negligência) ou desatenção às regras que deve-
riam ser observadas (imprudência).
A noção civil da culpa é confirmada pelo Código Penal, ao conceituar um 
crime culposo como aquele “quando o agente deu causa ao resultado 
por imprudência, negligência ou imperícia” (Código Penal, art. 18, in-
ciso II). 
Diversamente da culpa, o dolo caracteriza-se por um ato voluntário, ou 
seja, quando o agente procura o ato de maneira intencional, pré-determina-
da, desejando a ocorrência de uma determinada consequência. Por exem-
plo: Há tempos Fulano mantém desavenças com Beltrano, e um determina-
do dia, resolve matá-lo. Para tanto, Fulano adquire um revólver calibre 38 e 
vai até a residência de Beltrano, toca a campainha e quando este atende, dis-
para três tiros à “queima-roupa”. Nessa situação hipotética, não há dúvidas 
de que Fulano realmente tinha a intenção e vontade de matar Beltrano, e 
fez tudo para que sua idéia fosse colocada em prática. É a noção de DOLO.
Para o Código Penal, a conceituação de crime doloso é taxativa, seguindo a 
mesma linha interpretativa da legislação civil, ou seja, diz-se aquele em que 
“agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo” (Código Penal, 
art. 18, inciso I).
Como dito, a conduta humana pode ser ativa (ação) ou passiva (omissão). 
Portanto, é possível sim que uma pessoa seja responsabilizada porque de-
veria fazer algo e não o fez. Um exemplo disso é o crime de omissão de 
socorro previsto no art. 304 do Código de Trânsito Brasileiro (Lei Federal nº 
9.503/97):
Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de 
prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamen-
te, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não 
constituir elemento de crime mais grave.
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do 
veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se 
trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves.
Segundo o Dicionário Eletrônico 
Houaiss: IMPERÍCIA é a falta 
de perícia, ou seja, a falta de 
habilidade ou experiência repu-
tada necessária para a realização 
de certas atividades e cuja 
ausência, por parte do agente, 
o faz responsável pelos danos 
ou ilícitos penais advenientes; 
NEGLIGÊNCIA é a falta de 
cuidado, incúria, falta de apuro, 
de atenção, desleixo, desmazelo, 
falta de interesse, de motivação, 
indiferença, preguiça, ou seja, é 
a inobservância e descuido na 
execução de ato; e IMPRUDÊN-
CIA é a inobservância das 
precauções necessárias.
Aula 5 - Pressupostos da responsabilidade civil I
O crime de omissão de socorro também é previsto no Código Penal:
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem 
risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida 
ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, 
nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão re-
sulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
Aliás, o Código Penal explica a importância à omissão na interpretação dos 
crimes pelos juízes:
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente 
é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omis-
são sem a qual o resultado não teria ocorrido.
(...)
Relevância da omissão
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e 
podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do 
resultado.
Mas o que isso tem a ver comigo? Bem, tem muito ver. Para melhor enten-
der, veja o próximo item abaixo.
Resumo
Vimos o primeiro requisito para configuração da responsabilidade civil, seus 
diversos aspectos e conceitos.
Atividades de aprendizagem
Qual a diferença entre “dolo” e “culpa”. Pesquise em jornais, revistas e na 
Internet situações que possam exemplificar o conceito de cada um
.
Para você aprofundar sua leitura 
a respeito do crime de omissão 
de socorro, acesse o artigo do 
Prof. João JoséCaldeira Bastos 
intitulado “Crime de Omissão 
de Socorro: Divergências 
Interpretativas e Observações 
Críticas”, pelo link a seguir:
 http://jus2.uol.com.br/doutrina/
texto.asp?id=11018.
Responsabilidade Civil e Criminale-Tec Brasil 34
e-Tec Brasil35
Aula 6 - Pressupostos da 
responsabilidade civil II
Esta aula está intimamente ligada com a aula anterior, em que analisa-
mos o primeiro requisito para a configuração da responsabilidade civil. 
Agora iremos verificar situações específicas do técnico em segurança no 
trabalho.
6.1 As ações e omissões do técnico em se- 
 gurança no trabalho
Como você já sabe, o primeiro requisito da responsabilidade civil é “uma 
conduta humana ilícita, seja por ação ou omissão, seja com dolo ou com 
culpa”.
Pois bem, você que será um futuro Técnico em Segurança no Trabalho deve 
estar muito atento às suas obrigações legais específicas para não incorrer em 
um crime por omissão, além da responsabilização civil, é claro! Para tanto, 
vale dar uma olhada na Portaria nº 3.275, de 21 de setembro de 1989, ex-
pedida pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
Figura 6.1: Segurança no Trabalho
Fonte: www.shutterstock.com
Suas principais responsabilidades, segundo a referida norma são as seguin-
tes:
•	 informar o empregador, através de parecer técnico, sobre os riscos exis-
tentes nos ambientes de trabalho, bem como orientá-los sobre as me-
didas de eliminação e neutralização;
•	 informar os trabalhadores sobre os riscos da sua atividade, bem como as 
medidas de eliminação e neutralização;
•	 analisar os métodos e os processos de trabalho e identificar os fatores 
de risco de acidentes do trabalho, doenças profissionais e do trabalho e 
a presença de agentes ambientais agressivos ao trabalhador, propondo 
sua eliminação ou seu controle;
•	 executar os procedimentos de segurança e higiene do trabalho e ava-
liar os resultantes alcançados, adequando-os estratégias utilizadas de 
maneira a integrar o processo prevencionista em uma planificação, be-
neficiando o trabalhador;
•	 executar programas de prevenção de acidentes do trabalho, doenças 
profissionais e do trabalho nos ambientes de trabalho, com a participa-
ção dos trabalhadores, acompanhando e avaliando seus resultados, 
bem como sugerindo constante atualização dos mesmos estabelecen-
do procedimentos a serem seguidos;
•	 promover debates, encontros, campanhas, seminários, palestras, reuni-
ões, treinamentos e utilizar outros recursos de ordem didática e peda-
gógica com o objetivo de divulgar as normas de segurança e higiene do 
trabalho, assuntos técnicos, visando evitar acidentes do trabalho, doen-
ças profissionais e do trabalho;
•	 executar as normas de segurança referentes a projetos de construção, 
aplicação, reforma, arranjos físicos e de fluxos, com vistas à observância 
das medidas de segurança e higiene do trabalho, inclusive por terceiros;
•	 encaminhar aos setores e áreas competentes normas, regulamentos, 
documentação, dados estatísticos, resultados de análises e avaliações, 
materiais de apoio técnico, educacional e outros de divulgação para co-
nhecimento e autodesenvolvimento do trabalhador;
•	 indicar, solicitar e inspecionar equipamentos de proteção contra in-
cêndio, recursos audiovisuais e didáticos e outros materiais considerados 
indispensáveis, de acordo com a legislação vigente, dentro das qualida-
des e especificações técnicas recomendadas, avaliando seu desempenho;
•	 cooperar com as atividades do meio ambiente, orientando quanto ao 
tratamento e destinação dos resíduos industriais, incentivando e cons-
cientizando o trabalhador da sua importância para a vida;
Responsabilidade Civil e Criminale-Tec Brasil 36
e-Tec Brasil37
•	 orientar as atividades desenvolvidas por empresas contratadas, quanto 
aos procedimentos de segurança e higiene do trabalho previstos na legis-
lação ou constantes em contratos de prestação de serviço;
•	 executar as atividades ligadas à segurança e higiene do trabalho utili-
zando métodos e técnicas científicas, observando dispositivos legais e 
institucionais que objetivem a eliminação, controle ou redução perma-
nente dos riscos de acidentes do trabalho e a melhoria das condições do 
ambiente, para preservar a integridade física e mental dos trabalhadores;
•	 levantar e estudar os dados estatísticos de acidentes do trabalho, do-
enças profissionais e do trabalho, calcular a frequência e a gravidade 
destes para ajustes das ações prevencionistas, normas regulamentos e 
outros dispositivos de ordem técnica, que permitam a proteção coletiva 
e individual;
•	 articular-se e colaborar com os setores responsáveis pelo recursos hu-
manos, fornecendo-lhes resultados de levantamento técnicos de riscos 
das áreas e atividades para subsidiar a adoação de medidas de prevenção 
a nível de pessoal;
•	 informar os trabalhadores e o empregador sobre as atividades insalubre, 
perigosas e penosas existentes na empresa, seus riscos específicos, bem como 
as medidas e alternativas de eliminação ou neutralização dos mesmos;
•	 avaliar as condições ambientais de trabalho e emitir parecer técnico 
que subsidie o planejamento e a organização do trabalho de forma se-
gura para o trabalhador;
•	 articular-se e colaborar com os órgãos e entidades ligados à prevenção 
de acidentes do trabalho, doenças profissionais e do trabalho;
•	 participar de seminários, treinamento, congressos e cursos visando o 
intercâmbio e o aperfeiçoamento profissional.
Repare a enorme gama de verbos de ação (informar, orientar, analisar, exe-
cutar, adequar, propor, promover, inspecionar, incentivar, preservar, calcular, 
etc.) que você, futuro Técnico em Segurança no Trabalho, deverá colocar em 
prática no seu dia a dia.
Aula 6 - Pressupostos da responsabilidade civil II
Por tudo isso que vimos nessa aula é que a omissão de suas responsabilida-
des profissionais (ou mesmo a ação de maneira imprudente, com imperícia 
ou com negligência), além de poder caracterizar um crime (assim sendo, 
passível de prisão), sujeitará o técnico na obrigação de reparação do dano 
que vier a causar. Portanto, não deixe que seu futuro profissional seja joga-
do. Fique sempre atento!
Resumo
Nesta aula foi possível verificar alguns exemplos de ações e omissões aplicá-
veis ao técnico em segurança no trabalho.
Atividades de aprendizagem
Relacione, em uma listagem, quais são as principais ações, em sua opinião, 
que competem ao técnico em segurança no trabalho. Justifique a escolha de 
pelo menos três delas.
Responsabilidade Civil e Criminale-Tec Brasil 38
e-Tec Brasil39
Aula 7 - Pressupostos da 
responsabilidade civil III
Para continuidade de nossos estudos, lembramos que os pressupostos 
básicos da responsabilidade civil são resumidos no seguinte: É uma con-
duta humana ilícita, seja por ação ou omissão, intencional (do-
losa) ou por culpa (negligência, imprudência ou imperícia), que 
cause um dano, e que entre tais requisitos, haja um nexo causal e 
uma pessoa civilmente responsável (imputabilidade).
De forma resumida:
•	Primeiro Pressuposto: Conduta humana ilícita, por ação ou omissão, 
por dolo ou por culpa;
•	Segundo Pressuposto: Existência de um dano;
•	Terceiro Pressuposto: Nexo de causa entre a conduta e o dano.
7.1		Segundo	pressuposto:	existência	de		
	 um	dano
O conceito de dano, para os estudiosos do Direito, não é muito harmônico. 
Entretanto, sabe-se que está intimamente ligado à ideia de prejuízo. Portan-
to, nem sempre um ato ilícito poderá resultar em um dano, e por essa razão, 
parece-nos correto afirmar que não haverá a necessidade de reparação do 
dano se não houver um efetivo prejuízo.
Em relação à vítima, pode ser classificado como individual ou coletivo. 
Em qualquer dos casos, será definidocomo dano material (como já expli-
camos anteriormente, é aquele que se pode traduzir em uma quantia em 
dinheiro. Ex: quebrou o vidro, deverá providenciar outro) ou dano moral (de 
índole psicológica, ou seja, interna de um indivíduo, que atinge sua perso-
nalidade).
7.2		Terceiro	pressuposto:	existência	de		
	 um	dano
O nexo nada mais é do que o vínculo, a ligação que se dá entre a conduta 
ilícita do agente e o dano que o evento causou.
Nesse caso, não haverá vínculo quando o dano não tiver correlação com a 
conduta humana ilícita.
7.3	Imputabilidade
De maneira simplista, imputabilidade se traduz na possibilidade de se atri-
buir a alguém alguma responsabilidade. E para tanto, será necessário verifi-
car se essa pessoa possuir alguns requisitos pessoais mínimos. Para melhor 
exemplificar Venosa (2009, p.66) explica que:
Se o agente, quando da prática do ato ou da omissão, não tinha condi-
ções de entender o caráter ilícito da conduta, não pode, em princípio, 
ser responsabilizado. Nessa premissa, importa verificar o estado mental 
e a maturidade do agente. Para que o agente seja imputável, exige-se-
-lhe capacidade e discernimento. A imputabilidade retrata a culpabili-
dade. Não se atinge o patamar da culpa se o agente causador do dano 
for inimputável.
No mesmo sentido arremata Lopes (2000, p.551) que a imputabilidade “de-
fine-se como sendo determinação da condição mínima necessária a ser um 
fato referido e atribuído a alguém, como o autor do mesmo e com o objetivo 
de torná-lo passível das consequências”.
Pois bem, várias são as situações em que uma pessoa pode ser inimputável, 
dentre as quais destacamos: menores de 16 (dezesseis) anos de idade, os 
que não possuem o necessário entendimento.
Em regra, se o agente causador do dano não detiver imputabilidade, outra 
pessoa poderá por ele responder pelos prejuízos causados. Exemplo: o pai 
responderá pelo filho menor de idade, o empregador responderá pelos atos 
praticados pelos seus empregados, etc. 
São exatamente os casos previstos no art. 932 do Código Civil Brasileiro:
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em 
sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas 
mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e pre-
postos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde 
se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus 
hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, 
até a concorrente quantia.
Responsabilidade Civil e Criminale-Tec Brasil 40
e-Tec Brasil41
Por outro lado, “o incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pesso-
as por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem 
de meios suficientes” (Código Civil Brasileiro, art. 928). Essa exceção não é 
aplicável quando privar o incapaz, ou as pessoas que dele dependem, do 
necessário para sua sobrevivência.
Resumo
Nesta aula vimos os dois últimos pressupostos para a caracterização da res-
ponsabilidade civil, que é o dano e o nexo causal existente entre ele e a con-
duta humana ilícita (primeiro dos requisitos). Também foi possível conhecer 
o que é o instituto da imputabilidade, tema de grande relevância para a 
responsabilidade civil. 
Atividades	de	aprendizagem
Leia a notícia a seguir e debata com seus colegas como fica a responsabilida-
de do motorista de um automóvel que causar sério acidente de trânsito. No 
caso em questão, o motorista poderá ser considerado inimputável? 
Figura 7.1: Bebida e direção
Fonte: www.shutterstock.com
MOTORISTA EMBRIAGADO ENVOLVE-SE EM ACIDENTE DE 
TRÂNSITO. Em uma semana em que ocorreu a morte de três mo-
tociclistas, a Polícia registrou mais um acidente de trânsito envol-
vendo uma moto e um carro. No final da tarde de quinta-feira, 26, 
por volta das 19h, a guarnição da viatura de prefixo [...] foi acio-
nada pela sala de operações do 6º BPM para comparecer no bairro 
Getúlio Vargas, pois entre as ruas Quatro e Cinco teria ocorrido 
Aula 7 - Pressupostos da responsabilidade civil III
um acidente de trânsito com lesões corporais. Chegando ao local, 
os PMs foram informados de que um motoboy transitava pela rua 
Quatro no sentido bairro/Centro e, ao entrar à direita na rua Cin-
co, colidiu com o automóvel [...] que transitava na mesma rua, no 
sentido contrário, Centro/bairro, sendo que o motorista teria avan-
çado na contramão. O motociclista fugiu do local do acidente, mas 
uma moça que estava na garupa da moto foi localizada quando 
estava sendo atendida no pronto socorro da Santa Casa. No local 
do acidente, os PMs notaram que o condutor do carro, E.L.S., de 
39 anos, apresentava visíveis sintomas de embriaguez. Diante do 
fato, o motorista concordou em realizar o teste com o etilômetro, 
o qual apontou 0,98 miligrama de álcool por litro de sangue.
Fonte: <http://www.jornalagora.com.br/site/index.php?caderno=21&noticia=74150>. Acesso em 06.09.2011.
Responsabilidade Civil e Criminale-Tec Brasil 42
e-Tec Brasil43
Aula 8 - Pressupostos da 
responsabilidade civil IV
Ilicitude
Qualidade de ilícito (proibido 
pela lei).
Você sabia que existem algumas situações em que, aparentemente, a 
atitude é ilícita, mas o Direito entende como um ato justificável? Nessas 
hipóteses não será necessário reparado o dano causado. Essas são as 
situações que veremos nesta aula.
8.1 Caso fortuito e força maior
Figura 8.1: Força maior
Fonte: www.shutterstock.com
Os teóricos ainda não entraram em um consenso a respeito da diferença 
entre “caso fortuito” e “força maior”, mas podemos desde já afirmar que 
ambos têm como consequência a exclusão da ilicitude.
Para esclarecer essa questão, Venosa (2009, p.50) nos explica que “o caso 
fortuito (Act of God, Ato de Deus no direito anglo-saxão) decorreria de for-
ças da natureza, tais como terremoto, a inundação, o incêndio não provo-
cado, enquanto a força maior decorreria de atos humanos inelutáveis, tais 
como guerras, revoluções, greves e determinação de autoridades”. 
Em resumo, podemos afirmar que caso fortuito e força maior são situações 
alheias à vontade do agente. 
8.2 Culpa exclusiva da vítima
É a situação em que o evento danoso ocorre por culpa exclusiva da vítima.
Um exemplo clássico dessa situação é a seguinte: um veículo para em uma 
rodovia em uma noite muito chuvosa por falta de combustível; além disso, 
Responsabilidade Civil e Criminale-Tec Brasil 44
está com as luzes do veículo completamente apagadas e não utiliza qualquer 
sinalização; o condutor de outro veículo, dirigindo dentro do limite de ve-
locidade, ao se deparar com a situação, não consegue frear seu automóvel 
e colide com o veículo parado; em regra a culpa é de quem causa a batida, 
mas no caso será do motorista do veículo sem combustível, que não cumpriu 
as normas de trânsito que determinam a sinalização do local. 
Outro exemplo é um viajante de trem que resolve se pendurar no teto da 
locomotiva e, em uma curva, acaba caindo da composição.
8.3 Fato de terceiro
O terceiro é logicamente alguém que não é a vítima e que não é o causador 
do dano (na responsabilidade civil contratual, é aquele que não participou 
do negócio jurídico).
Em muitos casos é até mesmo de difícil identificação da vítima.
É quem, de fato, provocou a situação. Geralmente é matéria de defesa de 
quem a vítima acusa de ser causador do dano. Exemplo: em um acidente 
de trânsito, o causador do acidente só o fez em virtude de uma manobra 
imprevista e perigosa de um terceiro.
8.4 Legítima defesa
Sua estruturanos remete ao art. 25 do Código Penal: “entende-se por le-
gítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele 
injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”. Por essa 
razão, para o Direito Penal, a legítima defesa é causa que afasta a ocorrência 
do crime (Código Penal, art. 19).
Não é diferente a sua interpretação na legislação civil. Prevista no art. 188 do 
Código Civil Brasileiro, é a hipótese em que o agente causa um dano para 
se defender de uma injusta violência (atual ou iminente), sendo que essa 
repulsa deve ser praticada de maneira moderada, de forma a cessar imedia-
tamente a agressão.
e-Tec Brasil45Aula 8 - Pressupostos da responsabilidade civil IV
Você sabia?
Figura 8.2: Legítima defesa
Fonte: www.shutterstock.com
8.5 Exercício regular de um direito (estrito 
 cumprimento de dever legal)
É um excludente porque o art. 187 do Código Civil Brasileiro define como 
ato ilícito, pelo raciocínio inverso, quem “excede manifestamente os limites 
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons cos-
tumes”, ou seja, no exercício irregular, ou podemos chamar de abuso de 
direito, haverá, sim, ato ilícito.
A esse respeito, Lopes (2000, p.525) esclarece que “o direito deve ser exer-
cido em conformidade com o seu destino social e na proporção do interesse 
de seu titular [...] no abuso de direito trata-se de uma conduta consistente no 
exercício de um determinado direito, porém ultrapassando os seus limites”.
Aponta, ainda, o mesmo autor que “por duas maneiras o abuso do direito é 
sancionado pela ordem jurídica: de um modo geral, o ressarcimento por per-
das e danos; de um modo especial e quando possível e adequado, mediante 
a supressão ou anulação do fato ou ato abusivo, restabelecendo-se o statu 
quo ante” (situação anterior).
Amaral (2008, p.245) cita alguns exemplos de situações de abuso de direito 
muito ligadas ao nosso dia a dia, como: a suspensão do fornecimento de 
energia elétrica pela concessionária em razão de um pequeno débito; no 
exercício do poder familiar, a proibição de visita aos avós; abuso no direito 
Vamos imaginar um exemplo prático 
de legítima defesa? Você está indo 
para seu trabalho quando encontra 
um antigo inimigo que havia lhe pro-
metido de morte. Ao vê-lo, seu inimi-
go saca uma arma, aponta para você 
e, antes mesmo de disparar os tiros 
(injusta agressão), você consegue do-
miná-lo. Porém, com esse ato, você 
acabou causando-lhe lesões no rosto. 
A interpretação jurídica que se deve 
dar é que você fez isso para salvar sua 
própria vida, e não simplesmente por-
que desejava machucar seu desafeto.
Responsabilidade Civil e Criminale-Tec Brasil 46
de greve; utilização da proteção jurídica que as empresas possuem para lesar 
consumidores; etc.
Destacamos que o nosso Direito não protege quem praticar um ato que seja 
manifestamente ilegal, mesmo que haja uma determinação de seu superior 
hierárquico (ex: chefe que determina ao empregado para agredir um tercei-
ro que é seu desafeto). Afinal, não é porque você é empregado que deve 
cometer um ato ilegal somente porque seu chefe pediu. Ainda mais porque 
tal solicitação poderá ser enquadrada como um crime pela legislação penal.
A esse respeito o art. 22 Código Penal entende que: “se o fato é cometido 
sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifesta-
mente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou 
da ordem”.
 Nesse sentido, é importante destacar que, para ser negado, o ato 
não deve ser apenas ilegal, mas sim manifestamente ilegal, ou seja, que sua 
ilegalidade fosse fácil de perceber, ou “impossível de ser oculto ou dissimu-
lado, que não pode ser contestado em sua natureza, existência; flagrante, 
indiscutível, inegável; declarado, notório; claro, patente, evidente” (Dicioná-
rio Eletrônico Hauaiss da Língua Portuguesa).
8.6 Deterioração ou destruição da coisa 
 alheia, ou a lesão à pessoa, a fim de re- 
 mover perigo iminente
É a situação conhecida como “estado de necessidade”, ou seja, para prote-
ção de um bem jurídico que está na iminência de ser violado, o agente acaba 
violando um bem ou direito de terceiro. 
Está prevista no art. 188, inciso II, do Código Civil Brasileiro, e também é 
uma causa de exclusão da ilicitude. 
Para melhor entendimento citamos dois exemplos automobilísticos trazidos 
por Venosa (2009, p.56): imagine um motorista que, para desviar de árvore 
que está caindo à sua frente, lança o veículo contra a propriedade alheia, 
invadindo-a e causando danos (ex: derruba o muro); já a segunda situação 
envolve outro motorista que, tendo percebido um defeito mecânico em seu 
veículo, e estando o mesmo em direção a um precipício, lança-o sobre uma 
pessoa que estava transitando no acostamento da rodovia.
e-Tec Brasil47
Você sabia?
O Código Civil Brasileiro explica ainda que “se a pessoa lesada, ou 
o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem cul-
pados pelo perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo 
que sofreram”. Porém, terá o agente que causou o dano direito de 
regresso contra o terceiro, caso este seja o culpado pela ocorrência 
do perigo, para ver ressarcido do que pagou à vítima ou ao dono 
da coisa deteriorada (arts. 929 e 930).
Resumo
Aprendemos nesta aula que nem todas as ações humanas ilícitas podem 
acarretar o dever de deparar o dano. São situações que excluem a ilicitude 
do ato, e elas foram analisadas em nossa aula de hoje (caso fortuito e força 
maior; culpa exclusiva da vítima; fato de terceiro; legítima defesa; exercício 
regular de um direito e estado de necessidade).
Atividades de aprendizagem
Analise as duas decisões abaixo, aponte quais são as hipóteses de exclusão 
da ilicitude que os respectivos julgadores utilizaram:
MANDADO DE SEGURANÇA. DETERMINAÇÃO JUDICIAL. RE-
CUSA NO CUMPRIMENTO PELA AUTORIDADE PÚBLICA AD-
MINISTRATIVA. INCABIMENTO. Não cabe à autoridade pública 
administrativa recusar ou questionar o cumprimento de determi-
nação judicial, salvo nas hipóteses em que a ordem é manifesta-
mente ilegal. Ao revés, tem ela o dever de colaborar com a Justiça, 
não colocando dificuldades ao bom andamento do processo, es-
pecialmente quando não demonstra possuir, na espécie, qualquer 
interesse processual. In casu, observa-se a ocorrência de uma ir-
regularidade meramente formal (determinação judicial desprovida 
de carta precatória), que somente as partes e o executado teriam 
legitimidade para apontá-la. Sentença denegada (TRT 19º Região. 
Tribunal Pleno. Numeração Única: 00213-2003-000-19-00-9. Jul-
gado em 08/06/2004).
Eca. Apelação. Tentativa de homicídio. Medida de internação apli-
cada pelo juízo singular. Recurso visando absolvição pela legítima 
defesa ou substituição da medida. Internação não justificada sufi-
cientemente. Instrução precária. Legítima defesa não configurada 
Aula 8 - Pressupostos da responsabilidade civil IV
Responsabilidade Civil e Criminale-Tec Brasil 48
pelo excesso na reação. Uso de arma de fogo para se defender 
de desafio para briga “no braço”. Adolescente sem antecedentes 
graves. Residência com a família e ocupação em atividade lícita 
(emprego em fábrica de jeans). Reforma parcial da sentença para 
substituir a medida de internação por liberdade assistida. . RE-
CURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (TJPR - 2ª C. Criminal - RAECA 
765882-4 - Francisco Beltrão - Rel.: Des. Valter Ressel - Rel.Desig. 
p/ o Acórdão: Des. Valter Ressel - Unânime - J. 28.07.2011)
e-Tec Brasil49
Aula 9 - Modalidades da 
responsabilidade civil I
A responsabilidade civil possui quatro modalidades, nesta aula veremos 
duas delas, que são a Contratual e a Extracontratual outambém conhe-
cida como aquiliana.
9.1 Responsabilidade civil contratual
A responsabilidade civil contratual é o campo de estudo das consequências 
do não cumprimento das obrigações jurídicas (tecnicamente chamada de 
inadimplemento) decorrentes de contratos ou negócios jurídicos em geral. 
Neste caso, a fonte de obrigações é o próprio contrato entabulado entre as 
partes. 
Figura 9.1: Contrato sendo fechado
Fonte: www.shutterstock.com
Vamos exemplificar: no contrato de financiamento de um automóvel, a insti-
tuição bancária empresta o dinheiro cobrando um determinado valor a título 
de juros remuneratórios (que nada mais é do que a remuneração pelo ato 
de emprestar). Por outro lado, o interessado recebe a quantia de dinheiro 
financiada, à vista, com a obrigação de pagar as parcelas pontualmente, no 
dia pactuado. Caso não venha a cumprir essa avença, pagará uma multa por 
atraso, juros moratórios – em virtude da demora em quitar com a obriga-
ção), além de correr o risco de ter o veículo apreendido. Veja quantas são as 
consequências.
Para caracterizar o descumprimento do contrato e, portanto, a responsabili-
dade, basta o credor demonstrar que o devedor não respeitou suas obriga-
ções no prazo e forma pactuados.
Leia o artigo “Responsabilidade 
civil extracontratual do 
condomínio edilício. A 
responsabilidade por furto ou 
roubo e por danos causados 
a terceiros” escrito por Denis 
Donoso. Disponível em: http://
jusvi.com/pecas/31922.
Responsabilidade Civil e Criminale-Tec Brasil 50
9.2 Responsabilidade civil extracontratual
Já na responsabilidade civil extracontratual, também conhecida como “aqui-
liana”, a situação é bem diferente, pois não há partes previamente definidas, 
muito menos um contrato para dar origem a direitos e obrigações.
Basta causar um dano, uma lesão, um prejuízo a um indivíduo ou mesmo 
a uma pessoa jurídica (empresa), seja ele de ordem material financeira ou 
mesmo moral (atingindo o psicológico), nascerá desse ato o dever de reparar 
o dano.
Tem, por essa razão, fundamento no dever genérico de não causar dano a 
outrem, sob pena de responsabilização civil do causador.
Para melhor ilustrar, analisemos o seguinte exemplo: em um acidente de 
trânsito, se o indivíduo não respeitar o semáforo e passar no sinal vermelho, 
vindo a causar um acidente, terá a obrigação “extracontratual” (legal) de 
corrigir integralmente o dano causado. Repare que neste exemplo não existe 
um contrato entre os indivíduos envolvidos no acidente.
Em relação ao ônus da prova, é um pouco mais complicado, pois ao credor 
(vítima) cabe demonstrar que o fato ilícito se deu por culpa do agente. No 
paralelo com o exemplo acima, deverá comprovar que o responsável pelo 
acidente “furou” o sinal.
Resumo
Nesta aula vimos duas das modalidades de responsabilidade civil (contratual 
e extracontratual), que serão complementadas por mais duas em nossa pró-
xima aula.
Atividades de aprendizagem
Explique qual é a diferença entre a responsabilidade civil contratual e respon-
sabilidade civil extracontratual, apontando exemplos de cada um. 
Obs.: Os exemplos devem ser diferentes dos utilizados acima.
e-Tec Brasil51Aula 9 - Modalidades da responsabilidade civil I
e-Tec Brasil53
Aula 10 - Modalidades da 
responsabilidade civil II
Esta aula é uma continuidade da anterior, e veremos as duas outras for-
mas de responsabilidade civil. Trata-se da modalidade subjetiva e obje-
tiva.
10.1 Responsabilidade civil subjetiva
Essa modalidade de responsabilidade civil é, digamos, a mais clássica. 
Isto porque leva em consideração a vontade do agente em causar um ato 
ilícito (dano), seja por dolo (vontade expressa) ou por culpa (negligência, 
imprudência ou imperícia).
Relembre os conceitos de culpa (negligência, imprudência ou imperícia) revi-
sando o conteúdo das aulas nº. 05 e 06.
Pois bem, na responsabilidade civil subjetiva abre-se uma variante: pode 
ser direta (quando o próprio agente responde pelo dano que causar) ou 
indireta (quando a lei previr a responsabilidade de alguém por algum dano 
causado por outra pessoa).
Neste último caso, é fácil entender citando os seguintes exemplos: respon-
sabilidade dos pais pelos filhos menores que estiverem sob sua guarda; do 
tutor e do curador, em relação ao tutelado ou curatelado; do empregador 
em relação aos atos praticados por seus empregados na execução do traba-
lho que lhes competir; dos proprietários de hotéis, hospedarias, albergues 
ou estabelecimentos onde o indivíduo se hospeda mediante pagamento de 
uma retribuição, pelos seus hóspedes e moradores.
10.2 Responsabilidade civil objetiva
A responsabilidade civil objetiva é aquela que é aplicada sem verificar se 
houve dolo ou culpa do agente causador do dano. 
Pode-se afirmar que é a nova tendência da responsabilidade civil considerá-
-la como objetiva, pois modernamente tem-se entendido que a culpa não é 
elemento para caracterizar o dever de indenizar, bastando a ocorrência do 
dano em si e seu nexo.
Responsabilidade Civil e Criminale-Tec Brasil 54
Os teóricos trazem um alerta importante: Jorge Neto e Cavalcante (2005, 
p.753) advertem que “nas hipóteses de responsabilidade objetiva, a ativida-
de exercida é lícita, mas, por expor terceiros a perigo, podendo causar-lhes 
danos, tem o dever de tomar todas as cautelas para que efetivamente isso 
não ocorra”.
Em suma, se a atividade é potencialmente perigosa, muito provavelmente 
será caso de responsabilidade civil objetiva, e deverão ser tomadas todas as 
providências prévias a fim de evitar a ocorrência de um dano.
Figura 10.1: Campo de Futebol
Fonte: www.shutterstock.com
Um primeiro exemplo para melhor ilustrar é o caso de uma partida de fute-
bol profissional. Veja que, mesmo que o time proprietário do estádio venha 
a aplicar o máximo de zelo, cuidado e segurança para com os torcedores que 
lá foram para assistir o jogo, qualquer confusão que ocorra dentro do está-
dio e que cause dano a alguém será de responsabilidade do clube de futebol 
que está recebendo a partida.
 Isto porque, por si só as atividades em que se reúne um grande número de 
pessoas são potencialmente perigosas.
Aliás, falando em responsabilidade, você sabia que os torcedores que vão 
ao estádio assistir a uma partida de futebol estão protegidos pela Lei nº 
10.671/2003, conhecida como “Estatuto do Torcedor”? 
Veja só que uma de suas regras é que “a responsabilidade pela segurança do 
torcedor em evento esportivo é da entidade de prática desportiva detentora 
do mando de jogo e de seus dirigentes” (art. 14)
Esse é um típico caso de responsabilidade civil objetiva, ou seja, o time 
e-Tec Brasil55
Acesse o link abaixo e leia o 
artigo intitulado “Segurança 
nos estágios de futebol e a 
responsabilização de clube e 
dirigente”, escrito por João 
Bosco Luz de Morais. <http://
www.universidadedofutebol.
com.br/Jornal/Noticias/Detalhe.
aspx?id=13109>.
Aula 10 - Modalidades da responsabilidade civil II
de futebol certamente responderá por todos os danos causados. Da mesma 
forma ocorre em um show de uma grande banda de rock, de fogos de arti-
fício, etc.
Outros exemplos clássicos: a responsabilidade do dono de um animal em 
relação aos danos que causar (ex: cachorro que se soltou da coleira e mor-
deu um individuo na perna, causando-lhe sérias sequelas), nos acidentes de 
trabalho, do dono de prédio em ruína, do proprietário do imóvel do qual 
caem objetos (ex: vaso de flor na varanda que, com o vento, cai e acerta 
um transeunte) e das empresas que exploram atividade de transporte (ex: 
companhias aéreas), dentre outros.
Para ilustrar, veja só o que aconteceu recentemente em Xangai, China:
“O PRÉDIO QUE CAIU CHAPADO PARA TRÁS¨

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