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26 Unidade II Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 Unidade II 3 ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS A palavra estrutura significa “forma de apresentação”, ou seja, como as demonstrações contábeis devem ser apresentadas aos seus usuários de maneira fácil para o seu entendimento. Lembrete Os relatórios contábeis devem estar claros aos usuários da informação contábil. Sendo assim, a sua estrutura precisa ser padronizada pela legislação; caso contrário, dificultaria a tomada de decisão por parte dos diversos usuários das informações contábeis. A definição de demonstração contábil, segundo Iudícibus et al. (2006), é a exposição resumida e ordenada de dados colhidos pela contabilidade. Esses relatórios têm o objetivo de relatar às pessoas que utilizam os dados contábeis (interna ou externamente) os principais fatos registrados por uma organização em um determinado período. Os relatórios obrigatórios são aqueles exigidos por lei (Lei das S.A.), sendo mais conhecidos como demonstrações financeiras. São exigidos na totalidade para as sociedades anônimas e parte deles é estendida a outros tipos societários, por meio do Imposto de Renda (IUDÍCIBUS et al., 2006). Segundo Assaf Neto (2007) e Iudícibus et al. (2006), a Lei das Sociedades por Ações estabelece que, ao fim de cada exercício social (ano), a diretoria fará elaborar, com base na escrituração contábil, obrigatoriamente, as seguintes demonstrações financeiras: • balanço patrimonial; • demonstração de resultado do exercício; • demonstração das mutações ou demonstração de lucros ou prejuízos acumulados; • demonstração das origens e aplicações de recursos. Tais demonstrações deverão ser publicadas em dois jornais: no Diário Oficial, assim como em um jornal de grande circulação (IUDÍCIBUS et al., 2006). 27 Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Lembrete As demonstrações financeiras devem ser publicadas como forma de divulgar os resultados da empresa aos stakeholders. Outro aspecto relevante é que as demonstrações financeiras de cada exercício devem ser publicadas com a indicação dos valores correspondentes das demonstrações do exercício anterior, porém a legislação não especifica nada a respeito da correção monetária desses valores do exercício passado, assim, praticamente a totalidade das empresas publica os valores do exercício anterior da mesma forma que foram apresentados naquela época, ou seja, sem qualquer tipo de correção (ASSAF NETO, 2007). 3.1 Dados complementares das demonstrações financeiras Iudícibus et al. (2006) ressaltam ainda que, como complemento das demonstrações financeiras, as sociedades por ações deverão informar aos usuários desses relatórios os seguintes dados adicionais: • Relatórios da diretoria (ou administração) Nesse relatório, a diretoria dá ênfase às informações normalmente de caráter não financeiro, como: dados estatísticos diversos; indicadores de produtividade; desenvolvimento tecnológico; a empresa no contexto socioeconômico; políticas de recursos humanos; expectativas com relação ao futuro; projetos de expansão etc. • Notas explicativas São notas de rodapé que esclarecem critérios de cálculos na obtenção de itens que afetam o lucro; obrigações de longo prazo; garantias às dívidas etc. • Parecer dos auditores As sociedades anônimas têm a obrigatoriedade de publicar suas demonstrações com o parecer da auditoria, ou seja, uma empresa (escritório de auditoria) ou pessoa física (contador credenciado) é contratada para legitimar as informações contidas nos demonstrativos publicados. • Valor adicionado (balanço social) Nesse item, a organização evidencia o perfil social da empresa: relações de trabalho; perfil dos empregados; tributos pagos; investimentos para a comunidade e para o meio ambiente. Aqui, o destaque é o valor agregado (valor adicionado) que mostra qual é o destino dos recursos gerados pela empresa. As mudanças, tanto na estrutura do balanço patrimonial quanto na demonstração de resultado do exercício que veremos em seguida, não são apenas alterações de nomenclatura de seus 28 Unidade II Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 subgrupos; trata-se de uma nova concepção, formação do valor da empresa, uma nova visão da gestão empresarial. Observação Constituem os stakeholders todos aqueles vinculados ou interessados nos negócios da empresa/entidade. Tais mudanças foram necessárias para inserir o Brasil no contexto mundial em relação aos investimentos em bolsas de valores; assim, a legislação contábil brasileira passa a atender as Normas Internacionais de Contabilidade. Também foram alteradas algumas das demonstrações contábeis: • Lei 6.404/76 (anterior) — Relatório da administração — Balanço patrimonial — Demonstração do resultado do exercício — Demonstração dos lucros e prejuízos acumulados — Demonstração da mutação do patrimônio líquido — Demonstração das origens e aplicações de recursos — Notas explicativas — Parecer do conselho fiscal — Parecer da auditoria externa • Lei 11.638/07 (atual) — Relatório da administração — Balanço patrimonial — Demonstração do resultado do exercício — Extinta (substituída pela demonstração da mutação do patrimônio líquido) — Demonstração da mutação do patrimônio líquido — Demonstração do fluxo de caixa — Demonstração do valor adicionado 29 Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS — Notas explicativas — Parecer do conselho fiscal — Parecer da auditoria externa Conforme já exposto, o presente estudo toma as duas principais demonstrações financeiras para análise: balanço patrimonial e demonstração de resultado do exercício; em seguida, apresentaremos sua estrutura com base na legislação vigente – Lei 11.638/07 e Lei 11.941/09 (ambas alteraram a Lei 6.404/76), complementada com os pareceres do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), as Normas Técnicas do Conselho Federal de Contabilidade e, ainda, para empresas sociedades anônimas, tem-se as portarias dos órgãos fiscalizadores Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Banco Central (Bacen) e outras entidades conforme a atividade empresarial (seguradoras, saúde, agronegócio etc.). Saiba mais Para mais informações, consulte a obra Análise das demonstrações contábeis (Atlas, 2001), de José Carlos Marion. Lembrete Esteja atento às novas mudanças da legislação contábil. Saiba mais Para um melhor estudo, recomendamos alguns dos mais de quarenta Pronunciamentos Técnicos emitidos pelo Comitê de Pronunciamento Técnico até o momento, disponíveis em <www.cpc.org.br/pronunciamentos>. CPC-01 – Redução ao valor recuperável de ativos CPC-04 – Ativo intangível CPC-06 – Operações de arrendamento mercantil CPC-16 – Estoques CPC-18 – Investimentos em coligadas e controladas CPC-26 – Apresentação das demonstrações contábeis CPC-27 – Ativo imobilizado 30 Unidade II Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 3.2 Balanço patrimonial 3.2.1 Noções básicas Segundo Iudícibus et al. (2006), a definição básica do ativo diz que são todos os bens e direitos de propriedade de uma empresa, avaliáveis em unidades monetárias, que representam benefícios presente ou futuro para empresa. Mais detalhadamente, os bens (máquinas, terrenos, estoques, dinheiro, veículos, instalações etc.) podem ser tangíveis (quando têm corpo, matéria) e intangíveis (incorpóreos – marca, ponto comercial).Há ainda a divisão em móveis (não são fixos ao solo, podendo ser transportados de um lugar para outro) e imóveis (fixos ao solo – terrenos, prédios etc.). Observação O balanço patrimonial está representado por três grandes grupos: ativo, passivo e patrimônio líquido. Com relação à propriedade, se o bem ou direito não for de propriedade da empresa, não constará do seu ativo. Um arrendamento mercantil (leasing) de uma máquina, pela qual a empresa pagará aluguel mensal, não se caracteriza como ativo, embora o bem esteja dentro da empresa (é posse e não propriedade). No que diz respeito ao valor objetivo, uma empresa, por exemplo, que possui uma “marca” conhecida no mercado não poderá evidenciá-la como ativo, embora seja um bem intangível e de sua propriedade, pois é difícil avaliar o seu valor em termos monetários. Com relação aos benefícios presentes ou futuros, se uma empresa tiver um “título a receber” de uma empresa falida, ele não poderá ser considerado ativo, pois não há possibilidade de convertê-lo em dinheiro, não trazendo benefício algum para a sua portadora. Sendo assim, para ser ativo, é necessário preencher os quatro requisitos simultaneamente: representar um bem ou direito; ser de propriedade da empresa; ser mensurável monetariamente; representar um benefício presente ou futuro (IUDÍCIBUS et al., 2006). Lembrete O ativo representa os bens da entidade e necessariamente precisam ser avaliáveis monetariamente. O passivo exigível, por sua vez, evidencia toda a obrigação (dívida) que a empresa tem com terceiros: contas a pagar; fornecedores de matéria-prima; impostos a pagar; financiamentos; empréstimos etc., 31 Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS ou seja, o passivo é uma obrigação exigível, isto é, no momento em que a dívida vencer, será exigida (reclamada) a sua liquidação (IUDÍCIBUS et al., 2006). Iudícibus et al. (2006) definem o patrimônio líquido como os recursos próprios aplicados no empreendimento. O investimento inicial dos proprietários (a primeira aplicação) é denominado de capital. Se houver outras aplicações por parte dos proprietários (acionistas – S.A., ou sócios – Ltda.), teremos acréscimos no capital. Lembrete O passivo representa os credores da entidade. Porém, o patrimônio líquido não cresce apenas com novos investimentos dos proprietários, mas também com o lucro resultante da atividade operacional da entidade e que, obviamente, pertence aos proprietários que investiram na empresa. Do lucro obtido em determinado período pela atividade empresarial, normalmente, uma parte é distribuída para os donos do capital (dividendos) e outra parte é reinvestida no negócio, ou seja, fica retida (acumulada) na empresa. A parte do lucro acumulado é adicionada ao patrimônio líquido. Dessa forma, as aplicações dos proprietários vão crescendo. Uma observação importante de Iudícibus et al. (2006) é que, na verdade, tanto o passivo quanto o patrimônio líquido são obrigações da empresa, já que no passivo temos as obrigações exigíveis por terceiros, sendo por isso conhecidas como capital de terceiros. No patrimônio líquido, as obrigações são, na verdade, para com os proprietários da empresa, mesmo assim, por determinação da lei, eles não podem reclamar a restituição do seu dinheiro investido, assim, esse grupo de contas é conhecido como não exigível ou, ainda, de forma mais usual, como capital próprio. Lembrete No patrimônio líquido, constam as “obrigações” da entidade para com os proprietários. O balanço patrimonial comporta os bens e direitos e as obrigações de uma empresa num determinado período. Balanço patrimonial é subdividido em três grandes grupos: 1) Ativo (bens e direitos), dividido em ativo circulante e ativo não circulante. 2) Passivo (obrigações para com terceiros em geral), também dividido em circulante e não circulante. 3) Patrimônio líquido (obrigações para com os proprietários). 32 Unidade II Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 Iudícibus et al. (2006) argumentam que, para facilitar a interpretação e análise do balanço, existe uma preocupação constante em estabelecer uma adequada distribuição de contas. Essa distribuição citada obedece duas regras claras e simples: (i) prazo e (ii) liquidez. Prazo: em contabilidade, curto prazo significa normalmente o período de até um ano. Assim, as contas que são lançadas em períodos superiores a um ano são chamadas de rubricas de longo prazo. Grau de liquidez decrescente: os itens de maior liquidez são classificados em primeiro plano. Os de menor liquidez aparecem em último lugar (IUDÍCIBUS et al., 2006). Lembrete Em contabilidade, o curto prazo representa um período de até um ano, enquanto períodos superiores são classificados como longo prazo. Segundo Iudícibus et al. (2006), o balanço patrimonial é uma demonstração muito utilizada por usuários externos à empresa: bancos, governos, fornecedores, sindicatos e até mesmo donos da empresa (sócios ou acionistas). Normalmente, esses usuários não precisam ser especialistas em contabilidade. Daí a necessidade de o balanço patrimonial ser uma demonstração simples e fácil de ser entendida, pois visa mostrar a situação econômico-financeira da empresa para leigos. Assim, poderíamos iniciar relacionando tudo aquilo que a empresa receberá no curto prazo (aquilo que será transformado em dinheiro), confrontando com tudo aquilo que será pago no curto prazo. Como essas contas são recebidas e pagas rapidamente e, dessa forma, se renovam constantemente, foi dado o nome de circulante (corrente), tanto para o ativo como para o passivo. Lembrete As subclassificações do ativo, passivo e patrimônio líquido servem para detalhar as informações referentes às operações da empresa. O grupo seguinte seria o das contas que a empresa espera muito tempo para receber (ativo), confrontando com as contas que ela demora muito para pagar (passivo). Ora, se a empresa espera muito para receber, poderíamos chamar esse grupo de realizável em longo prazo. E, por outro lado, demorando-se muito para pagar, significa um exigível em longo prazo. 3.2.2 Ativo circulante Segundo Assaf Neto (2007), o ativo circulante compreende as contas: disponibilidades, créditos, estoques e despesas antecipadas realizáveis no exercício social subsequente, o que o caracteriza como de realização em até um ano. 33 Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Todavia, em casos anormais em que o ciclo operacional da empresa é superior a 12 meses, ativo e passivo circulante podem assumir prazo igual a esse ciclo, como ocorre nas construtoras de navios, nas fazendas de criação e engorda de gado e outros casos raros. Mesmo assim, porém, as demonstrações são publicadas anualmente e o exercício social continua sendo de um ano. Muda apenas o conteúdo dos valores do circulante, que passa a abranger prazos mais extensos (ASSAF NETO, 2007, p. 93). Para Iudícibus et al. (2006), entende-se como ciclo operacional aquele período de tempo que uma determinada indústria leva para produzir o seu estoque, vendê-lo e receber as duplicatas geradas pelas próprias vendas, entrando finalmente o dinheiro em caixa. É preciso ressaltar que o termo “realizável” é uma expressão contábil e não financeira. Dessa forma, deve-se assumir que, em contabilidade, “realizar” tem um sentido próprio, ou seja, “converter”, “mudar”, “transformar”, e não só ser recebido em dinheiro. Assim, os créditos realizam-se por serem recebidos, mas também se realizam se forem dados como incobráveis; os estoques de matérias-primas realizam-se medianteutilização para transformação em produtos acabados; e estes, consequentemente, se realizam mediante venda. As despesas antecipadas realizam-se mediante transformação em despesas do próprio exercício; o imobilizado realiza-se por depreciações, por vendas ou por baixas devidas a desapropriação, a acidentes que os inutilizam etc. (ASSAF NETO, 2007). Quanto às disponibilidades, Assaf Neto (2007) argumenta que, praticamente, não há o que comentar, a não ser que só podem englobar saldos bancários livres a aplicações para resgate imediato, enquanto as aplicações financeiras podem ser em letras de câmbio, certificados de depósitos bancários, recibos de depósitos bancários, debêntures e outras. Nesse caso, as contas são lançadas no balanço pelos valores originais das aplicações acrescidos dos rendimentos proporcionalmente decorridos dentro do regime de competência, independentemente de recebimento, e só podem estar contidos os rendimentos gerados, até a data do balanço, e nunca os rendimentos que, provável ou certamente, serão “ganhos” posteriormente, nem devem deixar de reconhecer os já apropriáveis até essa data. Assaf Neto (2007) também destaca que as aplicações financeiras podem ainda abranger aplicações temporárias em ações, em ouro e outras de caráter nitidamente transitório; nesse caso, figuram tais investimentos pelo valor de custo de aquisição. Para todas essas aplicações, todavia, se o valor líquido de realização (nesse caso, isso significa valor de venda no mercado diminuído das despesas e eventuais impostos incidentes na venda) na data do balanço for menor que o valor contábil até esse momento, faz-se ajuste mediante uma provisão que, em contrapartida, registra esse possível prejuízo no resultado do exercício (ASSAF NETO, 2007, p. 93). 34 Unidade II Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 Segundo esse autor (2007), os valores a receber de clientes e os outros créditos também devem ser devidamente provisionados pelas possíveis perdas como não recebimentos. Os estoques, por sua vez, podem ser lançados pelo custo histórico de aquisição ou fabricação, normalmente com a utilização do critério do preço médio ponderado; às vezes, pode-se utilizar também o critério Peps ou Fifo (primeiro que entra, primeiro que sai). Lembrete Os estoques devem ser avaliados por métodos específicos e de acordo com a legislação. Devem também incluir os estoques os adiantamentos e fornecedores por conta de itens que serão estocados nessa rubrica (conta). As despesas antecipadas referem-se a recursos aplicados em itens que, objetivamente, se referem a serviços ou benefícios que devem ser usufruídos no exercício seguinte; é o caso dos prêmios de seguros, dos pagamentos de anuidades de revistas e jornais etc. Não devem aqui estar abrangidos adiantamentos concedidos a empregados, a diretores etc. Quanto aos encargos financeiros, só podem estar nas despesas antecipadas os relativos às duplicatas descontadas. Os relativos a empréstimos devem aparecer subtrativamente a eles no passivo exigível como “encargos antecipados” (ASSAF NETO, 2007). 3.2.3 Ativo não circulante Composto por ativo realizável em longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível (incluso pela Lei 11.941/09). 3.2.3.1 Ativo realizável em longo prazo São ativos de menor liquidez (transformam-se em dinheiro mais lentamente) que o circulante. Nesse item, são classificados os empréstimos ou adiantamentos concedidos às sociedades coligadas ou controladas, a diretores, acionistas etc. além dos títulos a receber no longo prazo (IUDÍCIBUS et al., 2006). Os realizáveis em longo prazo devem figurar pelo valor corrigido, se for o caso. [...] Nossa legislação determina que os créditos junto a controladas, coligadas, administradores e sócios, originários de atividades não normais (empréstimos, adiantamentos etc.) devem figurar como realizáveis em longo prazo, mesmo que vencíveis a curto (ASSAF NETO, 2007, p. 94). 35 Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Lembrete A liquidez é representada pelo disponível (dinheiro em caixa) e pelo realizável em curto prazo. 3.2.3.2 Investimentos As participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa. 3.2.3.3 Ativo imobilizado Os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens. Observação (Redação dada pela Lei 11.638, de 2007) – No intangível: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido (incluso pela Lei 11.638, de 2007). 3.2.4 Ativos permanentes Iudícibus et al. (2006) argumentam que são aqueles ativos que dificilmente serão vendidos, pois sua característica básica é de não se destinarem à venda. Portanto, pode-se dizer que são itens sem nenhuma liquidez para a empresa. Outra característica do ativo permanente é que são itens usados por vários anos (vida útil longa) e sua reposição, ao contrário do circulante, é lenta. Seus valores não variam constantemente, daí a denominação de ativo fixo. No permanente, encontram-se prédios, instalações, equipamentos, máquinas, móveis etc. pelo seu valor bruto. Como dedução do valor bruto, encontra-se a depreciação acumulada, que é a perda da capacidade (pelo desgaste ou pela deterioração tecnológica) daqueles ativos de produzirem eficientemente. Assim, tem-se o valor líquido (valor bruto subtraído da depreciação acumulada), que deve se aproximar do valor daqueles ativos em termos de potencial capaz de trazer benefícios futuros para a empresa (ASSAF NETO, 2007). 36 Unidade II Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 Lembrete A depreciação pode ser caracterizada pela redução do valor de um bem em função de sua utilização ou consumo. Segundo Assaf Neto (2007), o permanente subdivide-se em três grupos: • Investimento: inversões financeiras de caráter permanente que geram rendimentos desnecessários à manutenção da atividade fundamental da empresa. • Imobilizado: itens de natureza permanente que serão utilizados para a manutenção da atividade básica da empresa. • Intangível: ativos incorpóreos que, da mesma forma, se destinam apenas à manutenção da empresa e não para a venda, incluindo o goodwill (fundo de comércio adquirido). Saiba mais Observe as alterações introduzidas pela Lei 11.941/09. Ela pode ser acessada pelo link a seguir: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11941. htm> 3.2.5 Passivo exigível Para Assaf Neto (2007), é composto basicamente por dívidas, obrigações, riscos (provisão para garantias, por exemplo) e contingências (estas são fatos geradores já ocorridos, como atuações fiscais, trabalhistas, ações judiciais e outros litígios em discussão); somente existe diferenciação em função do prazo, e os mesmos comentários prevalecem quanto ao ativo circulante. Lembrete As obrigações da empresa representam os valores que esta tem de responder a terceiros: bancos, fornecedores, funcionários e Governo. À medida que os empréstimos e financiamentos tomados em longo prazo passam a ser vencíveis no exercício subsequente, são transferidos para o passivo circulante. 37 Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 03/ 09 /2 01 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 3.2.6 Patrimônio líquido Representa, basicamente, os investimentos dos proprietários (capital) somados aos lucros acumulados no decorrer dos anos e que foram retidos na empresa; em outras palavras, não distribuídos e ainda não incorporados ao capital. A esse grupo de contas, podemos acrescentar ainda as reservas (IUDÍCIBUS et al., 2006). Mais detalhadamente, para Assaf Neto (2007), o patrimônio líquido é composto pelos cinco subgrupos citados anteriormente: (i) capital social; (ii) reservas de capital; (iii) reservas; (iv) ajustes de avaliação patrimonial; e (v) prejuízos acumulados. O capital social deve apresentar somente aqueles valores que foram, de fato, integralizados, ou seja, apenas o investimento dos proprietários no empreendimento. É formado basicamente por valores recebidos pela empresa, dos sócios ou de terceiros, que são jogados diretamente para o patrimônio líquido; esses valores não transitaram nem transitarão pelo seu resultado, por não se referirem a prestação de serviços ou a venda de produtos pela empresa. Assim, são jogados aí os valores de “ágio” na emissão de capital, ou seja, valores recebidos dos sócios em aumentos de capital que suplantam as quantias destinadas ao capital propriamente dito (acima do valor nominal das ações ou quotas ou, se não houver esse valor nominal, eventual parcela do preço pago acima do destinado ao capital). Pertencem também a essas reservas os valores recebidos do Governo a título de incentivo fiscal, como as devoluções de imposto de renda para aplicação no Nordeste, na Amazônia, em reflorestamento etc., e outras importâncias recebidas gratuitamente que se destinem a aplicações na expansão da capacidade produtiva da empresa (tecnicamente chamadas de subvenções para investimento), como no caso de alguns Estados que devolvem ICMS recolhido como estímulo a essa expansão. Também fazem parte desse grupo as doações recebidas, normalmente do Poder Público (terrenos, por exemplo, que prefeituras doam para fixar empresas em seus municípios), e alguns outros itens abrangidos pela legislação em vigor (ASSAF NETO, 2007). Os ajustes de avaliação patrimonial são usados essencialmente quando algum ativo da empresa, em função do comportamento do mercado e/ou dos índices de inflação, fica extremamente defasado de seu valor mais atualizado de reposição. Nesses casos, a legislação brasileira permite que esses ativos permanentes tenham seus custos atualizados por chegar ao valor de mercado, desde que os sócios concordem e haja laudo de avaliação. Esse aumento de valor atribuído ao ativo é, em contrapartida, considerado reserva de reavaliação. Esse acréscimo não deve ser atribuído como parte do resultado do período, tanto do ponto de vista técnico como do fiscal. Assim, essa reserva significa o quanto foi aumentado o ativo da empresa em função de nova atribuição de valor. 38 Unidade II Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 À medida que esses ativos reavaliados são baixados por depreciação, venda ou outras razões, na mesma proporção são diminuídos esses valores das reservas de reavaliação, de tal forma que devem sempre refletir o valor líquido ainda existente de saldo com acréscimo ao ativo. Essas baixas de reavaliação são feitas ou contra o resultado do exercício, anulando o efeito dos valores a mais computados nas depreciações ou nas baixas dos ativos reavaliados, ou então jogadas diretamente da reserva para a conta de lucros ou prejuízos acumulados. É necessário consultar as notas explicativas para se conhecer o procedimento adotado (ASSAF NETO, 2007). Lembrete A reavaliação de ativos representa uma despesa para entidade e contribui para variações do patrimônio líquido. Segundo Assaf Neto (2007), as reservas nada mais são do que lucros gerados pela empresa, transitados pelo seu resultado e retidos por várias razões. Assim, a reserva legal é a parcela que a legislação impede que seja de fato distribuída. As estatutárias são as que os estatutos de algumas companhias obrigam que sejam criadas. As reservas para contingências dizem respeito a lucros retidos para fazer face a possíveis perdas que devem ocorrer no futuro, em função de fatos geradores ainda não acontecidos, como eventuais perdas de safras por problemas climáticos, de estoques por possíveis enchentes ou saques ou perdas de contratos em vigor; se essas perdas efetivamente ocorrerem, serão considerados prejuízos no exercício em que se efetivarem, e essas reservas retomarão a lucros ou prejuízos acumulados para a compensação com tais prejuízos. Já as reservas de lucros a realizar (aqui, realizar significa “transformar em dinheiro”, uma vez que são lucros econômica e contabilmente realizados que já passaram pelo resultado do exercício) são frutos de lucros que, por não terem sido ainda transformados em dinheiro nem vierem a se transformar no próximo exercício, podem ficar retidos até sua monetarização. Finalmente, as reservas para expansão são retenções não legais nem estatutárias, definidas por decisão em assembleia ou deliberação do órgão próprio se não sociedade anônima. Dessas todas, só não pode nunca ser utilizada para dividendos a reserva legal. Ainda para Assaf Neto (2007), em prejuízos acumulados lança-se nessa conta o prejuízo obtido que absorverá também as demais reservas de lucros de forma compulsória, para só depois poder figurar como “prejuízos acumulados”. Pela lei 11.941/09, deve-se observar o seguinte modelo: 39 Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: • Passivo circulante (incluso pela Lei 11.941/09). • Passivo não circulante (incluso pela Lei 11.941/09). • Patrimônio líquido, dividido em capital social, reserva de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados (alterado pela Lei 11.941/09). 3.3 Outros relatórios 3.3.1 Origens e aplicações Contabilmente, a expressão equação contábil indica um detalhe extremamente importante relativo ao conceito puro do balanço patrimonial, ou seja, ativo será sempre igual à soma do passivo com patrimônio líquido. Iudícibus et al. (2006) argumentam que o lado do passivo e do patrimônio líquido (capital de terceiros e capital próprio) representa toda a fonte de recursos de uma organização (origens do capital). Assim, nenhum recurso pode ser aplicado na empresa se não for via passivo ou patrimônio líquido. O lado do ativo demonstra, por sua vez, todas as aplicações dos recursos originados no passivo e patrimônio líquido. Dessa forma, fica bastante simples entender por que o ativo será sempre igual ao passivo + patrimônio líquido, pois a empresa somente pode aplicar aquilo que tem origem comprovada. Equação contábil básica (IUDÍCIBUS et al., 2006): Ativo = Passivo + Patrimônio líquido Uma derivação da equação 1 pode ser obtida da seguinte forma: Ativo - Passivo = Patrimônio líquido Dessa forma, Gitman (2004) observa que o balanço patrimonial demonstra sinteticamente a posição financeira de uma determinada empresa em certa data. As equações 1 e 2 sugerem que essa demonstração iguala os ativos (o que ela possui) ao seu financiamento, o qual pode ser feito com capital de terceiros (dívidas) ou capital próprio (fornecido pelos proprietários). 3.3.2 Alteração dos grupos patrimoniais: Leis 6.404/76, 11.638/07 e 11.941/09 A estrutura do balanço patrimonial, de acordo com a Lei 6.404/76, era apresentada da seguinte forma: 40 Unidade II Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 012 Quadro 1 – Balanço patrimonial Ativo Passivo e patrimônio líquido Ativo circulante Realizável em longo prazo Permanente Investimentos Imobilizado (-) Depreciação acumulada Diferido (-) Amortização acumulada Passivo circulante Exigível em longo prazo Resultado do exercício futuro Patrimônio líquido Capital social Reservas Lucros e prejuízos acumulados Total de ativos Total de passivos + Patrimônio líquido Fonte: Iudícibus (2009, adaptado) De acordo com as Leis 11.638/07 e 11.941/09, a estrutura do balanço patrimonial é a seguinte: Quadro 2 – Balanço patrimonial Ativo Passivo e patrimônio líquido Ativo circulante Passivo circulante Ativo não circulante Realizável em longo prazo Investimentos Imobilizado Intangível (-) Depreciação acumulada Passivo não circulante Dívidas em longo prazo Operações de resultado do exercício futuro Patrimônio líquido Capital social Reservas Ajuste de avaliação patrimonial Prejuízos acumulados Total de ativos Total de passivos + Patrimônio líquido Fonte: Iudícibus (2009, adaptado) A mudança da estrutura do balanço patrimonial não são apenas alterações de nomenclatura de seus subgrupos; trata-se de uma nova concepção de formação dos bens e direitos e obrigações da empresa e, consequentemente, uma nova visão do valor da empresa. Do lado do ativo, foram as seguintes alterações: • O subgrupo “realizável em longo prazo” foi extinto, e as operações ali classificadas passam a fazer parte do “não circulante”.. • As contas do “permanente” também integram o subgrupo do “não circulante”, porém com algumas mudanças: — A inserção da conta “intangível” (bens não corpóreos que eram classificados dentro do permanente como imobilizado intangível; exemplo: “marcas e patentes”); 41 Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS — A extinção do subgrupo “diferido e amortização acumulada”; as despesas e/ou os custos ali registrados passam a ser contabilizados diretamente na demonstração do resultado do exercício como gastos do período. Do lado do passivo, foram as seguintes alterações: • Os subgrupos “exigível em longo prazo” e “resultado do exercício futuro” foram extintos, e as operações ali classificadas passam a fazer parte do “não circulante”. • No “patrimônio líquido”, ocorreram as seguintes alterações: — Inclusão da conta “ajuste de avaliação patrimonial”, que comporta resultado de ajustes de contas de ativo e passivo, de acordo com a legislação. — A conta “lucros/prejuízos acumulados” foi substituída por “prejuízos acumulados”; significa dizer que, se houver lucros no período, estes deverão ser distribuídos ou registrados como “reservas”. Em termos gerais, foram essas as alterações ocorridas no “balanço patrimonial”. Para melhor acompanhamento da disciplina Análise das Demonstrações Financeiras, recomenda-se a leitura na íntegra das Leis 11.638/07 e 11.941/09, bem como dos Pareceres Técnicos divulgados pelo Comitê de Pronunciamento Contábil, que tratam do assunto. 3.4 Demonstração do resultado do exercício A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é considerada um resumo ordenado das receitas e despesas de uma determinada empresa em um certo período de tempo. Essa demonstração tem o propósito exclusivo de apurar o resultado, ou seja, o lucro ou o prejuízo acumulado em um determinado espaço de tempo (geralmente, 12 meses). Dessa forma, engloba de forma dedutiva as receitas e as despesas, os ganhos e as perdas do exercício, apurados pelo regime de competência; assim, independente de seus pagamentos ou recebimentos (ASSAF NETO, 2007). Regime de competência significa apropriação das receitas quando efetivamente ganhas, merecidas, auferidas e não necessariamente recebidas em dinheiro. Assim, as vendas produzem receitas quando são entregues as mercadorias e os serviços a que se referem. Significa também que as despesas relativas à obtenção dessas receitas são apropriadas juntamente com essas receitas. Assim, devem ser contrapostos às receitas de vendas o custo dos produtos vendidos, as despesas de comissão, as despesas com a formação da provisão para garantias e a de devedores incobráveis etc. (ASSAF NETO, 2007, p. 101). Conforme já estudado, a demonstração do resultado do exercício é composta pelas despesas e receitas de um determinado período, bem como pelo resultado entres essas operações, ou seja: 42 Unidade II Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 • Receitas > Despesas = Lucro • Receitas < Despesas = Prejuízo • Receitas = Despesas → Resultado nulo A estrutura da demonstração do resultado do exercício, de acordo com a Lei 6.404/76, era apresentada da seguinte forma: Quadro 3 – Demonstração do resultado do exercício (-) Receita bruta Deduções das vendas (tributos/devoluções) (-) Receita líquida Custo das mercadorias ou custo dos produtos vendidos (-) Lucro bruto Despesas e receitas operacionais (-) Despesas comerciais e de vendas (-) Despesas administrativas (+/-) Receitas/despesas financeiras (-) + Resultado antes das despesas e receitas não operacionais Despesas não operacionais Receitas não operacionais (-) (-) Resultado antes do imposto de renda Provisão para imposto de renda e contribuição social Participação nos lucros Resultado líquido do exercício Fonte: Iudícibus (2009, adaptado) De acordo com as Leis 11.638/07 e 11.941/09, a estrutura da demonstração do resultado do exercício é a seguinte: Quadro 4 – Demonstração do resultado do exercício (-) Receita bruta Deduções das vendas (tributos/devoluções) (-) Receita líquida Custo das mercadorias ou custo dos produtos vendidos (-) Lucro bruto Despesas e receitas operacionais (-) Despesas comerciais e de vendas (-) Despesas administrativas (+/-) Receitas/despesas financeiras (-) (-) Resultado antes do imposto de renda Provisão para imposto de renda e contribuição social Participação nos lucros Resultado líquido do exercício Fonte: Iudícibus (2009, adaptado) 43 Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS A única alteração da demonstração do resultado do exercício foi a exclusão das “despesas e receitas não operacionais”, que, com a nova legislação, inserem as subdivisões das “despesas e receitas operacionais”. Iudícibus et al. (2006) ressaltam que uma das maiores preocupações na elaboração de um relatório contábil é que a riqueza de detalhes a serem transmitidos não torne o demonstrativo financeiro complicado. Assim, na demonstração de resultado do exercício, as parcelas dedutivas, ou seja, as chamadas despesas, são agrupadas de acordo com suas características. Dessa forma, da receita bruta são deduzidos os impostos sobre vendas gerados no momento da venda (IPI, ICMS, ISS e PIS); esses impostos são cobrados diretamente do consumidor e apenas recolhidos pela empresa, ou seja, tais impostos não são recursos da empresa, mas sim da Receita Federal, Estadual ou Municipal. São deduzidos ainda as devoluções e os descontos comerciais (abatimentos) dados incondicionalmente. Aqueles descontos condicionados a pagamentos antecipados ou em determinadas datas são considerados encargos financeiros entre as despesas operacionais. Dessa forma, a receita líquida é considerada efetivamente a receita da empresa pela venda de seus produtos ou serviços, uma vez que é a parcela que de fato lhe pertence (ASSAF NETO, 2007). O custo dos produtos e serviços vendidos, por sua vez, irá deduzir a receita líquida. Nessa categoria decusto, encontram-se o custo histórico ou o preço médio ponderado das mercadorias vendidas (incluindo gastos e despesas com a colocação das mercadorias em condições de venda, como transporte, seguro etc.). Assaf Neto (2007) ressalta que, conforme a natureza da empresa (industrial, comercial, prestadora de serviços), esses custos são apurados de acordo com as suas peculiaridades, ou seja, suas características intrínsecas. Assim, o lucro bruto é a diferença entre a receita líquida e o custo dos produtos e serviços vendidos. A partir do lucro bruto são deduzidas as despesas operacionais, que, por sua vez, são constituídas das despesas de vendas, despesas administrativas e as despesas financeiras. O lucro operacional é, então, a diferença entre o lucro bruto e as despesas operacionais. Nesse ponto da demonstração do resultado do exercício, são deduzidas (ou somadas) as despesas não operacionais (ou as receitas não operacionais). No Brasil, somente são considerados não operacionais os ganhos e as perdas de capital. Resultam de baixas de ativos permanentes em sua quase totalidade, como, por exemplo, o lucro na venda de um investimento permanente, ou o prejuízo pela baixa de um equipamento ainda não totalmente depreciado, que se torna imprestável por queima, ou a baixa abrupta de um ativo diferido referente a uma pesquisa que acaba de se mostrar totalmente inválida economicamente... Fora disso, porém, é esse o conceito tradicional. No Brasil, não há tributação especial sobre ganhos de capital, como ocorre em alguns outros países. Sujeitam-se à tributação normal e às vezes são até beneficiados com certas isenções fiscais (ASSAF NETO, 2007, p. 104). 44 Unidade II Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 O lucro antes do imposto de renda é o resultado da dedução das despesas não operacionais do lucro operacional. Nesse ponto, será deduzida então a provisão para o imposto de renda. O Imposto de Renda incidente sobre o lucro do exercício precisa obrigatoriamente estar já diminuído do resultado desse mesmo exercício e considerado como exigibilidade no balanço. Assim, surge no resultado e no passivo circulante (via de regra) a provisão para o Imposto de Renda (ASSAF NETO, 2007, p. 104). O lucro líquido, ou prejuízo, resulta da diminuição do lucro após a dedução do imposto de renda, de participações devidas a debenturistas, a empregados, a administradores e a detentores de partes beneficiárias. Esse resultado líquido é transferido, então, para a conta de lucros ou prejuízos acumulados do balanço patrimonial. 4 ANÁLISE FINANCEIRA BÁSICA Esta seção trata da análise das demonstrações financeiras. Nesse ponto, incluem-se análises verticais e horizontais, índices financeiros, fluxos de caixas de uma empresa, o Investimento Operacional em Giro (IOG), assim como os modelos de insolvência. Esses conceitos constituem um importante conjunto de ferramentas para a compreensão mais detalhada do desempenho, da solidez, da liquidez de uma empresa. Silva (2008) argumenta que o conceito de análise financeira é o exame das informações extraídas das demonstrações financeiras, com o objetivo de aprimorar a compreensão e a avaliação de aspectos intrínsecos, como: • capacidade de pagamento por meio da geração de caixa; • capacidade de remunerar os investidores, além de gerar lucro em níveis compatíveis com suas expectativas; • nível de endividamento, assim como motivo e qualidade da dívida; • políticas operacionais e seus impactos na necessidade de capital de giro da empresa, além de diversos outros fatores que atendam ao propósito do objetivo da análise. A análise das demonstrações financeiras corresponde a um dos estudos fundamentais da administração financeira, uma vez que, para o administrador interno da empresa, a análise fornece indicadores de desempenho, o que torna possível avaliar os resultados de decisões financeiras tomadas, enquanto, para o analista externo, os mesmos aspectos relacionados a desempenho representam informações relevantes independentemente da sua relação com a empresa, seja ela como credor ou investidor (ASSAF NETO, 2007). 4.1 Padronização das demonstrações contábeis O analista financeiro, em posse das demonstrações contábeis, mas principalmente do balanço patrimonial e da demonstração de resultado do exercício, bases para análise, deverá fazer um exame 45 Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS minucioso do saldo de cada conta contido nessas demonstrações, procurando entender as respectivas operações que formaram tal saldo. Como auxílio a esse trabalho, o exame das outras demonstrações será útil, mas principalmente das notas explicativas, que, como o próprio nome sugere, levarão o analista para uma melhor interpretação da formação dos saldos existentes nas demonstrações em si. Sendo a análise de balanço um instrumento gerencial, o analista financeiro, a fim de facilitar o seu trabalho, deverá padronizar as demonstrações contábeis de tal forma que agilize a análise, transcrevendo as contas para um modelo de padronização previamente determinado. Matarazzo (1998, p. 142) aponta os seguintes motivos para a padronização: • Simplificação: cada empresa tem seu plano de contas, e na apresentação do balanço não há uma padronização. A utilização de um modelo simplificado auxilia muito na análise, reduzindo principalmente o número de contas. • Comparabilidade: havendo divergências na composição das contas, a comparação se torna muito difícil. Enquadrando-se os valores em um modelo, a comparabilidade se torna viável. Com exceção das atividades empresariais que, por força legal, utilizam planos de contas padronizados, as outras atividades passam a ter autonomia da nomenclatura de suas contas; por exemplo, contas a receber e duplicatas a receber são entendidas como sinônimos; assim, o analista poderá optar por uma ou outra conta, que em nada afetará sua análise. • Adequação aos objetivos da análise: a reclassificação de algumas contas contábeis ocorrerá de acordo com o objetivo da análise. • Precisão na classificação de contas: há empresas que “maquiam” contas a fim de “embelezar” o balanço patrimonial; diante desse fato, ao utilizar a padronização, evita-se a “maquiagem” – por exemplo, dívidas que deveriam estar no curto prazo e são registradas no longo prazo. • Descoberta de erros: na utilização de modelos padronizados, torna-se fácil verificar a existência de erros intencionais ou não. A intimidade do analista com as demonstrações contábeis padronizadas facilita a compreensão e a análise das contas. Lembrete A padronização das demonstrações contábeis serve ao propósito de reduzir a margem de informações indevidas ou fraudulentas. Importante: geralmente, a descoberta de erros não ocorre quando as demonstrações contábeis são auditadas por auditorias externas. Assim, podemos entender que a padronização das demonstrações contábeis, por meio também da sintetização das contas, só venha a contribuir com aceleração do processo de análise financeira. 46 Unidade II Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 Saiba mais Consulte a obra Análise das demonstrações financeiras (São Paulo: Thomsom, 2006), de Clóvis Luis Padoveze e Gideon Carvalho Benedicto. 4.2 Contas patrimoniais 4.2.1 Ajustes e utilização para cálculo dos indicadores Antes de mencionarmos os principais ajustes que deverão ocorrer nas contas patrimoniais, cabe chamar a atenção sobre a disposição dos períodos anuais apresentados nas demonstrações contábeis. A legislação contábil vigente exige que demonstrações contábeis sejam publicadas em dois períodosanuais, sendo a primeira coluna reservada para os saldos das contas do período atual e a segunda coluna para os saldos das contas do período imediatamente anterior. Porém, antes de iniciarmos a análise financeira, devemos inverter tais períodos, ou seja, a primeira coluna registrará os saldos das contas referentes ao período anterior e a segunda coluna ficará com os saldos das contas atuais. A finalidade está em mostrar a evolução (ou não) das contas de um período para o outro. Exemplo: Quadro 5 – Balanço patrimonial para publicação Ativo 2008 2007 Passivo e patrimônio líquido 2008 2007 Ativo circulante Passivo circulante Ativo não circulante Passivo não circulante Patrimônio líquido Total de ativos Total de passivos + Patrimônio líquido Fonte: Iudícibus (2009, adaptado) Quadro 6 – Balanço patrimonial para análise Ativo 2007 2008 Passivo e patrimônio líquido 2007 2008 Ativo circulante Passivo circulante Ativo não circulante Passivo não circulante Patrimônio líquido Total de ativos Total de passivos + Patrimônio líquido Fonte: Iudícibus (2009, adaptado) 47 Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Quanto aos ajustes das contas patrimoniais, a finalidade está em apresentar o balanço patrimonial o mais próximo de sua realidade, por exemplo: • Duplicatas descontadas: essa conta será registrada no balanço patrimonial, no ativo, subgrupo circulante, como redutora da conta de duplicatas a receber, por evidenciar que parte (ou total) dos direitos advindos das vendas a prazo foi recebida antecipadamente por meio de uma operação bancária. Porém, para fins de análise, a conta de duplicatas descontadas deverá ser reclassificada para o lado do passivo, subgrupo circulante, por representar uma dívida da empresa perante a instituição financeira. • Despesas antecipadas: essa conta também pertence ao ativo, subgrupo circulante, por representar despesas pagas ou assumidas, mas que ainda não ocorreram; o exemplo típico para essa conta são os prêmios de seguros pagos antecipadamente. Porém, para fins de análises, são despesas que afetarão o resultado da empresa, ou seja, reduzirão o lucro; assim, essa conta será reclassificada para o patrimônio líquido como redutora. • Operações entre empresas do mesmo grupo: as diversas operações entre empresa do mesmo grupo, como compras, vendas, empréstimos etc., quando ocorrerem a prazo, com vencimento de um ano a contar da data do encerramento do balanço patrimonial, deverão ser registradas no subgrupo do circulante. Contabilmente, a classificação está correta, porém, para fins de análise, independentemente do prazo estipulado na negociação, operações a prazo entre empresas do mesmo grupo deverão sempre ser reclassificadas para o não circulante, entendendo que o não pagamento e/ou recebimento das operações dentro do prazo não levará a empresa credora a efetuar protestos. 4.3 Índices-padrão Os índices-padrão, ou quocientes-padrão, são quocientes alcançados a partir de cálculos das demonstrações financeiras de diversas empresas que exercem o mesmo ramo de atividade e que tenham um porte semelhante. A partir daí, são utilizados os procedimentos da estatística para apurar um índice- padrão que servirá de parâmetro para análise financeira de empresas que pertençam a essa atividade. Lembrete Os índices-padrão servem ao propósito de apresentar indicadores/ parâmetros de mercado aos usuários da informação contábil. A revista Exame, anualmente (sempre no mês de julho), edita o exemplar “Melhores & Maiores”, que, a partir das análises financeiras sobre as demonstrações contábeis previamente recebidas, estabelece o ranking das melhores empresas de acordo com o ramo de atividade, o porte da empresa e a região. A escolha das melhores, a partir de 18 setores analisados da economia, segue a metodologia determinada pela equipe técnica da revista, com atribuições de pesos. Na edição de julho/2009, foram os seguintes pesos atribuídos: 48 Unidade II Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 • peso 10 para crescimento nas vendas: retrata o dinamismo da empresa no ano analisado, se aumentou ou diminuiu sua participação no mercado e sua capacidade de, expandindo-se, gerar novos empregos; • peso 15 para investimento no imobilizado: apresenta o valor que está sendo aplicado pela empresa na modernização e/ou na ampliação de suas instalações, o que também é indicador de geração de empregos direta ou diretamente; • peso 15 para liderança de mercado: compara as participações de mercado que as empresas detêm no setor em que atuam e estabelece uma classificação entre elas; • peso 20 para liquidez corrente: indica se a empresa apresenta ou não boa saúde financeira, ou seja, se está operando com segurança no curto prazo ou dentro de seu ciclo operacional; • peso 25 para rentabilidade do patrimônio: mede a eficiência da empresa, o controle de custos e o aproveitamento das oportunidades que surgem no mundo dos negócios, sendo um dos principais componentes da geração de valor para os acionistas. Recebem pontos apenas as empresas cujo índice de rentabilidade tenha sido positivo no ano considerado. A rentabilidade do patrimônio é utilizada como critério de desempate entre empresas que apresentem o mesmo número de pontos no desempenho geral; • peso 15 para riqueza criada por empregado: mede quanto a empresa produz de riqueza em relação ao número de empregados, independentemente do volume total de vendas ou da margem de lucro; • bônus: além da pontuação nos indicadores de desempenho, recebem 50 pontos cada uma das 20 empresas-modelo da última edição do Guia Exame de Sustentabilidade; outros 50 pontos são dados a cada uma das dez primeiras listadas no último Guia Exame – As 150 Melhores Empresas para Você Trabalhar; e 25 pontos para cada uma das demais destacadas. As empresas que não publicam ou não enviam demonstrações contábeis não fazem jus a esse bônus. Por essas informações trazidas da revista Exame, vemos o quanto é importante a análise de balanço, não só para demonstrar o desempenho das empresas, mas principalmente para colocá-las em destaque no mercado de atuação. 4.3.1 Utilização do índice-padrão para análise comparativa Matarazzo (1998, p. 195) afirma que, para quem se defronta com as demonstrações contábeis e quer delas tirar alguma informação, não basta somente a apuração dos indicadores financeiros; é necessária a comparação com outras empresas do mesmo ramo e porte, e isso só é possível por meio da comparação com os índices-padrão. O autor continua: A análise de balanços por meio dos índices só adquire consistência e objetividade quando os índices são comparados com padrão, pois, do contrário, as conclusões se sujeitam à opinião e, não raro, ao humor do analista de balanços (MATARAZZO, 1998, p. 195). 49 Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS A elaboração do índice-padrão só será possível por meio das técnicas utilizadas pela estatística, uma vez que o índice encontrado deverá representar o ramo de atividade no qual se concentra nossa comparação. Matarazzo (1998, p. 199) resume os procedimentos estatísticos para apuração dos índices- padrão assim: • Separam-se as empresas em ramos de atividades, agrupando-as em portes: grandes, pequenas e médias. • De cada empresa, dentro de um mesmo ramo e porte, toma-se determinado índice financeiro. • Os índices assim obtidos são colocados em ordem crescente de grandeza. • Os índices-padrão são dados pelos decis (apurados por meio da mediana). Importante: para elaborar uma tabela completa de índices-padrão,o segundo, o terceiro e o quarto procedimentos devem ser aplicados para cada um dos índices financeiros. Exemplo: Apuração do índice-padrão de liquidez corrente para empresas do ramo industrial de tintas e vernizes (Matarazzo, 1998, pp. 198-9): 1) Foram tomadas 30 empresas do ramo de tintas e vernizes, que apresentam os seguintes índices de liquidez corrente: 1,76 – 0,89 – 1,01 – 1,40 – 1,80 – 1,05 – 1,14 – 1,22 – 1,13 – 1,66 – 1,80 – 1,54 – 1,34 – 1,43 – 1,60 – 1,20 – 1,26 – 1,09 – 1,50 – 1,82 – 1,07 – 0,93 – 1,11 – 1,21 – 1,70 – 0,82 – 1,47 – 1,24 – 1,18 – 1,30 2) O primeiro passo para encontrar os decis e a mediana desse conjunto é colocá-lo em ordem de grandeza crescente: 0,80 – 0,82 – 0,89 – 0,93 – 1,01 – 1,05 – 1,07 – 1,09 – 1,11 – 1,13 – 1,14 – 1,18 – 1,20 – 1,21 – 1,22 – 1,24 – 1,26 – 1,30 – 1,34 – 1,40 – 1,43 – 1,47 – 1,50 – 1,54 – 1,60 – 1,66 – 1,70 – 1,76 – 1,80 – 1,82 3) Conforme definição, o primeiro decil é o valor que deixa 10% dos elementos do conjunto abaixo de si e 90% acima. Como neste exemplo o conjunto tem 30 elementos, o primeiro decil deixa três elementos abaixo de si (3 = 10% x 30) e 27 elementos acima. Portanto, deve ser um número superior a 0,89 (que é o terceiro elemento do conjunto na ordem de grandeza) e inferior a 0,93 (a fim de deixar 27 elementos acima de si). O primeiro decil é obtido por meio da média aritmética dos valores do terceiro e quarto elementos: 0,89 + 0,93------------------------- = 0,91 2 50 Unidade II Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 4) Demais decis: adotando procedimento análogo para os demais decis, encontram-se os seguintes valores: 2º decil = 1,06 (média entre 1,05 e 1,07) 3º decil = 1,12 (média entre 1,11 e 1,13) 4º decil = 1,19 (média entre 1,18 e 1,20) 5º decil = 1,23 (média entre 1,22 e 1,24) 6º decil = 1,32 (média entre 1,30 e 1,34) 7º decil = 1,45 (média entre 1,43 e 1,47) 8º decil = 1,57 (média entre 1,54 e 1,60) 9º decil = 1,73 (média entre 1,70 e 1,76) 5) O índice-padrão para o indicador financeiro liquidez corrente será a mediana da série, ou seja, o quinto elemento = 1,23: Quadro 7 1º. 2º. 3º. 4º. 5º. 6º. 7º. 8º. 9º. - - - - - - - - - - - - - - - - - - 0,91 1,06 1,12 1,19 1,23 1,32 1,45 1,57 1,73 A Unidade III foi reservada para a apuração da análise financeira do balanço patrimonial e da demonstração do resultado do exercício; para tanto, utilizaremos as demonstrações oficiais da empresa Souza Cruz S/A do exercício 2008, devidamente adaptadas consoante a legislação atual – Leis 11.638/07 e 11.941/09. A Souza Cruz S/A é uma tradicional empresa da área de tabacos, de capital inglês. Seus dados foram obtidos em 30/4/20091. Resumo Esta unidade traz para os alunos conhecimentos sobre a estrutura das demonstrações contábeis – que envolve conhecer as estrutura dos demonstrativos contábeis, considerando as alterações recentes no balanço patrimonial, que, em conjunto com o DRE, são os principais demonstrativos para serem analisados pela gestão financeira. Para que a análise seja 1 Dados disponíveis em: <http://www.souzacruz.com.br/group/sites/sou_7uvf24.nsf/vwPagesWebLive/ DO7X7MUC/$FILE/medMD82LRZJ.pdf?openelement>. Acesso em: 30/04/2009. 51 Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS precisa, é necessário conhecer a legislação e os aspectos técnicos de análise e estruturação contábil. Deve-se atuar de maneira padronizada para facilitar a utilização por parte de todos os envolvidos com tomada de decisões na empresa. Exercícios Questão 1. (Adaptada CRC - Exame de Suficiência, 2011 – Questão 1). Acerca das demonstrações contábeis, julgue os itens a seguir e, em seguida, assinale a opção correta. I. O recebimento de caixa resultante da venda de ativo imobilizado e intangível é apresentado na demonstração dos fluxos de caixa como atividade operacional. II. No balanço patrimonial, os ativos mantidos com o propósito de serem negociados classificam-se no grupo do ativo circulante. III. Uma empresa que realize uma operação de venda do seu estoque por R$ 21.000,00, que foi adquirido por R$ 11.000,00 e que ainda tenha incorrido em comissões sobre venda no valor total de R$2.000,00, apresentará na demonstração do resultado um lucro bruto de R$ 8.000,00. Está(ão) certo(s) apenas o(s) item(ns): A) I e II. B) II e III. C) II. D) III. E) I, II e III. Resposta correta: alternativa C. Análise das afirmativas I. Afirmativa incorreta. Justificativa: a atividade operacional de uma empresa é a atividade essencial para o seu funcionamento, portanto, o recebimento de um valor relacionado ao ativo imobilizado estará incorreto, como afirma o item I. 52 Unidade II Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 II. Afirmativa correta. Justificativa: o item II está correto, pois no ativo circulante temos elementos que serão negociados em um prazo curto. Estaria no realizável em longo prazo se não fosse a intenção da empresa negociá-los neste momento. III. Afirmativa incorreta. Justificativa: o item III está errado por não considerar a depreciação. Questão 2. (Enade, Ano 2009, Ciências Contábeis – Questão 15). A empresa XYZ adquire mercadorias para revenda, com promessa de pagamento em três parcelas iguais, sendo a primeira parcela com vencimento para 30 dias. Qual o efeito do registro contábil dessa operação na data da aquisição? A) Altera o resultado do exercício. B) Gera uma receita futura. C) Mantém o ativo inalterado. D) Mantém o passivo inalterado. E) Mantém o patrimônio líquido inalterado. Resolução desta questão na plataforma.
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