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Princípios de direito penal DPF EDIVALDO WALDEMAR GENOVA I – Princípio da Legalidade Art. 5º, XXXIX. Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal CLAUSULA PÉTREA Princípio Nullum crimen, nulla poena sine praevia lege Anterioridade da Lei Art. 1º - Não há crime sem LEI anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação LEGAL. Fundamento constitucional PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL reservando para o estrito campo da lei a definição do crime e sua pena aplicável Lei escrita - não se admite costume incriminalizador e nem analogia para criminalizar - segurança jurídica e limitar a atuação estatal Anterioridade da Lei Art. 1º - Não há crime sem LEI anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação LEGAL. I – Princípio da Legalidade PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL ☺ Lei na sua concepção formal e estrita, aprovada pelo Poder Legislativo Federal (competência privativa da União), por meio de procedimento previsto na CF I – Princípio da Legalidade Anterioridade da Lei Art. 1º - Não há crime sem LEI anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação LEGAL. I – Princípio da Legalidade Anterioridade da Lei Art. 1º - Não há crime sem LEI anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação LEGAL. PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL Medida Provisória: não é lei em sentido formal - art. 62, § 1º, I, b, da Constituição Federal: vedação material explícita da edição de medida provisória sobre matérias de direito penal e processo penal. – Criminalizar condutas ou situação desfavorável - Medida provisória benéfica ao agente: Matéria penal favorável, não criminalizando condutas, é possível sua veiculação inicial através de MP e depois convertida em lei - STF PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL Lei delegada em matéria penal: vedação expressa matérias relacionadas a direitos individuais (CF, art. 68, II) I – Princípio da Legalidade Anterioridade da Lei Art. 1º - Não há crime sem LEI anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação LEGAL. CF - Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. § 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre: II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL Princípio da taxatividade lei deve descrever a conduta delituosa com todos elementos e Circunstâncias, não se adequando com tipos genéricos e abrangentes informação exaustiva da conduta proibida I – Princípio da Legalidade Anterioridade da Lei Art. 1º - Não há crime sem LEI anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação LEGAL. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: diversas as fontes normativas que podem fundamentar a imposição de obrigações e a restrição de direitos: lei, decreto, portaria, instrução normativa. PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL - pressupõe lei em sentido estrito - Nenhuma conduta será tipificada como crime ou contravenção penal e nenhuma pena será cominada a não ser por meio de projeto de lei debatido e votado por cada uma das Casas parlamentares. - lei ordinária (mais comum) ou de lei complementar (reservada às hipóteses em que a Constituição exige a regulamentação por esta espécie legislativa) PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL Princípio da Legalidade as normas penais em branco Normas penais em branco: São normas que descrevem a conduta criminosa (descreve o verbo que é o núcleo da proibição) mas necessita de um complemento que de lei ou em atos normativos do Poder executivo I – Princípio da Legalidade Anterioridade da Lei Art. 1º - Não há crime sem LEI anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação LEGAL. DROGAS Lei 11.343/2006 – Lei de Drogas Portaria 344/1998 – SVS/MS Ato Administrativo complementando a lei penal Lei penal em branco I – Princípio da Legalidade Anterioridade da Lei Art. 1º - Não há crime sem LEI anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação LEGAL. - A posição amplamente predominante - normas penais em branco são constitucionais, DESDE que o núcleo da proibição, ou seja, o verbo e elementos essenciais a ele ligados, estejam descritos na lei I – Princípio da Legalidade Anterioridade da Lei Art. 1º - Não há crime sem LEI anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação LEGAL. Princípio da Legalidade aplica-se aos crimes, contravenções penais, penas (privativas de liberdade, restritivas de direitos e multa) e a medida de segurança PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE Declaração Universal Direitos Humanos Art. XI, 2: ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituam delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso. Anterioridade da Lei Art. 1º - Não há crime sem LEI ANTERIOR que o defina. Não há pena SEM PRÉVIA cominação LEGAL. Nullum crimen, nulla poena sine praevia lege PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica) Art. 9º. Ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões que, no momento em que foram cometidos, não constituam delito, de acordo com o direito aplicável. Tampouco poder-se-á impor pena mais grave do que a aplicável no momento da ocorrência do delito. Se, depois de perpetrado o delito, a lei estipular a imposição de pena mais leve, o delinquente deverá dela beneficiar-se”. Anterioridade da Lei Art. 1º - Não há crime sem LEI ANTERIOR que o defina. Não há pena SEM PRÉVIA cominação LEGAL. Nullum crimen, nulla poena sine praevia lege ANTERIORIDADE DA LEI Art. 1º - Não há crime sem LEI ANTERIOR que o defina. Não há pena SEM PRÉVIA cominação LEGAL. - Lei em vigor no momento da prática da infração penal (lei anterior e prévia cominação) TEMPUS REGIT ACTUM - Toda norma que objetiva criar, extinguir, aumentar ou reduzir a satisfação do direito de punir do Estado deve ser considerada de natureza penal, não podendo atingir fatos praticados anteriormente a sua vigência. PORIBIÇÃO IRRETROATIVIDADE DA LEI PENA GRAVOSA ANTERIORIDADE DA LEI Art. 1º - Não há crime sem LEI ANTERIOR que o defina. Não há pena SEM PRÉVIA cominação LEGAL. proibida a aplicação da lei penal inclusive aos fatos praticados durante seu período de VACATIO LEGIS - publicada e vigente, a lei ainda não estará em vigor e não alcançará as condutas praticadas em tal período FONTE: Masson, Cleber. Direito penal esquematizado – Parte geral – vol. 1 / Cleber Masson. – 8.ª ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE III – Princípio da Insignificância ou da Bagatela Principio da insignificância é instrumento de interpretado restritiva do tipo penal, tendo em vista que restringe o âmbito de incidência da lei penal incriminadora e afasta a tipicidade material Direito Penal não deve se ocupar de assuntos irrelevantes, incapazes de lesar o bem jurídico legalmente tutelado Mévio subtrai, para si, um pacote de balas (no valor de R$ 5,00) de um supermercado. O fato se amolda formalmente ao art. 155 do CP (tipicidade formal/legal) - inexpressividade da lesão causada ao patrimônio da vítima e pelo mínimo desvalor da conduta, incide o princípio da insignificância, afastando a tipicidade material (lesão BJ) Origem: Direito Civil minimus non curat praetor III – Princípio da Insignificância ou da Bagatela III– Princípio da Alteridade O fato deve causar lesão ao bem jurídico de terceiro Proibida a incriminação de atitude meramente interna do agente, bem como do pensamento ou de condutas moralmente censuráveis, incapazes de atingir bens jurídicos alheio Veda punição por causar mal apenas a si próprio (impossibilidade de punição da autolesão) ou não exteriorizar sua intenção, atingindo terceiros Claus Roxin III – Princípio da Confiança - baseia na premissa de que todos devem esperar por parte das demais pessoas comportamentos responsáveis e em consonância com o ordenamento jurídico, almejando evitar danos a terceiros. - confiar que o comportamento dos outros se dará de acordo com as regras da experiência, levando-se em conta um juízo estatístico alicerçado naquilo que normalmente acontece (id quod plerumque accidit). Presume-se a boa-fé de todo indivíduo, aquele que cumpre as regras jurídicas impostas pelo Direito pode confiar que o seu semelhante também agirá de forma acertada. Médico não pode ser responsabilizado pela morte do paciente causada por infecção hospitalar se o enfermeiro não esterilizou adequadamente os matérias para a cirurgia. III – Princípio da Confiança não realiza conduta típica aquele que, agindo de acordo com o direito, acaba por envolver-se em situação em que um terceiro descumpre seu dever de lealdade e cuidado, tendo em vista a inexistência de previsibilidade do resultado III – Princípio da Adequação Social - não é criminoso o comportamento humano que, embora tipificado em lei, não afrontar o sentimento social de Justiça. “A existência de lei regulamentando a atividade dos camelôs não conduz ao reconhecimento de que o descaminho é socialmente aceitável” (STJ: HC 45.153/SC, rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 6ª Turma, j. 30.10.2007). III – Princípio da Adequação Social “Princípio da adequação social – inaplicabilidade: “A conduta do paciente amolda-se perfeitamente ao tipo penal previsto no art. 184, § 2º, do Código Penal. Não ilide a incidência da norma incriminadora a circunstância de que a sociedade alegadamente aceita e até estimula a prática do delito ao adquirir os produtos objeto originados de contrafação. Não se pode considerar socialmente tolerável uma conduta que causa enormes prejuízos ao Fisco pela burla do pagamento de impostos, à indústria fonográfica nacional e aos comerciantes regularmente estabelecidos” (STF: HC 98.898/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 1ª Turma, j. 20.04.2010). IV – Princípio da intervenção mínima a intervenção penal apenas quando a criminalização de um fato se constitui meio indispensável para a proteção de determinado bem ou interesse de fundamental importância para a sociedade Destinatários Legislador Interpréte IV – Princípio da intervenção mínima O sistema jurídico há de considerar a relevantíssima circunstância de que a privação da liberdade e a restrição de direitos do indivíduo somente se justificam quando estritamente necessárias à própria proteção das pessoas, da sociedade e de outros bens jurídicos que lhes sejam essenciais, notadamente naqueles casos em que os valores penalmente tutelados se exponham a dano, efetivo ou potencial, impregnado de significativa lesividade. O direito penal não se deve ocupar de condutas que produzam resultado, cujo desvalor – por não importar em lesão significativa a bens jurídicos relevantes – não represente, por isso mesmo, prejuízo importante, seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja à integridade da própria ordem social. (STF HC 92.463/RS, rel. Min. Celso de Mello, 2.ª Turma, j. 16.10.2007.) IV – Princípio da fragmentariedade ou caráter fragmentário do Direito Penal nem todos os ilícitos configuram infrações penais, mas apenas os que atentam contra valores fundamentais para a manutenção e o progresso do ser humano e da sociedade o Direito Penal não deve tutelar todos os bens jurídicos, mas somente os mais relevantes para a sociedade (vida, liberdade, patrimônio, meio ambiente etc.), e, mesmo assim, somente em relação aos ataques mais intoleráveis. IV – Princípio da fragmentariedade ou caráter fragmentário do Direito Penal O Direito de ser “um arquipélago de pequenas ilhas no grande mar do penalmente indiferente. Isto quer dizer que o Direito Penal só se refere a uma pequena parte do sancionado pelo ordenamento jurídico, sua tutela se apresenta de maneira fragmentada, dividida ou fracionada" (PRADO, luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro, 2007, p. i44). IV – Princípio da fragmentariedade ou caráter fragmentário do Direito Penal Direito Penal somente deve proibir as condutas que causem lesões expressivas aos bens jurídicos mais relevantes para a sociedade Princípio da Fragmentariedade IV – Princípio da fragmentariedade ou caráter fragmentário do Direito Penal NEM TODO ÍLICITO JURÍDICO É ILÍCITO PENAL, MAS TODO ILÍCITO PENAL É ILÍCITO JURÍDICO Il Ilícitos penais TODO ILÍCITO PENAL É ILÍCITO JURÍDICO Ilícitos jurídicos NEM TODO ÍLICITO JURÍDICO É ILÍCITO PENAL IV – Princípio da fragmentariedade ou caráter fragmentário do Direito Penal Fragmentariedade às avessas Adultério - art. 240 CP revogado Lei 11.106/2005, mas continua ilícita perante o Direito Civil V – Princípio da Subsidiariedade Direito Penal atuação legítimo quando outros ramos do Direito e os demais meios estatais de controle social tiverem se revelado impotentes para o controle da ordem pública. Direito Penal deve ser necessário para proteção do bem jurídico, e somente terá legitimidade se for o último meio de controle social. Direito Penal Necessário proteção de bens jurídicos Legitimidade → o último meio de controle social V – Princípio da Subsidiariedade Furto de água. O paciente foi denunciado porque se constatou, em imóvel de sua propriedade, suposta subtração de água mediante ligação direta com a rede da concessionária do serviço público. Anote-se que, à época dos fatos, ele não residia no imóvel, mas quitou o respectivo débito. Dessarte, é aplicável o princípio da subsidiariedade, pelo qual a intervenção penal só é admissível quando os outros ramos do Direito não conseguem bem solucionar os conflitos sociais. Daí que, na hipótese, em que o ilícito toma contornos meramente contratuais e tem equacionamento no plano civil, não está justificada a persecução penal. (HC 197.601/RJ, rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 6.ª Turma, j. 28.06.2011) V – Princípio da Subsidiariedade Princípio da Subsidiariedade Princípio da Intervenção mínima Princípio da Fragmentariedade VI – Princípio da Proporcionalidade As penas devem ser harmônicas com a gravidade da infração penal cometida, não tendo cabimento o exagero, nem tampouco a extrema liberalidade na cominação das sanções nos tipos penais incriminadores. VI – Princípio da Proporcionalidade legislador (proporcionalidade abstrata) juiz da ação penal (proporcionalidade concreta) Princípio da Proporcionalidade órgãos da execução penal (proporcionalidade executória) VI – Princípio da Proporcionalidade Não há infração penal sem lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico VII – Princípio da ofensividade ou da lesividade nulum crimen sine injuria Não há infração penal sem lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico VII – Princípio da ofensividade ou da lesividade nulum crimen sine injuria Princípio da Ofensividade Proíbe a incriminação de uma atitude interna, como as ideias, convicções, aspirações e desejos dos homens Proíbe a incriminação de uma conduta que não exceda o âmbito do próprio autor. Proíbe a incriminação desimples estados ou condições existenciais. Proíbe a incriminação de condutas desviadas que não causem dano ou perigo de dano a qualquer bem jurídico VII – Princípio da ofensividade ou da lesividade É vedada a punição a quem não tenha produzido o resultado por DOLO ou CULPA VIII – Princípio da responsabilidade penal subjetiva DOLO CULPA Agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo Agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia IX – PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DE BENS JURÍDICOS O Direito Penal → função a proteção de bens jurídicos mais relevantes para a sociedade Estado não pode utilizar o Direito Penal para tutelar a moral, a religião, os valores ideológicos, etc. → evitar a INTOLERÂNCIA É vedada a punição duas vezes pelo mesmo fato X – Princípio do ne bis in idem TJMG: “Tendo sido considerado o delito de furto como qualificado pelo abuso de confiança (furto em residência de genitora) e, na segunda fase da dosimetria da pena, aplicada a agravante genérica de se praticar o crime contra ascendente (art. 61, II, alínea ‘e’, do Código Penal), configurada a dupla ponderação da mesma característica, revelando-se bis in idem” (Ap. Crim. 1.0518.10.024140-6/001-MG, 1.a C. Crim., rel. Kárin Emmerich, 26.05.2015).
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