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Sumário Aula 1: Vetores Geométricos 9 1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.2 Transitando pelas definições . . . . . . . . . . . . . 11 1.3 Medida de um segmento . . . . . . . . . . . . . . . 12 1.4 Segmentos eqüipolentes . . . . . . . . . . . . . . . 13 1.4.1 Propriedades da eqüipolência . . . . . . . . 14 1.5 Vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 1.5.1 Mais algumas definições . . . . . . . . . . . 15 1.6 Operações com vetores . . . . . . . . . . . . . . . . 17 1.6.1 Adição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 1.6.2 Propriedades da adição . . . . . . . . . . . 17 1.6.3 Diferença de vetores . . . . . . . . . . . . . 18 1.6.4 Multiplicação por um número real . . . . . 18 1.6.5 Propriedades da multiplicação por um nú- mero real . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 1.7 Ângulos de dois vetores . . . . . . . . . . . . . . . 21 1.8 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 1.9 Atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 1.10 Comentário das atividades . . . . . . . . . . . . . . 24 1.11 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 Aula 2: Os Espaços Vetoriais 27 2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 2.2 Decomposição de um vetor no Plano (R2) . . . . . 28 2.3 Igualdade e Operações . . . . . . . . . . . . . . . . 31 2.3.1 Igualdade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 2.3.2 Operações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 2.4 Decomposição do Espaço (R3) . . . . . . . . . . . . 36 2.4.1 Igualdade e Operações . . . . . . . . . . . . 39 2.5 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 2.6 Atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 Aula 3: Produto de Vetores - Parte I 43 3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 3.2 Produto Escalar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 3.2.1 Propriedades do Produto Interno . . . . . . 46 3.2.2 Projeção de um vetor . . . . . . . . . . . . 51 3.3 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 3.4 Atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 3.5 Comentário das atividades . . . . . . . . . . . . . . 55 3.6 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 Aula 4: Produto de Vetores - Parte II 57 4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 4.2 Produto vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 4.3 Propriedades do produto vetorial . . . . . . . . . . 61 4.4 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 4.5 Atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 4.6 Comentário das atividades . . . . . . . . . . . . . . 73 4.7 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 Aula 5: A Reta 75 5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 5.2 Equação vetorial da reta . . . . . . . . . . . . . . . 77 5.3 Equações paramétricas da reta . . . . . . . . . . . 79 5.4 Reta definida por dois pontos . . . . . . . . . . . . 79 5.5 Equações simétricas da reta . . . . . . . . . . . . . 81 5.6 Equações reduzidas da reta . . . . . . . . . . . . . 82 5.7 Paralelismo de retas relativo aos planos e eixos co- ordenados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 5.7.1 Retas paralelas aos planos coordenados . . . 83 5.7.2 Retas paralelas aos eixos coordenados . . . 84 5.8 Mais algumas propriedades . . . . . . . . . . . . . 85 5.9 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90 5.10 Atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90 5.11 Comentário das atividades . . . . . . . . . . . . . . 92 5.12 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92 Aula 6: O Plano 93 6.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 6.2 Equação geral do plano . . . . . . . . . . . . . . . 94 6.3 Equação vetorial e Equações paramétricas do plano 96 6.4 Mais algumas propriedades . . . . . . . . . . . . . 98 6.4.1 Interseção (entre planos e entre retas e planos)101 6.5 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102 6.6 Atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103 6.7 Comentário das atividades . . . . . . . . . . . . . . 104 6.8 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 Aula 7: Distâncias 105 7.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106 7.2 Distância de ponto à reta . . . . . . . . . . . . . . 106 7.3 Distância de ponto a plano . . . . . . . . . . . . . 108 7.3.1 Distâncias de ponto à reta no plano . . . . 110 7.4 Distância entre duas retas . . . . . . . . . . . . . . 112 7.5 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114 7.6 Atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114 7.7 Comentário das Atividades . . . . . . . . . . . . . 115 7.8 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116 Aula 8: Cônicas - Parte I 117 8.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118 8.2 Um pouco de História . . . . . . . . . . . . . . . . 118 8.3 Conceituando as cônicas . . . . . . . . . . . . . . . 120 8.4 Parábola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121 8.5 Translação dos eixos . . . . . . . . . . . . . . . . . 126 8.6 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131 8.7 Atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131 8.8 Comentário das atividades . . . . . . . . . . . . . . 133 8.9 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133 Aula 9: Cônicas - Parte II 135 9.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136 9.2 Elipse . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136 9.3 Equação reduzida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138 9.4 Translação da elipse . . . . . . . . . . . . . . . . . 142 9.5 Equações paramétricas da elipse . . . . . . . . . . . 144 9.6 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146 9.7 Atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147 9.8 Comentário sobre as Atividades . . . . . . . . . . . 148 9.9 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148 Aula 10: Cônicas - Parte III 151 10.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152 10.2 Hipérbole . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152 10.3 Equações reduzidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158 10.4 Translações de uma hipérbole . . . . . . . . . . . . 162 10.5 Equações paramétricas . . . . . . . . . . . . . . . . 165 10.6 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167 10.7 Atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167 10.8 Comentário sobre as Atividades . . . . . . . . . . . 168 10.9 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168 1 AULA 1 LIVRO Vetores Geométricos META Introduzir a definição de vetor. OBJETIVOS Identificar vetores no plano e no espaço e suas propriedades. Efetuar operações com vetores (adição, dife- rença e multiplicação por escalar). Vetores Geométricos 1.1 Introdução Seja bem-vindo, caro aluno! Este é o nosso primeiro encontro, entre tantos que estão por vir. A partir de agora, você vai conhecer um pouco sobre Geometria Analítica. Nascida das diversas necessidades das técnicas da agrimensura e da arquitetura, a Geometria Clássica, muito estudada por diver- sos intelectuais, toma uma nova roupagem. A Geometria Analítica, por sua vez, baseia-se na idéia de representar os pontos da reta por números reais, os pontos do plano por pares ordenados de núme- ros e os pontos no espaço por ternos ordenados de números reais. Nesta concepção, as linhas e as superfícies, no plano e no espaço, são descritas por meio de equações, permitindo um tratamento al- gébrico de questões de natureza geométrica e, reciprocamente, umtratamento geométrico de algumas situações algébricas. Por volta de 1637, a criação da Geometria Analítica deve-se a dois matemáticos franceses, Pierre de Fermat (1601-1665) e René Descartes (1596-1650), simultaneamente. E o mais curioso nesta história é que ambos eram graduados em Direito, nenhum deles matemático profissional. Esta interação entre Geometria e Álge- bra foi responsável por diversas descobertas na Matemática e suas aplicações. Neste nosso primeiro encontro, você vai conhecer um dos ele- mentos principais da Geometria Analítica: os vetores, seu conceito geométrico, a definição das operações que podem ocorrer entre eles, além de suas propriedades. Também vai compreender que muitas grandezas físicas, como velocidade, força, deslocamento e impulso precisam da magnitude, da direção e do sentido para serem com- 10 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 1 AULA pletamente identificadas. Essas grandezas são chamadas grandezas vetoriais ou simplesmente vetores. Será que deu para aguçar um pouquinho a sua curiosidade? Quer saber mais? Então venha conosco para a nossa primeira etapa. 1.2 Transitando pelas definições Esta aula está segmentada em duas partes. Nesta primeira, vamos apresentar para você, caro aluno, algumas definições que serão fundamentais para a compreensão da etapa seguinte. Definição 1.1. [Reta orientada - eixo] Uma reta r é orientada quando se fixa nela um sentido de percurso considerado positivo e indicado por uma seta. O sentido oposto é negativo. Uma reta orientada é denominada eixo. Definição 1.2. [Segmento orientado] Um segmento orientado é determinado por um par ordenado de pontos, o primeiro chamado origem do segmento e o segundo, extremidade. O segmento orientado de origem A e extremidade B será re- presentado por AB e geometricamente indicado por uma seta que caracteriza de forma visual o sentido do segmento (ver figura 1.2). Definição 1.3. [Segmento nulo e oposto] 11 Vetores Geométricos Figura 1.1: Segmento orientado AB 1. Um segmento nulo é aquele cuja extremidade coincide com a origem. 2. Se AB é um segmento orientado, o segmento orientado BA oposto de AB. 1.3 Medida de um segmento Fixando uma unidade de comprimento, podemos associar a cada segmento orientado um número real não negativo. A medida do segmento orientado é o seu comprimento ou seu módulo. O comprimento do segmento AB é indicado por AB. Figura 1.2: Nesta ilustração o segmento orientado u representa o comprimento unitário. Observação 1. (a) Os segmentos nulos têm comprimentos igual a zero. (b) AB = BA. 12 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 1 AULA Dois segmentos orientados não nulos, AB e CD, têm a mesma direção se as retas suportes desses segmentos são paralelas ou coin- cidentes. Figura 1.3: Segmentos orien- tados de mesma direção. Figura 1.4: Segmentos orien- tados opostos. As próximas figuras ilustram segmentos orientados que são coincidentes (isto é , ambos os segmentos estão na mesma reta). Figura 1.5: Figura 1.6: 1.4 Segmentos eqüipolentes Definição 1.4. Dois segmentos orientados AB e CD são eqüi- polentes quando têm a mesma direção, o mesmo sentido e o mesmo comprimento (veja nas figuras (1.7) e (1.8)). Sempre que os segmentos AB e CD forem eqüipolentes, serão representados por AB ∼ CD. Para que o segmento AB seja eqüipolente a CD (na figura 13 Vetores Geométricos Figura 1.7: Figura 1.8: Neste caso, os seg- mentos AB e CD não perten- cem à mesma reta. (1.8)), é necessário que AB//CD e ABCD formem um paralelo- gramo. 1.4.1 Propriedades da eqüipolência Agora que você já sabe o que é um segmento eqüipolente, vamos apresentar-lhe as suas propriedades. (i) AB ∼ AB (reflexiva). (ii) Se AB ∼ CD, então CD ∼ AB (simétrica). (iii) Se AB ∼ CD e CD ∼ EF , então AB ∼ EF (transitiva). (iv) Dado um segmento orientado AB e um ponto C, existe um único ponto D, tal que AB ∼ CD. 1.5 Vetores Vetor determinado por um segmento orientado AB é o conjunto de todos os segmentos orientados eqüipolentes a AB. Esse conjunto é indicado por ~v . 14 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 1 AULA O vetor determinado por AB é denotado por: −−→ AB ou B − A ou ~v. Observação 2. Qualquer vetor −−→ AB é um representante do conjunto vetores desde que tenha a mesma direção, mesmo sentido e com- primento de AB. Indicamos o módulo (ou magnitude) de ~v por |~v|. 1.5.1 Mais algumas definições Vetores iguais - Dois vetores −−→ AB e −−→ CD são iguais se, e somente se, AB ∼ CD. Vetor nulo - Os segmentos nulos, por serem eqüipolentes entre si, determinam um único vetor, chamado de vetor nulo ou vetor zero, indicado por ~0. Vetores opostos - Dado ~v = −−→ AB, o vetor −−→ BA é o oposto de −−→ AB e o indicamos por −−−→AB ou −~v. Vetor unitário - ~v é unitário se |~v| = 1. Versor - O versor de um vetor não nulo ~v é o vetor unitário de mesma direção e mesmo sentido de ~v. (Veja a figura (1.9).) 15 Vetores Geométricos Figura 1.9: ~u1 e ~u2 são uni- tários, mas ~u1 tem a mesma direção de ~v. Portanto, ~u1 é versor de ~v. Figura 1.10: Neste caso, ~u, ~v e ~w pertencem ao plano pi. Figura 1.11: ~u, ~v e ~w não são coplanares. Figura 1.12: ~s = ~u+ ~v Vetores colineares - ~u e ~v são considerados vetores colineares se tiverem a mesma direção. Em outras palavras, ~u e ~v são colineares se tiverem representantes AB e CD pertencentes à mesma reta ou em retas paralelas. Vetores coplanares - se os vetores não nulos ~u,~v e ~w têm re- presentantes AB, CD e EF pertencentes ao mesmo plano, dizemos que são coplanares. (Veja a figura (1.10)). 16 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 1 AULA 1.6 Operações com vetores Agora que você já está mais entrosado com o conteúdo de nossa aula, pois já conheceu alguns conceitos importantes, podemos avan- çar um pouquinho mais. Vamos apresentar para você, nesta se- gunda parte de nossa aula, os mecanismos para efetuar as opera- ções com vetores. 1.6.1 Adição Definição 1.5. Sejam os vetores ~u e ~v representados pelos seg- mentos orientados AB e BC. Os pontos A e C determinam um vetor ~s, que é a soma dos vetores ~u e ~v, ou seja, ~s = ~u+ ~v. Veja a figura (1.13). Figura 1.13: ~u = ~AB, ~v = ~BC e ~s = ~AC. 1.6.2 Propriedades da adição Sejam ~u, ~v e ~w vetores quaisquer, valham: Comutativa - ~u+ ~v = ~v + ~u Associativa - (~u+ ~v) + ~w = ~u+ (~v + ~w) 17 Vetores Geométricos Elemento Neutro - Existe um elemento ~0, tal que ~v +~0 = ~0 + ~v = ~v, ∀~v. Inverso Aditivo - Para todo vetor ~v existe um único vetor −~v (vetor oposto de ~v), tal que ~v + (−~v) = (−~v) + ~v = ~0. 1.6.3 Diferença de vetores Definição 1.6. Dizemos que ~d é a diferença de dois vetores ~u e ~v se ~d = ~u− ~v, ou seja, ~d = ~u+ (−~v). Nas figuras (1.14) e (1.15) estão representados os vetores ~u e ~v, respectivamente, pelos segmentos orientados AB e AC. ABCD é um paralelogramo cujas diagonais AD e BC representam, respec- tivamente, ~s e ~d (soma e diferença). Figura 1.14: ~s = ~u+ ~v Figura 1.15: c 1.6.4 Multiplicação por um número real Definição 1.7. Dados um vetor ~v 6= ~0 e um número real k 6= 0, chamamos de produto do escalar k pelo vetor ~v o vetor ~p = k~v, tal que: 18 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 1 AULA 1. [Módulo] |~p| = |k~v| = |k||~v|; 2. [Direção] a mesma de ~v; 3. [Sentido] o mesmo de ~v se k > 0, o contrário de ~v se k < 0. • Se k = 0 ou ~v = ~0, o produto é ~0. • Seja um vetor k~v, em que ~v 6= ~0. Fazendo com que k varie sobre R (o conjunto dos números reais), obtemos os infini- tos vetores colineares a ~v (além de serem também colineares entresi). Por outro lado, para quaisquer dois vetores ~u e ~v, colineares, sempre existe um k ∈ R, tal que ~u = k ~v. • O versor de ~v 6= ~0 é o vetor unitário ~u = 1|~v| ~v ou ~u = ~v |~v| . Veja que |~u| = ∣∣∣∣ ~v|~v| ∣∣∣∣ = |~v||~v| = 1, para todo ~v 6= ~0. Assim, temos que ~v = |~v| ~u, ou seja, todo vetor é o produto de seu módulo pelo vetor unitário de mesma direção e mesmo sentido que ~v. 19 Vetores Geométricos 1.6.5 Propriedades da multiplicação por um número real Sejam ~u e ~v vetores quaisquer e a e b números reais (também conhecidos como escalares). Assim, temos as seguintes proprieda- des: Associativa: a(b~v) = (ab)~v; Identidade: 1~v = ~v; Distributividade em relação aos escalares: (a + b)~v = a~v + b~v; Distributividade em relação aos vetores: a(~v+~u) = a~v+ a~u. É bom que você atente para os exemplos que lhe apresentamos, pois são fundamentais para auxiliá-lo na resolução dos exercícios ao final desta aula. Exemplo 1.6.1. Dados os vetores ~u, ~v e ~w, como na figura a seguir, vamos construir o vetor 2~u− 3~v + 1 2 ~w = ~s. 20 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 1 AULA Figura 1.16: Solução, ~s = 2~u− 3~v + 1 2 ~w. 1.7 Ângulos de dois vetores Definição 1.8. O ângulo de dois vetores ~u e ~v não nulos é o ângulo θ formado pelas semi-retas OA e OB, como na figura (1.8), e tal que 0 ≤ θ ≤ pi. • Se θ = pi, ~u e ~v têm a mesma direção e sentidos contrários. • Se θ = 0, ~u e ~v têm a mesma direção e mesmo sentido. 21 Vetores Geométricos • Se θ = pi 2 , ~u e ~v são ortogonais (isto é, são perpendiculares), e denotamos por ~u⊥~v. Neste caso, temos que |~u + ~v|2 = |~u|2 + |~v|2. • O vetor ~0 é considerado ortogonal a qualquer vetor. • Se ~u é ortogonal a ~v e m um número real qualquer, ~u é ortogonal a m~v. 1.8 Resumo Nesta aula, você aprendeu que o segmento orientado no plano re- presenta um objeto geométrico: o vetor, que por sua vez pode ser representado algebricamente e, como conseqüência, possibilita de- finir operações como adição, diferença e produto por um escalar. 22 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 1 AULA Além disso, você aprendeu que existe um ângulo entre dois vetores, ainda que suas extremidades não coincidam. 1.9 Atividades 1. Decida se é verdadeira ou falsa cada uma das afirmações a seguir. (a) Se ~u = ~v, então |~u| = |~v|. (b) Se |~u| = |~v|, então ~u = ~v. (c) Se ~u ‖ ~v, então ~u = ~v. (d) Se ~u = ~v, então ~u ‖ ~v. (e) Se |~w| = |~u|+ |~v|, então ~u ~v e ~w são paralelos. (f) Se −−→ AB = −−→ DC, então ABCD (vértices nesta ordem) é paralelogramo. 2. Dados os vetores ~u e ~v da figura, mostrar um representante do vetor através de um gráfico: (a) ~u− ~v (b) ~v − ~u (c) −~v − 2~u (d) 2~u− 3~v 3. Determine o vetor ~x em função de ~u e ~v nas figuras a seguir. 23 Vetores Geométricos (a) (b) (c) 4. Dados três pontos A, B, C não-colineares, como na figura a seguir, representar o vetor ~x nos seguintes casos: (a) ~x = −−→ BA+ 2 −−→ BC; (b) ~x = 1 2 −→ CA+ 2 −−→ BA; (c) ~x = −→ AC + −−→ CB −−−→AB. 5. Sabendo que o ângulo entre os vetores ~u e ~v é de 30o, deter- minar o ângulo formado pelos vetores a seguir. (a) ~u e −~v (b) −~u e 2~v (c) −~u e −~v (b) 3~u e 5~v 1.10 Comentário das atividades Se você conseguiu fazer a atividade 1, então entendeu os rudi- mentos dos conceitos de módulo e vetores paralelos. E quanto às atividades 2,3 e 4 ? Conseguiu resolvê-las? Então já entendeu a idéia de soma, diferença de vetores, além de multiplicação por um escalar. E a atividade 5? Se você conseguiu resolvê-la, ajuda a fixar a idéia do ângulo entre vetores. Se ainda tiver dificuldades, volte e reveja com cuidado os conceitos apresentados na aula. Não esqueça que há tutores que o ajudarão a eliminar as suas dúvidas. Desde já, lembre-se de discutir os conteúdos com seus colegas. 24 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 1 AULA 1.11 Referências STEINBRUCH, Alfredo , Geometria Analítica. São Paulo, Ma- kron Books, 1987. LIMA, Elon Lages , Geometria Analítica e Álgebra Linear. Rio de Janeiro, IMPA, 2005. BOLDRINI, José Luiz, 'Álgebra Linear . São Paulo, Harbra, 1980. 25 2 AULA 1 LIVRO Os Espaços Vetoriais META Promover a identificação de vetores no plano e no espaço e suas propri- edades. OBJETIVOS Decompor um dado vetor relativa- mente a uma base de vetores. Estabelecer a igualdade entre veto- res. Reconhecer propriedades entre vetores, como o paralelismo. PRÉ-REQUISITOS Para seguir avante nesta aula, é ne- cessário que você tenha compreen- dido os conceitos apresentados na aula anterior. Os Espaços Vetoriais 2.1 Introdução Olá! Que bom encontrá-lo novamente! Espero que tenha gostado da nossa primeira aula. Nela definimos o objeto geométrico, vetor e algumas de suas propriedades. Nesta aula, iremos identificar e localizar pontos no plano (bi- dimensional) e no espaço (tridimensional). Veremos que é possí- vel decompor um dado vetor (no plano ou no espaço) com uma combinação (linear) de outros vetores. Verificaremos também que propriedades algébricas inerentes às operações entre vetores acarre- tam em propriedades geométricas sobre esses, como por exemplo, a existência de um elemento neutro aditivo que implica um elemento neutro na soma de vetores, a saber, o vetor nulo. 2.2 Decomposição de um vetor no Plano (R2) Dados dois vetores não colineares (ver Aula 1) ~v1 e ~v2, qualquer vetor ~v pode ser decomposto dependendo de ~v1 e ~v2. Para isso, devemos encontrar a1, a2 ∈ R, tal que ~v = a1 ~v1 + a2 ~v2 (2.1) Exemplo 2.2.1. Sejam ~v1 e ~v2 vetores não colineares e ~v qualquer vetor no mesmo plano de ~v1 e ~v2. 28 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 2 AULA Exemplo 2.2.2. No caso em que o vetor ~v tiver a mesma direção de ~v1 ou de ~v2, ~v não é a diagonal do paralelogramo e um dos números reais a1 ou a2 é nulo. Neste caso, o número a1 = 0, e a partir de ~v = a1 ~v1 + a2 ~v2, temos que ~v = 0 · ~v1 + a2 ~v2 ⇒ ~v = a2 ~v2. Definição 2.9. 1. Dizemos que ~v é a combinação linear de ~v1 e ~v2 sempre que ~v for representado como em (2.1). 2. O par de vetores ~v1 e ~v2 não colineares é chamado de base no plano. 3. Os números reais a1 e a2 de (2.1) são chamados componen- tes ou coordenadas de ~v em relação à base {~v1, ~v2}. Por conveniência, sempre tomamos as bases ortonormais. Definição 2.10. Uma base {~e1, ~e2} é considerada ortonormal se os seus vetores forem ortogonais (isto é , ~e1 ⊥ ~e2) e unitários (ou seja, |~e1| = |~e2| = 1). Observação 3. Embora tenhamos definido uma base ortonormal como um conjunto, iremos pensá-la como um conjunto ordenado, 29 Os Espaços Vetoriais isto é, numa base β = {~e1, ~e2}, temos que o primeiro elemento da base é ~e1 e o segundo, ~e2. Exemplo 2.2.3. Considere a base ortonormal ilustrada na figura(2.17), no plano xOy, e um vetor ~v cujas componentes são 2 e 4. Figura 2.17: ~v2 e ~v2 são ortonormais. Notação 1. Consideraremos, de agora em diante, que os vetores com extremidades na origem e nos pontos (1,0) e (0,1) serão re- presentados por ~i e ~j respectivamente. Isto é, (1, 0) =~i e (0, 1) = ~j. Tendo uma base fixada, podemos fazer uma correspondência biunívoca entre os pares ordenados (x, y) do plano (R2) e os veto- res. Desta forma, ~v = (x, y) é a expressão analítica de ~v. Assim, nomeamos x como abcissa e y como ordenada. 30 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 2 AULA Figura 2.18: ~i e ~j como base para o plano R2. Figura 2.19: Neste caso, o ve- tor arbitrário ~v = x~i+ y~j, em que x, y ∈ R, são as compo- nentes de ~v em relação à base{~i,~j}. Exemplo 2.2.4. Seja ~v = 2~i + (−3)~j, podemos representar por ~v = (2,−3) ∈ R2. Perceba que, 2~i = (2, 0), (−3)~j = (0,−3) e assim ~v = 2~i+ (−3)~j = (2 + 0, 0 + (−3)) = (2,−3) 2.3 Igualdade e Operações 2.3.1 Igualdade Os vetores ~u = (x1, y1) e ~v = (x2, y2) são iguais se, e somente se, x1 = x2 e y1 = y2, e assim, ~u = ~v. Exemplo 2.3.1. Os vetores ~u = (2, 1) e ~v = (2, 1) são iguais, porém, ~p = (2, 1) e ~q = (1, 2) não o são. 2.3.2 Operações Sejam os vetores ~u = (x1, y1) e ~v = (x2, y2) e λ ∈ R, define-se: 31 Os Espaços Vetoriais 1. ~u+ ~v = (x1 + x2, y1 + y2); 2. λ~u = (λx1, λy1). Exemplo 2.3.2. Sejam os vetores ~u = (2,−1) e ~q = (1, 3), temos que ~u+ ~q = (2 + 1,−1 + 3) = (3, 2) e 3~u = (3 · 2, 3 · (−1)) = (6,−3). Figura 2.20: ~u+ ~q = (3, 2). Figura 2.21: 3~u = (6,−3). Com base nas operações definidas anteriormente, constatamos que o conjunto dos vetores tem as propriedades que apresentaremos a seguir. Teorema 2.1. Para quaisquer vetores ~u, ~v e ~w, tem-se A1) ~u+ ~v = ~v + ~u; A2) (~u+ ~v) + ~w = ~u+ (~v + ~w); A3) ~u+~0 = ~u; A4) ~u+ ~(−u) = ~0. e para quaisquer ~u e ~v e α, β ∈ R, tem-se 32 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 2 AULA P1) α(β~u) = (αβ)~u; P2) (α+ β)~u = α~u+ β~u; P3) α(~u+ ~v) = α~u+ α~v; P4) 1~v = ~v. Observação 4. O vetor ~0 denota o vetor nulo, isto é, ~0 = (0, 0). Demonstração. É importante que você acompanhe o nosso racio- cínio, pois vamos verificar a seguir algumas das propriedades que já apresentamos. Dados ~u = (x1, y1), ~v = (x2, y2) e ~w = (x3, y3), temos que: • em (A1), ~u+ ~v = (x1, y1) + (x2, y2) = (x1 + x2, y1 + y2). Mas como sabemos que as coordenadas de ambos os vetores são números reais, e como os reais são comutativos em relação à soma, ou seja, x1 + x2 = x2 + x1 e y1 + y2 = y2 + y1, assim ~u+ ~v = (x1 + x2, y1 + y2) = (x2 + x1, y2 + y1) = (x2, y2) + (x1, y1) = ~v + ~u. • em (A4), iremos supor ~w = (a1, a2), tal que ~0 = ~u+ ~w = (x1, y1) + (a1, a2) = (x1 + a1, y1 + a2) Deste modo, ~u+ ~w = ~0⇔ (x1 +a1, y1 +a2) = (0, 0), e assim, x1 + a1 = 0 e y1 + a2 = 0⇒ a1 = −x1 e a2 = −y1, portanto, ~w = (−x1,−y1) = −~u. 33 Os Espaços Vetoriais • já em (P2), sejam α, β ∈ R, tal que (α+ β)~u = (α+ β) · (x1, y1) = ((α+ β)x1, (α+ β)y1) . Mas sabemos que os números reais são comutativos em rela- ção à soma e à multiplição, como também têm a propriedade da distributividade, ((α+ β)x1, (α+ β)y1) = (αx1 + βx1, αy1 + βy1) = (αx1, αy1) + (βx1, βy1) e assim, (α+ β)~u = (αx1, αy1) + (βx1, βy1) = α(x1, y1) + β(x1, y1) = α~u+ β~u. Agora que você acompanhou o nosso raciocínio e compreendeu todo o desenvolvimento das propriedades demonstradas, deixamos para você a atividade a seguir. Exercício 2.3.1. Mostre cada um dos itens das propriedades que não foram demonstradas. Exemplo 2.3.3. Dados os vetores ~u = (3,−1) e ~v = (−1, 2), na equação 4(~u− ~v) + 1 3 ~w = 2~u− ~w pretendemos determinar o vetor ~w. Para isso, faremos uso das propriedades das operações entre vetores. Façamos 4(~u− ~v) + 1 3 ~w = 2~u− ~w ⇒ 1 3 ~w + ~w = 2~u− 4(~u− ~v)⇒ 4 3 ~w = −2~u+ 4~v 34 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 2 AULA então, temos 4 3 ~w = −2~u+ 4~v ⇒ 4~w = −6~u+ 12~v ⇒ ~w = −6 4 ~u+ 12 4 ~v ⇒ ~w = −3 2 ~u+ 3~v. Fazendo a substituição, chegamos a ~w = −3 2 ~u+ 3~v ⇒ ~w = −3 2 (3,−1) + 3(−1, 2)⇒ ~w = (−9 2 , 3 2 ) + (−3, 6) ou podemos escrever assim: ~w = (−9 2 − 3, 3 2 + 6 ) = (−15 2 , 15 2 ) , ou se preferir, desta forma: ~w = −15 2 (1,−1) . Definição 2.11 (Vetor Definido por Dois Pontos). Consi- dere o vetor −−→ AB de origem no ponto A = (x1, y1) e extremidade em B = (x2, y2). Como na figura (2.22), as coordenadas de −−→ AB são obtidas por −−→ AB = B −A, assim −−→ AB = (x2 − x1, y2 − y1). Exemplo 2.3.4. Na figura (2.24), observamos que os segmentos orientados AB, CD e OP representam o mesmo vetor (3, 1), pois −−→ AB = B −A = (1, 4)− (−2, 3) = (3, 1) −−→ CD = D − C = (4, 3)− (1, 2) = (3, 1) −−→ OP = P −O = (3, 1)− (0, 0) = (3, 1) 35 Os Espaços Vetoriais Figura 2.22: ~AB = B −A Figura 2.23: ~AB = (x2 − x1, y2 − y1) Figura 2.24: Os segmentos orientados AB, CD e OP representam o mesmo vetor (3, 1). 2.4 Decomposição do Espaço (R3) Nesta segunda etapa de nossa aula, procederemos nossos estudos de forma análoga à decorrida na seção (2.2), porém, com algumas adequações necessárias. Dados três vetores não coplanares ~v1, ~v2 e ~v3, qualquer vetor ~v pode ser decomposto dependendo de ~v1, ~v2 e ~v3. Para isso, devemos encontrar a1, a2, a3 ∈ R, tal que ~v = a1 ~v1 + a2 ~v2 + a3 ~v3 (2.1) 36 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 2 AULA Analogamente ao que ocorre no plano, o vetor ~v é a combinãção linear dos vetores da base, isto é, sempre existem números reais a1, a2, a3, tal que a decomposição do espaço seja satisfeita, em que a1, a2, a3 são as componentes de ~v em relação à base considerada (neste caso, {~v1, ~v2, ~v3}). Uma base no espaço é ortonormal se os três vetores forem uni- tários e, dois a dois, ortogonais. Assim como fizemos para o plano, iremos adotar uma base entre muitas, como a base canônica re- presentada por {~i,~j,~k}. Em alguns livros são adotados {e1, e2, e3} em vez de {~i,~j,~k} e ainda representando o vetor por uma letra do alfabeto, v em vez de ~v. A reta com a direção de ~i é o eixo dos x (das abscissas), a reta com a direção do vetor ~j é o eixo dos y (das ordenadas) e a reta com a direção do vetor ~k é o eixo dos z (das cotas). As setas indicam o sentido positivo de cada eixo. Esses eixos são chamados de eixos coordenados. Observação 5. O vetor ~0 denota o vetor nulo, isto é, ~0 = (0, 0, 0). Cada par de eixos determina um plano coordenado, como ilus- trado nas figuras (2.25), (2.26) e (2.27). Notação 2. A cada ponto P no espaço (R3) corresponde uma terna (x1, y1, z1) de números reais chamados coordenadas de P . 37 Os Espaços Vetoriais Figura 2.25: plano xy Figura 2.26: plano xz Figura 2.27: plano yz Figura 2.28: P = (x1, y1, z1) Figura 2.29: P = (2, 4, 3) Observando a figura (2.29), temos: A = (2, 0, 0) - ponto no eixo dos x quando y = z = 0. B = (0, 4, 0) - ponto no eixo dos y quando x = z = 0. C = (0, 0, 3) - ponto no eixo dos z quando x = y = 0. D = (2, 4, 0) - ponto no plano xy quando z = 0. E = (0, 4, 3) - ponto no plano yz quando x = 0. F = (2, 0, 3) - ponto no plano xz quando y = 0. Seja ~v = x~i+ y~j + z~k, em que x, y e z são as componentes de ~v na base canônica {~i,~j,~k}, como fizemos para vetores no plano. 38 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 2 AULA Figura 2.30: ~v = x~i+ y~j + z~k Figura 2.31: ~v = 2~i+ 4~j + 3~k O conjunto formado por um ponto e por uma base constitui um sistema referencial. • O espaço tem três dimensões, ou seja, é tridimensional, porque qualquer uma de suas bases tem três vetores. • O plano tem dimensão 2, ou seja, bidimensional. • A reta tem dimensão 1, ou seja, unidimensional. Por outro lado, a representação geométrica do conjunto R é a reta chamada de reta real. O produto cartesiano R×R = R2 (ou ainda, R2 = {(x, y);x, y ∈ R}) tem como representação geométrica o plano cartesiano. E por fim, o produto cartesiano R×R×R = R3 (ou ainda, R3 = {(x, y, z);x, y, z ∈ R}) tem como representação geométrica o espaço cartesiano. 2.4.1 Igualdade e Operações Definição 2.12 (Igualdade). Dois vetores ~u = (x1, y1, z1) e ~v = (x2, y2, z2) são iguais se, e somente se, x1 = x2, y1 = y2 e z1 = z2. 39 Os Espaços Vetoriais Figura 2.32: Reta real, R. Figura 2.33: Plano cartesiano,R2 = R× R. Figura 2.34: Espaço cartesiano, R3 = R× R× R. Definição 2.13 (Soma e Produto por um escalar). Dados os vetores ~u = (x1, y1, z1) e ~v = (x2, y2, z2) e λ ∈ R, define-se: • ~u+ ~v = (x1 + x2, y1 + y2, z1 + z2) • λ~u = (λx1, λy1, λz1) Na soma 2~i + 4~j + 3~k, sabendo que 2~i = 2(1, 0, 0) = (2, 0, 0) 4~j = 4(0, 1, 0) = (0, 4, 0) 3~k = 3(0, 0, 1) = (0, 0, 3) Observando no plano xy, temos que: ~v = 2~i+ 4~j + ~k = (2, 0, 0) + (0, 4, 0)︸ ︷︷ ︸+(0, 0, 3) vetor tracejato = (2, 4, 0) + (0, 0, 3)= (2, 4, 3) Figura 2.35: A soma dos ve- tores que estão no plano xy, 2~i+ 4~j, é ilustrada pelo vetor tracejado, enquanto a soma do vetor tracejado ao vetor 3~k re- sulta no vetor ~v . 40 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 2 AULA Definição 2.14 (Vetor Definido por Dois Pontos). Se A = (x1, y1, z1) e B = (x2, y2, z2) são dois pontos quaisquer no espaço, então −−→ AB = (x2 − x1, y2 − y1, z2 − z1) Notação 3. Em vez de escrever ~v = 2~i+ 3~j+ 4~k, podemos escrever ~v = (2, 3, 4). Assim, ~i−~j = (1,−1, 0) 2~i− 3~j + ~k = (2,−3, 1) 4~k = (0, 0, 4) em particular, {~i,~j,~k} = {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)}. Definição 2.15 (Condição de Paralelismo de Dois Veto- res). Se dois vetores ~u = (x1, y1, z1) e ~v = (x2, y2, z2) são coline- ares (ou paralelos), existe um número λ ∈ R, tal que ~u = λ~v, ou seja (x1, y1, z1) = λ(x2, y2, z2). Esta é a condição de paralelismo de dois vetores. Representamos por ~u//~v dois vetores ~u e ~v paralelos. Exemplo 2.4.1. Determinar os valores de m e n para que sejam paralelos os vetores ~u = (m+ 1, 3, 2) e ~v = (2, 1, 2n). Para encontrarmos m e n, iremos usar a condição de parale- lismo de dois vetores, assim, temos (m+ 1, 3, 2) = λ(2, 1, 2n), ou seja, m+ 1 = 2λ 3 = λ 2 = 2nλ . O que resulta em m = 5 e n = 1/3. 41 Os Espaços Vetoriais 2.5 Resumo Nesta aula, aprendemos que um vetor pode ser decomposto sob uma combinação linear de outros vetores. Conhecemos o conceito de base ortonormal e aprendemos que é possível usá-lo para descre- ver qualquer vetor num plano (ou espaço) coordenado, como uma combinação linear dos vetores desta base. Além disso, também verificamos algumas propriedades das operações entre vetores. 2.6 Atividades 1. Exprima o vetor ~w = (1, 1) como combinação linear de ~u = (−2, 1) e ~v = (1,−1). 2. Quais são as condições de a e b, números reais, para que os vetores do plano ~u = (2a+1, 1) e ~v = (3, 2b−3) sejam iguais? 3. Dados os vetores ~u = (2,−4), ~v = (−5, 1) e ~w = (−12, 6), determinar k1 e k2, tal que ~w = k1~u+ k2~v. 4. Encontre os números λ1 e λ2, tal que ~w = λ1~v1 +λ2~v2, sendo ~v1 = (1,−2, 1), ~v2 = (2, 0, 4) e ~w = (−4,−4,−10). 5. No quadrado ABCD tem-se A = (−1,−3) e B = (5, 6). Quais são as coordenadas dos vértices C e D? 42 3 AULA 1 LIVRO Produto de Vetores - Parte I META: Apresentar a definição de produto escalar (ou produto interno) entre vetores e suas propriedades. OBJETIVOS: Reconhecer e efetuar produtos esca- lares entre vetores. Interpretar, geo- metricamente, os produtos vetoriais entre vetores, como o ângulo entre vetores, a desigualdade triangular e a projeção de um vetor sobre outro. Produto de Vetores - Parte I 3.1 Introdução Olá, caro aluno! Estamos aqui, novamente, para mais uma de nossas aulas. Espero que os conteúdos apresentados nas au- las anteriores tenham sido produtivos para você. Está conse- guindo acompanhar o nosso raciocínio? Estão surgindo mui- tas dúvidas? Lembre-se de que há um tutor para esclarecê- las, e é bom que você entre em contato com ele sempre que necessário. Nesta aula, introduziremos o primeiro conceito sobre pro- duto entre vetores, a saber, o produto escalar (ou produto interno), em que dois vetores são convertidos em um escalar. Além disso, vamos estudar suas propriedades e como inter- pretar os vetores geometricamente. Abordaremos, também, uma desigualdade triangular. 3.2 Produto Escalar Definição 3.16. Dados os vetores ~u = x1~i + y1~j + z1~k e ~v = x2~i + y2~j + z2~k, definimos que o produto escalar (ou produto interno usual), representado por ~u ·~v (também é indicado por 〈~u,~v〉), é o número real 〈~u,~v〉 = x1x2 + y1y2 + z1z2 Em particular, se ~u, ~v ∈ R2, em que ~u = x1~i + y1~j e ~v = x2~i + y2~j, o produdo escalar fica definido de forma análoga à anterior, isto é, 〈~u,~v〉 = x1x2 + y1y2. 44 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 3 AULA Exemplo 3.2.1. Sendo ~v = 3~i − ~j − 2~k e ~w = ~i + ~j − ~k vetores em R3, podemos escrevê-los como, ~v = (3,−1,−2) e ~w = (1, 1,−1), e assim 〈~v, ~w〉 = 〈(3,−1,−2), (1, 1,−1)〉 = 3 ·1+(−1) ·1+(−2) ·(−1) ⇒ 〈~v, ~w〉 = 4 Definição 3.17. Denominamos demódulo de um vetor ~v = (x, y, z), representado por |~v|, o número real não negativo, |~v| = √ 〈~v,~v〉 (3.1) que em coordenadas fica |~v| = √ x2 + y2 + z2. Em R2, podemos definir módulo de modo similar, ou seja, dado um vetor no plano ~u = (x, y), seu módulo será o número real não negativo |~u| = √ 〈~u, ~u〉 , ou ainda em coordenadas , |~u| = √ x2 + y2. Exemplo 3.2.2. • Seja ~v ∈ R3, com ~v = (1, 0,−1)⇒ |~v| = √12 + 02 + (−1)2 = √ 2. • Seja ~v ∈ R2, com ~v = (−2,√5)⇒ |~v| = √ (−2)2 + (√5)2 = √ 9 = 3. 45 Produto de Vetores - Parte I • (Versor de um Vetor) Seja ~v ∈ R3, dado por ~v = (1, 0,−1), o seu versor ~w será dado por ~w = ~v |~v| = 1√ 2 (1, 0,−1) e assim, ~w = ∣∣∣∣ 1√2(1, 0,−1) ∣∣∣∣ = ∣∣∣∣( 1√2 , 0,− 1√2) ∣∣∣∣ = √( 1√ 2 )2 + 02 + ( − 1√ 2 )2 = √ 2 2 = 1 O versor do vertor ~v é, na verdade, um vetor unitário. • (Distância entre dois pontos) A distância entre dois pontos A = (x1, y1, z1) e B = (x2, y2, z2) é dada por d(A,B) = ∣∣∣−−→AB∣∣∣ = |B −A| e, deste modo, d(A,B) = √ (x2 − x1)2 + (y2 − y1)2 + (z2 − z1)2, A,B ∈ R3. coincide com a definição de distância entre dois pontos no espaço. Para o caso do plano, basta-nos suprimir a terceira coordenada, isto é, d(A,B) = √ (x2 − x1)2 + (y2 − y1)2, neste caso, A = (x1, y1), B = (x2, y2) pontos do R2. 3.2.1 Propriedades do Produto Interno Para quaisquer que sejam os vetores ~u = (x1, y1, z1), ~v = (x2, y2, z2), ~w = (x3, y3, z3) em R3 e λ ∈ R, tal que: 46 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 3 AULA (i) 〈~u, ~u〉 ≥ 0 e 〈~u, ~u〉 = 0 ⇔ ~u = ~0 = (0, 0, 0). De fato, pois por definição 〈~u, ~u〉 ≥ 0, e se 〈~u, ~u〉 = 0, então |~u| = 0⇔ ~u = ~0. (ii) 〈~u,~v〉 = 〈~v, ~u〉 (Comutativa) Veja que 〈~u,~v〉 = x1x2+ y1y2 + z1z2 = x2x1 + y2y1 + z2z1 = 〈~v, ~u〉, pois as coor- denadas de ~u e ~v são números reais e valem a comuta- tividade do produto e da soma em R. (iii) 〈~u, (~v + ~w)〉 = 〈~u,~v〉+ 〈~u, ~w〉 (Distributiva com re- lação à soma de vetores) De fato, pois 〈~u, (~v + ~w)〉 = 〈(x1, y1, z1), (x2, y2, z2) + (x3, y3, z3)〉 = 〈(x1, y1, z1), (x2 + x3, y2 + y3, z2 + z3)〉 = x1(x2 + x3) + y1(y2 + y3) + z1(z2 + z3) = (x1x2 + y1y2 + z1z2) + (x1x3 + y1y3 + z1z3) = 〈~u,~v〉+ 〈~u, ~w〉 (iv) 〈λ~u,~v〉 = λ〈~u,~v〉 = 〈~u, λ~v〉 Exercício 3.2.1. A verificação desta propriedade fica como atividade para você. (v) 〈~u, ~u〉 = |~u|2 De fato, temos que |~u| = √〈~u, ~u〉. Assim, (|~u|)2 = (√ 〈~u, ~u〉 )2 ⇒ |~u|2 = 〈~u, ~u〉 Exemplo 3.2.3. |~u+ ~v|2 = |~u|2 + 2〈~u,~v〉+ |~v|2 para quais- quer vetores ~u~v ∈ R2 (esta igualdade também é válida caso os vetores pertençam ao R3). 47 Produto de Vetores - Parte I Temos que |~u+ ~v|2 = 〈~u+ ~v, ~u+ ~v〉 = 〈~u, ~u+ ~v〉+ 〈~v, ~u+ ~v〉 (pela propriedade (ii) e (iii)) = 〈~u, ~u〉+ 〈~u,~v〉+ 〈~v, ~u〉+ 〈~v,~v〉 (por (iii)) = |~u|2 + 2〈~u,~v〉+ |~v|2 Definição 3.18 (Ângulo de Dois Vetores). Se ~u 6= ~0, ~v 6= ~0 e se θ é o ângulo dos vetores ~u e ~v, então: 〈~u,~v〉 = |~u||~v| cos θ (3.2) Esta definição também não depende da condição de os veto- res estarem em R2 (no plano) ou em R3 (no espaço). Assim, caro aluno, é importante que você atente para o que é preciso fazer caso queiramos obter o ângulo θ a partir dos vetores já conhecidos. Veja que na equação (3.2)temos o seguinte cos θ = 〈~u,~v〉 |~u| |~v| (3.3) e assim, obtemos θ = arc cos ( 〈~u,~v〉 |~u| |~v| ) (3.4) Exemplo 3.2.4. Para calcular o ângulo entre os vetores ~u = (1, 1, 4) e ~v = (−1, 2, 2), façamos o seguinte movimento cos θ = 〈~u,~v〉 |~u| |~v| = 〈(1, 1, 4), (−1, 2, 2)〉 |(1, 1, 4)| |(−1, 2, 2)| cos θ = −1 + 2 + 8√ 18 · 3 = 9 9 √ 2 = √ 2 2 ⇒ θ = arc cos (√ 2 2 ) E assim, temos que θ = 45o. 48 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 3 AULA Em relação ao ângulo entre dois vetores ~u e ~v, percebemos que: (a) 〈~u,~v〉 > 0, com base na equação (3.3), temos que cos θ > 0, e assim 0 ≤ θ < 90o ( ou seja, um ângulo agudo). (b) 〈~u,~v〉 < 0, por (3.3), temos que cos θ < 0, e assim 90o ≤ θ < 180o ( ou seja, um ângulo obtuso). (c) 〈~u,~v〉 = 0, por (3.3), temos que cos θ = 0, e assim θ = 90o ( neste caso, um ângulo reto). Figura 3.36: 0 ≤ θ < 90o. Figura 3.37: 90 o ≤ θ < 180o. Figura 3.38: θ = 90o. Observe que na equação (3.3) temos que | cos θ| = ∣∣∣∣ 〈~u,~v〉|~u| |~v| ∣∣∣∣ ⇒ |〈~u,~v〉| = | cos θ| |~u| |~v| , e devemos lembrar que 0 ≤ | cos θ| ≤ 1. Assim, |〈~u,~v〉| ≤ |~u| |~v| , (3.5) para quaisquer vetores ~u e ~v (sejam eles pertencentes ao plano ou ao espaço). Exemplo 3.2.5. O triângulo formado pelos vértices A = (2, 3, 1), B = (2, 1,−1) e C = (2, 2,−2) é retângulo? Para respondermos esta questão, é importante observarmos se algum dos pares de vetores que determinam os lados do 49 Produto de Vetores - Parte I triângulo ABC são perpendiculares. Para isso, −−→ AB = (0,−2,−2) −→ AC = (0,−1,−3) −−→ BC = (0, 1,−1) então, temos que 〈−−→AB,−→AC〉 = 〈(0,−2,−2), (0,−1,−3)〉 = 8 〈−−→AB,−−→BC〉 = 〈(0,−2,−2), (0, 1,−1)〉 = 0 Portanto, 〈−−→AB,−−→BC〉 = 0, isto é, no vértice B, os lados AB e BC formam um ângulo de 90o. Isso nos permite concluir que o triângulo ABC é retângulo. Exemplo 3.2.6. Determinar um vetor ortogonal aos vetores ~u = (1,−1, 0) e ~v = (1, 0, 1). Para isso, vamos considerar um vetor ~w = (x, y, z) ortogonal a ~u e a ~v. Sendo assim, 〈~w, ~u〉 = 〈(x, y, z), (1,−1, 0)〉 = x− y = 0 〈~w,~v〉 = 〈(x, y, z), (1, 0, 1)〉 = x+ z = 0 Portanto, nosso problema agora se reduz a solucionar o sis- tema x− y = 0x+ z = 0 ⇒ x = yx = −z Isso significa dizer que as soluções são vetores na forma ~w = (x, x,−x). Deste modo, basta-nos escolher um reprensen- tante desses vetores, por exemplo, tomando x = 1, e assim, (1, 1,−1) é uma solução. 50 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 3 AULA 3.2.2 Projeção de um vetor Definição 3.19. Sejam os vetores ~u e ~v, com ~u 6= 0, ~v 6= 0 e θ o ângulo formado por eles. Se o vetor ~w representa a projeção de ~u sobre ~v, é definido por proj ~v ~u = (〈~u,~v〉 〈~v,~v〉 ) ~v ou proj ~v ~u = (〈~u,~v〉 |~v|2 ) ~v (3.6) Figura 3.39: 0 ≤ θ < 90o Figura 3.40: 90o ≤ θ < 180o Tanto o triângulo retângulo representado na figura (3.39) quanto o da figura (3.40) nos permitem compreender que |~w| = |~u| |cos θ| = |~u| |〈~u,~v〉||~u| |~v| = |〈~u,~v〉| |~v| Como ~w e ~v têm a mesma direção, ~w = λ~v e λ ∈ R, então, |~w| = |λ| |~v| ⇒ |λ| = |~w| 1|~v| = |〈~u,~v〉| |~v| 1 |~v| |λ| = |〈~u,~v〉||~v|2 ⇒ ~w = ( |〈~u,~v〉| |~v|2 ) ~v E assim, proj ~v ~u = ( |〈~u,~v〉| |~v|2 ) ~v. 51 Produto de Vetores - Parte I Exemplo 3.2.7. Vamos determinar proj ~v ~u em que ~u = (2, 3) e ~v = (1,−1). Observe que 〈~u,~v〉 = 〈(2, 3), (1,−1)〉 = 2− 3 = −1 〈~v,~v〉 = 〈(1,−1), (1,−1)〉 = 1 + 1 = 2 E assim, proj ~v ~u = (〈~u,~v〉 |~v|2 ) (1,−1) = −1 2 (1,−1) = (−1 2 , 1 2 ) Considerando os vetores ~u e ~v (pertencentes ao plano ou ao espaço) e usando as propriedades de produto escalar, temos que 〈~u+ ~v, ~u+ ~v〉 = 〈~u, ~u+ ~v〉+ 〈~v, ~u+ ~v〉 ⇓ 〈~u+ ~v, ~u+ ~v〉 = 〈~u, ~u〉+ 〈~u,~v〉+ 〈~v, ~u〉+ 〈~v,~v〉 como |~u + ~v|2 = 〈~u + ~v, ~u + ~v〉, |~u|2 = 〈~u, ~u〉 e |~v|2 = 〈~v,~v〉, além de que 〈~u,~v〉 = 〈~v, ~u〉 (pois os ambientes a que os vetores 52 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 3 AULA pertencem são Rn, com n = 2 ou 3). Assim, fazendo as devidas substituições, chegamos a |~u+ ~v|2 = |~u|2 + 2〈~u,~v〉+ |~v|2 ⇓ |~u+ ~v|2 = |~u|2 + 2| cos θ| |~u| |~v|+ |~v|2 ≤ |~u|2 + 2|~u| |~v|+ |~v|2 ≤ (|~u|+ |~v|)2 Portanto, obtemos |~u+ ~v| ≤ |~u|+ |~v| (3.7) Esta desigualdade é chamada de Desigualdade Triangu- lar. Veja os exercícios (5b e 5d). 3.3 Resumo Nesta aula, conhecemos a definição de produto escalar (ou produto interno) entre vetores e suas propriedades. Além disso, verificamos que o uso do produto escalar entre dois ve- tores permite-nos encontrar o cosseno do ângulo entre eles. Definimos a projeção de um vetor sobre outro e a desigual- dade triangular. 3.4 Atividades (a) Dados os vetores ~u = (2,−3,−1) e ~v = (1,−1, 4), cal- cular: i. 〈2~u,−~v〉; 53 Produto de Vetores - Parte I ii. 〈~u+ 3~v,~v − 2~u〉; iii. 〈~u+ ~v, ~u− ~v〉; iv. 〈~u+ ~v,~v − ~u〉. (b) Verificar para os vetores ~u = (4,−1, 2) e ~v = (−3, 2,−2) as seguintes desigualdades: i. (Desigualdade de Schwarz) |〈~u,~v〉| ≤ |~u| |~v|; ii. (Desigualdade Triangular) |~u+~v| ≤ |~u|+ |~v|. (c) Prove que 〈~u + ~v, ~u − ~v〉 = |~u|2 − |~v|2 para quaisquer vetores ~u~v ∈ R2. (d) Prove as seguintes propriedades do comprimento (ou módulo) de um vetor. i. |~v| = 0 se, e somente se, ~v = 0; ii. |~v + ~w| ≤ |~v|+ |~w|; iii. |λ~v| = |λ| |~v|; iv. |−~v| = |~v|. (e) Sabendo que |~u| = √2, |~v| = 3 e que ~u e ~v formam um ângulo de 3 4 pi, determine: i. |〈2~u− ~v, ~u− 2~v〉|; ii. |~u− 2~v|. (f) Mostre que a definição de ângulo entre vetores pode ser obtida atravez da lei dos cossenos observando a figura [Lei dos Cossenos] Num triângulo cujos la- dos medem a, b, c vale a igualdade a2 = b2+c2−2bc ·cos θ, sendo θ o ângulo entre os segmentos que me- dem b e c. (3.6). 54 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 3 AULA Figura 3.41: θ é o ângulo entre ~u e ~v. 3.5 Comentário das atividades Se você conseguiu fazer as atividades 1,4 e 5, então entendeu a definição do produto escalar (ou produto interno) e de mó- dulo de um vetor. Já as atividaes 2 e 3, se você as resolveu, tratam de importantes propriedades geométricas dos vetores e serão úteis nas disciplinas que virão mais adiante. 55 Produto de Vetores - Parte I 3.6 Referências STEINBRUCH, Alfredo , Geometria Analítica. São Paulo, Makron Books, 1987. LIMA, Elon Lages , Geometria Analítica e Álgebra Linear. Rio de Janeiro, IMPA, 2005. BOLDRINI, José Luiz, 'Algebra Linear . São Paulo, Harbra, 1980. 56 4 AULA 1 LIVRO Produto de Vetores - Parte II META Apresentar o produto vetorial entre vetores e suas propriedades. OBJETIVOS Reconhecer e efetuar produtos vetoriais entre vetores. Reconhecer propriedades ligadas aos produtos vetoriais entre vetores, como a área de um paralelogramo que tem como lados dois vetores e o produto misto com sua representa- ção geométrica. PRÉ-REQUISITOS Para que você possa ter um bom desempenho nesta aula, é necessário que saiba reconhecer e efetuar pro- dutos escalares entre vetores, além de interpretá-los geometricamente. Produto de Vetores - Parte II 4.1 Introdução Olá! Estamos aqui para mais um encontro em que tran- sitaremos pelos produtos entre vetores. Na aula passada, introduzimos o conceito de produto escalar entre vetores e suas propriedades. Além disso, aplicamos esse produtopara encontrar, por exemplo, o cosseno do ângulo entre eles. Em continuidade ao tema da aula anterior, em que definimos e vimos algumas aplicações do produto escalar (ou produto interno), nesta aula estudaremos outro produto, isto é, o vetorial, que, diferentemente do produto escalar, permite a conversão de dois vetores no espaço em outro vetor. Esta operação tem um significado geométrico interessante que será mostrado no transcorrer da aula. Você conhecerá, também, o produto misto cujo valor absoluto representamos como 1/6 do volume de um tetraedro. 4.2 Produto vetorial Nesta primeira seção, vamos apresentar a você o produto vetorial. Seu resultado difere do produto escalar por ser um vetor e não um escalar. Seu uso principal associa-se ao fato de o resultado de um produto vetorial ser sempre perpendicular a ambos os vetores originais. Assim, comecemos pela sua definição e, logo em seguida, você verá que há algumas formas diferentes de representá-lo. Definição 4.20 (Produto vetorial). Dados os vetores ~u = (x1, y1, z1) 58 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 4 AULA (ou ~u = x1~i+y1~j+z1~k) e ~v = (x2, y2, z2) (ou ~u = x2~i+y2~j+ z2~k) tomados nesta ordem, chamamos de produto vetorial dos vetores ~u e ~v, os vetores ~u× ~v = (y1z2 − z1y2)~i+ (z1x2 − x1z2)~j + (x1y2 − y1x2)~k ou simplesmente, ~u× ~v = (y1z2 − z1y2 , z1x2 − x1z2 , x1y2 − y1x2) Outra maneira de escrevermos o produto vetorial, muito útil e fácil de usar, é ~u× ~v = ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ ~i ~j ~k x1 y1 z1 x2 y2 z2 ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ ou ~u× ~v = ∣∣∣∣∣∣y1 z1y2 z2 ∣∣∣∣∣∣~i− ∣∣∣∣∣∣x1 z1x2 z2 ∣∣∣∣∣∣~j + ∣∣∣∣∣∣x1 y1x2 y2 ∣∣∣∣∣∣~k Observação 6. Chamamos a sua atenção neste ponto, caro aluno, pois é fundamental perceber que 〈~u, ~u × ~v〉 = 0 ou 〈~v, ~u× ~v〉 = 0, pois (sendo ~u e ~v não nulos e não colineares) 〈~u, ~u× ~v〉 = x1(y1z2 − z1y2) + y1(z1x2 − x1z2) + z1(x1y2 − y1x2) = x1y1z2 − x1z1y2 + y1z1x2 −y1x1z2 + z1x1y2 − z1y1x2 = 0 O mesmo ocorre para 〈~v, ~u × ~v〉 = 0. Isto significa que os vetores ~u e ~v são ortogonais a ~u×~v, isto é, ~u×~v não está no mesmo plano que ~u e ~v. Portanto, não faz sentido estudar- mos produtos vetoriais entre vetores no plano, pois não seria possível encontrar o vetor ~u× ~v. 59 Produto de Vetores - Parte II Exemplo 4.2.1. Sejam ~u = (5, 4, 3) e ~v = (1, 0, 1) vetores em R3. Deste modo, ~u× ~v = ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ ~i ~j ~k 5 4 3 1 0 1 ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ = (4− 0) ~i+ (3− 5)~j + (0− 4)~k ⇒ ~u× ~v = 4~i− 2~j − 4~k = (4,−2,−4). Veja ainda que ~v × ~u = ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ ~i ~j ~k 1 0 1 5 4 3 ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ = (0− 4) ~i+ (5− 3)~j + (4− 0)~k ⇒ ~v × ~u = −4~i+ 2~j + 4~k = (−4, 2, 4). Portanto, neste exemplo, ~u × ~v = −(~v × ~u). Mas será que esta propriedade é válida para quaisquer dois vetores em R3? Para que você possa verificar se isto é possível, acompanhe o nosso raciocínio no próximo tópico. 60 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 4 AULA 4.3 Propriedades do produto vetorial Agora que você sabe o que é um produto vetorial, vamos apresentar-lhe as propriedades desse produto. Sejam ~u = (x1, y1, z1), ~v = (x2, y2, z2), ~w = (x3, y3, z3) ∈ R3 e λ ∈ R, tal que (V1) ~u × ~u = ~0, qualquer que seja ~u ∈ R3. De fato, pela definição temos o seguinte ~u× ~u = ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ ~i ~j ~k x1 y1 z1 x1 y1 z1 ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ = (y1z1 − z1y1)~i+ (z1x1 − x1z1)~j + (x1y1 − y1x1)~k = (0)~i+ (0)~j + (0)~k ⇒ ~u× ~u = (0, 0, 0) = ~0. Como conseqüência disso, temos que ~i ×~i = ~j × ~j = ~k × ~k = ~0. (V2) ~u× ~v = −(~v × ~u). De fato, veja que ~u× ~v = ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ ~i ~j ~k x1 y1 z1 x2 y2 z2 ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ = (y1z2 − z1y2)~i+ (z1x2 − x1z2)~j + (x1y2 − y1x2)~k ~v × ~u = ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ ~i ~j ~k x2 y2 z2 x1 y1 z1 ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ = (y2z1 − z2y1)~i+ (z2x1 − x2z1)~j + (x2y1 − y2x1)~k ⇒ ~u× ~u = −(~v × ~u), ∀ ~u,~v ∈ R3. 61 Produto de Vetores - Parte II A partir desta propriedade, temos como resultado que ~i×~j = −(~j ×~i) ~j × ~k = −(~k ×~j) ~i× ~k = −(~k ×~i) (V3) ~u×(~v+ ~w) = ~u×~v+~u× ~w. De fato, se ~v = (x2, y2, z2) e ~w = (x3, y3, z3), verificamos que ~v+ ~w = (x2+x3, y2+ y3, z2 + z3), e assim, ~u× (~v + ~w) = ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ ~i ~j ~k x1 y1 z1 x2 + x3 y2 + y3 z2 + z3 ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ ⇒ ~u× (~v + ~w) = (y1(z2 + z3)− z1(y2 + y3))~i+ +(z1(x2 + x3)− x1(z2 + z3))~j+ +(x1(y2 + y3)− y1(x2 + x3))~k ⇒ ~u× (~v + ~w) = ((y1z2 − z1y2) + (y1z3 − z1y3))~i+ +((z1x2 − x1z2) + (z1x3 − x1z3))~j+ +((x1y2 − y1x2) + (x1y3 − y1x3))~k ⇒ ~u× (~v + ~w) =( (y1z2 − z1y2)~i+ (z1x2 − x1z2)~j + (x1y2 − y1x2)~k ) ︸ ︷︷ ︸+ ~u× ~v + ( (y1z3 − z1y3)~i+ (z1x3 − x1z3)~j + (x1y3 − y1x3)~k ) ︸ ︷︷ ︸ ~u× ~w ~u× (~v + ~w) = ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ ~i ~j ~k x1 y1 z1 x2 y2 z2 ∣∣∣∣∣∣∣∣∣+ ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ ~i ~j ~k x1 y1 z1 x3 y3 z3 ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ 62 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 4 AULA Portanto, ~u× (~v + ~w) = ~u× ~v + ~u× ~w, ∀ ~u,~v, ~w ∈ R3. (V4) (λ~u)× ~v = λ(~u× ~v). Exercício 4.3.1. A verificação desta propriedade fica como exercício. (V5) ~u× ~v = ~0 se, e somente se, um dos vetores é nulo ou se ~u e ~v são colineares. De fato, se ~u = ~0, então, ~u× ~v = ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ ~i ~j ~k 0 0 0 x2 y2 z2 ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ = 0 ~i+ 0~j + 0~k = ~0 E se ~u e ~v não forem ambos nulos, mas colineares, isto é, ~v = λ~u, então ~u× ~v = ~u× (λ~u) =︸︷︷︸ λ(~u× ~u) por (V4) Mas como sabemos da propriedade V1, obtemos λ(~u× ~u) = λ(~0)⇒ ~u× ~v = ~0. (V6) ~u × ~v é ortogonal simultaneamente aos vetores ~u e ~v. Então, se 〈~u, ~u× ~v〉 = 〈~v, ~u× ~v〉 = 0, ~u× ~v é ortogonal simultaneamente aos vetores ~u e ~v. Perceba que 〈~u, ~u× ~v〉 = x1 ∣∣∣∣∣∣y1 z1y2 z2 ∣∣∣∣∣∣+ y1 ∣∣∣∣∣∣x1 z1x2 z2 ∣∣∣∣∣∣+ z1 ∣∣∣∣∣∣x1 y1x2 y2 ∣∣∣∣∣∣ e assim, obtemos 〈~u, ~u× ~v〉 = ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ x1 y1 z1 x1 y1 z1 x2 y2 z2 ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ = 0 63 Produto de Vetores - Parte II Pois neste caso o determinante tem duas linhas iguais. Fazendo o mesmo para 〈~v, ~u×~v〉, constatamos (de modo análogo) que 〈~u, ~u× ~v〉 = ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ x2 y2 z2 x1 y1 z1 x2 y2 z2 ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ = 0 Portanto, ~u× ~v é ortogonal simplesmente aos vetores ~u e ~v. (V7) O triedro {~u,~v,~v× ~u} é positivamente orientado. Se- Um triedro {~u,~v,~v × ~u} (supondo que ~u e ~v sejam não colineares) diz-se positivamente orientado (em relação ao sistemas de eixos fi- xados, no caso, xyz) quando é positivo o de- terminante cujas linhas são formadas pelas co- ordenadas dos vetores dados, na ordem em que são listados. jam α ∈ R e ~u,~v, ~u× ~v ∈ R3, tal que α = ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ x1 y1 z1 x2 y2 z2 y1z2 − z1y2 z1x2 − x1z2 x1y2 − y1x2 ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ em que ~u = (x1, y1, z1), ~v = (x2, y2, z2) e ~u× ~v = (y1z2 − z1y2, z1x2 − x1z2, x1y2 − y1x2) . Assim, obtemos α = 〈~u× ~v, ~u× ~v〉 = |~u× ~v|2 > 0. . Exercício 4.3.2. Mostre a igualdade entre o determi- nante e o número real 〈~u × ~v, ~u × ~v〉 da propriedade (V7). (V8) (Identidade de Lagrange) 〈~u× ~v, ~u× ~v〉 = 〈~u, ~u〉 · 〈~v,~v〉 − 〈~u,~v〉2 (4.1) 64 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 4 AULA De fato, ~u× ~v = ∣∣∣∣∣∣y1 z1y2 z2 ∣∣∣∣∣∣~i+ ∣∣∣∣∣∣x1 z1x2 z2 ∣∣∣∣∣∣~j + ∣∣∣∣∣∣x1 y1x2 y2 ∣∣∣∣∣∣~k. Portanto, |~u×~v|2 = (y1z2−z1y2)2+(z1x2−x1z2)2+(x1y2−y1x2)2 Mas, temos que |~u|2|~v|2 = (x21 + y21 + z21)(x22 + y22 + z22) e 〈~u,~v〉2 = (x1x2 + y1y2 + z1z2)2 . Efetuando as operações indicadas, verificamos que |~u× ~v|2 = |~u|2|~v|2 − 〈~u,~v〉2. (V9) Se ~u 6= ~0, ~v 6= ~0 e se θ é o ângulo entre os vetores ~u e ~v, então |~u× ~v| = |~u| · |~v| sen θ. (4.2) De acordo com a identidade de Lagrange, na equação (4.1), temos |~u× ~v|2 = |~u|2 |~v|2 − 〈~u,~v〉2 ou seja, |~u× ~v|2 = |~u|2 |~v|2 − (|~u| |~v| cos θ)2 ⇓ |~u× ~v|2 = |~u|2 |~v|2(1− cos2 θ) ⇒ |~u× ~v|2 = |~u|2 |~v|2(sen 2θ) 65 Produto de Vetores -Parte II pois 1− cos2 θ = sen 2θ. E sabemos que |~u× ~v|2 = |~u|2 |~v|2(sen 2θ) ⇓ |~u× ~v| = |~u| |~v|(sen θ) . Tal qual na propriedade (V7), percebemos que os vetores da base canônica {~i,~j,~k} são válidos. ~i×~j = ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ ~i ~j ~k 1 0 0 0 1 0 ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ ⇒~i×~j = ~k e para as outras combinações: ~j × ~k = ~i ~k ×~i = ~j percebemos ainda que ~j ×~i = −~k ~k ×~j = −~i ~i× ~k = −~j No paralelogramo ABCD a seguir, observamos que ~u = −−→ AB e ~v = −→ AC. A altura do paralelogramo relativa aos lados CD e AB é dada por |~v|sen θ. 66 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 4 AULA Assim, a área do paralelogramo é dada por ÁreaABCD = |~u|︸︷︷︸ · (|~v| sen θ)︸ ︷︷ ︸, base altura Portanto, |~u× ~v| = ÁreaABCD Exemplo 4.3.1. Determine o vetor ~w, tal que ~w seja or- togonal ao eixo−y e ~u = ~w × ~v, sendo ~u = (1, 1,−1) e ~v = (2,−1, 1). Como ~w ⊥ eixo − y deve ser da forma ~w = (x, 0, z), assim, ~u = ~w × ~v equivale a (1, 1,−1) = ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ ~i ~k ~k x 0 z 2 −1 1 ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ ou ainda, (1, 1,−1) = (z,−x+2z,−x). Basta-nos solucionar os sistemas z = 1 −x+ 2z = 1 −x = −1 cuja solução é x = 1 e z = 1. Logo, ~w = (1, 0, 1). 67 Produto de Vetores - Parte II Exemplo 4.3.2. Seja um triângulo eqüilátero ABC de lado 10. Calcular |−−→AB ×−→AC|. Veja que |−−→AB ×−→AC| = |−−→AB| · |−→AC| senα em que α é o ângulo interno de ABC no vértice A. Como α = 60o, tem-se que |−−→AB ×−→AC| = (10) · (10) sen 60o ⇒ |−−→AB ×−→AC| = 100 √ 3 2 = 50 √ 3 Mas como o valor 50 √ 3 representa a área do paralelogramo, portanto a área do triângulo é a metade, ou seja, ÀreaABC = 25 √ 3 . Exemplo 4.3.3. Dados os pontosA = (2, 1, 1), B = (3,−1, 0) e C = (4, 2,−2), vamos determinar: (i) a área do triângulo ABC; (ii) a altura do triângulo relativa ao vértice C. 68 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 4 AULA Resolução do exemplo: (i) A partir do triângulo ABC podemos construir o para- lelogramo ABCD, cuja área é o dobro da área do tri- ângulo. Assim, com base nos vetores −−→ AB e −→ AC, temos A4 = 1 2 |−−→AB ×−−→BC| Mas −−→ AB = (1,−2,−1), −→AC = (2, 1,−3) e |−−→AB ×−−→BC| = ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ ~i ~j ~k 1 −2 −1 2 1 3 ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ = |(7, 1, 5)| Logo, A4 = 1 2 √ 49 + 25 + 1 = 5 2 √ 3u.a. (ii) Já para obtermos a altura do triângulo indicado na fi- gura, basta lembrarmos que AABCD = (base)(altura) = b h. Assim, como a base b no triângulo é dada por |−−→AB|, obtemos h = A b = |−−→AB ×−→AC| |−−→AB| = √ 75 |(1,−2,−1)| = 5 2 √ 2 u.c. Definição 4.21. Chama-se produto misto dos vetores ~u = (x1, y1, z1), ~v = (x2, y2, z2) e ~w = (x3, y3, z3), tomados nesta ordem, o número real 〈~u,~v × ~w〉 = ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ x1 y1 z1 x2 y2 z2 x3 y3 z3 ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ . 69 Produto de Vetores - Parte II Também denotado por 〈~u,~v × ~w〉 = (~u,~v, ~w). Figura 4.42: Produto misto dado pelos vetores ~AB, ~AC e ~AD. Sejam A,B,C e D pontos não colineares e os vetores ~u = −−→ AB, ~v = −→ AC e ~w = −−→ AD também não colineares. Esses vetores determinam um paralelepípedo como na figura (4.42), cujo volume é V = (Área da base) · (altura). Note que a altura é h = |~w|. cos θ h = |~w| 〈~u× ~v, ~w〉|~u× ~v| · |~w| h = 〈~u× ~v, ~w〉 |~u× ~v| e que a área da base é dada por A base = |~u× ~v|. Logo V = h ·A base ⇒ V = 〈~u× ~v, ~w〉. Se ~u = (x1, y1, z1), ~v = (x2, y2, z2) e ~w = (x3, y3, z3), pode- mos reescrever o volume do paralelepípedo da seguinte forma V = |(~u,~v, ~w)| = |〈~u,~v × ~w〉| ou seja, V = |〈~u,~v × ~w〉|. 70 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 4 AULA Exemplo 4.3.4 (Volume do Tetraedro). O volume do tetraedro (como ilustrado na figura (4.42)) é dado por Vt = 1 6 ∣∣∣(−−→AB,−→AC,−−→AD)∣∣∣ e assim, se um tetraedro é formado pelos pontosA = (1, 2,−1), B = (5.0, 1), C = (2,−1, 1) e D = (6, 1,−3) como vértices, temos que ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ 4 −2 2 1 −3 2 5 −1 −2 ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ = 36⇒ Vt = 1 6 |36| Portanto, o volume do tetraedro é Vt = 6 u.v. . 4.4 Resumo Nesta aula, conhecemos a definição vetorial entre vetores e suas propriedades. Conhecemos também a possibilidade de usar o produto vetorial para representar a área de um pa- ralelogramo. Definimos o produto misto e o representamos geometricamente como o volume do paralelogramo formado por três vetores não todos coplanares. 4.5 Atividades (a) Se ~u = (3,−1,−2), ~v = (2, 4,−1) e ~w = (−1, 0, 1), determine: i. |~u× ~v|; ii. 2~v × 3~v; 71 Produto de Vetores - Parte II iii. ~u× ~w + ~w × ~u; iv. 〈~u,~v × ~w〉. (b) Determine o vetor ~x, tal que 〈~x, (1, 4,−3)〉 = −7 e ~x× (4,−2, 1) = (3, 5,−2). (c) Dados os vetores ~u = (3, 1, 1), ~v = (−4, 9, 3) e ~w = (1, 2, 0), determine ~x de modo que ~x ⊥ ~w e ~x×~u = −~v. (d) Encontre um vetor ortogonal ao plano determinado pe- los pontos P , Q e R e calcule a área do triângulo PQR. i. P = (3, 0, 0), Q = (0, 3, 0), R = (0, 0, 2) ii. P = (2, 3, 0), Q = (0, 2, 1), R = (2, 0, 2) (e) Fixando o sistema de coordenadas com a base canônica no espaço, mostre que para quaisquer vetores ~u, ~v, ~w e ~t vale ∣∣∣∣∣∣〈~u, ~w〉 〈~u, ~t 〉 〈~v, ~w〉 〈~v,~t 〉 ∣∣∣∣∣∣ = 〈~u× ~v, ~w × ~t 〉. (f) (Aplicação Física) O produto vetorial é uma impor- tante ferramenta utilizada na Física. Entre algumas das suas aplicações, podemos citar o torque. A equação O torque é uma gran- deza vetorial represen- tada pela letra grega τ , que está relacionada à posibilidade de um corpo sofrer uma tor- ção ou alterar seu mo- vimento de rotação. para o cálculo do torque é ~τ = ~r × ~F em que |~r| é a distância do ponto de aplicação da força ~F ao eixo de rotação a que o corpo está vinculado. 72 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 4 AULA • Calcule o torque sobre a barra AB em que −−→AB = ~r = 2~j em metros, ~F = 10~i (em newtons) e o eixo de rotação é o eixo−z. 4.6 Comentário das atividades Ao resolver as atividades 1, 2 e 3, você entendeu a defini- ção de produto vetorial. Quanto às atividades 4, 5 e 6, se as concluiu, você trabalhou as propriedades do produto veto- rial. Caso não tenha obtido sucesso na resolução das questões desta aula, lembre-se sempre de que você dispõe de um tutor para tirar suas dúvidas. Faço bom proveito deste recurso. 4.7 Referências STEINBRUCH, Alfredo , Geometria Analítica. São Paulo, Makron Books, 1987. LIMA, Elon Lages , Geometria Analítica e Álgebra Linear. Rio de Janeiro, IMPA, 2005. BOLDRINI, José Luiz, 'Algebra Linear . São Paulo, Harbra, 1980. 73 5 AULA 1 LIVRO A Reta META Expor o conceito das equações de retas no plano e espaço e suas propriedades geométricas. OBJETIVOS Identificar a equação da reta nas formas vetorial, paramétrica, simé- trica e reduzida. Reconhecer as propriedades geo- métricas do paralelismo, retas aos planos e eixos geométricos. PRÉ-REQUISITOS Para que você possa ter um bom de- sempenho nesta aula, é necessário que saiba reconhecer e efetuar pro- dutos escalares e vetoriais entre ve- tores, além de interpretar geometri- camente esses produtos. A Reta 5.1 Introdução Olá! Aos poucos estamos avançando nesta nossa caminhada pela Geometria Analítica. Na aula passada, aprendemos o que é um produto vetorial entre vetores e suas propriedades. Além disso, verificamos que é possível utilizar esse produto para representar a área de figuras geométricas como o pa- ralelogramo. Também apresentamos a você a definição de produto misto, sua representação geométrica e seu valor ab- soluto. Nesta aula, vamos aprofundar nossos estudos sobre as retas. Acredito que você já deve ter algum conhecimento a respeitodelas, pois já estudou um pouco de Geometria Analítica na 3 a série do Ensino Médio. Assim, vamos definir algumas formas de representá-las no plano e também no espaço. Em um dos postulados de sua obra "Os Elementos", Eucli- des nos mostra que dados dois pontos distintos, existe uma única reta que os contêm. Munidos deste pensamento, po- demos não apenas confirmar mas também definir equações vetoriais de retas no plano e no espaço, além da equação pa- ramétrica e reduzida da reta. Estudaremos as propriedades do paralelismo entre retas, entre retas e eixos coordenados e entre retas e planos coordenados, além de ângulos constituí- dos entre retas. 76 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 5 AULA 5.2 Equação vetorial da reta Consideremos um ponto A = (x1, y1, z1) e um vetor não nulo ~v = (a, b, c). Seja r a reta que passa pelo ponto A e tem a direção de ~v. Um ponto P = (x, y, z) pertence à reta r se, e somente se, o vetor −→ AP é paralelo a ~v, isto é, −→ AP = t~v (5.1) para algum t ∈ R. A partir da equação (5.1), verificamos que P −A = t~v ou ainda P = A+ t~v, (5.2) que em coordenadas fica (x, y, z) = (x1, y1, z1) + t(a, b, c) (5.3) Qualquer uma das equações (5.1),(5.2) ou (5.3) é denominada equação vetorial de r, o vetor ~v é chamado vetor diretor da reta r e t é denominado o parâmetro. Exemplo 5.2.1. A reta r que passa por A = (1,−1, 4) e tem a direção de ~v = (2, 3, 2) tem equação vetorial de acordo com (5.3): r : (x, y, z) = (1,−1, 4) + t(2, 3, 2) em que (x, y, z) representa um ponto de r arbitrário. Para obtermos a reta, basta-nos fazer o parâmetro t variar sobre 77 A Reta os números reais. t = 1 ⇒ P1 = (1,−1, 4) + 1 · (2, 3, 2) = (2, 3, 6) t = 0 ⇒ P0 = (1,−1, 4) t = −1 ⇒ P−1 = (−1,−4, 2) t = 3 ⇒ P3 = (7, 8, 10) Figura 5.43: P = A+ t~v. Observação 7. A equação que representa a reta r no exemplo anterior não é única. Existem, na verdade, infinitas equações, pois basta tomar outro ponto de r em vez do ponto A, ou outro vetor qualquer não nulo que seja múltiplo de ~v, por exemplo, (x, y, z) = (1,−1, 4) + t(4, 6, 4) é outra equação vetorial de r em que se utilizou o vetor 2~v = (4, 6, 4) como vetor diretor em vez de ~v = (2, 3, 2). 78 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 5 AULA 5.3 Equações paramétricas da reta Da equação vetorial da reta (x, y, z) = (x1, y1, z1) + t(a, b, c) ou ainda (x, y, z) = (x1 + ta, x2 + tb, x3 + tc), pela condição de igualdade, obtém-se x = x1 + at y = y1 + bt z = z1 + ct (5.1) As equações (5.1) são chamadas equações paramétricas da reta. Exemplo 5.3.1. A reta r que passa pelo pontoA = (3,−4, 2) e é paralela ao vetor ~v = (2, 1,−3), de acordo com (5.1), tem equações paramétricas r : x = 3 + 2t y = −4 + t z = 2− 3t 5.4 Reta definida por dois pontos A reta definida pelos pontos A e B é a reta que passa por A (ou por B) e tem a direção do vetor ~v = −−→ AB. Exemplo 5.4.1. Escrever equações paramétricas da reta r que passa por A = (3,−1,−2) e B = (1, 2, 4). 79 A Reta Tomando o ponto A e o vetor ~v = −−→ AB = B−A = (−2, 3, 6), obtemos r : x = 3− 2t y = −1 + 3t z = −2 + 6t Podemos, ainda, usando a equação paramétrica da reta, de- finir uma parametrização para um segmento de reta. Exemplo 5.4.2 (Equações Paramétricas de um Seg- mento de Reta). Consideremos a reta r do exemplo (5.4.1) e nela o segmento AB (origem A e extremidade B). As equa- ções vetoriais dos segmentos AB e BA com 0 ≤ t ≤ 1 são P = A+ t(B −A) e (5.1) P = B + t(A−B), (5.2) respectivamente, em que P = (x, y, z) é um ponto arbitrário na reta r. Note que t = 0 ⇒ P = A+ 0 · (B −A) = A t = 1 ⇒ P = A+ 1 · (B −A) = B para o segmento AB, enquanto para o segmento BA temos t = 0 ⇒ P = B + 0 · (A−B) = B t = 1 ⇒ P = B + 1 · (A−B) = A Podemos ainda reescrever a equação (5.1) de modo equiva- lente por P = tB + (1− t)A. (5.3) O mesmo ocorre para (5.2), tal que P = tA+ (1− t)B. 80 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 5 AULA 5.5 Equações simétricas da reta Das equações paramétricas x = x1 + at y = y1 + bt z = z1 + ct supondo que abc 6= 0, temos t = x− x1 a t = y − y1 b t = z − z1 c Como cada ponto da reta é correspondente a um único valor de t, temos que x− x1 a = y − y1 b = z − z1 c (5.1) As equações (5.1) são denominadas equações simétricas da reta que passa pelo ponto A = (x1, y1, z1) e tem a direção do vetor ~v = (a, b, c). Exemplo 5.5.1. A reta que passa pelo ponto A = (3, 0,−5) e tem direção do vetor ~v = (2, 2,−1) tem equações simétricas x− 3 2 = y 2 = z + 5 −1 Para obtermos os outros pontos da reta, basta atribuirmos um valor a uma das variáveis. Por exemplo, para x = 5, temos 5− 3 2 = 1 = y 2 = z + 5 −1 ⇒ y 2 = 1 z + 5 −1 = 1 e assim, y = 2 e z = −6. Portanto, o ponto (5, 2,−6) per- tence à reta r. 81 A Reta 5.6 Equações reduzidas da reta Da equação (5.1), temos que x− x1 a = y − y1 b e x− x1 a = z − z1 c e assim podemos fazer y = y1 + b a (x− x1) e z = z1 + c a (x− x1). Ou seja, podemos expressar y e z em função da variável x, e assim constatamos que y e z podem ser da seguinte forma: y = mx+ n e z = px+ q. Deste modo, um ponto da reta pode ser encontrado usando P = (x,mx+ n, px+ q), em que m = b a e n = y1 − b a x1 p = c a e q = z1 − c a x1 Observação 8. O mesmo pode ser feito para qualquer das outras duas variáveis(y e z), desde que abc 6= 0. Exemplo 5.6.1. Seja a reta r definida pelo ponto A = (2,−4,−3) e pelo vetor diretor ~v = (1, 2,−3) e expressa pelas equações simétricas: x− 2 1 = y + 4 2 = z + 3 −3 E assim, fazendo x− 2 1 = y + 4 2 e x− 2 1 = z + 3 −3 ⇒ y = 2x− 8 e z = −3x+ 3. 82 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 5 AULA Desta forma, podemos encontrar todos os pontos da reta, pois eles obedecem a P = (x, 2x − 8,−3x + 3), ∀x ∈ R, em que P é um ponto arbitrário na reta r. ATENÇÃO Apesar de todas as equações de reta no espaço (R3) definidas e ilustradas nos exemplos desta aula, podemos sempre redu- zir a dimensão para o plano (R2), bastando-nos suprimir a variável z. 5.7 Paralelismo de retas relativo aos pla- nos e eixos coordenados 5.7.1 Retas paralelas aos planos coordenados Uma reta é paralela a um dos planos xy, xz ou yz se seus vetores diretores forem paralelos ao correspondente plano. Neste caso, umas das componentes do vetor é nula. Perceba que para a figura (5.44) as equações paramétricas de r são: x = −1 + 2t y = 2 + 3t z = 4 Mas no caso da figura (5.45), as equações paramétricas de r são: x = 1 −t y = 5 z = 2t 83 A Reta Figura 5.44: r ‖ (plano − xy), em que A = (−1, 2, 4) e ~v = (2, 3, 0) (~v//plano− xy. Figura 5.45: r passa por A = (1, 5, 0) e ~v = (−1, 0, 2). 5.7.2 Retas paralelas aos eixos coordenados Uma reta é paralela a um dos eixos (eixo − x, eixo − y ou eixo− z) se seus vetores diretores forem paralelos a ~i = (1, 0, 0) ou a ~j = (0, 1, 0) ou a ~k = (0, 0, 1). Neste caso, duas das componentes do vetor são nulas. Exemplo 5.7.1. Seja r a reta que passa por A = (2, 3, 4) e tem a direção do vetor ~v = (0, 0, 3). Como a direção de ~v é a mesma de ~k, pois ~v = 3~k, a reta r é paralela ao eixo eixo−z. A reta r pode ser representada pelas equações x = 2 y = 3 z = 4 + 3t As figuras (5.47) e (5.48) apresentam retas que passam por A = (x1, y1, z1) e são paralelas aos eixos eixo− y e eixo− x, 84 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 5 AULA Figura 5.46: A = (2, 3, 4) e ~v = (0, 0, 3). respectivamente. Suas equações são,de forma respectiva, x = x1 y = y1 + k · t z = z1 e x = x1 + k · t y = y1 z = z1, com k ∈ R fixo e t parâmetro. Figura 5.47: A = (x1, y1, z1) e ~v = ~j. Figura 5.48: A = (x1, y1, z1) e ~v = ~k. 5.8 Mais algumas propriedades Definição 5.22 (Ângulos de Duas Retas). Sejam as retas r1 e r2 com as direções de ~v1 e ~v2, respectivamente. 85 A Reta Chama-se ângulo de duas retas r1 e r2 o menor ângulo de um vetor diretor de r1 e de um vetor diretor de r2. Sendo θ este ângulo, então cos θ = |〈~v1, ~v2〉| |~v1| |~v2| com 0 ≤ θ ≤ . pi 2 (5.1) Exemplo 5.8.1. Calcular o ângulo entre as retas r1 : x = 3 + t y = t z = −1− 2t e r2 : x+ 2 −2 = y − 3 1 = z 1 Perceba que os vetores diretores de r1 e r2 são, respectiva- mente, ~v1 = (1, 1 − 2) e ~v2 = (−2, 1, 1). Da equação (5.1) podemos depreender que cos θ = |〈~v1, ~v2〉| |~v1| |~v2| = |〈(1, 1,−2), (−2, 1, 1)〉| |(1, 1,−2)| |(−2, 1, 1)| = | − 2 + 1− 2|√ 6 √ 6 = 1 2 Portanto, θ = arc cos ( 1 2 ) = pi 3 rad = 60o. Definição 5.23 (Retas Ortogonais). Sejam as retas r1 e r2 com as direções de ~v1 e ~v2, respectivamente. Então r1 ⊥ r2 ⇔ 〈~v1, ~v2〉 = 0 Duas retas ortogonais podem ser concorrentes ou não. No entanto, apesar de ambas as retas r1 e r2 da figura (5.23) serem ortogonais a r, não são concorrentes, a r e sim per- pendiculares. Exemplo 5.8.2. Portanto, as retas r1 e r2 dadas a seguir 86 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 5 AULA Figura 5.49: r1 ‖ r2, embora r1 ⊥ r. são ortogonais. x = t y = −2t+ 1 z = 4t e x = 3− 2t y = 4 + t z = t Pois sendo ~v1 = (1,−2, 4) e ~v2 = (−2, 1, 1) vetores diretores de r1 e r2 e 〈~v1, ~v2〉 = 1(−2)− 2(1) + 4(1) = 0, as retas r1 e r2 são ortogonais. Definição 5.24 (Retas ortogonais a Duas retas). Se- jam as retas r1 e r2 não paralelas, com as direções de ~v1 e ~v2, respectivamente, então toda reta r simultaneamente or- togonal a r1 e r2 terá a direção de um vetor ~v, tal que 〈~v,~v1〉 = 0〈~v,~v2〉 = 0 (5.2) 87 A Reta Ao invés de assumirmos ~v 6= ~0 como uma solução particular de (5.2), poderíamos usar ~v = ~v1 × ~v2 (5.3) como vetor diretor da reta r, bastando conhecer um de seus pontos. Exemplo 5.8.3. Determinar equações paramétricas da reta r que passa pelo ponto A = (3, 4,−1) e é ortogonal às retas r1 : (x, y, z) = (0, 0, 1)+t(2, 3,−4) e r2 : x = 5 y = t z = 1− t. As direções de r1 e r2 são definidas pelos vetores ~v1 = (2, 3,−4) e ~v2 = (0, 1,−1). Assim, ~v1 × ~v2 = ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ ~i ~j ~k 2 3 −4 0 1 −1 ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ = (1, 2, 2) Portanto, r : x = 3 + t y = 4 + 2t z = −1 + 2t Exemplo 5.8.4 (Interseção de Duas Retas). Vamos verificar se as retas r1 e r2 são concorrentes e, em caso afir- mativo, determinar o ponto de interseção: (a) r1 : x = 3 + h y = 1 + 2h z = 2− h e r2 : x = 5 + 3t y = −3− 2t z = 4 + t 88 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 5 AULA (b) r1 : y = xz = 1− x e r2 : x = −t y = 1 + t z = 2t (c) r1 : y = x+ 2z = −x− 1 e r2 : x+ 1−2 = y − 1−2 = z + 12 . Se existir um ponto (x, y, z) comum às duas retas, suas co- ordenadas obedecem a todas as equações de r1 e r2. Solução:(a) Igualando as expressões, temos que 3 + h = 5 + 3t 1 + 2h = −3− 2t 2− h = 4 + t ⇒ h− 3t = 2 2h+ 2t = −4 −h− t = 2 Portanto, a solução é h = t = −1 e, assim, (2,−1, 3) o ponto de interseção entre as retas r1 e r2. Solução:(b) Fazendo as devidas substituições, temos o sistema 1 + t = −t2t = 1 + t A partir disso, constatamos que t = − 1 2 e t = 1. Por- tanto, como o sistema não tem solução, não existe um ponto de interseção. Solução:(c) Observe que os vetores diretores de r1 e r2 são, respec- tivamente, ~v1 = (1, 1,−1) e ~v2 = (−2,−2, 2), ou seja, ~v2 = −2~v1. Portanto, as retas são paralelas e não coinci- dentes, pois o ponto (0, 2,−1) ∈ r1, mas (0, 2,−1) /∈ r2. 89 A Reta E assim, não existe um ponto de interseção entre as retas r1 e r2. 5.9 Resumo Nesta aula, definimos a equação vetorial da reta e, para isso, usamos apenas um vetor e um ponto do plano (ou do espaço) para defini-la. Conhecemos outra forma de representá-la, isto é, através de sua equação paramétrica, descrita por algumas equações que dependem de apenas um parâmetro. Com base na definição da equação vetorial da reta, definimos também uma reta por dois pontos e um segmento parametrizado. Co- nhecemos propriedades importantes das retas, como o para- lelismo de retas relativo aos planos e eixos coordenados, e ângulos entre duas retas. 5.10 Atividades (a) Determine uma equação vetorial da reta r definida pelos pontos A = (2,−3, 4) e B = (1,−1, 2) e verifique se os pontos C = ( 5 2 ,−4, 5) e D = (−1, 3, 4) pertencem à r. (b) Dada a reta r : (x, y, z) = (−1, 2, 3)+t(2,−3, 0), escreva equações paramétricas de r. (c) Determine as equações paramétricas da reta que passa pelos pontos A e B nos seguintes casos: i. A = (1,−1, 2) e B = (2, 1, 0); ii. A = (0, 0, 0) e B = (0, 1, 0). 90 Vetores e Geometria Analítica: Livro 1 5 AULA (d) O ponto P = (m, 1, n) pertence à reta que passa por A = (3,−1, 4) e B = (4,−3,−1). Detemine P . (e) Verifique se os pontos P1 = (5,−5, 6) e P2 = (4,−1, 12) pertencem à reta r : x− 3 −1 = y + 1 2 = z − 2 −2 . (f) Determine o ponto da reta r : x− 1 2 = y + 3 −1 = z 4 que tem: i. abscissa 5; ii. ordenada 2. (g) Determine o ângulo entre as retas: r1 : x −2− t y = t z = 3− 2t e r2 : x 2 = y + 6 1 = z − 1 1 (h) Determine o valor de n para que seja de 30o o ângulo entre as retas r1 : y = nx+ 5z = 2x− 2 e r2 : x− 24 = y5 = z3 (i) Verifique se as retas a seguir são concorrentes e, em caso afirmativo, encontre o ponto de interseção: r1 : x = 2− t y = 4− t z = −t e r2 : x = −3 + 6h y = 1 + 7h z = −1 + 13h 91 A Reta 5.11 Comentário das atividades Se você entendeu a definição de equação vetorial da reta, então conseguiu fazer as atividades 1,2 e 3. Se resolveu a atividade 4, entendeu o conceito de equação de reta definida por dois pontos. Quanto às questões 5 e 6, pôde concluí-las? Então você compreendeu a definição de equação simétrica da reta. Se fez as atividades 7, 8 e 9, então entendeu os conceitos de equação paramétrica da reta, ângulo entre duas retas e interseção entre retas, respectivamente. 5.12 Referências STEINBRUCH, Alfredo , Geometria Analítica. São Paulo, Makron Books, 1987. LIMA, Elon Lages , Geometria Analítica e Álgebra Linear. Rio de Janeiro, IMPA, 2005. BOLDRINI, José Luiz, 'Algebra Linear . São Paulo, Harbra, 1980. 92 6 AULA 1 LIVRO O Plano META Apresentar a definição de equações de planos no espaço e suas proprie- dades geométricas. OBJETIVOS Identificar a equação do plano nas formas vetorial, paramétrica, simétricas e reduzidas. Reconhecer as propriedades geomé- tricas do paralelismo e perpendicu- larismo entre planos e entre planos e retas. PRÉ-REQUISITOS Saber identificar a equação da reta nas formas em que foram apresenta- das na aula anterior e reconhecer as propriedades geométricas do parale- lismo. O Plano 6.1 Introdução Olá! Na aula passada, verificamos que é possível definir a equação vetorial da reta utilizando apenas um vetor e um ponto do plano. Além disso, aprendemos a representar a reta a partir da sua equação paramétrica, definir uma reta por dois pontos e um segmento parametrizado. Também foi possível conhecer as propriedades das retas. O principal
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