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140528_BRASIL

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A CRISE E OS NOVOS 
DILEMAS DE POLÍTICA 
ECONÔMICA 
Nesta Aula: Brasil 
• Como estava a economia brasileira entre 2003 e 2010: uma 
narrativa com alguma evidência... 
 
• A grande virada depois de 2010 e as mudanças na política 
econômica brasileira; 
 
• Como pensar na política monetária brasileira: Qual é a meta? 
Qual é o regime? Qual é o papel das medidas 
macroprudenciais? 
 
• A política de juros e o espaço fiscal brasileiro. 
 
• Os grandes dilemas: a taxa de juros real neutra e a taxa 
natural de desemprego no Brasil – fatores cíclicos ou 
estruturais? 
Uma Narrativa para o Período 2003 a 
2010... 
• O crescimento brasileiro entre 2003 e 2010 foi facilitado pelos 
inéditos “choques” externos favoráveis: termos de troca 
(China), fluxos de capitais. 
 
• O “efeito riqueza” resultante possibilitou que o governo 
incentivasse o consumo, por meio das políticas de inclusão 
social e de crédito, e o investimento. Fala-se muito em 
“modelo de consumo” no Brasil, mas o passado não foi 
bem assim… 
 
• A estabilidade macroeconômica e as perspectivas de 
crescimento tornaram o País extremamente atraente para os 
investidores… 
 
• …até que o cenário mudou. 
 
PIB 
-400%
-200%
0%
200%
400%
600%
800%
1000%
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
PIB Anual - Contribuições ao Crescimento
Exportações líquidas Governo Consumo InvestimentoFonte: IBGE
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Termos de Troca 
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5 
Um Diagnóstico sobre a situação da 
Economia Brasileira 
• Pleno emprego (mercado de trabalho, renda em alta), significa que estamos 
operando na curva de transformação. 
 
• O ponto em que estamos significa que há mais produção de serviços do que 
de bens industriais. Sob a fronteira de transformação, só produzimos mais 
bens industriais com menos serviços. Portanto, não há inconsistência na 
suposta “margem de ociosidade” da indústria. 
 
• Para produzir mais de tudo, é preciso deslocar a curva! 
 
• Como fomos parar em B, supondo que estivéssemos em A? Choque positivo 
de riqueza (TT) possibilitou políticas de estímulo ao consumo e ao 
investimento e valorizou o câmbio. Demanda por bens T externos aumentou, 
por bens NT domésticos também. Setor de serviços começou a empregar 
mais, indústria nacional foi ficando para trás... 
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6 
Curva de Transformação 
Não Transacionáveis (Serviços) 
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7 Transacionáveis (Indústria) 
P(T)/P(NT): quantas unidades de 
T têm de ser sacrificadas para 
produzir mais NT. 
B 
A 
Z 
P(T)/P(NT) 
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8 
Brasil: Do Céu ao Inferno? 
• Crescimento médio entre 2003 e 2010, 5,5%. Em 2010, 
7,5%. 
 
• Crescimento em 2011: 2,7%. 
 
• Crescimento esperado em 2012: decerto pior do que o 
do ano passado. Algo entre 1,5% e 2%. 2013, 
2014…muitas dúvidas. G
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9 
2011: A Grande Virada 
• Início do ano marcado por uma aceleração inflacionária 
derivada de: 
• Afrouxamento quantitativo nos países centrais 
(EUA, UK, Japão; BCE: compra de dívidas 
soberanas); 
• Crescimento da China – dois dígitos depois dos 
impulsos de 2010; 
• Resultado: forte alta das commodities, com 
reflexos na inflação brasileira. 
• Isto é, com a inflação de serviços já alta pelas 
razões que discutimos, o impulso inflacionário 
externo resultou numa forte alta do IPCA. 
 
A Inflação em 2011 e 2012 
2011: A Grande Virada 
• O diagnóstico do governo: inflação proveniente “apenas” 
de choques externos – o afrouxamento das condições 
de crédito derivado das entradas de capital associadas 
ao “tsunami monetário” suscitavam uma resposta 
macroprudencial (e não uma elevação imediata dos 
juros): 
• Instituição de controles de capitais; 
• Uso de medidas de restrição ao crédito: 
compulsórios e requerimentos de capital. 
• Problema: como as medidas de restrição ao 
crédito afetam a economia? 
 
O “Perigo” das 
Macroprudenciais 
• Efeitos sobre a demanda agregada e sobre a oferta 
agregada... 
Y 
P 
AD 
AS 
AS´ 
AD´ 
E E´ 
Efeito de medidas macroprudencias: Canal da 
AD – custo do crédito 
• Gráfico 
 Crédito 
J
u
ro
s
 
Medida 
macroprudencial Oferta 
Demanda 
Brasil (Wu. T. (2011)) 
35
40
45
50
55
60
65
ja
n-
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 (%
 a
.a
.)
6
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16
18
Selic e pré de 1 ano (%
 a.a.)
Taxa de aplicação, operações de crédito pessoa física Taxa Selic Taxa pré de 1 ano
Efeito de medidas 
macroprudencias: Canal da AS 
• Medidas Macroprudenciais restringem o crédito de forma 
generalizada. 
 
• Isto é, afetam tanto as empresas menos produtivas, quanto as 
mais produtivas ao racionar a disponibilidade de crédito para 
que invistam em seu projetos. 
 
• A redução indiscriminada do crédito provoca uma perda de 
eficiência econômica, o que desloca a curva de oferta 
agregada de forma adversa. 
 
• Evidências empíricas? Aghion et al. (2005) para os países 
desenvolvidos (“Volatility and Growth: Credit Constraints and 
Productivity-Enhancing Investments”, NBER WP, no 11349). 
O Resultado Macroeconômico de 
2011 
• Crescimento de 2,7% com inflação de 6,5%. Razões: 
• Choques inflacionários do início do ano; 
• Adoção de medidas macroprudenciais; 
• Choques adversos a partir de meados do ano: a conturbada 
discussão sobre a elevação do teto da dívida americana; o 
agravamento da crise europeia – da periferia para o núcleo. 
 
• Além disso, o BC não comunicou bem a sua estratégia de política 
monetária, perdendo credibilidade e desancorando as expectativas 
de inflação no início do ano: 
• Confusão em relação ao que queriam dizer quando falavam em 
“complementaridade” entre as medidas macroprudenciais e os 
juros...(ver aula 9 e o abandono do Princípio de Tinbergen); 
• Suspeitas de que a função de reação do BC mudara – havia um 
foco maior no crescimento em detrimento da inflação. Sobretudo 
depois do corte de juros de agosto de 2011, com inflação acima do 
teto da meta. 
Cortes de Juros 
Em que medida a PM mudara? Algumas 
ilustrações... 
• Bolle e Simões (2012 a): duas Regras de Taylor – backward e 
forward looking – e uma Regra de PIB Nominal, estimadas de 
2005 a 2012, dados mensais (IBC-Br). 
 
• i = C + φ(π-π*) + ρ(hiato) + ε 
• i = C + δ(E(π)-π*) + γ(hiato) + ε 
• i = C + β(y-y*) + ε; y* = 9% 
 
• De 2009 a 2012, as Regras de Taylor ficam com os coeficientes 
negativos e insignificantes. Testes de quebra estrutural 
apontam mudança em 2010 nas Regras de Taylor a 5% de 
significância, mas não na Regra de PIB nominal 
 
Testes de Chow 
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20 
Outro exercício para a PM brasileira... 
• Bolle e Simões (2012 b) – testar a validade de: 
• Δi = α(π-π*) + β(g-g*), onde g é o crescimento real e g* 
é o crescimento real desejado. 
 
• Notar que: alfa é o peso que o BC atribui aos desvios da 
inflação emrelação à meta e beta é o peso que ele 
atribui aos desvios entre o crescimento observado e o 
“almejado” – supusemos que o desejo do governo fosse 
de alcançar um crescimento de 4,5%. 
 
• Se α = β, esta é uma meta de PIB nominal. 
Testes e Resultados 
 
 
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22 
Dependent Variable: DIFSELIC
Method: Least Squares
Date: 10/11/12 Time: 16:51
Sample (adjusted): 2005M01 2012M06
Included observations: 90 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob. 
C -0.001954 0.000336 -5.82387 0.0000
IPCAMETA 0.137974 0.023429 5.889034 0.0000
GMETA 0.059979 0.008219 7.297431 0.0000
R-squared 0.447574 Mean dependent var -0.001012
Adjusted R-squared 0.434875 S.D. dependent var 0.003571
S.E. of regression 0.002684 Akaike info criterion -8.969924
Sum squared resid 0.000627 Schwarz criterion -8.886597
Log likelihood 406.6466 Hannan-Quinn criter. -8.936322
F-statistic 35.24364 Durbin-Watson stat 0.802977
Prob(F-statistic) 0
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-.012
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.004
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2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Residual Actual Fitted
Teste de Igualdade de 
coeficientes 
• Para testar se os coeficientes do desvio da inflação e do 
crescimento são estatisticamente iguais, fizemos o 
seguinte exercício: definimos um novo coeficiente θ, θ= 
β1- β2. Deste modo, β1 = θ + β2. 
• Podemos, portanto, escrever a equação inicial como: 
• DifSelic = c + θ(IPCA-Metaπ) + β2(IPCA-Metaπ+g-
Metag) 
• Ao estimar esta regressão, obtemos uma estimativa de θ 
e suas estatísticas de teste. Se θ for significativamente 
diferente de 0, então há evidência de que β1 e β2 são 
significativamente diferentes. Note que se β1 e β2 forem 
iguais, por definição θ = 0. 
Teste de Igualdade dos Coeficientes 
 
 
• A regressão de teste é a seguinte: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• H0 rejeitada (Coef. Diferente de zero) 
Dependent Variable: DIFSELIC
Method: Least Squares
Date: 10/11/12 Time: 16:49
Sample (adjusted): 2005M01 2012M06
Included observations: 90 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob. 
C -0.001954 0.000336 -5.82387 0.0000
IPCAMETA 0.077995 0.022746 3.428897 0.0009
IPCAMETA_GEMETA 0.059979 0.008219 7.297431 0.0000
R-squared 0.447574 Mean dependent var -0.001012
Adjusted R-squared 0.434875 S.D. dependent var 0.003571
S.E. of regression 0.002684 Akaike info criterion -8.969924
Sum squared resid 0.000627 Schwarz criterion -8.886597
Log likelihood 406.6466 Hannan-Quinn criter. -8.936322
F-statistic 35.24364 Durbin-Watson stat 0.802977
Prob(F-statistic) 0
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2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Residual Actual Fitted
Regra de Taylor Adaptada 
 
 
• Se fizermos a regressão apenas a partir de 2008, temos os seguintes resultados: 
Dependent Variable: DIFSELIC
Method: Least Squares
Date: 10/11/12 Time: 17:30
Sample (adjusted): 2008M01 2012M06
Included observations: 54 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob. 
C -0.000874 0.000603 -1.44875 0.1535
IPCAMETA 0.085918 0.045371 1.893671 0.0639
GMETA 0.062179 0.009229 6.737651 0.0000
R-squared 0.475342 Mean dependent var -0.000517
Adjusted R-squared 0.454768 S.D. dependent var 0.003798
S.E. of regression 0.002805 Akaike info criterion -8.861017
Sum squared resid 0.000401 Schwarz criterion -8.750518
Log likelihood 242.2475 Hannan-Quinn criter. -8.818402
F-statistic 23.10313 Durbin-Watson stat 0.979699
Prob(F-statistic) 0
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2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Residual Actual Fitted
Teste de Igualdade dos Coeficientes 
• A regressão de teste para a segunda equação é a seguinte: 
Dependent Variable: DIFSELIC
Method: Least Squares
Date: 10/11/12 Time: 17:30
Sample (adjusted): 2008M01 2012M06
Included observations: 54 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob. 
C -0.000874 0.000603 -1.44875 0.1535
IPCAMETA 0.023739 0.044933 0.528321 0.5996
IPCAMETA_GEMETA 0.062179 0.009229 6.737651 0.0000
R-squared 0.475342 Mean dependent var -0.000517
Adjusted R-squared 0.454768 S.D. dependent var 0.003798
S.E. of regression 0.002805 Akaike info criterion -8.861017
Sum squared resid 0.000401 Schwarz criterion -8.750518
Log likelihood 242.2475 Hannan-Quinn criter. -8.818402
F-statistic 23.10313 Durbin-Watson stat 0.979699
Prob(F-statistic) 0
-.008
-.004
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-.012
-.008
-.004
.000
.004
.008
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Residual Actual Fitted
Teste de Igualdade dos Coeficientes 
 
 
• Nosso θ dessa vez não é significativamente diferente de 0. 
Assim, encontramos evidência de que, para o período de 
2008 a 2012, β1 e β2 são significativamente iguais, dando 
consistência à ideia de que o BC se guia por um regra de PIB 
Nominal! 
 
 
Projeção...!!! 
5.0%
7.0%
9.0%
11.0%
13.0%
15.0%
17.0%
19.0%
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3
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3
Taxa Selic - Projeção 
Entre 7,25% e 7,5% 
O Contexto Atual 
• Crescimento de 1,6% (BC, Relatório de Inflação) em 2012. E agora, 
viramos abóbora? 
 
• A Presidente Dilma Rousseff iniciou o seu mandato enfrentando um 
quadro internacional bem mais hostil, mais até do que os últimos 
anos de Lula. 
 
• Lula enfrentou uma crise financeira externa aguda, com direito à 
adoção sincronizada de medidas de estímulo monetário e fiscal dos 
países avançados e emergentes (China) sem precedentes. 
 
• Dilma se defronta com uma crise crônica de dívidas – bancárias e 
soberanas – de difícil digestão. Os estímulos sincronizados de 
outrora já não são possíveis. A China está mudando. O Brasil tem de 
crescer com suas próprias pernas. 
 
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29 
Crescer Quanto? E Como? 
• Sem investimento, sem melhorias na infraestrutura e na 
logística (para não falar das reformas estruturais), será difícil 
escapar da “armadilha dos 3%”. 
 
• O investimento, no momento, está dificultado pelas incertezas 
externas. Portanto, é muito difícil reacelerar a economia no 
curto/médio prazo. 
 
• Dito isso, os estímulos mais recentes devem surtir algum 
efeito ao longo de 2013. 
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30 
As Políticas do Governo 
Brasileiro 
• Do Tripé para o Quadrado: Estabilidade, Crescimento, Inclusão Social, e 
Competividade (com controle do câmbio…). 
 
• Competitividade: Dilma abraçou a agenda de redução do Custo Brasil. Sem poder 
fazer reformas “abrangentes” (mas qual governo consegue isso?), come pelas 
beiradas. 
• Desonerações da folha de pagamentos; 
• Redução das tarifas de energia elétrica; 
• Pacote de concessões de infraestrutura; 
• Homogeneização dos impostos (ICMS e PIS/Cofins) 
 
• Intenções são, evidentemente,boas. Contudo: 
• Dúvidas sobre a capacidade de execução; 
• Incerteza regulatória – setor de energia. 
• Risco de descontrole fiscal mais à frente (?), de esqueletos nos bancos públicos 
 
• Protecionismo. 
 
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32 
O Câmbio...(RS$/USD) 
Câmbio, antes da última 
semana... 
Avaliação Geral 
• Equipe econômica harmônica e Dilma abraça a agenda da 
competitividade. Isso significa que: 
 
• Para criar o espaço fiscal de que necessitam para diminuir 
a carga tributária, é preciso que mantenham os juros na 
vizinhança de 7,5%. 
• Medidas que ajudarão a inflação no ano que vem têm 
objetivo duplo – reduzir os custos da indústria e dar uma 
mãozinha ao BC. 
• Mundo medíocre também é um bônus. 
• Em breve, se tudo correr “bem”, não teremos mais meta de 
superávit primário... 
 
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35 
Receitas e Despesas do 
Tesouro 
O Espaço Fiscal 
• Neste contexto em que os juros podem ficar baixos por um período 
prolongado, não seria a hora de mexer no superávit primário (para 
acomodar a queda da carga tributária?) Há espaço fiscal? 
 
• Parece que sim... 
• Ostry et. al (2010) 
• Exercícios de sustentabilidade de dívida/trajetória do déficit nominal 
 
• ...ou seja, enquanto o mundo padece do conflito distributivo 
perverso (tirar algo de alguém para dar ao governo), nós temos o 
privilégio do lado bom...(tirar do governo para dar para alguém). 
Quem? 
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37 
Espaço Fiscal – Ostry et al 
(2010) 
• SP, (r-g)d 
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38 
d* d d´ Dívida/PIB 
Ângulo: r(0)-g 
r(p)-g 
rl(0)-g 
dl 
Espaço Fiscal Potencial 
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Dívida Bruta 
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Dívida Líquida 
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Contudo, nem tudo são 
flores... 
• Mercado de trabalho: queda do desemprego e aumento da 
formalização são positivos, mas sinalizam uma mudança estrutural 
forte e definitiva? Isto é, a Nairu brasileira caiu? 
 
• Se a Nairu não tiver mudado muito de patamar – suponhamos que 
esteja ainda em torno de 7,5% (estimativa do BC de março de 2008 – 
Relatório de Inflação), discrepância entre salários e produtividade é 
preocupante... 
 
• Aliás a discrepância é preocupante mesmo que as mudanças 
estruturais estejam ocorrendo: salários > produtividade implicam 
espiral salários-preços. 
 
• Talvez o vórtice esteja contido por causa das más condições da 
economia mundial – ventos desinflacionários. Isso pode mudar e 
forçar o BC a aumentar os juros, o que reduziria o espaço fiscal... 
Salários e Produtividade 
Dilemas brasileiros: a Nairu 
• Estimando a Nairu brasileira usando a metodologia de Ball e 
Mankiw (2002). 
• Equação 1 
 
 
• Onde π é a inflação observada em doze meses; πe é a inflação 
esperada nos próximos doze meses; u é a taxa de desemprego 
observada; u* é a taxa de desemprego natural; e v capta choques 
de oferta que não são necessariamente ortogonais a u*. 
 
• Exercício 1: 2 pressupostos simplificadores: (i) u* é uma constante 
e, portanto, não está sujeita a variações ao longo do tempo; e (ii) 
não há correlação entre u* e v. Desta forma, podemos utilizar o 
método de Mínimos Quadrados Ordinários para estimar a equação 
1. Nairu de 6,6% (Bolle e Simões (2012 c). 
Dilemas brasileiros: a Nairu 
• Equação 2 
 
• Ao longo da última década, a economia brasileira passou por 
importantes mudanças que afetaram a relação entre inflação e 
desemprego, o que pode causar variações em u*. O Segundo 
Exercício abandona a hipótese de que u* seja constante. Deste 
modo, se conhecêssemos o parâmetro a, poderíamos derivar u* a 
partir da equação acima. 
 
• Estimamos a e o substituímos na Equação 2. Em seguida, usamos 
o filtro HP nos dados observados (já que u* é uma variável 
estrutural, portanto está associada à tendência dos dados 
observados). A seguir, a trajetória estimada de u* (ressalva: u* é 
não-observável, de modo que a estimação está sujeita a uma 
margem de erro não-desprezível). 
Nairu e Desemprego 
Observado 
5,9% 
Dilemas brasileiros: A Taxa de 
Juros Neutra 
• Assim como ocorre com a NAIRU, não há uma forma óbvia e 
estabelecida de estimar a taxa de juros neutra – outra variável estrutural. 
 
• Além disso, como mencionamos, a taxa neutra pode ter diversas 
definições, o que torna a tentativa de mensuração ainda mais 
controversa. 
 
• Usamos a seguinte definição: "Em qualquer momento, dados os 
determinantes da demanda agregada ‒ incluindo a política fiscal, a taxa 
de juros e as propensões dos consumidores a consumir e dos 
investidores a investir ‒ a economia tem uma curva IS estacionária. Com 
isso quero dizer que é a curva IS que irá prevalecer quando as variações 
cíclicas tiverem superadas, quando todos os choques aleatórios forem 
iguais a zero" (BLINDER (1998)). 
 
• A taxa de juros neutra é aquela que garante a estacionariedade da IS. 
Qual é a taxa neutra no 
Brasil? 
 
Em torno de 5% 
Problemas e Riscos 
• A expressiva queda da taxa neutra reflete tanto a obtenção do 
grau de investimento pelo Brasil no início de 2008 – que 
reduziu “permanentemente” os custos de financiamento do 
País – quanto a queda generalizada de juros derivada da crise 
financeira internacional. 
 
• Todavia, mesmo tendo caído, a taxa neutra permanece acima 
da taxa real praticada, o que deveria sinalizar pressões 
inflacionárias à frente. 
 
• E a Nairu, o que explica a queda? Seriam apenas fatores 
cíclicos, ou existiriam razões estruturais (como a queda da 
informalidade, por exemplo). 
Grau de Informalidade entre a 
População Ocupada (em %) 
Problemas e Riscos 
• Quais os riscos de uma estratégia de política monetária 
guiada por parâmetros estruturais mensurados de forma 
tão imperfeita? 
 
• Afinal, a possível constatação de que hoje a taxa de 
juros neutra possa estar mais baixa do que já foi no 
passado, nada diz sobre onde ela estará daqui a alguns 
meses. Sobretudo se boa parte do motivo para a 
redução da taxa neutra “observada” for o quadro 
internacional incerto, agravado pela crise europeia e 
pela desaceleração da China, que impediu uma nova 
alta nas cotações das commodities, apesar da liquidez 
abundante. 
Erros de Política Monetária 
• O artigo de ORPHANIDES e WILLIAMS (2007) oferece um bom arcabouço para se 
pensar sobre a política monetária na prática. No mundo real, os agentes não formam 
expectativas racionalmente, como geralmente são tratados os processos de 
formação de expectativas nos livros-texto de Economia e nos modelos “canônicos” 
de política monetária. Ao contrário, há um contínuo processo de aprendizado, já que 
a economia é um sistema dinâmico, não linear e complexo. 
 
• Do mesmo modo, os formuladores da política econômica desconhecem os 
parâmetros estruturais da economia, e estão continuamente adaptando suas 
formulações a partir dos dados e das informações que recebem. Partindo dessas 
premissas, Orphanides e Williams propõem uma Regra de Taylor modificada, que 
leva em conta como os agentes se adaptam às novas informações, e como este 
processo influencia o comportamento dos gestores de política econômica: 
 
 
• Em que: i é a taxa de juros nominal, π* é a meta de inflação, u é a taxa de 
desemprego, é a taxa de juros neutra estimada, e é a taxa de desemprego natural 
estimadaEstimando os erros (Bolle e Simões 
(2012)) 
• Se a política monetária seguir, grosso modo, uma regra como 
essa, os erros que cometerá no período t devido às 
percepções equivocadas acerca das variáveis estruturais – a 
taxa de juros neutra e a taxa natural de desemprego – são 
derivados da seguinte expressão: 
 
 
• Tabela 1: Parâmentro da Regra de Taylor Modificada para Brasil 
 
Estimando os erros (Bolle e Simões 
(2012) 
• Como mostra a Tabela 1, embora ainda exista um grau considerável do 
que Orphanides e Williams chamam de inércia na fixação dos juros, isto é, 
α em torno de 1, nota-se uma queda expressiva no período mais recente, 
sugerindo que a autoridade monetária passou a dar maior peso à 
convergência entre os juros observados e os juros neutros. Ao mesmo 
tempo, aumentou a preocupação com o desvio entre a taxa de desemprego 
observada e a natural, refletindo o foco maior na expansão da atividade. 
 
• O exercício pressupõe que a taxa de juros neutra estimada pelo BC seja de 
4,5% e que a taxa natural de desemprego seja de 6%. 
 
• Se a “verdadeira” Nairu for 7% e a “verdadeira” taxa neutra for 6% (tese de 
que pouco mudou), então o erro de política monetária que o BC poderia 
cometer chegaria a cerca de 100 pontos-base nos juros reais – muita coisa! 
 
Concluindo: 
• O BC brasileiro acha que consegue sustentar juros mais baixos pois: o cenário 
externo à frente é desinflacionário, os parâmetros estruturais da economia brasileira 
estão mais favoráveis e os canais de transmissão estão mais potentes (apesar do 
crescente papel dos bancos públicos nos mercados de crédito...). 
 
• A queda “permanente” nos juros abre o espaço fiscal para desonerar os setores 
produtivos da economia – naturalmente, o superávit primário cai. 
 
• Se alguma das premissas do BC for falsa, pressões inflacionárias irão requerer uma 
alta dos juros. A alta dos juros provocará uma piora mais acentuada das contas 
públicas, a menos que o governo eleve a carga tributária (politicamente difícil, uma 
vez que tenha sido reduzida). 
 
• Qual das premissas do BC pode ser falsa? Em princípio, todas. Porém, há dúvidas 
ponderáveis em relação às variáveis estruturais, sobretudo em relação à Nairu, dada 
a baixa produtividade proveniente da má qualificação da mão de obra no Brasil. 
Referências da aula: 
• http://www.bcb.gov.br/pec/appron/apres/CAE_v08_publicacao
.pdf 
• http://www.bcb.gov.br/pec/wps/ingl/wps292.pdf 
• http://www.bcb.gov.br/pec/wps/ingl/wps289.pdf 
• http://www.imf.org/external/pubs/ft/spn/2010/spn1011.pdf 
• http://econ.jhu.edu/wp-
content/uploads/pdf/papers/WP475_ball.pdf>. 
• http://www.bcb.gov.br/pec/appron/apres/Alexandre_Tombini_
Discurso_CAE_22-03-2011.pdf 
• 3 artigos de Bolle e Simões (2012) – serão enviados a todos.

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