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2015_1_MÓDULO II Direito Civil

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MÓDULO II
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL II – PLA 2015_1
Profa. Ms. Claudete de Souza
 Planos do negócio jurídico: Escada
Ponteana
 Plano da existência
 Plano da validade
 Plano da eficácia
 Elementos do negócio jurídico
 Elementos essenciais
 Elementos acidentais
 Termo, condição e encargo
 Requisitos da existência
 Formas da manifestação de vontade
 Requisitos de validade
 Prazo
 Contagem de prazos
 Da representação
 Conceito
 Regras
 Efeitos
 Formação do negócio jurídico
 Prazos para anulação do negócio
jurídico viciado
 Defeitos do negócio jurídico
 Vícios de consentimento
 Erro
 Dolo
 Coação
 Estado de perigo
 Lesão
 Vícios sociais
 Fraude contra credores
 Ação Pauliana
 Simulação
 Da invalidade dos negócios
jurídicos
 Nulidade e anulibilidade
2º semestre
ESCADA PONTEANA 
(Pontes de Miranda) 
Planos do negócio jurídico
 Existência /vigência
 plano dos elementos mínimos ou elementos essenciais para alguns
doutrinadores (tudo o que integra a essência do negócio jurídico):
 Agentes (ou Partes)
 Vontade
 Objeto
 Validade (art. 104, CC)
 plano dos requisitos do negócio jurídico, condições necessárias para
o alcance de certo fim:
 Agentes capazes
 Vontade livre, sem vícios
 Objeto lícito, possível, determinado ou determinável
 Forma prescrita e não defesa em lei
 Eficácia
 plano onde os fatos jurídicos produzem seus efeitos.
 Condição
 Termo
 Encargo
Existência
 O plano da existência é o plano dos elementos estruturais do
negócio jurídico:
 Elemento é tudo o que integra a essência de alguma coisa.
 Um negócio jurídico tem existência quando sofre a incidência da
norma jurídica, presentes todos os seus elementos estruturais.
 A) Manifestação da vontade
 B) Finalidade negocial (adquirir, conservar, modificar ou extinguir direitos) 
 C) Idoneidade do objeto
 Caso falte um desses elementos o negócio é inexistente, ou
seja, um nada jurídico.
 O casamento celebrado por autoridade incompetente rationae
materiae (delegado de polícia, p.ex.), é considerado inexistente.
Validade
 O plano da validade do negócio jurídico é o dos requisitos, já
que estes são condição necessária para o alcance de
determinado fim.
 O ato existente passa por uma triagem quanto à sua
regularidade para que possa ingressar no plano da validade.
 Art. 104, CC. A validade do negócio jurídico requer:
I – agente capaz;
II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III – forma prescrita ou não defesa em lei.
Eficácia
 O plano da eficácia é onde os fatos jurídicos
produzem os seus efeitos.
 O negócio jurídico pode existir, ser válido, mas não ter
eficácia, por não ter ocorrido ainda (ex.), o implemento
de uma condição imposta.
 Este carro será seu, quando passar no vestibular.
 Também é possível que o negócio seja existente e
inválido, porém eficaz.
 Casamento anulável celebrado de boa-fé. Embora inválido,
gera todos os efeitos de um casamento válido para o cônjuge de
boa-fé (art. 1561, CC).
ELEMENTOS DO NEGÓCIO JURÍDICO 
 I - ELEMENTOS ESSENCIAIS:
 formam a substância do negócio 
 sem eles o ato negocial não existe
 1.1. Requisitos de existência:
 A) Manifestação da vontade
 B) Finalidade negocial
 C) Idoneidade do objeto
 1.2. Requisitos de validade (art. 104, CC):
 A) Capacidade do agente
 B) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável
 C) Forma prescrita ou não defesa em lei
 II - ELEMENTOS ACIDENTAIS:
 estipulações facultativas adicionadas ao ato negocial, modificando algumas de suas 
consequências naturais
 A) Condição
 B) Termo
 C) Encargo
1.1. - Requisitos da existência
 São os elementos estruturais do negócio jurídico:
 A) Declaração de vontade
 B) Finalidade negocial
 C) Idoneidade do objeto
A) DECLARAÇÃO DE VONTADE
 Somente vontade que se exterioriza é considerada suficiente para
sustentar o negócio jurídico:
 Se a vontade permanece interna (reserva mental), não serve para
esse fim, já que é de difícil ou impossível apuração.
 Declaração de vontade é o instrumento de sua manifestação.
 A declaração é requisito de existência do negócio jurídico, já que a manifestação
é elemento de caráter subjetivo, que se revela por meio da declaração.
…cont. Declaração de vontade…
 Autonomia da vontade
 Em regra, as pessoas têm liberdade em celebrar negócios
jurídicos, desde que sejam em conformidade com a lei.
 Mas, o princípio da autonomia da vontade sofre limitações pelos
princípios:
 da supremacia da ordem pública e
 do interesse social.
 O Estado interfere nas manifestações de vontade para evitar
opressão dos economicamente mais fortes sobre os mais fracos.
 Lei do inquilinato
 Código de Defesa do consumidor…
 A CF deu destaque à função social à propriedade, ao contrato, ao
casamento…
…cont. Declaração de vontade…
 A vontade livremente manifestada obriga o
contratante =
 Princípio da obrigatoriedade dos contratos =
(pacta sunt servanda) é a REGRA.
O contrato faz lei entre as partes;
O Judiciário não pode modificar leis contratuais
privadas. (segurança dos negócios jurídicos).
…cont. Declaração de vontade…
 Rebus sic stantibus, ou Teoria da imprevisão, coloca-se
em oposição ao pacta sunt servanda, relativizando-o:
 Princípio da revisão dos contratos ou princípio da
onerosidade excessiva (art. 478, CC), baseado na cláusula
rebus sic stantibus e na teoria da imprevisão.
 O Judiciário é autorizado pela lei a fazer revisão dos
contratos, sempre que ocorrer fatos:
 a) extraordinários, e
 b) imprevisíveis.
…cont. Declaração de vontade
 Formas de manifestação da vontade:
 A) Expressa
 Se realiza por meio da palavra, falada ou escrita, gestos, sinais, 
mímicas, de modo explícito = possibilita o conhecimento imediato da
intenção do agente.
 Cartas, mensagens, pregões da Bolsa de Valores…
 B) Tácita
 Declaração de vontade que se revela pelo comportamento do 
agente, do qual se deduz sua intenção.
 Aceitação de herança (art. 1805, CC), aquisição de propriedade móvel pela
ocupação (art. 1263, CC)…
 Nos contratos, a manifestação de vontade só poderá ser tácita
quando a lei não exigir que seja expressa.
 C) Presumida
 Declaração não expressamente realizada, mas que a lei deduz de 
certos comportamentos do agente, pelo destinatário.
 Presunções de pagamento (arts. 322, 323 e 324, CC)
…cont. Declaração de vontade
 Espécies de declarações de vontade
 A) Receptícias
 Dirige-se a determinada pessoa com finalidade de fazê-la conhecer a
intenção do declarante, sob pena de ineficácia,
 Revogação de mandato (arts. 682, I e 686, CC)
 B) Não receptícias
 Se efetiva com a manifestação do agente não se dirigindo a destinatário
especial.
 Produz efeitos independentemente da recepção e de qualquer
declaração de outra pessoa.
 Aceitação de letra de câmbio, revogação de testamento…
 C) Diretas
 Feitas sem intermediação de qualquer pessoa.
 D) Indiretas
 O declarante se utiliza de outras pessoas (representante), ou meios
(cartas, telegramas), para que a declaração chegue ao destinatário.
…cont. Declaração de vontade
 O silêncio como manifestação de vontade
 Em regra, o silêncio em Direito Civil, constitui total ausência
de manifestação de vontade, não podendo produzir efeitos.
 Exceção :
 em determinadas circunstâncias pode ter significado relevante e
produzir efeitos jurídicos.
 Art. 111, CC. “O silêncio importa anuência, quando as
circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for
necessária a declaração de vontade expressa”.
…cont. Declaração de vontade
 O silêncio pode ser interpretado como manifestaçãotácita da vontade
em certas circunstâncias:
 A) Quando a lei conferir a ele tal efeito:
 Na doação pura, se o doador fixar prazo para declaração de aceitação ou não da
liberalidade e, ciente desse prazo o donatário não se manifestar tempestivamente,
entende-se que houve aceitação (art. 539, CC).
 B) Quando tal efeito ficar convencionado em um pré-contrato ou ainda
resultar dos usos e costumes.
 Art. 432, CC. “Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação
expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato,
não chegando a tempo a recusa”.
 Caberá ao juiz examinar, no caso concreto, verificando se o silêncio traduz
ou não vontade da parte que deveria se manifestar.
 Em Direito Processual Civil o silêncio tem relevância para configuração da
revelia : firma a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor
(art. 319, CPC).
…cont. declaração
de vontade
 Art. 110, CC. “A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu
autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou,
salvo se dela o destinatário tinha conhecimento”.
 Segundo a determinação do art.110 o negócio será inexistente se o
destinatário tiver conhecimento da reserva mental, uma vez que pode
se considerar como ausência de vontade. (Moreira Alves)
 “Reserva mental é a emissão de uma declaração não querida em
seu conteúdo, tampouco em seu resultado, tendo por único objetivo
enganar o declaratário”. (Nelson Nery Junior)
 Ocorre a reserva mental quando um dos declarantes oculta a sua
verdadeira intenção (não quer um efeito jurídico que declara
querer).
 Quer enganar o outro contratante.
B) Finalidade negocial
 Finalidade negocial ou jurídica é o propósito de adquirir,
conservar, modificar ou extinguir direitos.
 A existência do negócio jurídico depende da manifestação de
vontade com finalidade negocial, isto é, com a intenção de
produzir os efeitos devidos.
 Negócio jurídico é exercício da autonomia privada = poder de
escolha da categoria jurídica.
 Cada espécie de vontade negocial tem uma variação quanto à
irradiação e intensidade com que é proposta.
 Os contratantes de uma compra e venda podem estabelecer termos e
condições, renunciar a certos efeitos, limitar efeitos…
C) Idoneidade do objeto
 Cada negócio jurídico tem em vista um
determinado objeto, que deve ser idôneo, ou
seja, deve ser o objeto próprio ou adequado
para aquela relação jurídica.
 Num contrato de locação ou comodato, só se pode
manifestar a vontade sobre objeto que seja bem
infungível.
 Para constituir-se uma hipoteca é necessário que o
bem dado em garantia seja imóvel, navio ou avião.
1.2.- Requisitos de validade
 Para que o negócio jurídico produza efeitos deve
preencher certos requisitos de validade, sem os quais
será tido como nulo ou anulável.
 Requisitos de validade de caráter geral
 Elencados no art. 104, CC.
 Requisitos de caráter específico
 São pertinentes a determinado negócio jurídico apenas.
 Compra e venda tem como elementos essenciais a coisa
(res), o preço (pretium) e o consentimento (consensus).
REQUISITOS DE VALIDADE
DE CARÁTER GERAL 
 A) CAPACIDADE DO AGENTE
 A capacidade civil do agente (condição subjetiva) é a aptidão para
intervir em negócios jurídicos como declarante ou declaratário.
 Atos da vida civil poderão ser exercidos, por si só, por todo aquele que
detenha capacidade de fato ou de exercício.
 Agente capaz, portanto, é o que tem capacidade de exercício de
direitos = aptidão para exercer direitos e contrair obrigações na
ordem civil.
 Maioridade = 18 anos, ou
 Emancipação
 Existência do negócio jurídico exige declaração de vontade de capaz.
 Capacidade é requisito à validade e eficácia do negócio jurídico.
AGENTE CAPAZ (art. 104, I, CC)
 É aquele que possui condições de exercer direitos e contrair
obrigações na ordem civil.
 É detentor da capacidade genérica, ou seja, tem aptidão para
manifestar vontade; a pessoa é dotada da capacidade de exprimir
sua vontade, possuindo aptidão negocial.
 A capacidade deve ser aferida no momento do ato.
 A capacidade civil é adquirida quando o agente completa 18 anos
(maioridade) ou através da emancipação = (art. 5º, CC).
 A incapacidade que sobrevém ao ato não o inquina, não o vicia.
 Incapacidade = restrição legal ao exercício da vida civil.
ABSOLUTAMENTE INCAPAZES 
Art. 3º, CC
RELATIVAMENTE INCAPAZES 
Art. 4º, CC
-Menores de 16 anos – menores
impúberes
- Enfermos e deficientes mentais
sem discernimento para prática dos 
atos da vida civil
-Pessoas que, por causa transitória
ou definitiva, não puderem exprimir
sua vontade
-Menores com idade entre 16 e 18 
anos – menores púberes
-Ébrios habituais, toxicômanos e 
pessoas com discernimento mental 
reduzido
-Excepcionais sem
desenvolvimento completo
-Pródigos
Fixando os conceitos sobre incapacidade…
B) Objeto lícito, possível, determinado
ou determinável (art. 104, II, CC)
 O objeto da obrigação deve ser lícito e possível, ou seja, 
 aquele que não atenta contra as determinações legais, à moral e aos 
bons costumes. 
 Caso o objeto contemplado em contrato mostrar-se impossível, o negócio 
será considerado nulo. 
 Ex.: Aquisição de um terreno na lua.
 Impossibilidade material
 É a impossibilidade física, emanando de contrariedades às leis naturais. 
 - Absoluta = colocar toda a água do oceano em um copo.
 - Relativa = atinge ao devedor, mas não atinge outras pessoas, não se 
caracterizando obstáculo para cumprimento da obrigação (art. 106, CC)
 Impossibilidade jurídica = ilicitude
 O ordenamento jurídico proíbe, expressamente, aquele objeto de 
contrato = art. 166, II, CC (ato nulo)
 Ex.: herança de pessoa viva (art. 426, CC); 
 Contratação de um assassino para matar um inimigo.
C) Forma prescrita ou não defesa em lei
(art. 104, III, CC)
 “NÃO DEFESA” = NÃO PROIBIDA
 Forma prescrita = maneira como será exteriorizado o acordo de
vontades.
 Art. 107, CC = a regra é a não exigência de forma:
 Regra = forma livre
 O contrato pode ser escrito, público, particular, verbal, a não ser em
casos específicos previstos em lei, garantindo maior segurança e
seriedade a certos negócios, com a forma escrita.
 Exceção = formalismo
II - Elementos acidentais
do negócio jurídico
 1) CONDIÇÃO
 2) TERMO
 3) ENCARGO OU MODO 
1) Condição; 2) Termo; 3) Encargo
 O Código Civil arrola essas 3 modalidades de elementos acidentais,
embora não seja rol taxativo.
 São requisitos dispensáveis, sem os quais o negócio se firma e resolve
sem qualquer problema, ou seja, são prescindíveis, podendo ou não as
partes agregá-los ao negócio.
 Embora facultativos, uma vez apostos liberalmente pela vontade das
partes, agregam-se ao negócio, dele ficando indissociáveis.
 Caso inserido no negócio, torna-se a ele essencial.
 Fazem parte do plano de eficácia do negócio jurídico, opondo obstáculo à
aquisição do direito, subordinando o efeito do negócio a sua ocorrência ou
sujeitando-se a evento futuro e incerto/certo.
 São estipulações facultativas adicionadas ao ato negocial, modificando
algumas das consequências naturais.
 Condição (Art. 121, CC)
 Cláusula que subordina o efeito do negócio jurídico,
oneroso ou gratuito, a evento futuro e incerto.
 É aposto um obstáculo à aquisição do direito
 Subordinando o efeito do negócio a sua ocorrência.
 Sujeitando-o a evento futuro e incerto.
 Filho, te darei um carro, quando se casar.
 Termo (arts. 131-135,CC)
 O termo tem por finalidade suspender a execução ou o efeito de uma
obrigação
 Até um momento determinado
 Ou o advento de um evento futuro e certo.
 O sujeito fixa tempo para início e fim dos efeitos do negóciojurídico,
especificando um termo dentro de lapso de tempo que se denomina prazo.
 Filho, te darei um carro, se passar no Exame de Ordem, em 2015.
 Modo, Ônus ou Encargo (art. 136/137, CC)
 Geralmente é restrição imposta ao beneficiário de liberalidade (doações).
 O agente institui uma imposição ao titular de um direito que não impede sua
aquisição.
 Trata-se de ônus que diminui a extensão da liberalidade.
 Doação a instituição, impondo-lhe encargo de prestar determinada assistência a necessitados.
 Deixo em testamento uma casa, impondo ao beneficiado obrigação de residir no imóvel.
Condição
(Arts. 121-130, CC)
 CONCEITO
 Art. 121, CC. “Considera-se condição a cláusula que,
derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o
efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto”.
 Os elementos essenciais:
 A) Que a cláusula seja voluntária
 Por ser declaração acessória da vontade incorporada a outra, que é a
principal; por se referir ao negócio a que a cláusula condicional se
adere, com o objetivo de modificar uma ou algumas de suas
consequências naturais.
 B) Futuridade do evento
 Visto que exigirá sempre um fato futuro, do qual o efeito do negócio
dependerá.
 C) Incerteza do acontecimento
 Pois a condição relaciona-se com um acontecimento incerto, que
poderá ou não ocorrer.
Condições lícitas e ilícitas
(Arts. 122/123 CC)
 Art. 122, CC. “São lícitas, em geral, todas as condições não
contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as
condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o
negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes”.
 Lícita será a condição quando o evento que a constitui não for contrário à
lei, à ordem e aos bons costumes.
 Ilícitas são consideradas, aquelas condições imorais e ilegais.
 Imorais = atentam contra a moral e bons costumes
 Pecam contra o direito de liberdade das pessoas (não se casar)
 Contra princípios religiosos (mudar de religião)
 Honestidade e retidão de caráter (fidelidade mútua no casamento)
 Ilegais = incitam o agente à prática de atos proibidos por lei ou a não
praticar atos que a lei manda.
 Condição que obrigue alguém à praticar a prostituição
 Ou que transgrida norma penal.
Condições Perplexas e Potestativas
 Art. 122, CC, segunda parte:
“…entre as condições defesas se incluem as que privarem de
todo efeito o negócio jurídico…”.
 Condições perplexas ou contraditórias
 Resultam na invalidade do próprio negócio, nulificam e fulminam a
eficácia do negócio jurídico.
 Pois não fazem sentido e deixam o intérprete perplexo, confuso,
sem compreender o propósito da estipulação.
 Nelas há uma impossibilidade lógica, invalidando o negócio por
serem incompreensíveis ou contraditórias (art. 123, III, CC).
 Instituo Alberto meu herdeiro universal, se Benedito for meu herdeiro
universal.
Condições potestativas
Art. 122, CC, última parte:
“…ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das
partes”.
 Condições potestativas
 A condição potestativa é aquela que depende apenas da vontade de
um dos contraentes.
 Se eu quiser, assino o contrato amanhã.
 A ela se contrapõpe a condição casual, que depende do
acaso, não estando no poder de decisão dos contraentes.
 Te darei R$ 100,00 se chover amanhã.
Condições que invalidam o negócio jurídico
(Art. 123, CC)
 Art. 123. “Invalidam os negócios jurídicos que lhes são
subordinados:
I – as condições física ou juridicamente impossíveis, quando
suspensivas;
II – as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita;
III – as condições incompreensíveis ou contraditórias”.
 Condições fisicamente impossíveis
 são as que não podem se efetivar por serem contrárias à natureza:
 Doação de um palacete a quem trouxer o mar até a Praça da Sé.
 Condições juridicamente impossíveis:
 são aquelas que invalidam os atos negociais a elas subordinados, por
serem contrárias à ordem legal:
 Condição de adotar pessoa da mesma idade (Art. 1619, CC). Deve haver uma
diferença de, no mínimo, 16 anos entre o adotante e o adotado.
Condição Suspensiva
(Art. 125, CC)
 Art. 125. “Subordinando-se a eficácia do negócio
jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se
não verifica, não se terá adquirido o direito, a que
ele visa”.
 Quando as partes protelam temporariamente a eficácia
do negócio jurídico até a realização do acontecimento
futuro e incerto.
 O nascimento do direito fica em suspenso;
 A obrigação não existe durante o período de pendência da
condição.
 “Eu te darei uma quantia se te graduares no curso superior”.
 “Farei o negócio se as ações da empresa X obtiverem a
cotação Y em Bolsa, em determinado dia”.
Condição Resolutiva 
(Art. 127)
 Art. 127. “Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não
realizar, vigorará o negócio jurídico, podendo exercer-se desde a
conclusão deste o direito por ele estabelecido”.
 “Filha, pagarei uma pensão à você, enquanto estudares.”
 É condição que tem por fim extinguir o negócio jurídico, depois
do acontecimento de um fato futuro e incerto.
Termo
(Arts. 131-135, CC)
 Termo é o dia ou momento em que se inicia ou se encerra a
produção dos efeitos jurídicos do negócio, podendo ter como
unidade de medida a hora, o dia, o mês ou o ano.
 A contrário da Condição, que se caracteriza pela incerteza, o Termo:
 Tem por finalidade suspender a execução ou o efeito de uma obrigação
 Até um momento determinado
 Ou o advento de um evento futuro e certo.
 Se te formares em Medicina até os 25 anos, dou-te um consultório.
 O termo pode derivar:
 da vontade das partes (termo propriamente dito ou termo
convencional),
 de disposição legal (termo de direito) ou
 de decisão judicial (termo judicial).
Espécies de Termo
 Termo convencional é a cláusula contratual que subordina a
eficácia do negócio a um acontecimento futuro e certo.
 Termo de direito é o que decorre da lei.
 Termo de graça é a dilação de prazo concedida ao devedor.
 Termo inicial (ou suspensivo ou dies a quo)
 Fixa o momento em que a eficácia do negócio deve ter início;
 O exercício do direito fica suspenso até o instante em que o 
acontecimento futuro e certo, previsto, ocorrer. 
 Contrato que é celebrado no dia 02/03, para ter vigência a partir de 20/03. 
 Termo final (ou extintivo ou dies ad quem)
 Termina a produção de efeitos do negócio jurídico.
 Locação que tem prazo de extinção em determinada data = termo final. 
 Termo essencial
 Quando o efeito pretendido deva ocorrer em momento bem preciso, sob pena de 
não mais ter valor se verificado intempestivamente. 
 Vestido da adolescente que é entregue só no dia seguinte à festa de 15 anos.
…cont. Termo
 Termo Certo (determinado)
 A certeza do evento pode estar ligado ao período temporal, ou
seja, uma data exata.
 Constitui o devedor de pleno direito em mora.
 “Pagamento da dívida em 02 de outubro”.
 Termo Incerto (indeterminado)
 Por outro lado, a certeza do evento poderá se encontrar
representado por um fato que certamente ocorrerá, contudo, o
momento exato não será possível precisar.
 “Pagamento quando da morte de uma determinada pessoa”
Encargo ou modo (art. 136, CC)
 Geralmente é restrição imposta ao beneficiário de liberalidade inter vivos
(doações), ou causa mortis (testamento ou legado).
 Cláusula acessória às liberalidades, impondo uma obrigação ao beneficiário.
 Restrição cabível em qualquer ato de índole gratuita:
 Testamentos
 Cessão não onerosa
 Promessa de recompensa
 Renúncia
 Obrigações decorrentes de declaração unilateral de vontade
 Trata-se de ônus que diminui a extensão da liberalidade.
 Doação à instituição, impondo-lhe encargo de prestar determinada assistência a
necessitados.
 Deixoem testamento uma casa, impondo ao beneficiado obrigação de residir no
imóvel.
 Doação de área à determinada Prefeitura, com encargo de meu nome ser colocado
em uma das vias públicas.
 Ninguém é obrigado aceitar liberalidade, mas se o faz sabendo ser gravada
com encargo, fica sujeito ao cumprimento.
 Encargo é coercitivo (diferentemente da condição)
Cont…Encargo
 Artigo 136. O encargo não suspende a aquisição nem o
exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no
negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva”.
 Importam uma obrigação de fazer:
 Doação de um prédio para que nele se instale um hospital
 Legado com o encargo de construir uma escola.
 Artigo 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou
impossível, salvo se constituir o motivo determinante da
liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico”.
 Encargo ilícito ou impossível somente viciará o negócio se for motivo
determinante da disposição, o que será examinado no caso concreto.
 Doação de imóvel feita para que o donatário nele mantenha casa de
prostituição.
CONDIÇÃO TERMO ENCARGO
Subordina o efeito do 
negócio jurídico a evento
futuro e incerto
Subordina a eficácia do 
negócio jurídico a evento
futuro e certo
Constitui cláusula
acessória às liberalidades. 
Impõe uma obrigação ao 
beneficiário
É imposta com o emprego
das partículas “se”, 
“enquanto”, “com a 
condição de não”…
Identifica-se pelas
expressões “quando”, “a 
partir de”, “até tal data”…
É imposto com as 
expressões “para que”, 
“com a obrigação de” …
•Suspensiva: 
impede que o ato produza
efeitos
•Resolutiva:
resolve o direito
transferido pelo negócio
•Inicial: 
suspende o exercício, 
mas não a aquisição do 
direito
•Final: 
resolve os efeitos do 
negócio jurídico
Não suspende a aquisição
nem o exercício do direito. 
Se não for cumprido, a 
liberalidade será
revogada. 
Dormientibus non succurit jus
=
“O direito não socorre
aquele que dorme”.
Prazo
(Art. 132, CC)
 Prazo é o lapso de tempo decorrido entre a declaração de vontade
e a superveniência do termo.
 O prazo é também o tempo que medeia entre o termo inicial e o termo
final.
 Não se confunde com o termo, que é o limite inicial ou final, aposto ao
prazo.
 O prazo é contado por unidade de tempo (hora, dia, mês e ano),
 Excluindo-se o dia do começo (dies a quo)
 Incluindo-se o do vencimento (dies ad quem)
 Salvo disposição legal ou convencional em contrário.
 Uma obrigação assumida em 15 de junho, com prazo de um mês,
vencerá dia 16 de julho.
…prazo
 Regra geral
 As partes fixam prazo dentro do qual deve ser cumprida a
obrigação.
 O credor não pode exigir o cumprimento antes do termo.
 Se o prazo cair em sábado, fica prorrogado de um dia útil (art.
3º, Lei 1408/51 = não há expediente bancário aos sábados).
 Prazo certo = se o ato é a termo certo.
 Prazo incerto = se o ato é a termo incerto.
Prazo e sua contagem
 Art. 132. “Salvo disposição legal ou convencional em contrário,
computam-se os prazos, excluídos o dia do começo, e incluído
o do vencimento.
§ 1º Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á
prorrogado o prazo até o seguinte dia útil.
§ 2º Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo
quinto dia.
§ 3º Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual
número do de início, ou no imediato, se faltar exata
correspondência.
§ 4º Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a
minuto”.
DA REPRESENTAÇÃO 
 Ficção jurídica que permite que alguém pratique ou realize ato
ou negócio jurídico em nome de outrem.
 Quem pratica o ato é o Representante.
 Representado será a pessoa em nome de quem o Representante
atua.
 “Representação é a relação jurídica pela qual certa pessoa se
obriga diretamente perante terceiro, por meio de ato praticado em
seu nome por um representante, cujos poderes são conferidos por
lei ou mandato”.
 A legitimação para agir em nome de outrem nasce da lei ou do
contrato.
 a) A representação legal é exercida sempre no interesse do Representado
 b) A representação convencional pode realizar-se no interesse do próprio
Representante (Procuração em causa própria).
Espécies de Representação
 Art. 115, CC. Os poderes de representação conferem-se por lei ou pelo
interessado”.
 a) Representação legal:
 deferida pela lei aos pais, tutores, curadores, síndicos, administradores, etc..
 o representante exerce atividade obrigatória, investido de poder autêntico;
 tem por função cuidar dos interesses de pessoas incapazes ou capazes.
 Sindicato celebra acordos coletivos; Síndico dos condomínios…
 b) Representação judicial:
 nomeação pelo juiz para exercer poderes de representação no processo :
 inventariante, síndico da falência…
 c) Representação convencional ou voluntária:
 Todo capaz pode dar procuração mediante instrumento público ou particular, que
terá validade desde que tenha a assinatura do outorgante (art. 654, CC).
 Mandato decorrente de negócio jurídico, pressupõe a substituição de uma pessoa por
outra na prática de um ato jurídico.
 O Representante tem obrigação de provar às pessoas com quem trata em nome do
Representado, sua qualidade e a extensão de seus poderes.
 Responde por atos que a estes exceder (art. 118, CC).
Substabelecimento
 Não pode haver substabelecimento na representação
legal.
 Um pai não pode delegar a outra pessoa suas
responsabilidades decorrentes do poder familiar.
 O inventariante não pode transferir suas responsabilidades
perante o juízo do inventário.
 Na representação convencional o representante pode
transferir parte ou todos os poderes que lhe foram outorgados
pelo representado.
 Advogado pode substabelecer a um colega de profissão, a
obrigação de realizar uma audiência.
Regras da Representação
 Art. 116, CC. “A manifestação de vontade pelo representante, nos
limites de seus poderes, produz efeitos em relação ao
representado”.
 O representante atua em nome do representado, produzindo efeitos
jurídicos com relação a este que:
 Adquirirá os direitos dele decorrentes, ou
 Assumirá as obrigações que dele advierem.
 Portanto, o representante deve agir na conformidade dos poderes
recebidos:
 a) agir de acordo com a extensão de seus poderes e
 b) de acordo com os interesses do representado.
 Caso os ultrapasse, haverá excesso de poder, podendo ser
responsabilizado (art. 118, CC).
 Enquanto o representado não ratificar os referidos atos, será
considerado mero gestor de negócios (art. 665, CC).
Efeitos da Representação
 Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o
negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta
de outrem, celebrar consigo mesmo.
Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo
representante o negócio realizado por aquele em quem os poderes
houverem sido subestabelecidos”.
 Anulabilidade do negócio jurídico celebrado consigo mesmo:
 Caso o representante vier a efetivar negócio jurídico consigo mesmo no
seu interesse ou por conta de outrem, será este anulável, exceto se
houver permissão legal ou autorização do representado.
 O poder de representação legal é insuscetível de
substabelecimento.
 Pais, tutores e curadores não podem substabelecer os poderes que têm em
virtude de lei.
…entendendo melhor…
 Uma mesma pessoa recebe procuração de 2 pessoas
diferentes para, em nome de uma, vender um imóvel;
e,
 Em nome de outra, comprar aquele mesmo imóvel.
 O representante comparecerá em Cartório e assinará
a escritura de compra e venda como vendedor (em
nome de quem lhe outorgou procuração para vender),
 E assinará também como comprador (em nome de quem
lhe outorgouprocuração para comprar).
Formação do negócio jurídico
 Quando da formação do negócio jurídico, duas são as forças
que agem no sentido de concretizá-lo:
 1) A linguagem que é usada para declarar a vontade (verbal, escrita,
gestos…)
 2) A intenção com que as partes agem ao realizar o negócio jurídico.
 Importante ressaltar que nosso direito pátrio prestigia com maior
vigor a intenção das partes do que exatamente a declaração da
vontade destas, ou seja, a linguagem com a qual está vestida a
intenção.
 Portanto, os defeitos do negócio jurídico derivam de imperfeições
decorrentes de falhas (anomalias = vícios/defeitos) na formação da
vontade ou em sua declaração.
…cont. formação do negócio jurídico
 Art. 171. “Além dos casos expressamente
declarados na lei, é anulável negócio jurídico:
I – por incapacidade relativa do agente;
II – por vício resultante de erro, dolo, coação, estado
de perigo, lesão ou fraude contra credores.
 Este Capítulo trata das hipóteses em que a vontade se
manifesta com algum vício que torne o negócio anulável
(nulidade relativa, ou anulabilidade):
 No caso da anulabilidade, o vício capaz de tornar o negócio
ineficaz poderá ser eliminado, restabelecendo-se sua
normalidade.
Prazo para anulação do 
negócio jurídico viciado
 Art. 178. “É de quatro anos o prazo de decadência para
pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:
I – no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II – no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo
ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico;
III – no de atos de incapazes, do dia em que cessar a
incapacidade”.
 O prazo para se anular o negócio jurídico defeituoso é o
decadencial de 4 (quatro) anos conforme expõe o art. 178,
CC.
DOS DEFEITOS
DO
NEGÓCIO JURÍDICO
Vícios do negócio jurídico
(art. 171, CC)
 Vícios de consentimento
 Afetam a vontade intrínseca do agente,
 tornando a manifestação de vontade viciada.
 Na sua inexistência o declarante teria agido de outro
modo, 
 Ou, talvez, nem tivesse realizado o negócio.
 Vícios sociais
 Têm por intenção ludibriar terceiros: 
 A vontade por parte do declarante é real e verdadeira,
 mas dirigida para prejuízo de outrem.
Vícios de Consentimento
 “Os vícios de consentimento provocam uma manifestação de vontade
que não corresponde com o verdadeiro querer do agente. Criam um
conflito entre a vontade manifestada e a real intenção de quem a
exteriorizou”.
 1.- Erro ou ignorância (art. 138, ss, CC)
 Trata-se de manifestação de vontade em desacordo com a realidade, quer porque :
 o declarante a desconhece (ignorância), ou
 tem percepção errônea dessa realidade (erro)
 2.- Dolo (art. 145, ss, CC)
 Quando esse desacordo com a realidade é provocado maliciosamente por outrem.
 3.- Coação (art. 151, ss, CC)
 Quando o agente é forçado a praticar um ato por ameaça contra si, ou contra
alguém que lhe é caro.
 4.- Estado de perigo (art. 156, CC)
 Configura-se quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa
de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação
excessivamente onerosa.
 5.- Lesão (art. 157, CC)
 Quando o agente paga preço desproporcional ao real valor da coisa, sob certas
circunstâncias.
Vícios sociais
 I - Fraude contra credores (Art. 158, ss,
CC)
 Na fraude contra credores a manifestação de vontade é
exteriorizada com a intenção de prejudicar terceiros.
 Por isso é considerada vício social.
 a intenção do declarante é afastar seu patrimônio de seus
credores, por meio de atos que possuam aparência de
legitimidade.
 II - Simulação (Art. 167)
 Deslocada para o capítulo da invalidade dos negócios
jurídicos, como causa de nulidade absoluta).
VÍCIOS DE 
CONSENTIMENTO
Arts. 138 a 165, CC
1.- ERRO OU IGNORÂNCIA – Art. 138, CC
 Embora o CC tenha equiparado os efeitos do erro à ignorância, existe
uma diferenciação entre os dois conceitos, embora em ambos o
agente não celebraria o negócio se estivesse devidamente
esclarecido a respeito:
 Erro = incorreta interpretação de um fato
 manifesta-se mediante compreensão psíquica errônea da realidade;
 representação desacertada, incorreta, contrária à verdade.
 A falsa idéia da realidade motiva a declaração de forma diversa daquela
que exteriorizaria caso conhecesse melhor os elementos do negócio
jurídico.
 Ignorância = total desconhecimento de um fato
 um “nada” a respeito do fato;
 falta de noção a respeito de um assunto.
 A ignorância é ausência de conhecimento, falta de noção a respeito de
um assunto.
 Não há, na ignorância, nem mesmo a representação imperfeita, porque
inexiste qualquer representação mental ou conhecimento psíquico a
respeito.
 “O erro, para viciar a vontade e tornar anulável o ato, deve ser
essencial ou substancial, isto é, de tal força, de tal relevo, de
tal consistência que, sem ele, o ato não se realizaria”.
(Washington de Barros)
 “O erro manifesta-se mediante compreensão psíquica errônea
da realidade, ou seja,
 a incorreta interpretação de um fato”.
 Ao adquirir um imóvel, devo obter todas as informações detalhadas
sobre ele: endereço completo, metragem real, comprovante de
pagamento de impostos, etc..
 Caso desconheça qualquer desses itens, corro o risco de declarar
minha vontade com erro.
 O dono do terreno, por seu lado, pode criar uma noção falsa sobre o
mesmo, para que eu o compre de forma enganosa.
Espécies de
 Erro substancial ou essencial (art. 139, CC)
 É o que recai sobre circunstâncias e aspectos relevantes do negócio.
 É causa determinante: se conhecida a realidade o negócio não seria
celebrado.
 Uma pessoa pensa estar vendendo uma casa e a outra a recebe a título de
doação.
 Erro acidental
 Se refere a circunstâncias de pouca importância, que não acarretam
prejuízo, pois referem-se a qualidades secundárias do objeto ou da
pessoa.
 Se conhecida a realidade, mesmo assim o negócio teria sido realizado.
 Adquiri uma chácara para lazer, pensando conter um pomar com 100 pés de
laranja, quando na verdade tem 80 pés.
…cont. Espécies de 
 Erro escusável
 É um erro justificável, desculpável, o contrário do erro grosseiro ou
inescusável.
 Art. 138, CC. “São anuláveis os negócios jurídicos, quando as
declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia
ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das
circunstâncias do negócio”.
 Adotado um padrão abstrato, o do homem médio (homo
medius), para a aferição da escusabilidade.
 Será considerado, em cada caso levado aos tribunais, as condições
pessoais (desenvolvimento mental, cultural, profissional…) de quem
alega o erro.
 O juiz poderá considerar escusável a alegação de erro quando a celebração da
compra e venda for julgada como doação, feita por uma pessoa rústica e
analfabeta.
 Por outro lado, pode considerar inescusável, injustificável, se a mesma situação
ocorrer com um advogado.
…cont. Espécies de
 Erro real
 É um erro efetivo, palpável, causador de prejuízo concreto para
o interessado.
 Conhecer o ano de fabricação do veículo adquirido é substancial e real,
pois se o adquirente soubesse da realidade (2009 ao invés de 2011),
não o teria comprado.
 Erro subtantivo ou impróprio
 É erro de relevância exacerbada, que apresenta profunda
divergência entre as partes, impedindo que o negócio venha a
se formar.
 Inviabiliza a existência do negócio.
 O agente quer alugar a casa e escreve no contrato vender.
Convalescimento do Erro
 Art. 144. “O erro não prejudica a validade do negócio jurídico
quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se
oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do
manifestante”.
 Princípio daconservação dos atos e negócios jurídicos, segundo
o qual não há nulidade sem prejuízo.
 Uma vez que tal hipótese se apresente, deixa de haver prejuízo
daquele que se enganou. O erro deixa de ser real (anulável).
 José pensa que comprou o lote 2 da quadra X, quando, na verdade,
adquiriu o lote 2 da quadra Y.
 Ocorreu um erro substancial, mas antes de ser o negócio anulado, o
vendedor entrega-lhe o lote 2 da quadra X, não havendo qualquer
prejuízo a José.
 O negócio será válido, pois foi executado de acordo com a vontade real
de José.
2.- Dolo – (art. 145, CC)
 “Dolo é artifício ou expediente astucioso, empregado para induzir
alguém à prática de um ato jurídico, que o prejudica, aproveitando
ao autor do dolo ou a terceiro”. (Clóvis Bevilaqua)
 Dolo consiste em
 Artifício
 Artimanha
 Engodo
 Encenação
 Astúcia
 Desejo maligno tendente a viciar a vontade do destinatário ou desviá-la de sua correta
direção.
 O comprador é induzido a realizar a compra de um terreno, motivado pela propaganda da
empreendedora que exibe maquete do loteamento em local alto, destinado à construção.
Após a compra, o adquirente verifica que o mesmo não se presta à construção, pois se
encontra dentro de um pântano, impossível suportar as fundações.
 Conforme estabelecido no art. 186, a prática do dolo é considerado ato ilícito.
 A anulação do negócio jurídico viciado por dolo acompanha, de regra, pedido de
indenização de perdas e danos.
 Prazo: 4 anos, contado do dia em que se realizou o negócio jurídico (art. 178, II, CC)
Espécies de dolo
 A gravidade do dolo é verificada de acordo com sua
intensidade.
 Art. 145. “São os negócios jurídicos anuláveis por dolo,
quando este for a sua causa”.
 A) Dolo principal e dolo acidental
 A.1.) Dolo principal: vicia o negócio jurídico, se foi a causa
determinante da declaração de vontade determinando sua anulação.
 Não fosse o convencimento astucioso e a manobra insidiosa, o
negócio não teria se concretizado.
 “Separação consensual. Partilha. Renúncia da mulher, cujo
adultério chegou ao conhecimento do marido, renunciando esta, a
todos os seus direitos, em favor de filho. Dolo e coação. Quadro
incidiário robusto e demonstrativo da existência dos invocados vícios
do consentimento. Tal quadro é sumamente conhecido, a impor o
marido à esposa condições perante as quais deva se ter por
absolutamente submissa. Anulação determinada”. (JTJ, Lex, 149/103).
…cont. Dolo…
 A.2.) Dolo acidental:
 O dolo acidental não vicia o negócio e só obriga à satisfação
das perdas e danos.
 O negócio teria se realizado, independentemente da malícia
empregada pela outra parte ou por terceiro.
 O dolo acidental diz respeito apenas às condições do negócio.
 Alberto adquire de Benedito imóvel que vale R$ 50 mil, pagando R$
100 mil.
 Ato ilícito que não permite postular invalidação de contrato, mas
somente reparação do prejuízo correspondente à diferença entre o
preço pago e o real valor do bem.
 “Dolo acidental. Caracterização. Venda de trator cujo
ano de fabricação não correspondia ao informado e
cobrado pelo revendedor. Reparação dos danos
causados aos adquirentes se impõe”. (RT, 785/243).
…cont. Dolo…
 B) Dolus bonus e dolus malus
 B.1.) Dolus bonus é o dolo que os romanos consideravam menos
intenso, tolerável, de gravidade insuficiente para viciar a manifestação
de vontade.
 Atitude do comerciante que elogia exageradamente sua mercadoria em
detrimento dos concorrentes (prática costumeira do comércio - “o melhor
produto”; “o mais eficiente”; “o mais barato”...).
 O eventual erro em que incorre o destinatário da vontade, no caso, é
inescusável. O princípio é o mesmo do erro, incapaz de anular o ato
jurídico, se inescusável.
 Porém há um novo enfoque que deve ser dado a esse
denominado dolo bom em face das novas práticas de comércio
e dos princípios de defesa do consumidor e as ofertas de
massa.
 Atualmente não se considera o dolo irrelevante, caso tenha
sido causa para manifestação de vontade do consumidor, sendo
encarado como propaganda enganosa.
 B.2.) Dolus malus é o dolo mais grave, exercido com o propósito de
ludibriar e prejudicar.
 Pode consistir em atos, palavras e até mesmo no silêncio maldoso.
C) Dolo positivo (comissivo) e 
dolo negativo (omissivo)
 C.1.) Dolo positivo (ou comissivo) inquinado
de expedientes enganatórios, verbais ou de
outra natureza que podem importar em série de
atos e perfazer uma conduta.
 O dolo daquele que faz imprimir cotação falsa da Bolsa
de Valores para induzir o incauto a adquirir certas ações.
 Dolo do fabricante de objeto com aspecto de
“antiguidade”, para vendê-lo como tal.
 Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o
silêncio intencional de uma das partes a
respeito de fato ou qualidade que a outra parte
haja ignorado, constitui omissão dolosa,
provando-se que sem ela o negócio não se
teria realizado.
...cont. Dolo comissivo e omissivo
 C.2.) O dolo negativo (ou omissivo) é a
reticência, a ausência maliciosa de ação para
incutir falsa idéia ao declaratário.
 O princípio da boa-fé deve sempre nortear os
contratantes e é com base nele que o julgador deve
pautar-se.
 O art. 766, CC, estipula a perda do direito ao
recebimento do seguro se o estipulante de seguro
de vida oculta, dolosamente, ser portador de doença
grave quando da estipulação.
D) Dolo de terceiro
 O dolo pode ser proveniente do outro contratante
ou de terceiro, estranho ao negócio.
 Art. 148, CC. “Pode também ser anulado o
negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a
quem aproveite dele tivesse ou devesse ter
conhecimento; em caso contrário, ainda que
subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá
por todas as perdas e danos da parte a quem
ludibriou”.
 O dolo do estranho vicia o negócio se era conhecido por
uma das partes, que não advertiu a outra, aceitando a
maquinação, tornando-se cúmplice de má-fé.
 Enseja anulação do negócio.
 Cabendo ao lesado provar que a outra parte teve ou deveria ter
conhecimento.
 O adquirente é convencido, maldosamente, por um terceiro, que
o relógio que está adquirindo é de ouro, sendo que tal afirmação
seja feita pelo vendedor (este ouve as palavras de induzimento
utilizadas pelo terceiro, mas não alerta o comprador).
E) Dolo do representante
 Art. 149. “O dolo do representante legal de uma das partes
só obriga o representado a responder civilmente até a
importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do
representante convencional, o representado responderá
solidariamente com ele por perdas e danos”.
 O representante de uma das partes não é considerado
terceiro, pois age como se fosse o próprio representado,
atuando nos limites de seus poderes.
 Caso o representante induza em erro a outra parte, o negócio
será anulável.
 Sendo o dolo acidental, o negócio subsistirá, gerando perdas e
danos.
F) Dolo bilateral 
 Art. 150. “Se ambas as partes procederem com
dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o
negócio, ou reclamar indenização”.
 As duas partes quiseram obter vantagem em prejuízo
da outra, não podendo invocar o dolo para anular o
negócio ou reclamar indenização.
 Ninguém pode valer-se da própria torpeza.
 Não há boa-fé a defender.
Dolo no CPC - Arts. 16, 17 e 18, CPC
Dolo no Código Penal – Art. 18, I, CP
 Dolo Processual:
 Litigância de má fé
 Conduta reprovável, contrária à boa-fé, que sujeita tanto o autor como o
réu que assim proceder, a sanção várias, como pagamento de perdas e
danos, custas e honorários advocatícios.
 Também não se confunde o dolo civil com o dolo do Direito Penal, que é
a intenção de praticar um ato que se sabe contrário à lei:
 Art. 18, I, Código Penal, estipula que há dolo “quando o agente quis o resultado
(dolo direto) ouassumiu o risco de produzi-lo (dolo indireto)”.
 A ilicitude do dolo pode tipificar crime, ocorrendo simultaneamente procedimentos
paralelos entre os juízos
 Cível e
 Criminal
3.- Coação – Art. 151, CC
 “Coação é toda ameaça ou pressão injusta exercida
sobre um indivíduo para forçá-lo, contra a sua
vontade, a praticar um ato ou realizar um negócio”.
 Tem por característica o emprego da violência
psicológica para viciar a vontade.
 O temor infundido na vítima constitui o vício do
consentimento e não os atos externos utilizados no
sentido de desencadear o medo.
 É o mais repugnante dos vícios, pois dotado de
violência:
 A vontade deixa de ser espontânea, como resultado
de violência que incide sobre a inteligência da vítima.
cont. coação...
 Art. 151. A coação, para viciar a
declaração da vontade, há de ser tal que
incuta ao paciente fundado temor de
dano iminente e considerável à sua
pessoa, à sua família, ou aos seus bens.
Parágrafo único. Se disser respeito a
pessoa não pertencente à família do
paciente, o juiz, com base nas
circunstâncias, decidirá se houve coação.
Requisitos da coação
 Nem toda ameaça configura a coação.
 É preciso reunirem-se 5 requisitos:
 1) Deve ser a causa determinante do ato
 Sem essa coação o negócio não se teria realizado.
 2) Deve ser grave
 Para avaliação da gravidade segue-se o critério concreto, ou
seja, não se compara a reação da vítima com o homem médio,
pois algumas pessoas são mais suscetíveis de se sentir
atemorizadas do que outras. (Vide art. 152 e 153).
 3) Deve ser injusta
 Esta expressão deve ser entendida como ilícita ou abusiva. (art.
153)
 Credor que ameaça executar a hipoteca contra sua devedora caso
esta não concorde em se casar com ele.
...cont. requisitos da coação...
 4) Deve dizer respeito a dano atual ou iminente
 Dano iminente e inevitável é aquele prestes a se consumar, do
qual a vítima não tem meios para furtar-se ao dano.
 Provoca no espírito da vítima temor intenso que a conduz a
contratar.
 5) Deve constituir ameaça ou prejuízo à pessoa ou a
bens da vítima ou a pessoa de sua família
 A vítima é intimidada com diversas formas de sofrimentos
físicos, cárcere privado, tortura, incêndio, depredação, greve…
 “Família” tem acepção ampla, não fazendo distinção entre
graus de parentesco, incluindo parentes afins – cunhados,
sogros, etc.
 Filho que ameaça suicidar-se ou envolver-se numa guerra para obter
anuência do pai.
Espécies de coação
 1.) Coação absoluta ou física (vis absoluta) = torna o ato nulo
 Violência física que não concede escolha ao oprimido:
 tolhe totalmente a vontade.
 O que se tem é apenas a vontade do violentador, sem qualquer
possibilidade de escolha do violentado
 Gera a nulidade do negócio por inexistência da vontade.
 Agente conduz a mão da outra parte, para conseguir assinatura em
documento.
 2.) Coação relativa (vis compulsiva), ou coação moral = ato
anulável
 Há certo grau de escolha por parte do coacto.
 A vítima da coação não fica reduzida à condição de puro autômato, uma
vez que pode deixar de emitir a declaração pretendida, optando por
resistir ao mal cominado e correndo o risco das consequências.
 Existe a opção, embora cerceada sua vontade, em expor-se ao mal e a
conclusão do negócio que lhe querem extorquir.
 Assaltante aponta a arma e propõem: “A bolsa ou a vida”.
Excludentes da coação - Artigo 153, CC
 1) Exercício normal de um direito
 O agente procede de acordo com seu direito.
 Não constitui coação a ameaça feita pelo credor de protestar ou executar
o título de crédito vencido e não pago.
 2) Simples temor reverencial
 A espécie reverencial é o temor de ocacionar desprazer a pessoas ligadas
por vínculo afetivo, ou por relação de hieraquia (ascendentes - pai, mãe ou
outras pessoas a quem se deve obediência e respeito).
 A palavra “simples” colocada na letra da lei sabiamente demonstra que
caberá ao juiz, no exame de cada caso concreto, a determinação de onde
termina o “simples” temor reverencial e onde inicia a coação.
 O fato da moça ter se casado com um rapaz somente para agradar ao pai, que tinha por
ele simpatia, mas nunca lhe exigiu tal ato, não pode ser considerado coação.
4.- Estado de Perigo 
Art. 156, CC
 Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da
necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano
conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do
declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias.
 Estado de perigo possui os requisitos:
 1) situação de necessidade;
 2) iminência de dano atual e grave (moral ou patrimonial);
 3) nexo de causalidade entre a manifestação e o perigo de grave dano;
 4) ameaça de dano à pessoa do próprio declarante ou de sua família;
 5) conhecimento do perigo pela outra parte;
 6) assunção de obrigação excessivamente onerosa, exorbitante.
…cont. Estado de perigo…
 Aplica-se o paradigma penal da “inexigibilidade de conduta diversa”.
 Indivíduo não possui outra saída ou alternativa viável.
 A anulabilidade do negócio celebrado em estado de perigo justifica-se em diversos
dispositivos do CC, principalmente naqueles que consagram o princípio da boa-fé e
da probidade (art. 422).
 Alguém está se afogando e no momento de desespero promete toda sua
fortuna para alguém que pode salvá-lo.
 Ato de garantia (fiança, aval ou emissão de cheque) prestado por indivíduo
que pretenda internar em estabelecimento hospitalar, em caráter de
urgência, um parente ou pessoa querida.
 Comandante de embarcação que naufraga, propõe pagar qualquer preço a
quem venha socorrê-lo.
 Venda de casa a preço fora do valor de mercado para pagar um débito
assumido em razão de urgente intervenção cirúrgica, por encontrar-se em
perigo de vida.
5.- Lesão – Art. 157, CC
 “Lesão é o prejuízo resultante da enorme
desproporção existente entre as prestações
de um contrato, no momento de sua
celebração, determinada pela premente
necessidade ou inexperiência de uma das
partes”.
 Instituto da lesão protege aquele que se
encontra em estado de inferioridade.
 Agente que perde a noção do justo e do real, tendo
a vontade conduzida a praticar atos que são
verdadeiros disparates do ponto de vista
econômico.
...cont. lesão...
 Art. 157. “Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob
premente necessidade, ou por inexperiência, se
obriga a prestação manifestamente desproporcional
ao valor da prestação oposta.
§ 1º Aprecia-se a desproporção das prestações
segundo os valores vigentes ao tempo em que foi
celebrado o negócio jurídico.
§ 2º Não se decretará a anulação do negócio, se for
oferecido suplemento suficiente, ou se a parte
favorecida concordar com a redução do proveito”.
…Lesão - Proteção legal
 Lei 1521/51 (define os crimes contra a economia popular),
 No Art. 4º, taxa como “usura pecuniária ou real” o fato de alguém
“obter, ou estipular, em qualquer contrato, abusando da premente
necessidade, inexperiência ou leviandade de outra parte, lucro
patrimonial que exceda o quinto do valor corrente ou justo da prestação
feita ou prometida”.
 Lei 8075/90 (Código de Defesa do Consumidor):
 Combate a lesão nas relações de consumo (art. 51, IV, e § 1º , III).
 Considera nulas de pleno direito, as cláusulas que “estabeleçam
obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor
em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a
equidade”.
 Presume como exagerada a vantagem que “se mostra excessivamente
onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do
contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao
caso”.
VÍCIOSSOCIAIS
DO NEGÓCIO JURÍDICO
I - Fraude contra credores
Art. 158, CC
 “Constitui na prática maliciosa, de atos do próprio devedor que
desfalca seu patrimônio, com o fim de colocá-o a salvo de uma
execução por dívidas, em detrimento dos direitos creditórios
alheios”. (Ricardo Fiuza)
 Instituto que surge quando as dívidas do devedor superam seus
créditos;
 enquanto que sua capacidade de produzir bens e aumentar seu
patrimônio mostra-se insuficiente para garantir suas dívidas;
 tornando seus atos suspeitos e passíveis de anulação.
 Como vício social, a fraude contra credores relaciona-se com a
ilicitude da vontade, gerando danos a terceiro.
 Entendido pela doutrina como o mais grave ato ilícito, destruidor das
relações sociais, responsável por danos de vulto, de difícil reparação.
…cont…
 O patrimônio do devedor constitui a garantia real dos seus credores.
 Se ele o desfalca, maliciosa e substancialmente, a ponto de não mais
garantir o pagamento de todas as suas dívidas, torna-se insolvente
(passivo supera o ativo – art. 748, CPC).
 Configura-se assim a fraude contra credores.
 O Código Civil permite que os credores possam desfazer os atos
fraudulentos praticados pelo devedor, em detrimento de seus interesses.
 Art. 158. “Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão
de dívidas, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido
à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos
credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.
§ 1º Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.
§ 2º Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a
anulação deles”.
…cont…
 Art. 159. “Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do
devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver
motivo para ser conhecida do outro contratante”.
 Vendeu seu imóvel em data próxima ao vencimento das obrigações,
inexistindo outros bens para saldar a dívida (RT, 471:131; 466:144).
 Insolvência notória: de conhecimento geral.
 Se o devedor tiver seus títulos protestados ou ações judiciais que
impliquem a vinculação de seus bens (RT, 613:170; 593:194).
 Insolvência presumida: as circunstâncias indicam tal fato.
 Vende seus bens a um preço ostensivamente inferior ao de mercado, a
um parente próximo, indicando que o adquirente conhecia o estado de
insolvência do alienante.
 Vende todos os seus bens.
…cont. Fraude…
 Pagamento antecipado de dívida
 Art. 162. “O credor quirografário, que receber do devedor
insolvente o pagamento da dívida ainda não vencida, ficará
obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de
efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu”.
 Credor quirografário é aquele que não possui direito real de garantia.
 Seus créditos estão representados apenas por títulos advindos das relações
obrigacionais (cheques, duplicatas, promissórias...).
 Sua única garantia é o patrimônio geral do devedor, ao contrário do
credor privilegiado, que possui garantia especial (hipoteca, penhor…).
 A lei coloca em situação de igualdade todos os credores quirografários,
com as mesmas oportunidades de receber seus créditos
proporcionalmente.
 Se o devedor salda débitos vincendos, presume-se o intuito
fraudulento.
 Terá, o credor beneficiado, que repor o que recebeu, em proveito do
acerto, observando-se o concurso de credores.
Ação pauliana ou revocatória
 É ação pela qual os credores impugnam os atos fraudulentos de seu
devedor.
 Tem natureza desconstitutiva do negócio jurídico.
 É ação pessoal que visa à revogação de ato fraudulento, com objetivo de restaurar o
do estado jurídico anterior, isto é, recompor a o patrimônio do devedor.
 Julgada procedente, anula o negócio fraudulento lesivo aos credores,
determinando-se o retorno do bem que foi maliciosamente alienado, ao
patrimônio do devedor.
 Legitimidade ativa da ação pauliana:
 Credores quirografários (art. 158, caput);
 Apenas os credores que já o eram ao tempo da alienação fraudulenta (art. 158, § 2º).
 Ou os credores cuja garantia se tornar insuficiente (art. 158, § 1º).
 Legitimidade passiva (art. 161):
 1) O devedor insolvente
 2) A pessoa que com ele celebrou o negócio fraudulento
 3) Terceiros adquirentes de má-fé.
II - Simulação – Art. 167, CC
 Simular é fingir, enganar, falserar, mascarar, camuflar,
esconder a realidade = vício social.
 Juridicamente, é a prática de ato ou negócio que esconde a real
intenção,
 que é encoberta mediante disfarce,
 em desacordo intencional entre a vontade interna e a declarada
 criando aparência de um ato negocial que inexiste, ou
 ocultando o negócio querido, enganando a terceiro.
 “Simulação é uma declaração enganosa da vontade,
visando produzir efeito diverso do ostensivamente
declarado”.
…cont. simulação
 Devido a infinidade de efeitos danosos que pode causar,
a simulação foi deslocada de sua antiga posição no
antigo Código Civil, onde compunha o capítulo dos
defeitos do negócio jurídico, para o capítulo da
invalidade, como causa de nulidade.
 Tropeçamos com a simulação a todo instante, com roupagens
diferentes: na vida sodial, na judicial e extrajudicial.
 Muitas jurisprudências retratam a quantidade de dívidas forjadas e
atos simulados praticados diariamente.
 Ocultação do verdadeiro preço da coisa no contrato de compra e venda
 Antedatar um documento
 Utilização do “laranja” (3ª pessoa que é colocada como proprietária)
 Sonegação ao Fisco…
Características da 
simulação
 A) Em regra, é negócio jurídico bilateral, tendo por campo natural os
contratos.
 De modo geral pode estar presente também nos negócios jurídicos
unilaterais, em que exista declaração receptícia de vontade.
 B) É sempre acordada com a outra parte, ou com as pessoas a
quem ela se destina.
 C) É uma declaração deliberadamente desconforme com a
intenção.
 Maliciosamente, as partes disfarçam seu pensamento de forma irreal.
 D) Entendida como vício social pois é realizada com o intuito de
enganar terceiros ou fraudar a lei.
Espécies de Simulação
 1) Absoluta = ato nulo
 Há simulação absoluta quando o negócio jurídico é inteiramente simulado,
quando as partes, na verdade, não desejam praticar negócio algum;
 Em geral, essa modalidade destina-se a prejudicar terceiro, subtraindo os
bens do devedor à execução ou partilha.
 Títulos de crédito simulados feitos pelo marido antes da separação judicial, para
lesar a mulher na partilha de bens.
 2) Relativa = ato anulável
 Na simulação relativa, as partes pretendem realizar um negócio jurídico
prejudicial a terceiro ou em fraude à lei.
 Para escondê-lo ou dar-lhe aparência diversa, realizam um outro negócio.
 Um deles é o simulado, aparente, destinado a enganar; o outro é dissimulado, oculto,
mas verdadeiramente desejado.
 Homem casado simula a venda de um imóvel à um terceiro, que o transferirá à
sua amante.
Simulação e dissimulação
 Art. 167. “É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que
se dissimulou, se válido for na substância e na forma”.
§ 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I – aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas
daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem.
II – contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não
verdadeira;
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-
datados.
§ 2º Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos
contraentes do negócio jurídico simulado.
 A segunda parte do caput refere-se à simulação relativa, também
chamada de dissimulação; a primeira parte corresponde à simulação
absoluta.
 Na escritura pública lavrada por valor inferior ao real, anulado o valor aparente,
subsistiráo real, dissimulado, porém lícito.
Capítulo V
DA INVALIDADE 
DO 
NEGÓCIO JURÍDICO 
NULIDADE 
e
ANULABILIDADE
 A vontade é pressuposto de existência e a mola
propulsora dos atos e dos negócios jurídicos.
 Quando o negócio jurídico se apresenta de forma irregular ou
defeituosa, tal irregularidade ou defeito pode ser mais ou menos grave.
 Neste caso, o ordenamento jurídico lhe atribui uma reprimenda maior ou
menor, de acordo com a amplitude do defeito negocial.
 1) A lei simplesmente ignora o ato, pois não possui mínima consistência
jurídica.
 Ato inexistente
 2) A lei o admite, ainda que viciado ou defeituoso, desde que nenhum
interessado se insurja contra ele, postulando sua anulação.
 Ato anulável = anulabilidade
 3) A lei fulmina o ato com pena de nulidade, extirpando-o do mundo jurídico.
 Ato nulo = nulidade
 Estas são as autolimitações da vontade.
 Categorias de ineficácia dos negócios jurídicos:
 1) Negócios inexistentes:
 A lei simplesmente ignora o ato, pois este não possui mínima consistência; não lhe atribui
nenhuma eficácia.
 Por se constituir em nada jurídico não reclama ação própria para combatê-lo.
 Vontade emanada de um absolutamente incapaz = negócio nulo
 2) Negócios nulos (arts. 166-169, CC):
 A lei fulmina o ato com pena de nulidade, extirpando-o do mundo jurídico, pois lhe falta
requisitos essenciais a produzir os efeitos.
 Nulo é o negócio em que a vontade sequer foi manifestada ou quando a vontade é
tolhida, falta-lhe requisito fundamental.
 Há ofensa a preceito de ordem pública, o que afeta a todos.
 Pode ser alegada por qualquer interessado, devendo ser pronunciado de ofício pelo juiz (art.
168 e parágrafo único).
 3) Negócios anuláveis (arts. 170-177, CC):
 A lei admite o ato, ainda que viciado ou defeituoso, desde que nenhum interessado se insurja
contra ele, postulando sua anulação.
 Anulável é o negócio quando a vontade é manifestada, mas com vício ou defeito que a
torna mal dirigida, mal externada.
 O negócio terá vida jurídica somente até que, por iniciativa de qualquer prejudicado, seja
pedida sua anulação.
Nulidade
 “Nulidade vem a ser a sanção imposta pela norma jurídica, que
determina a privação dos efeitos jurídicos do negócio praticado em
desobediência ao que prescreve”. (Maria Helena Diniz)
 A função da nulidade é tornar sem efeito o ato ou negócio jurídico,
fazendo-o desaparecer, como se nunca houvesse existido, já que ofende
preceitos de ordem pública, que interessam à sociedade.
 O vício é grave, impedindo que o ato tenha existência legal e produza efeitos: foi
desobedecido qualquer requisito essencial.
 O artigo 166, CC estabelece o rol das nulidades.
 Art. 166, CC. É nulo o negócio jurídico quando:
I – celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II – for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III – o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV – não revestir a forma prescrita em lei;
V – for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial
para a sua validade;
VI – tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII – a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática,
sem cominar sanção.
Nulidade absoluta
 Com a declaração da nulidade, o negócio não produz qualquer efeito por
ofender gravemente princípios de ordem pública, operando efeitos ex tunc
(desde o momento de sua formação).
 Arts. 1428, 1548, 1549, 1900, 489, 548, 549 e 167, CC.
 Negócios simulados também são nulos.
 Art. 167, CC. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que
se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
§ 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I – aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas
daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem;
II – contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não
verdadeira;
III – os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.
§ 2º Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos
contraentes do negócio jurídico simulado.
Nulidade relativa (anulabilidade)
 Refere-se a negócios inquinados de vício capaz de lhes determinar a
ineficácia, mas que poderá ser eliminado, restabelecendo-se a sua
normalidade.
 As causas de anulabilidade residem no interesse privado.
 Art. 171, CC. Além dos casos expressamente declarados na lei, é
anulável o negócio jurídico:
I – por incapacidade relativa do agente;
II – por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou
fraude contra credores.
 A anulação é concedida a pedido do interessado.
 O negócio jurídico se realiza com todos os elementos necessários à sua
validade, mas as condições em que foi realizado justificam a nulidade,
quer por incapacidade relativa do agente, quer pela presença de vícios
de consentimento ou sociais.
Distinção entre nulidade absoluta e relativa
ABSOLUTA (nulidade) RELATIVA (anulabilidade)
Decretada no interesse público, da própria
coletividade, com eficácia erga omnes.
Alegada por qq interessado, em nome
próprio, ou pelo MP, em nome da sociedade
que representa (art. 168, caput).
Decretada no interesse privado do
prejudicado, abrangendo apenas as
pessoas que alegaram (interessados).
A nulidade deve ser pronunciada de ofício
pelo juiz (art. 168, par. Único, CC) e seu
efeito é ex tunc (retroage à data do negócio para lhe
negar efeitos).
Anulabilidade só poderá ser alegada pelos
prejudicados e representantes legítimos, em
ação judicial, não podendo ser decretada ex
officio pelo juiz (art. 177, CC), com efeito ex
nunc.
A nulidade não pode ser suprida pelo juiz,
nem confirmada (art. 168, CC)
(Confirmação é o ato jurídico pelo qual uma pessoa faz
desaparecer os vícios dos quais se encontra inquinada
uma obrigação).
A relativa pode ser suprida (completada, provida,
remediada) pelo magistrado ou sanada pela
confirmação (arts. 172, CC).
A nulidade é imprescritível (art. 169, CC). A anulabilidade é suscetível de ser arguida
em prazos prescricionais e decadenciais
(art. 178 e 179 CC).

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