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1 - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA INDUSTRIAL METALÚRGICA DE VOLTA REDONDA PROFESSORA: SALETE SOUZA DE OLIVEIRA BUFFONI DISCIPLINA: RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Energia de deformação na flexão Aplicações: Vigas que se comportam de uma maneira elástica linear, ou seja, o material segue a lei de Hooke e as deflexões e rotações precisam ser pequenas. Seja uma viga biapoiada submetida à flexão pura. A curva de deflexão é um arco circular quase plano de curvatura constante EI M=κ . O ângulo θ compreendido por esse arco é igual a ρL , onde L é o comprimento da viga e ρ o raio de curvatura. Dessa forma, tem-se: EI MLLL === κρθ (1) Figura 1 - Viga em flexão pura. A relação (1) é mostrada na Figura 2. Conforme os binários de flexão aumentam gradualmente em magnitude desde zero até seus valores máximos, eles realizam o trabalho W representado pela área hachurada abaixo da linha OA e é dado por: 2 MUW θ== (2) 2 Figura 2 - Diagrama mostrando a relação linear entre os momentos fletores M e o ângulo θ . Teorema de Castigliano Combinando as equações (1) e (2) obtém-se a expressão da energia de deformação armazenada em uma viga em flexão pura: EI2 LMU 2 = ; L2 EIU 2θ= (3a, b) Flexão Não-Uniforme As equações 3a e b aplicam-se a um elemento de viga como na Figura 3 e integra-se ao longo do comprimento, onde, 2 2 dx ddxd νκθ == (4) Figura 3 - Vista lateral de um elemento de uma viga submetida ao momento fletor M. A energia de deformação dU do elemento é dada por qualquer uma das seguintes equações: EI2 dxMdU 2 = ; ( ) dx dx d 2 EIdx dx d dx2 EI dx2 dEIdU 2 2 22 2 22 ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛=⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛== ννθ (5a, b) 3 Integrando-se as equações anteriores ao longo do comprimento de uma viga tem-se: ∫= dxEI2MU 2 ; ∫ ⎟⎟⎠⎞⎜⎜⎝⎛= dxdxd2EIU 2 2 2ν (6a, b) Se a força de cisalhamento for considerada será armazenada na viga uma energia de deformação adicional. Exercício: Uma viga engastada AB está submetida a um carregamento P em sua extremidade livre A. Determine a energia de deformação da viga e a deflexão vertical Aδ devido ao carregamento P na extremidade A da viga. Figura 4 - Viga engastada e livre suportando um carregamento simples P. Resposta: EI6 LPU 32 = , EI3 PL3 A =δ Teorema de Castigliano Objetivo: Encontrar as deflexões de uma estrutura a partir da deformação da estrutura. Seja uma viga engastada com um carregamento P atuando na extremidade livre como na Figura 4. A energia de deformação dessa viga é dada por: EI6 LPU 32 = (7) 4 Derivando-se a expressão (7) em relação ao carregamento P tem-se EI3 PL EI6 LP dP d dP dU 332 =⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛= (8) A equação (8) mostra que a derivada da energia de deformação com relação ao carregamento é igual a deflexão correspondente ao carregamento. O teorema de Castigliano é uma afirmação generalizada dessa observação. Dedução do teorema de Castigliano para Qualquer número de Carregamentos Histórico Um dos mais famosos teoremas na análise estrutural foi descoberto por Carlos Alberto Pio Castigliano (1847-1884), engenheiro italiano. Considerações Consideremos uma viga submetida a qualquer número de carregamentos, digamos n carregamentos com suas respectivas deflexões como está apresentada na Figura 5. Figura 5 - Viga suportando n carregamentos. Quando os carregamentos são aplicados à viga, eles aumentam gradualmente de em grandeza desde zero até seus valores máximos. Ao mesmo tempo, cada um dos carregamentos move-se através de seus deslocamentos correspondentes e produz trabalho. O trabalho total realizado pelos carregamentos é igual a Energia de deformação U armazenada na viga: W=U (9) W é uma função dos carregamentos atuantes na viga. 5 Consideremos que o enésimo carregamento é aumentado levemente pela quantidade dPi enquanto os outros carregamentos são mantidos constantes. Esse aumento no carregamento irá causar um pequeno aumento dU na energia de deformação da viga. Esse aumento na energia de deformação pode ser expresso como a taxa de variação de U com relação a Pi vezes o pequeno aumento Pi. Dessa forma o aumento na energia de deformação é: i i dP P UdU ∂ ∂= (10) Em que iPU ∂∂ é a taxa de variação de U com relação a iP (Uma vez que U é uma função de todos os carregamentos, a derivada com relação a qualquer um dos carregamentos é uma derivada parcial). A energia de deformação da viga é dada por: i i dP P UUdUU ∂ ∂+=+ (11) onde U é a energia de deformação da eq. (9). Como o princípio da superposição mantém-se para essa viga, a energia de deformação total é independente da ordem em que os carregamentos são aplicados. Quando o carregamento dPi é aplicado primeiro, ele produz energia de deformação igual à metade do produto do carregamento dPi e seu deslocamento correspondente idδ . A quantidade de energia de deformação devido o carregamento dPi é: 2 ddP ii δ (12) Quando todos os carregamentos são aplicados a força dPi se move através do deslocamento iδ . Fazendo isso ela produz trabalho adicional igual ao produto da força e da distância através da qual ela se move dado por: iidPδ (13) A energia de deformação final para a segunda seqüência de carregamento é: ii ii dPU 2 ddP δδ ++ (14) Igualando (11) e (14) i i ii ii dP P UUdPU 2 ddP ∂ ∂+=++ δδ (15) Podemos descartar o primeiro termo porque ele contém o produto de dois diferenciais e é infinitesimalmente pequeno comparado aos outros termos. Obtemos então a seguinte relação: i i P U ∂ ∂=δ (16) Essa é a equação conhecida como Teorema de Castigliano A derivada parcial da energia de deformação de uma estrutura com relação a qualquer carregamento é igual ao deslocamento correspondente aquele carregamento. 6 Referências Bibliográficas: 1. BEER, F.P. e JOHNSTON, JR., E.R. Resistência dos Materiais, 3.º Ed., Makron Books, 1995. 2. Gere, J. M. Mecânica dos Materiais, Editora Thomson Learning 3. HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3.º Ed., Editora Livros Técnicos e Científicos, 2000. Observações: 1- O presente texto é baseado nas referências citadas. 2- Todas as figuras se encontram nas referências citadas.
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