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ROUSSEAU (Fichamento)

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Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Fichamento de Ciência Política
Jean Jacques Russeau
Nome: Flávio da Rocha Pires da Silva
Curso: Ciências Sociais
2º Período
Disciplina: Ciência Política II
Data: 22/12/2014
Jean-Jacques Rousseau
[1712-1778]
allan bloom
[Extraído de Leo Strauss & Joseph Cropsey - History of Political Philosophy
The University of Chicago Press, 3rd. Edition, 1987]
[Tradução: Noéli Correia de Melo Sobrinho]
O pensamento político de Rousseau aponta para o presente em duas direções: para a liberdade feliz do homem do passado e para o estabelecimento de um regime no futuro que pode apelar para a vontade daqueles que estão sob sua autoridade. (pág. 1)
O pensamento de Rousseau tem um caráter externamente paradoxal, parecendo desejar ao mesmo tempo coisas contraditórias — virtude e sentimento leve, sociedade política e estado de natureza, filosofia e ignorância. (pág. 1)
Rousseau ocupou-se em esclarecer o significado da teoria e das práticas modernas e, assim fazendo, trouxe à luz as consequências radicais da modernidade, das quais os homens não estavam anteriormente conscientes. (pág. 1)
A política moderna, de acordo com Rousseau, se baseia numa compreensão parcial do homem. O Estado Moderno, o Leviathan, está voltado para a sua própria preservação e, consequentemente, para a preservação dos seus súditos. Por isso, ele é totalmente negativo, levando em consideração apenas a condição de felicidade, da vida, deixando de lado a felicidade propriamente. Qualquer sistema político que considere somente um lado da existência humana não pode satisfazer a aspiração humana de realização ou dar surgimento à total lealdade deles. E constitui o primeiro argumento de Rousseau que o Estado Moderno, baseado na auto-preservação, faz nascer um modo de vida exatamente contrário àquele que faria os homens felizes. A vida das grandes nações caracteriza-se pelo comércio e consequentemente pela distinção entre ricos e pobres. (pág. 1 e 2)
A sociedade civil é um estado de interdependência recíproca entre os homens, mas os homens são maus e a maioria é forçada a desistir da sua vontade para trabalhar para a satisfação de poucos. (pág. 2)
Acreditava-se que o progresso das artes e das ciências era a condição, talvez a condição suficiente, do progresso da sociedade civil e de um aumento da felicidade humana. (pág. 2)
De acordo com Rousseau, as esperanças do Iluminismo são as esperanças do homem moderno e o quadro da sociedade humana pintado pelo Iluminismo é aquilo que constitui o ponto de partida para a revolução no pensamento político. (pág. 2)
A sociedade dominada pelas artes e pelas ciências é uma sociedade cheia de desigualdades, seja porque os talentos necessários para alcançá-las se tornam as bases da diferença entre os homens, ou porque se precisa de grandes somas de dinheiro para sustentá-los, assim como trabalhadores para humanizar os implementos inventados por aquelas artes e ciências. A sociedade se transforma para sustentar as artes, as ciências e seus produtos, e é exatamente essa transformação que cria uma vida cheia de vã auto-estima e de injustiça . (pág. 3)
O primeiro estágio da reflexão de Rousseau leva à admiração do passado. A condição do homem moderno é nova, mas, na antiguidade clássica, se podia encontrar modelos de sociedade civil nos quais os homens eram livres e autogovernados. (pág. 3)
A virtude no sentido clássico significava a boa cidadania e as qualidades que necessariamente a acompanham. Unicamente através da coragem, do auto-sacrifício e da moderação podemos encontrar uma cidade na qual a grande maioria se auto-governa. Rousseau é um republicano; e é um republicano porque acredita que os homens são naturalmente livres e iguais. Somente uma sociedade civil que seja um reflexo dessa natureza pode esperar tornar os homens felizes. As exigências de uma sociedade livre são melhor encontradas nas cidades gregas e em Roma, embora elas não fossem perfeitas e embora a solução final de Rousseau fosse um aperfeiçoamento para além delas. (pág.3)
O domínio da lei é necessário à sociedade civil, e justamente as leis requerem um código moral duro para suportar o peso dessa igualdade; unicamente uma estrita vigilância mútua e hábitos de justiça podem assegurar o seu funcionamento. A primeira consideração do governo é a virtude dos cidadãos. (pág.4)
A sociedade civil, que deve funcionar como uma sociedade, deve ser uma unidade na qual os individuais abandonam os seus desejos privados em prol do todo. A sociedade não pode ser concebida como um equilíbrio de interesses em conflito, se é que os homens devem ser livres e não peões de grupos de interesse no poder. (pág.4)
Sua doutrina não é meramente o renascimento daquele ensinamento de Platão ou de Aristóteles. Se ele reverencia as práticas da antigüidade, não aceita porém a sua teoria. (pág.4)
Deve também legitimar a autoridade exercida pelo governo; deve estabelecer os fundamentos dos deveres e dos direitos dos cidadãos. A questão política central é sempre: o que é a justiça? E isso leva necessariamente à questão: o que é natural? Pois, fora dos limites da lei positiva, quando o problema é fundar ou reformar o regime, a única medida deve ser a natureza e mais especificamente a natureza humana. É ao considerar esta questão que Rousseau se distingue dos seus predecessores ou, antes, se liga aos modernos na sua negação de que o homem seja por natureza político. (pág.4)
Rousseau rejeita a noção de que o homem seja dirigido pela natureza a um fim, o fim da vida política. A cidade ou o Estado é uma construção puramente humana, que tem sua origem no desejo de auto-preservação. Enquanto tal, o homem é concebido fora da sociedade política, embora nessa era tardia ela se tivesse tornado necessária a ele. (pág.4 e 5)
A justiça, tal como pode ser vista nas nações, consiste em manter os privilégios daqueles que estão colocados no poder. Todos os Estados conhecidos estão cheios de desigualdades de nascimento, riqueza e honra. Estas desigualdades podem talvez ser justificadas em termos de preservação do regime, mas isto não as torna mais toleráveis àqueles que convivem com elas. As leis instituem e protegem essas diferenças de nível. (pág. 5)
Se a sociedade civil não é natural, então, se deve ir a uma época anterior à sociedade civil para encontrar o homem tal como ele é naturalmente. Esta investigação é necessária para determinar as origens do Estado; se a sociedade civil não é natural, ela é convencional; portanto, se há alguma legitimidade nas leis da sociedade civil, suas convenções deviam ser encontradas nessa primeira natureza. Rousseau tenta descrever o homem no estado de natureza. Outros pensadores modernos, que concordam em que a sociedade civil é convencional, tentaram fazer a mesma coisa, fundamentando o direito político num direito natural pré-político. Mas, de acordo com Rousseau, eles jamais foram bem-sucedidos em atingir o estado de natureza primitivo. (pág. 5)
Os pensadores mais antigos, ao despir o homem da sua natureza social, viam nele muitas características que eram o resultado da vida comunitária, por exemplo, a inveja, a descrença, o desejo ilimitado de aquisição e a razão. (pág.5)
O homem é um ser diferente em diferentes momentos, embora para Rousseau ele tenha ainda uma natureza primeva, que domina todas as transformações realizadas pelo tempo. A consciência rousseauniana da desproporção entre o homem natural e o homem civil, que está implicada na rejeição da naturalidade da sociedade civil, o obriga a uma investigação sobre o homem primitivo. (pág.5 e 6)
A investigação que ele empreende se dá de duas maneiras: o primeiro se dá através daquilo que chamaríamos hoje de antropologia. O primitivo, que foi formalmente desprezado como inferior e imperfeito, agora parece lançar luz àquele antigo período e por intermédio disso se torna objeto de um sério interesse científico. Mas, na medida em que os chamados selvagens ou primitivos vivamjá em sociedade, não são mais do que indicadores na estrada de volta. Mais importante é a segunda maneira: a introspecção para desvelar os movimentos primeiros e mais simples da alma humana. (pág. 6)
Na medida em que o homem não é primeiramente político e social, ele deve ser despido de todas as qualidades relacionadas com a vida em comunidade, se queremos entendê-lo como ele é naturalmente. A primeira e a mais importante delas é a razão. (pág. 6)
Hobbes só podia afirmar isso, atribuindo aos primeiros homens os desejos ilimitados do homem político. Realmente, este primeiro homem-animal tinha apenas as necessidades mais simples, do tipo que era ordinariamente fácil de satisfazer. (pág. 6)
O homem natural industrioso de Locke é também uma construção tirada de uma sociedade já desenvolvida. (pág. 6)
Dever-se-ia dizer que todos os homens são por natureza iguais. Eles tinham praticamente apenas uma existência física; se havia diferenças quanto à força, estas tinham pouco significado, porque os indivíduos não tinham contato uns com os outros. Do estado de natureza do homem, não se pode derivar nenhum direito do homem de dominar o outro. O direito do mais forte não é um direito, primeiro porque o escravo podia sempre por seu turno revoltar-se; nenhuma obrigação moral era estabelecida pelo homem mais forte para subjugar o mais fraco. Em segundo lugar, um homem jamais poderia escravizar outro no estado de natureza, pois ele não tinha necessidade de ninguém, além disso, seria impossível manter um escravo. (pág. 7)
O estado de natureza é um estado de igualdade e independência. (pág. 7)
Há duas características que distinguem o homem dos outros animais e toma o lugar da racionalidade enquanto a qualidade definidora da humanidade. A primeira é a liberdade da vontade. O homem não é um ser determinado pelos seus instintos; ele pode escolher, aceitar ou rejeitar. Ele pode desafiar a natureza. E a consciência dessa liberdade é a evidência da espiritualidade da sua alma. Ele está consciente do seu próprio poder. A segunda, a característica menos questionável do homem, é a sua perfectibilidade. (pág. 7)
O homem não tem qualquer determinação; ele é um animal livre. Esta constituição o conduz do contentamento originário na direção da miséria da vida civil, mas isso também o torna capaz de dominar a si e a natureza. (pág. 7)
O homem natural, então, é um animal preguiçoso, gozando do sentimento da sua própria existência, preocupado com a sua preservação e apiedando-se dos sofrimentos dos seus semelhantes, livres e perfectíveis. (pág.7)
As necessidades dos homens não eram tais que os tornassem competidores. Mas os homens se tornaram pelo menos dependentes uns dos outros, e as primeiras experiências de cooperação ou de fins comuns trouxeram para a consciência que obrigações e moral deviam existir. (pág.8)
Na medida em que os homens estavam diariamente em contato uns com os outros, havia maiores ocasiões de conflito; e, na medida em que não existia lei, cada homem era o juiz de si próprio. (pág.8)
O fundador da sociedade política e o homem que trouxe os maiores males para a espécie humana foi o primeiro que disse: “esta terra me pertence”. O cultivo do solo é a fonte da propriedade privada. Apenas aquilo que o homem fez ou aquilo a que ele juntou o seu trabalho pode em todos os sentidos dizer-se que pertence a ele. Com o surgimento da propriedade privada nasce também a previdência. (pág.8)
No surgimento da propriedade privada, descobrimos também a origem da desigualdade. Pois homens diferentes possuem diferentes habilidades e talentos, o que permite a alguns deles fazer crescer suas posses. Logo, toda a terra disponível é cercada e alguns ficam com mais do que precisam, outros com menos. Os homens reconhecem a propriedade como algo real, mas sua necessidade própria é também algo real. Não existe juiz entre essas diferentes reivindicações e não há lei da natureza que as resolva, porque esta situação foi criada pelo homem, não pela natureza. (pág.8)
O homem desenvolveu todos os seus poderes e se tornou miserável. A maior mudança na sua natureza é que inicialmente ele vivia inteiramente para si e dentro de si. Agora ele vive para os outros, não somente porque é fisicamente dependente deles, mas porque aprendeu a comparar-se com os outros. (pág.9)
A vaidade (amour-propre) tomou o lugar do amor de si originário (amour de soi); ao invés de desejos físicos a serem saciados, ele agora era possuído pelo anseio infinito de posses que ele jamais usaria e de uma glória que desprezava tão logo a tivesse obtido. (pág.9)
A natureza não era mais suficiente. O terrível estado de guerra torna esse passo necessário e assegura a aquiescência dos pobres. Mas isso é uma fraude. Os ricos dão uma aparência de legitimidade ao controle da sua propriedade e se tornam aptos a gozá-la pacificamente. A desigualdade que gradualmente surge se torna legal e a opressão dos pobres é mantida pela força pública. Hobbes estava certo quando dizia que os homens forçados a fundar a sociedade civil são hostis entre si e afetados por infinitos desejos. (pág.9)
Locke estava certo quando afirmava que o propósito da sociedade civil é proteger a propriedade. Mas estava errado apenas em afirmar que a propriedade pertence à própria natureza humana e que as desigualdades estabelecidas pela sociedade civil são conformes aos verdadeiros padrões da justiça. (pág.9)
Mas todas as sociedades civis lançam esses mandamentos; o direito natural não pode ser a legitimação deles. O homem é naturalmente livre e a sociedade civil retira essa liberdade dele; ele é dependente da lei e a lei se mostra a favor dos ricos — inicialmente, pelo menos, isto significava favorecê-los. (pág.9 e 10)
A sociedade civil não pode se fundar no direito natural; a natureza dita somente o interesse próprio. A natureza é demasiadamente baixa para compreender a sociedade civil; o estudo da natureza leva à sua rejeição enquanto medida, pelo menos para a sociedade. (pág.10)
Visto que a moral não pertence à natureza do homem, ele a deve criar. É o fundamento desse projeto que Rousseau estabelece no Contrato Social; aí, ele tenta resolver o problema colocado pelo conflito entre o indivíduo e o Estado, entre o interesse próprio e o dever. (pág.10)
A solução está o fato de que todo homem se dá inteiramente à comunidade com todos os seus direitos e propriedade. O penhor é realizado para com o todo e não com qualquer indivíduo; desse modo, ninguém se submete ao outro. O contrato é igual, pois cada um dá tudo que tem. (pág.11)
O contrato social cria uma pessoa artificial, o Estado, dotado de uma vontade, tal como uma pessoa natural; o que parece necessário ou desejável a esta pessoa é exigida por ela e o que é exigido pelo todo é lei. A lei é o produto da vontade geral. Cada indivíduo participa na legislação, mas a lei é geral e o indivíduo no seu papel de legislador deve fazer leis que possam conceitualmente ser aplicadas a todos os membros da comunidade. (pág.11)
A sociedade civil é simplesmente um acordo de um grupo de homens, no qual cada um se tornará parte da vontade geral e obediente a ela. Como consequência, cada um permanece livre como era antes, porque não obedece a nada, exceto à sua própria vontade transformada. (pág. 12)

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