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Direito constitucional apostila-04

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Prévia do material em texto

Cibele Fernandes Dias 
 
1 
NACIONALIDADE. DIREITOS POLÍTICOS E PARTIDOS POLÍTICOS. 
ALISTAMENTO. ELEGIBILIDADE E INELEGIBILIDADE. SUSPENSÃO E PERDA 
DOS DIREITOS POLÍTICOS. SUFRÁFIO: NATUREZA E FORMA. PROCESSO 
ELEITORAL. PLEBISCITO. REFERENDUM. INICIATIVA POPULAR.
1
 
 
 
I. DIREITOS DE NACIONALIDADE 
 
a) Conceito de nacionalidade: “vínculo jurídico político que liga um indivíduo a certo e 
determinado Estado, fazendo deste indivíduo um componente do povo”.2 
 
"As hipóteses de outorga da nacionalidade brasileira, quer se trate de nacionalidade primária 
ou originária (da qual emana a condição de brasileiro nato), quer se cuide de nacionalidade 
secundária ou derivada (da qual resulta o status de brasileiro naturalizado), decorrem, 
exclusivamente, em função de sua natureza mesma, do texto constitucional, pois a questão da 
nacionalidade traduz matéria que se sujeita, unicamente, quanto à sua definição, ao poder 
soberano do Estado brasileiro.” (HC 83.113-QO, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 29/08/03) 
 
b) Espécies de nacionalidade: 
1) NACIONALIDADE PRIMÁRIA OU ORIGINÁRIA (12, I, a, b, c, CF – brasileiro 
nato): 
(12, I, a) JUS SOLI: nascidos na República Federativa do Brasil
3
 ainda que de pais 
estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço do seu país. Logo, para que alguém 
nascido no Brasil não seja brasileiro nato, requer-se a conjugação de dois fatores: ambos os 
pais estrangeiros (ius sanguinis) + um dos pais, no mínimo, esteja a serviço do seu país. 
(12, I, b) JUS SANGUINIS + CRITÉRIO FUNCIONAL: os nascidos no estrangeiro de pai 
brasileiro (nato ou naturalizado) ou mãe brasileira (nato ou naturalizado) (ius sanguinis) + o 
pai ou a mãe brasileiro está a serviço da República Federativa do Brasil (critério funcional). 
(12, I, c, na redação da Emenda 54, de 21 de setembro de 2007) “c) os nascidos no 
estrangeiro de pai brasileiro ou de mãebrasileira, desde que sejam registrados em repartição 
brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em 
 
1
 Elaborado pela Professora Cibele Fernandes Dias como plano de aula. Mestre e Doutora em Direito 
Constitucional pela PUC/SP. Professora de Direito Constitucional da FEMPAR (Fundação Escola do Ministério 
Público do Paraná), da ESMAFE (Escola da Magistratura Federal do Paraná), da EMAP (Escola da Magistratura 
Estadual do Paraná) e da ESA/PR (Escola Superior de Advocacia do Paraná). Advogada. 
2
 MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 213. 
3
 Entende-se aqui República Federativa do Brasil como território brasileiro abrangendo “as terras delimitadas 
pelas fronteiras geográficas, o espaço aéreo e o mar territorial; os navios e aeronaves de guerra brasileiros, onde 
quer que se encontrem; os navios mercantes brasileiros em alto-mar ou de passagem em mar territorial 
estrangeiro; e as aeronaves civis brasileiras em vôo sobre o alto-mar ou de passagem sobre águas territorias ou 
espaços aéreos estrangeiros.” CHIMENTI, Ricardo Cunha et al. Curso de direito constitucional. São Paulo: 
Saraiva, 2004. p. 141. 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
2 
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.” Art. 95 do 
ADCT (acrescentado pela Emenda 54/07): “os nascidos no estrangeiro entre 7 de junho de 
1994 e a data da promulgação desta Emenda Constitucional, filhos de pai brasileiro ou mãe 
brasileira, poderão ser registrados em repartição diplomática ou consular brasileira 
competente ou em ofício de registro, se vierem a residir na República Federativa do Brasil." 
Aplica-se aos (1) nascidos de pai brasileiro (nato ou naturalizado) ou mãe brasileira (nato ou 
naturalizado) no exterior, (2) pai brasileiro ou mãe brasileira não estão a serviço do Brasil. 
Na redação originária da Constituição de 1988, os nascidos no exterior de pai brasileiro 
ou mãe brasileira, que não estivessem a serviço da República Federativa do Brasil poderiam 
ser reconhecidos brasileiros natos se (1) fossem registrados em repartição brasileira 
competente no exterior (embaixada ou consulado) ou (2) viessem a residir no Brasil antes da 
maioridade e alcançada esta optassem, a qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira.
4
 Esta 
opção pela nacionalidade brasileira mostrava-se um caminho para o reconhecimento da 
nacionalidade originária àqueles que tivessem nascido no exterior e não tivessem sido lá 
registrados (na embaixada ou consulado brasileiro). Perceba-se, porém, que a opção somente 
poderia ser realizada se o filho de brasileiro (ou brasileira) viesse a residir no país antes da 
maioridade. Isto se constituía uma barreira para a aquisição da nacionalidade brasileira 
àqueles que nascessem no exterior e não fossem registrados na embaixada ou consulado 
brasileiro, porque a residência no Brasil tinha ser antes da maioridade. 
A Emenda Constitucional de Revisão n. 3, de 7 de junho de 1994 modificou a 
redação da alínea c, do art. 12, I, prevendo como brasileiros natos: “os nascidos no 
estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que venham a residir na República 
Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira.” Se de um 
lado a emenda ampliou o instituto da opção, para possibilitá-la aos que viessem a residir no 
Brasil depois da maioridade (a qualquer tempo, antes ou depois da maioridade), restringiu a 
forma de aquisição da nacionalidade pois impediu que os filhos de brasileiros nascidos no 
exterior que não estivessem a serviço da República Federativa do Brasil fossem registrados na 
repartição competente brasileira no exterior (embaixada ou consulado). 
A Emenda 54, de 20 de setembro de 2007 suprimiu a restrição prevista pela Emenda 
Constitucional de Revisão 3, de 1994 porque novamente possibilitou (restaurando o regime 
jurídico da redação originária da Constituição de 1988) o registro de filhos de brasileiros (que 
não estejam a serviço da República Federativa do Brasil) nascidos no exterior em repartição 
competente brasileira (embaixada ou consulado). 
Comparando a Emenda 54 com o regime anterior - da Emenda Constitucional de 
Revisão n. 3/94 - podem ser tiradas duas conclusões: (1) a opção que, antes, era o único 
caminho para o reconhecimento da nacionalidade originária passa, agora, a ser uma via 
opcional, porque o filho do brasileiro (ou da brasileira) poderá ser reconhecido como 
 
4
 “Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em 
repartição brasileira competente, ou venham a residir na República Federativa do Brasil antes da maioridade e, 
alcançada esta, optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira.” 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
3 
brasileiro nato no exterior pela repartição brasileira competente (embaixada ou consulado), (2) 
a nova Emenda não extinguiu a opção provisória que, embora não estivesse prevista 
expressamente na Constituição de 1988, tinha sido reconhecida por força de construção 
jurisprudencial (“Compete à Justiça Federal a apreciação de pedido de transcrição do termo 
de nascimento de menor nascida no estrangeiro, filha de mãe brasileira que não estava a 
serviço do Brasil, por consubstanciar opção provisória de nacionalidade a ser ratificada 
após alcançada a maioridade. STJ – Conflito de competência 18.074/DF – DJU 
17.11.1997). Cabe ainda o registro provisório (opção provisória) destes menores que não 
forem registrados no exterior (na embaixada ou consulado do Brasil) e vierem a residir no 
Brasil antes da maioridade, nos termos do art. 32, §2º, da Lei de Registros Públicos. 
5
 
Comparando a Emenda 54 com o regimeoriginário da Constituição de 1988, percebe-
se que aquela ampliou o instituto da nacionalidade, já que no texto do Poder Constituinte 
Originário, a opção, que já era uma via facultada aos filhos não registrados na embaixada ou 
consulado do Brasil no exterior, somente era possível se a residência no Brasil ocorresse antes 
da maioridade, o que foi modificado já pela Emenda Constitucional de Revisão 3/94, que 
permitiu a residência a qualquer tempo (antes ou depois da maioridade). Ou seja, entre idas e 
vindas, acabamos voltando à redação originária do art. 12, I, c com a ampliação do direito à 
nacionalidade brasileira, porque agora aceita-se a residência a qualquer tempo. 
Cumpre, finalmente, registrar que a Emenda 54 acrescentou o art. 95 no ADCT: “Os 
nascidos no estrangeiro entre 7 de junho de 1994 e a data da promulgação desta Emenda 
Constitucional, filhos de pai brasileiro ou mãe brasileira, poderão ser registrados em 
repartição diplomática ou consular brasileira competente ou em ofício de registro, se vierem 
a residir na República Federativa do Brasil." Esta inovação beneficia aqueles que nasceram 
na data da publicação da Emenda Constitucional de Revisão n. 3, de 1994 (7 de junho de 
1994) e antes da publicação da Emenda 54 (até 20 de setembro de 2007) que poderão ser 
registrados em repartição diplomática ou consular brasileira competente ou em ofício de 
registro (dispensando-se o processo de opção de competência da Justiça Federal) se vierem a 
residir no Brasil. 
Lembre-se que, como dito em sala, a opção (agora restrita às hipóteses em que o indivíduo 
não é registrado no exterior na repartição competente brasileira) é condição confirmativa da 
nacionalidade brasileira e não formativa. Como não existe prazo para a realização da opção, a 
 
5 RE 415957 / RS - RIO GRANDE DO SUL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. Relator(a): Min. 
SEPÚLVEDA PERTENCE. Julgamento: 23/08/2005 Órgão Julgador: Primeira Turma. 
Publicação: DJ 16-09-2005 PP-00026 . EMENT VOL-02205-03 PP-00446. LEXSTF v. 27, n. 322, 2005, p. 
314-324. “Opção de nacionalidade brasileira (CF, art. 12, I, c): menor residente no País, nascido no estrangeiro e 
filho de mãe brasileira, que não estava a serviço do Brasil: viabilidade do registro provisório (L. Reg. Públicos, 
art. 32, § 2º), não o da opção definitiva. 1. A partir da maioridade, que a torna possível, a nacionalidade do filho 
brasileiro, nascido no estrangeiro, mas residente no País, fica sujeita à condição suspensiva da homologação 
judicial da opção. 2. Esse condicionamento suspensivo, só vigora a partir da maioridade; antes, desde que 
residente no País, o menor - mediante o registro provisório previsto no art. 32, § 2º, da Lei dos Registros 
Públicos - se considera brasileiro nato, para todos os efeitos. 3. Precedentes (RE 418.096, 2ª T., 23.2.05, Velloso; 
AC 70-QO, Plenário, 25.9.03, Pertence, DJ 12.3.04).” 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
4 
nacionalidade brasileira é reconhecida com a residência no Brasil. Atingida a maioridade, 
porém, a opção passa a constituir-se condição suspensiva da nacionalidade brasileira. É 
chamada de nacionalidade potestativa (agora nesta única situação do indivíduo não ser 
registrado no exterior como brasileiro) porque depende de um ato de vontade da pessoa em 
declarar sua vontade de conservar a aquisição da nacionalidade brasileira. Segundo Alexandre 
de MORAES, “a aquisição, apesar de provisória, dá-se com a fixação da residência, sendo a 
opção uma condição confirmativa e não formativa de nacionalidade”6. A decisão do juiz 
federal, no processo de jurisdição voluntária, reduz-se à homologação judicial, com efeitos ex 
tunc (à data do nascimento), do ato de opção. 
“Nacionalidade brasileira de quem, nascido no estrangeiro, é filho de pai ou mãe brasileiros, 
que não estivessem a serviço do Brasil: evolução constitucional e situação vigente. Na 
Constituição de 1946, até o termo final do prazo de opção — de quatro anos, contados da 
maioridade —, o indivíduo, na hipótese considerada, se considerava, para todos os efeitos, 
brasileiro nato sob a condição resolutiva de que não optasse a tempo pela nacionalidade 
pátria. Sob a Constituição de 1988, que passou a admitir a opção ‘em qualquer tempo’ — 
antes e depois da ECR 3/94, que suprimiu também a exigência de que a residência no País 
fosse fixada antes da maioridade, altera-se o status do indivíduo entre a maioridade e a 
opção: essa, a opção - liberada do termo final ao qual anteriormente subordinada —, deixa 
de ter a eficácia resolutiva que, antes, se lhe emprestava, para ganhar — desde que a 
maioridade a faça possível — a eficácia de condição suspensiva da nacionalidade brasileira, 
sem prejuízo — como é próprio das condições suspensivas —, de gerar efeitos ex tunc, uma 
vez realizada. A opção pela nacionalidade, embora potestativa, não é de forma livre: há de 
fazer-se em juízo, em processo de jurisdição voluntária, que finda com a sentença que 
homologa a opção e lhe determina a transcrição, uma vez acertados os requisitos objetivos e 
subjetivos dela. Antes que se complete o processo de opção, não há, pois, como considerá-lo 
brasileiro nato. Pendente a nacionalidade brasileira do extraditando da homologação 
judicial ex tunc da opção já manifestada, suspende-se o processo extradicional (CPrCiv art. 
265, IV, a).” (AC 70-QO, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 12/03/04) 
1. A situação de um brasileiro adotar um estrangeiro: na adoção, o estrangeiro adquire a 
nacionalidade brasileira? Sim, nacionalidade originária, porque os filhos adotivos foram 
equiparados aos filhos biológicos (art. 227, §6º, CF). 
2) NACIONALIDADE SECUNDÁRIA, DERIVADA OU ADQUIRIDA (12. II, a, b, CF 
- brasileiro naturalizado): 
NATURALIZAÇÃO ORDINÁRIA (12, II, a): (1) estrangeiros que sejam originários de 
países de língua portuguesa: os requisitos são constitucionais: residência por um ano 
ininterrupto no Brasil + idoneidade moral (2) estrangeiros que não sejam originários de 
 
6
 MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 219. 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
5 
países de língua portuguesa: adquirem a nacionalidade “na forma da lei” que é o Estatuto do 
estrangeiro (art. 112, da Lei 6815/80).
7
 
NATURALIZAÇÃO EXTRAORDINÁRIA (12, II, b) – estrangeiros de qualquer 
nacionalidade: residência no Brasil há mais de quinze anos ininterruptos (quinzenária) + 
ausência de condenação penal + requerimento do interessado. (na redação da Emenda de 
Revisão n. 3/94) 
“O requerimento de aquisição da nacionalidade brasileira, previsto na alínea b do inciso II 
do art. 12 da Carta de Outubro, é suficiente para viabilizar a posse no cargo triunfalmente 
disputado mediante concurso público. Isto quando a pessoa requerente contar com quinze 
anos ininterruptos de residência fixa no Brasil, sem condenação penal. A Portaria de formal 
reconhecimento da naturalização, expedida pelo Ministro de Estado da Justiça, é de caráter 
meramente declaratório. Pelo que seus efeitos hão de retroagir à data do requerimento do 
interessado." (RE 264.848, Rel. Min. Carlos Britto, DJ14/10/05) 
PROCEDIMENTO da NATURALIZAÇÃO (fase administrativa e jurisdicional): (1) 
requerimento do interessado perante o Ministério da Justiça, (2) o Poder Executivo dispõe de 
competência para conceder a naturalização, mediante portaria do Ministro da Justiça (art. 111, 
Lei 6815/80) (3) entrega do certificado de naturalização pelo juiz federal competente (109, X, 
CF).
8
 
 
7
 Art. 112, Lei 6815/80: “São condições para a concessão da naturalização: I – capacidade civil, segundo a lei 
brasileira,II – ser registrado como permanente no Brasil, III – residência contínua no território nacional, pelo 
prazo mínimo de 4 anos, imediatamente anteriores ao pedido de naturalização, IV – ler e escrever a língua 
portuguesa, consideradas as condições do naturalizando, V – exercício de profissão ou posse de bens suficientes 
à manutenção própria e da família, VI – bom procedimento, VII – inexistência de denúncia, pronúncia ou 
condenação no Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja cominada pena mínima de prisão, 
abstratamente considerada superior a 1 ano; e VIII – boa saúde. §1º. Não se exigirá a prova da boa saúde a 
nenhum estrangeiro que residir no País há mais de 2 anos.” Art. 113: “O prazo de residência fixado no art. 
112, item III, poderá ser reduzido se o naturalizando preencher quaisquer das seguintes condições: I – ter filho 
ou cônjuge brasileiro, II – ser filho de brasileiro, III – haver prestado ou poder prestar serviços relevantes ao 
Brasil, a juízo do Ministro da Justiça, IV – recomendar-se por sua capacidade profissional, científica ou 
artística; ou V – ser proprietário, no Brasil, de bem imóvel, cujo valor seja igual , pelo menos... §único. A 
residência será, no mínimo, de 1 ano nos casos dos itens I a III, de 2 anos no do item IV, e de 3 anos, no do item 
V. Art. 114. Dispensar-se-á o requisito da residência, exigindo-se apenas a estada no Brasil por 30 dias, quando 
se tratar: I – de cônjuge estrangeiro casado há mais de cinco anos com diplomata brasileiro em atividade ou II 
– de estrangeiro que, empregado em Missão Diplomática ou em Repartição Consular do Brasil, contar com 
mais de 10 anos de serviços ininterruptos.” 
8
 IV – APERFEIÇOAMENTO DA NATURALIZAÇÃO: Conforme o art. 111, da Lei 6815/80 (Estatuto do 
Estrangeiro), a concessão da naturalização é feita por meio de Portaria do Ministro da Justiça. O art. 119 desta 
Lei estabelece que, após a publicação da Portaria de Naturalização no Diário Oficial da União, o órgão 
competente do Ministério da Justiça (Departamento de Estrangeiros) “emitirá certificado relativo a cada 
naturalizando, o qual será solenemente entregue, na forma fixada em regulamento, pelo Juiz Federal da cidade 
onde tenha domicílio o interessado”. É a entrega solene do certificado de naturalização, pelo juiz federal 
competente, que consagra a efetiva aquisição da nacionalidade brasileira, ou seja, antes da entrega, o indivíduo 
ainda é estrangeiro. O Decreto 86715/81, que regulamenta a Lei 6815/80, determina, no art. 129, que a entrega 
do certificado constará de termo lavrado no livro de audiência, assinado pelo juiz e pelo naturalizado devendo 
este “I – demonstrar que conhece a língua portuguesa, segundo a sua condição, pela leitura de trechos da 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
6 
Como a naturalização é um ato de vontade, pessoal e intransferível, não estende seus 
efeitos para o cônjuge e os filhos já nascidos. 
3) EQUIPARAÇÃO COM BRASILEIRO NATURALIZADO (12, §1º, CF – o 
“português equiparado” ou a “quase nacionalidade” – na redação de Emenda de 
Revisão n.3/94 – Decreto 70391/72 [Convenção sobre igualdade de direitos e deveres 
entre brasileiros e portugueses] foi substituído pelo Decreto 3927/2001 que promulgou o 
Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta entre Brasil e Portugal): 
(1) o título somente pode ser requerido ao Ministério da Justiça por portugueses dotados de 
capacidade civil e admitidos no Brasil em caráter permanente; (2) concede direitos e 
obrigações civis do brasileiro naturalizado na medida da reciprocidade em favor de 
brasileiros
9
; (3) não estabelece um regime de dupla nacionalidade ou nacionalidade comum 
luso-brasileira, porque o “português equiparado” continua sendo estrangeiro (não perde a 
nacionalidade portuguesa e nem adquire a nacionalidade brasileira); (4) para o exercício dos 
direitos políticos (ou seja, para equiparação política), há necessidade de obtenção de igualdade 
civil perante o Ministério da Justiça, prova do gozo de direitos políticos em Portugal, três anos 
de residência mínima no Brasil e requerimento à Justiça Eleitoral (alistamento). Os direitos 
políticos não podem ser usufruídos no Estado de origem e no de residência. Por essa razão, 
assegurado o exercício de direitos políticos no Estado de residência, ficará ele suspenso no 
Estado de origem. O português equiparado não tem os mesmos direitos de um brasileiro 
naturalizado, porque (1) não pode prestar serviço militar, (2) está sujeito à expulsão e 
extradição, esta quando requerida pelo Governo Português, (3) a proteção diplomática no 
exterior é realizada por Portugal e não pelo Brasil. A extinção do benefício da igualdade 
ocorre no caso de expulsão ou de perda da nacionalidade portuguesa. Se perder direitos 
políticos em Portugal, perderá aqui também no Brasil, fazendo com que o titular do estatuto 
pleno passe a gozar apenas da igualdade civil. 
"A norma inscrita no art. 12, § 1º da Constituição da República — que contempla, em seu 
texto, hipótese excepcional de quase-nacionalidade — não opera de modo imediato, seja 
quanto ao seu conteúdo eficacial, seja no que se refere a todas as conseqüências jurídicas que 
dela derivam, pois, para incidir, além de supor o pronunciamento aquiescente do Estado 
brasileiro, fundado em sua própria soberania, depende, ainda, de requerimento do súdito 
português interessado, a quem se impõe, para tal efeito, a obrigação de preencher os 
requisitos estipulados pela Convenção sobre Igualdade de Direitos e Deveres entre 
brasileiros e portugueses." (Extradição 890, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 28/10/04) 
 
 
Constituição, II – declarar, expressamente, que renuncia à nacionalidade anterior, III – assumir o compromisso 
de bem cumprir os deveres de brasileiro.” No certificado de naturalização, serão anotadas a data da prestação do 
compromisso pelo naturalizado e a circunstância de ter sido lavrado o respectivo termo. 
9
 Cláusula do ut des ou de “admissão de reciprocidade” que depende de ato internacional. O Decreto 3927, de 19 
de setembro de 2001 promulgou o Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta entre Brasil e Portugal, 
celebrado em Porto Seguro em 22 de abril de 2000. 
 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
7 
1. (Analista Processual TRF 4ª Região 2004 Fundação Carlos Chagas) (a) A Constituição 
Federal vigente reconhece somente a naturalização expressa, não havendo, pois, qualquer 
hipótese de naturalização tácita. (b) A naturalização tem natureza jurídica de um convênio de 
direito privado, classificado como unilateral, oneroso e internacional. 
 
2. (Juiz Substituto TJ Paraná 2005) Denominam-se apátridas ou heimatlos os que: (a) têm 
dupla nacionalidade, (b) têm múltipla nacionalidade, (c) não tem nacionalidade alguma, (d) não 
tem nacionalidade originária. 
 
3. (Juiz Substituto TRF 2ª Região 2013 CESPE) (a) Com a Emenda Constitucional n.º 
54/2007, passaram a ser considerados brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai e mãe 
brasileiros, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a 
residir no Brasil após atingir a maioridade. (b) Serão considerados brasileiros naturalizados os 
estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes no Brasil há mais de quinze anos 
ininterruptos, mas, com relação aos originários de países de língua portuguesa, a CF prevê 
somente que tenham residência permanente no país como condição para adquirir a 
nacionalidade brasileira. 
 
4. (Juiz Federal Substituto TRF 5ª Região 2013 CESPE) A aquisição da nacionalidade 
primária pode ser voluntária ou involuntária. 
 
5. (Analista Legislativo Assembléia Legislativa Ceará2011 CESPE) O indivíduo que, nascido 
no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, venha a residir no Brasil, ainda menor, passa 
a ser considerado brasileiro nato, estando essa condição sujeita à manifestação da vontade do 
interessado assim que atingir a maioridade. 
 
6. (Juiz Substituto TRF 2ª Região 2011 CESPE) Aos portugueses com idoneidade moral que 
comprovem residência no Brasil durante, pelo menos, um ano ininterrupto devem ser atribuídos 
os direitos inerentes ao brasileiro nato 
 
c) SOMENTE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL pode outorgar tratamento diferenciado 
aos brasileiros natos e naturalizados – matéria sujeita à reserva constitucional absoluta 
(12, §2º, CF): 
 
1. Cargos 
privativos de 
brasileiros 
natos (12, §3º): 
Presidente da 
República e 
Vice; Presidente 
da Câmara dos 
Deputados; 
Presidente do 
1. Extradição, 
expulsão e 
deportação 
(5º, LI e 
LII): 
Brasileiro nato 
não pode sofrer 
extradição 
passiva. 
Brasileiro 
3. Direito de 
propriedade de 
empresa 
jornalística e de 
radiodifusão 
sonora e de sons e 
imagens (222, 
CF): o proprietário 
tem de ser 
brasileiro nato ou 
4. Função no 
Conselho da 
República: (89, 
VII, CF): cargos 
privativos para 6 
(seis) cidadãos 
brasileiros natos. 
5. Perda-punição 
da nacionalidade 
brasileira (12, 
§4º, inc. I, CF): 
somente os 
brasileiros 
naturalizados 
podem perder a 
nacionalidade 
brasileira se 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
8 
Senado Federal; 
Ministro do 
STF; oficial das 
forças armadas; 
membro de 
carreira 
diplomática e 
Ministro de 
Estado da 
Defesa. 
naturalizado 
pode sofrer 
extradição 
passiva em duas 
situações 
excepcionais: (1) 
crime comum 
(desde que não 
seja crime 
político ou de 
opinião) 
praticado antes 
da naturalização 
ou (2) 
participação 
comprovada em 
tráfico ilícito de 
entorpecentes e 
drogas afins. 
Estrangeiro pode 
ser extraditado, 
salvo por (1) 
crime político ou 
por (2) crime de 
opinião. 
Agora, expulsão 
e deportação 
somente cabem 
em relação a 
estrangeiros. 
naturalizado há 
mais de dez anos. 
praticarem 
atividade nociva 
ao interesse 
nacional. 
 
"O brasileiro nato, quaisquer que sejam as circunstâncias e a natureza do delito, não pode ser 
extraditado, pelo Brasil, a pedido de Governo estrangeiro, pois a Constituição da República, 
em cláusula que não comporta exceção, impede, em caráter absoluto, a efetivação da entrega 
extradicional daquele que é titular, seja pelo critério do jus soli, seja pelo critério do jus 
sanguinis, de nacionalidade brasileira primária ou originária. Esse privilégio constitucional, 
que beneficia, sem exceção, o brasileiro nato (CF, art. 5º, LI), não se descaracteriza pelo fato 
de o Estado estrangeiro, por lei própria, haver-lhe reconhecido a condição de titular de 
nacionalidade originária pertinente a esse mesmo Estado (CF, art. 12, § 4º, II, a). Se a 
extradição não puder ser concedida, por inadmissível, em face de a pessoa reclamada ostentar 
a condição de brasileira nata, legitimar-se-á a possibilidade de o Estado brasileiro, mediante 
aplicação extraterritorial de sua própria lei penal (CP, art. 7º, II, b, e respectivo § 2º) — e 
considerando, ainda, o que dispõe o Tratado de Extradição Brasil/Portugal (Artigo IV) —, 
fazer instaurar, perante órgão judiciário nacional competente (CPP, art. 88), a concernente 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
9 
persecutio criminis, em ordem a impedir, por razões de caráter ético-jurídico, que práticas 
delituosas, supostamente cometidas, no exterior, por brasileiros (natos ou naturalizados), 
fiquem impunes." (HC 83.113-QO, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 29/08/03) 
 
"O repúdio ao terrorismo: um compromisso ético-jurídico assumido pelo Brasil, quer em face 
de sua própria Constituição, quer perante a comunidade internacional. Os atos delituosos de 
natureza terrorista, considerados os parâmetros consagrados pela vigente Constituição da 
República, não se subsumem à noção de criminalidade política, pois a Lei Fundamental 
proclamou o repúdio ao terrorismo como um dos princípios essenciais que devem reger o 
Estado brasileiro em suas relações internacionais (CF, art. 4º, VIII), além de haver qualificado 
o terrorismo, para efeito de repressão interna, como crime equiparável aos delitos hediondos, 
o que o expõe, sob tal perspectiva, a tratamento jurídico impregnado de máximo rigor, 
tornando-o inafiançável e insuscetível da clemência soberana do Estado e reduzindo-o, ainda, 
à dimensão ordinária dos crimes meramente comuns (CF, art. 5º, XLIII). A Constituição da 
República, presentes tais vetores interpretativos (CF, art. 4º, VIII, e art. 5º, XLIII), não 
autoriza que se outorgue, às práticas delituosas de caráter terrorista, o mesmo tratamento 
benigno dispensado ao autor de crimes políticos ou de opinião, impedindo, desse modo, que se 
venha a estabelecer, em torno do terrorista, um inadmissível círculo de proteção que o faça 
imune ao poder extradicional do Estado brasileiro, notadamente se se tiver em consideração a 
relevantíssima circunstância de que a Assembléia Nacional Constituinte formulou um claro e 
inequívoco juízo de desvalor em relação a quaisquer atos delituosos revestidos de índole 
terrorista, a estes não reconhecendo a dignidade de que muitas vezes se acha impregnada a 
prática da criminalidade política." (Ext 855, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 26-8-
04, DJ de 1º-7-05 
 
“Não há incompatibilidade absoluta entre o instituto do asilo político e o da extradição 
passiva, na exata medida em que o Supremo Tribunal Federal não está vinculado ao juízo 
formulado pelo Poder Executivo na concessão administrativa daquele benefício regido pelo 
Direito das Gentes. Disso decorre que a condição jurídica de asilado político não suprime, só 
por si, a possibilidade de o Estado brasileiro conceder, presentes e satisfeitas as condições 
constitucionais e legais que a autorizam, a extradição que lhe haja sido requerida. O 
estrangeiro asilado no Brasil só não será passível de extradição quando o fato ensejador do 
pedido assumir a qualificação de crime político ou de opinião ou as circunstâncias subjacentes 
à ação do Estado requerente demonstrarem a configuração de inaceitável extradição política 
disfarçada.” (Ext 524, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 31-10-90, DJ de 8-3-91). 
 
EXTRADIÇÃO PASSIVA (5º, LI e LII, CF), EXPULSÃO E DEPORTAÇÃO – 
QUADRO PARA LEITURA: 
(a) Conceito de extradição: “ato pelo qual um Estado entrega um indíviduo, acusado de um 
delito ou já condenado como criminoso, à justiça do outro, que o reclama, e que é 
competente para julgá-lo e puni-lo.”10 
(b) Competência originária do STF (Plenário) para deliberar sobre a extradição passiva 
 
10
 MORAES, Direito constitucional..., op. cit., p. 113. 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
10 
(102, I, g, CF) 
(c) CF trata da extradição passiva: (1) o brasileiro nato nunca poderá ser extraditado, (2) o 
brasileiro naturalizado poderá ser extraditado: pela prática de crime comum praticado antes 
da naturalização (desde que não seja crime político ou crime de opinião) ou participação 
comprovada em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei, 
independentemente do momento do fato; (3) o estrangeiro poderá ser extraditado, havendo 
vedação somente em relação aos crimes políticos (não há definição legal, o Supremo Tribunal 
Federal avalia se o crime destina-se a atentar, efetiva ou potencialmente, contra a soberania 
nacional ea estrutura política do país)
11
 e de opinião. 
(d) Requisitos formais para a extradição passiva (artigos 76 a 94, Lei 6815/80; Decreto 
86715/81 e Regimento Interno do STF)
12
: (1) o pedido extradicional somente será atendido 
se estiver fundamentado em tratado internacional ou quando, inexistente este, o Estado 
estrangeiro promete reciprocidade de tratamento ao Brasil (art. 76, Lei 6815/80), (2) 
existência de título penal condenatório ou de mandado de prisão emanados de juiz, tribunal ou 
autoridade competente do Estado estrangeiro, (3) ocorrência de dupla tipicidade, (4) 
inocorrência de prescrição da pretensão punitiva ou executória pelas leis brasileiras e pela lei 
do Estado estrangeiro, (5) ausência de caráter político da infração, (6) o extraditando não 
estiver respondendo a processo ou não ter sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo 
fato em que se fundar o pedido, (7) não-sujeição do extraditando a julgamento por tribunal ou 
juízo de exceção, (8) não cominar a lei brasileira ao crime pena igual ou inferior a um ano de 
prisão, (9) compromisso formal do Estado requerente de: (a) não ser o extraditando preso ou 
processado por fatos anteriores ao pedido, (b) efetuar a detração penal, (c) comutar a pena de 
morte e a de prisão perpétua
13
 por pena privativa de liberdade com o prazo máximo de 30 
anos, com exceção do art. 5º, XLVII, da CF (pena de morte em caso de guerra declarada), (d) 
não agravar a pena ou a situação do extraditando por motivos políticos, (e) não efetuar ou 
conceder a reextradição sem o consentimento do Brasil (art. 91, da Lei 6815/90).
14
 
(e) Procedimento da extradição passiva: (1) pedido feito pelo Governo do Estado 
estrangeiro, por via diplomática, ao Presidente da República (84, VII, CF), (2) o Presidente da 
 
11
 O STF tem levado em conta o “critério da preponderância” para afastar a extradição, ou seja, nos crimes 
“preponderamente políticos”, ou crimes políticos relativos aqueles praticados com a finalidade de contestar a 
ordem econômica e social como a participação simples em bando armado ou o roubo de armas, veículos e 
dinheiro com aquele objetivo. STF. Extradição 694-1, Relator Ministro Sydney Sanches, DJU 22.8.97. O art. 77, 
§3º, da Lei 6815/80 prevê que o STF poderá deixar de considerar crimes políticos os atentados contra Chefes de 
Estado ou quaisquer autoridades, bem como os atos de anarquismo, terrorismo, sabotagem, seqüestro de pessoa, 
ou que importem propaganda de guerra ou de processos violentos para subverter a ordem política ou social. 
12
 A extradição ativa (solicitada pelo Brasil) aplica-se a brasileiros (natos ou naturalizados). O procedimento 
interno para a extradição ativa é indicado pelo Art. 20 do Decreto-Lei 394 (28.04.1938): o pedido de extradição 
deve ser dirigido ao Ministério da Justiça, que o examinará e, se o julgar procedente, encaminhá-lo-á ao 
Ministério das Relações Exteriores para formalização da solicitação, acompanhado de textos da lei brasileira 
referentes ao crime praticado, à pena aplicável e à sua prescrição, e de dados ou informações que esclareçam 
devidamente o pedido. O Ministério da Justiça poderá solicitar a prisão preventiva do extraditando. 
13
 O STF aceitou por muito tempo a possibilidade de extradição passiva ainda que o Estado Estrangeiro previsse 
a pena de prisão perpétua. A partir da Extradição 855 (julgada em 26.8.2004, DJ de 1.7.2005, Relator Ministro 
Celso de Mello) o STF passou a exigir a comutação da pena de prisão perpétua em face de nova interpretação do 
art. 5º, inc. XLVII, b, da CF. 
14
 MORAES, Direito constitucional..., op. cit., p. 115-116. 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
11 
República o encaminha ao STF (102, I, g, CF) que decidirá, por meio do Tribunal Pleno, 
sobre sua legalidade, (3) a prisão administrativa decretada pelo Ministro da Justiça não foi 
recepcionada pela nova ordem constitucional (5º, LXI, CF), a competência para a prisão 
preventiva para a extradição é do Ministro-Relator sorteado que se torna prevento para 
condução do processo extradicional, (4) o processo extradicional não comporta dilação 
probatória em face do ônus do Estado estrangeiro de apresentar todos os elementos de 
instrução documental em função das exigências jurídicas brasileiras (Súmula 692 do STF: 
“Não se conhece de habeas corpus contra omissão de relator de extradição, se fundado em 
fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos autos, nem foi ele provocado a 
respeito”), (5) não há possibilidade do extraditando renunciar ao processo extradicional, a sua 
concordância em retornar ao seu país não dispensa o controle da legalidade do pedido, (6) a 
entrega do extraditando - que esteja sendo processado criminalmente no Brasil, ou que haja 
sofrido condenação penal imposta pela Justiça brasileira - depende, em princípio, da 
conclusão do processo ou do cumprimento da pena privativa de liberdade, exceto se o 
Presidente da República, com apoio em juízo discricionário, de caráter eminentemente 
político, fundado em razões de oportunidade, conveniência e/ou utilidade, exercer, na 
condição de Chefe de Estado, a prerrogativa excepcional que lhe permite determinar a 
imediata efetivação da ordem extradicional (Estatuto do Estrangeiro, art. 89, "caput", "in 
fine")
15
, (6) a decisão do STF vincula o Presidente da República quando contrária à 
extradição; já se o STF decidir pela sua possibilidade, o Presidente, discricionariamente, 
decide se extradita ou não. 
(f) Sistema extradicional de controle limitado com predominância da atividade 
jurisdicional (sistema belga a que se filiou a lei extradicional brasileira): via de regra, o 
Supremo Tribunal Federal não adentra no mérito do pedido de extradição (se, à luz das 
provas, a acusação formulada pelo Estado estrangeiro é procedente) somente examina seus 
pressupostos legais extrínsecos, salvo nas hipóteses da (1) análise da ocorrência de prescrição 
penal, (2) observância do princípio da dupla tipicidade ou da (3) configuração política do 
delito, ainda assim, conforme a versão dos fatos do Estado requerente.
16
 
(g) Princípio da especialidade e pedido de extensão: Este princípio significa que o 
extraditado somente pode ser processado e julgado pelo país estrangeiro pelo delito objeto do 
pedido de extradição (91, I, Lei 6815/80). Admite-se, contudo, o pedido de extensão quando o 
Estado estrangeiro pede para processar o extraditando por crime que ele tenha cometido antes 
da extradição e diferente daquele que a motivou. 
 
15
 Extradição 811/Peru. Relator: Ministro Celso de Mello. Julgamento: 04/09/92. Tribunal Pleno. 
16
 “O modelo extradicional vigente no Brasil - que consagra o sistema de contenciosidade limitada, fundado em 
norma legal (Estatuto do Estrangeiro, art. 85, § 1º) reputada compatível com o texto da Constituição da 
República (RTJ 105/4-5 - RTJ 160/433-434 - RTJ 161/409-411 - Ext 804/Alemanha) - não autoriza que se 
renove, no âmbito da ação de extradição passiva promovida perante o Supremo Tribunal Federal, o litígio penal 
que lhe deu origem, nem que se efetive o reexame do quadro probatório ou a discussão sobre o mérito da 
acusação ou da condenação emanadas de órgão competente do Estado estrangeiro. Doutrina. Precedentes. 
VALIDADE CONSTITUCIONAL DO ART. 85, § 1º DA LEI Nº 6.815/80. - As restrições de ordem temática, 
estabelecidas no Estatuto do Estrangeiro (art. 85, § 1º) - cuja incidência delimita, nas ações de extradição 
passiva, o âmbito material do exercício do direito de defesa -, não são inconstitucionais, nem ofendem a garantia 
da plenitude de defesa, em face da natureza mesma de que se reveste o processo extradicional no direitobrasileiro. Precedentes.” Extradição 811/Peru. 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
12 
(h) Súmula 421 do Supremo Tribunal Federal: Não impede a extradição a circunstância de 
ser o extraditando casado com brasileira ou ter filho brasileiro. 
 
(i) EXPULSÃO (artigos 65 a 75, Lei 6815/80): (1) retirar forçosamente um estrangeiro que 
pratica atentados à segurança nacional, ordem política ou social, tranqüilidade ou moralidade 
pública, economia popular ou cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e aos 
interesses nacionais ordem jurídica no país em que se encontra, (2) não exige requerimento de 
país estrangeiro, porque o fato motivador aconteceu no Brasil, devendo a expulsão processar-
se ex officio da autoridade nacional, (2
a
) assim, o Ministério da Justiça instaura inquérito, 
cabendo, exclusivamente, ao Presidente da República resolver sobre a conveniência e 
oportunidade da expulsão (art. 66, da Lei 6815/80), (3) pode efetivar-se ainda que haja 
processo penal ou tenha ocorrido condenação. Os órgãos do Ministério Público devem 
remeter ao Ministério de Justiça, de ofício, até 30 dias após o trânsito em julgado, cópia da 
sentença penal condenatória de estrangeiro autor de crime doloso ou de qualquer crime contra 
a segurança nacional, ordem política ou social, economia popular, moralidade ou saúde 
pública, assim como cópia da folha de antecedentes penais constantes dos autos para a 
instauração de processo administrativo de expulsão, (4) Não se concederá expulsão quando: 
(a) implicar extradição inadmitida pela lei brasileira; (b) o estrangeiro tiver cônjuge brasileiro, 
do qual não esteja divorciado ou separado, de fato ou de direito, e desde que o casamento 
tenha sido celebrado há mais de cinco anos ou tiver filho brasileiro que esteja sob sua guarda 
e dependência econômica – Súmula nº 1 do STF – “É vedada a expulsão de estrangeiro 
casado com brasileira, ou que tenha filho brasileiro, dependente de economia paterna” e art. 
75, II, a da Lei 6815/80. Cabe controle jurisdicional, por intermédio de habeas corpus, do ato 
expulsório porque a discricionariedade do Presidente da República é mitigada. O controle 
jurisdicional abrange o exame da regularidade formal da expulsão e sua legitimidade jurídico-
constitucional. 
 
(j) DEPORTAÇÃO (artigos 57 a 64, Lei 6815/90): (1) saída compulsória do estrangeiro 
pelo fato de entrar ou permanecer irregular em território nacional (art. 5º, XV, CF), não 
decorrendo da prática de delito em território nacional, mas tão-somente do não cumprimento 
de requisitos de entrada e permanência no território nacional quando o estrangeiro não se 
retira no prazo determinado, (2) não se dará deportação se esta implicar extradição vedada 
pela lei brasileira. O estrangeiro deportado somente pode reingressar no território nacional se 
ressarcir ao Tesouro Nacional das despesas com a sua deportação e, se for o caso, efetuar o 
pagamento da multa devida à época, também corrigida. 
 
(l) Existe deportação ou expulsão de brasileiro? (art. 5º, XLVII, d, CF) Não, porque a 
Constituição Federal proíbe o banimento, que é o envio compulsório de brasileiro para o 
exterior em caráter de pena. 
 
(m) ENTREGA (surrender) (art. 89, do Estatuto de Roma – Decreto 4388/2002): (1) 
entrega do indivíduo ao Tribunal Penal Internacional. Qualquer um pode ser entregue pelo 
Brasil ao TPI, ou seja, brasileiro nato, brasileiro naturalizado ou estrangeiro. A 
constitucionalidade da entrega de brasileiro nato está pendente de apreciação pelo Supremo 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
13 
Tribunal Federal. 
 
7. (Analista Processual TRF 4ª Região 2004 Fundação Carlos Chagas) (a) Aos brasileiros 
natos e naturalizados não se aplica rigorosamente o princípio da isonomia, porque a lei 
ordinária pode estabelecer distinção entre ambos. (b) os cargos de Ministro e de oficial das 
Forças Armadas, entre outros, podem ser providos tanto por brasileiros natos como 
naturalizados. 
 
8. (Analista Legislativo Assembleia Legislativa Ceará 2011 – CESPE) O brasileiro 
naturalizado pode ser eleito senador, mas não poderá ocupar o cargo de presidente do Senado, 
privativo de brasileiro nato. 
 
9. (Juiz Substituto TRF 5ª Região 2007) A Constituição Federal exige a condição de brasileiro 
nato ao ocupante dos cargos de ministro do STF e de procurador-geral da República. 
 
10. (Delegado da Polícia Federal 2003 CESPE) A propósito da condição jurídico-
constitucional de brasileiros e estrangeiros, à luz da Constituição da República vigente, julgue 
os seguintes itens: (a) A extradição, processo de entrega de um indivíduo, por um Estado a 
pedido de outro para, neste, responder processo penal ou cumprir pena, não se aplica ao 
brasileiro nato. 
 
11. (Juiz Substituto TRF 5ª Região 2007 CESPE) O brasileiro nato não pode ser extraditado 
pelo governo brasileiro a pedido de governo estrangeiro, a menos que o país requerente 
igualmente lhe tenha concedido nacionalidade originária. 
 
12. (Juiz Substituto TRF 2ª Região 2009 CESPE) É privativa de brasileiro nato a propriedade 
de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens. 
 
d) Regras constitucionais relativas aos estrangeiros: 
1. Possibilidade de nomeação para cargos, 
empregos e funções públicas desde que haja 
expressa previsão legal e ausência de 
proibição constitucional (37, I, CF) 
2. Possibilidade de adoção na forma da lei 
(227, §5º, CF) 
3. Impossibilidade de o estrangeiro (pessoa 
física) ser proprietário de empresa 
jornalística ou de radiodifusão sonora e de 
sons e imagens (222, CF) 
4. Impossibilidade de realizarem atividade 
de pesquisa e lavra de recursos minerais e 
o aproveitamento dos potenciais de energia 
hidráulica (176, §1º, CF) 
 
13. (Juiz Substituto TJ Paraná 03) O acesso aos cargos públicos é facultado apenas aos 
brasileiros. 
 
14. (Delegado da Polícia Federal 2003 CESPE) Os estrangeiros podem ocupar função ou 
emprego público no Brasil. 
 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
14 
a) PERDA DA NACIONALIDADE BRASILEIRA 
O ato que determina a perda da nacionalidade tem efeito constitutivo. Por isso, a perda 
não é automática, requer um ato específico que a determine, após apuração da causa, em 
processo específico. Os efeitos da perda são, sempre, ex nunc. 
 
“A perda da nacionalidade brasileira, por sua vez, somente pode ocorrer nas hipóteses 
taxativamente definidas na Constituição da República, não se revelando lícito, ao Estado 
brasileiro, seja mediante simples regramento legislativo, seja mediante tratados ou 
convenções internacionais, inovar nesse tema, quer para ampliar, quer para restringir, 
quer, ainda, para modificar os casos autorizadores da privação — sempre excepcional — 
da condição político-jurídica de nacional do Brasil.” (HC 83.113-QO, Rel. Min. Celso de 
Mello, DJ 29/08/03) 
 
(1) PERDA -MUDANÇA que atinge brasileiros natos e naturalizados (12, §4º, II): 
(a) Requisitos: (1) aquisição de nacionalidade secundária estrangeira (exemplo: se naturaliza 
americano) + (2) por um ato voluntário (que não se enquadra como naturalização-imposição) 
(b) Procedimento: perda efetivada por meio de procedimento administrativo no Ministério da 
Justiça, oficializada por Portaria do Ministro da Justiça
17
 com efeitos ex nunc. 
 
O art. 36, da Lei 818/49 estabelece ser possível a reaquisição da nacionalidade 
brasileira, a ser efetivada por meio de decreto do Presidente da República, desde que a 
pessoa venha a residir no Brasil e fique provado que ela não tenha eleito outra 
nacionalidade para eximir-se do cumprimento de dever legal que estaria obrigado se 
conservasse brasileiro. A perda da nacionalidade não tem, portanto, caráterirreversível. Trata-se, porém, de dispositivo anterior à Constituição Federal. Já José 
Afonso da SILVA considera aplicável o art. 36, da Lei 818/49, mas de forma que se a 
condição originária era de brasileiro nato, voltará a ostentá-la, se, por contrário, fosse 
brasileiro naturalizado, retornará a essa situação. 
 
(1a) CONFLITO POSITIVO DE NACIONALIDADE ou POLIPATRÍDIA - (12, §4º, II, 
a, b, na redação da EC de revisão n. 3/94) 
 
(2) PERDA-PUNIÇÃO que atinge somente brasileiros naturalizados (12, §4º, I e 15, I, 
CF): 
(a) Requisitos constitucionais: prática de atividade nociva ao interesse nacional + 
cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado de competência da 
justiça federal (109, X, CF). 
 
17
 A competência é do Presidente da República para decidir sobre a perda da nacionalidade mediante decreto. 
Todavia, o Decreto 3453, de 9 de maio de 2000 prevê a delegação desta função ao Ministro da Justiça: 
“Art. 1o Fica delegada competência ao Ministro de Estado da Justiça, vedada a subdelegação, para declarar a 
perda e a reaquisição da nacionalidade brasileira nos casos previstos nos arts. 12, § 4
o
, inciso II, da 
Constituição, e 22, incisos I e II, e 36 da Lei n
o
 818, de 18 de setembro de 1949.” 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
15 
(b) Procedimento: perda efetivada por processo judicial de competência da Justiça Federal, 
oficializada por sentença judicial transitada em julgado na ação de cancelamento da 
naturalização de legitimidade exclusiva do Ministério Público Federal. 
 
Ação de cancelamento de naturalização (Lei 818/49) – o único legitimado é o Ministério 
Público Federal que imputará ao brasileiro naturalizado prática de atividade nociva ao 
interesse nacional. Não há uma tipicidade específica de quais são os atos que importam 
nocividade ao interesse nacional. A perda da nacionalidade somente ocorre após o trânsito 
em julgado da sentença condenatória (efeitos ex nunc, deixando de ser brasileiro a partir 
do trânsito em julgado da sentença). Segundo Francisco Xavier da SILVA GUIMARÃES, 
“tem o cancelamento, portanto, natureza jurídica de ato constitutivo negativo, o que faz 
pressupor a validade da naturalização concedida”, de forma que “dá-se o cancelamento 
por ato tido como lesivo aos interesses nacionais praticados após a naturalização válida, 
com conotações de efeito punitivo.”18 A reaquisição da nacionalidade brasileira, nessa 
hipótese, somente é possível com a rescisão da sentença, nunca por novo procedimento de 
naturalização. 
 
15. (Delegado da Polícia Federal 2003 CESPE) O naturalizado por sentença judicial definitiva 
não poderá perder a nacionalidade brasileira, ainda que venha a praticar atos terroristas em 
território nacional. 
 
16. (Analista Processual TRF Quarta Região 2004 Fundação Carlos Chagas) O brasileiro 
pode perder sua nacionalidade quando tiver cancelada sua naturalização por decisão judicial ou 
administrativa federal. 
 
17. (Procurador do Banco Central 2009 ESAF) (a) Uma vez perdida a nacionalidade 
brasileira, por decisão judicial transitada em julgado, o indivíduo poderá readquiri-la por meio 
de decisão favorável em ação rescisória ou por intermédio de novo procedimento de 
naturalização. (b) A perda da nacionalidade brasileira pode decorrer de ato do ministro da 
Justiça ou de decisão judicial e tem como consequência o retorno do indivíduo à situação de 
estrangeiro. 
 
(3) PERDA DA NACIONALIDADE POR MEIO DE INVALIDAÇÃO 
ADMINISTRATIVA DA NATURALIZAÇÃO (art. 112, §§2º e 3º, Lei 6815/80): 
(a) Pressuposto: verificação de falsidade ideológica ou material de qualquer dos requisitos 
exigidos no art. 112, da Lei 6815/80 para a naturalização. 
(b) Procedimento: invalidação administrativa do ato de naturalização sem prejuízo da ação 
penal cabível pela infração cometida por meio de Portaria do Ministro da Justiça. 
 
18
 GUIMARÃES, Francisco Xavier da Silva. Nacionalidade: aquisição, perda e reaquisição. 2. ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2002. p. 104. 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
16 
 
VI. DIREITOS POLÍTICOS 
1. DIREITOS POLÍTICOS (POSITIVOS): direitos públicos subjetivos que permitem o 
exercício concreto da liberdade de participação nos negócios políticos do Estado, de maneira 
a conferir os atributos da cidadania.
19
 
2) ESPÉCIES: direito de sufrágio (que compreende alistabilidade [votar em eleições, 
plebiscitos e referendos] e elegibilidade), iniciativa popular de lei, ação popular e organização 
e participação em partidos políticos. 
3) SUFRÁFIO: envolve o direito de votar (capacidade eleitoral ativa ou alistabilidade) e o 
direito de ser votado (capacidade eleitoral passiva ou elegibilidade). O sufrágio é universal 
(alistamento + nacionalidade + idade), não é restrito (censitário ou capacitário) (14, caput, 
CF) 
a) CAPACIDADE ELEITORAL ATIVA: voto
20
 – obrigatório (para os maiores de 18 anos 
e menores de 70 anos que sejam alfabetizados) e facultativo (maiores de 16 anos e menores 
de 18 anos; maiores de 70 anos ou analfabetos) (14, §1º, I e II, CF) 
b) CAPACIDADE ELEITORAL PASSIVA ou ELEGIBILIDADE como a “capacidade 
para pleitear mandatos políticos mediante eleição popular ou eleição indireta na 
hipótese do art. 81, CF” (14, §3º): não basta ser eleitor para poder se eleger. É o caso dos 
analfabetos: detém capacidade eleitoral ativa, mas não podem se eleger (art. 14, §4º, CF). 
(b1) Requisitos para o exercício da capacidade eleitoral passiva: (1) preencher as 
CONDIÇÕES GERAIS DE ELEGIBILIDADE previstas no art. 14, §3º 
21
 + (2) NÃO 
incidir em nenhuma hipótese de INELEGIBILIDADE (seja absoluta ou relativa).
22
 
 
IMPOSSIBILIDADE DE CANDIDATURA AVULSA: 
 
LEGITIMADOS PARA PEDIR O REGISTRO DOS CANDIDATOS (art. 11, Lei 9504/97) 
Pedido avulso de registro da candidatura (art. 11, par. 4º, Lei 9504/97: “na hipótese de o 
 
19
 MORAES, op. cit., p. 232. 
20
 O voto pode ser exercido não só nas eleições, mas também em plebiscitos e referendos (49, XV, CF). 
21
 A filiação partidária deve ser realizada, segundo o art. 18, da LOPP, em até um ano antes da data fixada para a 
eleição visada (primeiro domingo de outubro). O TSE tem entendido que esse prazo de um ano da filiação conta-
se inclusive no último dia, mesmo que caia em sábado, domingo ou feriado. Assim, por exemplo, a data para as 
eleições de 2002 caiu no dia 6.10.2002, logo, o prazo para filiação partidária deveria ser até 06.10.2001, 
inclusive. Assim, no dia 06.10.2001 terminou o prazo para os partidos aprovarem formalmente as filiações de 
candidatos para as eleições gerais de 2002. A idéia mínima é na data da posse, segundo art. 11, §2º, da Lei 
9504/97, o que para muitos doutrinadores é inconstitucional já que é no registro da candidatura que nasce 
juridicamente a elegibilidade, ou seja, que alguém que se torna capaz passivamente como pré-candidato. 
22
 Sumula Nº 20, do TSE - Publicada no DJ de 21, 22 e 23/8/2000: “A falta do nome do filiado ao partido na 
lista por este encaminhada à Justiça Eleitoral, nos termos do art. 19 da Lei 9.096, de 19.9.95, pode ser suprida 
por outros elementos de prova de oportuna filiação.” 
 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
17 
partido ou coligação não requerer o registro de seus candidatos, estes poderão fazê-lo perante 
a Justiça Eleitoral, observado o prazo máximo de quarenta e oito horas seguintes à 
publicação da lista dos candidatos pela justiça eleitoral.)” 
ADI – 1465 – Informativo 377 – Comunicação de nova filiação a partido e 
constitucionalidade 
O Tribunal julgou improcedente pedido de ação diretade inconstitucionalidade proposta pelo 
Partido da Frente Liberal - PFL contra a parte final do parágrafo único do art. 22 da Lei 
9.096/95, que exige que a nova filiação a outro partido seja comunicada ao primeiro partido e 
ao juiz da respectiva Zona Eleitoral, para fins de cancelamento, sob pena de anulação de 
ambas as filiações. Salientando a existência de distinção doutrinária entre liberdade interna e 
externa dos partidos políticos, esta concernente à relação do Estado com o partido, e aquela 
traduzida como exclusão de qualquer controle quanto à "democraticidade" interior ou 
ideológica de um partido, afastou-se a alegada ofensa ao princípio da autonomia partidária 
(CF, art. 17, § 1º). Entendeu-se que a questão relativa à dupla filiação não se insere no âmbito 
da citada liberdade interna, tratando-se, no caso, de ordenação normativa relativa a dois ou 
mais partidos, que tem como escopo evitar a interferência de normas internas de um partido em 
outro. Asseverou-se, ainda, que a duplicidade de filiações é vedada em face do princípio 
constitucional da fidelidade partidária, cuja inobservância ofenderia sensivelmente o sistema 
eleitoral. Rejeitou-se, por fim, a assertiva de que a nulidade das filiações, decorrente da dupla 
filiação, acrescentaria nova espécie de inelegibilidade não prevista na CF, já que a filiação é 
pressuposto de elegibilidade, e não de inelegibilidade, isto é, para que alguém se torne 
inelegível há de ser, antes, elegível. 
 
REGRA ESPECIAL DE FILIAÇÃO PARTIDÁRIA PARA OS MEMBROS DO 
MINISTÉRIO PÚBLICO, TRIBUNAL DE CONTAS E MAGISTRADOS: 
 
"RECURSO ORDINÁRIO. ELEIÇÃO 2006. IMPUGNAÇÃO. CANDIDATO. DEPUTADO 
FEDERAL. MEMBRO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. DESINCOMPATIBILIZAÇÃO. PRAZO. 
INOCORRÊNCIA. INELEGIBILIDADE. RECURSO DESPROVIDO. Os magistrados, os 
membros dos tribunais de contas e os do Ministério Público devem filiar-se a partido político e 
afastar-se definitivamente de suas funções até seis meses antes das eleições. (Art. 13, da 
Resolução TSE n. 22.156, de 13.3.2006)" (RO n. 993, Rei. Min. César Asfor Rocha, Sessão de 
21.9.2006). 
"MAGISTRADOS. FILIAÇÃO PARTIDÁRIA. DESINCOMPATIBILIZAÇÃO. Magistrados e 
membros dos tribunais de contas, por estarem submetidos à vedação constitucional de filiação 
partidária, estão dispensados de cumprir o prazo de filiação fixado em lei ordinária, devendo 
satisfazer tal condição de elegibilidade até seis meses antes das eleições, prazo de 
desincompatibilização estabelecido pela Lei Complementar n. 64190" (Res. n. 19.978, Rel. Min. 
Costa Leite, DJ 21.10.1997). 
 
A INCONSTITUCIONALIDADE DA CANDIDATURA NATA 
 CANDIDATURA NATA (art. 8º, par. 1º, Lei 9504/97): “Aos detentores de mandato 
de deputado federal, estadual ou distrital, ou de vereador, e aos que tenham exercido 
esses cargos em qualquer período da legislatura que estiver em curso, é assegurado o 
registro de candidatura para o mesmo cargo pelo partido a que estejam filiados.” 
ADIMC 2530-9, julgada em 24.2.02, DJ 21.11.03 
 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
18 
4) REGIME DE GOVERNO DEMOCRÁTICO (1º, §único, 17, caput, CF): 
(a) Democracia indireta ou representativa (regra) e democracia direta ou de participação 
(exceção) 
(a) Institutos de democracia direta ou de participação: 
(1) Participação em plebiscitos (14, I; 18, §§3º, 4º, CF), referendos (14, II) e iniciativa 
popular de leis (14, III; 27, §4º, 28, XIII e 61, §2º, CF); 
(2) Ajuizamento de ação popular (5º, LXXIII, CF) 
(3) O contribuinte pode examinar e questionar a legitimidade das contas dos Municípios 
que deverão ficar a sua disposição durante sessenta dias anualmente, nos termos da lei 
(31, §3º, CF) 
(4) Cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para denunciar 
irregularidades ou ilegalidade perante o Tribunal de Contas da União, na forma da lei 
(74, §2º, CF) 
(5) Participação do usuário na administração pública direta e indireta (37, §3º) mediante 
o exercício do (a) direito de reclamação em relação à prestação de serviços públicos e (b) 
acesso a registros administrativos e informações sobre atos de governo, observado o art. 
5º, X e XXXIII a serem disciplinados por via de lei. 
 
18. (Juiz Substituto TRF 2ª Região 2013 CESPE) (a) A idade mínima é requisito de 
elegibilidade, exigindo-se, no caso de candidatos a prefeito, vice-prefeito, vereador e juiz de 
paz, a idade de vinte e um anos no momento do registro da candidatura na justiça eleitoral. (b) 
No Brasil, o alistamento eleitoral depende da iniciativa do nacional que preencha os requisitos 
constitucionais e legais exigidos, não havendo inscrição de ofício por parte da autoridade 
judicial eleitoral. 
 
19. (Juiz Substituto TRF 2ª Região 2011 CESPE) O brasileiro nato adquire plena capacidade 
eleitoral passiva aos trinta anos, idade mínima exigida de candidato a presidente e a vice-
presidente da República 
 
20. (Procuradoria do Estado do Paraná 2002) A Constituição de 1988 consagra um regime de 
democracia representativa absolutamente incompatível com qualquer forma de democracia 
direta ou de identidade. 
 
21. (Procuradoria do Estado do Paraná 2002) A Constituição de 1988 não impede que o 
legislador ordinário crie um tipo de ‘recall’ para cassar o mandato do representante infiel às 
teses programáticas assumidas durante o processo eleitoral. 
 
5) DIREITOS POLÍTICOS NEGATIVOS: previsões constitucionais que restringem o 
acesso do cidadão à participação nos órgãos governamentais, por meio de impedimento à 
capacidade eleitoral ativa ou passiva. 
a) Espécies de direitos políticos negativos: inelegibilidades (14, §4º a 9º, CF) e normas 
sobre perda ou suspensão de direitos políticos (15, CF) 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
19 
a) Conceito de inelegibilidades: são condições obstativas ao exercício da capacidade eleitoral 
passiva 
b1) Espécies: absoluta (14, §4º) e relativa (14, §5º a 9º) 
b1) ABSOLUTA: (1) previsão expressa e taxativa na CF (CONSTITUCIONAL) + (2) 
impedem totalmente o exercício da capacidade eleitoral passiva (TOTAL). 
Atingidos pela inelegibilidade ABSOLUTA: 
(1) INALISTÁVEIS (menores de 16 anos, estrangeiros, conscritos, aqueles que perderam ou 
tiveram os seus direitos políticos suspensos) 
(2) ANALFABETOS
 23
 (os juízes eleitorais podem valer-se de teste de alfabetização 
fornecendo um texto simples para leitura e interpretação para diligenciar se a pessoa tem leitura 
e escrita regulares. Súmula 15, do TSE: “o exercício de cargo eletivo não é circunstância 
suficiente para, em recurso especial, determinar-se a reforma de decisão mediante a qual o 
candidato foi considerado analfabeto” – isto porque o exercício de mandato eletivo gera 
presunção relativa de que o candidato é alfabetizado mas que pode ser afastada no contexto 
probatório (prova de testes ou leitura de texto). 
(3) MAGISTRADOS em serviço ativo 
(4) MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO em serviço ativo que tenham ingressado na 
carreira após a Constituição de 1988 
B2) RELATIVA (1) previsão na CF e também em lei complementar para proteção da 
probidade administrativa, moralidade para o exercício do mandato, considerada a vida 
pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do 
poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração 
direta ou indireta (Lei Complementar 64/90 – mas não regulamenta a parte acrescentada pela 
Emenda Constitucional de Revisão n. 4/94 – ‘proteção da probidade administrativa, 
moralidade para o exercício do mandato, considerada a vida pregressa do candidato’) 
+(CONSTITUCIONAL e INFRACONSTITUCIONAL) (2) restringem a elegibilidade para 
certos pleitos eleitorais em virtude de uma situação especial existenteno momento da eleição 
em relação ao candidato (PARCIAL). 
 
 
INFORMATIVO Nº 514 
ADPF - 144 
 
23
 O IBGE fixa as estatísticas do analfabetismo adotando, há mais de 50 anos, o critério fornecido pela UNESCO 
em 1951 (Órgão das Nações Unidas) que considera alfabetizado aquele que “sabe ler e escrever um bilhete 
simples”. Logo, o IBGE considera alfabetizado aquele que responde sim à seguinte pergunta: “é capaz de ler e 
escrever pelo menos um bilhete simples no idioma que conhece?”. CERQUEIRA, Thales Tácito Pontes Luz de 
Pádua. Direito eleitoral brasileiro. 2. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2002. p. 200. 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
20 
Asseverou-se que estaria correto o entendimento do TSE no sentido de que a norma 
contida no § 9º do art. 14 da CF, na redação que lhe deu a ECR 4/94, não é auto-
aplicável (Enunciado 13 da Súmula do TSE), e que o Judiciário não pode, sem ofensa 
ao princípio da divisão funcional do poder, substituir-se ao legislador para, na ausência 
da lei complementar exigida por esse preceito constitucional, definir, por critérios 
próprios, os casos em que a vida pregressa do candidato implicará inelegibilidade. 
Concluiu-se, em suma, que o STF e os órgãos integrantes da justiça eleitoral não podem 
agir abusivamente, nem fora dos limites previamente delineados nas leis e na CF, e que, 
em conseqüência dessas limitações, o Judiciário não dispõe de qualquer poder para 
aferir com a inelegibilidade quem inelegível não é. Reconheceu-se que, no Estado 
Democrático de Direito, os poderes do Estado encontram-se juridicamente limitados em 
face dos direitos e garantias reconhecidos ao cidadão e que, em tal contexto, o Estado 
não pode, por meio de resposta jurisdicional que usurpe poderes constitucionalmente 
reconhecidos ao Legislativo, agir de maneira abusiva para, em transgressão inaceitável 
aos postulados da não culpabilidade, do devido processo, da divisão funcional do 
poder, e da proporcionalidade, fixar normas ou impor critérios que culminem por 
estabelecer restrições absolutamente incompatíveis com essas diretrizes fundamentais. 
Afirmou-se ser indiscutível a alta importância da vida pregressa dos candidatos, tendo 
em conta que a probidade pessoal e a moralidade representam valores que consagram a 
própria dimensão ética em que necessariamente se deve projetar a atividade pública, 
bem como traduzem pautas interpretativas que devem reger o processo de formação e 
composição dos órgãos do Estado, observando-se, no entanto, as cláusulas 
constitucionais, cuja eficácia subordinante conforma e condiciona o exercício dos 
poderes estatais. Aduziu-se que a defesa desses valores constitucionais da probidade 
administrativa e da moralidade para o exercício do mandato eletivo consubstancia 
medida da mais elevada importância e significação para a vida política do país, e que o 
respeito a tais valores, cuja integridade há de ser preservada, encontra-se presente na 
própria LC 64/90, haja vista que esse diploma legislativo, em prescrições harmônicas 
com a CF, e com tais preceitos fundamentais, afasta do processo eleitoral pessoas 
desprovidas de idoneidade moral, condicionando, entretanto, o reconhecimento da 
inelegibilidade ao trânsito em julgado das decisões, não podendo o valor constitucional 
da coisa julgada ser desprezado por esta Corte. Vencidos os Ministros Carlos Britto e 
Joaquim Barbosa que julgavam a argüição procedente. ADPF 144/DF, rel. Min. Celso 
de Mello, 6.8.2008. (ADPF-144) 
 
 
22. (Juiz Substituto TRF 5ª Região 2007 CESPE) Os analfabetos, embora alistáveis, não 
possuem direitos políticos passivos, pois não podem concorrer a cargos eletivos. 
 
23. (Juiz Substituto TRF 5ª Região 2011 CESPE) As hipóteses de inelegibilidade, por 
configurarem circunstâncias que impedem o cidadão de exercer total ou parcialmente a 
capacidade eleitoral passiva, constam de rol taxativo previsto na CF. 
 
24. (Juiz Substituto TJ Paraná 2004) Os casos de inelegibilidade absoluta somente podem 
estar discriminados, de forma taxativa, em lei infraconstitucional. 
 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
21 
25. (Juiz Substituto TJ Paraná 2006) O magistrado pode exercer atividade político-partidária, 
desde que ele esteja vinculado formalmente a partido com representação no Congresso 
Nacional. 
 
26. (Juiz Substituto TRF 5
a
 Região 2009 CESPE) É vedado aos estrangeiros, ainda que 
naturalizados brasileiros, o alistamento como eleitores. 
 
c) Hipóteses de INELEGIBILIDADE RELATIVA: 
1. Por motivos funcionais: 
a) Reeleição dos Chefes dos Poderes Executivos (14, §5º, CF) – “O Presidente da 
República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os 
houver sucedido ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um 
único período subseqüente” – na redação da EC n. 16/97 
(a1) os Chefes dos Poderes Executivos (Presidente, Governadores e Prefeitos) são 
inelegíveis para um terceiro mandato sucessivo (ainda, segundo a doutrina, impossibilidade 
daquele que foi titular de dois mandatos sucessivos na Chefia do Executivo candidatar, no 
período imediatamente subseqüente, à vice-chefia ou à eleição prevista no art. 81, da CF).
24
 
 (a2) atinge também os Vices que são inelegíveis para um terceiro mandato sucessivo 
como Vices, caso não tenham substituído o titular nos seis meses anteriores às eleições, (a3) 
todo aquele que sucede (a qualquer tempo) ou substitui o titular nos seis meses 
anteriores às eleições, a ele se equipara para efeitos de inelegibilidade, (a4) na reeleição 
(segundo mandato sucessivo) não há necessidade de desincompatibilização porque não 
há inelegibilidade a ser afastada. 
b) Eleição dos Chefes dos Poderes Executivos para outros cargos (14, §6º, CF) – “Para 
concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do 
Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses 
antes do pleito” : (b1) necessidade de desincompatibilização (renunciar ao cargo seis 
 
24
 REELEIÇÃO. PREFEITO. INTERPRETAÇÃO DO ART. 14, § 5º, DA CONSTITUIÇÃO. MUDANÇA DA 
JURISPRUDÊNCIA EM MATÉRIA ELEITORAL. SEGURANÇA JURÍDICA. I. REELEIÇÃO. 
MUNICÍPIOS. INTERPRETAÇÃO DO ART. 14, § 5º, DA CONSTITUIÇÃO. PREFEITO. PROIBIÇÃO DE 
TERCEIRA ELEIÇÃO EM CARGO DA MESMA NATUREZA, AINDA QUE EM MUNICÍPIO DIVERSO. O 
instituto da reeleição tem fundamento não somente no postulado da continuidade administrativa, mas também no 
princípio republicano, que impede a perpetuação de uma mesma pessoa ou grupo no poder. O princípio 
republicano condiciona a interpretação e a aplicação do próprio comando da norma constitucional, de modo que 
a reeleição é permitida por apenas uma única vez. Esse princípio impede a terceira eleição não apenas no mesmo 
município, mas em relação a qualquer outro município da federação. Entendimento contrário tornaria possível a 
figura do denominado “prefeitoi tinerante” ou do “prefeito profissional”, o que claramente é incompatível com 
esse princípio, que também traduz um postulado de temporariedade/alternância do exercício do poder. Portanto, 
ambos os princípios – continuidade administrativa e republicanismo – condicionam a interpretação e a aplicação 
teleológicas do art. 14, § 5º, da Constituição. O cidadão que exerce dois mandatos consecutivos como prefeito de 
determinado município fica inelegível para o cargo da mesma natureza em qualquer outro município da 
federação.” STF REXT 637485/2012. 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
22 
meses antes do pleito) para o afastamento da inelegibilidade para outros cargos, (b2) 
todo aquele que sucede (a qualquer tempo) ousubstitui o titular nos seis meses 
anteriores às eleições, a ele se equipara para efeitos de inelegibilidade, (b3) os Vices 
poderão candidatar-se a outros cargos, preservando seus mandatos, desde que nos 
seis meses anteriores ao pleito não tenham sucedido ou substituído o titular, porque 
não são atingidos pela norma do art. 14, §6º, da CF. 
2. Por motivos de casamento, parentesco ou afinidade: Inelegibilidade REFLEXA (14, 
§7º): “São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes 
consagüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de 
Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja 
substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato 
eletivo e candidato à reeleição.”: 
(a) o cônjuge, companheiros (incluindo a união estável homoafetiva
25
), os parentes 
consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, dos Chefes dos Poderes 
Executivos (Presidente, Governadores e Prefeitos) ou de quem os haja sucedido (a qualquer 
tempo) ou substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito são inelegíveis somente no 
território de jurisdição do titular. Exemplo: (1) cônjuge do Presidente é inelegível em todo 
território nacional; (2) cônjuge do Governador do Paraná é inelegível para os cargos do 
Paraná: Governador ou Vice do Paraná, deputado estadual do Paraná, deputado federal ou 
senador do Paraná, Prefeito ou Vice e vereador de qualquer município do Paraná; (3) cônjuge 
do Prefeito de Curitiba é inelegível para os cargos da Prefeitura de Curitiba: Prefeito e Vice e 
vereador de Curitiba. 
(b) Espelho: (1) se o titular é inelegível sua família também é, (2) se o titular é elegível é 
possível que sua família também seja.
26
 
(c) Exceção: não incide a inelegibilidade reflexa quando o parente ou o cônjuge já for titular 
de mandato eletivo e candidato à reeleição.
27
 
 
25
 CASO VISEU JULGADO PELO TSE (RESPE 24564, Acórdão 24564, de 01.10.2004, Relator: Ministro 
Gilmar Mendes): “Os sujeitos de uma relação estável homossexual, à semelhança do que ocorre com os de 
relação estável, de concubinato e de casamento, submetem-se à regra de inelegibilidade prevista no art. 14, §7º, 
da CF.” Os ministros entenderam que, apesar de o Direito de Família não reconhecer como entidade familiar a 
relação entre pessoas do mesmo sexo, seria inegável a repercussão de tal relação na esfera eleitoral e não haver 
distinção entre relações afetivas de natureza homossexual e heterossexual, em virtude da presença, em ambos os 
casos, de interesses políticos comuns contrários ao dispositivo constitucional que impede a utilização da 
máquina administrativa e a perpetuação no poder por parte de uma mesma família. 
26
 O Tribunal Superior Eleitoral assentou que o Cônjuge e os parentes do chefe do Executivo são elegíveis para o 
mesmo cargo do titular, quando este for reelegível e tiver se afastado definitivamente até seis meses antes do 
pleito (Acórdão nº 19.442, de 21/08/2001, Resolução nº 20.931, de 20/11/2001 e Acórdão nº 3043. de 
27/11/2001). 
27
 Turma, tendo em conta a precariedade do exercício do mandato pelo suplente, e salientando, ainda, que a parte 
final do § 7º do art. 14 da CF deve ser interpretada de forma restritiva, considerou que a citada regra, por 
consubstanciar exceção à inelegibilidade, não pode ser aplicada a suplentes, mas apenas aos titulares que 
conquistaram seus mandatos. RE 409459/BA, rel. Min. Gilmar Mendes, 20.4.2004. Informativo do STF 344. 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
23 
Súmula vinculante n. 18, do STF: “A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal no 
curso do mandato não afasta a inelegibilidade prevista no §7
o
, do artigo 14, da 
Constituição Federal.”28 
 
(d) Súmula n. 12, do TSE: “São inelegíveis, no município desmembrado, e ainda não 
instalado, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por 
adoção, do prefeito do município-mãe ou de quem o tenha substituído, dentro dos seis meses 
anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo.” 
3. Dos militares (14, §8º): (a) desde que alistáveis, são elegíveis, (b) o pedido de registro da 
candidatura apresentada pelo partido e autorizada pelo candidato supre a ausência de prévia 
filiação partidária, a que estão proibidos de realizar caso estejam em serviço ativo (142, §3º, V 
e 42, §1º, CF), (c) se contar com menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade 
e se contar com mais de dez anos será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará 
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade. 
4. Outras dispostas na Lei Complementar 64/90
29
 (14, §9º, CF): (a) reserva de lei 
complementar para disciplinar sobre as hipóteses de inelegibilidade relativa, (b) competência 
privativa da União – Direito eleitoral – (22, I, CF), (c) Súmula 13, do Tribunal Superior 
Eleitoral: “Não é auto-aplicável o §9º, do art. 14, da Constituição, com a redação da 
Emenda Constitucional de Revisão 4/94.” 
5. Ação de impugnação de mandato eletivo (art. 14, §10 e 11, CF) – “O mandato eletivo 
poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da 
diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou 
fraude.” “ A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo 
o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.” 30 
 
28
 INFORMATIVO Nº 522 do STF. HC REPERCUSSÃO GERAL – 92893. RE 568596/MG, rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, 1º.10.2008. (RE-568596). Asseverou-se, na linha de precedentes da Corte, que o vínculo de 
parentesco persiste para fins de inelegibilidade até o fim do mandato, inviabilizando a candidatura do ex-cônjuge 
ao pleito subseqüente, na mesma circunscrição, a não ser que o titular se afaste do cargo seis meses antes da 
eleição. Aduziu-se que, apesar de o aludido dispositivo constitucional se referir à inelegibilidade de cônjuges, a 
restrição nele contida se estende aos ex-cônjuges, haja vista a própria teleologia do preceito, qual seja, a de 
impedir a eternização de determinada família ou clã no poder, e a habitualidade da prática de separações 
fraudulentas com o objetivo de contornar essa vedação. Citou-se, ainda, a resposta à consulta formulada ao TSE, 
da qual resultou a Resolução 21.775/2004, nesse sentido. 
29
 Súmula n. 1, do TSE –“Proposta a ação para desconstituir a decisão que rejeitou as contas, anteriormente à 
impugnação, fica suspensa a inelegibilidade (Lei Complementar no 64/90, art. 1°, I, g” – foi revista, já que o 
Tribunal assentou que a mera propositura da ação anulatória, sem a obtenção de provimento liminar ou tutela 
antecipada, não suspende a inelegibilidade (Ac.-TSE, de 24.8.2006, no RO nº 912; de 13.9.2006, no RO nº 963; 
de 29.9.2006, no RO nº 965 e no REspe nº 26.942; e de 16.11.2006, no AgRgRO nº 1.067, dentre outros). 
30
 INFORMATIVO Nº 447 do STF. ADI 3592/DF RELATOR: MIN. GILMAR MENDES. ADI e Cassação do 
Registro ou do Diploma (Transcrições) (v. Informativo 446) ADI 3592/DF* RELATOR: MIN. GILMAR 
MENDES EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade. Art. 41-A da Lei n° 9.504/97. Captação de sufrágio. 
2. As sanções de cassação do registro ou do diploma previstas pelo art. 41-A da Lei n° 9.504/97 não constituem 
novas hipóteses de inelegibilidade. 3. A captação ilícita de sufrágio é apurada por meio de representação 
processada de acordo com o art. 22, incisos I a XIII, da Lei Complementar n° 64/90, que não se confunde com a 
 
Cibele Fernandes Dias 
 
24 
 
INFORMATIVO Nº 588 do STF 
RE - 597362 
O Tribunal iniciou

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