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DIREITOS REAIS - POSSE, PROPRIEDADE E VIZINHAN+çA - PABLO

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DIREITOS REAIS OU DAS COISAS
Até o início do sec. XX preferia-se a expressão direito das coisas.
CONCEITO
Os direitos reais ou direito das coisas traduzem o conjunto de normas das relações jurídicas às coisas suscetíveis de apropriação pelo homem, segundo uma finalidade.
POSSE
OBS( Segundo a professora Mariana Santiago, países como França, Portugal, Itália, Espanha e Argentina sofreram maior influência da teoria subjetiva; já a Alemanha, Suíça, China, México e Peru sofreram maior influência da Teoria objetiva.
Teorias Explicativas da Posse
Teoria Subjetiva de Savigny
Para Savigny a posse consistiria no poder exercido sobre a coisa com a intenção de tê-la para si. Para tanto, Savigny decompôs a posse em dois elementos: animus (intenção de ter a coisa para si) e corpus (o poder material ou físico sobre a coisa). Logo, para Savgny posse era animus + corpus.
Teoria Objetiva de Ihering
Já para Ihering, com sua teoria objetiva da posse, a posse NÃO exigiria sua decomposição em dois elementos. Para o autor bastaria um olhar objetivo: se o sujeito exerce poderes de proprietário, comportando-se como se assim o fosse e imprimindo destinação econômica a coisa, seria considerado possuidor, independentemente do estado psicológico que lhe motivava a assim agir. A posse devia ser analisada objetivamente.
Ter posse é comportar-se como dono, mesmo que não seja. Teoria objetiva.
QUAL TEORIA ADOTADA PELO CC BRASILEIRO?
Analisando o artigo 1.196, em cotejo com nosso sistema constitucional, podemos concluir que a matriz do direito brasileiro ADOTA A TEORIA OBJETIVA DE IHERING, reconstruída na perspectiva sociológica (Saleilles/Hernandes Gil), em face da necessária incidência do princípio da função social. 
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
OBS( Embora a Teoria Subjetiva não traduza a matriz do nosso sistema, influencia determinados pontos, a exemplo do instituto do (da) usucapião, onde se pressupõe o animus domini.
NATUREZA JURÍDICA DA POSSE
Segundo o professor Moreira Alves, em sua obra Tratado da Posse, há quem diga que a posse seria um direito real, nos termos da linha de pensamento de Ihering e Teixeira de Freitas. 
Há quem diga, ainda, que a posse seria ao mesmo tempo fato e direito (Savigni). Todavia, melhor é o entendimento no sentido de que a posse é uma SITUAÇÃO DE FATO protegida pelo ordenamento e constitutiva de direitos reais (Vilaça).
	1ª C – Posse é Direito: Para a primeira corrente, a posse seria um direito.
2ª C Posse é Fato: Uma segunda corrente entende que a posse, em sua estrutura ôntica (ontologicamente = essencialmente), é uma situação de fato protegida pelo Direito. 
Prevalece a segunda corrente.
 Sobre posse, ler o CC, com ênfase no arts. 1.225 e 1.223.
QUESTÕES ESPECIAIS ENVOLVENDO POSSE 
O que é fâmulo da posse? É também entendido pela doutrina como gestor da posse ou servidor da posse. Trata-se do mero DETENTOR da coisa, aquele que conserva a posse em nome de outrem, tendo com este, relação de dependência ou subordinação. 
A figura do fâmulo da posse é prevista no art. 1.198. Ex: Caseiro.
Art. 1.198. Considera-se DETENTOR aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.
O que é constituto possessório (ou cláusula constituti)? O constituto possessório consiste na operação jurídica que altera a titularidade da posse, de maneira que aquele QUE POSSUÍA EM SEU PRÓPRIO NOME PASSA A POSSUIR EM NOME DE OUTREM. Ex: Vendo a minha casa, mas permaneço como inquilino. A traditio brevi manu é o contrário (quem está na posse em nome de outrem passa a possuir em nome próprio).
CESPE – DEP/AL: No caso em apreço, por exceção, admite-se que o proprietário ajuíze ação possessória sem que tenha exercido qualquer ato possessório sobre o bem, caso esteja presente a cláusula de constituto possessório no negócio jurídico celebrado CERTO.
Fundamento: Isto porque, por meio do constituto possessório, houve desdobramento a posse, passando o adquirente a exercer possa indireta, enquanto o alienante, que se tornou seu inquilino, passou a exercer a posse direta.
O que é traditio brevi manu? Aquele que possuía em nome de outrem, passa a possuir em nome próprio. É o caso do inquilino que compra a casa do senhorio.
O que é traditio longa manu? Traditio longa manu é outra coisa. Trata-se de uma forma de tradição simbólica, sem o contato direto com a coisa. Ex: Estou na montanha da Fazenda e vendo o rebanho para a pessoa que me acompanha; lá de cima celebramos o negócio. Recebo o preço e simplesmente digo: “aquele boi é seu”. Ex. entrega de chaves de automóveis em sorteios de programas de televisão.
 
O que é autotutela da posse? Trata-se de um meio legítimo de autodefesa, exercido segundo o princípio da proporcionalidade, nos termos do §1º do art. 1.210, em duas situações: 
Legítima defesa da posse: está sofrendo a agressão à posse ou; 
Desforço incontinenti: já sofreu a agressão à posse.
DPU: João, motorista, enquanto aguardava seu chefe na porta de uma repartição pública, foi vítima de tentativa de furto do veículo que conduzia. Antes de consumar o delito, o criminoso fugiu, por circunstâncias alheias à sua vontade. 
Com relação a essa situação hipotética, julgue os seguintes itens.
DPU: Em conformidade com os termos expressos do Código Civil, apenas o possuidor turbado, ou esbulhado — e não, o mero detentor —, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça imediatamente. CERTO
DPU: João, no momento em que os fatos ocorreram, era mero detentor — e não, possuidor — do veículo que conduzia. CERTO
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
§ 1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
§ 2º Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.
O que é patrimônio de afetação? Foi consagrado pela Lei 10.931/04, visando a imprimir maior segurança jurídica nas relações do mercado imobiliário, a partir da vinculação de bens ou valores ao empreendimento realizado. 
	Bens da construtora suficientes à realização do empreendimento são afetados, a fim de que em um eventual inadimplemento, existam recursos para ressarcir o comprador ou terminar a obra. 
Qual a diferença entre jus possidend e jus possessiones? Jus possidend consiste no direito à posse derivado de um título. O Jus possessiones caracteriza o direito resultante do exercício da posse.
O que é Posse de direitos? A posse refere-se apenas a objetos corpóreos ou também se refere bens incorpóreos e imateriais? Segundo Antônio Menezes Cordeiro, em sua obra “A posse: perspectivas dogmáticas atuais”, regra geral, a posse só surge no âmbito das coisas corpóreas. Apenas em situações justificáveis e especiais poderá se referir a direitos.
	Apesar disso, o próprio STJ, em situação excepcional, já reconheceu a possibilidade de posse de direitos, como se verifica na Súmula 193, que admite a aquisição por usucapião de linha telefônica:
Súmula: 193
O DIREITO DE USO DE LINHA TELEFONICA PODE SER ADQUIRIDO POR USUCAPIÃO.
Usucapião pressupõe posse, logo o STJ admitiu posse de direito.
Direitos reais são típicos, ou seja, todos estão previstos na lei (art. 1.225). E entre eles não está a posse.
O que é posse precária? É uma posse a título de favor, que pode ser requisitada a qualquer momento.Este empréstimo não tem aptidão a gerar usucapião, pois lhe fala o animus domini. Segundo a doutrina de Clóvis Beviláqua, a concessão da posse precária, uma posse de favor, é lícita.
No entanto, se no momento em que se exige a coisa de volta, o possuidor resiste, a posse passa a ser injusta pelo vício da precariedade. 
PROVA: Denomina-se interversão da posse (interversio possessionis) a situação em que o possuidor a título precário afronta o antigo proprietário como se fosse dono, conforme vemos no Enunciado 237 da III Jornada.
Enunciado 237 – Art. 1.203: É cabível a modificação do título da posse – interversio possessionis – na hipótese em que o até então possuidor direto demonstrar ato exterior e inequívoco de oposição ao antigo possuidor indireto, tendo por efeito a caracterização do animus domini.
CLASSIFICAÇAO DA POSSSE
QUANTO AO MODO DE EXERCÍCIO: POSSE DIRETA E INDIRETA (CC, ART. 1.197)
Aqui ocorre o chamado desmembramento da posse, passando a existir posses múltiplas, também chamadas de POSSES PARALELAS:
a) POSSE DIRETA: Quem está em contato direto (material) com a coisa. Ex: Inquilino.
b) POSSE INDIRETA: Não está em contato com a coisa. Ex: Locador.
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, NÃO anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
Qualquer dos possuidores pode tomar medidas possessórias em face do outro.
OBS( Gajardoni diz que o possuidor indireto não pode ajuizar possessória contra o possuidor direito, pois assim estaria desprezando a posse daquele, fazendo prevalecer seu direito de propriedade, opondo a chamada exceção de domínio, vedada pelo art. 923 do CPC.
Art. 923. Na pendência do processo possessório, é defeso, assim ao autor como ao réu, intentar a ação de reconhecimento do domínio.
			
Posição majoritária, no entanto, é que ambos podem proteger suas posses um contra o outro 
Por outro lado, o certo é que o possuidor direto sempre pode defender sua posse do possuidor indireto.	
PROVA( O que é Composse? Denomina-se composse, nos termos do art. 1.199, a situação em que duas ou mais pessoas exercem posse sobre coisa indivisível. Não se confunde com as chamadas posses paralelas (ou múltiplas), onde ocorre a existência de posses de naturezas diversas (direta e indireta) sobre a mesma coisa. Na composse, as várias posses exercidas tem o mesmo status, pois decorrem do mesmo título ou da mesma situação fática:
Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.
( Composse Pro Diviso: Se os possuidores dividem a área de composse entre si (internamente), passam a ter uma composse pro diviso; todavia, essa divisão possessória é interna. Ou seja, na relação entre os compossuidores, cada um exercerá posse sobre área determinada relativa ao acordo realizado. Externamente, por outro lado, serão vistos como possuidores comuns de toda área.
( Composse Pro Indiviso: Em não havendo essa divisão interna, a composse será pro indiviso. Nesse caso, todos exercerão a posse do todo, seja internamente, seja externamente.
	QUANTO À EXISTÊNCIA DE VÍCIO: POSSE JUSTA OU INJUSTA (CC, ART. 1.200)
POSSE INJUSTA: 
E a que deriva de violência, clandestinidade ou precariedade.
Importante frisar que a posse injusta, cessada a violência, precariedade ou clandestinidade, é posse, podendo gerar usucapião, e merecendo até proteção possessória, salvo, neste caso, contra aquele que perdeu a posse injustamente.
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
a) Posse clandestina: Sujeito entra na casa do outro escondido, enquanto o possuidor anterior viajava e começa a exercer posse injusta, nascida da clandestinidade. É assemelhado ao furto.
b) Posse violenta: Ex: Do Fredie que invade a fazenda do Pablo disputando a Fazenda. A posse só começa quando Fredie expulsa Pablo, mas será, nesse caso, posse injusta, pois decorrente de violência. É assemelhada ao roubo.
c) Posse precária: Nos termos do pensamento de Clóvis Bevilácqua, a concessão de posse precária (entendida como aquela concedida de favor, como no comodato), é perfeitamente lícita. No entanto, no momento em que o possuidor, em nítida quebra de confiança, recusa-se a devolver o bem, como se proprietário fosse (ocorrendo a interversão da posse – En. 237, III J. do CJF), surge o vício da precariedade, configurando-se a posse injusta. É assemelhada apropriação indébita. Ex. Pablo empresta seu apartamento para Fredie morar. Passado alguns meses, Pablo solicita o imóvel de volta e Fredie diz que não irá devolver. Veja-se que a posse de Fredie sempre foi precária, mas somente a partir da resistência em restituir o imóvel é que passou a ser uma precariedade viciada (ilícita), capaz de tornar a posse injusta.
OBS( O que é interversão da posse? É a inversão do animus possessório do sujeito que até então exercia posse em nome de outro (posse sem ânimo de dono), passando a ter posse com animus domini, podendo gerar usucapião. Essa interversão pode decorrer tanto de negócio jurídica que estabeleça essa nova posse do sujeito, quanto de ato unilateral do possuidor direto (aquele que tem a posse por empréstimo).
Ex. de negócio jurídico que acarreta interversão na posse: Se o comodatário adquire o domínio da coisa dada em comodato, comprando-a do proprietário, ele, que a possuía a título de comodato, passa a possuí-la a título de dono.
Ex. de ato unilateral que acarreta interversão na posse: Recusa do depositário restituir a coisa ao depositante alegando que se tornou dono dela.
237 – Art. 1.203: É cabível a modificação do título da posse – interversio possessionis – na hipótese em que o até então possuidor direto demonstrar ato exterior e inequívoco de oposição ao antigo possuidor indireto, tendo por efeito a caracterização do animus domini.
OBS( É importante frisar, na análise da posse injusta, que o prazo de ano e dia, nos termos da lei processual, condiciona apenas o pleito liminar do procedimento especial. 
Passado este prazo, embora ainda exista direito à possessória, a liminar facilitada do procedimento especial não caberá mais. Todavia, pode a parte conseguir tal provimento de urgência através de tutela antecipada, contudo, deverá, neste caso, demonstrar a presença dos requisitos do art. 273 do CPC para consegui-la. 
B. POSSE JUSTA: É a posse que não deriva de qualquer dos vícios anteriormente mencionados (precariedade, clandestinidade ou violência).
QUANTO AO ELEMENTO PSICOLÓGICO: POSSE DE BOA-FÉ OU DE MÁ-FÉ 
Trata-se aqui da análise da presença da boa-fé subjetiva como critério de classificação, ou seja, o estado anímico de inocência ou desconhecimento de vício daquele que exerce a posse.
A) POSSE DE BOA-FÉ: é a posse daquele que desconhece o vício que macula a sua posse. Em havendo um justo título, haverá presunção relativa desta boa-fé em seu favor. Ex. do sujeito com formal de partilha onde recebe uma fazenda por herança. Só que a escritura da fazenda tinha sido falsificada pelo de cujus e o herdeiro de nada sabia.
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.
Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.
OBS( Qual o conceito atual de justo título? A despeito de uma doutrina mais conservadora de direitos reais entender que justo título deve ser um documento formal, como uma escritura pública ou umformal de partilha, a doutrina moderna, na perspectiva da função social da posse, tem corretamente relativizado este entendimento. Nesses termos, os enunciados 302 e 303 do CJF
Enunciado 302 – Art.1.200 e 1.214. Pode ser considerado justo título para a posse de boa-fé o ato jurídico capaz de transmitir a posse ad usucapionem, observado o disposto no art. 113 do Código Civil.
Enunciado 303 – Art.1.201. Considera-se justo título para presunção relativa da boa-fé do possuidor o justo motivo que lhe autoriza a aquisição derivada da posse, esteja ou não materializado em instrumento público ou particular. Compreensão na perspectiva da função social da posse.
B) POSSUIDOR DE MÁ-FÉ: A posse de má-fé se dá na forma da art. 1.202, quando o possuidor tem conhecimento do vício da sua posse. Um referencial muito usado pela jurisprudência para presumir a má-fé do possuidor é a sua citação em uma ação reivindicatória.
Quanto aos modos de aquisição e perda da posse, fazer a leitura dos artigos 1.204, 1.205 e 1.223. Para as provas de Direitos Reais, a leitura da lei serve:
Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade. 
Se mediante violência, clandestinidade ou precariedade, é adquirida uma posse injusta perante o esbulhado, de modo que contra este tal posse NÃO poderá ser oposta. No entanto, ainda que injusta, a posse será oponível em face de terceiros que NÃO o esbulhado.
Art. 1.205. A posse pode ser adquirida:
I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;
II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.
OBS( Relação entre posse boa-fé e má-fé e posse justa e injusta: A posse justa ou injusta se refere à origem da posse, ou seja, como ela foi obtida, e se liga aos meios de proteção possessória. Por outro lado, a posse de boa-fé ou de má-fé refere-se ao estado anímico daquele que exerce a posse, e se refere ao tempo necessário para a usucapião, para definições indenizatórias, frutos e etc. Assim, nada impede que uma posse injusta possa ser de boa-fé, ou que uma posse justa possa ser de má-fé, em que pese geralmente a posse justa também seja de boa-fé e a injusta em geral seja de má-fé.
-> Exemplo de posse injusta e de boa-fé: Se eu recebo uma herança que tenha por objeto, por exemplo, um carro roubado, esta posse que me foi transmitida é injusta (a posse se transmite no mesmo estado que foi adquirida). Mas, se eu desconhecia a origem, é também de boa-fé; 
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.
-> Exemplo de posse justa e de má-fé O locatário exerce posse justa, mas se sua intenção é usucapir esta de má-fé
Entretanto, em geral, a posse injusta é de má-fé e a justa é de boa-fé.
OBS( O que é constituto possessório (cláusula constitute)? Trata-se da operação jurídica que muda o ânimo do exercício da posse, de maneira que AQUELE QUE POSSUÍA EM SEU PRÓPRIO NOME PASSA A POSSUIR EM NOME DE OUTREM. Ex. Pablo vende seu apartamento para Fredie, tendo, no entanto, cláusula no contrato que Pablo permanecerá no apartamento na qualidade de inquilino. Veja-se que Pablo, antigo proprietário, passará, agora, a exercer posse em nome de Fredie
OBS( O que é Traditio Brevi Manu? TRADITIO BREVI MANU é a operação contrária ao constituto possessório, ou seja, ocorre quando aquele que possuía em nome alheio passa a possuir em nome próprio. Ex.. Pablo compra de Fredie o apartamento em que reside como inquilino, continuando a ali morar, mas agora como proprietário. Veja-se que Pablo passará a exercer posse em nome próprio e não mais em nome de Fredie.
OBS( O que é autotutela da posse? Trata-se de um legítimo meio de autodefesa, exercido segundo o princípio da proporcionalidade, em duas situações previstas no §1º do art. 1.210:
Legitima Defesa da Posse
Desforço Incontinente
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação (manutenção), restituído no de esbulho (reintegração), e segurado de violência iminente (interdito proibitório), se tiver justo receio de ser molestado.
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se (legitima defesa) ou restituir-se por sua própria força (desforço incontinente), contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
OBS( O que é fâmulo da posse, gestor ou servidor da posse? É o caso do detentor. Vale dizer, detentor é aquele que, não sendo possuidor, segue instruções do proprietário ou legítimo possuidor. Sobre a disciplina, o art. 1.198:
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.
OBS( O que é Patrimônio de Afetação? É o patrimônio que possui uma destinação específica. Consagrado nos negócios de incorporação imobiliária pela Lei 10.931/2004 em defesa do possuidor, o patrimônio de afetação visa a imprimir maior segurança jurídica no mercado imobiliário, uma vez que destaca patrimônio específico da construtora, vinculando-o ao empreendimento.
OBS( O que é Sucessio Possessiones? É a passagem da posse do sucedido para seus herdeiros. Nesse caso, a posse mantém o mesmo caráter que possuía quando titularizada pelo de cujus – Ex. se era má-fé, assim permanecerá; se era justa, continuará sendo justa. Outrossim, admite-se a aplicação do sucessio possessiones também para o herdeiro legatário. Trata-se, enfim de um modo derivado de aquisição da posse, decorrente do Princípio da Saisine
OBS( O que é acessio Possessiones? É a transmissão da posse por ato inter vivos. A acessio possessiones é uma opção daquele que adquire a posse de outro por negócio jurídico, o qual poderá unir sua nova posse a daquele, formando uma posse única. Todavia, o inconveniente é que se realizada tal união, sua posse manterá as mesmas características a que possuía a posse exercida pelo sujeito do qual esta foi adquirida.
LIVRO III
Do Direito das Coisas
TÍTULO I
Da posse
CAPÍTULO I
Da Posse e sua Classificação
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.
Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.
Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.
CAPÍTULO II
Da Aquisição da Posse
Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possívelo exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
Art. 1.205. A posse pode ser adquirida:
I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;
II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres.
Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que nele estiverem.
EFEITOS DA POSSE (PRINCIPAIS APENAS)
QUANTO À PERSECUÇÃO DE FRUTOS E PRODUTOS (ARTS. 1.214 A 1.216) 
OBS( REVISÃO:
a) os frutos – trata-se das utilidades renováveis, ou seja, que a coisa principal periodicamente produz, e cuja percepção não diminui a sua substância (café, soja, laranja).
Classificam-se em:
A. Quanto à sua natureza:
frutos naturais – são gerados pelo bem principal sem necessidade da intervenção humana direta (laranja, café);
frutos industriais – são decorrentes da atividade industrial humana (bens manufaturados);
frutos civis – são utilidades que a coisa frugífera periodicamente produz, viabilizando a percepção de uma renda (juros, aluguel).
B. Quanto à ligação com a coisa principal:
frutos colhidos ou percebidos – são os frutos já destacados da coisa principal, mas ainda existentes;
frutos pendentes – são aqueles que ainda se encontram ligados à coisa principal, não tendo sido, portanto, destacados;
frutos percipiendos – são aqueles que deveriam ter sido colhidos mas não o foram;
frutos estantes – são os frutos já destacados, que se encontram estocados e armazenados para a venda;
frutos consumidos: que não mais existem.
b) os produtos – trata-se de utilidades não-renováveis, cuja percepção diminui a substância da coisa principal (carvão extraído de uma mina esgotável).
c) os rendimentos - são frutos civis, como os juros e o aluguel.
d) as pertenças – trata-se das coisas que, sem integrarem a coisa principal, facilitam a sua utilização, a exemplo do aparelho de ar condicionado (art. 93 do CC).
Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.
Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal NÃO abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.
e) as benfeitorias – trata-se de toda obra realizada pelo homem na estrutura de uma coisa, com o propósito de conservá-la (benfeitoria necessária – ex.: reforma em uma viga), melhorá-la (benfeitoria útil – abertura do vão de entrada da casa) ou embelezá-la (benfeitoria voluptuária – uma escultura talhada na parede de pedra do imóvel). Vide arts. 96 e 97 do CC.
Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.
§ 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
§ 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
§ 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.
Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.
IMPORTANTE:
Não se confundem, tecnicamente, com as acessões, tema que será desenvolvido em nossas aulas de Direitos Reais.
f) as partes integrantes – integra a coisa principal de maneira que a sua separação prejudicará a fruição do todo, ou seja, a utilização do bem jurídico principal (ex.: a lâmpada em relação ao lustre).
Ambos do gênero bens acessórios.
No que se refere à posse, a matéria está tratada nos art.s 1.214 a 1.216: da leitura das normas, concluímos que o legislador protege o possuidor de boa fé.
a) EFEITOS DA POSSE QUANTO AOS FRUTOS:
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé (assim que tiver conhecimento do vício da posse) devem ser restituídos, assim como aqueles colhidos antecipadamente. 
O possuidor de boa-fé tem direito, ainda, a ser reembolsado pelos gastos com a produção e custeio dos frutos que teve de devolver (pendentes e colhidos antecipadamente). 
Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia.
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito apenas aos gastos com a produção e custeio desses frutos.
Note-se que o possuidor de má-fé tem direito apenas a restituição dos custos da produção e custeio dos frutos. Ainda, é responsável por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé
OBS( Os arts. 1.214 a 1.216 referem-se aos frutos. Tudo o que foi dito, então, se refere somente aos FRUTOS.
b) EFEITOS DA POSSE QUANTO AOS PRODUTOS: 
Quanto aos produtos existem duas correntes explicativas:
1ª C – Produtos sempre pertencem ao proprietário: Uma primeira corrente, liderada por Arnaldo Wald, pela falta de uma regulamentação específica, e, partindo de uma interpretação literal do art. 1.232, considerando que o produto esgota a coisa principal, conclui que o verdadeiro proprietário tem o direito de ser indenizado, independentemente de boa-fé do possuidor em relação aos produtos:
Art. 1.232. Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, ao seu proprietário, salvo se, por preceito jurídico especial, couberem a outrem.
Como existem preceitos especiais apenas para os frutos, os produtos seguem a regra do art. 1.232, pertencendo sempre ao proprietário.
2ª C – produtos seguem as regras especiais dos frutos: Capitaneada por Beviláqua, homenageando a boa-fé, admite, por aplicação analógica dos arts. 1.214 e 1.216 que, o possuidor de boa-fé tenha direito aos produtos extraídos até o dia em que cessa a boa-fé. 
RESPONSABILIDADE PELA PERDA OU DETERIORAÇÃO DA COISA (ARTS. 1.217 E 1.218)
a) Responsabilidade do Possuidor de boa-fé 
Art. 1.217. O possuidor de boa-fé NÃO responde pela perda ou deterioração da coisa, a que NÃO der causa.
Nos termos do art. 1.217, o possuidor de boa-fé somente poderá ser compelido a indenizar o legítimo proprietário se deu causa à perda ou deterioração da coisa.
OBS( o que significa dar causa, em relação ao possuidor de boa-fé? Nos termos do art. 1.217, o possuidor de boa-fé apenas da causa a deterioração ou perda se agiu com culpa ou dolo, ou seja, sua responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa é uma responsabilidade subjetiva.
b) Responsabilidade do Possuidor de má-fé 
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais (responsabilidade objetiva), salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.
A responsabilidade do possuidor de má-fé é objetiva, como se pode observar pelo dispositivo acima. Assim, o possuidor de má-fé responde pela perda e deterioração mesmo que não tenha dado causa (responsabilidade objetiva), salvo se provar que o dano ocorreria da mesma forma se a coisa estivesse na posse do proprietário.
INDENIZAÇÃO PELAS BENFEITORIAS REALIZADAS E DIREITO DE RETENÇÃO (ART. 1.219 E 1.220)
Também aqui a boa ou má-fé do possuidor interfere na percepção ou não de indenização pelas bem-feitoriasrealizadas (matéria tratada a partir do art. 1.219).
a) Indenização por benfeitorias e direito de retenção do possuidor de boa-fé 
Na forma do art. 1.219, o possuidor de boa-fé tem direito de ser indenizado pelas benfeitorias úteis e necessárias, inclusive com direito de RETENÇÃO. 
No que tange às voluptuárias, se não forem indenizadas ao possuidor de boa-fé, poderá ele exercer o direito de remoção (jus tollendi), desde que o faça sem prejuízo à coisa principal.
OBS( O que é o jus tollendi? É o direito de o possuidor de boa-fé levantar as benfeitorias voluptuárias não indenizadas.
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.
OBS( E se não for possível levantar as benfeitorias voluptuárias e o proprietário não quiser indenizar o possuidor de boa-fé? Neste caso não há saída, perdendo o possuidor de boa-fé as benfeitorias voluptuárias. Isto porque o proprietário não é obrigado a indenizar obras de mero deleite do possuidor.
b) Indenização por benfeitorias e direito de retenção do possuidor de má-fé 
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.
Ele deve devolver a coisa possuída, e nas vias ordinárias deve exigir indenização pelas benfeitorias necessárias, caso não tenha sido ressarcido voluntariamente. NÃO POSSUI DIREITO A INDENIZAÇÃO PELAS ÚTEIS E VOLUPTUÁRIAS, TAMPOUCO DIREITO DE RETENÇÃO.
Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem.
Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual.
OBS( benfeitorias – trata-se de toda obra realizada pelo homem na estrutura de uma coisa, com o propósito de conservá-la (benfeitoria necessária – ex.: reforma em uma viga), melhorá-la (benfeitoria útil – abertura do vão de entrada da casa) ou embelezá-la (benfeitoria voluptuária – uma escultura talhada na parede de pedra do imóvel). Vide arts. 96 e 97 do CC.
Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.
§ 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
§ 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
§ 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.
Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.
OBS( No que tange ao contrato de locação, a lei do inquilinato (Lei 8.245/91) estabelece que o próprio negócio firmado (contrato) pode conter regras específicas sobre benfeitorias (art. 35).
Art. 35. Salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção.
OBS2( A súmula 335 do STJ vai mais além ao admitir inclusive que o contrato de locação contenha cláusula de renuncia à indenização.
STJ - Súmula 335
Nos contratos de locação, é válida a cláusula de renúncia à indenização das benfeitorias e ao direito de retenção.
c) O direito de indenização e retenção também se aplica às acessões (construções e plantações) necessárias e úteis.
Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização.
Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo.
Art. 1.257. O disposto no artigo antecedente aplica-se ao caso de não pertencerem as sementes, plantas ou materiais a quem de boa-fé os empregou em solo alheio.
Parágrafo único. O proprietário das sementes, plantas ou materiais poderá cobrar do proprietário do solo a indenização devida, quando não puder havê-la do plantador ou construtor.
Art. 1.256. Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o proprietário as sementes, plantas e construções, devendo ressarcir o valor das acessões.
Parágrafo único. Presume-se má-fé no proprietário, quando o trabalho de construção, ou lavoura, se fez em sua presença e sem impugnação sua.
Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e responde por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a desvalorização da área remanescente.
Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o construtor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valor da construção exceder consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a construção.
Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima parte deste, adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro.
	
CAPÍTULO III
Dos Efeitos da Posse
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
§ 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.
Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoriamente a que tiver a coisa, se NÃO estiver manifesto que a obteve de alguma das outras por modo vicioso.
Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o terceiro, que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era.
Art. 1.213. O disposto nos artigos antecedentes não se aplica às servidões não aparentes, salvo quando os respectivos títulos provierem do possuidor do prédio serviente, ou daqueles de quem este o houve.
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.
Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia.
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.
Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa.
Art. 1.218. O possuidor de má-fé respondepela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.
Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem.
Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual.
CAPÍTULO IV
Da Perda da Posse
Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196.
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.
PROPRIEDADE
Conceito: Trata-se de um direito real complexo, definido no art. 1.228 e compreensivo das faculdades reais de usar, gozar/fruir, dispor e reivindicar a coisa, segundo a sua função social. Reunindo todos esses poderes, o sujeito adquire a propriedade plena.
OBS( O que é propriedade plena? É a que reúne todas as faculdades conferidas por este direito: usar, gozar, dispor e reivindicar a coisa de quem quer que seja.
OBS( No que consiste a elasticidade do direito de propriedade? A propriedade é elástica na medida em que pode ser distendida ou contraída para formar outros direitos reais, sem perder a sua essência. Pode ser cedido algum ou alguns dos poderes inerentes ao direito de propriedade (usar, gozar, dispor e reivindicar - ex: usufruto, onde se cedem o uso e gozo), contraindo-o. Depois os poderes retornam ao titular restabelecendo o direito de propriedade de forma plena
OBS( León Duguit: desenvolveu o conceito de função social da propriedade, afirmando que tal princípio, além de ser título justificativo, é vetor limitativo da propriedade, exercendo uma finalidade passiva (deveres de abstenção do proprietário), e impondo, ainda, uma finalidade ativa (condutas comissivas necessárias do proprietário)
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
O §1º traz o princípio da função social, grande limitador constitucional do direito de propriedade.
§ 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.
Esse §2º traz o abuso de direito de propriedade (ato emulativo), só que fala em intenção (elemento subjetivo). No entanto, o art. 187, que definiu o abuso de direito e foi visto na grande de responsabilidade civil, não exigiu a intenção de prejudicar (elemento subjetivo – art. 187 não fala em intenção) para sua configuração, trazendo uma responsabilidade objetiva. Há, então, certa incongruência.
Por isso, segundo o professor Pablo, houve um retrocesso na medida em que o legislador, ao cuidar do abuso de direito de propriedade (ato emulativo), exigiu a prova da intenção de prejudicar outrem (responsabilidade subjetiva), o que não é exigido no abuso de direito comum.
OBS( O que é ato emulativo? É o abuso do direito de propriedade.
§ 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente.
§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. 
§ 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.
Características do direito de propriedade
Direito complexo: Reúne um conjunto de poderes (usar, gozar, fruir, dispor, reivindicar).
Absoluta: É oponível erga omnes.
Perpétua: não se extingue pelo lapso temporal, pelo não uso, e pode ser passada de geração em geração.
Em regra é exclusiva: A propriedade não pode ser de mais de uma pessoa, salvo a hipótese do condomínio.
Elástica: A propriedade é elástica na medida em que pode ser distendida ou contraída para formar outros direitos reais, sem perder a sua essência. Pode ser cedido algum ou alguns dos poderes inerentes ao direito de propriedade (usar, gozar, fruir, dispor e reivindicar - ex: usufruto, onde se cedem o uso e gozo), contraindo-o. Depois os poderes retornam ao titular restabelecendo o direito de propriedade de forma plena.
EXTENSÃO DA PROPRIEDADE
Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.
Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais.
Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego imediato na construção civil, desde que não submetidos à transformação industrial, obedecido o disposto em lei especial.
Art. 1.231. A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário.
Art. 1.232. Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, ao seu proprietário, salvo se, por preceito jurídico especial, couberem a outrem.
PERDA DA PROPRIEDADE IMOBILIÁRIA
Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade:
I - por alienação;
II - pela renúncia;
III - por abandono;
IV - por perecimento da coisa;
V - por desapropriação.
Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda da propriedade imóvel serão subordinados ao registro do título transmissivo ou do ato renunciativo no Registro de Imóveis.
Art. 1.276. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições.
§ 1o O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas circunstâncias, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade da União, onde quer que ele se localize.
§ 2o Presumir-se-á de modo absoluto a intenção de não mais conservar imóvel em seu patrimônio, quando, cessados os atos de posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus fiscais.
.MODOS DE PERDA DA PROPRIEDADE IMOBILIÁRIA:
Artigos 1.275 e 1.276.
Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade:
I - por alienação;
II - pela renúncia;1 Renúncia é formal,diferentemente do
III - por abandono;2 abandono, que é informal.
IV - por perecimento da coisa;
V - por desapropriação.
Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda da propriedade imóvel serão subordinados ao registro do título transmissivo ou do ato renunciativo no Registro de Imóveis.
Art. 1.276. O imóvel URBANO que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do MUNICÍPIO ou à do Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições.
§ 1o O imóvel situado na ZONA RURAL, abandonado nas mesmas circunstâncias, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade da UNIÃO, onde quer que ele se localize.
§ 2o Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere este artigo, quando, cessados os atos de posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus fiscais.
OBS( o §2º do artigo 1.276 aparentemente padece de inconstitucionalidade, em face do artigo 150, IV, CF (ver enunciado 243, CJF).
Enunciado 243 - Art. 1.276: A presunção de que trata o § 2º do art. 1.276 não pode ser interpretada de modo a contrariar a norma-princípio do art. 150, inc. IV, da Constituição da República.
CF, Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
IV - utilizar tributo com efeito de confisco;
MODOS DE AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMOBILIÁRIA:
São basicamente três maneiras de se adquirir a propriedade imobiliária: Registro, Acessão e Usucapião.
REGISTRO:
O direito brasileiro adota, consoante se pode ver da leitura do artigo 1.245, CC e correspondentes artigos da LRP, o sistema romano, segundo o qual a aquisição da propriedade imobiliária, além do título, exige a solenidade do registro.
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis.
§ 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel.
§ 2o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel.
OBS(: o sistema brasileiro firma uma presunção relativa de propriedade decorrente do registro, uma vez que terceiros eventualmente podem impugnar o domínio (§2º, art. 1.245), mas, vale lembrar, o registro Torrens, regrado nos artigos 277 a 288 da LRP, para imóveis rurais, que firma presunção absoluta de propriedade (ver doutrina no material de apoio).
Diferenças terminológicas relevantes: 
a) matrícula – nome que se dá ao primeiro número de registro do imóvel; 
b) registro – anteriormente denominava-se “transcrição”. Trata-se do ato que consubstancia a transferência de propriedade. A cada registro, recebe-se um novo número; 
c) averbação – é qualquer alteração feita à margem do registro, para demonstrar alterações sofridas pelo imóvel (uma construção, por exemplo) 
Art. 1.246. O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial do registro, e este o prenotar no protocolo.
Art. 1.247. Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o interessado reclamar que se retifique ou anule.
Parágrafo único. Cancelado o registro, poderá o proprietário reivindicar o imóvel, independentemente da boa-fé ou do título do terceiro adquirente.
ACESSÃO:
Trata-se de um modo natural ou artificial de aquisição da propriedade imobiliária, regulado a partir do artigo 1.248, e que se opera mediante a união física de uma coisa à outra, aumentando o volume da coisa principal.
Ver no caderno de parte geral a diferença entre acessão e benfeitoria.
( Benfeitoria: A benfeitoria é uma obra que se faz na estrutura da coisa, para conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la. A benfeitoria não amplia a coisa, ela conserta, conserva ou melhora.
( Acessão: A acessão é uma forma de adquirir a propriedade que aumenta o volume da coisa principal (exemplo: construir um segundo andar em uma casa).
OBS(: a benfeitoria é sempre artificial, mas a acessão pode ser natural ou artificial.
Art. 1.248. A acessão pode dar-se:
I - por formação de ilhas; (1.249)
II - por aluvião; (1.250)	Formas Naturais
III - por avulsão; (1.251)
IV - por abandono de álveo; (1.252)
V - por plantações ou construções. ( Formas artificiais (1.253 e seguintes).
	ACESSÃO
	Artificial
	Natural
	
	Construções
	Plantações
	
	
Leitura do Código: 
Das Construções e Plantações
Presunção geral (relativa): Toda plantação e construção existente em um terreno foi feita pelo proprietário a sua própria custa.
Essa presunção é afastada em duas hipóteses:
Dono do solo edifica em seu terreno com material alheio: Nesse caso a edificação (coisa acessória) passa a ser de propriedade do dono do terreno, devendo este pagar apenas pelo valor do material utilizado. Se agiu de má-fé, deverá também indenizar por eventuais perdas e danos.
Dono do material (sementes ou plantas) edifica em terreno alheio: A edificação passa à propriedade do dono do terreno, devendo indenizar o edificador caso este tenha agido de boa-fé. Se o terceiro edificou o terreno alheio de má-fé deverá desfazer a edificação, pagando eventuais perdas e danos, ou será compelido a deixar a edificação para o dono do terreno, sem ter direito a nada.
O edificador de boa-fé tem direito de retenção da coisa até que lhe seja paga a indenização (tal como ocorre com as benfeitorias necessárias feitas de boa-fé).
OBS( O que é acessão invertida? Situação especial é a da chamada acessão invertida (parágrafo único do art. 1.255, 1.258 e 1.259). Neste caso, considerando-se o valor do empreendimento, o dono da construção ou da plantação poderá adquirir a propriedade do solo, quando o valor daquelas for consideravelmente superior ao valor do terreno. Deverá pagar uma indenização ao proprietário. NOVIDADE DO NCC.
Art. 1.255. 
Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo.
Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e responde por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a desvalorização da área remanescente.
Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o construtor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valor da construção exceder consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a construção.
Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima parte deste, adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro.
Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário.
Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de má-fé.
Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveitodo proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização.
Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo.
( Da leitura dos artigos 1.253 e seguintes, extrai-se uma regra geral: o dono do solo adquire a propriedade da construção ou plantação; mas, se o contrário ocorrer, excepcionalmente, a exemplo do parágrafo único do artigo 1.255, fala-se que há uma Acessão Invertida.
Art. 1.256. Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o proprietário as sementes, plantas e construções, devendo ressarcir o valor das acessões.
Parágrafo único. Presume-se má-fé no proprietário, quando o trabalho de construção, ou lavoura, se fez em sua presença e sem impugnação sua.
Art. 1.257. O disposto no artigo antecedente aplica-se ao caso de não pertencerem as sementes, plantas ou materiais a quem de boa-fé os empregou em solo alheio.
Parágrafo único. O proprietário das sementes, plantas ou materiais poderá cobrar do proprietário do solo a indenização devida, quando não puder havê-la do plantador ou construtor.
Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e responde por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a desvalorização da área remanescente.
Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o construtor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valor da construção exceder consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a construção.
Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima parte deste, adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro.
Subseção I
Das Ilhas
Formação de ilhas
Art. 1.249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros, observadas as regras seguintes:
I - as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais;
Considerando a linha que corte o rio ao meio: Metade da ilha para cada um.
II - as que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-se acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado;
A ilha nasceu na metade do rio de C. Logo ele é o proprietário da ilha.
III - as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio continuam a pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram.
A ilha fica com o dono da terra onde o braço do rio invadiu.
Subseção II
Da Aluvião ( se dá de forma lenta, vagarosa.
É uma forma lenta, vagarosa de adquirir propriedade.
É quando a margem do rio vai aumentando, ou seja, o acúmulo de detritos e terra vai aumentando o terreno do sujeito. Logo, essa parte acrescida pela aluvião é incorporada à propriedade do dono do terreno.
 
OBS( O que seria aluvião imprópria? É o mesmo aumento da margem, só que aqui não decorre do surgimento de terra em virtude de detritos, mas sim em virtude da retração da água, a exemplo de uma lagoa que começa a secar. Quando a margem da propriedade vai aumentando.
Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização.
Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a antiga margem.
Obs.: denomina-se aluvião imprópria o aumento da propriedade imobiliária por meio da retração de águas dormentes.
Subseção III
Da Avulsão ( se dá de forma rápida, violenta.
É violenta, rápida. Dá-se quando uma força natural destaca uma porção de terra de um imóvel agregando-a outro. Art. 1.251.
Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado.
Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do prédio a que se juntou a porção de terra deverá aquiescer a que se remova a parte acrescida.
Subseção IV
Do Álveo Abandonado
É o leito do rio que seca.
A propriedade de cada um avança até a metade do rio já seco
Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o meio do álveo.
USUCAPIÃO:
 Preferencialmente se deve usar no feminino.
Trata-se de um modo originário de aquisição de propriedade ou outros direitos reais (prescrição aquisitiva), por meio da posse contínua, pacífica, com animus domini (intenção de tornar a coisa como sua – savigny) e segundo o decurso do tempo estabelecido na lei.
O tempo é o fundamento deste instituto, razão pela qual também é conhecido como uma forma de prescrição aquisitiva de direitos reais (inclusive, a teor do artigo 1.244, as causas impeditivas, suspensivas e interruptivas do prazo prescricional são-lhe aplicadas).
A Usucapião não se limita a coisas imóveis, tampouco fica restrita à aquisição de propriedade. A usucapião é meio de se adquirir outros direitos reais, tais como servidão, enfiteuse etc.
A usucapião (seja móvel ou imóvel) tem como fundamento emprestar juridicidade a uma situação fática que se prolongou no tempo. Trata-se de uma forma de prescrição, mas que não extingue direitos, pelo contrário, cria direitos. Por isso, submete-se a todas as causas de suspensão e interrupção previstas na parte geral do CC. 
Quem adquire por usucapião é chamado de prescribente.
REQUISITOS:
São três:
1º) Coisa suscetível de ser usucapida;
OBS( Consideram-se fora do comércio os bens naturalmente indisponíveis (insuscetíveis de apropriação humana, como o ar e a água do mar); os bens legalmente indisponíveis (bens públicos, de uso especial, de incapazes) e os voluntariamente indisponíveis (como os deixados em testamento).
OBS( não pode ser usucapido um direito da personalidade, um bem público.
OBS( a jurisprudência brasileira (REsp 247.345/MG), bem como a própria doutrina (Pontes de Miranda, Raul Chaves), admitem a possibilidade de se usucapir coisa obtida por meio de crime. Desde que a ação penal esteja extinta, até mesmo o criminoso que exercera uma posse injusta pode extraordinariamente usucapir.
OBS( Bens públicos não podem ser usucapidos (apesar de poder ser objeto de posse, para Arruda Alvim - Tem decisão do STJ em sentido diverso).
OBS(Existe forte entendimento (JTJ 157/198) no sentido de que condômino pode usucapir área comum, desde que esteja exercendo posse exclusiva (não é pacífico). Isso no caso de condomínio comum, pois no caso de condomínio edilício não é possível. No máximo, o condômino garante via surrectio o direito de continuar usando da área.
2º) Posse mansa, pacífica e com animus domini;
Animus domini: Intenção de se tornar dono.
Posse pacífica é aquelasem oposição. Entende-se por oposição a medida judicial tomada pelo reivindicador do imóvel. Medidas extrajudiciais não contam como oposição, assim como as judiciais declaradas improcedentes.
Vale lembrar a possibilidade da “acessio possessionis” (art. 1.243), que é a soma de posses de sucessor e sucedido.
Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207), contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título e de boa-fé.
3º) Decurso do tempo.
PRINCIPAIS FORMAS DE USUCAPIÃO NO CÓDIGO CIVIL:
Extraordinária, ordinária e especial (ou constitucional). Essa última se divide em urbana (pro misero) e rural (pro labore).
A)Extraordinária: está prevista no art. 1238, e é aquela que independe de justo título e boa-fé.
Memorizar prazos para prova
Posse mansa e pacífica por 15 anos, independentemente de justo título ou boa-fé.
A sentença não é constitutiva; é meramente declaratória. A propriedade não é adquirida pela sentença, mas pela usucapião:
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
O prazo reduz para 10 anos se for empregada a chamada posse-trabalho (Miguel Reale), que nada mais é que o exercício da função social da posse.
Art. 1.239: Usucapião especial de imóvel rural: Reprodução da CR. 
Art. 1.240: Usucapião especial de imóvel urbano: 
OBS( A doutrina civilista vem entendendo, a despeito da polêmica, que se a área for superior ao limite legal, o pedido deve ser indeferido (Enunciado 313 da IV Jornada).
OBS( O recurso extraordinário 305.416/RS Rel. Min. Marco Aurélio, defende a possibilidade de se aplicar a regra da usucapião de imóvel urbano para apartamento. Pendente de julgamento.
B)Ordinária: é aquela em que o possuidor tem, em seu favor, justo título e boa-fé.
Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.
Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico.
O prazo de 10 anos pode cair para 05 anos, se comprado onerosamente, com base em registro posteriormente cancelado, e tiver exercendo a função social da posse (posse-trabalho).
OBS(: as formas de usucapião rural e urbana, posto previstas nos artigos 1.239 e 1.240, CC, basicamente reproduzem as normas constitucionais (artigos 183 e 191, CF).
OBS( O que é usucapião indígena? Está prevista no art. 33 do Estatuto do Índio (Lei 6.001/73). Trata-se de modo de aquisição de propriedade em favor do índio, integrado ou não, com prazo de 10 anos e limite de 50hc de terra.
COMENTÁRIOS AOS §§4º E 5º DO ART. 1.228, CC:
CFJ, 82 – Art. 1.228: É constitucional a modalidade aquisitiva de propriedade imóvel prevista nos §§ 4º e 5º do art. 1.228 do novo Código Civil.
1.228, § 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. 
§ 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.
A despeito da constitucionalidade duvidosa dos referidos parágrafos (ver artigo a respeito no material de apoio), os enunciados 84 e 308, CJF tentam solucionar o problema: em regra, a indenização deve ser paga pelos próprios possuidores da área, mas, se forem de baixa renda, assumirá a responsabilidade a própria administração pública.
CJF - 84 – Art. 1.228: A defesa fundada no direito de aquisição com base no interesse social (art. 1.228, §§ 4º e 5º, do novo Código Civil) deve ser argüida pelos réus da ação reivindicatória, eles próprios responsáveis pelo pagamento da indenização.
CJF - 308 – Art. 1.228: A justa indenização devida ao proprietário em caso de desapropriação judicial (art. 1.228, § 5º) somente deverá ser suportada pela Administração Pública no contexto das políticas públicas de reforma urbana ou agrária, em se tratando de possuidores de baixa renda e desde que tenha havido intervenção daquela nos termos da lei processual. Não sendo os possuidores de baixa renda, aplica-se a orientação do Enunciado 84 da I Jornada de Direito Civil.
OBS( O que é multipropriedade ou time sharing? Esta interessante figura, segundo Maria Helena Diniz, na linha de pensamento de Gustavo Tepedino, é uma espécie condominial relativa aos locais de lazer, pela qual há um aproveitamento econômico de bem imóvel (casa, chalé, apartamento), repartido em unidades fixas de tempo, assegurando a cada co-titular o seu uso exclusivo durante certo período (Curso de Direito Civil Brasileiro, vol. 4, 23. Ed., Saraiva, pág. 247).
2 – ESTRUTURA JURÍDICA A multipropriedade é um direito sobre determinado imóvel, do tipo pro diviso (divisão de particulares), onde múltiplos proprietários, por distribuição do tempo, aproveita da coisa. Diz Gustavo Tepedino que, "através da multipropriedade imobiliária, diversos proprietários repartem o aproveitamento econômico de certo imóvel em turnos intercorrentes, normalmente semanas anuais, destinando-os discriminadamente a cada um dos titulares, com exclusividade e em caráter perpétuo, de tal sorte que a cada multiproprietário corresponda o direito de aproveitamento econômico de uma fração espaço-temporal, incidente sobre determinada unidade imobiliária em período certo do ano, sem o concurso dos demais."
Assim, a faculdade de aproveitamento está por períodos e, conseqüentemente, cada co-proprietário tem limitação quanto ao seu exercício. No entanto, a faculdade jurídica de disposição da coisa, inerente ao direito de propriedade, os co-proprietários a possuem, podendo alienar, hipotecar e transmitir, apenas o direito de uso é que está limitado ao tempo reservado. Portanto, o caráter essencial da multipropriedade é a periodicidade no aproveitamento ou no exercício das faculdades dominiais 
OBS( O que se entende por propriedade aparente? Com base na teoria da aparência e à luz do princípio maior da boa-fé objetiva, uma situação de aparente exercício do direito de propriedade poderá surtir efeitos na órbita do Direito.
Exemplificam, sobre o tema, Simão e Tartuce, na vereda de pensamento de Vítor Kümpel: “relativamente à propriedade dos bens imóveis, a propriedade aparente pode surgir em casos de falsidade do registro, em que a propriedade não existe ou que o registro está em nome de outro titular. Nos dois casos, deve-se pensar na proteção dos direitos de terceiros de boa-fé” (Direito Civil, vol. 4, 2. Ed, Método, pág. 158).
OBS( Qual é a diferença entre propriedade resolúvel e propriedade ad tempus? Esta matéria não é pacífica na doutrina. 
Alguns autores aceitam a distinção, outros não.
Para os que aceitam tal diferença, a propriedade resolúvel é aquela em que a desconstituição do direito do proprietário é prevista no próprio título, ou seja, a limitação temporal da propriedade (sua duração) está previamente regulada por cláusula contratual: é o caso da cláusula dereversão prevista em contrato de doação (art. 547, CC), que permite o retorno do bem ao patrimônio do doador caso sobreviva ao donatário; já a propriedade ad tempus, é aquela em que inexiste estipulação contratual prévia de dissolução do direito, mas uma circunstância superveniente pode extinguir a propriedade. Exemplo: propriedade conferida ao donatário que cometa ato de ingratidão contra o doador: verificado o cometimento do ato gravoso, poderá ser revogada a doação (circunstância superveniente), nos termos do art. 557 do CC, prejudicando o direito do donatário, que até então seria exercido indefinidamente. A distinção é por demais sutil, não se afigurando, assim, em nosso sentir, de grande utilidade prática.
RESUMO DOS MODOS DE AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MOBILIÁRIA 
Quanto aos modos de aquisição da propriedade móvel, temos disciplina semelhante, posto não igual, àquela referente aos bens imóveis. Adquire-se a propriedade mobiliária (de um CD ou de um livro, por exemplo) por USUCAPIÃO (arts. 1260 e ss), com prazo de 3 ou 5 anos. 
Seção I
Da Usucapião
Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente durante três anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade.
Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá usucapião, independentemente de título ou boa-fé.
Art. 1.262. Aplica-se à usucapião das coisas móveis o disposto nos arts. 1.243 e 1.244.
Na mesma linha, adquire-se a propriedade móvel por OCUPAÇÃO (art. 1263), que traduz a apropriação de uma coisa de ninguém (res nullius), um pedregulho na praia, por exemplo. Cuidado no concurso! A coisa PERDIDA deve ser devolvida (arts. 1233 e ss.)! A coisa achada não é sem dono, logo deve ser devolvida ao seu titular, sob pena de responsabilidade penal. Terá direito à indenização (não inferior a 5%); em não sendo encontrado o dono cabe ao poder público alienar, pagar a indenização e ficar com o resto do dinheiro.
Seção II
Da Ocupação
Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei.
Temos, ainda, as regras referentes ao achado de TESOURO (arts. 1264 e ss.), 
Seção III
Do Achado do Tesouro
Art. 1.264. O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente.
Art. 1.265. O tesouro pertencerá por inteiro ao proprietário do prédio, se for achado por ele, ou em pesquisa que ordenou, ou por terceiro não autorizado.
Art. 1.266. Achando-se em terreno aforado, o tesouro será dividido por igual entre o descobridor e o enfiteuta, ou será deste por inteiro quando ele mesmo seja o descobridor.
A TRADIÇÃO (modo de transferência voluntária de bens móveis – arts. 1267 e ss.), 
Seção IV
Da Tradição
Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição.
Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a possuir pelo constituto possessório; quando cede ao adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra em poder de terceiro; ou quando o adquirente já está na posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico.
Art. 1.268. Feita por quem não seja proprietário, a tradição não aliena a propriedade, exceto se a coisa, oferecida ao público, em leilão ou estabelecimento comercial, for transferida em circunstâncias tais que, ao adquirente de boa-fé, como a qualquer pessoa, o alienante se afigurar dono.
§ 1o Se o adquirente estiver de boa-fé e o alienante adquirir depois a propriedade, considera-se realizada a transferência desde o momento em que ocorreu a tradição.
§ 2o Não transfere a propriedade a tradição, quando tiver por título um negócio jurídico nulo.
A ESPECIFICAÇÃO (quando se trabalha uma matéria-prima, transformando-a em obra acabada – arts. 1269 e ss.), 
Seção V
Da Especificação
Art. 1.269. Aquele que, trabalhando em matéria-prima em parte alheia, obtiver espécie nova, desta será proprietário, se não se puder restituir à forma anterior.
Art. 1.270. Se toda a matéria for alheia, e não se puder reduzir à forma precedente, será do especificador de boa-fé a espécie nova.
§ 1o Sendo praticável a redução, ou quando impraticável, se a espécie nova se obteve de má-fé, pertencerá ao dono da matéria-prima.
§ 2o Em qualquer caso, inclusive o da pintura em relação à tela, da escultura, escritura e outro qualquer trabalho gráfico em relação à matéria-prima, a espécie nova será do especificador, se o seu valor exceder consideravelmente o da matéria-prima.
Art. 1.271. Aos prejudicados, nas hipóteses dos arts. 1.269 e 1.270, se ressarcirá o dano que sofrerem, menos ao especificador de má-fé, no caso do § 1o do artigo antecedente, quando irredutível a especificação.
E, finalmente, temos a CONFUSÃO, a COMISTÃO e a ADJUNÇÃO (arts. 1272 e ss.) Confusão – opera-se quando há a mistura de LÍQUIDOS; Comistão – opera-se quando há a mistura de SÓLIDOS; Adjunção – opera-se quando há a justaposição de uma coisa à outra, como no caso do sujeito que pega uma argila sua para completar o “braço” de uma escultura feita por terceiro. Vemos, pois, que todas essas três formas de aquisição de propriedade sugerem haver, segundo pensamento da doutrina, uma espécie de “mistura ou agregação de uma coisa à outra”.
Seção VI
Da Confusão, da Comissão e da Adjunção
Art. 1.272. As coisas pertencentes a diversos donos, confundidas, misturadas ou adjuntadas sem o consentimento deles, continuam a pertencer-lhes, sendo possível separá-las sem deterioração.
§ 1o Não sendo possível a separação das coisas, ou exigindo dispêndio excessivo, subsiste indiviso o todo, cabendo a cada um dos donos quinhão proporcional ao valor da coisa com que entrou para a mistura ou agregado.
§ 2o Se uma das coisas puder considerar-se principal, o dono sê-lo-á do todo, indenizando os outros.
Art. 1.273. Se a confusão, comissão ou adjunção se operou de má-fé, à outra parte caberá escolher entre adquirir a propriedade do todo, pagando o que não for seu, abatida a indenização que lhe for devida, ou renunciar ao que lhe pertencer, caso em que será indenizado.
Art. 1.274. Se da união de matérias de natureza diversa se formar espécie nova, à confusão, comissão ou adjunção aplicam-se as normas dos arts. 1.272 e 1.273.
Confusão: mistura de líquidos.
Comissão: mistura de sólidos.
Adjunção: Justaposição de uma coisa a outra.
DIREITOS REAIS NA COISA ALHEIA
A teoria dos direitos reais na coisa alheia surge do estudo dos Direitos Reais; especificamente, do direito de propriedade.
É o caráter elástico da propriedade que permite a existência dos direitos reais na coisa alheia.
Conforme sabemos, na forma do art. 1.228 do CC, o direito de propriedade é a soma de quatro poderes: uso, gozo (fruição), livre disposição e reivindicação, acrescidos da sua funcionalização social:
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
A soma destes quatro poderes, mais o título (registro) = Propriedade. Protege-se pela reivindicatória, pois tem consigo o direito de sequela.
Os quatro poderes sem o título = Domínio. Protege-se pela ação publiciana, que visa a declarar a existência do domínio.
.01 Poder = Posse. Protege-se pelas tutelas possessórias.
Como somente a propriedade é derivada do título, somente a propriedade que possui oponibilidade “erga omnes”. É o registro que confere ao direito de propriedade a oponibilidade “erga omnes”.
Percebemos que há uma diferença conceitual entre

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