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MANUAL DE AÇÕES DE PROMOÇÃO DE SAÚDE BUCAL PARA A EQUIPE DE SAÚDE

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PREFEITURA DE JUIZ DE FORA
SECRETARIA DE SAÚDE
SUBSECRETARIA DE REDES ASSISTENCIAIS
DEPARTAMENTO DE SAÚDE BUCAL
MANUAL DE AÇÕES DE PROMOÇÃO DE SAÚDE BUCAL PARA A EQUIPE DE SAÚDE
EQUIPE DE ELABORAÇÃO: GERALDA ADELINA REIS FURLANI DA CONCEIÇÃO, ISABEL CRISTINA GONÇALVES LEITE, JUSSARA JANUZZI FAQUIM, LUCIANA AFONSO RODRIGUES, MARIA APARECIDA MARTINS BAÊTA GUIMARÃES, MARIA CÉLIA CARNEIRO WERNECK, MARIA HELENA FURLANI ZOUAIN FERREIRA
SECRETÁRIO DE SAÚDE:
JOSÉ LAERTE DA SILVA BARBOSA
SUBSECRETÁRIA DE REDES ASSISTENCIAIS:
LUCIANA AFONSO RODRIGUES
CHEFE DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE BUCAL:
EDNA MARIA FAJARDO DE OLIVEIRA WERNECK
EQUIPE DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE BUCAL:
CLAUDIA MARIA MORANDI SANTOS, EDNA MARIA FAJARDO DE O. WERNECK, NANCY FLORIANO, ROZÂNIA RANGEL GUSMÃO E PAIVA, SANDRA EMÍLIA STODUTO NACLE ESTEFEN E ZULEIKA JUNQUEIRA GRIBEL
Juiz de Fora
2014
Sumário�
Sumário	2
APRESENTAÇÃO	3
PARTE 1: A PROMOÇÃO DE SAÚDE E A SAÚDE BUCAL	5
ORGANIZAÇÃO DA PROMOÇÃO DA SAÚDE BUCAL DE ACORDO COM O CICLO DE VIDA E CONDIÇÃO DE SAÚDE	7
PARTE 2: A PROMOÇÃO DE SAÚDE NO DOMICÍLIO	31
PARTE 3: ATIVIDADES DE PROMOÇÃO DE SAÚDE PARA GRUPOS	34
REFERÊNCIAS	43��
APRESENTAÇÃO
Este manual pretende instrumentalizar os trabalhadores de saúde, em geral e, em especial, os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), para que possam trabalhar Promoção de Saúde incluindo a saúde da boca. Está, em grande medida, direcionado ao trabalho dos ACS, que são profissionais que têm um contato direto e contínuo, com as famílias, nos domicílios. Esses profissionais têm a oportunidade ímpar de compreender a organização de cada núcleo familiar e, por isso, são capazes de identificar a melhor forma de intervir para promover a saúde. O vocabulário é simples, para facilitar o manuseio do Manual por toda equipe de saúde. Não houve pretensão de esgotar os assuntos nele contidos. São orientações que deverão ser adaptadas de acordo com a realidade de cada região e grupo a ser abordado.
Aqui são apresentadas orientações para abordagens considerando os ciclos de vida, conforme as Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal, o Relatório Final da Terceira Conferência Nacional de Saúde Bucal (Brasil, 2004a), e que estão, também, de acordo com a Política Nacional de Saúde (aprovada pela Portaria 687/GM de 30 de março de 2006) e, ainda, com o Pacto pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão.
Sugerem-se abordagens na residência do cidadão, de modo contínuo, com encontros sucessivos, para que o conhecimento seja vivenciado aos poucos. Muitas informações em único dia não são bem absorvidas. A abordagem no domicílio representa uma das estratégias do Programa de Saúde da Família e está prevista na Política Nacional de Saúde Bucal do Ministério da Saúde. Este manual tem como propósito viabilizar esta abordagem.
Na realização de grupos educativos, sugere-se que o número seja de dez a quinze cidadãos. O planejamento das atividades educativas exposto, serve apenas para sugestão. Cada comunidade terá um planejamento de acordo com as peculiaridades da mesma.
Lembramos que todos os profissionais de saúde são imprescindíveis para o trabalho de promoção da saúde de todos os cidadãos, em todos os ciclos de vida e em todas as condições de saúde (gestantes e puérperas, crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos).
Quando os profissionais de saúde abordarem os grupos de cidadãos (grupos educativos em promoção de saúde: idosos, diabéticos, hipertensos, grávidas, desnutridos e outros), todos poderão abordar a saúde bucal. Afinal, a saúde é um todo indivisível. Ao mesmo tempo em que se fala de dieta para saúde geral, a fala poderá também ser aproveitada para a saúde bucal.
Juiz de Fora pertence ao grupo de municípios que têm situação privilegiada em relação à maioria dos municípios do Brasil e de Minas Gerais, no que se refere a vários indicadores, entre eles, os de saúde bucal na idade escolar.
 Em relação à cárie dentária, que é o principal problema de saúde bucal, ela afetava, já em 2000, em média, apenas 2,1 dentes permanentes por criança aos 12 anos, superando a meta estabelecida pelo país junto à OMS, para aquele ano (cada criança aos 12 anos poderia ter, no máximo, 03 dentes afetados pela cárie). Esse indicador vem decrescendo, em Juiz de Fora, como vem ocorrendo no mundo todo, por fatores mais ligados ao desenvolvimento do que às medidas preventivas tomadas exclusivamente pelos serviços (Guimarães e Oliveira, 2004; Guimarães, 2005). No Inquérito Epidemiológico de 2008, foram encontrados 1,63 dentes afetados pela cárie, em média, por criança de 12 anos.
Sendo assim e, principalmente por isso, os nossos serviços de saúde bucal vêm buscando implementar ações que são de sua responsabilidade, tanto no que se refere à ampliação do acesso ao tratamento odontológico quanto à prevenção de doenças, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população.
A preocupação com a saúde bucal de modo diferenciado, por meio da promoção da saúde, é uma das propostas da atual política do Ministério da Saúde que, até 2004, priorizava crianças de 0 a 14 anos e gestantes com atividades preventivas, destinando aos demais segmentos da população, assistência odontológica que, de um modo geral, se caracterizava por uma prática individual, curativa e pouco resolutiva. Essa política não alcançou os resultados que se esperava e não conseguiu promover e proteger a saúde bucal da população, como um todo.
Com relação ao acesso a medidas de controle da cárie, o levantamento epidemiológico realizado pelo Ministério da Saúde do Brasil, mostrou que 45% dos brasileiros não têm escova de dente (Brasil, 2004b).
 Um estudo conduzido pelo Instituto de Saúde Bucal da Secretaria Municipal de Saúde, no ano 2000, encontrou que 21,40% das pessoas pesquisadas não tinham escova de dentes em boas condições e 17,39% não apresentaram pasta de dentes em boas condições (Loureiro et al., 2002).
Nas Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal do Ministério da Saúde o fornecimento de escovas e creme dental fluoretado está sugerido e esses insumos deverão ser disponibilizados para a população que deles carecer, conforme o princípio da equidade.
“As ações de proteção à saúde podem ser desenvolvidas no nível individual e/ou coletivo. Para as ações que incidem nos dois níveis, deverá garantir-se o acesso a escovas e pastas fluoretadas”
			(Brasil, 2004a, p.8).
Continuando a implementar a Política Nacional e as definições da política municipal de saúde bucal, na prática, a Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora, por meio do Departamento de Saúde Bucal, juntamente com as Unidades de Atenção Primária à Saúde, iniciará mais esta ação de inclusão social em saúde bucal, levando as atividades de promoção de saúde que são de responsabilidade do serviço, até o cidadão, oferecendo-lhe, quando necessário e possível, meios para que possa escolher estar saudável.
PARTE 1: A PROMOÇÃO DE SAÚDE E A SAÚDE BUCAL
TEXTO 1: PROMOÇÃO DE SAÚDE E EDUCAÇÃO
		Na odontologia, promover saúde significa criar política de saúde pública, através do fortalecimento da ação comunitária, da reorientação de serviços odontológicos e do desenvolvimento de um meio ambiente favorável à manutenção da saúde (Quintão et al, 1999). Esse novo conceito de promoção de saúde faz parte das estratégias de promoção em saúde do Sistema Único de Saúde.
Com relação à promoção de saúde bucal, além de considerar os fatores sociais, econômicos, culturais dos cidadãos e promover a saúde como um todo indivisível, é necessário cuidar especificamente dos dentes, gengivas e demais estruturas da boca. Muitas doenças graves, que provocam risco de morte, podem ter origem ou agravarem-se devido a má higiene bucal e à doenças localizadas na boca. A má higienização da boca é fator que a educação para saúde pode alterar no sentido de promoção da saúde.
		Trata-se de uma nova abordagem da promoção em saúde considerandoque a motivação para ter saúde bucal vai desde a adoção de medidas maiores como acesso a emprego, a incentivos financeiros para a população de baixa renda (bolsa família e outros) como forma de aquisição de dieta saudável, acesso ao flúor, até o fornecimento de meios para execução da higienização da boca (escova de dente, creme dental e outros).
		O conceito ampliado de saúde deve nortear a mudança progressiva dos serviços, evoluindo de um modelo assistencial centrado na doença e baseado no atendimento a quem procura, para um modelo de atenção integral à saúde.
Dentre as diretrizes da política nacional de saúde bucal do Ministério da Saúde, estão:
 A promoção de saúde bucal está inserida num conceito amplo de saúde que transcende a dimensão meramente técnica do setor odontológico, integrando a saúde bucal às demais práticas de saúde coletiva. Significa a construção de políticas públicas saudáveis, o desenvolvimento de estratégias direcionadas a todas as pessoas da comunidade, como políticas que gerem oportunidade de acesso à água tratada, incentive a fluoretação das águas, o uso de dentifrício fluoretado e assegurem a disponibilidade de cuidados odontológicos básicos apropriados. Ações de promoção da saúde incluem também trabalhar com abordagens de risco ou de proteção simultâneos tanto para doenças da cavidade bucal quanto para outros agravos (diabete, hipertensão, obesidade, trauma e câncer) tais como: políticas de alimentação saudável para reduzir consumo de açúcares, abordagem comunitária para aumentar o autocuidado com higiene corporal e bucal, política de eliminação do tabagismo e de redução de acidentes. (Brasil, 2004a, p.3-10).
A defesa da promoção da saúde não pode ser desvinculada da luta pelo acesso universal à assistência odontológica (Dias, 2006).
A EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE
No sentido da promoção de saúde, a educação para saúde tem destaque especial. A educação em saúde possilita ao cidadão compreender como pode contribuir para o melhoramento da sua qualidade de vida, assim como também pode contribuir para a resolução dos problemas de saúde da comunidade. Nela deverão ser respeitadas as peculiaridades de cada comunidade. Deverá haver valorização do saber popular e socialização do saber científico. Deverá ser destacada a importância da dieta saudável. Dever-se-á estimular nos cidadãos o consumo de verduras, legumes e frutas de acordo com as condições da família, bem como estimular o cultivo de hortas domésticas ou comunitárias. Deverá ser realçada e incentivada a amamentação natural para estimular a respiração nasal, o crescimento normal da face, a posição correta dos dentes e da língua do bebê.
Orientar o desmame, os alimentos a serem introduzidos durante o mesmo e a limpeza da boca antes e após o nascimento dos dentes da criança.
Alertar para a prevenção da instalação de hábitos nocivos (uso de chupetas, mamadeiras, sucção do dedo, cheirar pano ou chupeta e outros). Lembrar dos riscos de desenvolvimento das chamadas “cáries de mamadeira”, que são cáries que aparecem em crianças muito novas, decorrentes da amamentação noturna, natural ou artificial, sem higienização da boca do bebê após a mamada.
Desmistificar crenças negativas quanto à saúde bucal e ao tratamento odontológico, sobretudo na gravidez.
Levando-se em consideração a grande carência de saúde bucal da população brasileira (Brasil, 2004a), é importante a busca de caminhos para solução do problema. É fundamental que a prática odontológica não seja apenas curativa e terapêutica, centrada somente na figura do cirurgião-dentista. A promoção da saúde é de responsabilidade de toda equipe de saúde, especialmente aqueles membros que têm contato direto com os cidadãos (Brasil, 2006a).
A educação em saúde compreende ações que objetivam a apropriação do conhecimento sobre o processo saúde-doença incluindo fatores de risco e de proteção à saúde bucal, assim como possibilitar ao cidadão mudar hábitos apoiando-o na conquista de sua autonomia (Brasil, 2004c).
Dentre as medidas de promoção de saúde, a educação para saúde é muito importante e é entendida como possibilidade de transformação da realidade.
Para ser eficaz e atender à perspectiva da promoção em saúde, o processo de educação em saúde deverá ter como características, a democracia, a participação, a problematização e a transformação das práticas de saúde (Pereira et al, 2002, p.33-41).
A maioria das experiências realizadas em educação em saúde, talvez influenciadas por um estilo próprio da tradição escolar, tem se preocupado em ensinar, isto é, “como mostrar melhor para inculcar melhor. Nesse modo de ensinar o aprendiz é considerado como uma página branca onde novas idéias ou conhecimentos de origem exógena serão impressos” (Bordenave, 1983, p.20). Esse método é chamado de pedagogia da transmissão.
Nas abordagens educativas será sugerido um modo de ensinar diferente do convencional, chamado pedagogia da problematização, centrado na resolução dos problemas, conduzidos, geralmente, por meio de supervisão dialogada e de oficinas de trabalho, buscando propiciar a autonomia dos aprendizes.
Na pedagogia da problematização o aluno deverá ser participante e agente da transformação social. O conhecimento obtido é adaptado ao cotidiano por meio da capacidade de raciocínio e do pensamento crítico. Fazer perguntas relevantes em qualquer situação para entendê-las e ser capaz de resolvê-las adequadamente é a capacidade que se deseja desenvolver no aprendiz. A vantagem da pedagogia da problematização é que o aluno usa a realidade para aprender com ela, ao mesmo tempo em que se prepara para transformá-la. A aprendizagem é interpretada como um caminho que possibilita ao sujeito transformar-se e transformar o contexto. A educação resulta do entendimento do aluno como sujeito da aprendizagem e do professor como facilitador do processo. Na pedagogia da problematização, educar é compreender que a relação ensino-aprendizagem deve ser democrática e horizontal.
“Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo” (Freire, 1998, p.110).“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua produção ou construção”. (Freire, 1998, p.25).
Aprender requer método e tempo em qualquer pedagogia; porém, na pedagogia da problematização, requer um tempo a mais para ouvir.
ORGANIZAÇÃO DA PROMOÇÃO DA SAÚDE BUCAL DE ACORDO COM O CICLO DE VIDA E CONDIÇÃO DE SAÚDE
TEXTO 2: GESTANTES
O estado de saúde bucal encontrado na gestação tem estreita relação com a saúde geral da própria mãe e pode influenciar na saúde geral e bucal da criança. O cirurgião-dentista deve buscar a adequação do meio bucal e avaliar a possibilidade de realização de cirurgias e exodontias. Os procedimentos que necessitam de exames de Raios-X devem, se possível, aguardar o término da gestação ou realizá-los utilizando meios de proteção (avental de chumbo).
- As urgências odontológicas das usuárias gestantes devem ser encaminhadas de imediato ao cirurgião-dentista, que tomará os cuidados necessários.
-No primeiro trimestre, deve-se evitar tomadas radiográficas para não prejudicar a formação do feto. Pode-se realizar procedimentos clínicos odontológicos, sempre respeitando as indicações do médico e do cirurgião-dentista.
- O uso de medicamentos deve respeitar a prescrição médica ou odontológica, conforme o caso.
-Com a mudança nos hábitos alimentares, a gestante ingere alimentos mais vezes durante o dia, aumentando o risco de cárie. A sensação de vômito durante a escovação contribui para a diminuição da mesma. Esses dois fatores aumentam o risco de doenças bucais. Portanto, a equipe de saúde deverá estar atenta e estimular os hábitos de higiene e o autocuidado (usar menos creme dental, bochechar com água ou soluções antissépticas).
- Orientar sobre a possibilidade de sangramentos gengivais, decorrentes da variação hormonal típica da gravidez e estimular a limpeza da boca com a escova e o fio dental. A infecção periodontal maternapode representar um risco à gravidez e prejudicar a saúde do feto. Prematuridade do bebê e baixo peso tem sido relatada em mães com infecção periodontal. 
- A boa higiene bucal na gravidez assegura melhores condições das gengivas e evita dor e perdas dentárias. Onde a gestante fizer uso de água tratada que contém flúor, não se recomenda outro tipo de flúor, a não ser o dos cremes dentais para a escovação dos dentes. Na casa onde não se utilizar a água fluoretada, o Agente Comunitário de Saúde deverá aconselhar para que a família e a gestante escovem os dentes com pasta fluoretada, não sendo necessário nenhum outro tipo de medicamento ou suplemento vitamínico que contenha flúor.
- Deve-se orientar que a automedicação é nociva à saúde da gestante e do bebê. A ocorrência de infecções no organismo da gestante e as deficiências nutricionais podem acarretar problemas na saúde geral da paciente e do bebê, bem como problemas nos dentes do mesmo. Orientar sempre para o acompanhamento médico e odontológico.
- A alimentação deverá ser orientada por toda equipe de saúde, dentro das possibilidades da família, apoiando as iniciativas como hortas comunitárias ou caseiras, com produção de verduras, legumes e grãos (alimentos chamados de detergentes, que possibilitam a limpeza bucal, porque são fibrosos).
A gestante poderá se submeter a tratamento odontológico curativo sempre que necessário.
Perguntas comuns das mães para os profissionais da equipe de saúde, especialmente, para os Agentes Comunitários de Saúde:
 1- Dizem que, na gravidez, os dentes "estragam" com mais facilidade. Isso é verdade?
Não. A gravidez não é responsável pelo aparecimento de cárie. Quando isto acontece, está relacionado com alterações da dieta e presença de placa bacteriana por falta de limpeza adequada dos dentes (falta de higienização da boca após a ingestão de alimentos).
2- E quanto à gengiva? Ela se inflama com mais facilidade?
A gravidez também não causa inflamação na gengiva. Mais uma vez: é a presença da placa bacteriana que causa a gengivite. Porém, segundo alguns autores, a alteração hormonal no período da gestação poderá favorecer o desenvolvimento de gengivite, mas isso não acontecerá se houver uma higienização adequada da boca da mulher grávida.
3- Existem cuidados especiais para a higiene bucal?
Os cuidados são os mesmos de uma mulher não grávida: limpeza diária dos dentes e de toda cavidade bucal com uso adequado da escova e fio ou fita dental.
A qualidade dessa limpeza é mais importante do que a frequência. Se houver algum ponto da gengiva com sangramento deve-se caprichar na limpeza dessa região. Após três dias, se a gengiva continuar sangrando, a gestante deverá procurar a ajuda de um dentista.
4- Quando os dentes do bebê começam a se formar?
Os "dentes de leite" começam a se formar a partir da 6ª semana e os dentes permanentes, a partir do 5º mês de vida intra-uterina. Dessa forma, condições desfavoráveis durante a gestação (ex.: uso de medicamentos, infecções, carências nutricionais etc.) podem trazer problemas nos dentes em fase de formação e mineralização. Haverá prejuízos tanto para a dentição decídua como para a dentição permanente.
5- Existe algum fortificante para ser tomado a fim de assegurar uma boa dentição para o futuro bebê?
Os "fortificantes" estão numa alimentação balanceada, constituída por diferentes grupos de alimentos (peixes, frutas, legumes, verduras, cereais, leite e derivados). As avitaminoses (falta de vitaminas) podem comprometer o desenvolvimento normal dos dentes. Se houver necessidade de vitaminas, além daquelas que podem ser adquiridas com uma boa alimentação, o médico que acompanha o pré-natal determinará a prescrição necessária. Porém, só fará isso com exames que comprovem a real necessidade de complementação. A alimentação da gestante rica em frutas, verduras e legumes será fundamental para saúde e bem estar da gestante e do bebê. Vale a recomendação do prato sempre colorido. O copo nunca deve conter refrigerantes, apenas sucos naturais de frutas, legumes e verduras.
6- E então, o que deve a gestante fazer para que bebê tenha bons dentes?
Antes de tudo, ela própria precisa ter saúde. O nível de saúde bucal da mãe tem relação com a saúde bucal da criança. Os pais, particularmente a mãe, determinam muito o comportamento que os filhos adotarão. Hábitos saudáveis são fundamentais como, por exemplo, hábitos de limpeza bucal e de alimentação equilibrada.
7- Como vou ajudar a formar o paladar do bebê ainda durante a gestação?
Algumas pesquisas mostram que o paladar da mãe, entre o 3º e o 7º mês de gravidez, influenciará nas preferências gustativas do bebê. Orientamos, então, dieta nutritiva, balanceada, sem alimentos açucarados (doces, biscoitos, bolos, chocolates, balas, bombons, e outros). O açúcar natural dos alimentos é suficiente para a saúde da gestante e o desenvolvimento do bebê.
8- Como esfriar os alimentos do bebê sem contaminá-los com as bactérias da cárie?
Deixar os alimentos esfriarem à temperatura ambiente, nunca soprá-los e nem prová-los. Não contaminar os alimentos da criança com a saliva de adultos, que na grande maioria contém bactérias cariogênicas. Não beijar a boca do bebê pelo mesmo motivo. Pesquisas mostram que se até o quarto ano de vida a criança tiver poucos tipos de tais bactérias, ela possivelmente estará pouco exposta à doença cárie.
9- A amamentação é importante para os dentes do bebê?
A amamentação natural durante o primeiro ano de vida é fundamental para a prevenção de muitas das más oclusões. Além da importância afetiva e nutricional, o exercício muscular durante a sucção no seio também favorece a respiração nasal e previne grande parte dos problemas de posicionamento incorreto dos dentes e das estruturas faciais, auxiliando no desenvolvimento correto da fala. Amamentar é importante para o desenvolvimento físico e emocional do bebê. O leite materno se encontra na temperatura ideal de consumo, é balanceado com todos os nutrientes e vitaminas necessárias ao desenvolvimento da criança, além de não ter custo financeiro.
TEXTO 3: BEBÊS (0 a 24 meses)
O trabalho deve ser direcionado às gestantes, aos pais e às pessoas que cuidam da criança. As ações para esta faixa etária devem estar incluídas no contexto do trabalho multidisciplinar da equipe de saúde, que deve divulgar as seguintes informações:
- A amamentação no peito até os 6 meses de vida é imprescindível para a saúde do bebê. A partir do sexto mês de vida do bebê, incentivar o uso progressivo de alimentos em colheres e copos e, se possível, mantenha a amamentação até os 2 anos de idade. Esses hábitos evitam a deformação dos arcos dentais e dentes do bebê, provocados por uso prolongado de mamadeiras e chupetas.
- Incentivar o aleitamento materno nos primeiros meses de vida do bebê, mas se a criança estiver utilizando a mamadeira, orientar para não adicionar açúcar, mel, achocolatado ou farinhas para que a criança se habitue ao sabor natural do leite, evitando-se cáries e outras doenças. Evitar mamadas noturnas e não passar açúcar ou mel na chupeta.
- Quando houver necessidade de dar mamadeira ao bebê, não aumentar o furo do bico da mamadeira, para o bebê aprender a sugar, engolir e para ajudar o bom desenvolvimento das estruturas da face. A mãe deve utilizar a mamadeira como se fosse seu próprio peito. Não se esquecendo de que existem dois peitos, ou seja, quando for dar a mamadeira, deve-se colocar o bebê primeiro de um lado do colo, deixando-o mamar até a metade, depois o virando para o outro lado até o término da mamadeira. Isso evitará que desenvolva mais os músculos da face de um lado que do outro, evitando futuramente mordida cruzada e o uso de aparelhos ortodônticos.
- A chupeta não deve ser oferecida o tempo todo. Oferecê-la ao bebê somente para acalmá-lo e/ou como complemento ao ato de sucção promovido pelo seio da mãe. A criança não deve dormir com a chupeta na boca. Quando adormecer, ela deverá ser retiradae devidamente guardada com tampa. A chupeta não deverá mais fazer parte da vida da criança quando ela completar dois anos. Seu uso deverá ser desestimulado após o primeiro ano de vida. Quanto mais demorar para tirar o hábito da chupeta, mais difícil será tirá-lo.
 - A mãe deve iniciar a limpeza da boca do bebê antes do aparecimento dos dentes. Mesmo o leite do peito da mãe poderá provocar formação de cárie. Usar uma fralda ou gaze limpas, molhadas em água filtrada para limpar dentro da boca do bebê. Após o aparecimento dos primeiros dentes, escová-los com escova macia, sem creme dental. Apenas quando a criança aprender a cuspir, utilizar creme dental na escova (quantidade igual a um grão de arroz).
- Não permitir que a criança engula cremes dentais com flúor, porque o flúor em excesso poderá provocar manchas e alterações nos dentes em formação (fluorose).
No período de aparecimento dos dentes são comuns sintomas como: salivação abundante, diarréia, aumento de temperatura e sono agitado. Esses sintomas não são, necessariamente, decorrentes deste processo. Caso seja necessário, investigar outras causas para os sintomas descritos.
Perguntas comuns das mães para os profissionais da equipe de saúde, especialmente, para os Agentes Comunitários de Saúde:
1- A amamentação é importante para os dentes do bebê?
A amamentação natural é fundamental para a prevenção de muitas das más oclusões. O exercício muscular feito pelo bebê durante a amamentação também favorece a respiração nasal e previne grande parte dos problemas de posicionamento incorreto dos dentes e das estruturas da face, auxiliando no desenvolvimento correto da fala. Amamentar é importante para o desenvolvimento físico e emocional do bebê. O leite materno se encontra na temperatura ideal de consumo, é balanceado com todos os nutrientes e vitaminas necessárias ao desenvolvimento da criança, além de não ter custo financeiro e ser de fácil digestão. O bebê se cansa quando amamenta devido à fadiga da musculatura em torno da boca, causada pelo esforço empregado no ato de sugar o peito. Desse modo ele fica exausto e dorme, não buscando o dedo, chupeta ou outros objetos (Barrêto, 2003). Bebês que mamam no peito se esforçam 60 vezes mais para se alimentar que aqueles que tomam mamadeira.
2- Por que o leite da mãe é tão importante?
A ação mais importante do leite materno é o seu poder de imunização, fornecendo proteção contra infecções, principalmente às relacionadas com o aparelho respiratório (amigdalites, pneumonias e bronquites) e com aparelho digestivo. Ele diminui a probabilidade de aparecimento de reações alérgicas (urticária, asma e bronquite). Essa ação é provavelmente devido à presença de células do tipo macrófagos, existentes em grande quantidade no colostro (Gava-Simioni, 2001).
3- Existem outros benefícios no aleitamento materno?
A amamentação transmite prazer e segurança ao bebê. Isso é importante para um bom equilíbrio emocional da criança e para aumentar o laço afetivo entre mãe e filho. Quando suga o seio, o bebê promove o correto desenvolvimento da musculatura e dos ossos da face pela força do exercício físico que precisa empregar. Amamentar tem uma relação decisiva com a saúde da criança. Sugar o seio materno também é exercício importante para criar na criança o hábito correto de engolir, para evitar problemas de mastigação e de fala.
4- Existe leite materno fraco?
Não existe leite forte ou fraco. Nos primeiros cinco minutos de mamada o leite tem menos calorias, depois vai ficando mais forte e/ou mais calórico. É preciso paciência para amamentar (Figueiredo, 1999).
5- O leite materno causa cárie?
Sim. Apesar de todos os fatores positivos do leite materno, ele não pode ser deixado na boca após a amamentação. O açúcar do leite materno, metabolizado por bactérias cariogênicas , se transforma em ácidos que provocam a desmineralização do esmalte dental, iniciando a doença cárie. Raro é o bebê não possuir bactérias que são causadoras de cáries (cariogênicas). A maioria das crianças adquire essas bactérias que ficam na boca a partir do nascimento. Por isso o ideal é orientar à mãe que acostume o bebê desde cedo com a limpeza da boca. Quando começarem a surgir os primeiros dentes, o bebê já estará acostumado com a limpeza, permitindo que a mesma seja feita de modo correto. Resíduos de leite na boca, ainda que não haja dentes, servem para nutrição de bactérias cariogênicas que, porventura, a criança já tenha adquirido de outra pessoa ou do meio ambiente.
6- Como limpar a boca do bebê após a amamentação?
Deve-se limpar a boca do bebê com gaze ou pano limpo e macio molhados em água filtrada, passando sobre os arcos dentais, língua e face interna das bochechas. O leite materno é fundamental, mas também provoca cáries. Começar com uma higienização por dia e, após o aparecimento dos dentes, limpar após cada mamada. No início, o bebê tende a sugar a gaze, mas depois se acostumará com a higienização, abrindo a boca com a aproximação do dedo envolvido em gaze, habituando-se à limpeza. Quando surgirem os primeiros dentinhos o bebê já estará acostumado com a higienização da cavidade bucal. Poderá ser introduzida a escova dental para essa idade. O hábito de limpeza da boca do bebê faz com que ele ache natural que mexam na sua boca e facilitará a sua primeira consulta odontológica. Supõe-se que pais que recebem orientações sobre saúde bucal estarão mais preparados para cuidar dos seus filhos e motivá-los quanto à manutenção da higiene bucal durante o seu crescimento, diminuindo o risco dessas crianças desenvolverem certas doenças como a cárie (Pinto, 1990).
7- O que é cárie de mamadeira ou cárie precoce da infância?
É um tipo de cárie (buraco no dente) que aparece rapidamente. Basta que se deixem os dentinhos do bebê sujos de leite de peito ou de mamadeira. Caso seja impossível o aleitamento materno, o uso de mamadeira deve ser orientado pelo profissional da equipe de saúde. O bico da mamadeira deverá ter furo pequeno e formato anatômico (achatado para não entortar a boca). Oferecer mamadeira noturna é um ato cultural, pois esta não tem finalidade nutricional. Ela serve apenas para atender à conveniência de fazer a criança dormir, ou mantê-la dormindo (Figueiredo, 1999). A eliminação da mamadeira durante a madrugada deve ser feita, de preferência, antes da erupção dos DENTES. A mãe pode diminuir gradativamente a quantidade de leite e aumentar a de água de forma que, depois de quinze dias em média, a mamadeira só esteja sendo oferecida com água, o que leva a criança a dispensar a mamada da noite. O ideal é não fornecer mamadeiras ao bebê, amamentá-lo apenas no peito. À medida que o bebê for se desenvolvendo deve-se oferecer frutas e legumes raspados. Não dar alimentos triturados, pois é necessário o exercício da mastigação, para se desenvolver os maxilares e músculos da face. Mastigar frutas e verduras cruas é um bom exercício e ajuda a limpeza dos dentes que já apareceram na boca da criança
8- A cárie de mamadeira pode atingir todos os dentes da criança?
Segundo alguns autores, este tipo de cárie atinge quase todos os dentes de leite. Atinge principalmente os incisivos superiores e os primeiros molares inferiores, regiões que normalmente são consideradas de baixo risco de cárie.
9- Como é a cárie de mamadeira?
No início aparece como manchas brancas indicando a desmineralização do esmalte, podendo evoluir aprofundando em lesões em forma de meia lua, já apresentando cavitação (buraco) no elemento dental.
10- O que a cárie provoca na criança?
A cárie provoca grandes danos na saúde, com impacto na qualidade de vida, por ser causa de dor, sofrimento e infecção. Alertar aos pais, especialmente às mães e aos cuidadores das crianças sobre como prevenir a doença cárie: evitar adoçar os alimentos e limpar a boca da criança sempre que mamar, comer ou beber algum tipo de alimento.
11- O que acontece se a criança dormir mamando, sem limpar os dentes?
Os dentes e gengivas irão adoecer.Quando o bebê está acordado ele tem mais saliva e ela dilui o ácido formado pelas bactérias a partir dos restos de comida que ficam na boca da criança. A saliva lava a boca da criança diminuindo o número de “bactérias”. Mas quando a criança dorme a quantidade de saliva diminui e ela engole menos. Como há pouca saliva para dificultar o trabalho das bactérias da cárie, se a boca ficar suja fica fácil destruir os dentes e adoecer as gengivas.
12- Como deve ser a alimentação do bebê para ter saúde e bons dentes?
Os alimentos devem ser variados, coloridos e preferencialmente crus. A dieta equilibrada com todos os nutrientes, colorida, rica em legumes, verduras e proteínas deve ser mantida até a idade adulta. Alimentos ricos em carboidratos (açúcares: balas, doces, biscoitos, pães, etc.) facilitam a formação de ácidos e devem ser evitados. A frequência e a consistência do açúcar são os fatores mais determinantes no potencial cariogênico (formador de cárie) desse alimento. Deve-se buscar comer esses alimentos apenas após as refeições e sempre escovar os dentes depois de comê-los.
13- Qual a orientação sobre chupetas e mamadeiras?
Quanto mais cedo oferecer a mamadeira, maior será o número de crianças que utilizam chupetas. Se não houver como evitar o uso da chupeta, indicar a ortodôntica, no tamanho proporcional aos meses da criança, pois permite o posicionamento correto da língua e um fechamento labial adequado. Deve-se colocar a chupeta na boca da criança, esperar que ela a sugue e, em seguida, ir puxando a chupeta, como se fosse tirá-la. Repetir isso até cansar a criança, fazendo com que ela desista da chupeta em pouco tempo e ao mesmo tempo aproveitando a chupeta para trabalhar a musculatura facial. Esse exercício ajuda no desenvolvimento normal da face, quando a amamentação no peito for impossível.
14- Como se limpa a chupeta?
A limpeza da chupeta deverá ser feita com água limpa, filtrada, fervida ou tratada com cloro. Os hábitos de limpar a “chupeta” com a saliva, provar ou soprar para esfriar os alimentos antes de dá-los às crianças, bem como compartilhar o mesmo talher e/ou alimento são formas comuns de transmissão de bactérias da mãe ou do cuidador para a boca da criança. Os microorganismos causadores de cárie, especialmente os Streptococos mutans podem ser transmitidos pela saliva, de um indivíduo para outro, de modo que as mães e/ou cuidadores são considerados os principais focos de infecção para as crianças.
15- Como posso remover o hábito da chupeta?
Para retirar o hábito da chupeta de forma não traumática: usar chá de boldo sem açúcar no bico da chupeta. À medida que a chupeta for oferecida com o gosto amargo, a criança se desinteressará dela. O processo de retirada da chupeta deverá ocorrer entre um ano e meio a dois anos de idade. Retirá-la mais tarde é mais difícil e a boca da criança ficará torta (boca aberta).
 Mas, para evitar que a chupeta prejudique os dentes e não viciar a criança com a mesma, ela não deverá estar na boca da criança o tempo todo. Não deverá estar amarrada em fralda ou cordão. Deverá estar tampada, longe da vista da criança e só ser oferecida no último caso. A criança não deve falar com chupeta na boca. Quando sair de casa para um passeio, a chupeta deverá ficar em casa. A chupeta não é brinquedo e não pode substituir a necessidade de carinho da criança. Quando a criança se esquecer da chupeta não oferecê-la.
TEXTO 4: CRIANÇAS (2 a 9 anos)
Nesta faixa etária, o exame da boca pela equipe de saúde (médicos, enfermeiros e dentistas) deve ser incluído no exame de saúde geral. O agente de saúde, em visita domiciliar, ao observar a presença de alterações na boca da criança, deve encaminhá-la ao serviço odontológico. Deve-se evitar a perda precoce de dentes de leite, porque eles direcionam os dentes permanentes. Alguns hábitos nocivos devem ser evitados, tais como:
Sugar chupeta (retirar a chupeta, aos poucos, até os 3 anos de idade);
Chupar o dedo (causa mau posicionamento dos dentes);
Engolir com a língua entre os dentes;
Hábito de roer as unhas e respirar pela boca.
Os pais e responsáveis devem tentar retirar esses hábitos dos filhos de forma gradual e não traumática. O bom exemplo dos pais é a melhor conduta a ser seguida.
- De acordo com os hábitos de cada local, incentivar uma alimentação saudável, com produção de hortas locais. Alertar para o consumo exagerado e frequente de açúcar, porque esse hábito favorece uma série de doenças, como diabetes e cárie dentária. Incentivar o consumo de frutas, leite, legumes e verduras como forma de promoção de saúde.
- Na fase pré-escolar (2 a 6 anos de idade), oferecer alimentos variados e estimular a criança a participar do ato de alimentar-se. Nessa fase é comum a criança se desinteressar da alimentação e dar mais importância ao mundo que está a sua volta.
- Após sete anos, os pais devem incentivar a independência dos filhos na escolha de alimentos saudáveis. Evitar biscoitos recheados, refrigerantes e salgadinhos.
- A escovação nesta etapa, continua sendo responsabilidade dos pais ou responsáveis, ou pelo menos que, complementem a escovação feita pela criança, principalmente se for a noturna. Não utilizar grande quantidade de creme dental, pois pode ocorrer ingestão acidental. Deve-se introduzir o uso do fio dental com a ajuda de um adulto, 1 vez ao dia, de preferência à noite. A escovação deve ser reforçada nos dentes posteriores.
Por volta dos 6 anos nasce o 1º molar permanente atrás do último dente de leite (2º molar decíduo). Não cai nenhum dente de leite (decíduo) para que este dente apareça na boca. É um dente muito importante para o bom posicionamento dos demais dentes que ainda virão. Limpar este dente muito bem.
TEXTO 5: ADOLESCENTES (10 a 19 anos)
A equipe de saúde deve conhecer os principais problemas que afetam os adolescentes: violência, problemas familiares, depressão, drogas, álcool, gravidez precoce, transtornos alimentares de ordem comportamental,e doenças sexualmente transmissíveis para atuar de forma multiprofissional e saber encaminhar os pacientes. As orientações deverão, preferencialmente, ser feitas em linguagem de fácil entendimento, dando ênfase ao valor do sorriso. Sem um sorriso bonito, normalmente, não se tem: saúde, emprego, bons relacionamentos etc.
- Incentivar o adolescente a procurar a equipe de saúde bucal em caso de problemas da cavidade oral. Orientar sobre o uso do fumo, álcool, piercing e possibilidade de traumatismos dentários.
- Entre 7 e 12 anos, alertar os pais para o aparecimento do 2º molar permanente. Orientar sobre o autocuidado e a possibilidade de ocorrerem doenças periodontais e infecções decorrentes dela. Orientar os adolescentes a observarem a inflamação na gengiva e tecidos bucais.
- As orientações sobre alimentação devem abordar o consumo de carboidratos (açúcar) em excesso, associado a uma escovação deficiente como fatores facilitadores para o aparecimento da cárie. Alertar para o consumo excessivo de refrigerantes causadores de desgastes no esmalte dos dentes. Incentivar o consumo de alimentos ricos em cálcio (leite) e ferro (feijão, soja). Observar os sintomas de bulimia e anorexia nervosa e uso de anabolizantes, transtornos comuns entre os adolescentes. A anorexia e a bulimia causam erosão dental devido ao ambiente bucal extremamente ácido resultante do comportamento dos pacientes.
- A escovação e o uso de fio dental devem ser estimulados abordando a importância da beleza do sorriso e melhora do hálito. Orientar que, quanto mais escovar e passar o fio dental, mais rápido o sangramento gengival melhora.
Esclarecer sobre os prejuízos à saúde causados pelo fumo e álcool, taiscomo: manchas nos dentes, doença periodontal, câncer bucal e outros.
Os problemas acarretados pelo uso do piercing oral devem ser mencionados, pois é cada vez maior o número de adolescentes que utilizam o adereço. A perfuração da língua, bochecha e lábios acarreta alto risco de infecção devido a grandequantidade de bactérias presentes na boca. São comuns também hemorragias, edemas, ganglios infartados (ingua), dificuldades na fala, mastigação e deglutição. O piercing é um agressor local que modifica os tecidos da cavidade bucal transformando-os em uma lesão branca que pode se transformar em câncer, aliados ao fumo e álcool esse risco se torna maior. A higienização dos piercings de todos os tipos é imprescindível. Aconselhamos a remoção do artefato pelo menos uma vez ao dia para sua escovação com clorexidina a 0,12% durante a higiene bucal.
O uso de drogas na adolescência aumenta o risco de cárie, doença periodontal, câncer e pode levar a perda de todos os dentes. Este fato ocorre pois, o dependente se descuida da sua saúde geral e bucal. 
Entre 17 e 21 anos aparecem os 3os molares permanentes (siso: dente do juízo), na maioria das vezes em local de difícil acesso, o que exige cuidado especial na sua limpeza.
Os pacientes que usam aparelho ortodontico , comum nos dias de hoje, devem ter um cuidado maior na higienização. Os braquetes, bandas e demais acessórios próprios do tratamento podem levar a desmineralizações do esmalte, causando mancha branca, cárie dentária e gengivite. Atentar para o fato de que os componentes do aparelho fixo não poderão permanecer na boca se o paciente abandonar o tratamento ortodôntico antes da alta do ortodontista.
TEXTO 6: ADULTOS (até 60 anos)
É uma faixa etária bastante ampla que, apresenta necessidades de tratamento odontológico associadas às doenças sistêmicas, tais como: diabetes, tuberculose, AIDS, e outras, com ou sem presença de manifestações bucais. Nas atividades em grupo, feitas pela equipe de saúde, os profissionais de odontologia devem estar presentes. Nos exames bucais, verificar: lábios, face interna das bochechas e língua com possíveis lesões suspeitas para câncer bucal e doenças na gengiva. Orientar sobre os prejuízos do fumo, álcool e importância de uma alimentação saudável, pobre em alimentos doces ou com açúcar.
- Estimular a escovação e uso do fio dental, visando o autocuidado. Orientar a escovação de gengivas e próteses, se usar.
- Os pacientes portadores de doença periodontal devem passar por consultas periódicas de manutenção preventiva com o Cirurgião-Dentista.
- A motivação dessa faixa etária requer destaque na associação de doenças bucais com a saúde geral, tomando como ponto de partida a prevenção dos problemas e a promoção da saúde.
- Os pacientes diabéticos e hipertensos devem ser encaminhados ao controle médico e aos grupos existentes na Unidade de Saúde. Os diabéticos são mais propensos a ter doenças nas gengivas e perder os dentes. Como toda inflamação, a doença nas gengivas pode provocar aumento no nível de açúcar e tornar o diabetes uma doença mais difícil de controlar. Os pacientes portadores de outras doenças deverão, preferencialmente, receber tratamento de toda equipe interdisciplinar.
- O paciente portador do vírus HIV pode ser atendido pelo Clínico-geral na atenção básica e deverá ser encaminhado aos Centros de Referência para controle de complicações sistêmicas (do corpo) avançadas, ou necessidade de encaminhamento para exames específicos (lesões de tecidos moles, tratamento de doença periodontal grave, endodontia, prótese, etc.).
- A equipe de saúde deve orientar o cidadão soropositivo sobre a possibilidade do acometimento de doença periodontal grave, de evolução rápida, enfatizando os cuidados preventivos. Deve-se planejar e deliberar antes da realização de procedimentos cirúrgicos, informando-se junto ao médico ou cirurgião-dentista. O médico deverá indicar a profilaxia antibiótica adequada, além de controlar as condições de pressão e glicose, se necessário.
É importante ter um cuidado especial com os cuidadores de doentes (mãe, tia, vizinho, esposa etc.), porque ao tomarem conta de outras pessoas, muitas vezes, esquecem do autocuidado e também adoecem.
TEXTO 7: IDOSOS (acima de 60 anos)
Pacientes dessa faixa etária necessitam de uma avaliação global para investigação de alterações múltiplas na saúde geral, associadas às doenças bucais e uso contínuo de medicamentos. No idoso, a promoção da saúde na odontologia busca garantir o bem-estar, a melhoria da qualidade de vida e da autoestima, melhorando a mastigação, estética e possibilidade de comunicação. É importante o envolvimento familiar e de cuidadores de idosos nesse processo, produzindo uma interação com a equipe de saúde.
- Avaliar sinais e sintomas que podem indicar necessidade de avaliação pelo dentista, tais como:
dificuldade ao se alimentar, durante a mastigação e o ato de engolir;
queixa de dor e desconforto;
mudança nos hábitos alimentares;
resistência ou recusa à escovação dentária;
mau hálito;
boca seca ou ardência bucal;
feridas na boca;
sangramento gengival.
- Acompanhamento de pacientes usuários de prótese, orientando a escovação das mesmas. A perda de elementos dentais pode ocasionar perda de mastigação e necessidade de ingestão de dieta pastosa (podendo causar mais cáries).
- Os idosos com coordenação motora podem ser orientados para a escovação com creme dental com flúor e uso do fio dental. Quando for preciso, solicitar ajuda de familiares e cuidadores para ajudarem nos hábitos de higiene bucal.
- O aconselhamento da dieta é importante, pois, a falta de dentes ocasiona acomodação do paciente aos alimentos amassados ou pastosos que contém mais possibilidade de possuir açúcar. Orientar os familiares para, dentro de suas possibilidades, construírem uma proposta de alimentação menos prejudicial aos dentes.
- Deve ser feita a limpeza da língua com gaze embebida em solução antisséptica ou com escova dental ou raspador lingual, delicadamente para evitar a sensação de vômito. A limpeza da língua reduz o mau hálito.
- A ausência de saliva pode estar relacionada ao consumo de alguns medicamentos (xerostomia). Aconselhar a ingestão regular de água durante o dia e uso de balas sem açúcar. A aplicação tópica de flúor deve ser indicada se houver risco de cárie.
Deve-se orientar para a observação e auto-exame bucal. Ao perceber alterações de cor e textura na mucosa (feridas, manchas de cor branca, vermelha ou preta, carnes crescidas, caroços, endurecimentos, bolinhas duras) buscar atenção profissional. O cidadão deve ser estimulado a realizar avaliação com o dentista periodicamente (uma vez ao ano).
TEXTO 8: PACIENTES COM NECESSIDADES ESPECIAIS
Na odontologia é considerado paciente com necessidades especiais todo cidadão que apresente uma ou mais limitações, temporárias ou permanentes, de ordem mental, física, sensorial, emocional, de crescimento ou médica, que o impeça de ser submetido a uma situação odontológica convencional. Estão incluídas as doenças hereditárias, defeitos congênitos e alterações que ocorrem durante a vida, como doenças sistêmicas, alterações comportamentais, envelhecimento, acidentes, etc. Os familiares e responsáveis devem ser orientados sobre sua conduta frente ao tratamento odontológico, se houver necessidade do mesmo. O Agente de Saúde deve orientar para as práticas de higiene.
- No caso de pacientes com movimentos involuntários, cerramento da boca e aumento do reflexo de engasgar, pode ser difícil a manutenção da higiene bucal pelos responsáveis. Havendo, portanto, necessidade de aumentar o cuidado preventivo odontológico pela equipe de saúde bucal.
- No caso de dieta rica em alimentos pastosos e/ou rica em carboidratos e também no uso de medicamentos adocicados, orientar sobre a importância da higiene bucal.
- Devem-se seguir as seguintes recomendações para a higiene bucal:
colocar pouco creme dental na escova;
utilizar escovas dentais pequenas;
consumir alimentos detergentes (com fibras), tais como: cenoura crua, maçã, rabanete, talos de verduras, erva-doce, etc.;
massagear as gengivas com pano limpo molhado ou gaze umedecida nos pacientes que não mastigam normalmente, para remover restos alimentares e placabacteriana, combatendo a inflamação e o sangramento gengival;
tentar escovar, sempre, todas as faces dos dentes.
PRINCIPAIS PROBLEMAS DE SAÚDE BUCAL
TEXTO 9: DOENÇA CÁRIE
A cárie é uma doença infecciosa e contagiosa. É a principal causa da perda dos dentes. Ela constitui um aspecto crítico das condições gerais de saúde devido ao seu peso na carga de doenças e ao seu impacto na qualidade de vida, por ser causa de dor, sofrimento e infecção (Souza, 2005).
Os microorganismos (bactérias) que vivem em nossa boca agarram-se aos dentes formando uma camada muito fina chamada placa bacteriana. Se a placa bacteriana não for removida pela limpeza da boca (higienização), desenvolve-se bastante. Ela pode ser vista através de substâncias chamadas evidenciadores de placa que colorem a placa acumulada na boca (sujeira, bactérias e produtos de bactérias).
Essas bactérias, presentes na placa, se alimentam, principalmente, dos açúcares da alimentação (dieta). Nutrindo-se dos restos dos alimentos que ficam na boca, as bactérias produzem ácidos, que vão destruir os dentes e inflamar as gengivas. Poderá se formar nos dentes uma cavidade (buraco) conhecida como cárie. Quando diagnosticada nesta fase, a cárie tem como tratamento a restauração do dente. Quando a doença está muito avançada, o tratamento da mesma será mais complexo, podendo necessitar de tratamento endodôntico (canal) ou mesmo a extração (retirada) do dente. Portanto, a doença cárie deve ser diagnosticada (vista) em seus estágios mais iniciais, enquanto é apenas uma descalcificação (mancha branca), que poderá sarar (remineralização). O controle da freqüência e quantidade do consumo de açúcar, a adoção de bons hábitos de alimentação e de higiene da boca, bem como a exposição apropriada ao flúor (água fluoretada e creme dental) são fundamentais para a recuperação de dentes com cáries iniciais e para a manutenção de dentes e gengivas sadios (Thylstrup e Fejerskov, 1997).
A frequência (consumo várias vezes ao dia e entre as refeições) e a consistência do açúcar (alimentos pegajosos que permanecem na boca por muito tempo e de difícil remoção pela saliva) são os fatores mais determinantes no potencial cariogênico do açúcar (potencial para produção de cáries).
Cárie é doença contagiosa (pega). Geralmente as bactérias responsáveis pelo início e desenvolvimento da cárie e gengivite são transmitidas às crianças pela mãe ou cuidador. A mãe ou cuidador não deve provar a comida da criança com a mesma colher que estiver usando para se alimentar. A colher que usar para levar a comida à boca do bebê deverá estar limpa. Também não pode soprar a comida que vai oferecer à criança. Não deve beijá-la na boca. Tudo isso para evitar colocar na boca da criança as bactérias cariogênicas (bactérias que causam a cárie) que a mãe ou cuidador já tenha, evitando desse modo a contaminação da criança. Se a mãe ou cuidador tem muitos tipos de bactérias, poderá contaminar a criança, fazendo com que ela adoeça rapidamente e tenha cáries e outras doenças da boca. Além da mãe ou cuidador, outros adultos próximos também podem ser fontes de contaminação.
A possibilidade do beijo entre adultos transmitir a cárie também existe, porém o risco é menor, pois estes já têm uma comunidade bacteriana definida e instalada que não dá chance para que novas bactérias se instalem.
É preciso começar a ação de promoção de saúde na gestação, para que se previna a cárie e a gengivite na infância. O acompanhamento odontológico da gestante, a fim de manter ou recuperar a saúde bucal da mesma, o fornecimento de orientações adequadas, o estímulo para autocuidado e para o cuidado com o bebê (alimentação saudável e higienização da boca de ambos) são fatores que os conduzirão à saúde bucal. Todos da família acabam se beneficiando com isso.
FIQUE ATENTO:
A cárie é uma doença infecciosa crônica, multifatorial (tem muitos fatores), resultando na dissolução mineral dos tecidos dentários por ácidos produzidos por bactérias que modificam os carboidratos, em especial a sacarose e lactose (açúcares da cana-de-açúcar e do leite, respectivamente). As bactérias existentes na boca fixam-se nos dentes formando uma camada fina chamada placa bacteriana. Tais bactérias alimentam-se principalmente de açúcares provenientes da dieta, produzindo os ácidos, que vão destruindo os dentes, num processo lento e contínuo.
A evolução e desenvolvimento da cárie dependerá:
Do tipo de dieta → quanto mais carboidrato(dieta pegajosa, rica em açúcares), maior será o risco de cárie ( Thystrup e Fejerskov, 1997).
Freqüência → quanto mais vezes consumir carboidratos, maior será o risco de cárie.
Quantidade → quanto maior quantidade de carboidratos for consumida, maior será o risco de cárie.
Higiene bucal → quanto menos higienização da boca, maior será o risco de cárie. Caso esteja em local onde não tenha acesso à escova, bochechar vigorosamente com água para que assim se consiga remover um pouco dos restos alimentares e placa dentária.
Transmissibilidade dos microorganismos cariogênicos → quanto maior a transmissão, maior risco de cárie.
Biologia humana → pacientes com mais susceptibilidade terão maior risco de cárie.
Dieta saudável → a dieta que é prejudicial à saúde da boca causando cárie e doença periodontal, também causa doenças sistêmicas tais como: diabetes, obesidade, hipertensão, etc..
Ao avaliarmos o risco dessa doença devemos levar em conta também as condições socioeconômicas e educacionais do país, bem como os padrões de cultura e tradição popular que orientam os hábitos e as condutas pessoais e coletivas (Pinto, 1990).
TEXTO 10: DOENÇA PERIODONTAL
GENGIVITE:
Além de cáries, o acúmulo de placa bacteriana nos dentes, na língua e bochechas pode causar uma inflamação na gengiva chamada de gengivite.
A gengiva sadia apresenta-se rosada, sua consistência é firme e não apresenta sangramento na escovação e sondagem.
Na gengivite, a gengiva apresenta-se avermelhada, inchada e brilhante. Também pode ocorrer mau hálito persistente, sangramento e, às vezes, dor. Todos esses sintomas desaparecem quando medidas de higiene adequadas são restabelecidas ou iniciadas (limpeza da boca com escovação dos dentes, da língua, das gengivas, com o uso correto do fio dental e com a lavagem da boca com bochechos para remover bem a sujeira após a escovação).
Se medidas de limpeza adequada da boca forem restabelecidas a gengivite regridirá e as gengivas voltam a ficar sadias. Caso isso não aconteça deve-se procurar orientação profissional (o cirurgião-dentista).
Pode haver gengivite associada ao aparecimento dos dentes na boca (erupção dos dentes). Denomina-se gengivite de erupção e aparece nas crianças e adolescentes. Nessas gengivites é comum encontrar a gengiva bem inflamada, resultado do acúmulo de placa bacteriana ao redor dos dentes que estão “nascendo”.
PERIODONTITE (doença periodontal):
Se a gengivite não for tratada, pode evoluir para uma doença mais grave, a periodontite. Ela destrói o osso e os tecidos ao redor dos dentes, levando-os à mobilidade (os dentes ficam moles, bambos) e queda (o dente cai). Isso acontece se a periodontite não for diagnosticada, tratada e controlada, por meio de tratamento clínico adequado e da participação ativa do paciente na higienização da boca.
A periodontite é uma infecção que afeta os tecidos que rodeiam os dentes. Ela se caracteriza pela formação de um espaço indesejável entre a gengiva e o dente, chamado de bolsa periodontal, que favorece o acúmulo de resíduos alimentares e bactérias. A doença periodontal é a principal causadora da perda de dentes em adultos.
Existem hipóteses de que na gestante, a doença periodontal pode estar relacionada ao nascimento de bebês prematuros e/ou de baixo peso ou com abortos.
Pacientes com diabetes apresentam uma predisposição maior à periodontite, devendo ser orientados quanto ao acompanhamento odontológico regular e estimulados a um rigoroso controle de placa.
Também os fumantessão mais propensos ao desenvolvimento da periodontite.
A periodontite, de acordo com pesquisas científicas, poderá agravar o risco de algumas doenças cardiovasculares, reumatismos, doenças renais, pulmonares e outras, pois, existe uma infecção não tratada que poderá evoluir para um quadro mais grave. Os pacientes cardiopatas correm um risco de desenvolver uma infecção muito grave, a endocardite bacteriana, que ocorre quando bactérias presentes em focos infecciosos da boca migram, através do sangue, e se instalam no coração (as bactérias usam a corrente sangüínea como meio de transporte). Portanto, prevenção, tratamento e manutenção da saúde bucal nestes pacientes são imprescindíveis.
Fatores de retenção de placa bacteriana como o tártaro, cavidades abertas nos dentes decorrentes de cárie e restaurações mal adaptadas agravam os problemas periodontais. Quando a placa bacteriana fica muito agarrada nos dentes, sem ser removida regularmente, ela endurece formando uma massa calcificada (dura) que é o tártaro. Ele é muito aderido ao dente e só se consegue removê-lo com instrumentos especiais. Quem limpa o tártaro é o cirurgião-dentista ou técnico em saúde bucal, que faz uma raspagem nos dentes. O tártaro tem relação direta com a periodontite. A presença do mesmo dificulta a higienização da boca e favorece o acúmulo de mais placa bacteriana, que é o principal fator no início e desenvolvimento da periodontite.
Outros fatores também podem contribuir no processo saúde-doença periodontal, como o uso de determinados medicamentos, alterações hormonais na puberdade, na gravidez e no climatério.
 A doença periodontal é mais comum no adulto, é de progressão lenta, na maioria dos casos, devido ao fato de elementos de defesa do organismo humano agirem, retardando sua progressão.
PERIODONTITE JUVENIL:
É um tipo de periodontite que aparece em crianças e adolescentes na idade de 10 a 19 anos, exige acompanhamento e tratamento adequados executados pelo cirurgião-dentista clínico geral ou especialista (periodontista).
Mesmo quando tratada e curada a doença periodontal deixa sequelas (consequências): deslocamento na posição do dente, retração gengival com consequente aumento no comprimento do dente, aumento da sensibilidade dentária e outras.
A saúde e a doença estão relacionadas com uma história. Tal história é o próprio modo como a pessoa pode viver em sociedade: como pode trabalhar, pensar, morar, educar-se, alimentar-se, ter acesso a serviços de saúde e outros. Por isso, quando alguém apresenta doenças periodontais não é porque opta ou escolhe esta condição, mas devido à sua própria história de vida.
O diagnóstico e o tratamento curativo das doenças periodontais é de responsabilidade do cirurgião-dentista, mas o estímulo ao autocuidado e a educação para a saúde bucal é de responsabilidade de toda a equipe de saúde que assiste o cidadão (Brasil, 2006).
Normalmente a disposição do cidadão em cuidar melhor do corpo é resultado de um reconhecimento de que a responsabilidade pela manutenção da saúde também é da própria pessoa. É quando o paciente assume o autocuidado.
Como as demais doenças do corpo, as doenças bucais (cárie, gengivite, periodontite e outras) são também determinadas pelas condições de vida dos cidadãos. Portanto, as doenças bucais (experiência de cárie, por exemplo) são resultado da associação de diversos fatores, entre eles as condições socioeconômicas e educacionais do país, bem como os padrões de cultura e tradição popular que orientam os hábitos e as condutas pessoais e coletivas (Pinto, 1990).
A promoção de saúde e o autocuidado são fundamentais para manter e recuperar a saúde geral e da boca. Os Agentes Comunitários de Saúde são os profissionais mais ligados à comunidade, podendo difundir conhecimentos simples que reverterão em saúde e qualidade de vida para todos .
TEXTO 11: CÂNCER BUCAL
Os principais fatores relacionados ao aparecimento do câncer de boca são o uso contínuo do álcool e do fumo (principalmente se associados), as condições precárias de limpeza da boca, o péssimo estado de conservação da cavidade bucal (dentes quebrados, restos de raízes, próteses mal adaptadas ou que machucam), a má alimentação, a radiação solar (principalmente do câncer no lábio inferior) e herança genética. Pode estar presente um desses fatores ou alguns ou todos estarem associados. O fumo, além do câncer de boca, é o principal responsável pelo câncer em outros órgãos como: pulmão, bexiga, rins, etc. Já o álcool causa também câncer em outros órgãos tais como: fígado, esôfago, estômago, pâncreas, etc..
O câncer não é contagioso (não pega) e quanto mais cedo for descoberto, maiores são as chances de cura. Se ele for descoberto no início do seu aparecimento, as seqüelas são menores e, portanto, maior a qualidade de vida.
Devemos ficar atentos a alguns sinais sugestivos como: feridas que não doem e não cicatrizam por um período de até duas semanas, caroços (principalmente, embaixo do queixo e no pescoço), presença de manchas brancas, vermelhas ou pretas nos tecidos moles (lábios, língua, bochechas, gengivas e assoalho da boca) e sangramento sem causa conhecida. A dor pode ser um sinal de doença avançada. Na presença de alguns destes sinais, o dentista deve ser procurado imediatamente.
No Brasil, o câncer de boca assume importância por causa do câncer de lábio, uma vez que se trata de um país tropical, que tem grande parte da economia sustentada por atividades rurais, nas quais os trabalhadores ficam expostos de forma continuada à luz solar.
O câncer de lábio é mais freqüente em pessoas brancas e registra maior ocorrência no lábio inferior em relação ao superior. O câncer em outras regiões da boca acomete principalmente fumantes e os riscos aumentam quando o tabagista é também alcolotra. Assim, é mais comum em indivíduos do sexo masculino acima de 50 anos, apesar do acentuado aumento de sua incidência em mulheres e adultos jovens.
Fatores de Risco:
Os principais fatores de risco são o tabagismo (fumar cigarro de papel, palha ou cachimbos) e o consumo de bebidas alcoólicas associados ou não, trauma crônico (uso de próteses dentárias mal-ajustadas, restos radiculares, dentes fraturados), má higiene bucal, baixo consumo de caroteno e história familiar de câncer.
Sintomas:
		Feridas na boca que não cicatrizam em até duas semanas, ulcerações superficiais (machucadinhos) com menos de dois centímetros de diâmetro, sem dor, podendo sangrar ou não; manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou pretas (nos lábios ou na parte interior da boca); carnes crescidas; sensação de dormência na língua; dificuldade de fala; dificuldade de mastigação; dificuldade de deglutição (engolir) e outros. Pode apresentar também emagrecimento acentuado, dor e presença de linfadenomegalia cervical (íngua no pescoço), que são sinais de câncer de boca em estágio avançado.
Prevenção:
1 - evitar fumo e álcool;
2 - evitar exposição continuada aos raios solares (recomenda-se o uso de filtro solar e chapéu de aba larga);
3 - evitar traumas crônicos na mucosa bucal, tais como: prótese mal adaptada, coroas dentais fraturadas, raízes residuais e outras coisas que possam parecer anormais;
4 - manter higienização adequada, escovando os dentes no mínimo quatro (4) vezes ao dia, principalmente após a ingestão de qualquer alimento, fazer uso do fio dental e se auto-examinar continuamente conforme descrição;
5- fazer alimentação balanceada (rica em vegetais, legumes e frutas) evitando fazer uso do açúcar em excesso;
6 - procurar seu dentista ou médico em caso de aparecimento de qualquer lesão que não regrida no espaço de até duas semanas (áftas duram no máximo duas semanas).
Diagnóstico:
A confirmação diagnóstica é feita através de biópsia. Os Raios-X podem ser úteis para averiguar o comprometimento dos ossos.
Tratamento:
A cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia são, isolada ou associadamente, os métodos terapêuticos aplicáveis ao câncer de boca.
FIQUE ATENTO :“ Só enxerga quem procura...” Portanto, o auto-exame e o diagnóstico precoce são imprescindíveis a um prognóstico de cura.
TEXTO 12: QUESTÕES SOBRE O CÂNCER BUCAL
1- Como se desenvolve o câncer bucal?
O câncer bucal é um tumor malígno que se desenvolve a partir de uma célula que sofre uma série de alterações genéticas. Essas alterações influenciam a diferenciação, o crescimento e a morte celular. A célula “defeituosa”, diferentemente das outras, passa a se multiplicar desordenadamente, transformando-se num corpo estranho ao organismo.
2- O câncer bucal é comum?
Sim, a incidência mundial de câncer bucal varia de país para país (2% a 8%). Canadá, Austrália e França têm taxas elevadas. A Índia é o país de mais alta incidência (48% a 70%) devido a práticas culturais exóticas, como o hábito de colocar o cigarro com a ponta acessa voltada para o interior da boca e o uso do bétele (planta originária da Índia, cujas folhas são misturadas com tabaco e utilizadas para mascar). No Brasil, as taxas são elevadas, sendo o câncer bucal o 6º tipo mais comum entre os homens e o 8º entre as mulheres.
3- Quais são os fatores de risco para o câncer bucal?
Os principais fatores de risco são: uso do tabaco, consumo freqüente de bebidas alcoólicas e exposição excessiva à radiação solar. Alguns fatores podem contribuir para o desenvolvimento do câncer bucal, como: má higiene bucal; dentes quebrados; próteses removíveis parciais ou totais mal adaptadas, com conseqüentes irritantes locais; dieta pobre em vitaminas A, C, E e o vírus HPV (papilomavírus humano). Outros fatores ainda estão sendo estudados para se verificar sua relação com o câncer bucal, como: o uso de chimarrão, o consumo de carne grelhada (churrasco) e a fumaça do fogão a lenha.
4- Se diagnosticado precocemente, quais as chances de cura do câncer bucal?
Quanto mais cedo for descoberto e adequadamente tratado, maior será a chance de cura e sobrevida do paciente. A expectativa de cura varia de 85% a 100% quando o câncer é diagnosticado e tratado na fase inicial.
5- Como proceder ao auto-exame da boca?
Lavar bem as mãos. Diante de um espelho, após retirar próteses ou outros aparelhos removiveis: 1) veja se em seu rosto há algum sinal que você não notou antes (crescimento anormal por fora da boca) (fig.A); 2) observe no lábio se há manchas ou feridas (fig.A); 3) puxe o lábio de baixo e examine-o por dentro; faça o mesmo com o lábio de cima (fig.C); 4) abra a boca e estique a bochecha; faça isso dos dois lados (fig A); 5) ponha a língua para fora e observe sua parte de cima (fig B); 6) puxe a ponta da língua para o lado direito e depois para o lado esquerdo e observe as laterais da Iíngua (fig C); 7) coloque a ponta da língua no céu da boca e examine a parte de baixo da língua e o assoalho da boca (fig B); 8) incline a cabeça para trás e examine o céu da boca (fig B); 9) ponha a língua pra fora, diga “A, A, A,... e observe a garganta (fig A).
6- Quais são os sinais indicativos de alguma “anormalidade” na boca?
Feridas que não cicatrizam em 2 semanas; manchas brancas, vermelhas ou negras; carnes crescidas; caroços; bolinhas duras e inchaço na boca; dificuldade para movimentar a língua; sensação de dormência na língua; dificuldade para engolir. A presença de qualquer um desses sinais merece um exame mais detalhado, com encaminhamento do paciente ao cirurgião-dentista.
7- Qual é a freqüência recomendada para a realização do auto-exame da boca?
Para pessoas não-fumantes, recomenda-se fazer o auto-exame bucal a cada 6 meses e, para os fumantes, a cada 3 meses. O ideal é fazer 1 vez por mês para que qualquer alteração da normalidade da boca seja prontamente detectada.
TEXTO 13: AUTO-EXAME DA BOCA
FIGURA A
FIGURA B
 
FIGURA C
Fonte: Falando sobre câncer de boca – Ministério da Saúde – Departamento de Atenção Básica. Brasília, 2006.
ORIENTAÇÕES SOBRE HIGIENIZAÇÃO
TEXTO 14: COMO HIGIENIZAR A BOCA
 Fonte: Cadernos de Atenção Básica n°. 17 – Ministério da Saúde – Saúde Bucal – Saúde da Família. Brasília, 2006.
Para complementar a higienização da boca: bochechar vigorosamente com água, 3 vezes, após a escovação correta, promovendo assim uma melhor remoção dos resíduos alimentares e de placa bacteriana. O bochecho vigoroso é importante também para que o flúor da água e do creme dental penetre entre os dentes reforçando a higienização. Caso esteja em lugar onde não tenha condições de fazer a higienização correta após as refeições, bochechar vigorosamente com água para diminuir a formação de placa. Quando chegar em casa, proceder a higienização adequada.
Cuidados com a escova após a higienização:
Após o uso da escova, lavá-la bem em água corrente retirando os resíduos alimentares e do creme dental. Sacudi-la para eliminar o excesso de água e enxugá-la com papel absorvente. Guardá-la em local arejado e limpo, sem que haja contato de uma com as outras (colocar na caixa protetora). Isso deve ser feito para se evitar a proliferação de fungos e bactérias e a transmissão de doenças tais como: cárie, doença periodontal, amigdalites, gripes, resfriados, herpes entre outros. Não secar em toalha de rosto ou de banho, pois isso pode aumentar ainda mais a contaminação.
TEXTO 15: LIMPEZA DE PRÓTESES REMOVÍVEIS (PARCIAIS E TOTAIS)
A prótese tem função vital para o desdentado ou parcialmente desdentado: a possibilidade de mastigação, ainda que limitada. Com isso melhora a digestão. Ao substituir os dentes ausentes, a prótese melhora também a qualidade da fala e a auto-estima, favorecendo a integração social.
O paciente que usa prótese (dentadura total ou parcial) pode ficar com dificuldade de triturar alimentos mais duros. Quando a prótese é superior, o paciente pode perder parte da sensibilidade à temperatura na parte superior da boca (céu da boca). Esses fatores, às vezes, levam as pessoas a mudarem a alimentação, o que pode resultar no empobrecimento da dieta. Quando isso acontecer, essas pessoas precisam ser orientadas com uma dieta rica em verduras (trituradas em forma de sucos ou molhos), legumes (cozidos ou triturados) e frutas bem maduras e macias. Atentar para a ingestão de proteínas na forma de leite e derivados, carnes moídas ou cozidas e outras. Alertar para que não consumam apenas carboidratos, que são mais fáceis de mastigar.
O uso de prótese removível significa um novo aprendizado de hábitos, tais como mastigar e higienizar a boca no dia-a-dia. É importante dar atenção ao surgimento das placas bacterianas que se fixam, tanto nos dentes naturais, como nos dentes das próteses. Portanto, a higienização das próteses e da boca é uma necessidade primordial para a saúde. Na prótese não acontece a cárie, mas pode ocorrer o acúmulo de placa bacteriana, que se não for removida adequadamente, transforma-se em tártaro.
Quem usa prótese dentária deve realizar exame bucal pelo menos uma vez ao ano, porque as próteses mal adap​tadas podem gerar traumas constantes, resultan​do no desenvolvimento de lesões graves nas mucosas, que podem afetar outros órgãos.
Para uma higiene correta da prótese e da boca, siga estas orientações:
Lavar as mãos e retirar a prótese. Antes da limpeza, colocar um pouco de água na pia, tampar e segurar a prótese bem próxima da água para evitar fraturas em caso de queda.
Faça a escovação normal da prótese com escova de dentes comum e sabão. Use creme dental somente para limpar a boca e/ou dentes remanescentes. Não use produtos abrasivos (creme dental ou bicarbonato) para limpeza da prótese, pois poderá arranhalá.
Dedique cuidados especiais na higienização do interior da prótese. Restos de alimentos e bactérias aderem-se às bases da prótese, onde ela se apoia na boca, inflamando a gengiva e a mucosa, por isso ela deve ser bem limpa. A limpeza deve ser realizada após cada refeição e antes de dormir. Se não for removida e escovada, a prótese poderá ficar manchada e acumular a placabacteriana e o tártaro. Isto poderá provocar doença na boca e produzirá desgaste precoce e perda das próteses.
Quem faz uso de prótese também precisa escovar a gengiva, bochechas e a língua com uma escova de dente macia e creme dental. Caso ainda possua algum dente, ele deverá ser bem escovado e limpo com a escova e o fio dental.
A cada duas semanas, mergulhe a prótese em 200 ml de água filtrada (1 copo duplo), com 6 gotas de água sanitária e deixe-a dentro dessa mistura por trinta minutos. Use um recipiente plástico e individual só para isso, pois a prótese poderá conter bactérias e contaminá-lo. Em seguida, lave bem a prótese com água corrente antes de recolocá-la na boca. Se preferir, para melhorar o sabor, bocheche com um pouco de creme dental e água. Lave também o recipiente com água e sabão.
Quando possível, o portador da prótese deverá retirá-la à noite e ficar um tempo sem ela, colocando-a no mesmo recipiente plástico, já usado para sua higienização, somente com água filtrada. Isso é conveniente para que os tecidos moles da boca fiquem livres, evitando assim irritação e/ou inflamação pelo uso contínuo da prótese. Qualquer alteração observada na gengiva, bochechas, palato (céu da boca), lábios e língua, deve-se procurar o dentista.
TEXTO 16: TRAUMATISMO DENTÁRIO
 Acidente em dentes anteriores
1. Apresentação
O trauma dental é um acidente sofrido na face, envolvendo os dentes e seus tecidos de suporte (gengiva, osso alveolar e ligamento periodontal), podendo envolver também outras estruturas da boca como lábios, língua e bochechas.
É uma ocorrência mais comum do que se tem notícia, acometendo pessoas de todas as idades, podendo ocasionar o deslocamento da posição original do dente, fraturas (coroa e ou raiz) e até mesmo a perda do elemento dentário no momento do acidente, no decorrer do tratamento ou, ainda, anos após o trauma. Em qualquer situação procurar o dentista, pois pode, aparentemente, não se observar nenhuma alteração, mas não se sabe o que aconteceu com a raiz do dente que está implantada no osso, coberto pela gengiva.
2. Cuidados gerais adotados pelo acompanhante após o trauma
* observar atentamente o acidentado, verificando o seu grau de consciência (inconsciência, dor de cabeça, vômitos, dificuldades visuais, tonteiras ou excitações, etc.) devido à possibilidade de traumatismo-crânio-encefálico. Caso essas reações gerais pós-trauma sejam observadas, encaminhar o acidentado ao hospital. Se não apresentar nenhuma dessas alterações, verifica-se então o trauma dentário.
* deve procurar acalmar a vítima, pois a perda parcial ou total de um elemento dentário promove, além do problema físico, o emocional também.
* se durante o trauma a pessoa deglutir o dente ou seu fragmento deslocado, deve-se encaminhá-la ao hospital para que sejam tomadas as medidas necessárias.
* deve-se agir com rapidez, pois quanto menor o tempo decorrido entre o momento do trauma e os cuidados do profissional que for cuidar do caso, melhor o resultado final.
*em seguida faça a limpeza da área afetada, com soro fisiológico ou água filtrada, a fim de visualizar melhor e realizar a remoção de material contaminado como terra, grama, areia e outros.
* se houver hemorragia, faça compressão direta com gaze, algodão ou pano macio e limpo, e aplicação de gelo no local.
* procure um dentista imediatamente, independente da extensão ou gravidade da lesão, pois só ele saberá tomar as medidas necessárias para se evitar danos maiores futuros.
* é preciso saber informar ao dentista como, onde e quando ocorreu o acidente, pois o local indica a possibilidade de contaminação dos ferimentos, sugerindo ou não a vacinação contra o tétano (levar cartão de vacina).
3. Primeiros socorros quando se tratar de dente decíduo (de leite):
* cuidados gerais já citados.
* manter a calma, pois o acidentado vai precisar muito de quem o acompanha. Não podemos esquecer que o fato de sair sangue já apavora qualquer criança.
* se houver fratura da coroa do dente ou mesmo da raiz: levar o acidentado ao dentista que tomará as medidas necessárias (restauração do dente fraturado, remoção do resto de raiz, tomada radiográfica e acompanhamento necessário).
* pode ocorrer uma luxação (mudança na posição do dente no arco dental):
luxação lateral (o dente inclina para fora ou para dentro, saindo do alinhamento normal dos dentes no arco dentário).
luxação intrusiva (o dente afunda na gengiva, penetra no osso).
luxação extrusiva (o dente desce, fica maior que o vizinho, se desloca para fora do osso, mas sem sair totalmente do alvéolo (cavidade no osso onde fica implantada a raiz do dente).
Quando se trata de dente decíduo, em qualquer luxação, não se deve mexer no dente em questão. Deve-se levar o acidentado ao dentista para tomar as medidas necessárias, inclusive tirar uma radiografia para se verificar se não houve danos ao dente permanente que está logo abaixo do decíduo.
* pode ocorrer uma avulsão (o dente sair completamente do alvéolo). Nesse caso não se deve fazer o reimplante, devido à possibilidade de provocar lesões no germe do dente permanente, que está abaixo da raiz do decíduo.
Após o trauma, ocorre sensibilidade e sangramento na região do dente em questão, pois há envolvimento dos tecidos moles bucais (gengiva, lábios, língua e bochechas). Para conter a hemorragia até chegar ao dentista, recomenda-se fazer uma compressa direta com gaze, algodão ou pano macio e limpo e aplicação de gelo no local.
Em qualquer caso, a criança precisa ser encaminhada ao dentista, que tomará as medidas necessárias para diminuir as sequelas deixadas pelo trauma.
Primeiros socorros quando se tratar de dente permanente:
* cuidados gerais já citados.
* se for fratura da coroa do dente: localizar o fragmento dentário, limpar com soro ou água filtrada, colocar em um recipiente também com água filtrada ou soro e encaminhar ao dentista para fazer a colagem do fragmento. Se não achar o fragmento ir ao dentista assim mesmo, para que ele possa restaurar o dente e fazer o acompanhamento necessário.
* se for luxação (mudança de posição do dente no arco dental): recomenda-se que o acidentado evite mastigar ou mesmo colocar as arcadas em contato, pois qualquer estímulo no dente lesionado pode agravar o caso. Encaminhar o paciente imediatamente ao dentista.
* se for avulsão (o dente sai completamente do alvéolo): lave a boca e estanque o sangramento como explicado anteriormente. Procure o dente e ao encontrá-lo, pegue-o pela coroa, não toque na raiz para não danificar as fibras do ligamento periodontal que a envolvem e que vão ajudar na sua fixação no alvéolo novamente. Lave a região onde o dente vai ser reimplantado com soro ou água filtrada, e tente recolocá-lo no lugar, posicionando-o de acordo com o dente vizinho. Vá ao dentista imediatamente. Caso não consiga colocar o dente no lugar, coloque-o em um recipiente com soro ou água filtrada, e da mesma forma, leve o acidentado ao dentista. O sucesso do reimplante está diretamente ligado ao tempo que o elemento dentário ficar fora do alvéolo, o que não deve ultrapassar 30 minutos.
			Em todos os casos, é necessário encaminhar o acidentado ao dentista para que seja feito o acompanhamento clínico e radiográfico do dente traumatizado, pois podem ser detectadas sequelas a longo prazo, como por exemplo, necessidade de tratamento endodôntico, reabsorções radiculares e outras.
- Perguntas:
1) Como prevenir acidentes em crianças pequenas?
R: - Uso de protetor bucal quando praticam esportes;
 - uso de cadeira especial e cinto de segurança ao conduzir a criança em 	automóvel;
 - colocar portões e grades em lugares altos, escadas, janelas, etc.;
 - quando a criança começar a engatinhar e andar, evitar tapetes pela casa 	para não escorregar e usar protetor nas quinas dos móveis;
- uso de sapato com sola de borracha ou meia antiderrapante;
- adequar o berço e o carrinho do bebê à idade e maturidade da criança.

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