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A requisição do Juiz para abertura de inquérito policial fere o princípio da inércia? A requisição do Juiz para abertura de inquérito policial fere o princípio da inércia? Primeiro precisamos saber o que é o princípio da inércia, e para elucidar trago as palavras do processualista civil Daniel Amorim Assumpção Neves “O Juiz - representante jurisdicional - não poderá iniciar um processo de ofício, sendo tal tarefa exclusiva do interessado. Esse princípio decorre da constatação inequívoca de que o direito de ação, sendo o direito de provocar a jurisdição por meio do processo, é disponível, cabendo somente ao interessado decidir se o exercerá no caso concreto (grifo meu)”, e de forma resumida segundo Alexandre Cebriam Araújo Reis e Victor Eduardo Rios Gonçalves “O Juiz não pode dar início à ação penal”; em seguida, trago algumas descrições acerca do inquérito que se fazem necessário, nas palavras de Julio Fabbrini Mirabete “Inquérito não é “processo” é a divisão de atribuições entre as autoridades policiais objetiva não mais que a conveniência do próprio serviço…(grifo meu)” e “Sendo o inquérito policial mero procedimento informativo e não ato de jurisdição, os vícios nele acaso existentes não afetam a ação penal a que deu origem”; pelos conceitos apresentando vê-se um silogismo processo x inquérito, que nos leva a afirmativa de que a requisição do Juiz para abertura de inquérito policial não fere o princípio da inércia. O juiz requerer abertura de IP ao delegado, respeita o princípio da titularidade que se infere do art. 2º, §1º da Lei 12.830/13, visto que irá diligenciar a autoridade competente; assim como a titularidade do Ministério Público para propor ação penal pública, art. 129, I, CF/88, haja vista, não ter entrado nesta seara. O inquérito é mero procedimento administrativo, dispensável a propositura da ação, de cunho informativo. Destarte, o enunciado no art. 5º, II, do CPP “Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. (grifo meu)” está consoante os princípios Constitucionais e consequentemente ao Direito Processual Penal. Não necessariamente a inquisição policial irá virar um processo, e pelo princípio do juiz natural que consagra a distribuição aleatória , caso vire processo não significa que será distribuído ao juiz que inquiriu; se porventura for distribuído ao “inquisidor” a parte controversa pode declarar suspeito o mesmo. Cabe desta forma reforçar que inquérito não é processo, logo não fere o princípio da inércia, e toda situação deve ser analisada no caso concreto, fazendo um sopesamento dos direitos, garantias e princípios em destaque. Gustavo dos Santos Graduando em Direito (DM5) UNIFAN - FACULDADE ALFREDO NASSER Aparecida de Goiânia, 05 de Março de 2019
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