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O Princípio de Pascal CARVALHO, Vinícius1 - Instituto Federal do Sertão Pernambucano - BR 407, Km 08 - Jardim São Paulo CEP: 56314-520 | Petrolina/PE – vinniciuscarvalho19@gmail.com LOPES, Victor2 - Instituto Federal do Sertão Pernambucano - BR 407, Km 08 - Jardim São Paulo CEP: 56314-520 | Petrolina/PE – victorlopes.prof@gmail.com Resumo. O experimento realizado, se refere a dilatação térmica linear (𝛼) de três materiais diferentes, dispostos em formato de tubo, sendo eles: Aço 1020 (EQ019.055), cobre (EQ019.07) e latão(EQ019.06). Utilizando um dilatômetro linear, aquecemos o corpo de prova por meio de vapor de água, e após as variações se estabilizarem, observamos então o registro da dilatação linear do corpo de prova em um Deflexometro (relógio comparador). Com os dados aferidos, pudemos então fazer o cálculo de seus coeficientes de dilatação linear (𝛼), por meio da formula ∆𝐿 = 𝛼𝐿𝑜∆𝑇, que nos forneceu os seguintes resultados em cada caso: 𝛼 ≅ 1,85𝑥10−5 (𝑐𝑜𝑏𝑟𝑒), 𝛼 ≅ 2,02𝑥10−5 (𝑙𝑎𝑡ã𝑜), 𝛼 ≅ 1,32𝑥10−5 (𝑎ç𝑜 𝑖𝑛𝑜𝑥). Palavras chave: experimento, dilatação linear, termologia Introdução A temperatura de um objeto, está relacionada com a agitação de suas moléculas. Consequentemente quando elevamos a temperatura de um corpo, aumentamos a agitação das mesmas, alterando assim a distância média entre elas, fazendo com que o corpo se expanda ou contraia (dependendo do tipo de variação na temperatura), esse fenômeno, denominamos de dilatação térmica, e como sabe-se, a dilatação do comprimento numa barra sobrepõe a dilatação nas outras dimensões, reduzindo o estudo a uma única dimensão; que é, por exemplo, a dilatação que ocorre em trilhos de trem, cabos de energia, vigas de aço, canos de metal, entre outros. Entender a dilatação térmica linear é de suma importância para o cotidiano, como por exemplo, os trilhos de trem são dispostos de modo que haja um espaço entre um e outro (juntas de dilatação), já prevendo a dilatação em dias quentes, evitando que os trilhos deformem devido o impedimento de sua expansão, como ilustra a imagem 1 Os materiais quase como um todo, se dilatam ao ser aquecidos ou resfriados, sem chegar a mudar seu estado físico (entrar em fusão ou ebulição), isso se dá, devido à sua formação molecular conhecida como formação cristalina, os átomos de um sólido cristalino, se mantêm unidos em uma formação tridimensional por uma 1 Graduando no curso de Licenciatura em Física do Instituto de Educação, Ciências e Tecnologias do Sertão Pernambucano – Petrolina/PE – Turma 1.132171 2 Graduando no curso de Licenciatura em Física do Instituto de Educação, Ciências e Tecnologias do Sertão Pernambucano – Petrolina/PE – Turma 1.132171 força intermolecular que os mantém equilibrado, muito semelhante à uma força elástica (imagem 2), como diz HALLIDAY, et al.(1992, p. 173) Os átomos são mantidos juntos em um arranjo regular por forças elétricas, semelhante a forca exercidas por um conjunto de molas [...] podemos assim visualizar o corpo sólido como um colchão de molas microscópico. Com a elevação da temperatura a vibração dos átomos aumentam proporcionando ondas mais longas, amplificando sua distância média, e dilatando o corpo no geral. Suponhamos uma barra (imagem 3) de comprimento “L”, com uma temperatura 𝑇0 < 𝑇, que chamaremos de ∆𝑇, se ∆𝑇 não é muito expressiva, o valor de ∆𝐿 é bem próximo de 𝐿0, “𝛼” (coeficiente de dilatação linear) normalmente é um numero da ordem de 10−6 (20°𝐶), ou seja, um número bem pequeno, e quanto mais 𝛼 → 0 mais ∆𝐿 → 𝐿𝑜matematicamente expressamos isso como: ∆𝐿 = 𝛼𝐿0∆𝑇 o valor de 𝛼 muda de acordo com o material, e sua unidade é o Grau Celsius Reciproco, o inverso da unidade de temperatura (°𝐶−1) Materiais e métodos (procedimentos experimentais) Para este experimento foram utilizados os equipamentos do CIDEPE (Centro Industrial de Equipamentos de Ensino e Pesquisa) dispostos em laboratório; que são: 01 Painel com manômetro (EQ033.12); 01 Régua metálica com artéria visor e mufa, escala milimetrada 0 a 500 mm (EQ033.10); 01 Tripé universal Wackrritt (EQ017A); 01 Haste inox de 500 mm (EQ017Q); 01 Copo béquer 250 ml (20596.008); 01 Seringa 10 ml com prolongador flexível (EQ270.61); 200 ml de água; 01 Nível bolha, forma circular (29901.020). Iniciamos o experimento fixando a haste inox ao tripé, que sustentará o painel com manômetros e a régua metálica com artéria visor, fixando-a próximo a marca dos 400 mm na escala da régua metálica (tomando como referência a parte de baixo). Em seguida, enchemos a seringa com a água do béquer, e logo após retirar a tampa de silicone da posição C no painel, introduz-se o prolongador até a curva da mangueira e insere-se 6 ml de água, fechando o tubo com a tampa de silicone logo em seguida. De forma semelhante, inserimos - cuidadosamente - 3ml de água nos manômetros 1 e 2 dispostos em lados opostos e demarcados no painel. Em seguida, nivelamos a altura do nível de água próximo da marca dos 40 mm; para isso aumenta-se ou diminui-se a altura da artéria visor. Após o término do nivelamento, registra- se a altura em que a artéria visor está posicionada. Anotamos as alturas ℎ𝑎1 , ℎ𝑏1, ℎ𝑎2, ℎ𝑏2 e em sequência fazemos a variação das alturas ∆ℎ1, ∆ℎ2, para esse 1° momento. Em seguida levanta-se a artéria visor 30 mm (a partir da altura inicial de nivelamento), e registramos os valores das alturas ℎ𝑎1 , ℎ𝑏1, ℎ𝑎2, ℎ𝑏2 e em sequência fazemos a variação das alturas ∆ℎ1, ∆ℎ2, para esse 2° momento. Em sequência levanta-se a artéria visor mais 30 mm a partir da altura anterior (60mm da altura inicial) e registramos as alturas ℎ𝑎1 , ℎ𝑏1, ℎ𝑎2, ℎ𝑏2 e em sequência fazemos a variação das alturas ∆ℎ1, ∆ℎ2, para esse 3° momento. Mais uma vez levanta-se a artéria visor mais 30 mm a partir da medida anterior (90 mm da altura inicial) e registramos as alturas ℎ𝑎1 , ℎ𝑏1, ℎ𝑎2, ℎ𝑏2 e em sequência fazemos a variação das alturas ∆ℎ1, ∆ℎ2, para esse 4° momento. Finalmente, levantamos a artéria visor mais 30 mm a partir da altura anterior (120 mm da altura inicial) e registramos as alturas ℎ𝑎1 , ℎ𝑏1, ℎ𝑎2, ℎ𝑏2 e em sequência fazemos a variação das alturas ∆ℎ1, ∆ℎ2, para esse 5° momento. Como informado (instrução 1042.024_2), a variação da altura (∆ℎ) é numericamente igual ao valor da Pressão (𝑃) – em 𝑚𝑚𝐻2𝑂. Com isso, registou-se as pressões 𝑃1 e 𝑃2, referentes a ∆ℎ1 e ∆ℎ2 respectivamente a cada momento; afim de se constatar, experimentalmente, a assertiva de Pascal sobre transmissão de pressão em um fluido incompressível. Por fim, fez-se um comparativo/conversão entre as unidades de medida de pressão, de 𝑚𝑚𝐻2𝑂, para 𝑃𝐴 e 𝑁/𝑚². Resultados e Discussões A cerca do processo de cálculo dos dados, foram utilizadas as seguintes formulas: ∆𝐿 = 𝛼𝐿0∆𝑇 (1) ∆𝐿 = 𝐿 − 𝐿𝑜 (2) ∆𝑇 = 𝑇 − 𝑇𝑜(3) 𝑇 = 𝑇𝑣 + 𝑇𝑐 2 (4) Onde: Tabela 1 - Nomenclatura dos termos TO Temperatura Inicial do corpo ∆L Variação do comprimento TV Temperatura do Vapor (parede interna do corpo de prova) TC Temperatura da parede externa do corpo de prova T Média Aritmética de Tv e Tc ∆T Variação da Temperatura (T-To) L Comprimento final do corpo L0 Comprimento Inicial do corpo Α Coeficiente de dilatação linearFonte: O Autor Utilizando o primeiro corpo de prova (barra de cobre), dando início as atividades, obteve-se os seguintes resultados listados na tabela 2: Tabela 2 Dados experimentais - Barra de Cobre COBRE (EQ019.07) TO 28,00 °C ±0,5° C ∆L 00,61 mm ±0,005 mm TV 95,00 °C ±0,5° C TC 93,00 °C ±0,5° C T 94,00 °C ±0,5° C ∆T 66,00 °C ±0,5° C L 500,61 mm ±0,005 mm L0 500,00 mm ±0,005 mm Fonte: o Autor Utilizando a equação (4) para obter Temperatura final media do sistema, e logo após aplicando na equação (3) obtemos então ∆T (∆L é registrado diretamente pela leitura do relógio comparador). Com esses dados já listados, substituímos na equação (1) em função do coeficiente de dilatação térmica linear do cobre: ∆𝐿 = 𝛼𝑐𝑜𝑏𝑟𝑒𝐿0∆𝑇 (00,61) = 𝛼𝑐𝑜𝑏𝑟𝑒(500,00)(66,00) (00,61) = 𝛼𝑐𝑜𝑏𝑟𝑒(33000,00) 𝛼𝑐𝑜𝑏𝑟𝑒 = (00,61) (33000,00) 𝜶𝒄𝒐𝒃𝒓𝒆 ≅ 𝟏, 𝟖𝟓𝒙𝟏𝟎 −𝟓 Dando continuidade ao experimento, substituímos a barra de cobre, pela barra de latão, e os dados da tabela 3, demonstram os dados obtidos. Tabela 3 Dados experimentais - Barra de Latão LATÃO (EQ019.06) TO 28,00 °C ±0,5° C ∆L 00,66 Mm ±0,005 mm TV 94,50 °C ±0,5° C TC 92,00 °C ±0,5° C T 93,25 °C ±0,5° C ∆T 65,25 °C ±0,5° C L 500,66 Mm ±0,005 mm L0 500,00 Mm ±0,005 mm Fonte: O Autor Utilizando-se das equações (3) e (4), calculamos os dados T e ∆T, para serem utilizados na equação (1), como veremos abaixo para encontrarmos o coeficiente de dilatação térmica linear do latão: ∆𝐿 = 𝛼𝑙𝑎𝑡ã𝑜𝐿0∆𝑇 (00,66) = 𝛼𝑙𝑎𝑡ã𝑜(500,00)(65,25) (00,66) = 𝛼𝑙𝑎𝑡ã𝑜(32625,00) 𝛼𝑙𝑎𝑡ã𝑜 = (00,66) (32625,00) 𝜶𝒍𝒂𝒕ã𝒐 ≅ 𝟐, 𝟎𝟐𝒙𝟏𝟎 −𝟓 Por fim, utilizamos a barra de aço 1020, e repetimos os mesmos processos anteriores, e logo após registramos os dados presentes na tabela 4. Tabela 4 Dados experimentais - Barra de Aço AÇO (EQ019.055) TO 28,00 °C ±0,5° C ∆L 00,43 mm ±0,005 mm TV 93,50 °C ±0,5° C TC 94,00 °C ±0,5° C T 93,75 °C ±0,5° C ∆T 65,75 °C ±0,5° C L 500,43 mm ±0,005 mm L0 500,00 mm ±0,005 mm Fonte: O Autor De maneira idêntica as anteriores, calculamos com a equação (1), o coeficiente de dilatação linear do aço, apresentado a seguir: ∆𝐿 = 𝛼𝑎ç𝑜𝐿0∆𝑇 (00,43) = 𝛼𝑎ç𝑜(500,00)(65,75) (00,43) = 𝛼𝑎ç𝑜(32875,00) 𝛼𝑎ç𝑜 = (00,43) (32875,00) 𝜶𝒂ç𝒐 ≅ 𝟏, 𝟑𝟏𝒙𝟏𝟎 −𝟓 Com base nos resultados obtidos pelo experimento a tabela 5 compara tais valores com os valores já dispostos na literatura supracitada. Tendo em vista que existe uma margem de erro do equipamento utilizado em relação a precisão (± 0,5° - para temperaturas, e ± 0,005 – para dilatação), tem-se um valor próximo do esperado estando numa média de 10% de erro; valor aceitável para procedimentos experimentais. Tabela 5 Margem de erro experimental Barra 𝛼 𝑜𝑏𝑡𝑖𝑑𝑜 (𝑥10−5 °𝐶−1) 𝛼 𝑙𝑖𝑡𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 (𝑥10−5 °𝐶−1) Diferença percentual Cobre 1,85 1,7 8,1% Latão 2,02 1,9 5,9% Aço 1,31 1,1 16,0% Fonte: O Autor Como solicitado pelo roteiro experimental 1052.021F3, comprava-se que equação: ∆𝐿 = 𝛼𝐿0∆𝑇 (1) Também pode ser escrita como: 𝐿 = 𝐿0(1 + 𝛼∆𝑇) Substituindo (2) em (1), temos: 𝐿 − 𝐿𝑂 = 𝛼𝐿0∆𝑇 𝐿 = 𝛼𝐿0∆𝑇 + 𝐿0 Fatorando 𝐿0 no segundo membro: 𝐿 = 𝐿0(1 + 𝛼∆𝑇) (nomenclatura dos termos dispostos na tabela 1) Conclusão O estudo da dilatação térmica é de suma importância para o compreensão dos materiais e sua utilização adequada; tendo em vista, que com o conhecimento das propriedades de dilatação dos materiais, como por exemplo a resina utilizada para restauração odontológica, que tem coeficiente de dilatação térmica semelhante ao dos dentes, que caso seja produzida de material inadequado poderia causar danos aos pacientes, assim como durante a projeção de um motor, os cilindros são feitos de modo com que mesmo com a dilatação dos pistões de alumínio, não haja travamento e danificação do sistema. Ao término das atividades experimentais pode-se obter resultados, que nos fazem compreender melhor a dilatação e suas propriedades. A cerca dos dados obtidos, foi satisfatório a proximidade aos dados da literatura utilizada como referência (HALLIDAY -1992), e assim nos gerando questionamentos dentro da percentagem de diferença, que nos leva a adquirir novos métodos, para obtenção dos dados, como por exemplo, instrumentos mais precisos, controle melhor do experimentos e ambiente, entre outros, levando a melhor aproveitamento em experimentos futuros. Referências SAMPAIO, José Luiz; CALÇADA, Caio Sérgio. Física: volume único. 2. ed. São Paulo: Atual Editora, 2005 MÁXIMO, Antônio; ALVARENGA, Beatriz. Física: volume único (coleção “De olho no mundo do trabalho”). São Paulo: Scipione, 2003. HEWITT, Paul G. Fundamentos de Física conceitual. 9ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2002 Revista Brasileira de Ensino de Física, São Paulo : Sociedade Brasileira de Física - SBF,v. 36, n. 1, p. 1313-1-1313-5, Mar. 2014. Disponível em: <http://www.producao.usp.br/handle/BDPI/ 50596> Acesso em: 15 de outubro 2018 LOPES, Wilson, Caderno Brasileiro de Ensino de Física, volume 28, 423 (2011). HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; KRANE, K. S. Física 2. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC (Livros Técnicos e Científicos), 1996. p. 17/2-175.
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