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cabimento de reurso em despacho de mero expediente

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Os despachos constituem ato do juiz, juntamente com as decisões interlocutórias e as sentenças. De acordo com o artigo 162,§ 3º, do Código de Processo Civil, "são despachos todos os demais atos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte, a cujo respeito a lei não estabelece outra forma". Note-se que os despachos de mero expediente são aqueles que não têm nenhum conteúdo decisório e, por isso, não provocam prejuízos para as partes. Tem como finalidade primordial impulsionar o processo e impedir eventuais vícios ou irregularidades Arts. 162, § 3º, 164, 189, I e 504 do CPC. 
Do francês arcaico "despeechier", liberar, desobstaculizar, assim: "des", fazer o contrário, desfazer, destratar, e "peechier", de "empeechier", impedir, do latim tardio "impedicare". Assim, "des-peechier" é oposto a "empeechier".
Previsto na legislação processual civil através do artigo 162 § 3º, entende –se como despacho de mero expediente os atos de ordenação do processo, não tem carga decisória e não são objeto de recurso. Logo abaixo o mencionado artigo:
“Art. 162. Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.
§ 1º Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei. (Redação dada pelo Lei nº 11.232, de 2005)
§ 2o Decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve questão incidente.
§ 3o São despachos todos os demais atos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte, a cujo respeito a lei não estabelece outra forma.
§ 4o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessários. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)”
Hipótese de irrrecobilidade do despacho é disciplinada pelo artigo 504 do diploma processual civil vigente. Vejamos: “Art. 504. Dos despachos não cabe recurso. (Redação dada pela Lei nº 11.276, de 2006)” 
Vale mencionar que com o advento da Lei nº 13.105/15, novo Código de Processo Civil, o legislador deixa evidente o não cabimento de recurso para despacho. Senão vejamos: “Art. 1.001.  Dos despachos não cabe recurso”.
Na doutrina ressalta-se o entendimento de Ovídio A. Baptista da Silva que é acompanhado por Luiz Guilherme Marinoni e Sergio Cruz Arenhart: "Note-se que os despachos de mero expediente (como a vista dos autos às partes, a baixa ao contador etc), por definição, são incapazes de provocar prejuízo jurídico a quem quer que seja. Por essa razão, são irrecorríveis. Se, todavia, um ‘despacho’ vier a causar prejuízo – pela opção judicial que se fez, a um dos sujeitos do processo, ou mesmo a terceiro -, então perderá sua essência de despacho, transformando-se em decisão interlocutória" (Manual do processo de conhecimento, p. 563). 
 	Merece apreciação a lição de Egas Dirceu Moniz de Aragão: "Distingue o Código dois tipos de despacho: os de mero expediente que o art. 504 erige em categoria especial e declara irrecorríveis, e os demais, formando outra categoria. Relacionam-se ambas por um critério de exclusão. Se se obtiver a noção de despacho de mero expediente, os que nesta não couberem constituirão a outra categoria" (Comentários ao código de processo civil, p. 39).
Segundo o referido processualista, apenas os "despachos de mero expediente" (ou "despachos de expediente") seriam irrecorríveis. Os demais (simplesmente "despachos"), poderiam ser objeto de recurso, pois mesmo sem carga decisória, teriam o condão de causa prejuízo. Eis as palavras do mestre:
"(...) todos os despachos que visem unicamente à realização do impulso processual, sem causar qualquer lesão ao direito das partes, serão de mero expediente. Caso, porém, ultrapassem esse limite e acarretem ônus ou afetem direitos, causando algum dano (máxime se irreparável), deixarão de ser de mero expediente e ensejarão recurso" (ob. cit., p. 43).
 	
 
Referências:
Sites:
 http://jus.com.br/artigos/10252/a-recorribilidade-dos-despachos#ixzz3WiSxGGgY
Acessado em 08 de abril de 2015 Às 08h:28min. 
http://www.esmal.tjal.jus.br/arquivosCursos/2%20-%20Despacho%20mero%20expediente%20e%20Decis%E3oo%20%28%20MATERIAL%20DO%20DR.%20NEY%20ALCANTARA%20%29.pdf
Acessado em 08 de abril de 2015 às 08h:37min
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm
Acessado em 08 de abril de 2015 às 08h:56min 
Livro:
DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico Universitário/ Maria Helena Diniz – São Paulo: Saraiva, 2010. 
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo Curso de Direito Processual Civil. 3ª ed. v. I, São Paulo: Editora Saraiva, 2006.

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