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FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO JEFERSON DELGADO DA PAIXÃO EVERTON PEREIRA BRANDÃO ANÁLISE MECÂNICA E METALOGRÁFICA DO AÇO SAE1040 SOLDADO PELO PROCESSO MAG VOLTA REDONDA 2014 FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ANÁLISE MECÂNICA E METALOGRÁFICA DO AÇO SAE1040 SOLDADO PELO PROCESSO MAG Monografia apresentada ao curso de Engenharia Mecânica do UniFOA como requisito a obtenção do título de bacharel em Engenharia Mecânica Alunos: Jeferson Delgado da Paixão Everton Pereira Brandão Orientador: Prof. DSc. Carlos Roberto Xavier VOLTA REDONDA 2014 FOLHA DE APROVAÇÃO Aluno: Jeferson Delgado da Paixão Aluno: Everton Pereira Brandão Título: Análise mecânica e metalográfica do aço SAE1040 soldado pelo processo MAG Orientador: Prof. DSc Carlos Roberto Xavier Banca Examinadora: Prof. MSc Alexandre Fernandes Habibe Prof. DSc Alexandre Alvarenga Palmeira Prof. MSc Alexandre Roberto Soares DEDICATÓRIA A Deus, q�� s� mostrou criador, q�� foi criativo. S�� fôlego d� vida �m m�m m� f�� sustento � m� d�� coragem para questionar realidades � propor sempre �m novo mundo d� possibilidades. AGRADECIMENTOS Agradeço � Deus pois s�m ele �� nã� teria forças p�r� essa longa jornada, agradeço � meus professores � ��s meus colegas q�� m� ajudaram n� conclusão da graduação. RESUMO Durante o processo de soldagem, surgem tensões residuais na peça soldada devido ao fenômeno de dilatação térmica, causada pelo calor gerado durante o processo de soldagem, isso causa expansão ou dilatação da peça. Com o intuito de prevenir nucleação de trincas na zona de fusão e na ZTA, o material foi aquecido a uma temperatura de aproximadamente 397ºC, evitando uma temperatura elevada para não alterar as propriedades do material. Com isso reduziu a formação de martensita, diminuindo as tensões e distorções residuais e assim, reduzindo sua tendência a fissuração. Para efeito de comparação, também foi realizado o processo de soldagem em peças que não foram pré-aquecidas. Onde a aplicação de calor devido o processo de soldagem produz uma alteração estrutural, efeitos térmicos e mecânicos no metal a ser soldado. Esse efeito inclui a expansão e contração dos grãos. Gerando trincas no metal de base e no metal de solda, mudanças nas propriedades do metal de base, tais como; Resistência, ductilidade e tenacidade. Os dois materiais foram analisados após o processo de soldagem, através de ensaios mecânicos destrutivos (tração e dobramento) e também metalograficos. PALAVRAS CHAVE: Martensita, ductilidade, metalográficos. ABSTRACT During the welding process, there are residual stresses in the welded part due to thermal expansion phenomenon caused by heat generated during the welding process, this causes expansion or dilation of the piece. In order to prevent nucleation of cracks in the fusion zone and the ZTA, the material was heated to a temperature of about 397ºC, avoiding an elevated temperature to do not change the properties of the material. With this reduced the formation of martensite, reducing tensions and residual distortions and them reducing their tendency to cracking. For comparison, we also carried out the welding process parts that were not pre-heated. Where the application of heat because the welding process produces a structural change, thermal and mechanical effects on the metal being welded. This effect includes the expansion and contraction of the grains. Generating cracks in the base metal and weld metal, changes in the base metal properties such as; Strength, ductility and toughness. The two materials were analyzed after the welding process, through destructive mechanical tests (tensile and bending) and also metallographic KEYWORDS: Martensite, ductility, metallographic. SUMÁRIO 1 – INTRODUÇÃO ........................................................................................... 15 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................... 16 2.1 - Definição de Soldagem .................................................................. 16 2.2 – Terminologia da Soldagem ........................................................... 17 2.3 – Junta Soldada ............................................................................... 18 2.4 – Processos de Soldagem ............................................................... 22 2.5 – Arco Elétrico ................................................................................. 22 2.5.1 – Características Elétricas do Arco .................................... 23 2.5.2 – Características Térmicas do Arco ................................... 24 2.5.3 – Características Magnéticas do Arco ................................ 25 2.5.4 – Corrente Contínua e Corrente Alternada ......................... 26 2.6 – Processo por Arco Elétrico MIG/MAG (GMAW) ........................... 28 2.6.1 – Princípio do Processo ..................................................... 28 2.6.2 – Gases Inertes e Ativos .................................................... 32 2.6.3 – Metais de Adição ............................................................. 33 2.6.4 – Generalidades ................................................................. 34 2.6.5 – Equipamentos ................................................................. 35 2.6.6 – Descontinuidades mais Frequentes no Processo MIG/MAG .................................................................................................... 35 2.7 – Metalurgia da Soldagem ............................................................... 39 2.7.1 – Metais e Ligas Metálicas ................................................. 40 2.7.2 – Classificação dos Aços ................................................... 41 2.7.3 – Aços Carbono .................................................................. 42 2.7.4 – Aços de Baixa Liga .......................................................... 42 2.7.5 – Aços de Média Liga ......................................................... 42 2.7.6 – Aços de Alta Liga ............................................................ 42 2.7.7 – Tratamentos Térmicos .................................................... 43 2.7.8 – Pré-aquecimento ............................................................. 43 2.7.9 – Pós-aquecimento ............................................................ 44 2.7.10 – Alívio de Tensões .......................................................... 45 2.7.11 – Recozimento ................................................................. 46 2.7.12 – Normalização ................................................................ 46 2.7.13 – Têmpera ........................................................................ 47 2.7.14 – Revenimento .................................................................47 2.8 – Diagrama de Equilíbrio Fe-C ........................................................ 47 2.8.1 – Estruturas do Diagrama .................................................. 48 2.9 – Ensaios Destrutivos e Não-Destrutivos ......................................... 48 2.9.1 – Ensaio de Tração ............................................................ 52 2.9.2 – Ensaio de Dobramento .................................................... 53 2.9.3 – Ensaio de Líquido Penetrante ......................................... 54 2.9.4 – Ultrassom ........................................................................ 55 2.10 – Propriedades do Metal de Solda ................................................. 56 2.10.1 – Poça de Fusão e Diluição ............................................. 56 2.10.2 – Aporte Térmico .............................................................. 58 2.10.3 – Ciclo Térmico de Soldagem .......................................... 59 2.10.4 – Repartição Térmica ....................................................... 60 2.11 – Zona Termicamente Afetada (ZTA) ............................................ 61 3 – PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL.......................................................... 63 3.1 – Materiais Utilizado......................................................................... 63 3.2 – Equipamentos ............................................................................... 63 3.3 – Metodologia Experimental ............................................................ 66 3.4 – Avaliação Microestrutural .............................................................. 69 3.4.1 – Preparação das Amostras ............................................... 69 3.4.2 – Ataque Químico ............................................................... 70 3.4.3 – Metalografia..................................................................... 70 3.5 – Ensaios Mecânicos ....................................................................... 70 3.5.1 – Ensaio de Tração ............................................................ 70 3.5.2 – Ensaio de Dobramento .................................................... 71 4 – RESULTADO ............................................................................................. 72 4.1 Imagem Macro ................................................................................. 72 4.2 – Micrografia .................................................................................... 72 4.3 – Ensaio de Dobramento ................................................................. 77 4.4 – Ensaio de Tração .......................................................................... 77 4.5 – Ensaio de Dureza ......................................................................... 80 5 – CONCLUSÕES .......................................................................................... 81 6 – REFERÊNCIAS .......................................................................................... 83 LISTA DE FIGURAS Figura 1 (Oliveira, 1993) – Evolução dos processos de soldagem ................... 16 Figura 2 (Modenesi, 2011, p. 31) – Chanfros usados com diferentes tipos de juntas ................................................................................................................ 18 Figura 3 (Modenesi, 2011, p. 19) – Evolução dos processos de soldagem ..... 18 Figura 4 (Modenesi, 2011, p. 19) – Formação teórica de uma solda por aproximação de duas peças............................................................................. 19 Figura 5 (Modenesi, 2011, p. 20) – Soldagem por deformação ....................... 20 Figura 6 (Modenesi, 2011, p. 21) – Soldagem por fusão ................................. 20 Figura 7 (AGA – The Linde Group) – Classificação dos processos de soldagem a partir do método utilizado .............................................................. 21 Figura 8 – Arco elétrico de soldagem do processo TIG ................................... 23 Figura 9 – Regiões de um arco de soldagem ................................................... 24 Figura 10 (Modenesi, 2011, p. 57) – Perfil térmico de um arco elétrico de soldagem .......................................................................................................... 25 Figura 11 – Forças de Lorentz ......................................................................... 26 Figura 12 – Principio de funcionamento do MIG/MAG ..................................... 29 Figura 13 (Dutra Máquinas)– Representação de transferência globular ......... 30 Figura 14 (Dutra Máquinas) – Representação de uma transferência spray ..... 30 Figura 15 (Dutra Máquinas) – Representação de uma transferência curto circuito .............................................................................................................. 31 Figura 16 – Representação de uma transferência arco pulsante ..................... 31 Figura 17 (Modenesi, 2011, p. 251) – Gases de mistura usados no processo MIG/MAG ......................................................................................................... 33 Figura 18 – Rolo de arame (metal de adição) do processo MIG/MAG ............. 34 Figura 19 – Equipamento de soldagem MIG/MAG ........................................... 35 Figura 20 – Diagrama Fe-C .............................................................................. 49 Figura 21 – Estrutura Ferrita ............................................................................ 50 Figura 22 – Estrutura Cementita ...................................................................... 50 Figura 23 – Estrutura Perlita ............................................................................. 51 Figura 24 – Estrutura Austenita ........................................................................ 51 Figura 25 – Estrutura Martensita ...................................................................... 52 Figura 26 – Estrutura Bainita ............................................................................ 52 Figura 27 – Ensaio de tração ........................................................................... 54 Figura 28 – Ensaio de dobramento .................................................................. 55 Figura 29 – Ensaio de líquido penetrante ......................................................... 56 Figura 30 – Equipamento de ultrassom ............................................................ 57 Figura 31 – Estimativa de diluição a partir da geometria da solda ................... 59 Figura 32 – Ciclos térmicos de soldagem em diversos pontos da junta soldada ............................................................................................................. 61 Figura 33 – Repartição térmica ........................................................................ 61 Figura 34 – Regiões soldadas .......................................................................... 62 Figura 35 – Croqui das chapas soldadas ......................................................... 64 Figura 36 – Máquina PulsArc 6200 .................................................................. 65 Figura 37 – Pirômetro FLUKE 62 MAX ............................................................ 65 Figura 38 – Croquis dos corpos de prova de tração e dobramento ................. 66 Figura 39 – Politriz lixadeira Arotec Aropol 2V ................................................. 66 Figura 40 – Microscópio metalografico OPTON ............................................... 66 Figura 41 – Máquina de tração EMIC linha DL................................................. 67 Figura 42 – Corpos de prova para ensaio de tração ........................................ 68 Figura 43 – Corposde prova para ensaio de dobramento ............................... 68 Figura 44 – Visão macro do corpo de prova com aquecimento ....................... 73 Figura 45 – Visão macro do corpote de prova sem aquecimento .................... 73 Figura 46 – Metal de base chapa 2 – aumento de 400x .................................. 74 Figura 47 – Metal de base chapa 1 – aumento de 400x .................................. 74 Figura 48 – Metal de adição chapa 2 – aumento de 400x ................................ 75 Figura 49 – Metal de adição chapa 1 – aumento de 400x ................................ 75 Figura 50 – Metal de base e ZTA chapa 2 – aumento de 400x ........................ 76 Figura 51 – Metal de base e ZTA chapa 1 – aumento de 400x ........................ 76 Figura 52 – ZTA e metal de adição chapa 1 – aumento de 400x ..................... 77 Figura 53 – Metal de base e ZTA chapa 1 – aumento de 100x ........................ 77 Figura 54 – Corpos de prova 1, 2, 3 e 4 de dobramento ................................. 78 Figura 55 – Corpos de prova de tração ............................................................ 79 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Resultados CCPI e CCPD .............................................................. 34 Tabela 2 – Tempo e temperatura de alívio de tensões .................................... 46 Tabela 3 – Aporte térmico e aplicações para os principais processos de soldagem .......................................................................................................... 59 Tabela 4 – Parâmetros de soldagem utilizados ................................................ 68 Tabela 5 – Cálculo de aporte térmico ............................................................... 69 Tabela 6 – Resultados do ensaio de tração ..................................................... 78 Tabela 7 – Resultados do ensaio de dureza .................................................... 80 LISTA DE FORMULAS Formula 1 – Características térmicas do aço .......................................... 24 Formula 2 – % de diluição da poça de fusão............................................ 57 Formula 3 – Aporte térmico ...................................................................... 58 ABREVIATURAS E SIMBOLOS O2 Oxigênio CO2 Dióxido de carbono ºC Grau Celsius HB Unidade de dureza Brinnel Kg Quilograma mm Milímetro J Joule A Ampere ZTA Zona termicamente afetada CNC Comando numérico computadorizado 15 1 – INTRODUÇÃO Podemos dividir o método de união dos metais em duas importantes categorias, união baseada na ação de forças microscópicas e também baseadas na ação de forças macroscópicas, ou seja, intermoleculares e interatômicas. No primeiro caso citado, a junção é dada pela aproximação das moléculas ou dos átomos de duas peças a serem unidas, ou também destes e de um material de adição adicionado a junta, até distâncias pequenas o bastante para formarem ligações químicas. No segundo caso, podemos citar como exemplo a parafusagem e a rebitagem, a resistência dessa mesma junta vai ser dada pela resistência ao cisalhamento que este parafuso ou rebite possui mais as forças de atrito entre as superfícies. Destes processos, podemos caracterizar a soldagem como sendo o mais importante utilizado industrialmente. Este método tem uma aplicação importante que vai desde microeletrônica até fabricação de navios e estruturas de milhares de toneladas. É utilizada na fabricação de simples estruturas e também em componentes de alto grau de importância, podemos citar portões e indústria química respectivamente, além também de auxiliar na criação de peças de artesanato. 16 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 – Definição de Soldagem Atualmente existe uma grande gama de processos utilizados na fabricação e recuperação de peças ao qual é denominado como “SOLDAGEM”. Este processo é considerado como um procedimento de união, porém, atualmente existem variações que são usados para a deposição de material sobre uma superfície, visando à recuperação de peças desgastadas ou para realizar algum revestimento especial. Existem também os processos relacionados ao corte de peças metálicas, estes se assemelham em alguns aspectos com a operação de soldagem. [1] Podemos definir soldagem como um processo de união entre dois materiais, onde o aquecimento até determinada temperatura é o fator responsável por esta união, podendo existir ou não a aplicação de pressão e/ou material de adição. [1] Figura 1 – Evolução dos processos de soldagem (Oliveira, 1993) 17 Os processos de soldagem tem como principal finalidade fabricar produtos que possuem ou não estrutura metálica como, aviões, navios, oleodutos, prédios, gasodutos, veículos espaciais, reatores nucleares, trocadores de calor, utilidade doméstica, componentes eletrônicos, dentre diversas outras aplicações. Uma junta soldada deve possuir algumas características, são estas: • Produzir uma certa quantidade de energia que seja capaz de unir dois materiais, sejam estes similares ou não; • Retirar as contaminações das superfícies a serem unidas; • Evitar que o ar da atmosfera contamine o região soldada; • Propiciar o controle de transformação de fase, para que a solda consiga alcançar propriedades, sejam elas físicas, químicas ou mecânicas. [2] [1] 2.2 – Terminologia da Soldagem Podemos chamar de junta a região na qual peças serão unidas por soldagem. O posicionamento das peças para união determina qual o tipo de junta utilizada. Todavia, na maior parte das vezes, a facilidade de mover as peças, as dimensões e as necessidades do projeto exigem que ocorra uma preparação das peças antes da soldagem, na forma de cortes ou de uma conformação especial da junta. Esses sulcos ou aberturas realizados na superfície das peças a serem unidas determinam o espaço de contenção da solda e são chamadas de chanfros. [2] O processo de soldagem utilizado é o principal fator para se escolher qual o tipo de chanfro utilizado, porém outros fatores como espessura das peças, suas dimensões, facilidade de acesso à região da junta, tipo de junta são outros fatores que ajudam a determinar qual tipo de chanfro utilizado. 18 2.3 – Junta Soldada De uma forma simples, uma peça metálica é formada por um grande número de átomos dispostos em um arranjo espacial característico, denominado estrutura cristalina. Os átomos que são localizados no interior desta estrutura são cercados por um determinado número de vizinho mais próximos, estes são posicionados a uma distância r0, como podemos ver na figura 3. [1] Quando nesta situação, cada átomo está em sua condição de energia mínima, sendo assim, não tende a se ligar com nenhum átomo extra. Enquanto Figura 3 – Evolução dos processos de soldagem (Modenesi, 2011, p. 19) Figura 2 – Chanfros usados com os diferentes tipos de juntas (Modenesi, 2011, p. 31) 19 isso, na superfície do sólido esta situação não se mantem, pois os átomos estão ligados a menos vizinhos, sendo assim, possuindo um número mais elevado de energia do que os átomos que existem em seu interior. Esta energia pode ser reduzida quando os átomos superficiais se ligam a outros. Sendo assim, quando duas peças metálicas se aproximam a uma distância suficientemente pequenapara a formação de uma ligação permanente, uma solda entra as peças será formada. Podemos obter este efeito se colocarmos, por exemplo, dois blocos de gelo em contato íntimo. Porém, sabemos que este tipo de ligação não ocorre com metais, salvo condições muito específicas. A explicação para isso está na existência de alguns obstáculos que impossibilitam essa aproximação efetiva dessas superfícies até uma distância de ordem r0. Podemos explicar estes obstáculos de duas formas: • As superfícies metálicas, inclusive aquelas com menor coeficiente de acabamento superficial, apresentam uma grande rugosidade em escala microscópica e sub-microscópica. Mesmo possuindo ótimo acabamento essas superfícies apresentam irregularidades da ordem de 50nm de altura, cerca de 200 camadas atômicas. Estas irregularidades impedem uma aproximação efetiva das superfícies, o que ocorre somente em alguns pontos, de modo que o número de ligações formadas é insuficiente para garantir uma resistência para a junta; • As superfícies metálicas estão recobertas por alguma camada de óxido, umidade ou algum outro agente contaminante, o que impede um contato real entre duas superfícies metálicas, impedindo a formação da solda. Figura 4 – Formação teórica de uma solda por aproximação de duas peças (Modenesi, 2011, p. 19) 20 Estas camadas se formam rapidamente e resultam exatamente da existência de ligações químicas incompletas na superfície. [3] São utilizados dois métodos como principais meios de superar estes obstáculos, os quais se originam dois grandes grupos de processos de soldagem. Um deles consiste em deformar a superfície de contato das peças, permitindo a aproximação dos átomos a distâncias da ordem de r0. Pode-se aquecer as peças localmente para facilitar a deformação das superfícies de contato como podemos ver na figura 5. No outro método é baseado na aplicação localizada de calor na região da junta até a fusão do metal de base e do metal de adição (quando for utilizado). Com esta fusão, as peças tem sua superfície entre si eliminadas e, com a solidificação do metal fundido, a solda formada. [1] Figura 6 – Soldagem por fusão (Modenesi, 2011, p. 21) Figura 5 – Soldagem por deformação (Modenesi, 2011, p. 20) 21 Sendo assim, podemos classificar os processos de soldagem em dois grandes grupos baseado no método para produzir solda: • Processo de soldagem por pressão ou deformação; • Processo de soldagem por fusão. O organograma abaixo demonstra os tipos de processos de soldagem e qual tipo eles pertencem. Figura 7 – Classificação dos processos de soldagem a partir do método utilizado 22 2.4 – Processos de Soldagem Como citado no capitulo 2.2, os processos de soldagem são classificados como processos de soldagem por pressão (ou deformação) e processos de soldagem por fusão. [1] Os processos de soldagem por pressão inclui os processos de soldagem por ultra som, fricção, forjamento, resistência elétrica, difusão, explosão, entre outros. Diversos destes apresentam características intermediárias entre os processos de soldagem por fusão, como por exemplo, o de resistência elétrica. Os processos de soldagem por fusão são divididos em sub grupos de acordo com o tipo de fonte de energia utilizada para fundir uma peça, como, resistência elétrica, gás, laser, feixe de elétrons, aluminotermia e arco elétrico. O processo de arco elétrico é o mais utilizado atualmente na indústria. O material fundido possui uma tendência de reagir com os gases da atmosfera, por este motivo, a maioria dos processos de soldagem por fusão utiliza de um meio para minimizar estas reações. [2] 2.5 – Arco Elétrico O arco elétrico é a fonte de calor mais utilizada na soldagem por fusão de materiais metálicos, pois possui melhores características e combinação adequada de energia para a fusão localizada do metal base, facilidade de controle, baixo custo relativo do equipamento e um nível aceitável de riscos à saúde dos seus operadores. Uma das consequências dessas características é que esses processos têm atualmente uma grande importância industrial, onde são utilizados para realizar a fabricação de diversos componentes metálicos, além de auxiliar na recuperação de um grande número de peças danificadas ou desgastadas. 23 Podemos definir o arco elétrico como sendo a descarga elétrica mantida através de um gás ionizado, iniciada por uma quantidade de elétrons emitidos do eletrodo negativo (catodo) aquecido e mantido pela ionização térmica do gás aquecido, ou seja, a passagem de uma corrente elétrica através de um gás. Um destaque importante para se salientar no arco elétrico para soldagem é que a descarga elétrica tem baixa tensão e alta intensidade. Sendo assim, existem três conceitos importantes para o conhecimento do arco elétrico, são eles: Calor, ionização e emissão. [4] 2.5.1 – Características Elétricas do Arco Na elétrica, o arco de soldagem pode ser caracterizado pela diferença de potencial elétrico entre suas extremidades e pela corrente elétrica que circula por este. Existe uma queda de potencial ao longo do arco elétrico e ela não é uniforme, ela se separa em três regiões distintas: Queda anódica, queda na coluna e queda catódica. Figura 8 – Arco elétrico de soldagem do processo TIG (AGA – The linde group) 24 Podemos visualizar que a queda de tensão que ocorre na coluna do arco é baixa, se comparada com a queda catódica e anódica. Estima-se que seu valor esteja entre 3 e 50 V/cm enquanto a catódica e anódica tem seu valor estimado entre 102 a 104V/mm. Existe uma diferença de potencial nessa região, que varia de forma aproximadamente linear com o comprimento do arco. [5] 2.5.2 – Características Térmicas do Arco O arco elétrico em geral possui um elevada eficiência para transformar energia elétrica em energia térmica e depois transferir essa energia para a peça. O calor que é gerado por um arco elétrico pode ser estimado, a partir de seus parâmetros elétricos pela equação: Q = V . l . t (1) Onde: • Q – É a energia gerada (J); • V – É a queda de potencial no arco (V); Figura 9 – Regiões de um arco de soldagem 25 • l – É a corrente elétrica (A); • t – É o tempo de operação (s). Podemos observar na figura abaixo o perfil térmico de um arco de soldagem estabelecido entre uma peça cobre refrigerada e um eletrodo de tungstênio separados por uma distância de 5mm em uma atmosfera de argônio. [4] 2.5.3 – Características Magnéticas do Arco O arco de soldagem é um condutor de corrente elétrica e sendo assim, sofre interação da corrente elétrica que ele transporta com os campos que ele geral, isso gera alguns efeitos que geralmente favorecem ou prejudicam a soldagem. Quando um condutor de comprimento l, percorrido por uma corrente i é colocado numa região de influência de um campo magnético B, então ele experimenta uma força F, conhecida como “Força de Lorentz”. Um efeito magnético muito importante para o arco elétrico é o chamado jato de plasma, que é um dos responsáveis pela penetração do cordão de solda e que pode ser considerado um condutor elétrico gasoso de forma cônica e que ao passar a corrente por ele, induz um campo magnético de forma circular concêntrico em seu eixo e ele se comporta como um condutor colocado em um Figura 10 – Perfil térmico de um arco elétrico de soldagem 26 campo magnético, dessa maneira surgem forças de Lorentz na região do arco, que têm sentido de fora para dentro. [5] A intensidade do campo magnético diminui com o quadrado da distância à linha de centro do condutor. Como o diâmetrodo arco é sempre menor na região próxima ao eletrodo, as forças de Lorentz tendem a ser maiores nesta região do que na proximidade da peça, formando assim na região uma pressão interna maior do que junto à peça, esta diferença de pressão causa um fluxo de gás no sentido eletrodo-peça que é o jato de plasma. O campo magnético e as forças de Lorentz são proporcionais à intensidade de corrente, portanto quanto maior for a corrente, maior será o jato de plasma, promovendo assim uma maior penetração do cordão de solda. As forças de Lorentz são fracas para produzirem consequências em um condutor sólido, porém na extremidade dos eletrodos consumíveis essas forças são capazes de deformar a ponta fundida e cisalhar a parte líquida, separando-a do fio sólido. Até mesmo o diâmetro do eletrodo influencia o campo magnético e por consequência a intensidade das forças de Lorentz, bem como a tensão superficial, tensão esta que é influenciada pelo material do eletrodo, da atmosfera do arco e da temperatura atingida. Portanto, o modo de transferência do metal do Figura 11 – Forças de Lorentz (Modenesi, 2011, p. 57) 27 eletrodo para a peça depende de todos esses fatores e também da tensão do arco, que está proporcionalmente ligada ao comprimento do arco e em consequência ao diâmetro máximo da gotícula. [3] As forças de Lorentz promovem ainda o efeito indesejado que é chamado de sopro magnético, que é o fenômeno de desvio do arco de soldagem de sua posição normal, influenciado pela não simetria na distribuição das forças eletromagnéticas devido às variações bruscas na direção da corrente elétrica, este efeito também é causado pelo arranjo assimétrico de material ferromagnético em torno do arco. Fisicamente o que se pode observar é o desvio do arco da região de soldagem, criando assim regiões frias junto à poça de fusão e provocando o aparecimento de defeitos tais como falta de fusão, falta de penetração e instabilidade do arco. [1] 2.5.4 – Corrente Contínua e Corrente Alternada Se for mantida uma corrente constante entre dois pontos A e B ligados por um condutor elétrico, escoa entre eles uma corrente com intensidade constante e sempre com o mesmo sentido que é chamada de corrente contínua, CC e quando representada em função do tempo gera uma reta horizontal. A corrente que é fornecida pelos retificadores é dita contínua, mas na verdade é ligeiramente ondulada, o que facilita a identificação em um osciloscópio, porém em termos práticos de soldagem possui um comportamento de corrente contínua. Imaginemos agora os mesmo dois pontos A e B, porém ligados por um condutor onde cada um deles possui uma corrente alternadamente positiva e negativa em relação ao outro, entre esses pontos escoa uma corrente que muda de sentido na mesma frequência que a tensão (60Hz). Esta corrente é denominada corrente alternada, CA. Em relação à polaridade, sabemos que os polos do arco elétrico não se comportam de maneira igual. O bombardeamento a que os elétrons sujeitam o eletrodo positivo (anodo) é mais eficiente que o dos íons no cátodo em função da energia cinética de cada elétron ser muito maior que a de cada íon, bem como pelo fato da saída dos elétrons do cátodo consumir 28 energia, enquanto a chegada do anodo se faz com entrega de energia. Isto significa que sempre a temperatura do anodo é maior que a do cátodo. [1] 2.6 – Processo por Arco Elétrico MIG/MAG (GMAW) O processo MIG (metal inert gas) e MAG (metal active gas) conhecidos também como GMAW (gas metal arc welding) é um processo de soldagem onde o aquecimento gerado pelo arco elétrico estabelecido entre o consumível (metal de adição) e o metal base é responsável pela união das peças. O processo inicialmente foi baseado no processo TIG e se iniciou na soldagem de alumínio e posteriormente à soldagem de aos inoxidáveis, ao se notar que uma pequena adição de O2 ao gás inerte facilitava a abertura do arco. O processo com o passar do tempo passou para o MAG com o objetivo de baixar os custos e poder ser competitivo com o eletrodo revestido em quase todas as aplicações, utilizando CO2 e misturas de gases como gás de proteção, o primeiro processo de MAG ficou conhecido como subprocesso MACRO-ARAME. Devido as grandes dificuldades desse subprocesso trabalhar com pequenas espessuras e soldar em todas as posições, foi desenvolvido o subprocesso MICRO-ARAME (utilizado para diâmetros até 1,2mm). Após isso, visando a minimização dos respingos e melhoria do cordão, desenvolveu-se o subprocesso ARAME-TUBULAR (até o diâmetro de 4mm). Todas esses aperfeiçoamentos permitiram o aumento da velocidade de soldagem do processo MIG/MAG em relação a outros processos, e isso vem refletindo na evolução da utilização do mesmo, comparando aos processos mais antigos. [1] [2] 29 2.6.1 – Princípio do Processo A soldagem neste processo é semiautomática, onde a alimentação do consumível é feita mecanicamente, através de um alimentador motorizado, e o soldador somente necessita iniciar e interromper a soldagem, além de mover a tocha ao longo da junta. A manutenção do arco é definida pela alimentação do consumível, que é contínua, e o comprimento do arco é mantido constante pelo próprio sistema, independente do movimento que o soldador realize, dentro de certos limites. O calor gerado no arco é responsável por fundir as peças que serão unidas e um arame eletrodo é transferido pra junta e constitui o metal de adição. A transferência do material do arco é melhor se comparada com o processo TIG (GTAW) devido ao aumento da eficiência do ganho de calor causado pela presença no arco das partículas de material superaquecido. Essas partículas são elementos importantes na transferência de calor, sendo que essa transferência se processa a uma taxa de várias centenas de gotículas por segundo. [1] [2] [3] [5] Atualmente existem basicamente quatro tipos de transferência de calor no processo MIG/MAG: Figura 12 – Principio de funcionamento do MIG/MAG 30 a. Globular Gotas com diâmetro maior que o do arame e baixas velocidades. b. Spray ou Aerossol Gotas finas e em grande quantidade, utiliza altas correntes e voltagens. c. Curto Circuito Transferências sucessivas por curto circuitos Utiliza baixa corrente e arcos curtos Figura 14 – Representação de uma transferência spray (Dutra Máquinas) Figura 13 – Representação de transferência globular (Dutra Máquinas) 31 Uma gota de metal fundido é formada no fim do eletrodo. Quando ela está gota atinge um tamanho suficiente para entrar em contato com a poça de fusão, o arco sofre um curto circuito. Isto eleva a corrente de soldagem e a corrente é liberada permitindo que o arco seja ignitado novamente. Esse aumento de corrente causado pelo curto circuito, gera os respingos. d. Arco Pulsante Arco é mantido com uma corrente baixa principal com sobreposição de pulsos de alta corrente e transferência por spray durante os pulsos. A soldagem MIG pode ser utilizada em grandes faixas de espessuras, em materiais ferrosos e não ferrosos como Alumínio, Cobre, Magnésio, Níquel e suas ligas. Já o processo MAG é utilizado apenas para materiais ferrosos, tendo como gás de proteção o CO2 ou misturas ricas nesse gás. Figura 16 – Representação de uma transferência arco pulsante Figura 15 – Representação de uma transferência curto circuito (Dutra Máquinas) 32 De uma forma bem abrangente podemos citar como principais vantagens desse processo de soldagem: Alta taxa de deposição, grande versatilidade de espessuras aplicáveis, alto fator de trabalho do soldador, inexistência de fluxos desoldagem, ausência de remoção de escoria e exigência de menor habilidade do soldado quando comparado ao eletrodo revestido. [2] [4] Tem como principal limitação a sensibilidade à variação dos parâmetros elétricos de operação de soldagem, que influenciam diretamente na qualidade do cordão de solda depositado. Além disso, deve ser ressaltado o alto custo do equipamento, a grande emissão de radiação ultravioleta, maior necessidade de manutenção em comparação com os equipamentos para soldagem de eletrodos revestidos e menos variedade de consumíveis. [1] 2.6.2 – Gases Inertes e Ativos O processo MIG/MAG utiliza dois tipos de gases, os inertes utilizados no processo MIG (Metal Inert Gas) e os ativos utilizados no processo MAG (Metal Active Gas). O tipo de gás e o processo selecionado influenciam diretamente nas características do arco e na transferência de metal, na penetração, na largura e no formato do cordão de solda. Os gases inertes puros (processo MIG) são utilizados principalmente na soldagem de metais não ferrosos, de preferência nos mais reativos, como o titânio, alumínio e o magnésio. Na soldagem de ferrosos, a adição de pequenas quantidades de gases ativos (contém oxigênio) melhora sensivelmente a estabilidade do arco (óxidos facilitam a emissão de elétrons) e a transferência de metal. [5] 2.6.3 – Metais de Adição Para MIG/MAG, os eletrodos consumíveis consistem de um arame continuo em diâmetros que variam de 0,6 até 2,4 mm (no arame tubular vai até 4 mm), usualmente em rolos de 12 a 15 Kg, com rolos de até desse processo são comumente revestidos p intuito de proporcionar um melhor contato elétrico e prevenir a corrosão na estocagem. Os arames para soldagem são constituídos de metais ou ligas metálicas que possuem composição química, dureza, dureza, condições superf dimensões bem controladas. Arames de má qualidade citadas, podem produzir falhas de alimentação, instabilidade no arco e descontinuidades no cordão de solda. Figura 17 – Gases de mistura usados no processo MIG/MAG (Modenesi, 2011, p. 251) Metais de Adição Para MIG/MAG, os eletrodos consumíveis consistem de um arame continuo em diâmetros que variam de 0,6 até 2,4 mm (no arame tubular vai até 4 rolos de 12 a 15 Kg, com rolos de até 200 Kg. Os arames desse processo são comumente revestidos por uma fina camada de cobre onar um melhor contato elétrico e prevenir a corrosão na Os arames para soldagem são constituídos de metais ou ligas metálicas que possuem composição química, dureza, dureza, condições superf dimensões bem controladas. Arames de má qualidade, referindo as propriedades , podem produzir falhas de alimentação, instabilidade no arco e inuidades no cordão de solda. [1] Gases de mistura usados no processo MIG/MAG (Modenesi, 2011, p. 251) 33 Para MIG/MAG, os eletrodos consumíveis consistem de um arame continuo em diâmetros que variam de 0,6 até 2,4 mm (no arame tubular vai até 4 200 Kg. Os arames or uma fina camada de cobre, com onar um melhor contato elétrico e prevenir a corrosão na Os arames para soldagem são constituídos de metais ou ligas metálicas que possuem composição química, dureza, dureza, condições superficiais e , referindo as propriedades , podem produzir falhas de alimentação, instabilidade no arco e Gases de mistura usados no processo MIG/MAG (Modenesi, 2011, p. 251) 34 2.6.4 – Generalidades Ao contrário do que ocorre na soldagem TIG, a maior parte dos casos de soldagem MIG/MAG utiliza CCPI, deixando a CCPD apenas para os casos de deposição superficial do material de adição e aplicação onde a penetração não é tão importante. [4] Corrente RESULTADOS Tamanho da gota Penetração Velocidade de transferência Quantidade de respingos Dispersão de óxidos CCPI Pequena Alta Alta Pouca Ocorre CCPD Grande Baixa Baixa Grande Não ocorre Tabela 1 – Resultados CCPI e CCPD Figura 18 – Rolo de arame (metal de adição) do processo MIG/MAG 35 2.6.5 – Equipamentos Os principais equipamentos utilizados no processo MIG/MAG são: • Fonte de energia; • Alimentador de arame; • Tocha de soldagem; • Fonte de gás protetor; • Cabos e mangueiras 2.6.6 – Descontinuidades mais Frequentes no Processo MIG/MAG Podemos definir uma descontinuidade como sendo uma interrupção das estruturas típicas de uma junta soldada, em relação a homogeneidade de suas características físicas, mecânicas ou metalúrgicas. Uma descontinuidade pode ser considerado um defeito, exigindo ações corretivas. As descontinuidades mais comuns são: • Abertura do Arco – É uma imperfeição resultante da abertura do arco elétrico localizada na superfície do metal de base. Figura 19 – Equipamentos de soldagem MIG/MAG 36 • Cavidade Alongada – É um vazio não arredondado com a maior dimensão paralela ao eixo da solda localizado na solda ou na raiz da solda, a causa mais comum é a velocidade de soldagem excessiva. • Ângulo Excessivo de Reforço – É um ângulo causado pelo excesso de material de solda no acabamento, localizado entre o plano da superfície do metal de base e o plano tangente do reforço da solda, traçado a partir da margem da solda. • Concavidade – Reentrância na raiz da solda, podendo ser: lateral, que é situada nas laterais do cordão e central localizado ao longo do centro do cordão. Causada principalmente por movimentação rápida do eletrodo. • Deposição Insuficiente – Insuficiência de metal na face da solda. • Desalinhamento – Junta soldada de topo, onde superfícies das peças, embora paralelas, estejam desalinhadas, excedendo limites de projeto. • Embicamento – Deformação angular de uma junta soldada de topo. • Falta de Fusão – É quando não ocorre a completa fusão entre o metal de base e a zona fundida, podendo estar localizada na raiz da solda, zona de ligação ou entre os passes. • Falta de Penetração – Metal insuficiente na raiz da solda. Causas mais comuns são: junta mal preparada, manipulação incorreta do eletrodo, corrente de soldagem insuficiente, velocidade de soldagem muito alta e diâmetro do eletrodo muito grande. • Inclusão de Escória – Metal não metálico retido na zona fundida, pode ser: alinhada, isolada ou agrupada. 37 • Inclusão metálica – Metal estranho retido na zona fundida. A inclusão de Tungstênio na soldagem TIG é um exemplo. • Microtrinca – Trinca com dimensões microscópicas. • Mordedura – Depressão sob a forma de entalhe, no metal de base acompanhando a margem da solda. • Mordedura da Raiz – Mordedura localizada na margem da raiz da solda. • Penetração Excessiva – Metal da zona fundida em excesso na raiz da solda. • Perfuração – Furo ou penetração excessiva resultante da perfuração do banho de fusão durante a soldagem. • Poro – Vazio localizado na região interna da solda. O poro é causado pela evolução de gases durante a solidificação da solda. É causado por umidade, contaminantes em excesso durante a soldagem, corrente ou tensão excessiva e correntes de ar durante a soldagem. • Poro Superficial – Poro que emerge a superfície soldada. • Porosidade – Conjuntos de poros não alinhados mas distribuídos de maneira uniforme. • Porosidade Agrupada – Conjunto de poros agrupados. • Porosidade Alinhada – Conjunto de poros dispostos em linha. • Porosidade Vermiforme – Conjunto de poros alongados situados na zona fundida. 38 • Rechupe de Cratera – Falta de metal resultante da contração da zona fundida, localizado na cratera do cordão de solda. • Rechupe Interdendrítico – Vazio alongado localizado entre as dentritas da zona fundida. • Reforço Excessivo– Excesso de metal na zona fundida. É localizado na face da solda e é causado por excesso de material no acabamento. • Respingos – Glóbulos de metal de adição transferidos durante a soldagem e aderidos à superfície do metal de base ou à zona fundida já solidificada. • Sobreposição – Excesso de metal da zona fundida sobreposto a margem da solda do metal de base sem estar fundido ao mesmo. Causado por uma alta taxa de deposição. • Fissura, Rachadura ou Trinca – Descontinuidade produzida pela ruptura do material. Podem ser localizadas na zona fundida, no metal de base ou na ZTA. As causas mais frequentes são: altos valores de tensão residual, baixa temperatura da peça a ser soldada, formatos de cordão não apropriados, formação de eutéticos de baixo ponto de fusão, teor elevado de carbono no metal de base e metal de adição não compatível com metal de base. • Trinca de Cratera – Trinca localizada na cratera do cordão de solda. Pode ser longitudinal, transversal ou em estrela. • Trinca Irradiante – Conjunto de trincas que partem de um mesmo ponto, podendo estar localizadas na zona fundida, na zona termicamente alterada ou no metal de base. 39 • Trinca Longitudinal – Trinca com direção aproximadamente paralela ao eixo longitudinal do cordão de solda, podendo estar localizada na zona fundida, na zona de ligação, na ZTA ou no metal de base. • Trinca da Margem – Trinca localizada na margem da solda e na ZTA. • Trinca na Raiz – Trinca que se inicia na raiz da solda, pode estar localizada na zona fundida ou na ZTA. • Trinca Sob Cordão – Trinca localizada na ZTA e não se estende à superfície da peça. • Trinca Transversal – Trinca perpendicular ao eixo longitudinal do cordão de solda, podendo ser localizar na zona fundida, no metal de base ou na ZTA. [2] [4] 2.7 – Metalurgia da Soldagem Existem dois tipos de minério, os ferrosos e não ferrosos. O metal ferroso é aquele que possui um alto teor de ferro e os não ferrosos são aqueles que possuem baixo teor ou nenhum de ferro. O maior percentual de ferro produzido vem do processo com o alto forno, que consiste de uma reação química entre uma carga sólida e uma coluna de gás, os materiais empregados no processo são minérios, fundentes e coque. [8] A atividade básica no processo do alto forno, é reduzir óxido de ferro para ferro metálico e remover as impurezas do metal. Os elementos reduzidos passam para massa de ferro e os elementos oxidados dissolvem-se na escória. [9] 40 Em seguida é realizado o processo de desoxidação que consiste em expulsar o oxigênio através de aditivos na forma de gás. Assim dando origem em vários tipos de aço. [3] 2.7.1 – Metais e Ligas Metálicas Os metais provêm dos depósitos naturais de minérios na crosta terrestre. A maioria dos minérios é contaminada com impurezas que devem ser removidas por meios mecânicos ou químicos. O metal extraído no minério purificado é conhecido como metal primário ou metal virgem, e o metal proveniente da ganga é designado metal secundário. Há dois tipos de minérios, os ferrosos e os não ferrosos. O termo ferroso provém do latim ferrum, significando ferro, um metal ferroso é aquele que possui alto teor de ferro. Metais não ferrosos como o cobre e o alumínio, por exemplo, são aqueles que contêm pouco ou nenhum ferro. A quantidade de ferro na crosta terrestre é de aproximadamente vinte vezes a de todos os outros metais não ferrosos juntos, por isso o ferro é o metal mais importante e o mais empregado. [9] [10] O alumínio, por causa de sua aparência atraente, resistência relativamente alta e baixa densidade, é o segundo metal mais usado. O minério de alumínio comercialmente explorável, conhecido como bauxita, é um depósito formado próximo à superfície da crosta terrestre. Alguns dos processos químicos que ocorrem durante a fabricação do aço, ocorrem também durante a soldagem, de modo que a metalurgia da soldagem pode ser encarada imaginando-se a soldagem ao arco elétrico como a miniatura de uma siderúrgica. [8] 41 O maior percentual de ferro comercialmente produzido vem do processo com alto-forno, que realiza uma reação química entre uma carga sólida e a coluna de gás ascendente resultante no forno. Os três diferentes materiais empregados na carga são minério, fundentes e coque. O minério consiste de óxido de ferro e o fundente principal é o calcário, que se decompõe em óxido de cálcio e dióxido de carbono. O cal reage com as impurezas do minério de ferro e flutua sobre a superfície na forma de escória. O coque que se constitui principalmente de carbono, é o combustível ideal para altos fornos porque produz o gás monóxido de carbono, o principal a gente redutor do minério de ferro para ferro metálico. [1] [2] [3] [4] A atividade básica do alto-forno é reduzir o óxido de ferro para ferro metálico e remover as impurezas do metal. Os elementos reduzidos passam para a massa de ferro e os elementos oxidados dissolvem-se na escória. O metal proveniente do alto-forno é denominado ferro-gusa e é empregado como um material intermediário para posteriores processos de refino. O ferro-gusa contém quantidades excessivas de elementos que devem ser reduzidos antes que o aço seja produzido. Reduzir um elemento significa receber elétrons: no caso do ferro, ele passa de Fe++ ou Fe+++ para Feº, onde cada átomo de ferro recebe dois ou três elétrons. Para o refino do aço são empregados diversos tipos de fornos elétricos, conversores e outros, cada um desses realizando sua tarefa de remoção e redução de elementos como carbono, silício, fósforo, enxofre e nitrogênio através da saturação do metal líquido com oxigênio e ingredientes formadores de escória. O oxigênio reduz os elementos formando gases que escapam para a atmosfera enquanto a escória reage com as impurezas e as separa do metal fundido. Depois de passar pelo forno de refino, o metal é purificado em lingoteiras feitas de ferro fundido. Os lingotes obtidos possuem seção quadrada e são constituídos de aço saturado de oxigênio. Para evitar a formação de grandes bolsas de gases no metal fundido, uma quantidade considerável de oxigênio deve ser removida. Esse processo é conhecido como 42 desoxidação e é realizado através de aditivos que expulsam o oxigênio na forma de gases ou enviam-no em direção à escória. [12] [13] 2.7.2 – Classificação dos Aços Os aços são classificados em: aços carbono e aços liga. [8] 2.7.3 – Aços Carbono São os aços basicamente formados por ligas de ferro e carbono, onde alcançam seu nível de dureza e ferro através da adição de carbono. [8] Os aços carbono são divididos em três tipos: • Aço baixo carbono – Possui até 0,20% de carbono; • Aço médio carbono – Possui de 0,20% até 0,50% de carbono; • Aço alto carbono – Possui a partir de 0,50% de carbono. 2.7.4 – Aços de Baixa Liga Consiste em pequenas quantidades de elementos de liga que proporcionam consideráveis melhorias em sua propriedade melhorando sua resistência mecânica e tenacidade. [13] 2.7.5 – Aços de Média Liga Apresentam características semelhantes aos aços de baixa liga, mas requerem maiores cuidados em sua fabricação e soldagem, pois possuem elementos de liga entre 5% a 10%. [13] 43 2.7.6 – Aços de Alta Liga Contêm altos teores de carbono e manganês que dão a capacidade de endurecer sob trabalho a frio e grande tenacidade. Seus elementos de liga ultrapassam os 10%, resultando em propriedades mecânicas e químicas excelentes. [12] 2.7.7 – Tratamentos Térmicos É o conjunto de operações de aquecimento e resfriamento a que são submetidos os aços, com condições controladasde temperaturas, tempo, atmosfera e velocidade de resfriamento. [1] Principais objetivos são: • Aumento ou diminuição da dureza; • Aumento da resistência mecânica; • Melhora da ductilidade; • Melhora da usinabilidade; • Melhora da resistência ao desgaste; • Melhora das propriedades de corte; • Melhora da resistência à corrosão; • Melhora da resistência ao calor; • Modificação das propriedades elétricas e magnéticas. [12] 2.7.8 – Pré-aquecimento Geralmente os metais são ótimos condutores de calor. E como consequência dessa característica o calor na região de soldagem é rapidamente escoado por toda a massa envolvida no processo, acarretando um resfriamento relativamente rápido. Em alguns metais esse resfriamento rápido pode contribuir 44 para a formação de microestruturas prejudiciais na região de soldagem. O pré- aquecimento da junta a ser soldada é uma maneira de reduzir a taxa de resfriamento do metal. A temperatura de pré-aquecimento pode variar de 50ºC a 540ºC, sendo a faixa de 200ºC sendo mais comumente aplicada. [12] Durante a soldagem de aços de alto carbono ou de alta liga existe o perigo de que o depósito de solda e a zona termicamente afetada contenham altos percentuais de martensita, um constituinte duro do aço. Tais soldas possuem alta dureza e baixa ductilidade e podem mesmo vir a trincar durante o resfriamento. O objetivo do pré-aquecimento é manter o teor de martensita da solda a um nível mínimo. O resultado disso é uma melhor ductilidade, baixa dureza e menor probabilidade de fissuração durante o resfriamento da solda e da ZTA. A quantidade de martensita formada pode ser limitada reduzindo-se a taxa de resfriamento da solda. O pré-aquecimento aumenta a temperatura do metal vizinho à solda, de tal modo que o gradiente de temperatura entre a solda e sua vizinhança fique reduzido. O resultado é que a zona de soldagem aquecida resfria-se mais lentamente, visto que a taxa de resfriamento é diretamente proporcional ao gradiente de temperatura entre as massas quente e fria. Em resumo, o pré-aquecimento reduz o risco de trincas por hidrogênio, as tensões de contração e a dureza na ZTA. [12] [13] [8] Se esse tipo de tratamento deve ou não ser aplicado depende do teor de carbono e de outros elementos de liga no metal sendo soldado. Se corpos de prova soldados sem tratamento térmico apresentarem baixa ductilidade ou dureza muito alta, é indicativo da necessidade de pré-aquecimento. Além da composição química, a rigidez da junta a ser soldada e o processo de soldagem também influenciam a necessidade de ser realizar um pré-aquecimento. A necessidade do pré-aquecimento aumenta com alguns fatores, são eles: • Teor de carbono do material de base; • Teor de ligas do material de base; • Tamanho da peça; • Temperatura inicial; 45 • Velocidade de soldagem; • Diâmetro do consumível. 2.7.9 – Pós-aquecimento O pós-aquecimento significa o aquecimento da junta soldada imediatamente após a solda ter sido realizada. É bem diferente de outros tratamentos executados após o resfriamento da solda tais como alivio de tensões, revenimento e recozimento. [12] O pós-aquecimento tem a mesma função do pré-aquecimento, mantém a temperatura da peça em um nível suficientemente elevado de tal forma que a junta soldada resfria de forma mais lenta. No pós-aquecimento o resultado é uma ductilidade maior na região da solda e ele raramente é aplicado de forma isolada, é quase sempre conjugado com o pré-aquecimento. O pós-aquecimento é mais frequentemente empregado em aços altamente temperáveis, mas algumas vezes é utilizado em aços menos temperáveis se for difícil a aplicação de um pré-aquecimento adequado devido à dimensão das peças sendo soldadas. [12] [13] 2.7.10 – Alívio de Tensões Os metais se expandem quando aquecidos e se contraem quando resfriados. A dilatação é diretamente proporcional à variação de temperatura ou, de outro modo, à quantidade de calor aplicada. Numa junta soldada o metal mais próximo da solda está sujeito às mais altas temperaturas e, à medida que aumenta a distância da solda, a temperatura máxima atingida diminui. O aquecimento heterogêneo causa contração-expansão também heterogênea e pode causar distorções e tensões internas no metal de solda. Dependendo de sua composição e aplicação o metal pode não ser capaz de resistir a essas tensões e trincar ou pode ocorrer falha prematura da peça. Uma maneira de minimizar essas tensões ou de aliviá-las é pelo aquecimento 46 uniforme da estrutura após a soldagem ter sido realizada. O metal é aquecido a temperaturas logo abaixo do ponto onde possa ocorrer alguma alteração microestrutural e então é resfriado lentamente. O resfriamento e a contração do metal de solda originam tensões na solda e nas regiões adjacentes. O objetivo do alívio de tensões é reduzir essas tensões. Esse tratamento leva a junta soldada a uma condição mais durável, a ductilidade é aumentada sobre maneira, embora a resistência mecânica diminua ligeiramente. Certos códigos permitem maiores tensões de projeto, desde que seja aplicado alívio de tensões. Tipicamente, o alívio de tensões consiste no aquecimento da peça a uma temperatura em torno de 600ºC e em sua manutenção por uma hora para cada 25 mm de espessura. O conjunto é então resfriado lentamente em ar calmo até 300ºC. Se temperaturas altas como 600ºC forem impraticáveis, podem ser empregadas temperaturas mais baixas com um tempo de encharcamento mais longo. [9] [12] [13] Tempo e Temperatura de Alívio de Tensões Temperatura (ºC) Tempo (h/25 mm) 595 1 565 2 535 3 510 5 480 10 2.7.11 – Recozimento É o tratamento térmico realizado com a finalidade de alcançar um ou vários objetivos. Por exemplo: • Remover tensões devido aos tratamentos mecânicos a frio ou aquente. • Diminuir a dureza para aumentar a usinabilidade do aço. • Alterar as propriedades mecânicas • Modificar as características elétricas e magnéticas. Tabela 2 – Tempo e temperatura de alívio de tensões 47 • Ajustar o tamanho do grão. • Regularizar a textura bruta de fusão. • Remover gases. • Eliminar os efeitos de quaisquer tratamentos térmicos ou mecânicos que o aço foi submetido. 2.7.12 – Normalização É o aquecimento do aço a uma temperatura acima da zona crítica, e em seguida é resfriado no ar. Têm o objetivo de refinar a granulação grosseira do aço, esse processo é aplicado a peças depois de forjadas ou laminadas. [10] Esse procedimento é muito usado antes da têmpera e ao revenido, assim sua estrutura fica mais uniforme do que obtida por laminação. Os constituintes que se obtém na normalização são ferrita e perlita, ou cementita e perlita fina. [10] 2.7.13 – Têmpera Consiste no resfriamento rápido do aço de uma temperatura superior a sua temperatura crítica, em óleo, água, salmoura, ou mesmo ar. Têm como objetivo a obtenção da estrutura martensítica. A velocidade de resfriamento dependerá do tipo de material, da forma e das dimensões. [10] 2.7.14 – Revenimento Normalmente acompanha a tempera, assim elimina várias falhas e também alivia e remove as tensões internas, corrige as excessivas durezas e fragilidades do material, aumentando sua ductilidade e resistência ao choque. É realizado logo após a têmpera, para diminuir a ruptura, que pode ocorrer se aguardar muito tempo para realizar o revenido. [10] 48 2.8 – Diagrama de Equilíbrio Fe-C O aço é basicamente uma liga de Fe-C com no máximo 2% de carbono aproximadamente. O carbono unido ao ferro formando um composto denominado carboneto de ferro (Fe3C). Criando uma substância dura, cuja sua resistência mecânica se tornaalta em contra partida sua ductilidade, resistência ao choque e soldabilidade diminuem. O ferro puro solidifica-se a 1535°C em um sistema cristalino CCC chamado de ferro delta. A 1390°C o sistema CCC transforma-se em CFC sendo conhecido como ferro gama. A estrutura CFC permanece até a temperatura de 910°C quando volta a ser CCC, sendo então denominada de ferro alfa. A cada transformação corresponde a um desprendimento de calor latente de fusão, quando o ferro líquido se solidifica. A solidificação geram mudanças de energia que causam descontinuidade nas curvas de resfriamento e aquecimento. A composição de um determinado aço passa por diversas variações no resfriamento e que são variações microestruturais, que são observadas pelo diagrama de equilíbrio. [12] [13] 49 � � 2.8.1 – Estruturas do Diagrama • Ferrita – O ferro comercialmente puro é a ferrita (ferro α) que tem como características ser dúctil e pouco resistente; [8] Figura 20 – Diagrama Fe-C 50 � • Cementita - É um composto de ferro + carbono chamado tecnicamente de carboneto de ferro Fe3C que se deposita como lamelas na matriz do aço. Quanto maior a quantidade de cementita no aço maior será sua resistência mecânica; [8] � � • Perlita - É formada pelo ferro alfa mais carboneto de ferro (Feα + Fe3C), quanto maior sua quantidade maior a resistência mecânica do aço; [8] Figura 22 – Estrutura cementita Figura 21 – Estrutura ferrita 51 • Austenita – É denominada tecnicamente de ferro gama (Fe γ), tem como característica principal a elevada solubilidade de carbono em sua estrutura CFC; [8] � • Martensita – É formada quando aços com elevado teor de carbono são resfriados de forma muito rápida, possuem elevada dureza e baixa ductilidade; [8] Figura 24 – Estrutura austenita Figura 23 – Estrutura Perlita 52 • Bainita – É formada através do resfriamento rápido da austenita, é composta por cementita e ferrita e possuem maior resistência a tração e elevada dureza. [8] � � Figura 26 – Estrutura bainita Figura 25 – Estrutura martensita 53 2.9 – Ensaios Destrutivos e Não-Destrutivos Todo tipo de solda produto que seja ou não soldado necessita passar por teste que avaliam se o produto está dentro dos conformes estipulados pelas normas. Estes testes, vão desde antes de o metal ser conformado até depois do produto pronto. Existem basicamente dois tipos de ensaios mais utilizados, os ensaios destrutivos e os ensaios não destrutivos. [7] Os ensaios destrutivos são aqueles que deixam algum sinal ou marca no corpo de prova ou peça que está sendo submetido ao ensaio, mesmo que estes não fiquem inutilizados. Os ensaios não destrutivos são os que após sua realização nenhuma marca ou sinal é deixada, ou seja, nunca inutilizam o corpo de prova ou a peça. São mais utilizados para detectar falhas em produtos acabados. [7] 2.9.1 – Ensaio de Tração A resistência mecânica à tração é um dos mais importantes fatores na forma de seleção de um material, principalmente em casos no qual este material seja membro estrutural, parte de uma máquina ou de um vaso de pressão. O ensaio de tração funciona da seguinte maneira. O corpo de prova é usinado para as dimensões exatas estabelecidas em normas e preso à máquina de tração nas duas extremidades. Ele é tracionado até o ponto de ruptura e as informações são registradas num gráfico. [7] 54 O ensaio de tração mostra quatro informações básicas: a) Limite de escoamento; b) Limite de resistência; c) Alongamento; d) Redução de área 2.9.2 – Ensaio de Dobramento O dobramento, nada mais é que um esforço que se caracteriza por induzir em uma peça tensões de compressão numa parte de uma secção transversal e tensões de tração na parte restante. O ensaio de dobramento é mais um ensaio qualitativo do que quantitativo e tem como principal objetivo verificar a ductilidade do material. [7] Figura 27 – Ensaio de tração 55 Pode-se notar que no início o ensaio consiste em produzir um leve dobramento no corpo de prova, apões isso os corpos de prova são dobrados de forma mais acentuada em uma prensa, no último estágio se utiliza um “mandril” para o dobramento definitivo. [7] 2.9.3 – Ensaio de Líquido Penetrante O ensaio de líquido penetrante é um método desenvolvido especialmente para a detecção de descontinuidades superficiais e que estejam abertas na superfície do material, como trincas, poros, dobras etc. Ele pode ser aplicado em todos os materiais sólidos desde que não sejam porosos ou com superfície grosseira. O método consiste em fazer penetrar na abertura da descontinuidade um líquido. Após a remoção do excesso de líquido da superfície, aplica-se um líquido revelador que irá mostrar onde existe descontinuidade. Figura 28 – Ensaio de dobramento 56 O processo é dividido em seis etapas: Preparação da superfície, aplicação do penetrante, remoção do excesso de penetrante, revelação, avaliação e inspeção e limpeza pós ensaio. [6] 2.9.4 – Ultrassom O ensaio por ultrassom utiliza o princípio da propagação de uma onda mecânica de alta frequência num material a ser inspecionado. As ondas se propagam através do material, com suas propriedades e comportamento dependentes de suas características físicas (velocidade, frequência e comprimento de onda) e das características dos materiais por onde se propagam (tamanho de grãos, orientação da rede cristalina, densidade, módulo de elasticidade, dentre outras propriedades). O principal objetivo deste ensaio é detectar descontinuidades existentes nos materiais que possam trazer problemas em seu uso, podendo afetar uma atividade industrial, trazer danos às pessoas ou ao meio ambiente, mas também é utilizado para determinar propriedades físicas do material e medição de espessura e controle de corrosão. De um modo geral os equipamentos de ultrassom monitoram: Figura 29 – Ensaio de líquido penetrante 57 • O tempo de propagação da onda sônica desde a sua saída até a sua chegada ou retorno ao cabeçote; • A quantidade de energia que retorna ao aparelho pelo cabeçote, podendo também se analisar a perda de energia ou atenuação sônica durante a propagação das ondas sônicas num dado material. 2.10 – Propriedades do Metal de Solda 2.10.1 – Poça de Fusão e Diluição Seria ideal se o metal de solda e a zona afetada pelo calor tivessem exatamente as mesmas propriedades e características que as do metal de base, entretanto, isto não ocorre, pois o metal de solda é fundido, enquanto que a maioria dos metais de base é utilizada no estado forjado ou laminado. Materiais conformados sempre apresentam maior resistência, ductilidade e tenacidade que os materiais comparáveis no estado fundido. O metal de solda é um tipo de fundido que é rapidamente resfriado, e suas propriedades frequentemente se assemelham às de um material conformado. Essa situação ocorre particularmente Figura 30 – Equipamento de ultrassom 58 com metais ferrosos, no entanto a combinação de propriedades é menos satisfatória em alguns metais não ferrosos como ligas de alumínio e cobre. [10] Devido às forças eletromagnéticas do arco, a poça de fusão movimenta-se internamente em modelos variados de fluxo dependendo do tipo de junta, da corrente de soldagem e do ângulo que a tocha ou o eletrodo faz com a linha da solda. Essa turbulência tem como consequência a uniformidade de temperatura e composição dentro do metal líquido com exceção da região mais aquecida nas imediações da raiz do arco. A composição final do metal de soldaé o resultado de uma mistura do eletrodo ou do metal de adição fundido com o metal de base que é fundido. O metal depositado do metal de adição é chamado “diluído” pelo metal de base fundido. Quando nenhum metal é adicionado, consistindo então o metal de solda inteiramente de metal de base, a diluição é definida como 100%. Na soldagem manual com eletrodo revestido, o passe de raiz pode ter 30% de diluição e os passes subsequentes terão uma diluição ligeiramente menor. Como resultado da uniformidade do metal de solda, é possível calcular sua composição se as proporções de metal de base e de metal de adição fundido puderem ser estimadas. Isso pode ser feito frequentemente de uma observação da seção reta da solda. Realizar esses cálculos, que são simples e envolvem apenas proporções, é importante quando é utilizado um metal de adição ou um eletrodo de composição diferente do metal de base, como em juntas dissimilares, em revestimento inoxidável de aços carbono ou na soldagem de ligas de alumínio. Pode também ser necessário considerar a diluição se o metal de base tiver alto teor de enxofre ou alumínio que, se adicionado à poça de fusão, pode afetar o teor de oxigênio e prejudicar a tenacidade do depósito de solda. [10] (2) %diluição = área da parte hachurada x 100 área do cordão de solda 59 2.10.2 – Aporte Térmico O aporte térmico (H), ou insumo de calor quantifica a energia gerada pelo processo de soldagem, e definido pela equação: (3) Nesta equação o V representa a voltagem, i representa a corrente e v a velocidade de avanço do eletrodo. Na soldagem GMAW (MIG/MAG) a eficiência do processo é � = 0,8. O aporte térmico é uma questão muito importante na adequação do material escolhido ao processo e aos parâmetros de soldagem. A tabela abaixo mostra as faixas de insumo de calor para os principais processos de soldagem por fusão e indicando a adequação do processo ao tipo de material. [2] H = V x i v Figura 31 – Estimativa de diluição a partir da geometria da solda 60 Para uma determinada espessura e condutividade térmica da chapa, quanto maior o insumo de calor, menor a taxa de resfriamento da junta. O aporte de calor influencia diretamente o tempo de resfriamento e portanto a microestrutura da solda. A ZTA é a região mais crítica de uma junta soldada. O ciclo térmico pode criar condições para a formação de martensita ou estruturas grosseiras. A situação torna-se mais crítica com o aumento do teor de carbono e de elementos de liga do metal base, ou seja, com uma maior temperabilidade do aço. Quando se soldam aços, existem requisitos claramente incompatíveis, como: alta produtividade que exige o mais alto aporte térmico possível, porém nesta condição, se promove maior tendência de crescimento de grão e formação de outras estruturas grosseiras, de baixas propriedades mecânicas. [1] [2] 2.10.3 – Ciclo Térmico de Soldagem O ciclo térmico representa a variação da temperatura com o tempo, para um dado ponto da junta soldada. Ele está relacionado com a microestrutura nas diferentes regiões da junta soldada. Na figura abaixo pode perceber-se diversos ciclos térmicos e a linha tracejada une as temperaturas máximas de cada um dos Tabela 3 – Aporte térmico e aplicações para os principais processos de soldagem 61 ciclos. Percebe-se também que, o ciclo térmico experimentado por um determinado ponto da junta soldada, depende entre outras coisas da sua posição relativa à fonte de calor. [4] 2.10.4 – Repartição Térmica Entende-se que a variação da temperatura máxima dos ciclos térmicos em função da distância ao centro do cordão de solda é denominada repartição térmica. Ela determina a extensão da zona afeta pelo calor (ZAC). [5] Figura 33 – Repartição térmica Figura 32 – Ciclos térmicos de soldagem em diversos pontos da junta soldada 62 2.11 – Zona Termicamente Afetada (ZTA) É a região do metal de base que durante o processo não foi fundido, mas sua micro-estrutura e propriedades mecânicas foram alteradas devido ao calor da soldagem. A natureza dos metais que estão sendo soldados, em geral, interfere no tamanho da zona termicamente afetada. A ZTA é um região que pode se tornar o ponto fraco em uma junta soldada, ela pode ser fontes de defeitos originando grandes defeitos. Os grãos na ZTA crescem devido ao calor e ao pico de temperatura, o calor também favorece a coalescência e esferoidização dos componentes do aço, como a cementita, reduzindo a resistência do material. O ciclo térmico de soldagem e seu rápido resfriamento da ZTA pode aumentar a formação de uma estrutura cristalina frágil e dura chamada de martensita. Uma solda de um único passe pode se dividir e 5 regiões, dependendo do pico de temperatura: • Região parcialmente fundida (Temperatura próximo ao ponto de fusão); Figura 34 – Regiões soldadas 63 • Região de granulação grosseira (Temperatura de pico acima 1100 C); • Região de granulação fina (Temperatura de pico acima da temperatura crítica de transformação); • Região intercrítica (Temperatura de pico abaixo da temperatura crítica de transformação); • Região sub-crítica (temperatura de pico abaixo da temperatura AC1 e AR1 do diagrama ferro-cementita). A dimensão e a intensidade da mudança de propriedade que ocorre na região soldada depende de alguns aspectos, como: • Coeficiente de condutibilidade térmica; • Material base; • Quantidade e concentração da entrada de calor pelo processo de soldagem; • Material base. Existem alguns defeitos mais comuns que ocorrem na ZTA, são eles: • Fissuração por hidrogênio; • Decoesão lamelar; • Trincas de reaquecimento; • Fissuração por corrosão sob tensão; • Trincas de liquação ou microfissuras. [12] 64 3 – PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 3.1 – Materiais Utilizados Foram utilizadas duas chapas de aço SAE1040 Conforme croqui abaixo, arame eletrodo consumível com especificação AWS ER70S-6 e gás de proteção (75% Argônio e 25%CO2). 3.2 – Equipamentos O equipamento utilizado para soldar as amostras foi o conjunto PulsArc 6200 da Eutectic Castolin. O processo de soldagem foi manual. Foi necessário controlar a velocidade de soldagem para que não ocorressem grandes alterações no valor do aporte térmico e não atingisse a microestrutura do metal de base e a ZTA. Figura 35 – Croqui das chapas soldadas 65 Para controle de temperatura máxima interpasse e temperatura de pré aquecimento foi utilizado um pirômetro. Figura 37 – Pirômetro FLUKE 62 MAX Figura 36 – Máquina PulsArc 6200 66 Na fabricação dos corpos de prova, foi utilizado um centro de usinagem CNC e fabricado conforme croqui abaixo, seguindo a norma ASMT seção IX e AWS D1.1. O corpo de prova para metalografia foi cortado e usinado e os seguintes equipamentos utilizados: • Politriz lixadeira Arotec Aropol 2V (Figura 39); • Microscópio metalografico OPTON com aumento de 100 e 400 vezes (Figura 40). Figura 40 – Microscópio metalográfico OPTON Figura 39 – Politriz lixadeira Arotec Aropol 2V Figura 38 – Croquis dos corpos de prova de tração e dobramento 67 Para realização dos ensaios foi utilizada a máquina de tração EMIC Linha DL com capacidade de até 100KN. 3.3 – Metodologia do Experimento As chapas de aço foram soldadas em duas circunstancias, a primeira com um pré aquecimento de 397°C e manutenção dessa temperatura entre os passes e a segunda sem nenhum pré aquecimento e manutenção
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